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ano VII nº 102 R$ 5,00www.revistaideias.com.br

O admirável ensino novo de Belmiro

O admirável ensino novo de Belmiro

Pessuti governa, Requião esperneia, p. 18

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IDEIAS | abril de 20102

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abril de 2010 | IDEIAS 3

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EDITORIAL

IDEIAS 102A Revista Ideias 102 inicia um novo ciclo. Ciclo de novas

ideias, de belos projetos, de grandes perspectivas. Falamos de um novo futuro, falamos de possibilidades. A escola idealizada e concretizada por Belmiro Valverde é melhor exemplo disso.

Fábio Campana desvenda o que a aterradora pesquisa concluiu: a maioria dos brasileiros não sabe apontar os defeitos e as qualidades dos pré-candidatos à presidência.

A revista traz uma entrevista exclusiva com Luciano Ducci, recém-empossado prefeito de Curitiba. Além disso, dois artigos: um sobre o governador Orlando Pessuti e outro sobre sua mulher, a primeira-dama, Regina Pessuti.

E mais: reportagem de Miriam Karam com o jornalista Cícero Cattani contando sua trajetória no “Última Hora”.

Nas colunas, Luiz Geraldo Mazza analisa as recentes denúncias contra a Assembleia Legislativa. Mirian Gaspa-rin escreve sobre o empreendedorismo na terceira idade.Luiz Fernando Pereira analisa a privatização da educação no governo PT. Luis Dolhnikoff contextualiza o cenário histórico-político do Oriente Médio. O jornalista Nêgo Pes-soa analisa o voto, dever ou direito?

Wilson Bueno conta a história de Lorena Montez, acla-mada artista circense mexicana. Claudia Wasilewski dispara ao descrever uma mulher com TPM e Marianna Camargo revela como são as pessoas que vestem azul-marinho.

Na coluna de moda, a marca GUM inaugura uma nova proposta em Curitiba. A página de Gastronomia de Marian Guimarães nos leva ao sabor oriental. Ainda, Amely, a mu-lher de verdade, no traço de Pryscila Vieira.

ÍNDICEFábio Campana 06

Daqui para frente, nada vai ser diferente

10

Câmara dos vereadores 16

Luiz Fernando Pereira 17

Pessuti governa, Requião esperneia

18

Na política com a Primeira Dama

22

O pêndulo das (im)possibilidades no Oriente Médio

26

O admirável ensino novo de Belmiro

28

Mirian Gasparin 32

Luiz Geraldo Mazza 33

Um jornal que fez diferença

34

Carlos Alberto Pessôa 39

Paraná Pesquisas 40

Nas asas da GUM 41

Claudia Wasilewski 43

Marianna Camargo 44

Wilson Bueno 45

Marian Guimarães 47

Márcia Toccafondo 48

Humor 54

Revista Ideias: publicação da Travessa dos EditoresISSN 1679-3501 Edição 102 - R$5,00 e-mail: [email protected] de abril de 2010

Editor: Fábio Campana Secretária de Redação: Marianna CamargoColaboradores: Carlos Alberto Pessôa, Karen Lisse Fukushima, Luiz Fernando Pereira, Luis Dolhnikoff, Luiz Geraldo Mazza, Márcia Toccafondo, Marian Guimarães, Miriam Karam, Mirian Gasparin, Pryscila Vieira, Ruth Bolognese e Wilson BuenoFoto da capa: Eduardo ReinehrProjeto gráfico, diagramação e ilustração: Clarissa Martinez MeniniConselho Editorial: Aroldo Murá G. Haygert, Belmiro Valverde, Denise de Camargo, Fábio Campana, Lucas Leitão, Paola De Orte, Rubens Campana

Diretora Comercial: Márcia ToccafondoPara anunciar: [email protected]

www.travessadoseditores.com.br Tel.: [41] 3338 9994 / 3079 9997Rua Desembargador Hugo Simas nº 1570cep 80520-250 / curitiba pr

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IDEIAS | abril de 20106

FÁBIO CAMPANA jornalista

O voto da ignorância e as eleições deste ano

Assim caminha a humanidade. Os brasileiros vão eleger em outubro o novo presidente da

República e a absoluta maioria tem dificuldades para avaliar os principais candidatos. É o que mostra extensa pesquisa do Datafolha.

A pesquisa pinta um retrato som-brio do Brasil de hoje. Quem assusta não são os candidatos, é o País – quer dizer, a gente deveria tremer ao se olhar no espelho.

A sensação depois da leitura da pesquisa é a de que a Nação se sente tolhida para a realização de um grande

destino pela vasta ignorância do povo, que vai eleger um dos candidatos e não se preocupou nem mesmo em sa-ber quem são este senhor José Serra ou esta senhora Dilma Rousseff, os favoritos para a disputa de outubro.

Mostra a pesquisa que os bra-sileiros têm dificuldades de apontar qual é a principal qualidade e o prin-cipal defeito dos postulantes à pre-sidência. Quando perguntados sobre a principal qualidade de José Serra, 47% dos entrevistados disseram não saber, e 8% responderam que o can-didato não a tem.

O Nordeste foi a região com o maior número de pessoas que não sou-beram responder (56%). Dentre os que apontaram alguma qualidade, as principais respostas foram dadas para valores relacionados à honestidade (7%), para o fato de “saber governar” (5%) e para qualidades relacionadas à inteligência e cultura (4%).

Entre os que declaram votar em Serra, o número de pessoas que não souberam responder cai para 28% e para 1% os que responderam “ne-nhuma”. Nesse grupo, 13% exaltam os valores de honestidade como a principal qualidade do peessedebista.

 

Sem defeitos – Quando ques-tionados sobre o principal defeito do tucano, aumenta o

número de pessoas que não souberam dizer (63% no Brasil, 70% no Nor-deste) e as que disseram que Serra não tem nenhum (12%). A imagem pessoal do candidato foi o aspecto que mais recebeu menções entre os que responderam (16%), com destaque para valores relacionados à falta de caráter e à mentira (4% no Brasil, 9% entre os com ensino superior) e ao fato de não cumprir promessas (3%).

Dentre os eleitores do governa-dor, o índice de “não sabe” mantém-se estável, mas a resposta “nenhuma” salta para 22%.

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POLÍTICA

Dilma Rousseff, por sua vez, tam-bém não recebeu grandes menções de defeitos e qualidades. Dos entrevista-dos, 61% disseram não saber apontar a principal qualidade da petista, e ou-tros 8% responderam que ela não tem nenhuma. A qualidade mais citada pela população foi a honestidade (3%), seguida pelo apoio de Lula (2%).

Entre seus eleitores, 34% não souberam responder, e apenas 1% disseram “nenhuma”. Os valores de honestidade foram citados por 7% do grupo, e 5% declaram o partido como a principal qualidade.

Já em relação aos defeitos, 71% não souberam dizer (80% no Nordes-te), e 8% responderam “nenhum”. Dentre as respostas, destacam-se as referentes à desonestidade (2% no Brasil, 6% dentre os que têm ensino superior, 5% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos), à arrogância (2% no Brasil, 8% dentre os com renda acima de dez salários mínimos) e ao partido (2%).

Dos que votam em Dilma, 63% não souberam declarar o principal defeito e 18% disseram “nenhum”.

O levantamento, de respostas espon-tâneas, foi feito com pessoas de 16 anos ou mais, nos dias 25 e 26 de março de 2010. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

 

Momento de revelação – Vivemos um momento de revelação. Faltam partidos

ideologicamente definidos e moder-namente concebidos, conforme se demonstra até pelo fato de que, às vésperas da eleição, dispomos de pelo menos duas dúzias de partidos e uma penca graúda de candidatos, sendo que se destacam dois, Serra e Dilma, e os demais participam como coad-juvantes dispostos a uma boa nego-ciação num possível segundo turno.

O senhor Ciro Gomes, por exem-plo, é um dos que tentaram se aven-

turar em candidatura presidencial, certo de que poderia se oferecer ao espectro, digamos, de centro-esquer-da, como alternativa para o insucesso de Dilma Rousseff, pelo que ele torce com grande entusiasmo. O fracasso da preferida de Lula seria a redenção de sua candidatura.

Como se vê, vivemos ainda em preto e branco. Fala-se em coligação de centro, juntando centro-direita, centro-esquerda, centro-centro. Cadê a direita? Sempre me pergunto. É igual visitar um cemitério. Onde esta-rão enterrados os cafajestes? Ninguém é canalha depois de morto.

Uma coisa é certa: Lula e o PT, com o PMDB de Marcelo Temer embarcado e outras excrescências, como o PDT, prontas para subir a bordo da nau, farão de tudo para derrotar o inimigo comum, o desafiante José Serra que significa a volta dos tucanos ao poder.

Temos uma profusão de candi-

datos, mas o bicho-papão do PT é ele, José Serra, que se sustenta nas pesquisas de opinião na faixa dos 35% das intenções de voto desde a primeira rodada no ano passado.

 

Tucanos contra o lulismo – Para os tucanos e seus aliados, o inimigo é o lulismo, que se-

gundo o sociólogo e jornalista André Singer é a execução de um projeto político de redistribuição de renda focado no setor mais pobre da popu-lação, mas sem ameaça de ruptura da ordem, sem confrontação política, sem radicalização, sem os componentes clássicos das propostas de mudanças mais à esquerda.

Foi o que o governo Lula fez. A manutenção de uma conduta de política macroeconômica mais con-servadora, com juros elevados, aus-teridade fiscal e câmbio flutuante, foi o preço a pagar pela manutenção da

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POLÍTICA

ordem. Diante desse projeto, a cama-da de baixa renda, cerca de metade do eleitorado, começou a se realinhar em direção ao presidente.

Em 2006 houve um realinhamento eleitoral, um deslocamento grande de eleitores que ocorre a cada tantas dé-cadas. A matriz desse tipo de estudo é americana. Lá, eles acham que acon-teceu um realinhamento eleitoral em 1932, quando (Franklin) Roosevelt ga-nhou a eleição presidencial. Ele puxou uma base social de trabalhadores para o Partido Democrata que não havia antes.

Aqui, em 2006, a camada de baixíssima renda da população, que sempre tinha votado contra o Lula, votou a favor dele. A diferença en-tre 2002 e 2006 foi que Lula perdeu base na classe média, seu eleitorado tradicional, e ganhou base entre os eleitores de baixa renda.

No lulismo existe um elemento de carisma, mas isso não é o mais im-portante. A importância do carisma é maior nas regiões menos urbanizadas do país, onde se tende a atribuir a ca-pacidade de execução de um projeto a características especiais da liderança. Em regiões urbanizadas existe uma adesão mais racional ao programa po-lítico. Se minha análise estiver correta, o lulismo sobreviverá sem o Lula.

O que acontecerá em 2010? Man-tidas as condições atuais, a tendência é que, à medida que ficar claro para o eleitor que a Dilma é a candidata de continuidade do lulismo, ela aumenta-rá suas intenções de voto com chances consideráveis de ganhar a eleição.

O PT poderá ser uma fusão de duas forças, o petismo e o lulismo, que têm projetos com pontos de contato e diferenças. O PT continua sendo o partido do proletariado organizado, sindicalizado, com carteira de traba-lho assinada. Pode vir a ser também o partido do subproletariado. Quando a gente vê a força do PT na periferia de São Paulo pode ser a expressão da

confluência dessas duas forças. 

Hora do realinhamento? – É possível que estejamos assistindo a um realinha-

mento como foi na época do Roose-velt, que trouxe segmentos da classe trabalhadora para o Partido Demo-crata por cerca de 30 anos.

O que aproxima o lulismo do po-pulismo de Getúlio Vargas não é algo tão óbvio. Em ambos há uma política de governo voltada para os setores de menor renda. Mas há uma diferença importante. Getúlio Vargas, ao fazer a CLT (Consolidação das Leis do Traba-lho), criou direitos para o setor urbano da classe trabalhadora, em um país predominantemente rural. Deixou de fora um vasto setor da classe traba-lhadora que foi incorporado agora.

O presidente Lula tomou uma decisão fundamental ao não aceitar a proposta do terceiro mandato. Co-locou um ponto final nessa questão. O Brasil sai desse processo com ins-tituições democráticas fortalecidas. Há problemas na política partidária, cada vez mais pragmática e menos programática. Isso cria a sensação de que a política diz respeito aos polí-ticos, e não à sociedade.

O PT foi se institucionalizando, mas a ida ao centro é relativa se você olhar o aspecto programático. O par-tido manteve um programa com mu-danças relativamente pequenas. E é isso que faz com que o PT mantenha a identidade de esquerda. Onde houve mudança foi na política de alianças do PT. Antes ele recusava alianças até o ponto de, em 1989, não querer o apoio do PMDB no segundo turno, sem con-trapartida. Hoje o PT dá prioridade à aliança com o PMDB. Isso é compre-ensível do ponto de vista eleitoral, por causa do tempo de televisão, do tamanho do PMDB. Mas é também um problema porque não se sabe qual é a base programática dessa aliança.

Depende da política de alianças. Se você tiver um vice-presidente como o Henrique Meirelles (presiden-te do Banco Central), as probabilida-des caem muito. Mas o sentimento do PT é ter um governo mais à esquerda.

A entrada em cena dessa força nova tirou a centralidade das decisões políticas da classe média. Se o lulismo se consolidar, teremos o setor de baixa renda em um campo político e a classe média tradicional em outro. A nova classe média é dúvida. A oposição em 2010 vai fazer tudo para não se isolar dos eleitores de baixa renda. Vai tentar a mágica de convencer os lulistas de que seu candidato é melhor para dar continuidade ao projeto do que a candidata da situação.

 

Indigência política – Apesar de todas as mudanças, é preci-so perceber que os cidadãos que

ocupam a ribalta da política, de Lula a Sarney, de Serra a Dilma Rousseff, estão distantes de nossos melhores representantes na política em outras épocas. Percebam bem que eles só conseguem imaginar movimentos e saídas experimentados no passado próximo e remoto. O tempo ficou pro-pício, no entanto, à desmistificação.

