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Jornal DE LEIRIA Semanário Regional Director de Mérito José Ribeiro Vieira Director João Nazário Ano XXXII Edição 1706 Quinta-feira, 23 de Março de 2017 1,00 www.jornaldeleiria.pt PUBLICIDADE PUBLICIDADE Grupo Lena admite que corre “fortíssimo risco de implodir” Operação Marquês “Trucidado na praça pública” por fugas de informação, o Grupo Lena reconhece que “corre o fortíssimo risco de implodir”, o que deixaria sem emprego três mil pessoas Pág. 24 DR António Marujo Igreja portuguesa tem pouco entusiasmo por algumas propostas do Papa Págs. 6/7 Transportes Linha do Oeste dá quase dez euros de prejuízo por cada bilhete vendido Pág. 12 Economia Exportações de cerâmica com o melhor ano de que há registo Págs. 20/21 Cultura Poesia invadiu Leiria por seis dias, chegando à prisão e a bairros sociais Págs. 34/38 Leiria: finalmente o jardim prometido? Págs. 4/5

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JornalDE LEIRIA

Semanário RegionalDirector de Mérito José Ribeiro VieiraDirector João NazárioAno XXXIIEdição 1706Quinta-feira, 23 de Março de 2017€ 1,00

www.jornaldeleiria.pt

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Grupo Lena admite que corre“fortíssimo risco de implodir”Operação Marquês “Trucidado na praça pública” por fugas de informação, o Grupo Lena reconheceque “corre o fortíssimo risco de implodir”, o que deixaria sem emprego três mil pessoas Pág. 24

DR

António Marujo

Igreja portuguesatem poucoentusiasmo poralgumas propostasdo Papa Págs. 6/7

Transportes

Linha do Oeste dá quase dezeuros de prejuízopor cada bilhetevendido Pág. 12

Economia

Exportações de cerâmica com o melhor ano deque há registo Págs. 20/21

Cultura

Poesia invadiuLeiria por seisdias, chegando àprisão e a bairrossociais Págs. 34/38

Leiria: finalmente o jardim prometido?Págs. 4/5

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2 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Radar

Imagem Viagem Tiago Baptista

Há pintores que só gostam dapintura deles. Eu gosto dapintura dos outrosManuel Cargaleiro, artista, Público

Eu era uma pessoa de esquerda.Agora não sou, porque não sei oque é a esquerda e a direitaJosé Milhazes, jornalista, Jornal deNegócios

Olho clínicoPaulo Costa e Alexandra Vieira

O poeta deu a ideia para aRonda Poética e a Arquivo Livrariaabraçou-a, sendo a sua principalpatrocinadora. Paulo Costa eAlexandra Vieira estão de parabéns.A segunda edição deste evento quedebateu uma das mais nobres – edifíceis - formas de literatura,aconteceu com a co-organização daArquivo Livraria e da Câmara deLeiria e apoio do JORNAL DE LEIRIA,em vários dos espaços nobres dacidade, com convidados de peso emuito público.

Nuno MorgadoEstá de parabéns aAssociação Acção para a

Internacionalização (AAPI), aquirepresentada pelo seu presidente,Nuno Morgado, que conseguiu reunirem Leiria, na mesma jornada detrabalho, representantes de 20mercados internacionais, sobretudoatravés das câmaras de comércio eindústria. Mas o Leiria CentroExportador, que decorreu noMercado de Sant'Ana, juntoutambém empresas e organimospúblicos. E contou com umconferencista de peso: Paulo Portas

José SequeiraÉ o presidente da APICER,associação que representa a

cerâmica e a cristalaria, sectoresque no ano passado registaramvalores históricos em termos deexportação. O dirigente destaca aqualidade e o design dos produtos e oesforço dos empresários comofundamentais para esse resultado.

Impressões

AlexandraAzambuja

A brincar é que a gente se entende...

Dantes as crianças brincavam na rua,soltas. Aprendiam a descobrir o mundo,a resolver as suas pequenas contendas,cresciam em tamanho e aprendizagens

e salvo mais joelho esfolado menos cabeçapartida, a hora de brincar era a hora de brincarna rua.Aprendiam a lidar com novos amigos, novasdificuldades e mexiam-se. Sobretudo mexiam-se e sobretudo viviam a novidade como natural.O mundo mudou, entretanto. E com ele ascrianças foram ficando em casa, em ATL's, emprolongamentos de horários. Na rua não,porque a rua se tornou perigosa, as famíliasmudaram e os avós, tios e padrinhos eempregadas desapareceram do quotidiano dasnossas crianças, juntamente com as famíliasalargadas e as mães disponíveis com todo otempo do mundo.As cidades encheram-se de gente, gentetrancafiada em apartamentos, em famílias cadavez menores, cada vez mais escravizadas porhorários de trabalho desumanos, e as cidadesesqueceram-se dos parques infantis, das zonasverdes, das urbanizações pensadas parapermitir às crianças brincar na rua, com odigital a substituir insidiosamente o lugar dooutro, o lugar dos cheiros, da pele, do calor e dofrio, o lugar das aprendizagens feitas de ver osoutros olhar, de sentir o tom da voz, de testar asintonia entre o discurso e a atitude do outro.Daí até à realidade actual foi um pulinho dedécadas, onde andámos distraídos a ser os maisprodutivos, os que tinham prestações de casamaiores e durante mais tempo, os que menostempo tinham para viver para os outros, mesmoque os outros fossem as nossas crianças.Nesse interim, as crianças portuguesastornaram-se:

Das mais sobrecarregadas com horas lectivas, nospaíses da OCDE;Das que apresentam maior excesso de peso: umaem cada três crianças portuguesas, segundodados da OMS;Das que passam mais tempo por dia em frente aum écran; em média, 2h30 por dia, segundo oestudo EPHE de 2015.E agora??Agora, mais uma vez, Leiria dá uma respostainovadora.A resposta chama-se Brincar de Rua e é umprojecto genial da Ludotempo, que concluiu asua fase piloto – de 12 semanas – com criançasdos 5 aos 12 anos a brincar todas as terças-feirasno Bairro dos Capuchos. Neste projecto -finalista dos 10 Melhores Projetos 2016 Faz Ideia,da Gulbenkian - a missão principal é devolver oespaço público às crianças, eliminando asbarreiras de (in)segurança percepcionadas pelasfamílias.Como? Tudo explicadinho emwww.ludotempo.pt.Este é o projecto de Leiria para o mundo, quemais precisa de atenção, empenhamentocolectivo e ajuda. Quando nos dizem que não épossível mudar o mundo, lembro-me sempre doinício dos Concertos para Bebés, há mais de 20anos em Leiria e do incrível caminho percorrido.Agora, é a vez de outra ideia genial fazer o seupercurso, para bem de toda uma geração. Vãoficar a olhar ou vão participar?Para saber mais sobre o que pode mudar a vidadas crianças – as nossas e as dos outros – espreiteo site, junte os conhecidos do bairro e traga ascrianças para o lugar de onde nunca deveriam tersaído. Brincar? Brincar é na rua!

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 3

A felicidade consiste em ter boasaúde e má memóriaEnrique Rojas, psiquiatra,Diário de Notícias

Gosto de olhar para mim comouma CinderelaGisela João, fadista, Diário de Notícias

O governo tem tido a habilidade de se desentalarAntónio Vitorino, ex-comissário europeu, Expresso

Sabia desde muito novo que erahomossexual, só não o queriaadmitirDavid Leite, escritor de gastronomianos Estados Unidos, E

Fórumdasemana Editorial

As reacções à notícia de que o Jardim daAlmoinha Grande vai avançar não serãocertamente muitos dispares, sendo muitoprovável que a palavra “finalmente” tenha

surgido na mente da maioria das pessoas.Um “finalmente” que espelha quer a satisfação porLeiria passar a ter um espaço verde quer aimpaciência provocada por duas décadas de esperadesde o seu anúncio, havendo ainda, com certeza,muitos cépticos que preferem esperar para ver asárvores e os arbustos a saírem do papel, antes delargarem os foguetes.De facto, não se percebe muito bem como é que umacidade como Leiria, capital de distrito e uma dasmais dinâmicas do país noutras áreas, chegou aosdias de hoje sem um espaço verde digno desse nome,deixando que cidades de menor dimensão, e muitasvilas, se antecipassem nesta questão tão importantepara a qualidade de vida das populações.Aliás, muitos têm sido os leirienses a procurarlocalidades vizinhas como Pombal, Batalha e,principalmente, a Marinha Grande, para usufruir dosseus espaços verdes, regressando a Leiria,certamente, com uma ponta de inveja.Ou seja, é daquelas obras cuja necessidade entravapelos olhos a dentro de todos e que não mereceráqualquer contestação, sendo muito difícil entenderas prioridades dos executivos camarários que nosgovernaram nas últimas duas ou três décadas, que sedecidiram sempre por outros investimentos emdetrimento deste. Apesar de tudo, como se costuma dizer, mais valetarde do que nunca, pelo que o Jardim da AlmoinhaGrande é muito bem vindo e será muito bemrecebido pelas pessoas de Leiria, que terão ali umequipamento capaz de alterar as suas rotinas de lazere de uso dos tempos livres.Mas também apetece dizer “venha já outro”, poisnuma cidade com 60 mil habitantes e cerca de 8 milestudantes no ensino superior, apenas um jardimsaberá a pouco.Esperemos que aquela ideia que refere que o quecusta é começar se aplique nesta questão.

ARonda Poética, que o Jornal de Leiria apoiou,terminou ontem após seis dias de muitapoesia, que essa iniciativa levou a váriospontos emblemáticos da cidade. Num

balanço sintético, pode-se dizer que foi um êxito,pois além da qualidade dos participantes, quepossibilitaram momentos incríveis, de enormeprofundidade e beleza, o público aderiu de umaforma que poucos esperariam, ou não fosse apoesia um género literário de nicho.No fundo, deu para perceber que sendo uma áreacultural ainda seguida por uma minoria, há cadavez mais pessoas com interesse por ela, como, deresto, acontece com outras manifestações culturais.São bons sinais num País onde a cultura tem sidomenorizada ao longo dos tempos, apesar de sesaber que foi o que diferenciou as grandescivilizações, do enorme potencial económico queoferece e de desenvolver a capacidade depensamento e de espírito crítico das populações,aspectos determinantes num Mundo onde opopulismo e a demagogia têm crescido de formaassustadora e perigosa. Ficam os maiores parabénspara todos quantos participaram na Ronda Poéticae para as instituições que a apoiaram epromoveram, com uma palavra especial para aAlexandra Vieira, para o Paulo Costa e para aSusana Neves.

João Nazário

“Como social-democrata, atribuo umaimportância extraordinária à solidariedade. Mastambém deve haver obrigações: não se podegastar todo o dinheiro em copos e mulheres edepois pedir ajuda”. A frase de JeroenDijsselbloem numa entrevista a um jornal alemãodeu ao governo português o pretexto para pedir oafastamento do ministro holandês do grupo daUE que junta os países do euro, o Eurogrupo. “NoParlamento Europeu, muita gente entende que opresidente do Eurogrupo não tem condições parapermanecer à [sua] frente e o governo portuguêspartilha dessa opinião”, disse o ministroportuguês dos Negócios Estrangeiros. Para

Quecomentárioslhe mereceeste assunto?

Augusto Santos Silva, as declarações do ministroholandês das Finanças foram “muito infelizes e,do ponto de vista português, absolutamenteinaceitáveis”. “Há, por um lado, o aspecto de umagraçola que usa termos que hoje já não sãoconcebíveis, essa ideia de gente que anda a gastardinheiro com vinho e mulheres é uma forma deexpressão que, com toda a certeza, não é própriade um ministro das Finanças europeu”,considerou Santos Silva, citado pelo Jornal deNotícias. Vários partidos portugueses mostrarama sua indignação face às declarações. O Bloco deEsquerda, por exemplo, considerou-as“provocatórias, xenófobas e sexistas”.

É uma metáfora muito mal escolhida. Deve serexigido aos dirigentes europeus sensibilidade nacomunicação com culturas estrangeiras. Osholandeses são conhecidos pela sua frontalidade,que para a maioria dos outros países ésimplesmente rudeza. É também uma opiniãoextremamente simplista e mal informada, quereflecte os esteótipos presentes no seu país.Enfim, Dijsselbloem já tem o hábito de vomitarbarbaridades deste género... Peço aos meusconterrâneos da Europa do sul calma eponderação. Também já é altura de termos um egomais resiliente!

Sim, deve ser afastado. Mas maisimportante seria que os protestoscontra as suas declarações nãoviessem apenas dos países do Sul,mas fossem transversais àsfamílias políticas socialista, a queo presidente do Eurogrupopertence, e popular, que governaactualmente a Europa.

António CostaPinto,politólogo

Essas declarações sãoextremamente infelizes.Dijsselbloem não tem condiçõespolíticas para exercer. Houvedinheiro mal gasto em Portugal,mas não naquilo que ele disse.Chamo a atenção de que aausteridade é necessária einevitável em Portugal. Asolidariedade europeia implica danossa parte juízo e disciplinaorçamental.

Luís MiraAmaral,economista

CatarinaGomes,jornalista

Se Freud viesse à Terra agora duvidaria do conceitode pensamentos recalcados. As palavras deDijsselbloem provam duas coisas: que não se temreal noção do valor delas num mundo onde tudoecoa; e que é precisa uma declaração deselegantepara colocar os europeus de acordo, cientes de que“é muito mais o que nos une do que aquilo que nossepara”. Dijsselbloem fez um ataque gratuito e foidescortês, mas não se deve afastar: os seus actossão avaliados diariamente e terão um resultado nasurnas. Só lhe ficaria bem um pedido de desculpaspara conservar o respeito entre nações.

MartaFerreiraLeite,jornalista

Deve ser afastado do cargo, mas não por estasdeclarações, que foram completamente retiradasdo contexto. Deve ser afastado porque éincompetente, por ser um tecnocrata para quem asolidariedade não representa nada. Estasdeclarações são só o corolário face a tudo o que opresidente do Eurogrupo já fez e disse sobre onosso País e outros povos do Sul. É um dosresponsáveis por o plano de intervenção emPortugal ter sido um falhanço, um homemrealmente perigoso.

João Carvalhodos Santos,professor einvestigador

O avanço pela mão do verde e da cultura

Deve o presidente do Eurogrupo ser afastado devido às suas declarações?

Eu não iria tão longe. Asdeclarações são degradáveis,sim, é uma falta de respeito. Masao pedir a demissão estamos adar um valor a esta situação queela não merece e estamos aadmitir que somos nós o alvodessas declarações. Essa é aimagem que os povos do Nortetêm dos povos do Sul. A meu ver,não ganhamos muito em pedir ademissão do presidente doEurogrupo. Se eu fosse governo,não me metia nessa situação.

MarianaCascais,socióloga

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4 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Abertura

Um jardim modernoque respeita a memória Nova Leiria Parece que é desta. O tão desejado Jardim daAlmoinha Grande vai finalmente sair do papel. A Câmarade Leiria apresentou o projecto, que deverá estar concluídodentro de um ano

Elisabete [email protected]

� Concertos ao ar livre, um 'calça-dão', zonas de exposição e muito es-paço verde para lazer são algumasdas possibilidades que o novo Jar-dim da Almoinha Grande oferece,numa recriação poética da paisa-gem da região de Leiria. Não é oCentral Park que uma petição onli-ne pedia, mas trata-se de um espa-ço verde de quatro hectares, natu-ralista e contemporâneo. O jardimevoca as encostas da serra d´Aire eas lezírias do vale do Lis.

“É um projecto dinâmico quedefine uma base que se irá desen-volver ao longo dos anos, emborasempre com um acompanhamen-to para garantir a qualidade e osprincípios do projecto”, adiantaJoão Marques da Cruz, um dos ar-quitectos paisagistas que estive-ram na concepção do espaço verde.

O Município de Leiria aprovou oprojecto, na última reunião de exe-cutivo, anunciando um investi-mento superior a 2,2 milhões de eu-ros. O vereador Ricardo Santos ex-plicou que o jardim prevê a planta-ção de 547 novas árvores, de qua-se 1.900 novos arbustos, um lago ea continuidade de percursos pe-destres ao longo do rio Lis, estandogarantidas as acessibilidades a pes-soas com mobilidade reduzida oucondicionada. Uma das mais-valiasé a "naturalização das linhas deágua existentes", nomeadamenteda Ribeira do Amparo, e a "utiliza-ção de materiais e espécies vegetaisautóctones".

A história deste futuro jardimcomeçou a desenhar-se em 1995,tendo o projecto ficado concluído

um ano depois. “A ideia iniciou-secom Jorge Estrela [historiador já fa-lecido], ainda no âmbito do Plano dePormenor da Almoinha Grande.Ele achou que deveria fazer-se umarecriação da paisagem da nossa re-gião. Com a importação e a produ-ção industrial de espécies exógenas,chegou-se a um ponto que já não te-mos memória de como era a nossapaisagem”, revela o arquitecto coor-denador do projecto, Rui Ribeiro.

