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Desde cedo ligado Ha cerca de 30 anos que se dedica a arte de representar. É ator e, acima de tudo, encenador. Nos palcos ou na televisão, é um dos atores mais queridos do nosso panorama artístico. JAQUIM Nicolau nasceu a 25 de julho de 1964, há 47 anos, em Louri- çal do Campo, localidade que pertence ao concelho de Cas- telo Branco. É filho de Gre- gório Nicolau, funcionário de estado, e de Filomena Valente, empresária agrícola. No seio desta família nasceram quatro filhos: Maria de Fátima, de 64 anos; os gémeos Manuel Nicolau e Maria de Jesus Ni- colau, de 62 anos; e Joaquim Nicolau - o mais novo de todos. A sua infância foi dividida entre Lisboa e Castelo Branco. Quando estava na capital fazia- -se acompanhar dos irmãos; e na "terra" estava com os pais. Destes tempos recorda-se com grande satisfação: "Tive uma infância muito feliz. Era tra- quinas, mas nunca dei proble- mas. Adorei andar na escola primária, foi uma parte muito feliz da minha vida. Brincava muito com os meus primos, que os meus irmãos eram adultos. A minha infância era muito feliz, livre de preocupa- ções, éramos muito autóno- mos. Hoje em dia as crianças estão muito dependentes dos pais. Nós éramos extrema- mente livres. Também tive a sorte de ter bons professores, bons mestres, que nos prepa- ravam bem, que a maior parte das pessoas estudava até à 4 a classe, então, éramos muito bem preparados. viu o progresso de Portugal? É brutal..." Segundo o próprio, o sítio on- de vivia era muito bonito. Tinha um ribeiro grande e a Serra da Gardunha. Tinha sempre como ocupar o tempo. "Podíamos ajudar os pais no campo e tí- nhamos animais para cuidar. Na altura não se via muita televisão", recorda. E o "bichinho" da representa- ção veio, em grande parte, por causa da sua mãe, aficionada por radionovelas, que passou esse gosto ao herdeiro mais novo: "Grandes obras, muito bem faladas, num português fantástico", comenta, cheio de entusiasmo. "Eu viajava imenso. A minha imaginação funcionava muito bem. Ouvi grandes obras, como A Mor- gadinha dos Canaviais, era maravilhoso. Ainda hoje guardo essas palavras e , a dicção. Isto foi uma M Ê ajuda para gostar ™- .-. m tanto de teatro. Eeu MM gosto do lado artificial

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Desde cedo ligadoHa cerca de 30 anos que se dedica a artede representar. É ator e, acima de tudo, encenador.Nos palcos ou na televisão, é um dos atores mais

queridos do nosso panorama artístico.

JAQUIMNicolau nasceu

a 25 de julho de 1964,há 47 anos, em Louri-

çal do Campo, localidade que

pertence ao concelho de Cas-

telo Branco. É filho de Gre-

gório Nicolau, funcionário de

estado, e de Filomena Valente,

empresária agrícola. No seio

desta família nasceram quatrofilhos: Maria de Fátima, de

64 anos; os gémeos ManuelNicolau e Maria de Jesus Ni-colau, de 62 anos; e JoaquimNicolau - o mais novo de todos.

A sua infância foi dividida

entre Lisboa e Castelo Branco.

Quando estava na capital fazia-

-se acompanhar dos irmãos; e

na "terra" estava com os pais.Destes tempos recorda-se com

grande satisfação: "Tive umainfância muito feliz. Era tra-

quinas, mas nunca dei proble-mas. Adorei andar na escola

primária, foi uma parte muitofeliz da minha vida. Brincavamuito com os meus primos,

já que os meus irmãos eramadultos. A minha infância eramuito feliz, livre de preocupa-ções, éramos muito autóno-mos. Hoje em dia as criançasestão muito dependentes dos

pais. Nós éramos extrema-mente livres. Também tive a

sorte de ter bons professores,bons mestres, que nos prepa-ravam bem, já que a maior

parte das pessoas só estudavaaté à 4a classe, então, éramosmuito bem preparados. Jáviu o progresso de Portugal?É brutal..."