Admitamos então que o País pre-cisa de mudanças, de transformações originais, inconfundíveis, que o apro-ximem de vez da contemporaneidade do mundo. Transformação distante dos padrões tradicionais, desligada dos modelos consagrados, quem sabe quase pacífica, ou mesmo sorratei-ra. Apenas brasileira. Não será pelas mãos dessa gente que chegaremos lá.

Os países e as Nações crescem de acordo com os desafios que enfrentam e conseguem vencer. A crise dos anos 30 é um dos grandes momentos da história dos Estados Unidos. Quanto a nós, às vezes até parece que o único desafio a que nos propomos é ganhar a Copa do Mundo de futebol.

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POLÍTICA

Daqui para frente, nada vai ser diferente

MIRIAM KARAM

A população de Curitiba que se prepare. Dentro de um mês a prefeitura planeja iniciar uma série de obras em ruas e avenidas, que devem cau-

sar complicações no trânsito da cidade. “Vai dar muitos transtornos, mas os resultados serão excelentes”, avisa um animado prefeito recém-empossado. Eleito duas vezes vice-prefeito ao lado de Beto Richa, Luciano Ducci está começando um período de quase três anos que terá para, finalmente, colocar a sua marca na administração municipal.

Mas que não se esperem grandes mudanças, avisa novamente. Esta administração terá a marca da continui-

dade, o que, convenhamos, é uma boa notícia num país em que, a cada troca de governo, dezenas de obras são abandonadas inacabadas para dar lugar a interesses do novo governante. Ducci conta ter participado da elabo-ração do plano de governo, registrado em cartório ainda na campanha eleitoral, portanto nada mais natural que permanecer na rota traçada.

Boa parte das obras será financiada por verbas do Fundo de Desenvolvimento (FDU), do governo do Paraná, fruto da melhora de outro tipo de trânsito: com Ducci na prefeitura e Orlando Pessuti no governo, as relações

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POLÍTICA

entre os dois poderes não poderiam ser melhores. Mas, Ducci faz questão de frisar, “as rusgas nunca foram cau-sadas por parte do Beto, porque ele sempre esteve à disposição para continuar a conversa com o governador Roberto Requião”.

“Quando ganhamos as primeiras eleições contra os candidatos do prefeito, do governador e do presiden-te da República, já no início fomos atrás dos governos estadual e federal, porque entendemos que a relação administrativa entre os poderes é importante, para que a população seja beneficiada”.

O novo governador também deve se preparar. O novo prefeito diz que não dá para esconder o sol com a peneira. “Todos sabem que hoje temos um grande problema na área de segurança pública. Temos falta de efetivo poli-cial muito clara, não adianta falar que sim ou que não”.

O leque de atenções de Luciano Ducci já tinha am-pliado em 2004, quando a dupla Beto-Ducci foi eleita pela primeira vez para comandar a prefeitura de Curitiba. De cara, o então vice-prefeito coordenou o grupo de transição entre os eleitos e o staff do ex-prefeito Cassio Tanigu-chi. “Comecei a me envolver praticamente em todas as áreas”, conta Ducci. “E nesses cinco anos e meio como vice-prefeito sempre atuei junto ao Beto, nas decisões e em todos os projetos”.

Sua atuação primordial, no entanto, foi na Secretaria de Saúde, cargo que exerceu até assumir a prefeitura e no qual criou alguns programas que ainda ajudam Curitiba a se destacar entre as capitais brasileiras e no exterior. Um deles, o Mãe Curitibana, é reproduzido em uma de-zena de cidades brasileiras e do exterior, recebeu vários prêmios internacionais e tem sido uma das ferramentas que permitiram a redução da mortalidade infantil de forma significativa.

Médico pediatra (PUC-1980), com formação em pneumologista infantil feita em Roma (Itália), Ducci é especializado em Administração Pública, o que lhe con-fere preparo técnico para desempenhar seu papel como poucos prefeitos já dispuseram.

Luciano Ducci está, de fato, na prefeitura desde 1988, quando começou a trabalhar como médico de posto de saúde; o primeiro foi a Unidade de Saúde da Trindade, no Cajuru. Daí para a frente, assumiu o Serviço de Vigilância Sanitária do município, onde geriu a municipalização dos serviços; foi diretor da área de Assistência à Saúde, onde também comandou a municipalização, responsável pela criação da primeira central de marcação de consultas especializadas do Brasil, em 1994.

Em 1995, o então governador Jaime Lerner o levou para a diretoria geral da Secretaria da Saúde do Estado,

onde Ducci permaneceu até 1998; neste ano voltou para a prefeitura de Curitiba, para assumir a Secretaria Mu-nicipal da Saúde a convite do prefeito Cassio Taniguchi. Ducci deixou o cargo em 2002 para eleger-se deputado estadual em 2002 e continuar um trabalho dedicado às questões sociais da saúde.

A militância política no setor da Saúde vinha já do movimento estudantil, no final da década de 70. Ducci pertencia aos quadros da Libelu e mantinha forte ligação com as áreas de Comunicação e Filosofia. “Ali fiz vários amigos, como o Ângelo Vanhoni, Antonio Cescatto, Alceu Rizzi, Ricardo Correia, gente que também participou do início da Libelu em Curitiba”, conta o prefeito. Mas o foco era mesmo a saúde: já naquela época, Ducci ocupou vários cargos e foi presidente do Diretório de Medicina da PUC.

Ideias: A política sempre esteve a serviço da saúde?Luciano Ducci: Até há pouco, sim. Até a eleição como vice-prefeito, a minha militância política foi exclusiva na área da saúde.

E agora?Tenho que me dedicar a todas as áreas. Mas desde a época da secretaria, sempre tive uma equipe muito boa, que me deixou com tempo livre para realizar outras ações. Então não é nenhuma novidade assumir a prefeitura – conheço bem todos os programas e projetos da prefeitura para os próximos anos.

Parece que o senhor já deixou tudo encaminhado na área da Saúde. Não há necessidade de secretário então?Precisa sim. (risos) Sempre há necessidade de decisões e adequação de planos, essas coisas todas. Na verda-de, a equipe é a mesma há muitos anos, as pessoas já se conhecem pelo olhar e têm a mesma visão de saúde pública. Sempre primamos pela continuidade e fomos muito felizes com essa equipe competente que perma-neceu, independentemente do secretário, desde o final da década de 80.

Isso é uma raridade na administração pública brasileira. E é fundamental. Todo mundo conhece o funcionamen-to, sabe para onde vai. E, muito importante, são todos funcionários de carreira.

Como secretário, sua principal criação foi o programa Mãe Curitibana, lançado em março de 1999. Acho que sim, porque foi o primeiro programa a organizar

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POLÍTICA

todo um sistema de saúde, do começo ao fim. Ou seja, desde o pré-natal, acompanhamento da mulher durante toda a gestação, com definição de onde vai ter o nenê, maternidade de qualidade e depois, acompanhamento do filho também pelo sistema público de saúde.

O programa se transformou em referência no Brasil e no exterior. Como foi isso?Tem muita coisa que hoje parece corriqueira, mas que, à época de implantação do programa, não eram, como o exame para detectar o vírus HIV em todas as gestan-tes; em caso positivo, tratamento da gestante durante os nove meses, aplicação de uma dose de AZT no bebê quatro horas depois do nascimento; inibição da lactação da gestante; garantia de leite por 6 meses; tudo isso não existia de forma organizada em nenhum lugar do mundo.

Quais são os resultados?Redução de forma significativa da transmissão vertical do vírus HIV (de mãe para filho). Em outras frentes, conseguimos a redução da toxoplasmose congênita; a identificação do RH incompatível ainda durante a ges-tação e não só depois que a criança nasceu; a diminui-ção no número de partos prematuros com a realização de exames de urina seqüenciais para evitar infecções urinárias, enfim, é um programa completo, de grande sucesso. Já nasceram 160 mil crianças – uma cidade de médio porte – pelo Mãe Curitibana.

Quando começamos o Mãe Curitibana, a mortali-dade infantil chegava a 17 crianças entre mil nascidas vivas. No ano passado chegamos a 8,9, a menor taxa já alcançada por Curitiba ou por qualquer capital brasi-leira. No começo, morriam por ano 450 crianças abaixo de um ano de vida; antes ainda, na década de 80, eram quase 1,5 mil crianças mortas a cada ano; no ano passado foram 220. A redução é muito grande, resultado de um trabalho integrado.

Sua atuação, é claro, não ficou restrita a esse programa.Claro, vieram outros programas. Há 10 anos não temos um só caso de dengue autóctone, porque o trabalho de combate e prevenção é feito sem interrupção. Não pa-ramos um dia sequer, no inverno e no verão, faça chuva ou faça sol. A mobilização é permanente. (veja outros programas no box ao lado)

E daqui para a frente?A minha gestão será muito óbvia - é uma gestão de con-tinuidade da administração Beto Richa, porque todo o nosso plano de governo foi feito de forma conjunta, nós apresentamos para a sociedade, registramos o plano em cartório... portanto, nada mais natural que, eu assumindo, dê continuidade a todo esse plano, construído pelo Beto, por mim e por toda nossa equipe. O objetivo principal é concluir, na prática, o plano de governo.

E por onde começa?Nos próximos 30 dias devem ser assinadas as ordens de serviço para várias obras importantes de pavimentação, como para a Avenida Fredolin Wolf; para a trincheira da Gustavo Hartmann, a primeira obra para a conti-nuidade da Linha Verde Norte, perto do Hospital Vita; outra obra que ajuda a Linha Verde Norte e o centro é o binário Chile-Guabirotuba, inclusive com outra trin-cheira. Além de tudo que já estamos fazendo para a recuperação e pavimentação das ruas de muitos bairros. Em março, Beto assinou ordens de serviço pra dar iní-cio a 400 novas obras em Curitiba, desde construção e recuperação de Unidades de Saúde, centros municipais de educação infantil, creches, escolas novas, armazéns da família, pavimentação.

De onde vêm os recursos?Já conversei com o governador Pessutti sobre a liberação de recursos do FDU. Os recursos deverão se resolver ao longo do ano. E as obras iniciadas até o final do ano, como o anel viário central (recuperação de avenidas,

Outros programas implantados por Ducci

• Agentescomunitáriosdesaúde;• MulherCuritibana,paramulherescommaisde

50anos,quetrabalhanaprevençãodocâncerdemamaenasaúdeintegraldamulher.

• novarededeemergência,comcentrosmunicipaisdeurgênciasmédicas;

• estáemconstruçãooHospitaldoIdoso,noqualaprefeituratemparceriadeconsultoriacomohospitalalemãoOswaldoCruz(referêncianoBrasilpelaqualidadenoatendimento),deSãoPaulo.OhospitalreceberádeZildaArns.Aobrafísicadeveficarprontanametadedesteano;o início do funcionamento está previsto paraocomeçode2011,com10leitosdeUTI,14intermediários,doiscentroscirúrgicos,eequi-pamentosdeúltimageração.

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POLÍTICA

calçadas, semáforos), um novo laboratório municipal; o Clube da Gente, um grupo de piscinas, no Tatuquara, no Moradias da Ordem; dois Clubes da Juventude, que envolvem piscinas, canchas cobertas e auditório, um no Moradia Audi-União, no Icaraí, e outro no Eucaliptos; os raios-x digitais para as Unidades 24 horas. É um pacote muito grande de obras com recursos do FDU.

Os clubes fazem parte de uma visão mais ampla de proteção social, para prevenção de drogas e criminalidade, por exemplo?Todas essas ações ajudam a tirar a criançada das ruas. O Clube da Gente ocupa as crianças com natação e ajuda o idoso a cuidar da saúde, praticando hidroginástica. Toda atividade esportiva, educativa ou cultural acaba promo-vendo a cidadania da criança e tirando essa criança da rua e afastando um pouco das drogas. Um dos maiores problemas de Curitiba é o crack – o pior é que já ocorre também no interior. Mas temos de ter muita clareza que todos os programas sociais que implantamos não funcio-narão se não houver forte repressão do tráfico de drogas e da criminalidade. Não se consegue entrar em áreas de risco social com equipes da saúde, da educação, sem um processo forte de repressão. E todos sabem, hoje temos um grande problema na área de segurança pública. Temos falta de efetivo policial muito clara, não adianta falar que sim ou que não. A sociedade tem de exigir aumento sig-nificativo de efetivo e da inteligência da polícia, melhoria na tecnologia, para que a gente possa ter mais segurança.

Os programas sociais têm impacto, mas eles pode-riam ser otimizados se houvesse apoio da segurança. Porque você atua com um grupo de crianças, consegue mobilizar toda a sociedade, mas se no dia seguinte, já

Alguns avanços da prefeitura nesta gestão

• quase2,6milvagasemcrechesforamcriadas(ocompromissoéchegara10milvagas,comonaprimeiraadministração);

• atendimentosnoArmazémdaFamíliacresceramemqualidadeeemnúmero-eram25milpormês;hojesãoquase200mil;

• emmaioseráinauguradooRestaurantePopu-lar da Fazendinha; o do Pinheirinho está emconstrução;

• a implantaçãodoônibus Ligeirão já significaavançonosistemadetransporte.

pela manhã, está lá o traficante estimulando a criança ou o adolescente a usar droga... é uma disputa desigual com o tráfico.

O senhor já conversou com o governador sobre isso?Ainda não, diretamente. Mas é consenso. Ele mesmo deve ter esse sentimento. Outro dia Pessuti disse que 500 novos policiais vão reforçar a segurança.

Mas não serão todos para Curitiba.Eu espero que sejam. Quinhentos é um número até pe-queno para Curitiba. Em cinco anos, a Guarda Municipal, que tem outro papel, mas acaba se envolvendo na área de prevenção, aumentou o efetivo de 800 para 1,8 mil guardas. A prefeitura sentiu necessidade e também fez outros investimentos na área de segurança, nas câmeras, em projetos em parceria com a PM. É uma área crítica, que incomoda a todos.

Isso tudo será facilitado pelo bom relacionamento que o senhor tem com o governador? Espero que sim. Tenho boas relações com o Pessuti. O trabalho em projetos em comum, como a Copa do Mun-do de 2014, já significou uma boa aproximação. Com os recursos do FDU já encaminhados, esperamos que a boa relação se mantenha e Curitiba possa ter acesso e avançar em projetos em parceria com o governo do estado.