Segundo o especialista, “um jar-dim é sempre uma encenação”,pelo que projectar um espaço ver-de é “criar uma cenografia da na-tureza na cidade”. Por isso, lembraque “os autores dos primeiros pro-jectos de jardins muito conheci-dos são pintores, em conjunto combotânicos”, que pintavam os futu-ros jardins, que acabavam por não

conhecer. A explicação é simples:um jardim não é como construiruma casa, em que tudo é projecta-do e depois edificado. Um espaçoverde é dinâmico, ou não contem-plasse seres vivos.

João Marques da Cruz acrescen-ta que um jardim é “um palco queserve para determinadas activida-des urbanas”, referindo que o quedá sentido ao espaço é a “vida ur-bana que se possa trazer, desdeque compatível com o uso de umjardim”.

O parque verde permitirá às pes-soas “sair da cidade sem sair da ci-dade, desligar do burburinho urba-no”, por isso o arquitecto paisagis-ta defende que não haja objectosnem mensagens explícitas que dis-persem as pessoas do seu sossego.“Tem de ser um espaço de nature-za dentro da cidade, onde se possasentir em contacto pleno com a na-tureza”, frisa.

Segundo este arquitecto, a “na-tureza dentro da cidade funcionaainda como regulador do ambiente,tornando-a mais funcional e con-fortável”, por isso dentro das cida-des deve-se assegurar uma estru-tura verde contínua constituída porruas arborizadas, jardins e corre-dores verdes com percursos pedo-nais, como é o caso do Polis que éum “excelente exemplo.”

Um ano para construir e 20 para ganhar formaAdmitindo que se trata de um pro-jecto de “difícil execução para osprojectistas, porque precisa de umacompanhamento muito cuidado”,Rui Ribeiro revela que o jardim de-morará um ano a ser executado. “Oideal seria começar em Julho a fazer

Feira de MaioOposição questiona “Este projecto só peca por tardio”,afirmou o vereador do PSD, ÁlvaroMadureira, que alertou para aqualidade da água que serádrenada, durante a apresentação dojardim. O autarca questionou aindaa localização da Feira de Maio,tendo em conta que com aconstrução do Centro deActividades municipais 'Multiusos'e deste espaço verde o espaço ficareduzido. O presidente da Câmara,Raul Castro, informou que épossível utilizador todo o espaçoaté às piscinas. Quanto aoestacionamento, “existem 450lugares dentro do estádio e junto aomercado municipal”.

todos os movimentos de terra etoda a parte de infra-estruturas,para na próxima Primavera, entreMarço e Abril de 2018, poder come-çar o plano de plantações”. No en-tanto, o arquitecto alerta que o Jar-dim da Almoinha Grande não fica-rá imediatamente igual às fotos pro-jectadas, pois um espaço verde “de-mora sempre entre 20 a 30 anos a ga-nhar forma”, o tempo necessário aocrescimento e enraizamento dasespécies.

O arquitecto entende que este éum jardim que irá servir bem a ci-dade. “Leiria já não tem pratica-mente jardins. O Luís de Camõesestá cada vez mais pequenino e foifeito a uma escala que tinha a vercom a Leiria na época. A cidadecresceu significativamente. Erapequena e rural, hoje é muito

mais cosmopolita.” Foi com base na descrição “mi-

nuciosa” e “poética” da vegetação epaisagem da região escrita por Fran-cisco Rodrigues Lobo que Jorge Es-trela idealizou o jardim. “Estavaencontrada uma ideia e quase oplano de plantações, que é eviden-te na descrição botânica de Rodri-gues Lobo.” Rui Ribeiro recorda queuma das imagens transmitidas é apaisagem da serra e dos vales e o jar-dim “recria uma síntese desses doisambientes: a serra e a várzea.”

Desde o primeiro projecto, a ar-quitectura foi-se adaptando à mo-dernidade dos tempos. Se a pri-meira versão previa uma horta, a se-gunda já apostava num jardim te-mático. “Esta versão volta a mantera essência da serra e da várzea, daslinhas de água e das galerias ripíco-

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 5

O jardim vai localizar-se entre ocentro de lançamentos e oedifício da Caixa Agrícola. OEspaço verde contempla umanfiteatro

FOTOS CEDIDAS POR RUI RIBEIRO - ATELIER DE ARQUITECTURA

4hectares de área

547novas árvores

1.896novos arbustos

23.490m2 sementeira de prado relvado

2.010m2 sementeira de prado húmido

766m2 sementeira de plantasaquáticas

2157,82m2 de caminhos pedonais

3173,28m2 de caminhos pedonais emgrelhas de arrelvamento

8cadeiras longas

46bancos de jardim clássicos

9stops de bicicleta

Os números

las. Mas em termos formais de de-senho é bastante diferente. É umjardim muito mais naturalista, me-nos marcado em termos de dese-nho, menos ligado à época do bar-roco e mais contemporâneo. Mas oplano de plantações é muito se-melhante”, afirma o coordenadordo projecto.

O jardim apresenta uma simu-lação dos muros da Serra de Aire,“que em alguns sítios levam ca-peamento e transformam-se embancos”. Há também “uma mo-delação do terreno simulando osmontes e as encostas, e con-soante se trata de prado ou de en-costa a vegetação altera-se”. Sou-tos, castanheiros e carvalhos sãoalgumas das árvores que vão vol-tar a Leiria. “Essa memória de-sapareceu.”

Manutenção do jardim é reduzidaUma das preocupações é em evitaras espécies exóticas, pois essas ca-recem de maiores cuidados. “Oideal é que se consiga criar um mi-crossistema em que a manutençãoé diminuta. É evidente que no pe-ríodo inicial esses cuidados terão deexistir até ser criado esse ecossiste-ma. Mas depois de estar equilibra-do a ideia é que não precise de ma-nutenção”, explica Rui Ribeiro.

No entanto, João Marques daCruz salienta que a manutençãodo espaço é essencial para evitar asua degradação. “Tem de ser cui-dado, garantir a iluminação e a se-gurança das pessoas. Caso contrário,passa a ser uma zona marginal, queninguém utiliza.” O arquitecto pai-sagista defende ainda a plantação de

arbustos que não sejam muito altos,facilitando assim a vigilância dojardim. “É importante que as pes-soas se sintam seguras no espaço aqualquer hora, de dia ou de noite”.

A água vai também estar presen-te no espaço verde através da Ri-beira do Amparo e da Vala do Car-vão, que vão emergir, ficando asduas à superfície. “Já era assim nopassado. Se virmos imagens antigas,naquela várzea seriam as hortas deLeiria e estavam as duas ribeiras.Também volta a ser retirado todoaquele aterro de gravilha e a recu-perar-se todo o solo existente, queera arável e de grande qualidade.”Segundo João Marques da Cruz, oespelho de água irá fazer uma re-tenção da água que, além das fun-ções estéticas e ecológicas, ajudaráa regular o excesso ou a falta de águano jardim.

As margens das ribeiras serãoplantadas com a sua vegetação ri-beirinha de modo a criar um habitatpara as espécies aquáticas e de mar-gem, assegurar a estabilidade docurso de água e impedir o desen-volvimento de plantas infestantes.

O projecto contempla ainda umpequeno anfiteatro, uma ludotecacom cafetaria, quiosques, instala-ções sanitárias e um parque infan-til. “No futuro, está prevista a cons-trução de um equipamento, que

poderá ainda servir de cafetaria erestaurante.”

No extremo Poente do parquehaverá uma grande clareira deli-mitada por modelações em anfi-teatro e pelo passeio público quenesta zona se alarga para formaruma praça. Esta grande clareiraestá preparada para actividadesdesportivas organizadas, espec-táculos e eventos com muito pú-blico “como grandes concertoscom a instalação do palco sobre apraça”. As restantes clareiras dojardim, com menor dimensão, se-rão vocacionadas para actividadesmais tranquilas e próprias de umjardim, “como os jogos das crian-ças, o jogar à bola, os banhos desol na relva, os piqueniques, etc”.

Ao longo dos percursos do jar-dim encontram-se áreas de esta-dia em diversas situações: mais in-dividuais ou mais colectivas, comsol, com sombra, perto da água,com vista para o Castelo, ao ladodo parque infantil ou com vista so-bre a grande clareira.

“Uma das ideias é recuperar ochamado passeio público ao lon-go da avenida. Será um espaçomultifuncional, que funcionacomo passeio, zonas de exposiçãopara eventos temporários e atépara feiras e mercados. Como ve-mos em algumas cidades da Eu-ropa, na rua fazem mercados sim-ples e no final levantam tudo elimpa-se”, adianta Rui Ribeiro.

João Marques da Cruz acres-centa que o grande passeio pú-blico funcionará ainda como uma“fronteira permeável”, que ajudaa ligar a cidade ao jardim haven-do também uma grande bancadasobre o lago em frente à praça daNova Leiria. O passeio públicojunta-se com o actual troço do Po-lis para formar um circuito a todaa volta do jardim. No final do es-paço, por baixo da Ponte Euro2004, será construído um par-que de estacionamento fechado evigiado que poderá servir tanto ocentro de lançamentos como oparque. “O objectivo é ter umequipamento flexível que permi-ta a quem gere tomar facilmenteopções.”

O arquitecto entende que o es-paço poderá servir para criar mer-cados de levante alternativos,onde os pequenos produtores po-dem ter o seu negócio pontual-mente, permitindo às pessoasabastecer-se na economia local,em alternativa às grandes super-fícies. “Estamos a falar de uma fai-xa de 33 metros de passeio públi-co ao longo de quase 500 me-tros”.

Rui Ribeiro acredita que o jar-dim poderá surpreender os cida-dãos - que “estão como São Tomé:ver para crer” - pela dimensão efuncionalidades que o espaço vaiganhar. “Agora é um terreiro umbocado inóspito.” São cerca dequatro hectares que irão interagircom o percurso Polis, permitindoa quem utiliza este circuito en-contre “caminhos alternativospelo meio do jardim”.

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6 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Entrevista

RICARDO GRAÇA

"Há umaextraordináriacapacidade deFátima se adaptar aolongo das décadas"

António Marujo Em Maio celebra-se o primeirocentenário das visões da Cova da Iria e o jornalista diz quehá um discurso que faz sentido para as novas gerações

Cláudio [email protected]

� Socorro-me do vosso ponto departida no livro A Senhora deMaio, que escreveu com Rui Pau-lo da Cruz: Fátima é fruto daimaginação de três crianças e daimposição do clero ou uma ex-pressão mística real?Partimos de várias perguntas esobretudo dessa: por que é quehá tanta gente a ir para ali? E porque é que este fenómeno resultoudesta maneira e outros não? Hámuitas respostas e diversifica-das. A minha seria esta: não po-demos falar literalmente de ima-ginação porque me parece que aLúcia, é ela a grande construtorada visão, reproduz o discurso do-minante no catolicismo da época,muito preso a formas tradicionaisde religiosidade, que em muitasdas suas expressões vincava umaespécie de troca com o sagrado.As pessoas rezavam e Deus dava--lhes alguma coisa boa. Era umcatolicismo ligado a muitos me-dos, e a visão do inferno temtudo a ver com isso. E a visão doinferno que a Lúcia descreve é arepetição quase ipsis verbis davisão do inferno descrita na Mis-são Abreviada, que era o livrinhode catecismo popular da época.

Lúcia praticamente reproduz oque vem no texto do livro. É umambiente muito marcado pelofactor religioso, pela expressão dosagrado. O quotidiano marcadopor todas essas coisas que nóshoje não temos possibilidade deimaginar, obviamente davamuma configuração à cultura daspessoas que possibilitava queeste tipo de fenómenos fossemacolhidos sem problemas. Nãohá aparições em sítios onde aspessoas não acreditam em apari-ções, ou visões.Pode viver-se a mensagem deFátima sem acreditar na narrati-va dos acontecimentos?A resposta pode ser ambivalente.Se for a mensagem do sacrifício,da penitência, do apego às devo-ções pelas devoções, não me pa-rece que seja o fundamental doevangelho. Se lermos na pers-pectiva da mudança de vida, daconversão do coração às outraspessoas, da mensagem de paz,isso acho que tem tudo a ver como evangelho, mas não precisa demanifestações deste género. Porque é que acontece? Uma das ra-zões tem muito a ver com as pes-soas necessitarem de coisas mui-to concretas, do lado material,existencial, físico e da relaçãoentre nós.

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 7ENTREVISTA COM O APOIO DE:

� Que significado tem a visita doPapa Francisco a Fátima, sobre-tudo quando diz que vem comoperegrino?O peregrino sabe donde parte,onde quer chegar, mas não sabeo que vai encontrar no caminho.E a forma como o cristianismo seentende na sua expressão maisgenuína tem muito a ver comisso. Por exemplo, pode chegar--se a Fátima por muitos cami-nhos. Ele dizer que vem como pe-regrino desde logo tem a ver comessa ideia de que o caminho é umcaminho de busca, e de buscacom outros. Tenho pena se oPapa vier a Fátima e ficar apenasem Fátima nas celebrações reli-giosas.Aparentemente é o que está pre-visto.Sim, é o que está previsto, pensoque não é o que o Papa desejaria.Então o que falta no programa?Acho que falta qualquer coisaque tenha a marca do Papa, quenão seja só a celebração litúrgica.Mas tenho a sensação, sem terdado nenhum para dizer isto, éapenas partindo do que vejo queele faz noutras viagens e no seudia-a-dia, que por ele haveriaalgo mais. A sensação que me dáé que estamos perante uma Igre-ja, em Portugal, que aplaudeimenso o Papa, em público, masque de facto não está muito en-tusiasmada nalgumas coisas queo Papa anda a propor. Diria queuma parte importante dos cató-licos portugueses aplaudemimenso o Papa, mas depois nãoquerem perceber algumas das in-terpelações que o Papa faz. Não

se revêem em alguns dos factoresde mudança que o Papa tem in-terpelado, desde logo, por exem-plo, nas questões da guerra e dapaz e por exemplo nas questõesda justiça social, da economia, dapolítica e do clima. É demasiado à esquerda para al-guns?Não me parece que o Papa se de-fina como uma pessoa de es-querda, acho que é alguém queestá preocupado com o essen-cial do evangelho, que passa porcada crente ter uma relação pro-funda com o deus em que acre-dita e uma preocupação muito in-tensa com quem está à sua volta:os sem-abrigo, os refugiados... Já é possível fazer um balanço doimpacto deste Papa no mundocatólico e não só?Acho claramente que o Papa lan-çou um movimento que é impa-rável de reforma da Igreja e detransformação da Igreja. Um mo-vimento que há 50 anos teve umgrande impulso com o segundoconcílio do Vaticano, mas quedepois teve algumas travagensem alguns âmbitos. Acho que oPapa Francisco recupera esse mo-vimento de renovação. E não épor acaso que há tanta gente forada Igreja que o admira, quasecomo se fosse a única voz quehoje tem autoridade moral nomundo para dizer este caminho éerrado e aquele é que devia ser ocerto. Ele apela a valores que euacho universais, valores de hu-manidade, e não faz mais do querecuperar essa grande tradiçãocristã. E é por isso que ele é tãoquerido por tanta gente.

Fátima funciona como uma es-pécie de hipermercado da fé?Também. Não é por acaso quemuita gente perguntada sobre asua prática religiosa diz que se re-sume a ir a Fátima uma ou duasvezes por ano, seja por questõesde saúde, económicas ou fami-liares. Na investigação para o livro, al-guma resposta o surpreendeu?Há uma coisa que me surpreende,por exemplo, quando falamosnalgumas das razões de sucessode Fátima. O professor AlfredoTeixeira, da Universidade Católi-ca, levanta a questão: e se Fátimafosse em Trás-os-Montes, seráque tinha o mesmo sucesso? E eutenho dúvidas, precisamente por-que acho que uma das razões deFátima ser procurada é a sua cen-tralidade geográfica no País. Oque mais me surpreende é a plu-ralidade de olhares que pode-mos ter sobre um fenómenocomo este, porque é pobre redu-zi-lo a uma leitura simplista, sejaapologética ou condenatória.O negócio religioso que tem aver com o acolhimento dos pe-regrinos teve um papel impor-tante na forma como Fátima sefoi afirmando?Aí tenho uma leitura muito prag-mática: se há ali muita gente, épreciso que as pessoas comam,durmam, e é normal que apare-çam hotéis, restaurantes e lojasde artigos religiosos. O que émau é que só ao fim de cem anoso País tenha olhado para aquelalocalidade para perceber que eraimportante dar dignidade a umlugar onde vão mais de cinco mi-lhões de pessoas por ano, ou seja,ter passeios, ter iluminação, ter omínimo de beleza urbana.Uma das características de Fáti-ma é que tem resistido à erosãodo tempo.Porque há uma extraordinária ca-pacidade de Fátima se adaptarao longo das décadas. Fátima emsi são várias Fátimas. A dos pri-meiros anos, dos primeiros rela-tos dos miúdos, a Fátima consa-grada institucionalmente a partirdo reconhecimento canónico pelobispo da diocese e depois pelaIgreja portuguesa, a Fátima queaproveitou a situação políticaproporcionada pelo Estado Novoe que foi usada pelo poder políti-co como instrumento de propa-ganda... nessa altura começa aaparecer também o discurso anti--comunista que depois da quedado muro de Berlim deixámos deouvir praticamente em Fátima.A força de Fátima continua a sera mesma, num tempo em que aspessoas estão muito despertaspara novas espiritualidades.Exactamente. O professor Alfre-do Teixeira fala do que chama amodernidade de Fátima, no sen-tido em que Fátima responde auma das marcas da espirituali-dade e da religiosidade contem-porâneas, que é muito mais mar-cada pelo indivíduo, sem media-ções, do que pela expressão co-

"Se a mensagemforessencialmente aquestão doacolhimento dooutro, da aberturado coração àsoutras pessoas, e amensagem de paz,pode ter sentidopara as geraçõesmais novas"

"O facto de se fazerum percurso dejoelhos em si não émau, é mau se arelação com Deusse limitar a essarelação de troca –eu dou-te isto e tudás-me aquilo"

Em destaque

PerfilO repórter das religiõesO percurso de António Marujono jornalismo confunde-se como fenómeno religioso emPortugal. Começou a frequentarFátima, por motivosprofissionais, na década de 80,primeiro ao serviço da revistaCáritas, depois pelo Diário deLisboa e finalmente emrepresentação do Público, cujaredacção integrou desde aprimeira hora, em Setembro de1989, até Janeiro de 2013. Acabade publicar A Senhora de Maio –Todas as perguntas sobreFátima, livro em co-autoria com

o jornalista Rui Paulo da Cruz, ea 19 de Abril chega às bancasPapa Francisco - A RevoluçãoImparável, escrito com JoaquimFranco, da SIC. Nascido em 1961,António Marujo colaboroutambém com a Antena 1, a RTP eo com o semanário Expresso. Em1995 e 2006 recebeu o PrémioEuropeu de Jornalismo naImprensa Não-Confessional(instituído pela Conferência dasIgrejas Europeias e pelaFundação Templeton). Mantémo bloguereligionline.blogspot.pt.