Segundo o próprio, o sítio on-de vivia era muito bonito. Tinha

um ribeiro grande e a Serra da

Gardunha. Tinha sempre como

ocupar o tempo. "Podíamos

ajudar os pais no campo e tí-

nhamos animais para cuidar.Na altura não se via muitatelevisão", recorda.

E o "bichinho" da representa-

ção veio, em grande parte, porcausa da sua mãe, aficionada

por radionovelas, que passouesse gosto ao herdeiro mais

novo: "Grandes obras, muitobem faladas, num portuguêsfantástico", comenta, cheiode entusiasmo. "Eu viajavaimenso. A minha imaginaçãofuncionava muito bem. Ouvi

grandes obras, como A Mor-gadinha dos Canaviais, eramaravilhoso. Ainda hojeguardo essas palavras e ,a dicção. Isto foi uma M Êajuda para gostar ™- .-. mtanto de teatro. Eeu MMgosto do lado artificial

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ao mundo da artedo teatro. A ficção, para mim,é a melhor forma, a mais útil

e a mais brilhante para se

mostrar a realidade mesmo

que no sonho e no prazer. A

ficção serve ao homem paralhe fazer compreender me-lhor a sua realidade, todo o

paralelismo que há, e o ladoartificial."

Há um episódio que o nos-

so entrevistado quis partilharconnosco. Uma situação que

em muito viria a incentivá-

lo a ter ainda mais gosto

pela leitura. "Nos anos

70 saiu à minha mãe30 mil escudos (cercade 150 euros) em li-vros - o que na altu-

ra era muito dinheiro.

Chegavam caixotes e

caixotes de livros. E eudesde muito cedo habi-tuei-me a ler. Gosto muitode poesia e de boa litera-tura. Lia Camilo e Eçade Queiroz, de muita

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qualidade literária, e isso

ajudou-me imenso. A minhamãe contribuiu imenso paraisso", recorda o ator, que fezainda questão de, como nos

disse, prestar uma homenagemà Gulbenkian: "Tinha uns oito

ou nove anos quando paravano largo, em frente à igreja dosenhor padre, a carrinha daGulbenkian. Era uma carri-nha esverdeada, uma Citroen

antiga que todos os meses iaà aldeia para requisitarmoslivros. Eu entregava livros

antigos e recebia outros no-vos. Foi graças aos livros queo meu interesse pelo teatro e

pela poesia sempre existiu.Garanto-lhe que, na altura,estava bastante informado",salienta Joaquim, que aproveita

para falar do quanto o excessode informação o assusta no dia--a-dia: "Vivemos numa altu-

ra em que há muito acesso à

informação e se por um ladoé benéfico, por outro, não hácultura de reflexão, de imagi-nação do tempo, de amadu-recimento do que lemos... Asmemórias já não existem, jásó as há no iPhone. Não sou

'bota-de-elástíco', sou a favordas tecnologias, não se pro-cura o contraditório. Existemuita informação, mas nãosei se é boa. Se ficamos infor-mados há informação direta,mas menos poética."

Aos 17 anos fez as malase partiu à descoberta

Quando terminou o liceu,fez as malas e rumou, defini-

tivamente, à capital a fim de

estudar. Indeciso entre seguirAgronomia e Teatro, acabou

por seguir este último porqueera do que gostava mais. Na sua

família ninguém enveredou pe-la representação, mas ele fê-lo:

"Fiquei ligado à Companhiade Teatro de Almada, ondeviria a conhecer JoaquimBenite (um dos homens maiscarismáticos do teatro portu-

guês). Já fazia teatro e já gos-tava e depois, quando tomeiconhecimento de um teatromais evoluído, fui fazer cursos

com o José Martins."Há um dia que recorda com

especial carinho: aquele em

que conheceu Canto e Castro eJoão Perry - as duas vozes que,na infância, tanto o fizeram so-

nhar... ""'Nem queiram saber o

quanto é importante para mimo vosso nome'- disse-lhes naaltura. Já era fã deles sem os

conhecer.»"