Antes havia problemas entre o prefeito e o governador. Pois é. Mas as rusgas nunca foram por parte do Beto, porque o Beto sempre esteve à disposição para continu-ar a conversa. Quando ganhamos as primeiras eleições, fomos atrás dos governos, porque entendemos que a relação administrativa entre os poderes é importante para beneficiar a população. As rusgas políticas não trazem vantagem nenhuma e devem ser guardadas para o perío-do eleitoral. Passadas as eleições, quem ganhou tem que trabalhar de forma harmoniosa com os outros poderes. Tem sido assim com o governo federal, com quem tivemos grandes parcerias sem qualquer dificuldade. A Caixa Econômica, por exemplo, está trazendo investimentos para a área da habitação.

Continuidade é fundamental para não parar obras, mas a sua marca ficará em algum setor?Não. Normalmente as administrações priorizam uma área. Nós priorizamos todas. Estamos num grande momento e não é por nada que temos quase 90% de aprovação da população.

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VEREADORES

Por dentro da CâmaraAcompanhe o trabalho dos vereadores

da Câmara Municipal de Curitiba

CâmaRa munICIPal DE CuRItIba • www.cmc.pr.gov.brR. Barão do Rio Branco, s/nº — cep 80010-902 telefone: (41) 3350-4500 fax: (41)3350-4737

novo SItE A nova página na internet da Câmara Municipal de Curitiba traz inova-ções como os links Aconteceu e Siga-nos no Twitter. As novidades foram apresentadas pelo diretor de informática Carlos Niemeyer.

tRanSPaRênCIa O Portal da Trans-parência, novo link do site da Câmara Municipal, contém informações relacio-nadas aos vereadores, quadro funcional, relação dos servidores do Legislativo, remuneração das funções gratificadas, dos cargos em comissão, efetivos e o subsídio dos vereadores.

IDEntIFICação Representantes do Atlético Paranaense, Coritiba e Paraná têm menos de 30 dias para informar oficialmente à Secretaria Municipal de Urbanismo as medidas adotadas para ade-quação à lei de identificação dos torce-dores e frequentadores de estádios com capacidade superior a 15 mil pessoas.

PESquISa Pesquisa realizada com 400 torcedores dos principais times paranaen-ses revela que 50,75% dos torcedores não estão satisfeitos com a torcida organizada do time, 58% não considera programa de família ir ao estádio de futebol. Na opinião de 91% dos entrevistados, a vio-lência é o principal motivo que as pessoas deixam de frequentar os estádios. E 83% acreditam que a nova lei auxiliará no combate à violência nos estádios.

HomEnagEm O vereador Julião Sobota (PSC) solicitou um minuto de silêncio em homenagem ao falecimento de Ivo Rodrigues, vocalista da banda Blindagem, durante a sessão plenária do dia 12 de abril na Câmara de Curitiba. O vereador Emerson Prado (PSDB) enfati-zou que Rodrigues receberia este ano o prêmio João Batista Gnoato, concedido a destaques musicais do estado.

SEguRança Aprovado pela Câmara de Curitiba projeto do vereador Roberto Hinça (PDT) que prevê a instalação de vidros blindados em agências e postos de serviços bancários.

IDoSo O maior hospital de geriatria e gerontologia do Paraná, que terá o nome de Zilda Arns, recebeu a visita do senador Flá-vio Arns e do filho de Zilda, Nelson Arns, no dia 12 de abril. O Hospital do Idoso, que será inaugurado em março do ano que vem, terá 141 leitos, centro cirúrgico e pronto atendimento, entre outros serviços. Deverá realizar cerca de 50 mil atendimentos e 10 mil internamentos por ano.

InFlávEIS A Comissão de Estudo Espe-cial de Segurança de Brinquedos Infláveis de Grande Porte concluiu os trabalhos de elaboração das novas normas. De acordo com José Carlos Lauter, coordenador do grupo, os principais pontos analisados foram as instruções de uso, que não des-tacam idade e altura do usuário, sistema

adequado para ancoragem e resistência do vinil dos brinquedos.

gRIPE a A Comissão de Saúde da Câ-mara recebeu uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde para falar sobre a Gri-pe H1N1 (Gripe Suína). A médica Karen Luhn, chefe do programa de vacinação, prestou esclarecimentos sobre as doença.

ConCIDaDES Vereadores de Curitiba obtiveram uma vaga para o Legislativo da capital no Conselho Estadual das Ci-dades (ConCidades-PR) e duas vagas para parlamentares da Câmara Municipal na Conferência Nacional. A 4ª Conferência Nacional das Cidades será realizada em Brasília, de 24 a 28 de maio.

PulSEIRaS do Sexo A Comissão de Segurança Pública e Defesa da Cidadania se reuniu para debater sobre as chamadas pulseiras do sexo, moda que surgiu entre os adolescentes na Inglaterra e que gerou casos de estupro no Brasil. Está em trami-tação na Casa projeto do vereador Algaci Tulio (PMDB) que proíbe o comércio dos adereços na cidade e uso por alunos da rede municipal e particular de ensino.

vISItantES A Câmara recebeu delega-ção de parlamentares paraguaios em visita a Curitiba. O projeto da Lei Orçamentária Anual foi um dos principais temas abor-dados pelo grupo que também conheceu o sistema integrado de transporte e o ma-nejo dos resíduos sólidos feito na capital.

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A privatização da educação no governo do PT

OPINIÃO

LUIZ FERNANDO PEREIRA advogado

Na década de noventa, diretor da UNE, ouvi, algo descon-fiado, uma proposta sugeri-

da por Hildon de Lima Chaves (where are you now?), então dirigente da “direita” no movimento estudantil. O Estado brasileiro deveria abandonar novos investimentos em instituições públicas de ensino e concentrar-se na aquisição de vagas nas faculdades privadas (era mais barato, entendia Hildon). Aquilo soava herético a to-dos nós, da “esquerda”. Este Hildon, ao querer privatizar a educação, só pode ser um “fascista”, logo rotulou outro diretor da UNE (e como gostá-vamos de rotular...).

Nosso discurso era um só: a edu-cação deve ser pública, gratuita e de qualidade (quase um mantra).

Muito tempo depois, a “turma da UNE” chegou ao poder com o Pre-sidente Lula e, vejam só, deu vida à proposta do “fascista Hildon”. É o Programa Universidade para Todos do Governo Federal – o PROUNI.

O Brasil tem ainda um percentu-al muito baixo de jovens na faixa de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior – menos de 15%. Argenti-na tem o dobro; o Chile três vezes mais, para citar apenas países aqui da América Latina. E há dez anos este percentual não chegava a 7%, um dos piores índices entre os países

em desenvolvimento.O Governo do PT tinha duas

opções para resolver o atraso. A pri-meira era a natural para quem tanto criticou o ensino privado: investir pesado na criação de novas vagas nas instituições públicas. Mas aí o pro-blema é o custo. O Brasil gasta relati-vamente bem em educação. Em 2010 ficaremos próximos de 5% do PIB com gastos públicos na área. Trata-se de índice que nos deixa próximos a países desenvolvidos. O problema é que Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) nos aponta-va, no início do Governo Lula, como o pior país na relação entre gastos com ensino fundamental e superior. Noutras palavras: gastávamos mui-to com o caríssimo ensino superior; pouco com a mal cuidada educação fundamental.

Aí estava o dilema do Governo Lula: aumentar o número de jovens matriculados no ensino superior, mas sem comprometer a já complicada relação de gastos ensino superior/educação fundamental. A saída foi abandonar velhos dogmas e “adqui-rir” vagas em instituições privadas para alunos carentes. E por uma ra-zão muito singela: os alunos da rede pública custam seis vezes mais do que custam os alunos da rede priva-da. Tudo exatamente como à época

sugeria Hildon (o que lhe rendeu o rótulo de fascista). Aqui na América do Sul, a Colômbia fez algo pareci-do, mas a inspiração é mesmo sueca. Lá, na década passada, em tempo de liberais no poder, criaram uma espé-cie de vale-educação (aquisição, com dinheiro público de vaga em insti-tuição privada – exatamente como o PROUNI). Com isso incentivaram a competição entre as instituições pri-vadas (inclusive na educação básica) e baixaram o gasto (público e privado) com a educação no país.

Em 2010 o Ministério da Edu-cação anunciou 165 mil bolsas do Prouni. Nestes anos de “privatização petista do ensino”, a distância entre o total aplicado no ensino superior, por aluno, em relação ao gasto por estudante na educação básica caiu de 11,1 para 5,6 vezes, reconheceu a mesma OCDE. Dobramos o número de matriculados a um custo compa-tível com nosso orçamento de país em desenvolvimento.

É o caso de comemorar. O PT abandonou as simplificações e as certezas de manual para resolver o problema. Só falta pedir desculpas pelo rótulo de fascista oferecido ao ex-militante da direita. Hildon de Lima Chaves e o PT acabaram no mesmo lado. Pragmáticos.

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IDEIAS | abril de 201018

POLÍTICA

Orlando Pessuti esperou sete anos e três meses para as-sumir o cargo de governa-

dor. Nesse período, como vice de Requião, engoliu sapos, cobras e lagartos. Aturou as variações de humor e as farpas do chefe. Agora, chegou a sua vez.

“Eu sou o governador”, teria dito Pessuti a Luiz Fernando Delazari sobre os motivos da sua demissão. “Mudo quando e como quiser”, relata quem assistiu. Delazari despediu-se na condição de defenestrado do im-portante cargo de Secretário de Se-gurança Pública onde atuou durante

sete anos sob as ordens diretas de Requião.

Pessuti não deu importância aos grunhidos de seu antecessor. Anunciou novas substituições em seu secretariado. Delazari foi troca-do pelo Coronel  Aramis Linhares Serpa.

Outro da famulagem de Requião que foi obrigado a deixar o cargo, embora a ele se aferrasse como os-tra na pedra, foi Benedito Pires, o ghost-writer de Requião e seu se-cretário da Comunicação Social. Em seu lugar assumiu Ricardo Canzian, experimentado coordenador da área.

Pessuti governa, Requião esperneia

FÁBIO CAMPANA

No Planejamento, Alan Jones assume a partir do dia 16 no lugar do provecto Nestor Bueno. Rogério Tizzot foi demitido da Secretaria dos Transportes, substituído por Mário Cesar Stamm Junior. Ney Amilton Caldas assumiu a Casa Civil em subs-tituição a Rafael Iatauro, “que será designado para nova posição dentro da estrutura do governo”, afirmou Pessuti.

Nildo José Lubke, que era che-fe de gabinete de Pessuti, assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia, sem titular desde a saída da petista Lygia Pupatto. No IPEM, saiu Mar-

co Berberi, e assumiu José Galdino Alves Júnior.

Por aí foi. Mesmo diante da reação histérica de Requião, que esperneou: “quer conhecer o vilão dê-lhe o bastão”, referindo-se ao go-vernador Orlando Pessuti. Foi mais longe e passou para as ameaças: “Se o Pessuti não se viabilizar em trinta dias nosso PMDB deve costurar uma aliança que garanta as linhas básicas de nosso governo.”

Ora, pois, Pessuti nem respon-deu. Tranquilizou os paranaenses. Demonstrou que está no comando. Governa.

O jus esperniandis de Re-quião – Requião fez o que todos esperavam dele. Pas-

sou ao ataque. No twitter, único meio de comunicação que lhe restou, con-firmou chorosamente a substituição de Rubens Guillardi na Copel.

Sobre o substituto de Delazari na Segurança, disse que o Coronel Serpa “é aquele que reprimiu estudantes e operários que protestavam no Centro Cívico contra a venda da Copel”. E ironizou. Afirmou que o motivo da nomeação é que a esposa do coronel é sócia de outra esposa.

De maus bofes, o mínimo que

passou a dizer do casal Pessuti é impublicável. Lamentou a demissão de Rogério Tizzot da Secretaria dos Transportes. Com a leviandade de sempre, acusou o pedágio de tentar corromper o executivo paranaense.

Seu humor ficou ainda mais áci-do quando soube que teria de pagar multa por calúnia e difamação. E que o ministro Paulo Bernardo, não sa-tisfeito, agora vai processá-lo crimi-nalmente.

A Justiça Federal de Curitiba, atendendo a pedido do Ministério Público Federal, decidiu aplicar mais uma multa, no valor de R$ 200 mil

Pessuti não deu importância aos grunhidos de seu antecessor. Anunciou novas substituições em seu secretariado

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“Acredito muito no desempenho eleitoral de nosso Pessutão.” Para Pu-gliesi, não há base para falar sobre o abandono da candidatura daqui a 30 dias e, apenas mais tarde, se não houver a viabilidade eleitoral, o PMDB discutirá alternativas.

Sobre a possibilidade de Requião impor sua vontade ao partido, res-pondeu: “O PMDB não é apenas e tão somente o Requião. O PMDB é o Requião e todos nós. (…) Nós temos uma organização partidária e ela é plural na hora de decidir.”

a Requião. A nova multa se deve ao descumprimento, mais uma vez, de decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região, que proibiu Requião de utilizar indevi-damente o programa “Escola de Go-verno”, a chamada “escolinha insana das terças” para praticar atos que impliquem em promoção pessoal, ofensa à imprensa, adversários po-líticos e instituições.

No programa “Escola de Gover-no”, veiculado pela TV Educativa do Paraná, no dia 23 de março de 2010, Roberto Requião atribuiu ao Minis-tro do Planejamento, Paulo Bernar-do, a proposta de superfaturamento de uma obra. As multas aplicadas a Roberto Requião, na ação civil pú-blica ajuizada pelo Ministério Pú-blico Federal, em razão do mau uso da emissora pública de comunicação, totalizam o valor de R$ 1.050.000,00 (um milhão e cinquenta mil reais).

Desolado, Requião saiu-se com esta: “Deus fez o homem com colu-

na vertebral para que não rastejasse como um réptil. Penso, logo resisto. Afinal…”

 

PMDB não é só Requião – E os problemas de Requião não são apenas esses. Ele recebeu

uma estocada de onde não esperava.  O presidente do diretório estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, afirmou que está de pé a candidatura de Orlando Pessuti para o governo, em resposta à ameaça de Requião de tirar o gover-nador do páreo da sucessão.

