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2012 OS MAISPODEROSOSDA ECONOMIA PORTUGUESA
Isabeldos Santos
• EMPRESÁRIA
• NASCEU EM BAKU, CAPITAL
DO AZERBAIJÃO
• LICENCIADA EM ENGENHARIA
ELECTROTÉCNICA NO KING'S COLLEGE,
EM LONDRES
• 39 ANOS
•CASADA
CELSO FILIPE
Isabel dos Santos dá a cara, mas não fala. Assume todos os in-vestimentos que tem, e são muitos, mas não comenta nenhumdeles. E os pedidos de entrevista, enviados para o seu escritó-
rio, na avenida da Liberdade, em Lisboa, ficam sem resposta.Luís Paixão Martins, dono da agência de comunicação LPM,faz as despesas oficiais das explicações, sejam elas sobre o re-
forço da participação da Zon, o BPI, o dossiê Galp ou a parce-ria com Paulo Azevedo para instalar os hipermercados Con-tinente em Angola
Há 39 anos, em 1973, na cidade de Baku, capital do Azer-baijão, José Eduardo dos Santos via nascer a sua primeira fi-
lha, fruto do casamento com a russa Tatiana Kukanova. Bap-tizou-a como Isabel, o mesmo nome próprio da irmã dilecta,e a filha foi crescendo entre Angola, França (onde fez os estu-dos secundários) e Inglaterra, país no qual frequentou o en-sino superior. O seu primeiro negócio, já lá vão mais de duas
décadas, foi o restaurante Miami Beach, na ilha de Luanda,
que mantém até hoje. E em todas as passagens de ano conti-
nua a ser possível vê-la, à porta do Miami Beach, a vender os
bilhetes que dão entrada a uma das festas mais badaladas da
capital de Angola.Fria e discreta, dois traços de carácter que herdou do pai,
Isabel dos Santos ganhou este ano mais poder em Portugal.Aumentou a sua participação na Zon, onde agora tem uma
participação de 29% e comprou 9,436% do BPI aos catalães
do La Caixa, passando a deter 20% do banco liderado por Fer-nando Ulrich. Por sua vez, o Banco BIC, onde Isabel dos San-
tos tem uma participação de 25% - igual à de Américo Amo-rim - adquiriu o BPN ao Estado português por 40 milhões de
euros. Com uma importante ressalva Ao contrário do prota-gonismo que assume noutros negócios, no caso do BIC a em-presária tem uma atitude de parceira adormecida. Já emLuanda, no edifício Escom, inaugurou o restaurante oon.dah,local de paragem obrigatória para quem quer ver e ser visto e
onde o preço médio de uma refeição ronda os 80 euros. E a
parceria com a Sonae, para instalar uma rede de hipermerca-dos Continente em Angola, continua a progredir, sendo que
TABELA DE CRITÉRIOS
0 seu poder em Portugal é crescente e o nome
do pai funciona como um imenso escudo
protector. Por cá, os seus investimentos valem
actualmente, em contas redondas, mais de mil
milhões de euros.
0 QUE FEZ
TELECOMUNICAÇÕES E BANCAEm 2012, Isabel dos Santos apostou no reforço da sua
posição nas áreas das telecomunicações e da banca.
Tornou-se na maior accionista da Zon, com 29% do
capital, comprando as posições da CGD (10,96%) e da
Cinveste (2,82%). No BPI tornou-se no segundo maior
accionista, comprando 9,4% .ao La Caixa, uma
transacção que lhe permitiu passar a controlar 20%do banco. Os catalães continuam a ser os maiores
accionistas com 46% do capital da instituiçãofinanceira liderada por Fernando Ulrich. 0 rearranjodeu-se na sequência da saída dos brasileiros do Itaú,
que vendeu a participação de 18,87% que possuía no
BPI. Num ano escasso em negócios e com os
empresários portugueses sem acesso a liquidez,Isabel dos Santos investiu cerca de 135 milhões
nestas duas transacções.
O QUE DISSERAM
"[lsabel dos Santos]é uma excelentíssimaempresária,a nível nacionale internacional."RICARDO SALGADO presidente do BES, 14 de Junho de 2012
O QUE VAI FAZER
VEM AÍ A GRANDE DISTRIBUIÇÃOSe tudo cbrrer de acordo com o planeado,Isabel dos Santos irá inaugurar o primeiro
hipermercado Continente em Angola durante
2013, umi investimento que pode potenciar o
florescimlento da indústria agro-alimentar no
país. E os negócios com a Sonae poderão não
ficar por [aqui. Embora o cenário seja esvaziado
por fontós ligadas à empresária angolana, é
admissível que possa acontecer uma fusão
entre a Zon e a Optimus, desde que Isabel dos
Santos g jranta o controlo accionista da futura
empresa, Até lá irá continuar a apostar na
internac onalização da Zon.
aprimeira unidade deverá serinaugura-da em 2013. A sua pedra no sapato é a
Galp, mas apesar de tudo é a mais lucra-tiva (em dividendos). E uma espinhadoce na garganta
Isabel dos Santos e a Sonangol, atra-vés da holding Esperaza controlam 45%da Amorim Energia, que por sua vez de-tém 33,34% da petrolífera, mantiveramao longo de 2011 e 2012 uma luta duradestinadaaterem uma posição accionis-
ta autónoma na Galp. Uma batalha até
agora perdida, perante a irredutibilida-de de Américo Amorim, que bloqueouesta possibilidade.
Os investimentos angolanos em Por-
tugal são em grande escala e, em alguns,
pairaumainquietante opacidade. E nes-te quadro que Isabel dos Santos se dife-rencia. 0 seu primeiro desafio foi o de
passar a ser identificada como empresá-ria em vez de ser referida como filha do
presidente da República de Angola, José
Eduardo dos Santos. Com paciência foi
conseguindo obter esse estatuto. E as
suas apostas em Portugal são do domí-nio público, feitas através de holdingscomo aSantoro (no BIC e no BPI) e Ken-to e Jadeium (Zon). As telecomunica-
ções são mesmo a maior aposta de Isa-bel dos Santos. Ela aposta na internacio-
nalização da Zon através da Zap, empre-sa onde a própria detém 70% do capital,enquanto a operadora portuguesa con-trolaos restantes 30%. AZap estáem An-gola e em Moçambique e a empresáriaquer levá-la para Venezuela Por outro
lado, nos bastidores, conjecturas persis-tentes de que num futuro não muito lon-
gínquo a Zon se irá fusionar com a Opti-mus, uma operação facilitadapelas boas
relações existentes que mantém comPaulo Azevedo. O seu poder em Portu-gal é crescente e o nome do pai funciona
como um imenso escudo protector, em-bora não haja notícia de que ela o utilize
para abrir portas.Isabel dos Santos, com uma fortuna
avaliada em 170 milhões de dólares, foiidentificada pela revista Forbes, emMaio de 2012, como uma das novas mu-lheres mais ricas deÁfrica, sendo que as
oito que lhe fazem companhia neste
ranking são todas sul-africanas. EmPor-tugal, os seus investimentos valem ac-tualmente, em contas redondas, mais demil milhões de euros.
Em 2003, o seu casamento com o
congolês SindikaDokolo foi qualificadocomo um evento sumptuoso que reuniumais de mil convidados em Luanda con-trastando com a forma como normal-mente se comporta "Simples, simpáti-ca e sem ostentação", como adjectiva umempresário português bem colocado emAngola. Como o Negócios titulou em2008, tem cara de menina mas faz negó-cios crescidos. Cada vez mais.