A "viagem" definitiva viria a

acontecer aos 18 anos, quandoresolveu inscrever-se no Con-servatório e ao mesmo tempo,também, numa bolsa de estudo.

Resultado? Acabou por ganharum estágio de um ano em Pa-ris: "Acabei por ficar lá cinco

anos, fiz formação teatral e

estudos teatrais. Sempre tiveuma grande paixão pela ence-

nação, sempre foi o que maisme apaixonou. Fiz um per-curso de estudos e sentia-memais próximo do que queria.Encenar é pôr as palavras emmovimento."

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Os tempos áureos em que láesteve foram essenciais para a

sua formação. Uma livraria de

teatro, em Paris, deixou-o fasci-

nado. Quando regressou a Por-

tugal foi fazer um estágio com

Filipe Crawford na área da Más-cara. Nessa altura, ele e outros,como André Gago, Teresa Faria,Eurico Lopes e Marta Crawford

(conhecida sexóloga) decidiramformar uma escola de teatro, a

Meia Preta. Apesar da compa-nhia não ter sobrevivido, aindaassim foram contemplados como Prémio Garrett: "Fomos o

primeiro grupo de teatro deCommedia deli Art em Por-

tugal. Já tinha trabalhadotambém com os Papa Léguas,como 'marionetista' - queadorei. Aqui trabalhei com o

Sérgio Alxeredo (n.r.: caracte-rizador do programa A Tua CaraNão Me É Estranha), que faziabonecos lindos."

Joaquim Nicolau não esconde

o fascínio que o teatro lhe pro-voca e prossegue em expli-cações... "O teatro tem umaforça que nos ajuda a sonhar e

a compreender. Eu ia ao teatroe ficava fascinado com a carae com a expressão dos atores.É mais do que a realidade. Éuma força."

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A carreira de Joaquim Ni-colau já contabiliza 30anos. O seu percurso

profissional é variado e rico. Entre

teatro, cinema e televisão, já fez

de tudo um pouco. Destacamos

alguns dos seus trabalhos.

O seu primeiro projeto em te-levisão foi a novela Cinzas, em

1993; seguiu-se asitcom Malucos

do Riso, em 1995. Em 1996 fez o

filme Cinco Dias, Cinco Noites, no

papel de Armando. Seguiu-se, em

1997, a novela A Grande Aposta.Em 1998 fez Terra Mãe e a série

Camilo na Prisão. Ainda em 1 998fez Diário de Maria e o filmeZonaJ. Seguiram-se, em 1999, a

série Médico de Família, O Ralo

e o filme Mustang. Ainda nesse

ano fez A Loja do Camilo e a série

Jornalistas, seguindo-se Capitãesde Abril, A Noiva, Capitão Roby e

Crianças SOS.

Em 2001, estava a fazer forma-

ção de atores, em Coimbra, quando

foi convidado a fazer direção de

atores em Jardins Proibidos, aolado de André Gago: "Esta foiuma das primeiras novelas quese fez na TVI. Lembro-me quefoi nessa altura que apareceramVera Kolodzig, Maya Booth,Teresa Tavares e Daniela Ruah.Revelaram-se belíssimas atri-zes." Estávamos em 2001. Nesse

mesmo ano seguiu-se a novelaOlhos de Água, em que acumu-lou a função de direção de atores

com a representação: "Foi muitomarcante. As audiências foramestrondosas." Em 2002 fez Bons

Vizinhos, A Bomba, Cuidado com

as Aparências, A Minha Família

É Lima Animação, Anjo Selva-

gem e O Bairro da Fonte. Em2003 fez Coração Malandro, Os

Imortais e Saber Amar. Em 2004trabalhou em Maré Alta e InspetorMax; em 2005, Malucos na Praiae Malucos nas Arábias; em 2006,Floribella e o Filme da Treta; em

2007, Julgamento; em 2008, Ca-sos da Vida, T 2para 3, Malucosno Hospital e A Outra; em 2009,Contrato, Conta-me Como Foi,Novos Malucos do Riso, Conexão

e Camilo, o Presidente; em 2010,Cidade Despida e Sentimentos;

e, em 201 1 , Espírito Indomável,

Morangos com Açúcar, SagradaFamília e Rosa Fogo.