POLÍTICA

Requião fez o que todos esperavam dele. Passou ao ataque. No twitter, único meio de comunicação

que lhe restou, confirmou chorosamente a substituição de Rubens Guillardi na Copel

Ao fim, Pugliesi fechou a entre-vista com frase que resume a situação Requião: “É complicado o negócio”.

Outra fonte de irritação de Requião foi a decisão dos deputados federais da bancada do Paraná, que pediram ao governador Orlando Pessuti, do PMDB, o fim dos privilégios do governo para a candidatura a deputado federal do sobrinho do ex-governador Roberto Requião, PMDB, João Arruda.

Durante a reunião em Brasília os deputados de todos os partidos informaram que Arruda, do PMDB, estava invadindo suas bases com o apoio das secretarias de governo e isso poderia ter consequências em suas eleições. Segundo um deputado o maior “apoio” vinha da secretaria de segurança pública, afora outros.

Imaginem os maus bofes de Re-quião.

 

Enfim, paz – Os comentários sobre a mudança de estilo são muitos. Pegou. Em Brasília,

de tanto que prefeitos, deputados, senadores, ministros e políticos de toda espécie e catadura repetiram a exclamação Pessutão, que diferença! alguém acabou sugerindo que esse é o novo nome do governador do Paraná.

A verdade é que desde que Pessuti assumiu todos sentiram como é melhor se relacionar com um governador urbano, civilizado e bom da cabeça, independente de suas convicções políticas e ideo-lógicas.

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Dona Regina Pessuti, a nova primeira dama do Paraná, falou muito mais, e sobre

mais assuntos, durante um simples almoço com jornalistas no Palácio das Araucárias na quarta-feira (15/04), do que as últimas cinco ou seis colegas de cargo em todos os mandatos dos respectivos maridos.

A discrição sempre foi uma ca-racterística primordial na represen-tante-mor das mulheres paranaenses,

mesmo entre as mais antenadas ou influentes junto a eles.

Desde Nice Braga, Ivone Pi-mentel, Lourdes Canet, Arlete Ri-cha, Tina Ferraz de Campos, Débora Dias, Marlene Pereira, Fani Lerner até Maristela Requião, ou mesmo nossa vice-governadora, Emília Belinati, todas elas se mantiveram distantes das questões políticas locais.

Algumas escolheram o trabalho social como Fani e Tina, cultural,

como Maristela, ou profissional como Débora, advogada. Todas elas tiveram o reconhecimento dos maridos-gover-nadores: ao se despedir do segundo governo, Ney Braga desmanchou-se em lágrimas ao falar da dedicação de Nice durante a cirurgia cardíaca pela qual havia passado, e dona Arlete foi a presença constante ao lado de José Richa, no poder, na saúde e na doença.

Débora, primeira dama grá-

Na política com a Primeira Dama

RUTH BOLOGNESEFOTOS DE MÁRCIA TOCCAFONDO

POLÍTICA

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POLÍTICA

vida, participava das cerimônias exibindo a bela barriga,  e deu a luz ao filho Alvaro ainda duran-te a gestão. Dona Marlene Pereira era uma personalidade política, acompanhava tudo de perto, e de-pois que deixou o poder, chegou a candidatar-se a uma vaga na As-sembleia Legislativa, sem sucesso, mas enquanto primeira dama atuava mesmo era nos bastidores.

Até mesmo Dona Emília, a pri-meira mulher paranaense eleita, duas vezes, para o cargo de vice, era a imagem pública da serenidade e distanciamento quando as crises governamentais faziam barulho no Centro Cívico.

Daí que a entrada em cena de dona Regina Pessuti, reconhecendo dificuldades dela e do marido no relacionamento com o governador Requião e com o próprio governo nos últimos sete anos “ninguém le-vava em conta o pedido da esposa

do vice”, surpreende e aponta para novos caminhos no papel das pri-meiras damas do Paraná. Desconte-se aí a ansiedade e o desabafo de quem teve que se manter calada durante tanto tempo e, mesmo as-sim, temos novos ares rondando a Primeira Família.

Até com sinceridade inusitada, dona Regina confessou-se fumante, revelou conquista pessoal depois de emagrecer mais de 40 quilos, “dancei balé no palco do Guaíra em 2008” e um projeto singelo na chegada aos sessentinha: “quero fazer tatuagem no pé, mas não sei ainda o quê”.

 

Com o Povo, para o Povo – As duas semanas do novo Governo mostram mesmo o

casal Pessuti disposto a marcar um diferencial mais popular, “mais gente boa”, o que não é difícil depois dos sete anos do governo absolutista da

família Requião. Ela, filha de alemães, faz questão de deixar claro que co-manda o próprio terreiro, posição que não divide com ninguém e, depois de tanto engolir desaforos, está livre para falar e agir.

Ele, mais fiel à imagem de bona-chão, não demonstra qualquer inse-gurança diante das posturas firmes da mulher. Ao contrário, não se cansa de lhe fazer declarações de amor em público. São novos tempos, afinal. E o Paraná não registrou nenhuma hecatombe porque a primeira dama resolveu abrir a boca e admitir desa-venças anteriores dentro do núcleo do poder.

Porque todo mundo é bem gran-dinho para saber que nada mais óbvio do que isso. Se é piegas dona Regina revelar que dorme de mãos dadas com o Governador Pessuti? Pode ser. Mas é melhor saber que o Primeiro Casal vive em harmonia do que quebrando a louça pública.  

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O pêndulo das (im)possibili-dades no Oriente Médio

OPINIÃO

LUIS DOLHNIKOFF escritor

Se o excesso de história into-xica a ação política, sua falta compromete a compreensão da

política. Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro do que no Oriente Médio.

Durante cinco séculos, até 1920, toda a região foi parte do Império Otomano, e por ele dividida em en-tidades político-administrativas pró-prias (velayats). Entre 1920 e 1947, os territórios do que são hoje Israel, Gaza, Cisjordânia e Jordânia seriam englobados na Palestina Britânica. O problema atual toma forma nesse pe-ríodo. Mas nasce no período anterior.

No final do século xix, no con-texto dos grandes movimentos nacio-nalistas europeus, que resultariam, entre outras coisas, na unificação da Itália e da Alemanha, os judeus da Diáspora passam a considerar a pos-sibilidade de reagrupar-se nas antigas terras do reino de Israel. E a de fato migrar para essa região do Império Otomano, indo somar-se a um nú-cleo judaico nativo. As circunstân-cias subsequentes ao fim da I Guerra então intensificam e aceleram esse processo. Pois o histórico antissemi-tismo europeu volta a recrudescer, em paralelo ao crescimento do nazi-fascismo (Itália, Espanha, Alemanha). Além disso, o Império Otomano deixa de existir, e a Inglaterra recebe tão

somente um mandato da Liga das Nações sobre a região. Um novo Es-tado de Israel parece cada vez mais necessário, e cada vez mais possível.

O que leva, de um lado, à orga-nização da comunidade judaica (que chegaria a 35% da população) em um proto-Estado constituído durante o mandato britânico por entidades políticas, administrativas, educacio-nais, trabalhistas e militares próprias (a maioria clandestina), e de outro, à pressão política junto às grandes potências para apoiar a criação desse Estado. Mas isso não acontece. Seria preciso o contexto do Holocausto, do fim dos grandes impérios europeus e da criação das Nações Unidas, após a II Guerra, para um Estado judeu ser criado em 1948.

Ao mesmo tempo, do lado árabe, duas demandas políticas confluentes se alinhavam. De uma parte, a disputa de lideranças tribais (como os Saud e os Abdullah na Península Arábica) pelos despojos do Império Otoma-no, almejando o estabelecimento de novos reinos a ser por elas governa-dos; de outra parte, o “dividir-para-reinar” britânico; isso afinal resulta, entre outros, no reconhecimento de um reino saudita (ou seja, da família Saud) no centro da Península Arábica (depois ampliado em guerra com o

Iêmen) e na criação do Emirado da Transjordânia (atual Jordânia) numa região virtualmente desértica da Pa-lestina Britânica, a fim de acomodar a família Abdullah. O restante da Palestina Britânica, correspondendo aos atuais Israel, Gaza e Cisjordânia, manter-se-ia sob domínio britânico direto até o fim da II Guerra.

A inexistência de nacionalismos árabes propriamente ditos, advinda tanto da larga dominação otomana quanto da organização sociopolítica tribal quanto do distanciamento de um conceito originalmente europeu, somado ao conceito islâmico de Dar al Islam, ou “Casa do Islã”, pelo qual terras islâmicas devem se manter eter-namente islâmicas, acabaria por se re-fletir, na Palestina Britânica dos anos 1940, numa rejeição pura e simples de sua partilha – mesmo ao custo da não constituição paralela e imediata de um Estado palestino, e a despeito de os territórios árabes estarem sendo sistematicamente divididos em novos Estados –, em função de parte desse território ser destinado a um Estado não árabe nem islâmico A rejeição ao Estado de Israel, em lugar da construção de um Estado palestino, dominaria a ideologia geopolítica e os objetivos estratégicos palestinos e árabes (guerras de 48, 67 e 73) pelas

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décadas seguintes.Isso explica porque, entre 1948 e

1967, quando não havia nenhum co-lono ou soldado israelense em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, um Estado palestino não foi ali criado. Também explica a criação da Organi-zação para a Libertação da Palestina (olp) três anos antes de Israel ocupar Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Orien-tal: não se tratava de libertar tais ter-ritórios, não ocupados em 1964, mas de “libertar” Israel.

Tanto a recusa árabe da partilha

em 1948 quanto a opção histórica de não se construir um Estado ára-be na Palestina antes de se destruir Israel quanto as tentativas de fazê-lo em três guerras quanto, por fim, a inexistência de um Estado palesti-no em 1967, acabariam por criar as condições políticas, militares e en-fim geopolíticas para que as forças israelenses contrárias à existência de um Estado palestino prosperas-sem, para por fim se aproveitarem

da ocupação de Gaza (até então sob administração egípcia), Cisjordânia e Jerusalém Oriental (sob adminis-tração jordaniana) após a vitória is-raelense de 67 (a oportunidade seria oferecida por Nasser, ao militarizar o Sinai e bloquear a saída israelen-se para o mar Vermelho, levando a um contra-ataque de Israel e este, à entrada da Jordânia na guerra em apoio ao Egito).

Assim, quando o lado palestino afinal começa a mudar sua posição histórica, em 1993 (Acordos de Oslo),

o pêndulo da rejeição a uma acomoda-ção já pendera fortemente para o lado israelense. Um novo recuo palestino em 2000 (Acordos de Camp David) e a consequente deflagração das intifadas não ajudariam a refreá-lo.

Em consequência, quando a cha-mada “bomba demográfica”, o cresci-mento populacional palestino, junto à insolvência do conflito, leva enfim à saída unilateral de Israel de Gaza (2005) e à concomitante mudança de

OPINIÃO

posição da maior parte do espectro político israelense contrário ao Estado palestino (como exemplificado por Ariel Sharon), a política palestina já se encontrava à sombra da ascensão do grupo terrorista Hamas – que, mais uma vez, rejeita a existência de Israel. Contando agora não mais com o apoio político dos países árabes, mas do Irã. O que leva aos ataques com foguetes desde Gaza contra o sul de Israel, e a uma nova campanha mili-tar de Israel contra Gaza, ao mesmo tempo fortalecendo mais uma vez as

forças israelenses antiacomodação e enfraquecendo as forças palestinas pró-acomodação.

O pêndulo da rejeição a uma aco-modação no Oriente Médio foi assim construído de modo a poder receber corda, indiferentemente, dos dois la-dos. O que torna tão terrivelmente difícil pará-lo.

Luis Dolhnikoff é escritor, autor de Lodo (Ate-liê, 2009).

Seria preciso o contexto do Holocausto, do fim dos grandes impérios europeus e da criação das

Nações Unidas, após a II Guerra, para um Estado judeu ser criado em 1948

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O admirável ensino novo de Belmiro

AROLDO MURA G.HAyGERTFOTOS DE EDUARDO REINEHR

Belmiro Valverde Jobim Castor volta à condição de referência central de um debate sobre nossa sociedade e seu futuro. E o faz com a apresentação de uma obra que lhe custou anos de reflexão, dedicação e esforços. Uma obra fantástica e que deverá provar que é possível fazer mais do que fazem os governos e a vã negligência de nossas pobres elites.

O Centro de Educação João Paulo II não poderá ser ignorado em nenhuma discussão

sobre projetos educacionais e mais, sobre as soluções para os problemas sociais que afligem a população e deixam os governo de mão atadas com suas fórmulas gastas e ineficientes.

A ideia de partida é a de que “se cada um, de alguma forma, tentar resolver o seu problema, e mostrar que certas coisas são possíveis de serem feitas, no mínimo cria um quadro de referência”, como ensina o próprio Belmiro.

Foi o que ele fez. O Centro de Educação

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João Paulo II, construído em terreno de 5.500 metros quadrados em Laranjeiras, município de Piraquara, na Grande Curitiba, vai permitir que crianças de famílias de baixa renda da localidade, na faixa etária de três a seis anos, tenham uma escola de qualidade, na qual permanecerão em regime de dois turnos, obedecendo a um projeto pedagógico elaborado e em instalações físicas e tecnológicas concebidas para esse fim.

Para consolidar esse objetivo, Belmiro Valverde imaginou um processo de implantação progressiva. No primeiro ano de funcionamento, o centro terá 50 crianças de três a quatro anos. A partir do segundo ano, haverá o ingresso anual de 25 crianças de três anos e a progressão das já matriculadas.

No terceiro ano, serão 100 crianças e, a partir do quarto ano, será implantado um programa de contra-turno. As crianças, ao alcançarem seis anos de idade, serão matriculadas na Escola Municipal Julia Wanderley, vizinha ao Centro de Educação João Paulo II, e freqüentarão o local no contra-turno, com uma jornada escolar de seis a sete horas diárias.