Católicos portugueses pouco entusiasmados

"Papa Franciscolançou ummovimento imparávelde reforma da Igreja"

munitária e institucional. A ideia de que é um fenómenoque tem a ver com camadas dapopulação mais desfavorecidas éerrada?Penso que foi sempre errada, em-bora, obviamente, se falávamosde um País que há 100 anos tinha,salvo erro, 90% de populaçãoanalfabeta, quem lá ia seria tam-bém na maioria população anal-fabeta. Nessas coisas há muitospreconceitos e primarismos. OPaís é o que é e os católicos por-tugueses, a maior parte, são aimagem do País. Sempre houvegente de todos os estratos so-ciais, com predominância dos es-tratos mais baixos.E que mensagem Fátima tempara o século XXI e para as novasgerações?Se a mensagem for essencial-mente a questão do acolhimentodo outro, da abertura do coraçãoàs outras pessoas, e a mensagemde paz, acho que pode ter senti-do para as gerações mais novas.Se for uma mensagem que conti-nue a insistir em coisas que meparecem perfeitamente ultra-passadas, como a ideia da con-versão da Rússia, das devoções,do ficar pela oração do terço, dosacrifício físico pelo sacrifício fí-sico, não me parece que tenha

qualquer perspectiva de futuro,embora haja muita gente, mesmode gerações mais novas, que tam-bém se apega a esse tipo de ex-pressões. A religião vai continuar a ser umporto de abrigo e um elementoanestesiante neste início de mi-lénio?Depende do sentido que a gentedá às palavras, porque não é poracaso que o cristianismo, na suamelhor teologia, se entende comouma expressão de fé e não comouma religião. Porque não é umaforma de explicar o mundo, éuma relação que se tem com umapessoa e por isso é que tem na suadesignação o nome da pessoa quelhe dá origem. Uma relação pró-xima com alguém que implicauma relação próxima com os ou-tros alguéns todos. Se Fátima fi-casse só pela explicação do mun-do seria pouco fiel à sua matrizcristã. Se for mais na perspectivade insistir com as pessoas na ne-cessidade de traduzir a sua fécristã também num quotidianoque passa pela relação quer comJesus quer com as outras pes-soas, sejam crentes ou não cren-tes, sejam elas quem forem, entãoFátima responderá de uma outramaneira.Como é que a Igreja portuguesaolha hoje para o fenómeno deFátima?Há uma nota recente dos bisposem que eles destacam os aspectosmais positivos da mensagem e oSantuário tem feito um grande es-forço e uma grande pedagogia, jádesde há duas ou três décadaspara cá, no sentido de purificar asexpressões da religião popularque ali desaguam. Agora este éum movimento muito difícil, por-que as pessoas vivem a sua fé emuitas vezes não estão disponí-veis para ouvir outro discursoque não seja o que lhes vem do in-terior. O desafio dos responsá-veis da Igreja portuguesa e doSantuário passa por uma grandecriatividade.Mais amor e menos sacrifício?O sacrifício é uma palavra que sefor bem vivida pode ser muito in-teressante, mas eu diria maisabertura de coração aos outros emenos rituais.Mas continua a alimentar-se ofluxo de novos beatos, santos emilagres.Sim, sobretudo com um discursoque às vezes resvala para a acen-tuação daquilo que é mais sim-plório, vamos dizer assim, entreaspas, na mensagem de Fátima.Ou seja, a recuperação do dis-curso inicial dos miúdos, que,por um lado, tem alguma inge-nuidade e expressões de muitabeleza naquilo que transmite nasua simplicidade, mas, por outro,toca expressões da fé católicaque deviam ser menos faladashoje. O facto de se fazer um per-curso de joelhos em si não é mau,é mau se a relação com Deus se li-mitar a essa relação de troca – eudou-te isto e tu dás-me aquilo.

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8 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Sociedade

"Felizmente, afelicidade é umaescolha consciente!"Leiria Celebrou-se na segunda-feira, dia 20 de Março, o DiaInternacional da Felicidade. A Escola Secundária DomingosSequeira lançou um desafio à comunidade: "com umpequeno gesto, faça alguém feliz"

Ana Camponê[email protected]

�O que é a felicidade? Onde está a fe-licidade? Como se alcança a felicida-de? São estas as principais dúvidasque surgem sobre este tão vago con-ceito. "Estado de quem é feliz; bem--estar", é o que nos diz o dicionário.

Mas, afinal, onde está o berço da fe-licidade? "Especialmente, dentro desi mesmo", diz Luís Miguel Neto.

Há cinco anos que se celebra o DiaInternacional da Felicidade, no dia 20de Março. Defendendo que "a buscapela felicidade é um dos objectivos fun-damentais do ser humano", este dia foiaprovado, por unanimidade, em 2012,por 193 estados-membros da ONU(Organização das Nações Unidas).

"A felicidade são experiências mul-tifacetadas, que vão do hedonismo -a busca do prazer e a fuga da dor - àeudaimonia (palavra grega que des-creve uma vida com propósito, maiorque nós mesmos). Por isso, pode es-tar em tanto lado...fora e dentro denós, nas redes que tecemos, desdeaquilo ao que generosamente da-mos", considera Helena Marujo.

Luís Miguel Neto e Helena Marujosão professores da pós-graduaçãoem Psicologia Positiva Aplicada noISCSP (Instituto Superior de CiênciasSociais e Políticas, da Universidade de

A felicidadetreina-se,desenvolve-se,potencia-se,conscientiza-se. Éalgo que nos éintrínseco, masque não é fácilpara todos nós HelenaMarujo

Uma das actividades do Dia Internacional da Felicidade na ESDS foi a formação humana de um smile

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 9

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LICIDA

DE

FOTOS: RICARDO GRAÇA

Lisboa), que colaborou com a EscolaSecundária Domingos Sequeira(ESDS) na comemoração do Dia In-ternacional da Felicidade.

Na segunda-feira, no âmbito daHumanosofia, projecto da ESDS, al-gumas alunas quiseram assinalar o DiaInternacional da Felicidade na esco-la. Conceição Fernandes, professora,explica que o objectivo principal daHumanosofia é proporcionar aos alu-nos "estratégias do ponto de vista dagestão das emoções".

"Inicialmente, este projecto era parao nosso próprio bem-estar. Depois, vi-mos que nos fez tão bem, que decidi-mos também mostrar aos outros o quefazemos e tentar que também resultecom eles", explicam as alunas. "É mui-to gratificante ver que o nosso traba-lho pode ajudar os outros."

"A felicidade também é aceitar ereciclar o negativo"Apesar de considerar que existemmomentos de plena felicidade, He-lena Marujo frisa que "são isso mes-mo: momentos". Existem ocasiõestotalmente felizes, mas existem tam-bém ocasiões totalmente infelizes - "avida é dinâmica, por isso, o bom e omau acontecem em diálogo."

Reciclar memórias, mesmo quenegativas, "pode ser uma força boanas nossas vidas", considera a do-

cente. "Ao abraçar o negativo e o po-sitivo, harmonizamos a existência e,para isso, precisamos de ter passado,presente e futuro."

"A felicidade também é aceitar e re-ciclar o negativo", fazendo de contaque não se sente raiva, tristeza ou ciú-me - "tratam-se de emoções huma-nas, e ser humano é isso tudo". Só comessa "completa humanidade", adian-ta Helena Marujo, mas decidindo lu-tar "pela alegria, pela serenidade,pela pacificação nas relações com osoutros, por sair do ego para o eco, doauto-foco para o foco no comum", éque "habitará mais vezes a felicidade".E, por vezes, podem existir vantagensem "imitar a felicidade e as emoçõesque lhe estão associadas", remata.

Luís Miguel Neto frisa: "viver só nãochega, é preciso reflectir o que sevive". A constante busca pelo perfec-cionismo, frisa o docente, "é meio ca-minho andado para a depressão."

"Uma boa ideia é considerar ospensamentos como ‘coisas’, objectossujeitos a um tipo de causalidadeequivalente ao mundo físico. A in-vestigação científica revela que anossa vida mental e relacional tem asmaiores consequências nos sistemasbiológicos que compõem o organismohumano: somos o que pensamos esentimos. Felizmente, a felicidade éuma escolha consciente!"

FelicidadeESDS assinala o dia com várias actividadesNa segunda-feira, dia 20, DiaInternacional da Felicidade,alunos e professores da EscolaSecundária Domingos Sequeiradinamizaram diversasactividades ao longo do dia,desafiando a comunidade: "comum pequeno gesto, faça alguémfeliz". A iniciativa surgiuinserida na Humanosofia, umprojecto desta escola, partindodo objectivo em "fazer algumacoisa em prol dos outros". JoanaLourenço, Mariana Fonseca,Raquel Silva, Francisca Alves eAna Rodrigues foram as alunasque estiveram envolvidas naorganização das actividades,

com o apoio da professoraConceição Fernandes, quefrequenta a pós-graduação emPsicologia Positiva Aplicada doISCSP, e da psicóloga da ESDS,Cristina Marques. "O objectivoda Humanosofia é,essencialmente, sentirmo-nosbem connosco próprios eajudarmos os outros. Por isso,faz todo o sentido celebrar estedia", referem as alunas. Depoisda visualização de um vídeorelacionado com esta temática,cerca de 60 alunos desta escolaparticiparam na formaçãohumana das palavras 'felicidade','ESDS' e de um smile.

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10 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Sociedade

Jogos de tabuleiro do Clube de Boardgamers chegaram agora à prisão e a jovens do InternatoMasculino e do Lar de Santa Isabel

Maria Anabela [email protected]

� Podem os modernos jogos de tabu-leiro servir como ferramentas de in-tervenção e inclusão social? O Clubede Boardgamers de Leiria, que nasceuno seio da Associação Fazer Avançar,e o projecto Rua Direita, dinamizadopela delegação local da Cruz Verme-lha, acreditam que sim. Partindo des-sa premissa, as duas instituições es-tabeleceram uma parceria e os frutosjá começam a surgir e, poderão au-mentar, se for aceite a proposta de uti-lização de jogos de tabuleiro para in-tervenção educativa e social subme-tida ao Orçamento Participativo Na-cional.

Depois de iniciadas experiênciascom jovens do Lar de Santa Isabel e doInternato Masculino de Leiria, quetêm participado em sessões dinami-zadas por membros do Clube deBoardgamers, o projecto está a chegarEstabelecimento Prisional de Leiria –- Jovem (ex-prisão-escola). Aqui, a di-namização das sessões cabe às técni-cas do Rua Direita. “Já tivemos duassessões [na prisão], como três jogos di-ferentes. Foi muito bom ver a reacçãodaqueles jovens. Depois de termi-nado o tempo, queriam continuar”,revela Joana Duarte, coordenadora doRua Direita, um projecto que trabalhana prevenção de comportamentosaditivos e que conta com o apoio doServiço de Intervenção nos Compor-tamentos Aditivos e nas Dependên-cias (SICAD).

Micael Sousa, um dos mentores doClube de Boardgamers de Leiria, ex-plica que esta parceria nasceu do de-sejo do grupo, criado em 2014, em “fa-zer diferente”, potenciando os jogosde tabuleiro como instrumento de so-cialização, de reforço dos laços sociaise intergeracionais e de desenvolvi-mento de competências múltiplas.Como? Levando a experiência a es-

DR

RICARDO GRAÇA

colas e instituições sociais e de saúde.Começaram pelo Serviço de Pediatriado hospital de Leiria, onde PedroSousa e Silva, médico e membro dogrupo, tinha estagiado. Desde então,uma vez por mês, elementos do clu-be deslocam-se àquele serviço com jo-gos de tabuleiro da sua ludoteca,onde não há lugar para os mais tradi-cionais. “Este é um mundo que vaimuito além do monopólio, dominó,trivial ou xadrez. São jogos de autor,com peças de design e que tentam si-mular experiências, seja de gestão, deestratégia ou de interacção social”, ex-plica Micael Sousa.

Por motivos, mais ou menos ób-vios, Pedro Sousa e Silva, é um doselementos que, habitualmente, vai àpediatria. E o feedback não podia sermais positivo. “As crianças gostammuito. Os pais e os profissionais desaúde também costumam juntar-se anós. Sem saberem, estão a desenvol-ver competências”, diz.

A par do trabalho regular feito no

hospital, o Clube de Boardgamerstem desenvolvido acções pontuaisem escolas e outras instituições,como a Universidade Sénior da Ma-rinha Grande, onde avós e netos sejuntaram à volta de modernos jogosde tabuleiro. “São jogos com umgrande potencial intergeracional”,nota Micael Sousa.

André Goucha conta a experiênciacom jovens do Internato Masculino,com quem desenvolveram sessões.Alguns já começaram a frequentar oCentro Cívico, onde, às sexta--feiras, o clube abre portas à comuni-dade. “Houve uma noite que tivemosaqui um grupo de oito jovens do In-ternato. Vieram por sua iniciativa”.

“O Rua Direitapretende levar os jo-vens com quem trabalhamos, do Larde Santa Isabel, do Internato e da pri-são, a conhecerem formas saudáveisde ocupação de tempos livres. E os jo-gos de tabuleiro enquadram-se per-feitamente nessa acção”, explica Joa-na Duarte.

Leiria

Legalizaçãodomina pedidosde ajuda à AMIGrante

� Os processos de legalização do-minaram os pedidos de ajuda feitos,no ano passado, junto da AMIGran-te – Associação de Apoio ao CidadãoMigrante, que tem sede em Leiria.Em 2016, os voluntários da institui-ção efectuaram 822 atendimentos,sendo que mais de metade (464) en-volveram questões relacionadas coma legalização.

Houve também quem recorresseà associação para tratar de assuntosem torno de apoio social, educação,nacionalidade, trabalho, entre outrasquestões. “Manteve-se a crescentediversidade/complexidade dos ca-sos, obrigando a contactos perma-nentes, não só com a administraçãopública, mas também com entidadesprivadas”, refere a AMIGrante, noseu relatório de actividades refe-rente ao último ano.

Nesse documento, a associação dáainda conta de um aumento do nú-mero de atendimentos, que subiu23,6% face a 2015, ano em que ti-nham sido atendidas 665 pessoas.Em 2016, foram apoiados 822 cida-dãos, provenientes de 26 países,com destaque para a Ucrânia, terranatal de 365 (44%) das pessoas aten-didas pela associação, seguindo-sedo Brasil (181 imigrantes). Segundoexplica a AMIGrante, este “númeroelevado de atendimentos” deve-seao facto de nos concelhos limítrofesde Leiria “não existir mais nenhumaentidade quer pública quer privada,que se dedique a este tipo de traba-lho”. E a demonstrar isso mesmo es-tão os dados referentes à área de re-sidência das pessoas atendidas, pro-venientes de 21 concelhos, emboraa maioria (582) more no municípiode Leiria.

A par do apoio dado em processosde legalização, a AMIGrante pro-move formação sobre procura de tra-balho e sobre língua e cultura por-tuguesa, entre outras actividades.

Leiria Começaram as obras na Casa do Gato Preto

Já começaram as obras derequalificação do edifício conhecidocomo “Casa do Gato Preto”,localizado no centro histórico deLeiria, que vai ser recuperado parahabitação. O projecto prevê a criaçãode dois apartamentos de tipologia T1e um duplex, um espaço paracomércio no rés-do-chão e garagempara duas viaturas. O azulejo original,incluindo o que tem a imagem dogato preto que dá nome ao edifício,será mantido.