Teatro, cinema, televisão e ainda formação e direçãode atores. Joaquim Nicolau é um artista que apreciae compreende a arte no seu todo.

Polivalente

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Ele é beirão e a mulheré açoriana. Tiveramdois rapazes, mas parajá nenhum deles seguiuas pisadas do pai.São a imagem de umafamília feliz, mas quenão gosta de aparecer.

A primeira namorada de

Joaquim Nicolau surge

quando ele tinha cercade 18 anos. Discreto quanto à

sua vida particular, ainda assim,

avança que teve "algumas na-moradas". Por volta dos 25/26anos veio a conhecer aquela que

passaria a ser a sua companheira e

a mulher da sua vida, Luísa Lima,

professora do ensino secundário.

Mantêm uma relação pautada pela

discrição. "Na altura, ela não

me achou muita piada porquetinha fama de andar com algu-mas miúdas." No entanto, Luísa

continuava a somar pontos no seu

coração: "Sempre gostei muitoda maneira de ser dela e da sua

beleza. Inteligente e íntegra, os

princípios dela batiam certos

com os meus..."

Namoraram dois anos e resol-

veram juntar os "trapinhos". E

o primeiro filho não tardou. Naaltura viviam em Lisboa, só mais

tarde é que foram morar para o

campo, em Moçarria, aldeia muito

próxima de Santarém, onde ainda

têm casa. No entanto, Joaquim Ni-colau alugou uma casa em Lisboa,no Bairro Alto, e tem um pé cá e

outro lá.

Quando está na capital vive com

o filho mais velho, Diogo, de 18

anos, que anda a tirar Engenharia

Informática. O outro herdeiro é

André e tem 16 anos: "Eles nãosão muito críticos em relação à

minha atividade. Eles nascerama ver o pai nesta profissão."

Mas será que algum deles está

"talhado" para seguir as suas pi-

sadas? "O mais velho participounuma novela ainda bebé, faziade filho da Vera Alves, e tinhacerca de dois anos", diz, referin-

do-se à novela Terra Mãe. Talvez

o filho mais novo, quem sabe, des-

perte para a representação...

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Tem um fundohumano bom

NUMrelato sincero, An-

dré enviou-nos estetexto: "Conheço o Nico

desde 1989, quando nos encon-trámos na aventura do MeiaPreta, Teatro de Máscaras. Erao que é hoje: um rapaz portu-guês extraordinário, e que viu o

Mundo. Hoje é um homem, mas

conserva esse entusiasmo, cheio

de maravilhosa candura. Alongaestadia do Nico em Paris, a estu-

dar teatro, fez dele um ator e en-cenador com uma visão que pro-cura ver mais longe, que é bem

fundada, que tem bons alicerces.

E ele também é bem fundado,tem um fundo humano genuina-mente bom, bom como se diz do

pão feito de boa massa. Nem to-dos conhecem bem as qualidadesdo Nico como encenador e dire-tor de atores. O grande públicoreconhece nele não apenas uma

grande generosidade, mas tam-bém a particular intensidade queele empresta às suas interpreta-ções. Nunca deixei de trabalharcom ele. Fizemos juntos Os Co-

micazes, O Manual Sexual, Os

Portas, Reátália, A Gargalhadade Yorkk- onde ele consegue ar-rancar a mais comovente Ofélia

(de Hamlet de Shakespeare) quejamais vi -, o Quarto 108 e mui-tas improvisações avulsas commáscaras.

Sou padrinho do seu filho An-dré (embora pouco praticante,mas prometo aplicar-me...) e sei

que o Nico sabe que eu sei que ele

sabe tudo a meu respeito. Gosto

dele e é muito difícil não gostardo Nico. £ sei também que ele

está aí, disponível para nós to-

dos, e sempre pronto a dar o seu

melhor, como sempre fez."

A TV 7 Dias pediu a André Gago, ator, encenador e

amigo pessoal de Joaquim Nicolau, que nos falasse dele

enquanto profissional e amigo. A resposta não tardou.

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