O centro educacional que Belmiro Valverde sonhou, planejou e agora começa a concretizar “não fará distinção de raça, cor, credo religioso ou opinião política. Vamos estimular e canalizar a curiosidade científica das crianças, disponibilizando equipamentos e práticas educacionais adequadas para isso. Estimularemos a criação de uma mentalidade respeitadora dos limites da natureza nos alunos. Isso, desde o projeto arquitetônico, que incorpora princípios de economia energética e procurará desenvolver a familiaridade das crianças com os processos naturais ligados à luz, ventilação, águas, etc. Também vamos perseguir o objetivo de transformar o centro em referência no campo da educação infantil, aproximando-o das instituições universitárias mais respeitadas nessa área”.

Em síntese, o centro pretende ampliar as possibilidades educacionais para crianças de baixa renda e baixo nível de acesso às oportunidades escolares, contribuindo para

elevar o nível de socialização e inserção delas na comunidade.

Uma ONG, em fase de constituição, será responsável pela construção e manutenção do empreendimento, bem como pela busca de apoios financeiros e técnicos de entidades, empresas ou organizações com objetivos semelhantes ou que desejem se associar a esse projeto de responsabilidade social. A esperança é a de que o exemplo de Belmiro Valverde Jobim Castor frutifique.

Belmiro Valverde é professor do corpo permanente do Doutorado em Administração da PUC do Paraná e professor colaborador do Mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE Business School, Faculdade de Administração e Economia também do Paraná, é membro da Academia Paranaense de Letras, consultor, diretor do Instituto Ciência e Fé, e

autor do livro “O Brasil não é para Amadores”, lançado em 2000.

Na vida pública, Belmiro Valverde foi por duas vezes Secretário do Planejamento do Paraná e Secretário de Estado da Educação. Planejamento e educação são os assuntos que ele conhece bem e mais gosta, mas se quiserem poderá discorrer longamente sobre a literatura brasileira ou a história do segundo império. Belmiro Valverde é, sem dúvida, a cabeça mais preparada neste Estado que costuma deixar de lado seus melhores quadros para privilegiar a mediocridade. Mas não conseguirá esconder a obra de Belmiro.

Fábio Campana

EDUCAÇÃO

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IDEIAS | abril de 201030

Você pode escolher, há muitas possibilidades de definir a obra que Belmiro Valverde Jobim Castor e sua mulher Elizabeth Bettega Castor acabam

de entregar à comunidade. Pode-se classificar o Centro de Educação João Paulo II, situado em Laranjeiras, Pi-raquara, como uma escola desafiadora, rompendo com sinas estabelecidas pelo “estava escrito”; ou pode-se, também, ver o projeto educacional instalado num mo-derníssimo e adequado complexo arquitetônico, como uma rara junção de forças da sociedade, sob a liderança do casal, para garantir ensino e educação de alto nível para populações da baixa renda.

Eu prefiro classificar a proposta materializada com a inauguração do Centro Educacional, em 27 de março de 2010, como a melhor expressão de que é possível romper com ciclos de misérias e ignorância, marcas que fatalmente identificariam a clientela de 250 crianças que lá receberão educação na escola infantil e, depois, no contraturno. Marcas que não mais serão dessas crianças, que agora estarão a salvo desse ciclo de “reencarnações” da miséria com que já estamos acostumados a contemplar nesses despossuídos, os anawins bíblicos, os que nada têm senão a sua falta de horizonte para contemplar.

Belmiro e Elizabeth – ele com sólida carreira pública e privada, e formação acadêmica con-solidada com doutorado e pós-doutorado na

UCLA, Califórnia – são legatários da forte mentalidade comunitária dos norte-americanos. Cristãos católicos de fé provada e comprovada, eles às vezes me parecem um pouco descendentes dos pais peregrinos, os puritanos do Mayflower. Têm um espírito de silencioso despren-dimento material como só vi em poucos seres humanos, assim confirmando, na prática, a convicção religiosa de que nada levarão dessa para a Parusia. A começar pelo começo do Centro João Paulo II, erguido em terra por eles doadas e com cuja doação Belmiro começou a ampla peregrinação junto a construtores da sociedade, parte do patriciado curitibano, engajando-o na grande pro-posta em que se envolveram instituições de importância estadual, como o Colégio Bom Jesus, dos franciscanos, com sua notória espertise pedagógica; a Federação das Indústrias do Paraná; o arquiteto Manoel Coelho, de portfólio insuperável em arquitetura voltada para colé-gios e universidades, empresários e empresas e um bom número de pequenos e mensais doadores...

Belmiro fez peregrinações incontáveis, nos últimos 24 meses, envolvendo gentes e instituições nessa propos-ta de mudar realidades pelo ensino de qualidade hoje só

garantido a classes privilegiadas materialmente. Pediu, vendeu ideias, plasmou ideais, ofereceu alternativas de engajamentos aos que iriam se aliar ao projeto do casal e que acabou sendo dividido com outros homens e mulheres singulares. Boa parte deles eu vi reunida na solenidade simples e comovente, para entregar às novas gerações de crianças de Laranjeiras oportunidades de ensino que têm, por exemplo, os filhos da chamada burguesia no Colégio Bom Jesus, que dá o aval pedagógico e assistência à proposta.

Choveu a cântaros na manhã da inauguração em Laranjeiras e toda Piraquara. Só parou de chover quinze minutos antes do ato inauguratório, “foi interferência do Papa”, garante Belmiro, referindo a uma possível graça concedida pelo patrono da obra, o venerável João Paulo II. Foi o tempo necessário para iniciar-se um cortejo de boa parte de personagens que fizeram a História do Paraná do século XX, como, por exemplo, o ex-governador Jayme Canet Junior e dona Lourdes; o ex-prefeito de Curitiba,

EDUCAÇÃO

Belmiro rompe com os ciclos de miséria e ignorância com a construção da sua nova escola

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Saul Raiz; Maurício Schulman; e educadores, como irmãos professores Davide e Dario Bortolini, da Congregação dos Maristas, mantenedores da PUC; professor Ismael Lago, e Rogério Mainardes, da Universidade Positivo.

Deambulei pelo Centro Educacional, examinando salas, equipamentos, falando com os futuros alunos e seus pais que lá estavam. Não fiquei impressionado com o que vi porque já estava acostumado com o desenvolvimento da proposta que garante o bom e o melhor a crianças que, assim, ganharão efetiva cidadania.

Uma delas, Robson, 6 anos, me perguntou se era verdade que poderiam ver as estrelas, na escola. Referia-se ao miniobservatório em implantação. Eu tive vontade de indagar à criança sobre seu interesse em astros e galáxias. Limitei-me a fazer uma imagem que ele não entendeu ainda. Mas um dia compreenderá na sua inteireza: “Aqui vocês vão enxergar o futuro, o que é muito mais do que ver estrelas...”

EDUCAÇÃO

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MIRIAN GASPARIN jornalista

Empreendedorismo na terceira idade

NEGÓCIOS

A população brasileira está envelhecendo rapidamente. Hoje a proporção é de 120

idosos para cada grupo de 100 crian-ças. A faixa conhecida como da ter-ceira idade, ou nos meios econômicos denominada de sênior, já representou 8,8% dos brasileiros, mas a previsão é de que esse número chegue a 17% em 2030, quando o Brasil passará do 16º para o 6º país com maior número de idosos.

 Hoje o Brasil tem 14,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o do-bro do que há duas décadas. Mas, se a população idosa está aumentando, a expectativa de vida também subiu, passando de 62 anos na década de 80, para 71 anos, hoje.

Quem pensa que a população sênior tem um potencial pequeno para os negócios está enganado. A terceira idade é responsável por 18% do poder de compra da população brasileira, mas esse público precisa ser melhor compreendido e explo-rado. Há quem diga que o mercado brasileiro ainda carrega preconceitos, como associar a figura dos idosos a bailes e ao trabalho voluntário.

Com o aumento da expectativa de vida, população sênior é estimulada a ter um negócio próprio

No que se refere a empreende-dorismo, a atividade empreendedora na população mais experiente vem crescendo nos dois últimos anos, mesmo assim a taxa é muito peque-na. Hoje, segundo pesquisa do Pro-jeto Global Entreperneuship Monitor (GEM), apenas 3% dos empreende-dores brasileiros em estágio inicial estão na faixa de 55 a 64 anos.Um dado nada positivo desta pesquisa é que a maioria das pessoas da terceira idade empreende por necessidade e não por oportunidade. Segundo o pesquisador do Projeto GEM, Paulo Bastos, como o salário da aposenta-doria é insuficiente para manter o padrão de vida, muitas pessoas re-solvem complementar a renda com o negócio próprio.

Entretanto, está crescendo o empreendedorismo na melhor idade por oportunidade. De acordo com a consultora do Sebrae/PR, Rosângela Angonese, pessoas na faixa dos 55 a 60 anos que saíram dos seus em-pregos com uma boa indenização, principalmente nos dois últimos anos, estão aplicando esse dinheiro em negócios que um dia lhe desper-

taram a atenção, mas que por como-dismo preferiram continuar em seus empregos.

O aumento da expectativa de vida também está abrindo a pers-pectiva de uma gama de serviços e oportunidades para os sessentões, setentões, octogenários e até nona-genários. E, mais uma vez, a pala-vra de ordem é planejamento. Para a consultora do Sebrae, o sucesso nos negócios não pode ser definido por faixa etária. Como em qualquer idade, explica Rosângela, é preciso se preparar, fazer um bom plano de negócios e conhecer o mercado em que deseja atuar. O diferencial está na maior disponibilidade de tempo para aprender e uma sabedoria que só a idade confere.

A verdade é que não existe hoje no Brasil um tratamento diferencia-do de apoio ao empreendedorismo para a população sênior por parte das entidades de classe e do gover-no, ao contrário do que se vê com os jovens que cada vez mais são estimulados a assumir um negócio próprio.

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LUIZ GERALDO MAZZA jornalista

A hora do empate

OPINIÃO

O caso dos escândalos do nos-so legislativo se encaminha para um empate, embora essa

expressão não seja sinônima de im-passe. No Aurélio entre as acepções admitidas como ‘’tolher seguimen-to’’, ‘’igualar’’ há uma que vai além de não se poder dar o xeque-mate no jogo de xadrez que é o de ‘’en-contrar obstáculos, esbarrar’’. Num documentário do Globo Rural na Amazônia quando era mais intensa a luta dos seringueiros contra pro-jetos pecuários assistimos um cerco dos defensores de sua subsistência contra os peões que destruíam a mata declarando-lhes o ‘’empate’’. Seguia-se algo com as características de um auto popular com os dois lados dis-cursando e justificando o que faziam: somos como vocês trabalhadores e fomos contratados para essa tarefa e daí vinha a resposta de que aquilo era a sobrevivência dos extrativistas. De qualquer forma ficava declarado o ‘’empate’’ no sentido preciso do ‘’encontro de obstáculos’’, no caso intransponíveis, de esbarrar.

É o que vai se dar no legislativo paranaense, depois de tantas denún-cias, fortemente documentadas da-quilo que na operação ‘’gafanhoto’’ já tinha sido detectado pela força-tarefa da Polícia Federal e Ministério Público Federal.

Como deslindar essa controvér-sia, que alcança várias legislaturas, sem um trauma nas relações intrapo-deres que alcançariam também o Ju-

diciário em função de intercâmbio de prestação de serviços, disposição de funcionários, andamento de deman-das de interesses recíprocos, como sugeriu o promotor Fuad Farage.

Pirâmide invertida – Não é aceitável que um organismo auxiliar, acessório, como a Di-

reção Geral da Casa, se sobreponha à Comissão Executiva. E o que dá impressão é exatamente esse absur-do: o de um poder paralelo e supe-rior acima dos próprios deputados e mandatários populares e que operava certamente com delegação de alguém dentro do sistema. O fato de os fun-cionários, do de posto mais elevado ao de traço intermediário, terem pedi-do a demissão depois de se recusarem a abrir a boca, a dizer qualquer coisa ao Ministério Público é claro demais. Eles o fizeram na certeza de que se respondessem a uma inquirição bem feita se inculpariam e se valeram de um direito inquestionável, o de per-manecer em silêncio, por mais fortes que fossem as presunções em torno dos fatos delituosos apurados ou por apurar. O esquema é, aparentemente pelo menos, da pirâmide invertida: o órgão hierarquicamente superior inteiramente subordinado ao inferior.

Daí ao silêncio, que tomou conta dos próprios parlamentares, foi um passo sem que as medidas anunciadas como a do recadastramento dos fun-cionários e da edição eletrônica dos atos oficiais amainassem os ânimos,

porque, como no caso do Senado e numa escala provavelmente maior, o predomínio de diários e resoluções secretas é de tal ordem que nega o caráter republicano da instituição e a aproxima das máfias e da Ku-Klux-Klan.

Pesquisa aterradora – Se-gundo uma sondagem da Pa-raná Pesquisas, feita a pedido

da RPC, a maioria esmagadora da po-pulação acha que tudo termina em pizza. 80% acreditam que não haverá punições e 64% entendem como in-suficientes as medidas adotadas para dar uma resposta à sociedade. De-talhe significativo é o de que 45% não ficaram nada surpresos com as denúncias.

Há, no entanto, um setor de peso decisório muito elevado que trabalha na direção do ‘’empate’’, do obstáculo intransponível, para evitar andamento dos processos, ainda que haja crimes em profusão que vão da lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, peculato, falsidade ideológica, falsa identidade, formação de quadrilha, estelionato, prevaricação e ao de gestão fraudu-lenta. O empate aí tem o sentido do equipamento usado na pesca para evi-tar que a linha arrebente. A sociedade cartorial, de um modo geral, protege essas manobras, daí o baixo nível de indignação visível no ceticismo e também no fracasso das manifestações estudantis contra os abusos e tudo o que permeia a pesquisa.

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Sempre na vanguarda. Nem mesmo o twitter escapou deste veterano do jornalismo paranaense, que co-meçou a carreira na lendária Última Hora e esteve

presente nos momentos marcantes da história dos principais jornais de Curitiba, até obter seu próprio jornal. Uma tra-jetória poucas vezes repetida – dificilmente um jornalista chega a ser proprietário de um veículo de comunicação.

Cícero Cattani conseguiu. O primeiro foi o Correio de Notícias em sua segunda versão – houve três. Ele re-cebeu o jornal do antigo proprietário apenas assumindo o passivo - Silvio Name estava mais interessado em se livrar do Correio do que fazer dinheiro com a publicação. Coisas da política. O segundo e atual veículo de Cícero, o Hora H, já foi criado por ele mesmo, há cerca de 20 anos.