Nazaré Obras de reabilitaçãorodoviária

Estão em curso várias obras depavimentação de estradas ecaminhos no concelho da Nazaré,num investimento de cerca de 246mil euros, que pretende "melhoraros acessos, segurança e conforto",refere a autarquia em comunicado.A Câmara anunciou, ainda, que irálançar outras intervenções para areabilitação da rede rodoviária,fazendo, no total, 300 mil euros deinvestimento no aumento dasegurança da rodovia do concelho.

Marinha GrandeAniversário da bênçãoda 1.ª pedra da Igreja

Vinte e cindo anos depois dabênção da primeira pedra daIgreja de Picassinos, na MarinhaGrande, vão ser homenageadostodos aqueles que contribuírampara o erguer o templo. No dia 2de Abril, domingo, após acelebração da missa, serádestapado, pelas 11 horas, omural comemorativo e dehomenagem. Pelas 12:30 horashaverá um almoço convívio, nosalão de festas desta Igreja.

Leiria Propostas ao OPjá podem serentregues

Já está aberto o período de entregade propostas ao OrçamentoParticipativo 2017/18 do Municípiode Leiria, que este ano disponibilizaquase 340 mil euros euros paraconcretizar as ideias vencedoras. Aspropostas podem ser entregues até19 de Maio, através de email([email protected]) ounas assembleias participativas arealizar. O regulamento estádisponível para consulta emhttp://op.cm-leiria.pt.

50Em 2016, o Clube deBoardgamers de Leiria realizoumais de 50 eventos semanais dejogos de tabuleiro, quemobilizaram perto de milutilizadores. Os encontrosdecorrem à sexta-feira à noite, eno Centro Cívico, são gratuitosabertos à comunidade

O número

Clube de Boardgamers de Leiria e Cruz Vermelha utilizam jogos em intervenção social

Jogos de tabuleiro usadoscom reclusos e jovens em risco

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O que tem em comum um mosaico, um painel solar, uma sanita, umatorneira, um móvel de casa de banho, um parafuso, uma caldeira, umabanheira e um rolo de tubo?Sim, são tudo exemplos de materiais de construção que seconseguem encontrar à venda num só local… na Macorima, emOuteiro da Ranha, concelho de Pombal.Quem passa nesta localidade junto do IC2, não fica indiferente ao verum grande painel solar em formato de flor que abre, fecha e gira aolongo do dia consoante a orientação do sol.É ali que reside desde à 35 anos a Macorima, fundada em 1982 porRamiro Gaspar e Prazeres Cravo, oferecendo hoje em dia um serviçode venda na área de cerâmica/revestimentos, artigos sanitários,canalização e climatização.Orientada tanto para o cliente particular, como para o clienteprofissional (construtores, técnicos de climatização e canalização), aMacorima representa algumas da melhores marcas nacionais einternacionais destas áreas de negócio do setor dos materiais deconstrução.Sendo um setor bastante competitivo e com grande tradição no distritode Leiria, soube esta empresa manter a sua solidez operacional efinanceira ao longo de 35 anos numa área de negócio que teve umagrande crise nacional desde 2008, onde vários players do mercadonão conseguiram sobreviver.Para este sucesso, nas palavras do sócio fundador Ramiro Gaspar, foiessencial ‘…uma gestão minuciosa, com muito enfoque nasdinâmicas de mercado, sabendo inovar através de abertura de novasáreas de negócio, diminuindo assim a dependência de umdeterminado tipo de cliente…’.Ainda segundo a outra sócia fundadora, Prazeres Cravo, o sucessodeve-se ‘… à qualidade do serviço, capacidade de resposta e cuidadopara com o cliente. O nosso cliente sente confiança e personalizaçãode serviço ao lidar connosco…’.Para os próximos anos, a Macorima promete manter os standards deserviço demonstrados desde 1982, com a oferta das melhoressoluções de mercado, sempre com o mesmo profissionalismo ededicação ao cliente demonstrado até aqui.

PUBLIREPORTAGEM

35 ANOS EM RESUMO

1982

Inicio de Atividade na área de

canalização, rega e saneamento.

1990

Introdução da área de negócio

de cerâmica com azulejos,

mosaicos e louças sanitárias.

1992

Inauguração de novo showroom

para coleções de cerâmica e

mobiliário para salas de banho.

1995

Pioneira na Península Ibérica na

comercialização de Tubos

Tricompostos Mepla Geberit.

2006

Introdução de nova área de

negócio – Climatização e

Sistemas Solares Térmicos.

2013

Renovação da loja profissional,

com oferta mais ampla de artigos

de climatização, canalização,

rega e jardim.

2017

Comemoração dos 35 anos,

mantendo os standards de

profissionalismo, solidez,

qualidade e atenção ao cliente.

Macorima, Lda

Outeiro da Ranha, Pombal

Tel. . 236 947 361

www.macorima.pt

MACORIMA, 35 ANOS de histór ia . . . .

Macorima

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12 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Sociedade

Pedrógão Grande

Remodelação doCentro de Saúdeavança

� Deverão iniciar-se em breve asobras de remodelação do centro desaúde de Pedrógão Grande, querepresentarão um investimento decerca de 387 mil euros. A inter-venção decorre de uma candida-tura apresentada pela Câmara Mu-nicipal ao Programa OperacionalRegional do Centro - Centro 2020,que acaba de ser aprovada. Deacordo com um comunicado daautarquia, o projecto contempla arequalificação “total” do edifício eda zona envolvente, estando tam-bém a assegurada a renovação doequipamento, que será feita pelaAdministração Regional de Saúdedo Centro. Naquela nota informa-tiva, o presidente da Câmara, Val-demar Alves, sublinha que se tra-ta de uma obra “há muito recla-mada” e pela qual o município“muito batalhou”, atendendo àdegradação do centro de saúde,que “não oferece condições dignasaos utentes e profissionais quenele trabalham”. As obras terãouma duração entre seis a nove me-ses, sendo que, durante a inter-venção, o centro de saúde se man-terá em funcionamento.

Ambiente

Valorlis lançacampanha paraincentivar recolhaselectiva

� Com o lema Reciclar é que está adar, a Valorlis está a desenvolveruma campanha de sensibilizaçãoonde desafia as escolas e institui-ções de solidariedade social a pro-moverem a recolha de resíduosdomésticos recicláveis, nomeada-mente embalagens de plástico emetal e/ou papel/cartão. A empre-sa assegurará o encaminhamentopara reciclagem dos materiais re-colhidos e o esforço das entidadesaderentes será recompensado coma aquisição de material de acçãopedagógica, bens materiais ou ser-viços a serem entregues pela Va-lorlis. Citado por um comunicado,Nuno Heitor, director-geral da em-presa, reconhece que a campanharepresenta “um esforço acresci-do” para a Valorlis, mas contribui-rá para “incentivar o hábito da se-paração de resíduos domésticos,essencial para alcançar as exigen-tes metas definidas para a Valorlis,em termos de material enviadopara reciclagem”.

Tráfego ferroviário

Fonte: CP

7,1%

1%

2016 2015

Estação de Leiria

Linha do OestePassageiros transportados

Passageiros entrados

Proveitos

Custos

Prejuízos

Passageiros saídos

18571

484000

10780001036000

58380006069000

476000503300

479000

19898

1594017930 12,5%

4%

3,8%

5,4%

2016 2015

Valores em euros

A procura cresce, mas o negócio continua desequilibrado

Linha do Oeste dá 9,83 euros deprejuízo por cada bilhete vendidoCláudio [email protected]

� É a CP que o diz: o serviço de pas-sageiros na Linha do Oeste gerouperdas de 4,7 milhões de euros noano passado. Se está a fazer contasde cabeça para entender o que sig-nifica este número, saiba que pagao investimento da Câmara de Lei-ria no antigo paço episcopal... e ain-da sobra dinheiro. Um resultadonegativo de 9 euros e 83 cêntimos,por cada bilhete vendido pelatransportadora pública, que não re-cebe indemnizações compensató-rias há dois anos.

Em comparação com 2015, o pre-juízo da CP na Linha do Oeste baixou273 mil euros, graças ao crescimentodos proveitos obtido em simultâneocom a diminuição dos custos.

Na óptica da Comissão para a De-fesa da Linha do Oeste, importa"que o Governo transfira as in-demnizações compensatórias quesão devidas à CP e que proceda aoinvestimento adequado no sec-tor". José Rui Raposo, que coorde-na este organismo de representa-ção dos utentes, afirma que a re-dução da despesa está a ser feita "àcusta da qualidade dos serviçosprestados".

Mais passageirosNo ano passado, o total de passa-geiros na Linha do Oeste voltou acrescer ligeiramente: 484 mil, mais5 mil do que em 2015.

O movimento na Estação de Lei-ria também está a acelerar: subiu onúmero de passageiros entrados(7,1%) e saídos (12,5%), com o caisferroviário da cidade, de onde par-tem nove comboios por dia, e aon-

de chegam outros tantos, a ser odestino ou origem de 37.828 bi-lhetes emitidos pela CP.

Em ambos os casos, a tendênciade crescimento da procura estárelacionada com o novo modelo deexploração no corredor ferroviário,adoptado em 2013, com ajuste de

horários e reforço da ligação aCoimbra.

Investimento precisa-seNuma nota distribuída à imprensa,o presidente da CP, Manuel Quei-ró, considera que o aumento depassageiros e proveitos a nível na-

cional e regional "vem premiar aaposta da empresa no reforço daoferta e dinâmica comercial", masreconhece "a necessidade de in-vestir no aumento do número decomboios, apostando, em simul-tâneo, numa melhoria do confortoe da pontualidade e na redução dostempos de viagem".

José Rui Raposo, da Comissão deDefesa da Linha do Oeste, diz que asituação é gravíssima. "A CP estásem material circulante de passa-geiros com tracção diesel para não sósuportar condições normais de fun-cionamento da Linha, mas mais ain-da, momentos de anormalidadecomo o que se passou nos dois pri-meiros meses deste ano, com váriascomposições avariadas e acidentadas.A Linha do Oeste justifica todo o in-vestimento que seja feito na mesma".

O representante dos utentes deta-lha os problemas estruturais que im-pedem um melhor desempenho: "ALinha continua a não estar electrifi-cada e automatizada. Material circu-lante velho e cada vez mais sujeito aavarias. Estações e apeadeiros semguarnição, sem conforto para os pas-sageiros, sem informação em temporeal sobre horários e comboios em cir-culação". E a divisão entre o troço Me-leças/Caldas da Rainha e o troço Cal-das da Rainha/Coimbra, com obriga-ção de mudança de composição,"também não ajuda".

Em Fevereiro do ano passado, oGoverno anunciou o calendário paraa modernização da via até 2020, atra-vés de um investimento que ascen-de a 106,8 milhões de euros e con-templa o troço entre Meleças (noconcelho de Sintra) e Caldas da Rai-nha, numa extensão de 103 quiló-metros.

Centro de Emprego sugeriu trabalho nos Bombeiros de Vieira de Leiria

Remuneração da presidente gera polémica� O facto da presidente da AssociaçãoHumanitária de Bombeiros Volun-tários de Vieira de Leiria, Célia Fer-nandes, passar a ser remunerada estáa gerar contestação entre alguns só-cios. Este foi um dos pontos aprova-dos por “larga maioria” na últimaAssembleia Geral (AG), segundoreferiu o presidente da Mesa, Rui Ro-drigues.

Alguns sócios com quem o JORNALDE LEIRIA falou criticaram a falta dedivulgação da convocatória, que terásido anunciada na sede dosbombeiros e um dia antes num jornal,e a votação de braço no ar, que con-

sideram ter condicionado algumaspessoas no sentido de voto. “Muitaspessoas só souberam da assembleia,porque se começou a divulgar nas re-des sociais. Havia o hábito de colocarnas vitrinas disponibilizadas pela jun-ta de freguesia e nem isso foi feito”,lamentam, entendendo que a votaçãodescoberta “condicionou” algumaspessoas, que “tiveram medo derepresálias”.

Rui Rodrigues admite que a divul-gação “pode não ser sido a mais cor-recta”, mas “por paradoxo, estavamaté mais pessoas que o normal”. Opresidente da Mesa da AG esclarece

ainda que os estatutos obrigam auma votação secreta em “assuntos deincidência pessoal” e este era sobre a“remuneração” de um membro da di-recção. Aliás, “este ponto nem pre-cisava vir à AG. Foi por excesso dezelo. Por ser uma directora, entendeu-se dar a conhecer, por uma questão deética e transparência e isto foi expli-cado às pessoas”, afirma Rui Ro-drigues.

Célia Fernandes revela que a asso-ciação tinha feito o pedido ao centrode emprego para a colocação de umaadministrativa no âmbito do contra-to de emprego e inserção. Foi o Insti-

tuto de Emprego que a contactoupara se apresentar nos bombeiros,uma vez que estava desempregada.“Ainda me questionei se deveriaaceitar. Mas se não fosse eu seriaoutra pessoa e a direcção também en-tendeu que eu estava por dentrodeste trabalho, pelo que seria umamais-valia para a associação.”

Para a presidente, as acusações são“uma questão pessoal”, que lamen-ta, pois considera que poderão “dene-grir a imagem da instituição”. “A van-tagem desta confusão é que entroumuito dinheiro em caixa, porquevieram pagar as quotas.” EC

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SociedadeJornal de Leiria 23 de Março de 2017 13

Diariamente há dezenas de camiões a atravessar a vila de Porto de Mós, apesar de haver uma via alternativa

MARIA ANABELA SILVA

Leiria

Crianças ereclusosenvolvidos nocombate à lagartada pinheiro

Circular construída para reduzir o tráfego dentro da povoação não é usada por muitos camionistas

Moradores de Porto de Mós queremcamiões fora do centro da vilaMaria Anabela [email protected]

� Quando, em 2004, foi construídaa circular a Porto de Mós – antiga-mente designada por VDG1 e ago-ra por Avenida Dr. Licínio Moreira-, a expectativa era que a vila dei-xasse de ser atravessada por ca-miões. No entanto, mais de umadécada depois de concluída a obra,essa expectativa continua por cum-prir. É um facto que tráfego redu-ziu, mas o centro da vila continuaa ser atravessado por muitos veí-culos pesados, nomeadamente,viaturas carregadas de pedra e bri-ta provenientes das pedreiras dazona serrana. A solução, defen-dem alguns moradores, passarápela interdição do troço da EN243que atravessa a zona do rossio aveículos pesados.

Essa é a opinião de António Po-ças, presidente da Direcção doCirculo de Amigos de Porto deMós, que lamenta que o investi-mento “feito na circular para reti-rar o trânsito de pesados da vilanão tenha resultado”. “Continua-mos a ter camiões no rossio. Di-zem que a circular é apertada,mas já vi passarem lá viaturas degrandes dimensões”, constataaquele dirigente associativo e mo-rador na vila, que acredita queserá possível introduzir “melho-ramentos” na antiga VDG1 para fa-cilitar o trânsito de camiões.

“Devia ser proibido passarem

Ana Camponê[email protected]

� O Município de Leiria apresentouterça-feira, 21, Dia Mundial da Ár-vore, o Projecto Chapim - projectoecológico para o controlo da lagartado pinheiro. O objectivo é "mitigaresta praga", através do chapim, umaave, predador natural, colocandoabrigos nas árvores e evitando, as-sim, a "utilização de químicos" ou"queima dos ninhos", explicou AnaValentim, vereadora da Câmara Mu-nicipal de Leiria, responsável pelosEspaços Verdes.

Os reclusos do EstabelecimentoPrisional de Leiria (EPL) produziramos abrigos para os chapins. José Ri-cardo Nunes, director do EPL, salien-tou a importância que este projectotem para os reclusos, uma vez quelhes dá a a oportunidade de "con-tribuir para o necessário ciclo natu-ral da mudança e renovação".

Por seu lado, Mário Oliveira, pres-idente da Oikos - Associação de De-fesa do Ambiente e do Património daRegião de Leiria, frisou o perigo quea lagarta do pinheiro apresenta parapessoas e animais, em especial paraas crianças, "causando alergias eproblemas respiratórios". Pretende-se que este projecto seja relaciona-do com a vertente pedagógica, ex-plicou o ambientalista, adiantandoque serão dinamizadas "acções deformação junto dos professores".

Segundo Ana Valentim, estão já in-scritas neste projecto cerca de 50 es-colas, e que se pretende alargar a ini-ciativa às IPSS (Instituições Particu-lares de Solidariedade Social) deLeiria.

Após a instalação dos abrigos,aguardar-se-á que, até ao próximoInverno, "os chapins apareçam",disse Mário Oliveira. "Estamos nasmãos da natureza", concluiu.

A iniciativa partiu de uma organi-zação do Município de Leiria e daOikos, em parceria com o InstitutoPolitécnico de Leiria e com a Uniãode Freguesias de Leiria, Pousos, Bar-reira e Cortes.