O jornalista faz questão de falar com mais vagar sobre a versão local da Última Hora por considerá-la um marco, talvez o mais importante da história do jornalismo paranaense, por vários motivos. Um deles: foi o maior em circulação da história do Paraná, e vivia exclusivamente

da venda avulsa; hoje, passados 45 anos de seu desapa-recimento, seus números ainda não foram alcançados.

A Última Hora foi inovadora no formato, na diagra-mação, no conteúdo; e foi responsável pela formação de toda uma geração de jornalistas. Era um jornal prestador de serviços essencialmente – a coluna chamada Para o povo foi recordista em leitura; voltada a resolver os problemas da cidade obteve tal importância que passou a ser rastreada pela prefeitura, que se pautava nela para agradar a população.

O pagador de promessas – Cícero Cattani era praticamente um iniciante quando se tornou correspondente da Última Hora em Paranaguá, a

primeira sucursal aberta no interior do Paraná. Surpresa? Nada mais óbvio para um jornal que apoiava a luta sin-dical, uma vez que o movimento dos portuários era dos mais fortes e influentes naqueles tempos conturbados que precederam o golpe de 64. A edição curitibana da Última Hora circulou entre 1960 e 1964.

HISTÓRIAS

Um jornal que fez diferençaMIRIAM KARAM

O jornalista-empresário Cícero Cattani relembra os bons tempos do Última Hora, jornal que marcou época e foi

responsável pela formação de toda uma geração de jornalistas

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Assim, Cícero participou de uma cobertura que re-vela bem o perfil do jornal que se fazia, popularesco e sensacionalista, mas com alguma sofisticação, como faz questão de esclarecer. Foi ele o jornalista que recebeu o cortejo da versão local do ‘pagador de promessas’ criado na própria redação em Curitiba. O filme de Anselmo Duarte havia acabado de ganhar a Palma de Ouro em Cannes quando um homem, fanho, chegou à redação e foi convencido a caminhar até a Igreja de Nossa Senhora do Rocio com uma cruz nas costas, tal qual o personagem de Leonardo Vilar faz para pagar uma promessa.

Foi quase uma semana de vendas sensacionais. Equi-pes do jornal seguiram o suposto pagador de promessas de Curitiba a Paranaguá, escrevendo reportagens pelo caminho, o que atraiu a atenção de muitos, causando comoção popular entre os incautos.

O homem, é claro, seguia o roteiro pré-escrito pelos jornalistas e avançava em sua peregrinação de acordo com os horários e necessidades de fechamento da edição. Para causar maior impacto, ele foi detido na entrada da cidade, para se adequar ao horário e acabou por pernoitar, ora vejam, justamente na zona de meretrício. Foi disputado a tapa pelas mulheres, conta Cícero – afinal, havia se transformado numa personalidade nos últimos dias. O que deu o que falar, mais ainda.

Mas nada que prejudicasse o momento. Com cara de ressaca, ele entrou na cidade de forma triunfal, aplaudido

em todo o trajeto até a igreja, onde recebeu a chave da cidade, entregue pelo prefeito Joaquim Tramujas.

Inspiração em filmes parece ter sido uma constante na redação da Última Hora. Afinal, ali trabalhava a nata do jornalismo curitibano, mais bem paga que seus colegas dos outros jornais. “A montanha dos sete abutres”, outra página do sensacionalismo jornalístico interpretada por Kirk Douglas no cinema, também teve sua versão local, quando uma criança caiu num buraco...

VIP – A Última Hora não tinha amarras com a sociedade paranaense. “Escrachava” fotos de gente conhecida em situações embaraçosas, filhos

de políticos ou importantes empresários eram fotogra-fados dirigindo bêbados... Ao menos, era democrático. Mas o que alimentava o jornal, segundo Cícero, eram os

escândalos homossexuais; milagreiros, curas fantásticas, histórias de santos... crimes de grande repercussão.

Da política, o jornal não escapou. A linha editorial era ditada pelo Rio, imprimida por Samuel Wainer, que havia criado o jornal para apoiar Getúlio Vargas. Naquele início dos anos 60, era até militante no apoio ao governo Jango e aos sindicatos. “O jornal criou mecanismos para se comunicar com esse público”, conta Cícero. Havia uma coluna dedicada ao sindicalismo, feita por Peri de Almeida; e outra dedicada aos militares, escrita por Wal-

mor Weiss, que também era sargento. “Tínhamos a orientação de dar apoio às massas tra-

balhadoras e o jornal se tornou o centro de convergência de todas as lideranças, do pessoal da esquerda, do Partido Comunista”, relata Cícero. O PC tinha até o poder de in-dicar funcionários para o jornal. Um exemplo foi Milton Ivan Heller, um curitibano de origem alemã, olhos azuis, que prestou serviços ao partido – no Rio, fazia comícios em portas de fábrica, em cima de caixotes; seu ponto era a fábrica Tecidos Bangu; na construção da Klabin no Paraná chegou a trabalhar como operário.

Por bons serviços prestados, se mudou para Curiti-ba e, depois de rápida passagem pelo O Dia, acabou na Última Hora por indicação do partido. “Embora tenha grandes qualidades pessoais e seja um ótimo jornalista e escritor”, salienta Cícero.

HISTÓRIAS

A redação ocupava uma sala minúscula no Edifício Asa e era a mais cara da cidade; os salários

correspondiam aos de São Paulo

O jovem Cícero Cattani, na redação do jornal Última Hora, que ele chegou a dirigir

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HISTÓRIAS

A ligação entre o jornal e os portuários era tão forte que, durante uma greve dos jornalistas, eles ameaçaram parar o Porto de Paranaguá para apoiar os jornalistas. A linha era a mesma quando se tratava de assuntos nacio-nais. Já em assuntos estaduais...

Um acordo por baixo dos panos poupava de críticas ou denúncias o governador Ney Braga. E para não chocar demais os leitores, alguns secretários do governo eram transformados em boi de piranha. Mas tudo combinado. Ney Braga indicava os setores que deviam ser privile-giados e os que ele liberava para o ataque. E em rodízio, para não atrapalhar a carreira de ninguém.

A Última Hora tinha então lançado uma prática que viria a se tornar, lamentavelmente, a mais usual nas relações entre os jornais e o poder no Paraná. “O Ney inaugurou, com a Última Hora, os acertos sem identifi-car a origem da fonte pagadora”, conta. Era propaganda invisível do governo. Com essa sutileza, foi a primeira vez. O dinheiro saía das estatais da época, mas não se submetia à fiscalização do Tribunal de Contas.

Os outros jornais tinham de publicar matérias de

interesse do governo porque faturavam em cima disso. E recebiam diretamente do Departamento de Comunicações: entregavam uma fatura de acordo com a centimetragem de publicações favoráveis ao governo.

Recado para Jango – A história também pas-sou pela redação da Última Hora de Curitiba. O jornal havia chegado na esteira das estradas

abertas pelo presidente Juscelino Kubitschek – a BR-116, que liga Curitiba a São Paulo, acabara de ser construída. Impressa em São Paulo, a edição chegava a Curitiba por volta das 10 horas da manhã, quando todos os jornais

locais já haviam circulado. Ainda assim, vendia mais que a soma de todos os demais. E era um jornal de apenas 10 páginas. “O que se persegue hoje, o jornal-síntese, já era feito então”, relata Cattani.

Durante a campanha da legalidade, do então go-vernador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, as co-municações estavam bloqueadas entre São Paulo e Porto Alegre. Cícero conta que a redação de São Paulo ligava para Curitiba, que rebatia para Porto Alegre. O comando

Na campanha eleitoral de 1985 Cícero com Luiz Geraldo Mazza, Mussa José de Assis e Roberto Requião, no jornal Correio de Notícias

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uniformizado. No final da tarde, quando se completava a ligação telefônica (pedida horas antes), também se completava a edição, com as informações de última hora, literalmente.

Essa rigidez nos horários não podia ser furada, sob pena de inviabilizar a edição. Assim, Vinícius Coelho, que durante um tempo cobriu a Assembleia Legislativa, escrevia suas matérias dentro da kombi a caminho do aeroporto.

Por motivos óbvios, a Última Hora deixou de circular no dia 13 de maio de 1964. Cerca de 20 jornalistas foram indiciados em Inquérito Policial Militar e Cícero Cattani, um deles, ficou até 1969 impedido de exercer a profissão. Não havia proibição explícita, mas os editores temiam a contratação dos indiciados, que ficaram estigmatizados.

Cícero Cattani se orgulha de ter contratado as primeiras mulheres a trabalhar na imprensa paranaense – Terezinha Cardoso, na Tribuna do Paraná; e Malu Maranhão, a primeira a escrever sobre esportes no Estado, segundo o jornalista. O seu jornal, conta, foi o primeiro a manter um site na internet, o Hora H News, e, desde março, manda seus torpedos pelo twitter, “que dá respostas rápidas”. “Me divirto com ele”.

militar da região, fiel a Goulart, também não conseguia se comunicar com o 3o Exército. O general Rondon ia, então, à redação para falar com seus pares.

Mas a matéria fresquinha e pronta, dentro de casa, a Última Hora não podia publicar – “repassávamos as informações para outros jornais”. No Estado do Paraná, por exemplo, mandávamos para o José Augusto Ribeiro, que depois se mudou para São Paulo.

No centro dos acontecimentos nacionais, Samuel Wainer pediu, certo dia, que a redação de Curitiba dis-sesse ao ainda vice-presidente Jango Goulart que não se deixasse levar pela catilinária de Tancredo Neves, que estava indo ao seu encontro. Diante do resultado da história, “é evidente que Tancredo foi mais convincente que Samuel Wainer”, brinca.

Redação na kombi – Dirigida por Carlos Coelho, a redação da Última Hora ocupava uma sala mi-núscula no Edifício Asa, no centro de Curitiba.

Mas era a redação mais cara da cidade; os salários cor-respondiam aos de São Paulo, já que eram regidos pelo Sempre na vanguarda. Nem mesmo o twitter escapou deste veterano do jornalismo paranaense, que começou a carreira na lendária Última Hora e esteve presente nos momentos marcantes da história dos principais jornais de Curitiba, até obter seu próprio jornal. Uma trajetória poucas vezes repetida – dificilmente um jornalista chega a ser proprietário de um veículo de comunicação.

Lá trabalhavam, por exemplo, Walmor Marcelino, depois autor de teatro e escritor; Enéas Faria, depois senador; Maurício Fruet, depois prefeito de Curitiba. Na reportagem policial atuava Maurício Távora, que mais tarde seria presidente do Teatro Guaíra; na crônica polí-tica, o hoje cineasta Sílvio Back. Tato Munhoz da Rocha, ex-secretário de estado na gestão Jaime Lerner, fazia a coluna de turfe, e estavam lá os jornalistas Fábio Cam-pana, também secretário de Estado; Adherbal Fortes de Sá Junior, ultimamente diretor da TV Bandeirantes; e os repórteres esportivos Vinícius Coelho e Nelson Commel. Luiz Geraldo Mazza era chefe de reportagem.

Cattani avalia que houve uma involução no jorna-lismo curitibano. Durante os quatro anos de atuação em Curitiba, a Última Hora foi feita aqui e impressa em São Paulo, “sem qualquer desses mecanismos modernos de comunicação”. Era um jornal de vanguarda, “exemplo de jornal confessional”, como explica.

O horário de fechamento era às 16 horas. A produção era colocada num malote e levada ao aeroporto para ser en-tregue a qualquer passageiro que se dispusesse a levá-lo até o aeroporto de São Paulo. Lá, era esperado por um motorista

HISTÓRIAS

Com Jango, dias antes da Revolução de 64: o presidente que-ria informações porque suspeitava que o governador Ney Braga estivesse ao lado dos conspiradores, como de fato estava

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Vão ter de rebolar

CRÔNICA

CARLOS ALBERTO PESSÔA jornalista

No período militar o argumen-to da rapaziada para  manu-tenção do voto obrigatório

era: se liberarmos o voto só comunis-tas e militantes da esquerda votarão. Devemos rir ou chorar? (Esta também é outra prova de que os militares mal conheciam a nossa esquerda).

 

O que mudou? – Tantos anos depois, o argumento da ra-paziada para manutenção

do voto obrigatório é: se liberarmos o voto só mauricinhos&patricinhas votarão. E o já largo fosso entre pos-suidores e despossuídos ampliar-se-á*. Que tal? Devemos rir ou cho-rar? (Esta também é outra prova de que a nossa esquerda  mal conhece mauricinhos&patricinhas).

 Notou que é o mesmo argumen-to com sinal trocado; no primeiro, a direita mais burra assim se expres-sava; no segundo é a esquerda mais burra que assim se expressa.

 

Se não for jabuticaba – Voto obrigatório é típico de paises autoritários – como no Iraque

do não saudoso&falecido Saddam. Ou dos famigerados socialismos da época da igualmente não saudosa&falecida URSS.

Voto obrigatório praticamente só dá no Brasil e não é jabuticaba; logo...

Voto obrigatório esconde pelo menos uma grande desconfiança em relação ao povo brasileiro. Tido como alhea-do, despolitizado, indiferente a sua própria sorte, preguiçoso, burro, etc.

 

Não é o que parece – Ora, como diria o Lula – é me-nas verdade. Prova? Basta

dar uma olhada nos percentuais de votantes com menos de 18 anos e mais de 16; basta também dar uma olhada nos votantes de mais de 70 anos. Duas largas faixas que não são obrigadas a votar. O que não as im-pede de comparecer as secções nos dias dos pleitos.

 

Direito ou dever? Voto obri-gatório é também chocante contradição em termos: di-

reito/dever.Ora, pela Constituição votar é

um dos direitos políticos; ora, direito é algo que se exerce ou não. Dever cívico é outra coisa. E direito que é também um dever nem no Portugal da piada.

O correto – Para encerrar. Lembra os versos daquele samba – “pra botar a mão

na minha nega você tem de rebolar, rebolar, rebolar”?