� O concurso 7 Maravilhas de Por-tugal – Aldeias vai contar tambémcom as candidaturas da vila medie-val de Ourém (na foto) e de Aljustrel,povoação onde nasceram os pasto-rinhos de Fátima, apresentadas pelaCâmara Municipal. O prazo para aentrega dos processos terminou nasemana passada, estando confir-mada a participação de cinco aldeiasda região. As duas candidaturas deOurém juntaram-se às de Abiul(Pombal), Ana de Avis e Casal de SãoSimão (Figueiró dos Vinhos) e Pia doUrso (Batalha). No total, há 332 al-deias a concorrer, nas várias cate-gorias, que irão agora ser submeti-das a apreciação de um painel de es-pecialistas. A escolha das 49 pré-fi-nalistas será revelada a 7 de Abril.

aqui veículos pesados. Há cons-tantemente camiões a circular nocentro da vila. Só a transportar pe-dra são dezenas por dia”, acres-centa Adriano Lopes, morador emPorto de Mós, reconhecendo, noentanto, que as viaturas que cir-culam de e na direcção de Mira deAire e de Torres Novas têm difi-culdade em aceder à variante.

Embora reconheça isso, AntónioNascimento, outro habitante, lem-bra que a via foi construída paraafastar o trânsito da vila. “Gastou-se o dinheiro para quê?”, questio-na, responsabilizando a Câmara ea GNR pela situação. “Ponha-seuma placa a proibir os camiões”,defende.

O presidente do município, João

Salgueiro, diz que essa interdiçãojá foi equacionada, mas que “não éfácil”. “A VDG1 só tem uma faixa derodagem. Se houver uma avariacom um camião, o trânsito fica in-terrompido, como já aconteceu”,adverte, frisando que a via “não éuma variante”. Pelo que, alega,“não pode receber o trânsito deuma variante”.

Vila medieval de Ourém entranas candidaturas

Aldeias Maravilhas

Vila medieval de Ouréme Aljustrel entram na corrida

� Há mais de sete anos que a Associa-ção Mulher Século XXI, sediada emLeiria, aguardava pela autorizaçãopara abrir uma casa-abrigo para vítimasde violência doméstica, num aparta-mento cedido pela Câmara. A soluçãochegou agora, com a abertura no localde um centro de emergência para ví-timas, que começou a funcionar na se-mana passada.

Com o objectivo de ajudar a asso-ciação no arranque desta nova va-lência, a a.gente - Associação de ApoioSocial e Cultural, sediada em Leiria,promove esta sexta-feira, dia 24, umserão de fado, a realizar no restauranteO Truão, em Fátima. O evento come-ça pelas 20 horas e, além do paga-mento da entrada, os participantes sãoconvidados a oferecer produtos de hi-

giene pessoal, para apoiar aquelecentro de emergência.

Isabel Gonçalves, presidente daMulher Século XXI, explica que estaé uma resposta intermédia entre “asaída forçada das vítimas da sua re-sidência e o acolhimento em casas-abrigo, onde poderão permaneceralguns meses até conseguirem rees-truturar a sua vida”. Na região, já exis-te um centro do género na Batalha,gerido pela Misericórdia local Re-centemente, o provedor veio alertarpara a possibilidade de a valêncianão ter continuidade por falta deapoio do Estado, mas, entretanto, aComissão para a Cidadania e Igual-dade de Género prometeu reforçar,a partir de Abril, o financiamentopara essa casa de acolhimento.

Mulher Século XXI com nova valência

Leiria ganha centro deemergência para vítimas

Missão Continente apoia USF Rainha D. Leonor O projecto À distância de um clique, da Unidade deSaúde Familiar (USF) Rainha D. Leonor, nas Caldasda Rainha, vai ser um dos 40 apoiados pela MissãoContinente. A ideia é aproximar a equipa da USF dasrecém-mamãs, a partir do contacto via Skype,“desde o nascimento do bebé até aos dois meses".

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14 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Sociedade Segurança

Mulher foi suspensa do cargo de presidente há cerca de duas semanas

Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria quer sistema a funcionar dentro de dois anos

Floresta da região vai ser vigiadapor nove câmaras em 2019Elisabete [email protected]

� O território florestal dos dez conce-lhos que compõem a Comunidade In-termunicipal da Região de Leiria vaificar quase totalmente coberto pelo'olho' das lentes das oito novas câ-maras de videovigilância, que se jun-tam à já existente na Serra de Can-deeiros, em Porto de Mós.

O vice-presidente da CIMRL, Pau-lo Batista Santos, considera que a co-locação destas oito novas torres irãopermitir uma taxa de cobertura de75%. “Com os meios complementa-res e meios vizinhos achamos que oterritório ficará quase integralmentecoberto”, salientou.

O também presidente da Câmarada Batalha anunciou que o sistemade videovigilância deverá está emamplo funcionamento em 2019, umavez que o prazo de execução é de 24meses. Com um investimento de450 mil euros, o projecto conta comuma comparticipação de fundos co-munitários de 85%.

ProjectoCartografia de riscoaprovada

RICARDO GRAÇA

Comemorações

GNR chegou aLeiria há 100 anos

� Foi há 100 anos que a Guarda Na-cional Republicana chegou ao dis-trito de Leiria. Para assinalar adata, o Comando Territorial deLeiria da GNR está a realizar umconjunto de actividades de âmbi-to militar, social e cultural. As co-memorações iniciam-se com umaexposição, que decorre até 26 deMarço, no Mercado de Sant’ Ana,em Leiria, subordinada ao tema100 Anos da Chegada da GNR aLeiria. No domingo, pelas 10 horasirá decorrer no parque da cidadede Leiria uma caminhada solidá-ria, em que o valor das inscriçõesirá reverter a favor da AssociaçãoMulher Século XXI, instituiçãoque trabalha no apoio a vítimas deviolência doméstica. A seguir rea-liza-se uma demonstração cino-técnica e a actuação da Charangaa Cavalo da Guarda Nacional Re-publicana.

No dia 31 de Março, a BandaSinfónica da Guarda Nacional Re-publicana apresenta um concerto,pelas 21:30 horas, no Teatro JoséLúcio da Silva. O encerramentodas comemorações terá lugar nodia 1 de Abril, pelas 11 horas, umacerimónia militar, no largo 5 deOutubro, em Leiria.

Tribunal de Leiria decretou apresentações semanais ao casal

Polícia Judiciária detém suspeitosde burla e peculato em infantárioElisabete [email protected]

� A Polícia Judiciária, através do De-partamento de Investigação Crimi-nal de Leiria, deteve a presidente eo vogal – recentemente suspensos –da Supercoop - Cooperativa de So-lidariedade Social, que gere a crechee jardim de infância Superninho, emParceiros, no concelho de Leiria.

Em comunicado, a PJ informaque os dois são suspeitos da práti-ca dos crimes de peculato, burlaqualificada e falsificação de do-cumentos.

A PJ refere que “os factos sob in-vestigação aconteceram, pelo me-nos, ao longo do ciclo temporalcompreendido entre os meses deDezembro de 2015 e Janeiro de 2017,apropriando-se os suspeitos, emproveito próprio, de dinheiro e decoisas móveis que lhes eram aces-síveis em razão das funções públicasque desempenhavam, obtendo en-riquecimento ilegítimo não inferiora 116 mil euros”.

No decurso das diligências efec-tuadas, os inspectores recolheram“abundante material, nomeada-

“A videovigilância assume um pa-pel preponderante na prevenção,como elemento dissuasor de com-portamento de risco em áreas flores-tais, e no combate através do apoio àdetenção e localização dos incên-dios, aumentando a eficácia de atua-ção das equipas na contínua monito-rização do combate”, refere PauloBatista Santos, acrescentando que ascâmaras de videovigilância de Leiria,“também irão beneficiar” os territó-rios vizinhos, tendo em conta o seu al-cance.

As câmaras terão capacidade derotação de 360 graus, um alcance de20 quilómetros de distância e po-derão detectar uma coluna de fumoaté dez metros. “Com a informaçãoque as câmaras de vigilância irão dis-ponibilizar será muito mais fácilpara quem tem de gerir e tomar de-cisões operacionais”, afirma o vice--presidente, ao informar que o equi-pamento será monitorizado pelaGNR e Comando Distrital de Opera-ções de Socorro.

No território da CIMRL existia

apenas uma torre de videovigilânciadesde 2006. Paulo Batista Santosdisse que o diagnóstico que foi fei-to nestes “dez anos de actividade éconsensual” e demonstra uma “re-dução de falsos alarmes, maior pre-cisão na localização dos focos dasocorrências detectadas, melhor emais rápido dimensionamento dosmeios deslocados para o combate,melhoria no processo de monitori-zação das ocorrências e um comba-te mais rápido e eficaz”.

Fernando Lopes, presidente daCâmara de Castanheira de Pera, queliderou este projecto referiu que“nada deve descansar” as entidades.A videovigilância é “um meio com-plementar que ajuda a detectar e adecidir mais rápido”.

“Devem manter-se, se não forpossível aumentar, os meios quecolocávamos no terreno nos perío-dos críticos e não críticos”, alertouFernando Lopes, revelando que noseu concelho já se têm registadovárias ocorrências que atribui a “des-cuidos” nas queimadas.

Nazaré

Pescadoressuspeitos de tráfico‘apanhados’ em operaçãoamericana

� O enredo dava para a realizaçãode um filme de acção ao estiloamericano. Mas a apreensão de1,9 toneladas de cocaína em altomar, que levou à detenção de qua-tro pescadores da Nazaré suspeitosde tráfico de droga, foi real.

Na quinta-feira, ficou a saber--se que a operação da Polícia Judi-ciária resulta de um pedido daDEA (Drug Enforcement Adminis-tration), que contactou Portugalpara uma entrega controlada, como objectivo de identificar os maisaltos responsáveis de uma redeorganizada de tráfico de droga.

A história foi revelada, na pri-meira pessoa, por dois inspectoresda PJ, que participaram na opera-ção. Em videovigilância, com aimagem desfocada, a voz distorci-da e com nome de código, os doiscontaram ao colectivo de juízesque os americanos adquiriram adroga a alegados traficantes no sulda América, também numa opera-ção encoberta. Os 1900 quilos decocaína foram depois transporta-dos para Portugal num “voo co-mercial normal”.

A PJ ficou na posse da droga cer-ca de cinco dias, data em que iriafazer o transbordo para o barcoonde estavam os suspeitos, emalto mar. No dia 20 de Agosto de2015, o veleiro onde seguiam osinspectores encobertos contactou,em alto mar, o barco dos arguidospara fazer o transbordo de cerca de60 fardos de cocaína, o que se veioa concretizar.

Depois de passarem a droga,como se fossem traficantes, a em-barcação oculta afastou-se e o bar-co dos arguidos foi interceptadopela Polícia Marítima e pela ForçaAérea Portuguesa, contaram.

“Uma acção encoberta desta na-tureza não é normal ser reveladaem termos processuais. O que sepassou é que a droga é transporta-da desde a América do Sul pelas au-toridades americanas, é entregue àPJ, que a teve guardada em sítiodesconhecido, arranjou uma em-barcação e entregou-a estes pes-cadores. Isto do ponto de vistatécnico e até ético tem muitasquestões”, referiu aos jornalistas oadvogado dos pescadores, CarlosMelo Alves.

O jurista adiantou que esta re-velação coloca em causa se “aindaassim estes pescadores comete-ram o crime de tráfico” e conside-rou ainda que “foram violados vá-rios princípios da ordem jurídicaportuguesa”, nomeadamente “nãohá violação de bem jurídico”. EC

Durante a apresentação dosistema de videovigilância,Paulo Batista Santos anunciou aaprovação de outro projectorealizado em conjunto pelosmunicípios da CIMRL: “Fomoshoje notificados da aprovação dacartografia de risco.” Ao definiruma cartografia de risco, “deúltima geração irá permitir aquem trabalha na prevenção ecombate” aos incêndios,nomeadamente sobre asinalização dos planosmunicipais de defesa floresta eos seus recursos. Trata-se deuma candidatura de 584 mileuros, que terá umacomparticipação de “quase 500mil euros”. Outra candidaturacuja decisão ainda não éconhecida é a dos riscos decheia.

mente artigos pessoais e outros ob-jectos adquiridos fraudulentamen-te com fundos da instituição”. A in-vestigação prossegue “com intuitode comprovar outras práticas deli-tuosas latentes”.

A presidente faria compras emnome da Supercoop e pagava com oseu cartão pessoal. Depois assinavaum cheque da instituição para siprópria para ser ressarcida dos gas-tos. As suspeitas indiciam que a

mulher alteraria algumas facturasquer no valor quer no próprio ca-beçalho da entidade emitente, demodo a esconder os bens adquiridosfazendo passá-los por outros.

Após terem sido apresentes aojuiz de instrução do Tribunal deLeiria, aos detidos, com 43 e 39anos de idade, foi-lhes aplicada amedida de coacção de apresenta-ções semanais no órgão policial dasua área de residência.

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Sociedade EducaçãoJornal de Leiria 23 de Março de 2017 15

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Pedro Matos 2017

Concurso para alunos do secundário

� Matemática do Mar é o tema da 9.ªedição do concurso nacional PrémioPedro Matos 2017, promovido peloInstituto Politécnico de Leiria e orga-nizado pelo Departamento de Mate-mática da Escola Superior de Tecno-logia e Gestão. Destinado a estudan-tes do ensino secundário, o eventotem como objectivo fomentar a cria-tividade e o interesse pela Matemáti-ca e suas aplicações. Os tópicos queeste ano são lançados aos jovens es-tudantes relacionam-se com activi-dades desportivas marítimas, cons-trução/engenharia de navios, cordas,nós, redes, estatísticas da pesca, fau-na e flora marinhas, formas de nave-gação de transportes marítimos, ins-trumentos de navegação, modelosbiológicos marinhos, ondas, marés,maremotos, entre outros.

Os três melhores trabalhos originaisserão distinguidos com um prémiomonetário de 800, 500 e 300 euros,respectivamente para o primeiro, se-gundo e terceiro lugares. Para parti-cipar no prémio é obrigatório efectuara pré-inscrição online até 15 de Abril.Para mais informações deverá con-sultar o site www.premiopedroma-tos.ipleiria.pt.

Educação

Empresa doaultra-congeladorà ESSLei

� No âmbito de uma candidaturainédita, promovida pela empresa deequipamentos em aço inoxidávelTernox, a Escola Superior de Saúdede Leiria recebeu uma de quatro ar-cas de ultra-congelação, em se-gunda mão, oferecidas a institui-ções de ensino superior nacionais.O ultra-congelador Heraeus, comuma tecnologia avançada de refri-geração que permite um controlopreciso da temperatura de -50° a -86°C, é especialmente desenhadopara a conservação durante longosperíodos de produtos sensíveis,como amostras de investigação,substâncias químicas, ou reagentespara actividades de cozinha mole-cular. Os projectos de I&D que naESSLei poderão beneficiar da exis-tência deste equipamento são todosaqueles que envolvam amostrasbiológicas ou produtos de biotec-nologia para a realização de estudosexperimentais. A doação permitemelhorar a gestão do recursos ma-teriais e propor novos projectosque envolvam a conservação deamostras, o que não era anterior-mente exequível.

Na Batalha, hoje a resposta para obras de manutenção e conservação nas escolas “não ultrapassa as 24 horas”

RICARDO GRAÇA

Batalha e Óbidos fazem balanço “positivo” de projecto-piloto iniciado em 2015/16

Municipalização da educaçãotrouxe “mais eficácia” às escolasMaria Anabela [email protected]

�“Mais eficácia” e “maior celeridade”na resolução dos problemas do dia-a--dia, “melhor rentabilização dos re-cursos” e reforço da ligação à comu-nidade. Estes são os principais ganhosque, tanto na Batalha como em Óbi-dos, são apontados ao projecto-pilo-to de delegação de competências naeducação, que, além destes municí-pios, abrange mais 11 autarquias doPaís. Um ano e meio depois da entradaem vigor do programa, que arrancouno início do ano lectivo de 2015/16, enum momento em que a descentra-lização de competências na área daeducação está a ser discutida, tanto naBatalha como em Óbidos o balanço é“positivo”.

Para Luís Novais, director do Agru-pamento de Escolas da Batalha, umadas grandes vantagens prende-secom a “maior eficácia” na resoluçãodos problemas do dia-a-dia, dandocomo exemplo os trabalhos de ma-nutenção e conservação dos edifícios.“Como a decisão está mais próxima,a execução do que é necessário torna--se mais rápida”, alega.

Essa relação de proximidade per-mite, por exemplo, que hoje o tempode resposta para obras de manuten-ção nas escolas, uma das competên-cias delegadas no município, “não ul-trapasse as 24 horas”, assegura o pre-sidente da Câmara, Paulo Batista San-tos, que refere ainda o reforço do in-vestimento na conservação dos edi-fícios. “Antes, o agrupamento tinha noorçamento transferências anuais en-tre zero a mil euros para essa rubrica.Ia remendando e os problemas foram--se acumulando. Hoje, investimos omais do que isso por mês”, nota o au-tarca, revelando que, dentro do queestá contratualizado com o Ministé-rio da Educação (ME), “a Câmaraconsegue ser entre 10 a 15% mais efi-ciente”.

Celeste Afonso, vereadora da Edu-cação em Óbidos, dá também umexemplo concreto relativo a este con-celho, onde a autonomia concedidapelo contrato celebrado com o MEpermitiu recrutar cinco técnicos paraapoio à unidade de multi-deficiênciae a alunos com necessidades educa-tivas especiais. “Antes, estávamos li-gados ao CRI [Centro de Respostas In-tegradas] da Nazaré. Os técnicos per-diam parte do tempo nos trajectos. Etínhamos apenas dois técnicos du-rante algumas horas”, conta a autar-ca, referindo que foi também possívelproceder à “reorganização dos tem-pos lectivos educativos”.

“Temos hoje um projecto educati-vo que, na prática, é exequível”, afir-ma Celeste Afonso, segundo a qualeste projecto permitiu também “re-forçar a articulação entre os projectoseducativos municipal e do agrupa-

mento”, que é hoje “muito mais efec-tiva”. E, apesar de haver ainda “algu-mas arestas a limar”, como a entradaem funcionamento da plataforma detransferências de verbas, a vereado-ra da Educação de Óbidos não tem dú-vidas que o programa “é uma mais-va-lia para os alunos e para a educaçãopública”.

O presidente da Câmara da Batalhanão podia estar mais de acordo, lem-brando que no concelho o contratotornou possível a implementação deum conjunto de actividades que, “deoutra forma não seria possível”, re-ferindo projectos como a introduçãoda educação artística desde o pré-es-colar, do xadrez nas Actividades deTempos Livres (ATL) ou a Turma+.

Até ao fecho da edição, não foipossível obter um comentário da di-recção do Agrupamento de Escolas-Josefa de Óbidos.

Alzira Saraiva é a primeira docente da instituição de Leiria a jubilar-se

Professora do IPL profere última aula na ESECS � A Escola Superior de Educação eCiências Sociais (ESECS) do Politéc-nico de Leiria organiza hoje, quinta--feira, a cerimónia de jubilação de Al-zira Saraiva, a primeira docente dainstituição a jubilar-se, reforman-do-se por atingir o limite de idade en-quanto docente da ESECS.

Alzira Saraiva vai assim dar a suaúltima lição de sapiência, cujo temadefiniu como Uma reflexão pessoal

sobre o aprender nos tempos de hoje– testemunhos e ideias. Antes da suaintervenção, agendada para as 17horas, Nuno Mangas, presidente doPolitécnico de Leiria, abre a cerimó-nia, seguindo-se um elogio de RuiMatos, director da ESECS, pelas 16:30horas.

Licenciada em Geologia com a es-pecialização Geologia e Paleontolo-gia pela Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa, Alzira Sa-raiva é ainda master of education naárea de especialização Ensino dasCiências da Natureza, pela Universi-dade de Boston, mestre em Meto-dologia do Ensino das Ciências daNatureza, pela Universidade de Lis-boa (equiparação), Ph. D. pela Uni-versidade de Liverpool, e doutora emDidáctica das Ciências pela Univer-sidade de Aveiro (equiparação).

Depois de passar pelo ensino liceale ensino médio, em 1985 passou atrabalhar no ensino superior, na Es-cola Superior de Educação de Leiria,primeiro como professora em co-missão de serviço, e a partir de Fe-vereiro de 1986 como professora ad-junta; em 1997, passou a ser profes-sora coordenadora da Escola Superiorde Educação do Instituto Politécni-co de Leiria.

MinistroDescentralização“sem precipitações”O ministro Tiago BrandãoRodrigues afirmou, na semanapassada, que a descentralizaçãode competências na área daEducação “não será feita comprecipitações, mas também nãoserá feita com hesitações”. Citadopela agência Lusa, o governanteafirmou ainda, durante umaconferência sobre o tema, que adescentralização “terá a seriedadee o ritmo que aqueles – Governo,autarquias e comunidadeeducativa – que a vão executar eentregar aos portugueses foremcapazes de garantir”.

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16 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Sociedade Política

Autárquicas em Pedrógão Grande

Nacional do PSD aprova nome de João Marques

Concorre como independente

Carlos Bonifácio avança pelo CDS-PP em Alcobaça

� Carlos Bonifácio vai voltar a enca-beçar a lista do CDS/PP à presidênciada Câmara de Alcobaça nas próximaseleições autárquicas. Em comunica-do, o presidente da concelhia justifi-ca a escolha do candidato, que con-corre como independente, com a“sua experiência, o conhecimentoaprofundado do concelho e a suahonestidade”, que fazem dele a pes-soa “com melhor perfil para encetaruma alternativa credível e alterar orumo desastroso da actual gestão au-tárquica”. Defendendo que no CDS-PP “o critério de escolha não é a filia-ção no partido”, Luís Querido reiteraque o emprego, as zonas industriais,o turismo e a cultura “terão um par-ticular destaque no compromisso

eleitoral” dos centristas.Segundo o presidente da concelhia,

é também “necessário estancar afuga de jovens” e criar condiçõespara que aqueles que “se especializamregressem a Alcobaça”. O dirigente de-fende ainda como prioritário ter uma“autarquia moderna direccionadapara as pessoas”, considerando “in-qualificável” que a Câmara de Alco-baça “seja dos poucos municípiosdo País que não possui um balcão úni-co”, que integre “todos os serviços ca-marários de atendimento num mes-mo espaço”.

Em 2013, a candidatura do CDS/PP,também liderada pelo ex-vereador doPSD Carlos Bonifácio, conquistou17,5% dos votos.

� Estão desfeitas as dúvidas. O can-didato do PSD à Câmara de PedrógãoGrande será João Marques. O nomedo ex-presidente, que liderou a au-tarquia durante 16 anos e que nas úl-timas eleições não pode concorrerdevido à lei de limitação de manda-tos, foi ratificado na terça-feira pelaComissão Política Nacional (CPN)do PSD, depois de aprovado peladistrital e pela concelhia. Sem sur-presa, a nacional homologou tam-bém os nomes de João Marreca e deLuís Albuquerque como cabeças-de-lista às Câmaras de Castanheira dePera e de Ourém.

A decisão das estruturas sociais-democratas relativa a Pedrógão Gran-de poderá abrir caminho à candida-tura, como independente, do actualpresidente, Valdemar Alves, que,até ao fecho de edição, não foi pos-sível contactar. Essa possibilidade foiadmitida pelo próprio, na semanapassada, em declarações ao JOR-NAL DE LEIRIA. “A minha candida-tura é uma questão de honra”, afir-mava, lembrando a recomendação

Comunistas querem eleger vereador e reforçar presença na Assembleia

Anabela Baptista volta a ser apostada CDU para a Câmara de LeiriaMaria Anabela [email protected]

� A CDU volta a apostar em AnabelaBaptista, advogada que concorrecomo independente, para liderar alista à Câmara de Leiria, repetindotambém a candidatura de Filipe Reiscomo número um à Assembleia Mu-nicipal. E os objectivos estão traça-dos: conseguir, pela primeira vez, aeleição de um vereador e reforçar apresença da coligação PCP-PEV naAssembleia Municipal, onde temdois eleitos.

À margem da apresentação públi-ca dos cabeças-de-lista, que teve lu-gar no sábado, Anabela Baptista ex-plicou aos jornalista que aceitou re-candidatar-se por entender que “épremente” apresentar uma candi-datura na linha do programa que de-fendeu em 2013 e por acreditar queo resultado obtido nas últimas au-tárquicas pode ser “incrementado emelhorado”, com a eleição de um ve-reador. No seu entender, a presençada CDU na Câmara trará “mais-valiasem termos de transparência”, con-tribuindo para aumentar o conheci-mento sobre as matérias e sobre amotivação das decisões”.

Na sua intervenção, Anabela Bap-tista explicou que a candidatura pre-tende ser “expressão de uma vonta-de firme de alteração do modelo degestão e dinâmica autárquica emLeiria”, defendendo que “é neces-sária uma inversão de ciclo” e queisso “passa necessariamente peloreforço da CDU” na Câmara e nas fre-guesias. A cabeça-de-lista não pou-pou críticas à maioria PS que gere a

câmara, nomeadamente pelo “défi-ce de investimento” e pelo “acu-mular, ano a após anos, de saldos degerência que atingiram 39 milhões deeuros em 2016”.

Para a candidata da CDU, tais “ex-cedentes orçamentais representamnão uma boa gestão, conforme afir-ma o PS”, mas pretendem “ocultara incapacidade e inépcia da gestão doPS na Câmara Municipal de Leiriapara resolver os problemas de de-senvolvimento do concelho”. A ca-beça-de-lista criticou ainda a “in-justiça fiscal” que diz marcar os or-çamentos municipais, “com a recu-sa em baixar as taxas do IMI confor-me proposta da CDU, enquanto sebaixam taxas de publicidade em35%”, e denunciou “o sub-investi-mento crónico” nos sistemas de es-gotos. “O dinheiro que vai sobrandona Câmara falta nos SMAS para fazero que é necessário a ritmos aceitá-veis”, acusou.

Anabela Baptista prometeu, porisso, que o voto na CDU “assinalaráuma mudança de paradigma contra aineficácia e errada gestão” da câma-ra e será “um voto na melhoria do sis-tema de transportes colectivos urba-nos” e pela concretização de um cen-tro de ciência viva, pela requalificação“urgente” do mercado municipal epelo “apoio estruturado e impulsio-nador” da actividade cultural.

Natural e residente em Leiria, Ana-bela Baptista tem 43 anos e é advo-gada. Por seu lado, Filipe Reis, de 36anos, nasceu em Figueiró dos Vi-nhos, mas vive em Leiria e é operá-rio da indústria metalúrgica e mem-bro da Assembleia Municipal.

PenicheRogério Cação lidera listaEm Peniche, a CDU escolheu comocabeça-de-lista à Câmara RogérioCação (na foto), enquanto o actualpresidente, António José Correia,que não se pode recandidatardevido à lei de limitação demandatos, vai liderar a equipa queconcorre à Assembleia Municipal(AM). Natural de Peniche, RogérioCação tem 61 anos e uma vastaexperiência ligada a organizaçõessociais. É presidente da Direcção daCercipeniche e vice-presidente daFederação Nacional dasCooperativas de SolidariedadeSocial. Distinguido em 2010 com acomenda da Ordem de Mérito, foivereador na Câmara de Peniche(1986 e 1990) e presidente da AM(2005-2012). A apresentaçãopública dos cabeças-de-lista estáagendada para domingo, numasessão a realizar no auditóriomunicipal, pelas 18 horas, com apresença de Jerónimo de Sousa,secretário-geral do PCP.

Ex-presidente da Câmara de Pedrógão Grande, João Marques volta aconcorrer ao cargo

aprovada na CPN, que defende a re-candidatura dos actuais presidentes,desde que a lei o permita. “Paramim, esta deliberação funcionacomo lei, pelo que a concelhia e a dis-trital de Leiria não estão a cumpri-la”, dizia, revelando que encomen-dou uma sondagem, que está depo-sitada na Entidade Reguladors paraa Comunicação Social, que lhe dá “avitória, quer como candidato do PSDquer como independente”.

João Marques limita-se, para já, acomentar a decisão da CPN. “Ficomuito satisfeito. O PSD é o partido daminha vida. É uma honra ser candi-dato pelo PSD na minha terra”, afir-ma, sublinhando que a ratificação doseu nome pela nacional “respeitaas decisões das estruturas locais e dadistrital, ou seja, dos militantes”.Aprovada que está a candidatura, ocabeça-de-lista do PSD diz-se agora“disponível para lutar por PedrogãoGrande”, para que o concelho “vol-te à velocidade de desenvolvimentoa que estávamos habituados e queamainou nos últimos anos”. MAS

Filipe Reis e Anabela Baptista (à esq.) voltam a liderar lista da CDU à Assembleia e Câmara de Leiria

MARIAANABELA SILVA

ARQUIVO/JL

DR

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 17

Sociedade Saúde

Maria Anabela [email protected]

� Divulgado, na semana passada, oInquérito Alimentar Nacional con-cluí que os portugueses comemcarne a mais e abusam do sal e doaçúcar. Houve algum dado que atenha surpreendido mais? O último inquérito do género é de1980. Apesar disso, os resultadoseram mais ou menos previsíveis.Não sendo novidade, destaco o fac-to de termos uma elevada preva-lência de excesso de peso na popu-lação portuguesa. Mais de 50% dosportugueses têm peso a mais ousão mesmo obesos. Realço aindaos dados relativos ao consumo decarne. A nossa população tem umconsumo de carne muito acima doque é recomendado. Devíamos con-sumir entre 90 a 120 gramas de car-ne ou pescado por dia, o que nãoacontece. Os dados do estudo revelam quemais 3,5 milhões de portugue-ses comem mais de 100 gramaspor dia.E o problema é que, dentro destegrupo de alimentos, a carne verme-lha, que tem maior percentagemde gordura, Seria a opção que de-víamos consumir menos vezes. Masestá muito presente no padrão ali-mentar dos portugueses. Também muito presentes estão asbebidas açucaradas. Segundo o es-tudo, mais de 40% dos adolescentesconsomem diariamente refrige-rantes e nectares em excesso.É uma percentagem muito elevada.Em Portugal, aplica-se uma taxa àsbebidas açucaradas, o que está a le-var a indústria a, gradualmente, re-duzir quantidade de açúcar paraque as bebidas possam estar isentas.A aplicação de taxas a esse tipo alimentos é uma medida eficaz?É discutível. Nesta área da saúde pú-blica, a nossa abordagem é semprea de tentar contribuir com informa-ção, para que as pessoas possam fa-zer as suas escolhas, de forma in-formada, sabendo quais os riscosque correm e quais os alimentos quedevem ou não consumir e com quefrequência. Mas isto não é suficien-te. Temos hoje à nossa volta um am-biente completamente obesogénico,promotor de uma alimentação pou-co saudável. A oferta alimentar nosespaços públicos não é a melhor.Num bar de uma escola, provavel-mente, é mais caro comer um pão euma peça de fruta do que um sumoe um bolo. Estas questões condi-cionam as escolhas, sobretudo,

“Temos à nossa volta um ambientecompletamente ‘obesogénico’”

Maria João Gregório Nutricionista e docente na Escola Superior de Saúde de Leiria, defende restrições à publicidade de alimentos destinados a crianças

RICARDO GRAÇA

quando sabemos que existe umapercentagem significativa da popu-lação que tem dificuldades na aqui-sição de alimentos. No passado, ha-via hortícolas e fruta disponíveis apreços acessíveis. Hoje, temos co-mida rica em gordura, sal e açúcarbarata, enquanto os produtos frescosestão cada vez mais caros. Que medidas podem ajudar acombater este ambiente “obe-sogénico”?Uma questão importante tem a vercom a publicidade e o marketingdos alimentos. As crianças são asmais influenciadas por este tipo deestratégia. Portugal devia caminharno sentido de restringir a publicida-de de alguns alimentos destinados acrianças nas horas em que, habi-

tualmente, elas estão a ver televisão.Também será importante mudar aoferta disponível em diversos lo-cais públicos, onde as pessoas pas-sam muito tempo, nomeadamen-te nas escolas, incluindo as insti-tuições do ensino superior. Algu-mas destas medidas que podem fa-zer com que as medidas de sensi-bilização alimentar sejam mais fa-cilmente adoptadas. Voltando ao Inquérito AlimentarNacional, os dados revelam que60% das crianças e adolescentesnão consomem as doses diáriasrecomendadas de fruta e hortíco-las. Como é que se pode pôr osmais novos a ingerir este tipo de al-imentos?Há estudos comparativos segundoos quais em Portugal as criançastêm consumos de hortícolas e de fru-ta mais elevados do que noutrospaíses na Europa. Em todo caso,isso não é suficiente para atingirmosa recomendação de 400 gramas pordia. Para incentivarmos as nossascrianças a consumir este tipo de ali-mentos é fundamental que existauma exposição e introdução preco-ce destes alimentos. Num primeirocontacto, os hortícolas podem nãodespertar logo o gosto. Se insistirmose formos repetidamente expondo acriança a estes alimentos é maisprovável que este gosto se desen-volva. E os pais têm de dar o exem-plo. Não podem apenas dizer que éimportante consumir. A sopa é es-sencial. Se conseguirmos que as

nossas crianças comam um prato desopa ao almoço e ao jantar e três pe-ças de fruta por dia quase que con-seguimos atingir a recomendaçãodiária dos 400 gramas de hortofru-tícolas. Não é assim tão difícil. A crise que, nos últimos anos, afec-tou o País pode justificar a perda dequalidade na alimentação? Não temos um estudo antes e outrodepois da crise para perceber a evo-lução, mas sabemos que existe umapercentagem da população com di-ficuldade em ter acesso a uma ali-mentação saudável porque tem di-ficuldades económicas. Dados re-centes, [do projecto Saúde.Come,desenvolvido por investigadores daUniversidade Nova de Lisboa, entreos quais, Maria João Gregório] reve-lam que uma em cada cinco famíliasem Portugal se encontram em si-tuação de insegurança alimentarpor não ter acesso a uma alimenta-ção saudável e por receio de não tero que comer por motivos financeiros.De um modo geral, quem está nes-ta situação tem um consumo dehortofrutícolas mais baixo. Por ou-tro lado, os alimentos processados,ricos em gorduras, açúcar e sal, são,muitas vezes, preferidos por estegrupo da população porque têm umpreço mais baixo. Há ainda que terem consideração que estas pessoasestão, muitas vezes, dependentes deprogramas de ajuda alimentar que,em grande parte dos casos, têmpouca capacidade de oferecer pro-dutos frescos.