Pois é. Nós, eleitores, cidadãos,

contribuintes, reservistas, vacinados, somos contra a obrigatoriedade. É uma pequena maioria: segundo o matemático Oswald de Souza, ape-nas 85% da população é contra a excrescência interna bruta. E essa tchiurma quer ser seduzida à época das eleições. Nós só queremos votar a depender dos agrados. Vocês, po-líticos profissionais, para por a mão nos nossos votos teriam de rebolar, rebolar, rebolar.

 

Antes que esqueça – Se sou contra o fundo partidário, constituído com dinheiro

público, por mais forte razão sou contra o financiamento público das campanhas políticas e eleitorais; vão à luta, cavalheiros! Venham pro lim-po, isto é, venham bater às portas da sociedade. Pra dela arrancar a grana necessária.

E o nosso sistema falsamente proporcional, de listas abertas? Pre-cisa ser jogado na lata de lixo. Para dar lugar ao sistema distrital. Puro e simples. 

 * A mesóclise é minha: esses caras são incapazes de usá-la ou a confundem com misto frio.

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O Instituto Paraná Pesquisas foi às ruas para pesquisar como as pessoas utilizam a internet

e as redes sociais, como MSN, Orkut e blog. Além disso, analisaram a fre-quencia de acesso e os hábitos das pessoas em relação à utilização de serviços públicos oferecidos na rede.

Esta pesquisa foi realizada com os habitantes do município de Curi-tiba maiores de 16 anos. Para a rea-lização desta pesquisa foram entre-vistados 500 habitantes. O trabalho de levantamento dos dados foi feito por meio de entrevistas pessoais em Curitiba durante os dias 05 a 08 de abril de 2010, sendo acompanhadas 20,00% das entrevistas.

Tal amostra representativa do município de Curitiba atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de 5,0%.

* Esta pesquisa foi realizada com os habitantes do município de Curitiba maiores de 16 anos.

Para a realização desta pesquisa foram entrevis-tados 500 habitantes. O trabalho de levantamento dos dados foi feito através de entrevistas pessoais em Curitiba durante os dias 05 a 08 de abril de 2010, sendo acompanhadas 20% das entrevistas.

Tal amostra representativa do município de Curi-tiba atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de 5,0%.

Como o paranaense usa a internet

IDEIAS + PARANÁ PESQUISAS

Nos últimos sete dias o sr(a) acessou a internet?

Aproximadamente, quantas horas por semana você usa a internet?

Nos últimos sete dias você enviou alguma mensagem pela internet, ou seja, por e-mail, msn ou orkut?

53,60% NÃO

46,40% SIM

18,53% NÃO

81,47% SIM

51,29% MAIS de 5h

26,29% de 3 A 5h

22,41% ATÉ 2h

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abril de 2010 | IDEIAS 41

MODA

A marca de moda GUM, das estilistas Flávia Itiberê e Ki-miko Di Napoli, completará

em junho dois anos de existência. Embora nascida e criada em Curi-tiba, a marca não tem sotaque, tem linguagem universal, metafórica, bem-humorada e inteligente, para vestir com informação e elegância, sem presunção. As estilistas recebem encomendas de lugares como Japão e Londres, sabidamente onde a moda é mais exercitada e inventiva.

A recém-inaugurada loja, in-crustada no Largo da Ordem, é um atelier de desenvolvimento e pro-dução de roupas, com máquina de costura, trabalhos de artistas plásti-cos locais e objetos inusitados, com detalhes incrivelmente pensados para entrar na atmosfera dos tecidos, das épocas entrelaçadas e dos cortes que lembram películas de filmes de época.

Inovação – Seguindo uma trilha não comum à maioria das marcas nacionais, a dupla investiu em

coleções pequenas, artesanais – todas as peças são feitas à mão, no melhor estilo hand-made, e são também, por isso, exclusivas. Referências de dé-cadas passadas, garimpo de tecidos e aviamentos vintage definem o con-ceito da GUM.

Com ideias inovadoras, em que a moda interage com arte, tecnologia e tendências, as estilistas já editaram peças em 3D, criaram com interferên-cias gráficas do artista Rafael Silvei-ra e para o evento “Curitiba Cycle

Nas asas da GUM

MARIANNA CAMARGO

Estilistas curitibanas inauguram loja-atelier com peças exclusivas e conceito inovador

Chic”, onde as bicicletas faziam parte do desfile. Além disso, todas as cole-ções são elaboradas com temas retrô, como a “Gum on Ice”, “Funfair” e “I scream – everybody scream for ice cream”.

Voe – Nesta última coleção outono-inverno 2010, as es-tilistas, fãs da beleza e ele-

gância das aeromoças retrô, criaram a “Voe GUM”, inspirada nas aeromoças ou “stewardesses”, como são histo-ricamente conhecidas. “Os unifor-mes eram perfeitos e o dever delas ia além de servir os passageiros, elas eram“air hostess” e passavam segu-rança e tranquilidade durante o voo. Ser piloto de avião ou aeromoça era uma coisa respeitável, era símbolo de status. Olhando as fotos das grandes

companhias aéreas tudo é desejável, era realmente muito glamuroso e são grandes referências para a nossa nova coleção”, explicam.

A modelagem possui muitos re-cortes e a maioria remete aos anos 60. A gama de tons passa pelo vermelho, azul e branco, que são as cores da RAF (Royal Air Force ou Força Aérea Real do Reino Unido), símbolo que foi usado pelos mods na década de 60. Além disso, existe uma brinca-deira com as peças, o tecido estam-pado de matrioskas que seria “Voe GUM – Rússia”, o vermelho e branco “Voe GUM – Japão” e as peças com detalhes em Tartan Escocês – “Voe GUM – Escócia”, assim por diante.

Os temas acompanham as refe-rências das estilistas e surgem du-rante o processo de criação: “nossa inspiração surge no dia a dia, ela vem de um quadro novo do Mark Ryden, Gary Baseman, Eric White, artistas contemporâneos, de uma revista Bur-da de 1968 que decidimos folhear, do impecável seriado Mad Men, de filmes em geral, história da arte, li-vros, de uma bicicleta atravessando a rua, do brechó que visitamos, da viagem que fizemos, da balada”, di-zem. Inspiração, criatividade e cul-tura são costuradas em cada linha, em cada viés, em cada laço, respiro que faltava para a moda, não só local como nacional.

Serviço: GUM – Rua Dr. Claudino dos Santos, 112, São Francisco. +55 41 3049 3063 www.flickr.com/gumgogum

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CLAUDIA WASILEWSKI cronista

TPMCRÔNICA

Fico indignada quando falam que TPM é síndrome de mulherzinha. Tudo menos isto. Nestes dez dias que antecedem a menstruação tudo é possível.

Sou um caso clássico, daqueles descritos em literatura médica. Muitos tratamentos, cuidados com a alimentação. Ameniza mas não resolve.

Meu primo irmão ou irmão primo, Luiz Angelo, se empenha em me tratar. Acho que mais por solidarie-dade ao meu marido, do que por preocupação comigo. Neste caso tenho que reconhecer que os homens são sobreviventes.

Mas o que realmente sinto na TPM é uma vontade irresistível de pegar uma pessoa e bater a cabeça dela contra a calçada. Inúmeras vezes. Não posso fazer isto, certo? Então vem a verborragia. A compulsão de repetir a mesma coisa.

A vendedora da loja disse que não tinha calça do meu tamanho. Pronto, meu mundo caiu. E ainda ela me olhou de cima a baixo antes de perguntar, se uso 46. Como assim? Aquela louca está pensando o que? Não sou tão gorda, baixinha tudo bem. Um pouco fora do peso, ou será muito? Será que desandei? Preciso me pe-sar. Não vou me pesar. Dane-se ela. Perdeu a comissão. Nunca mais vou lá. E eu contando tudo isto e ninguém me diz que não estou gorda. Não precisam dizer que sou magra, mas não é para usar 46 com pouco mais de 1 metro e cinquenta. Que coisa! Não falo mais por hoje! Cadê meu chocolate? Vou chorar bem quieta para não atrapalhar mais ninguém.

É assim que acontece e este monólogo termina em um choro que pode durar horas. Totalmente fora de pro-pósito. Parece que o cérebro está pulsando.

Este causo aconteceu há mais ou menos 15 anos. Parei no posto de gasolina para abastecer. Ao meu lado parou um carro com som no último volume TS, TS, TS, tipo panela de pressão. O frentista veio me perguntar se

queria que colocasse aditivo. Com preguiça de abrir o vidro que era de manivela, abri a porta e respondi. Quan-do fui fechar a porta, o motorista da caixinha de música me disse: — A música está te incomodando? Aposto que você queria estar aqui dentro comigo. Fechei a porta e só daí caiu minha ficha. Sangue na cabeça. Peguei a tra-ve do volante e desci do carro. Ele me viu com cara de louca e arrancou, só não esperava que o sinal estivesse fechado. Em plena esquina da Vicente Machado com a Brigadeiro Franco eu BERRAVA: — Você vai entrar no meu carro, porque depois que eu te quebrar, vou te largar na porta do Hospital Evangélico. Se você não descer vou começar a quebrar os vidros. Um por um. O sinal abriu e ele se foi. Quando me virei vi que o posto estava parado. Como se tivessem dado um “pause”. Todos me olhando, o rapaz que lavava um carro estava com a mangueira molhando o nada. Credo que mico. Fui para o carro morta de vergonha com a trave na mão. Passei ser temida naquele posto. Nem era para tanto.

Com certeza defendo a tese que TPM deveria ser atenuante de crimes. É algo inexplicável ,mas acontece com intensidade maior ou menor, todos os meses. E Deus tem muito a ver com isto.

Adão e Eva estavam bem felizes no paraíso. Apare-ceu a serpente e ofereceu a maçã. A Eva comeu, o Adão também.

Deus ficou muito brabo, e rogou pragas no Adão, na serpente e na Eva. Está na bíblia.

Disse também à mulher: Eu multiplicarei os trabalhos dos teus partos. Tu parirás teus filhos em dor, e estarás debaixo do poder de teu marido e ele te dominará. Gê-nisis – capítulo 3 – versículo 16.

O que Deus não imaginava é que a sua praga às mu-lheres, não daria tão certo e que estava criando a TPM. Será que se arrependeu? Acho que sim.

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MARIANNA CAMARGO jornalista

Só os loucos e os sérios usam azul-marinho

CRÔNICA

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Cheguei à conclusão que só os loucos ou os muito sérios usam azul-marinho. Cheguei a isso quando vi o maluco do meu bairro passando por mim

correndo de manhã. A loucura dele é essa: ele corre o dia todo, sem parar, já o vi nos parques, nas ruas, nas calçadas, sempre correndo, a qualquer hora do dia. Talvez ele não durma, passe a noite correndo. E ele usa azul-marinho; calça azul, blusa azul, tênis azul, nunca o vi com outra cor, talvez tenha só essa roupa. Percebi que eu também adoro azul-marinho, desde criança. Não é uma cor muito popular entre as meninas, mas eu nunca fui uma criança muito igual às outras. Usava só vermelho ou azul-marinho, cortava meu próprio cabelo curto e enchia de grampos, daqueles grandes de salão, e detestava laços e fitas, para desespero das mulheres da minha família que

achavam que isso não era coisa de “menina”. Mas enfim, era feliz com meu vestido vermelho longo até o pé, meus grampos e meu cabelo curto. Sem esquecer das minhas meias e pulôver azul-marinho. O primeiro presente que comprei para meu sobrinho foram dois pares de meias azul-marinho e branca.

Lembro também, puxando das minhas pequenas memórias, que meu pai, meus professores, meus tios, enfim, todos os homens “adultos” usavam azul-marinho. E eles eram muito sérios. Sempre sérios, sempre impecá-veis, com seus ternos, blusas de lã e meias azul-marinho. Talvez venha daí minha preferência por tal cor. Quando fui para o colégio, na antiga 1a série, o azul-marinho era a cor padrão, além de todos os acessórios; mala, penal, caneta bic azul, etc. Esses dias encontrei um colega dessa época e ele me perguntou: “você não era aquela menina que usava all star azul?”. Desde então, vivo nesse para-doxo, entre os muito sérios e muito loucos que gostam de azul-marinho.

Só eles entendem o porquê de usar essa cor, que odeiam essa profusão de tons berrantes e chamativos. Que nunca usariam uma blusa amarelo ovo e uma calça laranja, que acordam pela manhã e não têm vontade de dar um bom dia sorrindo e conversando, demoram um pouco para despertar e ver que o dia começou, e enfim, procuram algo azul-marinho para vestir logo, pois dali pra frente vai ser um festival de cores fortes que ardem aos olhos.

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WILSON BUENO escritor

A ilusionista

FICÇÃO

Lorena Montez foi uma das mais aclamadas artistas circenses de todo o México na primeira metade do século XX. Relatam os historiadores de espe-

táculo, muito comuns, aliás, aquele tempo, sobretudo no México, que além de exímia trapezista, Lorena Montez era ainda bailarina, domadora de leões e o que já consti-tuía então rara singularidade, incomparável ilusionista, a única mulher mágica de todo o continente. Capaz de fazer desaparecer ante aturdidas plateias um elefante vivo ou com que levitasse um par de gêmeos cujos cabelos, compridos e cacheados, chegavam a balançar no ar – com eles, os gêmeos, perfeitamente deitados, um ao lado do outro, a sete palmos do chão.

Ninguém poderia supor, contudo, que, nas horas vagas, Lorena Montez se dedicasse, com assombrosa diligência, escondida de todos os colegas de circo, ao dificílimo ofício de atiradora de facas, coisa que exerci-tava, sabe lá Deus com que extrema dificuldade, consigo mesma. Certamente o braço longo a mirar para trás o

próprio corpo, em golpes curtos e sem dúvida precisos.Muitas foram as vezes em que contornou o corpo nu

de prateados punhais que chegavam a sugerir, quando deixava o alvo, perfeitamente incólume, a exata silhueta de uma mulher, de fina cintura e respeitáveis ancas.

Isso até o dia em que talvez abduzida por si própria, provavelmente numa delirante mágica, Lorena Montez desapareceu de vez e por completo. Nunca mais foi vista, embora a tenham procurado por todo o México, e fora dele, detetives, fãs ardorosos, exaustos aficcionados pelo ilusionismo, além do amante que a ela dedicara os últimos trinta anos de sua vida.