Num bar de umaescola,provavelmente, émais caro comerum pão e umapeça de fruta doque um sumo eum bolo

Em destaque

Pombal Conferência sobresaúde psicológica

Amanhã, sexta-feira, pelas 21 horas,a Psivalor - Núcleo de Intervençãoem Saúde Mental, convida opsiquiatra António Reis Marques,ex-director do Serviço dePsiquiatria do Centro Hospitalar eUniversitário de Coimbra, paraabordar “O contraste entre oestigma e as ténues fronteiras queexistem entre a saúde e a doençapsicológica”. O debate insere-se nociclo de Tertúlias A Dor Escondida -Perspectivas sobre a saúde.

Leiria Caminhada a favor da Liga Contra o Cancro

A 1.ª Caminhada solidária nafreguesia de Marrazes, a favor daLiga Portuguesa Contra o Cancro(LPCC), irá realizar-se no próximodia 2. A concentração está marcadapara as 9:30 horas, no largo da igrejaparoquial de Marrazes, em Leiria. Ainiciativa servirá também paradivulgar informação sobre o cancroe promover a educação para asaúde. A iniciativa é organizadapelo Grupo de VoluntariadoComunitário de Leiria do NúcleoRegional do Centro da LPCC.

Campanha ClínicasPedro Choy assinalam 30 anos

As Clínicas Pedro Choy, que têmum espaço em Leiria, estãoassinalar 30 anos de existência e de“experiência acumulada” emacupunctura e medicina chinesa.Para celebrar a data, têm em cursouma campanha, oferecendo aactuais e potenciais clientescondições especiais nas consultasdo departamento clínico e deemagrecimento. A campanhadecorre até 29 de Abril e contemplaainda que, na aquisição de algumasdas modalidades disponíveis naclínica, o paciente beneficie deuma sessão de acupunctura.

Porto de MósWorkshop sobre reike na biblioteca

A Biblioteca de Porto de Mósacolhe este sábado, dia 25, oworkshop Reiki, a energia douniverso. A acção terá lugar entreas 15 e as 16 horas e tem comoobjectivo explicar o que é o reiki,onde é utilizado e qual a“filosofia de vida onde seenquadra”, explica organização.Haverá também umademonstração da energia reiki.

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18 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Leitores A direcção do Jornal de Leiria recebe com agradopara publicação a correspondência dos leitores quetratem de questões do interesse público. Reserva-seo direito de seleccionar os trechos mais importantesdas Cartas ao Director devidamente identificadas,publicadas nesta secção.

[email protected]

Sector empresarial do Estado: a Linha do Oeste ao entardecer...

Crise, qual crise?Nos últimos anos tem aumentado alavagem de dinheiro em Portugal,desconhecendo o signatário qual ométodo preferido. Se a seco, comonas lavandarias, se sem água comoassistimos nos automóveis, ou poroutra via mais avançada sem deixarrasto ou marcas nas notas. Desde oconhecido na comunicação social“Zé das Medalhas” com portaaberta na baixa lisboeta que partiapara a Suíça com malas cheias parafazer o favor aos grandes sortudos aquem saía a lotaria todas assemanas. De carro ou de avião lá iao “Zé” sem despertar as atençõesàqueles que têm por missãoescrutinar nas fronteiras os que sãosuspeitos de tanto malote. Averdade é que não era importunadoe o dinheiro entregue em Lisboachegava em boas condições à Suíça. Pelo que se tem notado com esteaumento de lavagem, não deixamde aumentar os intermediários quenão sei se estarão inscritos nasFinanças em alguma profissãoanexa ao código do IRS. Nuncasaberemos se esta gente (osfugitivos e os intermediários) pagaimpostos, mas a verdade é que éum crime lesa pátria obrigar a queoutros, não vivendo destesexpedientes, sejam chamados apagar mais impostos porqueaqueles que têm aumentado assuas fortunas constituídas ouaumentadas em tempos de crise.Não lhes interessa que Portugalande para a frente ou para trás. Alguém há-de ser chamado a pagar.Na lista dos notáveis Forbes eles atéaparecem com classificação,disputando sempre os melhoreslugares, para no final poderem serdotados de uma comenda até aomomento concedida pelo PR. Oúltimo, Cavaco Silva, condecorouhomens brilhantes como o ZeinalBava, da PT, e mais trêsmencionados nos papéis doPanamá. Outra chatice para Cavacopublicar nos seus saudosos roteiros.Trago à coacção este tema porqueos banqueiros já arranjaram, com asua incapacidade em emprestaremdinheiro sem garantias reaisdevidamente avaliadas, alguémque vai pensando por eles e seprepara para lhes limpar osbalanços do crédito mal parado. A solução parece ser óptima e ébom que o Conselho Económico eSocial vá preparando sistemasemelhante para aqueles quecompram à indústria dos moldes edos plásticos e que acabam por nãopagar. Ou seja, ou há moralidade oucomem todos. Refiro estes doistipos de indústria porque estamosinseridos no meio delas e aindabem, porque existe assim maistrabalho para mais dispostos atrabalhar. Primeiro apareceram os famososperdões fiscais de Oliveira e Costa,secretário de Estado dos AssuntosFiscais, ou seja ajudante de Cavaco,porque esta era a forma como eledefinia os secretários de Estado,

perdões decretados à medida equem sabe se não estarão por aquias bases para a constituição da SLNe BPN. Quem sabe? A seguirchegam as amnistias fiscais a trocode 5% ou 7,5% de IRS podendodesta forma o dinheiro já limpinhoregressar a Portugal bem lavado ebem desinfectado sem perigo decontágio de doenças infecciosasresistentes aos antibióticos. Ochamado RERT, ou via verde, paraeles viverem mais tranquilos, semperigo de corte de autoestrada parao desenvolvimento pessoal.Ernesto Silva, Marinha Grande

Cáritas - - esclarecimentoTêm chegado ao conhecimento dadireção da Cáritas Diocesana deLeiria-Fátima manifestações dedesagrado por parte de algunsvoluntários que estão nos locaispúblicos a participar no peditórioanual desta Cáritas, pelo modoagressivo, mal-educado einconveniente como algumas

pessoas se lhes têm dirigido.Tal atitude, parece, tem comojustificação as notícias que algunsórgãos de comunicação social, nosúltimos dias, têm relatado, umasituação vivida pela CáritasDiocesana de Lisboa e a sua relaçãocom uma herança que lhe terá sidodestina.Gostaria de esclarecer que, além denada justificar as reações agressivaspor parte das pessoaseducadamente abordadas paracontribuírem no peditório a favorda Cáritas de Leiria, a situaçãodescrita nos meios de comunicaçãosocial nada tem a ver connosco.De facto, não só na organização daCáritas em Portugal as 20 CáritasDiocesanas são totalmenteindependentes entre si, como asituação vivida pela CáritasDiocesana de Leiria não temqualquer semelhança com a deLisboa.A Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima tem como patrimónioimobiliário apenas a casa da praiado Pedrógão que se destina aacolher e proporcionar férias à beiramar a crianças, maioritariamenteoriundas de famílias carenciadas.

Continuamos a receber criançasque nunca antes tinham visto omar… e cuja gestão é sempredeficitária e o saldo negativo pagocom o resultado do peditório anual.Os pedidos de ajuda que recebemospor parte das famílias, todas assemanas, visando satisfazernecessidades primárias, sãosuportados pelas ofertas que vamosrecebendo, além da Operação DezMilhões de Estrelas e peditórioanual. Os exercícios dos últimosanos, coincidentes com os anos demaior crise em que aumentousignificativamente o número depedidos e diminuíram as ofertas, foideficitário ou praticamente nulo.Com a situação de descrédito daação social da Cáritas em quealguns meios de comunicaçãosocial embarcaram e que se refletena previsível diminuição de ofertaspor parte dos cidadãos, aspossibilidades de manutenção deajuda aos mais carenciados quevimos assegurando aos longo demuitos anos, e que se agravou nosúltimos, ficam seriamenteprejudicadas. Quem acaba porsofrer mais com esta campanha dedesacreditação geral é o elo mais

Meti-me na automotora da Linha do Oeste, numdestes fins-de-semana - por benefício já doestatuto "grisalho" - para vir à terra, um pouco anorte de Leiria. Uns quilómetros andados,quando se aproxima o cobrador peço-lhe bilhetepara o destino e este, admirado, diz-me que só épossível até Leiria, por aí terminar o respectivogiro. Depois de aguardar, nas Caldas, cerca demeia hora pela composição seguinte, lá continuoviagem numa outra carruagem ronceira e comsucessivas camadas de pintura, mal sobrepostas,a esconder-lhe a velhice. A partir de S. Martinho,viriam três a quatro passageiros e em Leiriadescemos dois. Quase de imediato, a tripulação(cobrador e maquinista) entraram aqui num táxi

fretado pela CP., com destino a um hotel nacidade, para pernoita, a expensas também daempresa.Outro taxista (que, aliás, com dificuldade logreichamar dalgures) levou-me, passados uns bonsquartos de hora, finalmente ao destino; e,enquanto comentávamos no trajecto a faltahabitual de passageiros na Linha do Oeste e osseus custos, acrescentou inocentemente "eamanhã, de manhã, saem dois táxis do hotel: umcom o cobrador e outro com o maquinista,porque este tem de sair de lá mais cedo, para pôra aquecer a máquina!..."Não haverá alternativas a esta fotografia?!Joaquim Heleno

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

fraco da sociedade, os pobres.De salientar que as contas, relatório deatividades e demais documentação daCáritas Diocesana de Leiria-Fátimaestá ao dispor de qualquer pessoa quea queira consultar.Júlio Martins, presidente da direçãoda Cáritas Diocesana de Leiria-FátimaTexto escrito de acordo com a novaortografia

Visitantes do castelo“à força”A Câmara de Leiria tem anunciado,nos últimos anos, números recorde devisitantes ao castelo. Será certamentereflexo da maior dinâmica do turismoe de capacidade de atracção da cidade.Mas deve-se também à maiordinamização do castelo que tem sidoimprimida pela Câmara, emcolaboração com o movimentoassociativo do concelho, o que é delouvar, porque os monumentos sempessoas são apenas pedras.Concordando com essa dinâmica, nãoposso concordar com o que se passouno último sábado. O castelo recebeuquase uma centena de crianças dosAgrupamentos de Escolas deCaranguejeira e Santa Catarina daSerra e Correia Mateus, para umtorneio de xadrez. A escolha do localnão podia ser mais a propósito einspiradora. Jogar na sala Paços daRainha ou na varanda do castelo, comvista para a cidade é, de facto,deslumbrante. Até aqui, nada aapontar.A questão foi que, para poderemassistir ao desempenho dos seusfilhos, os pais tiveram de pagarentrada. Não está em causa o valor:2,10 euros. Penso que ninguém ficarámais pobre por isso. O que contesto éque se esteja a arrecadar receitas comeste tipo de eventos. Sei que aorganização bem se esforçou para queassim não fosse, mas não conseguiudemover quem de direito destadecisão. No final do ano, lá teremos a câmara aincluir estes visitantes e pagantes “àforça” nos números de entradas nocastelo. Assim, não é muito difícilbater recordes. Basta aproveitar a boavontade e o trabalho das associaçõespara a organização de eventos deinteresse público, ceder-lhes, e bem, oespaço e depois pôr alguém a cobrarbilhetes à entrada. É dinheiro emcaixa. Quase 100 meninos. Secontarmos, pelo menos, umacompanhante por cada um, amultiplicar por 2,10 euros… é fazercontas, como diria o outro. Sandra Silva

RectificaçãoNa página 24 da edição de 16 deMarço, no artigo sobre a Moldoeste,escreveu-se que a nova fábrica deplásticos do grupo será a maior dopaís, quando na verdade seria dodistrito. Aos visados e aos leitores asnossas desculpas.

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OpiniãoJornal de Leiria 23 de Março de 2017 19

AAssembleia da República (AR), o nossoParlamento, é talvez o órgão de soberaniamais impopular do país, malgrado aJustiça, que também não recebe muitos

aplausos. Vive (funciona) nos moldes com quefuncionava nos finais da monarquia liberal. Eçade Queiroz deixou-nos epítetos sobre o seufuncionamento, que até parece que estamos a vera AR dos nossos dias. Poupo-vos a essas críticasmordazes que faziam corar as senhoras devergonha.Mas não resisto à qualificação de deputados “decu” com que Eça pretendia designar a maiorparte dos representantes do povo: entravammudos, saíam calados e em toda a legislatura sóse levantavam para votar, sentando-se deimediato. Se repararem bem, é o que aconteceainda hoje à “multidão” dos 230 deputados quesupostamente nós elegeríamos, mas na realidadenão elegemos. Já aqui expliquei isto e por issopasso à frente.O que me traz hoje a este assunto é o deplorávelaspecto de que a AR dá mostras, sobretudo nosdebates quinzenais, na presença do governo. Porpouco e por este andar não tarda que nãoestejamos a assistir a espectáculos de agressãofísica, como temos visto noutros paísesmiseráveis por esse mundo fora. Apesar dapedagogia do Presidente Marcelo, desvalorizando(disfarçando?) a crispação e sublinhando que empolítica não há inimigos mas apenas adversários.De facto assistimos todos os dias a cenaslamentáveis que rodam o insulto e a falta deeducação. Há dias, quando o ministro Centenoanunciava o valor definitivo do melhor défice dehá 42 anos, nem um sorriso nos sectores dasoposições. Em qualquer democracia moderna, o

líder da oposição levantava-se e ia felicitar oministro pela proeza, como tantas instânciasinternacionais, aliás, fizeram.Outro aspecto da nossa AR a lamentar é o factode passar a vida em CPI’s (ComissõesParlamentares de Inquérito) em vez de legislar,como seria seu principal dever. A figura jurídicados inquéritos parlamentares está prevista naConstituição de 1976 e inclui-se no âmbito queincumbe à AR de vigilância do cumprimento daCRP e das leis, bem como da apreciação dos actosdo governo e da administração pública. Mas nostempos que correm o seu uso está a sersubvertido, por excessivo. Visam o espectáculopolitiqueiro, a perturbação da actividade dogoverno e outros fins menos claros. Basta de CPI’s edeixem trabalhar quem está a fazê-lo e bem.Outro aspecto a lamentar (tantos haveria a referirainda!) é o caso do Conselho Superior de Fiançase da súbita conversão à fé dos milagres da suapresidente, a Dr.ª Teodora Cardoso (TC). Ela e oseu CSF bem que seriam dispensáveis e, comisso, ainda se poupava algum dinheirito. TC évítima da pouca economia que se estudava noseu tempo (e no meu!) na velha escola doQuelhas, em Lisboa. Eu superei essa falha, elapenso que não. Além disso, é uma pessoa quevive mal com a vida, tal como outros(as) que nãodesarmam em denegrir a “geringonça”, apesar do“case study” em que se está a tornarinternacionalmente. Quanto ao milagre, eu queaprendi com o bispo D. Serafim a acreditar nosque acreditam, não posso acreditar no “milagre”referido por ela. O Presidente Marcelo tambémnão acredita e já explicou porquê.

Economista

Soubemos recentemente daintenção dos partidos deesquerda de limitar ossalários pagos pelas

empresas privadas. Ficamosagora a aguardar em que termospretendem estes partidos, maisuma vez, imiscuir-se na gestãodas empresas privadas. Já não secontentam em criar dificuldadese constrangimentos queprejudicam a sua atividade… Mas importa constatar a falta depudor de quem exige para osoutros aquilo que não faz para si.Os mesmos partidos queanuíram em aumentar brutal egrotescamente os salários pagospela Caixa Geral de Depósitosaos seus administradores são osmesmos partidos que queremnas empresas privadas colocarlimites. Confuso? É normal. Aquiestá um bom exemplo deincoerência.Mas não é o único caso. Começaa ser um padrão decomportamento destes partidos.Quem não se recorda derecentemente o Governo terproposto uma lei para imporquotas para mulheres nosconselhos de administração dasempresas cotadas em bolsa? Equem não se lembra de, quaseem simultâneo, no maior bancoportuguês, do qual o Estado é oúnico acionista, o Governopropor apenas uma únicamulher para o seu Conselho deAdministração? Pois é, não énova esta forma de governarexigindo mais para os outrosdaquilo que defende e executapara si. Outro dos exemplosparadigmáticos é na área doemprego. A crítica constante aoemprego precário que ouvimosnos últimos anos da parte dospartidos de esquerda esbarraagora na fria realidade dosnúmeros de 2016 em que a maiorparte do emprego criado foiatravés de contratos a prazo, ouseja, vínculos precários. E, diga-se, também nunca houve emPortugal tantas pessoas aganharem o salário mínimocomo nos dias de hoje. Quando,supostamente, os partidos quesuportam o Governo repudiam apolítica de baixos salários. Atépodem repudiar na teoria,porque na prática promovem-naa níveis nunca antes vistos. E vendo tantos casos em que aspalavras estão tão distantes daação política, apetece dizer que"bem prega frei Tomás, faz o queele diz e não o que ele faz..".