Dela, da lendária Lorena Montez, o dia em que se desapareceu, só o uniforme de domador, absolutamente intacto na jaula dos leões atrás do circo e, dentro da mes-ma jaula, o alvo igualmente intocado onde, escondida de todos, exercitava o novo ofício. Na madeira de cortiça, que servia de alvo, só um contorno de facas a sugerir o exato desenho de uma mulher.

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MARIAN GUIMARÃES jornalista

Variações saborosas do KAN

GASTRONOMIA

A cozinha do Kan Cozinha Japo-nesa é realmente de primeira. Produz pratos da tradicional

culinária da Terra do Sol Nascente utilizando bons ingredientes que che-gam à mesa em combinações quase artísticas.

No cardápio, os sushis e sashi-mis, estão na linha de frente. Mas quem pensa que comida japonesa é só sushi, sashimi, uramaki, temaki, nigirizushi não conhece o cardápio de pratos quentes do Kan, como o deli-cioso mini-sukiyaki e o shabu-shabu. Frutos de diferentes épocas, esse pra-tos quentes têm uma característica comum: congregam os amigos em tor-no da panela ou da tigela fumegante. O shabu-shabu, por exemplo, é uma espécie de fondue japonês. As finas fatias de carne, verduras e cogumelos são imersas rapidamente num caldo fervente, de frango ou de carne.

Marcos Katsumi, o comandan-te da casa, também conta que o te-panyaki (grelhados de filé, frango, frutos do mar, legumes, etc.) servido em uma sala especial, está na prefe-rência do curitibano, inclusive do público infantil. O ritual da prepa-ração é muito interessante, é todo elaborado na frente do cliente.

Localizado na Avenida Getulio

O sukiyaki é um dos pratos clássicos da culinária japonesa. No Kan ele também é servido em mini-porção.

Vargas, o Kan conta com seis am-bientes diferenciados: lounge bar, salão principal, sala de tepan, sala de eventos, tatame e sala vip com entrada exclusiva. No sushi bar, os clientes podem apreciar todo o ritual que envolve a preparação de sushi e sashimi.

Como grand finale está a sobre-mesa. Mas nada de doce de feijão. A sugestão fica para o tempurá de sorvete, que nada mais é que um delicioso sorvete frito.

E, cá entre nós, uma das razões

mais evidentes para o sucesso do Kan Cozinha Japonesa é a capacidade de se renovar a cada hora, com o ob-jetivo de aprimorar. A fórmula tem dado tão certo que não há prêmio gastronômico em Curitiba em que o restaurante não esteja entre os me-lhores de sua área.

Serviço: Kan Cozinha Japonesa – Avenida Getú-lio Vargas, 3.121 – Água Verde. Abre de segunda a sábado, a partir das 18 horas. Capacidade para 150 lugares. Tem estacionamento com manobris-tas. Aceita cartões. Fone (41) 3078-8000.

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r Com coquetel para 650 con-vidados no Castelo do Batel, em Curitiba, a nova diretoria do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (SECOVI-PR) promoveu a Solenidade de Posse da nova gestão 2010-2014, no dia 15 de março. O governador Orlando Pessuti prestigiou, na foto, ao lado da presiden-te da Associação Comercial do Paraná, Avani Slomp Rodrigues, e a vereadora Noemia Rocha.

Entre os palestrantes do seminário “Desafios de Sustentabilidade Em Equidade de Gênero no Terceiro Milênio”, promo-vido pela Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba e que reuniu 300 pessoas no Cietep, estava a Minis-tra Nilcéa Freire, secre-tária especial de Políticas para Mulheres, na foto ao lado da presidente da Associação, Maria Inês Borges da Silveira.

O Rei da Suécia, Sua Majestade Carl XVI Gustaf (ao centro na foto), foi convidado a participar da 39ª Conferência Mundial Esco-teira, que acontecerá em Curitiba em janeiro de 2011. Na foto, entre as autoridades que posam com os escoteiros estão Márcio Ca-valcanti Albuquerque, Annika Marcovic, Em-baixadora da Suécia no Brasil, Alessandro G. Vieira, Carmem Barreira, Paulo Salamuni, Rubem Suffer, Sua Majestade Rei Carl XVI Gustaf, presidente de Honra da Fundação Es-coteira Mundial, Senador Flávio Arns, e José Mario Moraes e Silva, Diretor de Operações da 39ª. Conferência Mundial Escoteira.

Dieter Brepohl, a esposa Margareth, as filhas Gabriela, Cristiane e Marian-ne, comandantes do Lapinha Spa, locali-zada na região rural da Lapa, a 85 km de Curitiba, deram show de alegria e simpatia durante a inaugura-ção da nova clínica, no final de março.

O hoteleiro e empre-sário Marco Antônio Fatuch foi reconduzido à presidência do Sindo-tel, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba e Região Metropolitana. Na foto, o Diretor Ad-junto Aguilar Borsato Silva com o Presidente Marco Antônio Fatuch durante o evento da posse que aconteceu na sede da entidade.

O professor Belmiro Valverde Castor, o diretor-geral do Grupo Bom Jesus, Jorge Siarcos, e o diretor superintendente do SESI/PR, José Antonio Fares, na inauguração do Centro de Educação João Paulo, idealizado por Belmiro Castor e inaugurado no final de março com a presença de alunos, voluntários e autoridades, em Piraquara.

A exposição científica “Quem é o Homem do Sudário?” poderá ser visitada ate o dia 30 de abril, no Shopping Palladium. Na foto, durante a abertura da exposição, Maria Aparecida de Oliveira, gerente de Marketing do Shopping Palladium, Gastão Lima, arquiteto responsável pelo projeto da exposição no shopping, e o casal de empresários Zélia e Aníbal Tacla.

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Heloisa Mara de Olivério Accorsi Ditzel e sua filha Camila receberam convidados para o lança-mento da coleção outono/inverno da multimar-cas Cahê. O evento foi em parceria com a marca paranaense PIN, que apresentou em primeira mão a coleção criança pelo estilista Charlye M. Piscini, inspirada na Monarquia Inglesa. A convidada especial foi a cantora e madrinha da PIN, Daúde. Na foto a modelo Aline Thiel que desfilou looks durante o coquetel.

Monsieur Fabrice B. Rosset, presidente do Cham-pagne DEUTZ, a blogueira e colunista Marian Gui-marães, a blogueira Ana Teresa Londres, Josiane e Pedro de Oliveira, da Importadora Porto a Porto, durante degustação de quatro elegantes rótulos da Deutz, no Restaurante Durski.

A empresária paranaense Aline Fajardo é a nova franqueada das lojas Triton Curitiba, localizadas nos Shoppings Crystal Plaza, Barigüi e Mueller.

Comandada pelos licenciados da marca Loizane e Clair Milani, a Todeschini abriu nova loja em Curitiba no bairro Alto da XV, com coquetel elegantérrimo para arquite-tos e decoradores.

As irmãs-empresárias Sindhya e Sandhya Cembrani, franqueadas da Dumond Calçados, no coquetel oferecido na inau-guração da loja no Park Shopping Barigui e lançamento da coleção outono/inverno da marca, inspirada nas obras do artista Burle Marx.

Os sócios-proprietários do SAAZ Bier Bar, Chef Pacheco e Juliana Pedroza Stavnetchei, duran-te apresentação para a imprensa das cervejas nacionais e importadas comercializadas pelo bar. São quase 80 rótulos com cardápio de bote-co delicioso para acompanhar.

Victor Sálvaro, produtor de moda, styling, diretor de arte e cenógrafo e Maureen Miranda, direto-ra, atriz e artista plástica, foram palestrantes da 17ª. Edição do Fórum de Moda do Paraná que aconteceu no dias 13, 14 e 15 de abril, em Curi-tiba, no Shopping Crystal.

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A arquiteta Luciana Baggio as-sina a Suíte Brasil, que estará na Casa Hotel, mostra que ocorre pela primeira vez no Paraná, em paralelo a Casa Cor Paraná. A mostra começa no dia 21 de maio, na Casa de Retiros Mos-sunguê, no bairro Ecoville e este ano tem como tema Curitiba – Um Destino Turístico.

A ex-BBB 10 Tessália Serighelli anda cir-culando por Curitiba e entre suas visitas marcou presença no Mustang Sally Fine Burguer. Na foto, o registro dela com as amigas Aline (à esq.) e Tania Paschoal (centro).

Vestindo a camisa da casa, os sócios-proprietários do Bar e Restaurante Baroneza, Hamilton Martins, Celso Luiz Andretta e Ricardo Von Jelita, receberam convidados em abril, para comemorar o primeiro ano de sucesso do Bar com casa sempre cheia.

A segunda edição do desfile de moda beneficente “Fashion Show”, promovido por alunos do Ensino Médio do Interna-tional School of Curitiba (ISC), aconteceu no final de março, no Hotel Crowne Plaza. As professoras do ISC, Elizabeth Mello, Ana Rocha, Bertille Koehler e Renata Otsuka subiram na passarela beneficente.

Bebel Rispoli Muffone, proprietária da Peek-a-Boo, e Fabiane Bettega, durante a abertura da exposição Peektures do fotógrafo David Peixoto na Peek-a-Boo, na loja do Shopping Mueller.

O maquiador estrelado e consultor estra-tégico do O Boticário, Fernando Torquatto, esteve em Curitiba para um evento exclu-sivo para jornalistas e colunistas. O evento foi para desvendar e demostrar os misté-rios da nova coleção de maquiagem do O Botícário, Secret Collection,e aconteceu no Piso Cinemas do Shopping Mueller.

As irmãs Giovana e Mariana Martins de Oliveira, sócias da multimarcas Three, no Cabral, no lançamento das novas coleções para o outono/inverno/2010. A tarde fashion arrastou o mulherio elegante curitibano.

A indiana Wipro Technologies inaugurou seu mais novo Centro de Operações Global, em Curitiba e reuniu impor-tantes presenças do empresariado local e nacional. Na foto, o diretor da divisão latino-americana da companhia, Fernando Estrázulas (à dir.), ao lado de Wilson José Andersen Ballão, da Andersen Ballão Advocacia, e de Daniele Garagnani, executiva da Global Technology (GLT).

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A CWB Brasil apresentou mais uma edição do Curitiba Country Festival, idealizado pelo empresário João Guilher-me Leprevost. O evento, como sempre acontece, foi coroado de muito brilho no dia 20 de março, na Arena Expotra-de Pinhais. Cerca de 40 mil pessoas cir-cularam por lá e assistiram aos shows de várias duplas sertanejas. O Country Festival arrecadou duas toneladas de alimentos que foram doadas a várias instituições assistidas. Fotos: Márcia Toccafondo.

O jogador de vôlei Giba com a esposa Cristina Pirv, Fabiana Karan e Marilde Cruz.

Diana, Luis, Nicole e Bianca.

Marcelo Cattani com a esposa Débora.O consultor de vinhos do Restaurante Durski, Jorge Ferlin e Luciana.

Os irmãos, deputado estadual Ney Leprevost e o empresário e comandante da CWB Brasil, João Guilherme Leprevost.

Patrícia Bisoni, Marco Brotto, Karin Bisoni e Sandra Bueno.

Mayara Souza, Moisés Pessuti e a esposa Anelize Pessuti e Leandro Moura.

A candidata a Miss Paraná 2010 de General Carneiro, Eloyse Vinante com Natália Portugal, Miss Paraná 2008.

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O XXII Crystal Fashion que aconteceu agora em abril ferveu geral! E como moda e beleza sempre caminham juntas, gente bonita e atenta a novida-des para o lançamento da coleção Outono/Inverno 2010, das marcas que acontecem na semana de moda mais bombada de Curitiba, passou por lá e conferiu. Entre as celebridades que desfilaram estavam Leticia Birkheuer pela Mixed, Daniela Sa-rahyba que desfilou pela Bobstore, Sérgio Marone levantou a galera com a TNG, a princesa Paola de Orleans e Bragança entrou na passarela para a elegatérrima SAAD, Caco Ricci pela Território e Letícia Sabatella desfilou para Track&Field. Fotos: Michelle Pereira , Diego Linke e Ricardo Pacak.

O ator Sérgio Marone desfilou para a TNG.

A princesa Paola de Orleans e Bragança desfilou a classe da SAAD.

O modelo Paulo Zulu foi a celebridade espe-cial do lounge da Jasmine Alimentos.

A atriz e modelo Letícia Birkheuer para a Mixed.

Caco Ricci pela Território, marca de moda viagem e aventura.

Daniela Sarahyba desfilou pela Bobstore, linda, grávida e superfeliz!

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A Primeira-dama Regina Fischer Pessuti já dis-se a que veio. Abriu as portas do Palácio das Araucárias para receber colunistas e jornalis-tas. O evento descontraído reuniu 48 mulhe-res que fazem opinião no Paraná. D. Regina, muito simpática, elegante e autêntica, disse estar empenhada em projetos culturais e obras sociais e que espera contar com o apoio de todas. O cardápio do almoço foi simples, porém de bom gosto: entradas: antepastos, salada de legumes, salada de melancia e cre-me de aspargos. Pratos quentes: arroz branco, batatas coradas, lombo assado com abacaxi, salmão grelhado com alcaparras, quiche de alho porró. Sobremesa: Pudim de leite con-densado, baba de moça, strogonoff de nozes, frutas – morango e kiwi, manjar branco com calda de ameixas. Fotos: Márcia Toccafondo.

ALMOÇO COM A PRIMEIRA DAMA DO ESTADO

Nadyesda Almeida, Aninha Petruzziello Kohane, Nilde dos Anjos e Carolina Leal.

Cláudia Slaviero, Marialda (Mada) Pereira e Laura Fagundes

Isabela França, Regina Pessuti e Martha FeldensStella Winnikes, Juril Carnasciali, Regina Pessuti, Gisele Macedo Goedert e Márcia Toccafondo Mary Schaffer e Cintia Peixoto

Estela Menegatti e Regina Pessuti

Mirian Gasparin e Joice Hasselmann.Ruth Bolognese e o secretário de Comunicação Social, Ricardo Cansian. Único homem convidado à mesa.

A primeira-dama e anfitriã Regina Pessuti.

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