Deputada do PSDTexto escrito de acordo com a novaortografia

TRIBUNALIVREFranciscoJ. Mafra

Mar-garidaBalseiroLopes

Assuntos parlamentares e par(a) lamentares

A esquerda de Frei Tomás

OVerão aproximava-se lesto. Com ele otempo de férias. Para preparar casapara o tão merecido quanto desejadorepouso, quiçá tempo de diversão,

por mim e para a família, fui até à AldeiaLusitana, Óbidos. Chegado ali dei-me compessoal a alindar o aldeamento. Relva aqui,amores-perfeitos ali, gota-a-gota mais além.Nesta azáfama de joelhos, de rastosenlameados, um dos jardineiros, cônscio dasua tarefa, ao responder à saudação de 'boatarde mestre' disse “gosta?” E o que poderia eu dizer? Nunca o haviavisto. Enquanto isto respondi-lhe: acho quevai de vento em popa! “Sabe, é que eu nãosou jardineiro”. Então? “Era GNR”. Penseique estivesse a brincar comigo. Mas láganhou mais à-vontade. E desatou alamentar-se. “A reforma não chega e temosque agarrar estes trabalhitos.” E continuoude rastos ajardinando.Percebi que o homem fora agente da ordem,agora via-se jardineiro. Não é que isso sejademérito para alguém. “Coitado”, disse paracomigo. Arrumou a nobre farda e bem assimteve de enfardar uns maltrapilhos só porqueo Estado patrão não assegura subsistência

LeonelPontes

De rastosbastante aos seus servidores. De prontovieram-me à memória os estudos da Escolade Recursos Humanos de Mary ParkerFollet (1927) trabalho onde analisara obehaviorismo do estímulo. Mas quer lá oEstado saber ou mesmo valorizar aquelesque o servem?Todavia, não deixa de ser bizarro darmosconta, todos os dias, de gente que, apretexto de também haverem servido opaís, auferem milionárias reformas,embora, isso sim, tenham deixado o país derastos. Ainda assim são contemplados comchorudas reformas. Adiante.Estava a preparar-me para escrever acrónica desta semana, esta mesma, e doucomigo, aos primeiros raiares do sol, aobservar as minhas costumeiras esimpáticas visitas, um casal de rolas, quesaltitam daqui para ali em permanentesociabilização com outras aves de chilreio.E não deixa e ser curioso, pois, de observaro esforço que o homem faz para assegurar asua subsistência enquanto naturalmenteoutros subsistem ao correr da sorte.

Mestre em Gestão

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20 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Economia

Exportações de cerâmica subiram 6% e somaram 701 milhões de euros Dinâmica A indústria cerâmica está bem e recomenda-se. Dados da associação sectorial revelamque as exportações cresceram 6,3% no ano passado, atingindo os 701 milhões de euros. Os produtosportugueses chegaram a 163 mercados internacionais

RICARDO GRAÇA

Raquel de Sousa [email protected]

� Cinco milhões e meio de euros emvendas no ano passado, valor que tra-duz um aumento na ordem dos 10%face a 2015. Para a Val do Sol, cerâmi-ca de Porto de Mós, 2016 foi um“bom ano”, não só devido ao cresci-mento das vendas, mas também por-que conseguiu “subir preços”, ex-plica Eduardo Alves.

Esta empresa exporta toda a pro-dução e o seu responsável conta quese nota uma deslocação da procura da

Ásia para o nosso País. “Portugal temas condições certas: está bem posi-cionado geograficamente, os preçosque pratica não são demasiado altose há oferta de produtos complemen-tares à cerâmica”.

A indústria enfrenta, contudo, al-guns constrangimentos. “Há a velhaquestão do preço da energia. Mas omais importante seria que o Estadonão mexesse nos custos do trabalho[por via do aumento do salário míni-mo]. Se baixasse os impostos, as pes-soas teriam mais rendimento dispo-nível”, entende.

“Após a crise económica mundialde 2008-2009, as exportações por-tuguesas de cerâmica conseguiramcrescer de uma forma sustentada” e,de acordo com a APICER – AssociaçãoPortuguesa das Indústrias de Cerâ-mica e Cristalaria, tiveram em 2016 “omelhor ano de que há registo”. O va-lor das vendas para o estrangeiro as-cendeu a 701 milhões de euros, “omais elevado de sempre”, e traduzum aumento de 6,3% face a 2015.

“O bom desempenho das expor-tações de cerâmica reflectiu-se tam-bém na sua contribuição para a ba-

lança comercial portuguesa. Em 2016cifrou-se nos 573 milhões de euros ea taxa de cobertura das importaçõespelas exportações ascendeu a 547%(de referir que a taxa de cobertura mé-dia para o conjunto de bens foi de82,4%)”, aponta a associação. “Este foio terceiro melhor desempenho emtermos globais (a seguir aos minériose às pastas de madeira) e ainda o sé-timo melhor desempenho em termosdo saldo de comércio internacional”.

No ano passado, a cerâmica portu-guesa chegou a 163 mercados inter-nacionais. Para o conjunto dos pro-

dutos cerâmicos (onde se inclui a ce-râmica utilitária e decorativa, pavi-mentos e revestimentos, louça sani-tária, telhas e outros), França é oprincipal mercado de destino, se-guindo-se Espanha, Estados Unidos,Alemanha e Reino Unido. Um poucomais de 70% do valor total exportadofoi para o mercado comunitário,29,8% para o mercado extra-comu-nitário.

“O design, a qualidade, a aposta nainovação são alguns dos atributosque têm pesado nestes valores fran-camente positivos”, considera José

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 21

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Sequeira, presidente da APICER. “Enão obstante a grave crise económi-ca que afectou o sector e a já famige-rada concorrência desleal de paísesterceiros, em particular dos paísesasiáticos, não deixa de ser admiráveleste valor recorde das nossas expor-tações em 2016. Estes resultados sãoa prova da visão, do espírito de resi-liência e empenho dos empresários donosso sector, dos seus colaboradorese de todos os nossos associados”,frisa o dirigente.

Aposta no design, qualidade, ser-viço e fiabilidade são apontados igual-mente por Nuno Graça como factoresque permitiram à Jomazé atingir emanter um bom resultado no ano pas-sado. O responsável refere ainda aaposta em mercados e clientes chavee em produtos “mais elaborados ecom mais valia técnica/qualitativa”,

a melhoria da produtividade e o in-vestimento na empresa, nomeada-mente em condições de laboração, ea motivação dos trabalhadores.

O ano passado foi “bem positivo”para esta empresa do concelho de Al-cobaça, apesar da descida da factura-ção face aos dois anos anteriores, con-siderados excepcionais, sobretudo de-vido ao crescimento “estratosférico” deum dos clientes. Em 2016 as comprasdeste parceiro desceram “drastica-mente”, mas a empresa conseguiu“manter e até crescer com os restantesparceiros, diminuindo assim o efeitonegativo do forte abaixamento dascompras” do seu principal cliente.

Também para a Molde, em Caldasda Rainha, 2016 foi um ano bom, deaumento das vendas, na ordem dos12% face a 2015, ano em que a activi-dade foi afectada por um incêndio.Joaquim Caetano prevê que 2017 vol-te a ser de crescimento, mas agora nãosuperior a 6%. O empresário diz quese nota um aumento da procura porparte dos clientes externos, emboraestes procurem igualmente “preçosbaixos”. A Molde exporta toda a suaprodução e mais de 70% tem comodestino os Estados Unidos. No anopassado as vendas ultrapassaram ostrês milhões de euros.

Como constrangimentos, o em-presário fala nos custos da energia ena dificuldade em formar mão-de--obra. E mesmo em encontrá-la. “Aspessoas não estão dispostas a traba-lhar na indústria”, lamenta.

Do mesmo se queixa Jorge Lou-ro, responsável pela Deartis. O em-presário aponta a dificuldade em re-crutar mão-de-obra com algumaqualificação, apontando ainda oselevados custos da energia comoum constrangimento à actividade.A empresa de Porto de Mós expor-ta toda a sua produção, para 34 paí-ses diferentes, sendo os EstadosUnidos o principal.

No ano passado as vendas daDeartis aumentaram entre 10 e15%, tendo atingido os três mi-lhões de euros. “Nota-se uma maiorapetência dos mercados pelos pro-dutos portugueses, devido ao de-sign e ao serviço. Muitos dos clien-tes que têm comprado na Ásia pre-cisam de diversificar produto, com-prando menos quantidade de cadaitem, o que nem sempre é fácil na-quela região. Nós, pelo contrário, te-mos flexibilidade e prazos de en-trega interessantes”, frisa o em-presário.

Depois de um ano “excepcional”em 2015, a Perpétua, Pereira e Al-meida registou um “bom ano” em2016. Elsa Almeida diz que se re-gistou uma “procura muito grande”em termos de desenvolvimento denovos projectos, alguns dos quaisirão concretizar-se em termos deprodução durante este ano. “Mui-tos clientes estão a fugir do Orien-te, devido à distância e a algumafalta de qualidade. Nós fazemos ofato à medida”, afirma a empresá-ria, que aponta igualmente os cus-tos energéticos como o principalconstrangimento, na medida emque prejudicam a competitividadedas empresas portuguesas.

CristalariaExportações subiram 20,6% em dois anosAs exportações portuguesas deobjectos de vidro para mesa ecozinha, a chamada cristalaria, quena década de 1990 foi a imagem demarca da Marinha Grande, atingiuno ano passado “máximoshistóricos dignos de registo”,segundo a APICER. Em 2016 asvendas somaram 82 milhões deeuros, “o valor mais elevado de quehá registo”, e que traduz umcrescimento de 12,3% face a 2015.Entre 2014 e o ano passado, asexportações cresceram 20,6%. Em2016, a cristalaria nacional chegoua 118 mercados internacionais,sendo Espanha o destino principal,seguindo-se os Países Baixos,Alemanha, França e EstadosUnidos. O saldo da balançacomercial foi de 40 milhões deeuros. A taxa de cobertura dasimportações pelas exportaçõesascendeu a 196%, frisa aassociação. Situada naMartingança, a Favicri é uma daspoucas empresas de cristalaria querestaram na região. Paulo Santosconfirma que 2016 foi um bom ano,já que conseguiram aumentar asexportações em 35%. Qualidade,design e serviço são alguns dosaspectos que para issocontribuíram. “Há dois anosinstalámos um forno novo, o quepermitiu aumentar a produção, ecomeçámos logo a procurar novosmercados, aposta que reforçamosno ano passado”, explica. Emresultado desta estratégia, em 2016a Favicri entrou em países –Estados Unidos e Itália – e reforçouas vendas para outros, comoAlemanha, França e Inglaterra.Com 30 anos de actividade, aFavicri produz artigos decorativose de mesa e emprega 60 pessoas.Recrutar pessoal especializado é,segundo Paulo Santos, um dosprincipais constrangimentos.Outro é o custo da energia e damatéria-prima.

Empresa de Porto de Mós produz vasos em grés

RC Containers investe dois milhões de euros em nova unidadeRaquel de Sousa [email protected]

� A RC Containers, empresa dePorto de Mós que produz vasosem grés, está a investir dois mi-lhões de euros numa nova uni-dade produtiva, em construçãona Moitalina. A obra foi iniciadaem Outubro e deverá estar con-cluída em Julho. “O objectivo écomeçar a laborar na nova uni-dade em Setembro, após para-gem para férias em Agosto”, ex-plica Márcio Cardoso. Depois daentrada em funcionamento danova unidade, a actual, situadano Juncal, será desactivada.

Com este investimento, a RCContainers vê aumentada a suacapacidade produtiva, ao mesmotempo que moderniza e auto-

matiza equipamentos, com vistaà melhoria da eficiência produti-va. Criada em 2011, a empresa fa-brica e comercializa embalagense vasos em grés para as indústriasalimentar e de floricultura, queexporta para países como ReinoUnido, Holanda, Escandinávia,Alemanha e Estados Unidos daAmérica, entre outros.

Com 35 trabalhadores, fechou2016 com um volume de negóciosde 2,2 milhões de euros. O ob-jectivo inicial para este ano erachegar aos 2,5 milhões, “mascomo teremos de parar forçosa-mente um mês para mudança deequipamentos para a nova uni-dade redefinimos o objectivo deencerrar o ano com o mesmo vo-lume de negócios de 2016”, ex-plica Márcio Cardoso.

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35a RC Containers emprega 35pessoas

2,2milhões de euros é o volume denegócios estimado para este ano

Os números

Custos energéticos prejudicam competitividadeAs empresas de cerâmica e de cristalaria têmconseguido aumentar as exportações, mas os custos daenergia continuam a ser um constrangimento,prejudicando a sua competitividade. Os empresáriosouvidos apontam ainda a dificuldade em recrutar mão-de-obra, mais ou menos qualificada.

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22 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Economia

Leiria

Tertúlia sobre Internet of Thingshoje na Nerlei

� A Nerlei, através do seu grupo detrabalho para as TICE (Tecnologiasde Informação, Comunicação eElectrónica) promove hoje pelas18 horas, nas suas instalações emLeiria, mais uma tertúlia, destavez subordinada ao tema IoT -Internet oh Things. O evento con-tará com as intervenções de An-tónio Pereira, do Politécnico deLeiria, sobre IoT - The Big Picture;e de Pedro Rosa, da Fresco Capi-tal, sobre IoT - O que está aconte-cer pelo mundo?. O primeiro éprofessor coordenador do Depar-tamento de Engenharia Informá-tica da ESTG e investigador doCentro de Investigação em Infor-mática e Comunicações do Poli-técnico de Leiria. E ainda au-tor/coautor de três patentes na-cionais e de mais 100 artigos emconferências e em revistas inter-nacionais. Pedro Rosa vem daárea do desenvolvimento, designe arquitectura de software. Tra-balhou em várias empresas derenome, como a Microsoft, CGI(anteriormente ACE) e JerónimoMartins (Polónia). É também co-fundador da IoT Portugal Com-munity.

França investiu oito mil milhões em 2015

Em Portugal, 12% das empresasestrangeiras são francesasRaquel de Sousa [email protected]

� França mantém uma posição detopo na economia portuguesa,onde 12% das empresas es-trangeiras são francesas. É o se-gundo país de origem do capitalestrangeiro investido no nossopaís, onde o stock de investi-mento soma 28 mil milhões deeuros (Espanha lidera, com 91mil milhões). Estas são algumasdas conclusões do estudo MarcaPortugal: o contributo das empre-sas francesas, recentemente ap-resentado.

De acordo com o documento,em 2015 França investiu em Por-tugal oito mil milhões de euros, oque faz dela o primeiro investidorestrangeiro em Portugal em ter-mos de investimento indirecto. Éo quinto quando se fala de inves-timento directo. A presença fran-cesa no nosso país sente-se tam-bém no distrito de Leiria, onde há

Raquel de Sousa [email protected]

� Depois de 17 anos na banca,Nuno Quadros e Augusto Portugaljuntaram-se e criaram a Valorfin,em Leiria, uma nova empresa quetem como principal área de negó-cio o apoio financeiro às empresase às famílias.

“Um dos aspectos que nos dife-renciam é a proximidade ao clien-te. Se necessário for, vamos com eleao banco”, explicaram os sóciosao JORNAL DE LEIRIA, adiantandoque as quase duas décadas de ex-periência na banca lhes permitemter um vasto know-how. “Temoscontactos, sabemos como é que osbancos pensam e funcionam”.

Os sócios investiram, para já, 12mil euros para lançar a empresaque, ao nível dos particulares,presta serviços de incrementaçãoe reestruturação de crédito, con-solidação de créditos activos, pla-neamento do orçamento familiar eajustamento de garantias. “Rece-bemos os pedidos dos clientes e va-mos à procura das melhores pro-postas de solução. Cada caso é umcaso, é como um fato à medida”,

Retrato do distritoLa Redoute foi a primeira a chegarNo distrito são várias as empresasde capital francês existentes. ALa Redoute, que se dedica àvenda de pronto-a-vestir àdistância, foi a primeira ainstalar-se, em Leiria, já lá vãoquase 30 anos. Actualmente, esegundo foi possível apurar, hávárias outras empresas de capitalfrancês espalhadas pela região:Bourbon e Labo Portugal (na zonaindustrial da Marinha Grande);Gomes e Michel e Saint-Gobain(no concelho de Pombal); OmyaMineral (na Batalha). EmPeniche, a Auchan detém umaplataforma de pescado. Na áreado comércio, Decathlon, AKI,Fnac, E. Leclerc e Intermarchésão outras das marcas francesasque marcam presença no distrito,onde têm vários espaços.

várias empresas de capital gaulês(ver caixa).

De acordo com o mesmo estu-do, as filiais francesas com pre-sença em Portugal ocupam o se-gundo lugar, depois de Espanha,em termos do número de em-presas (582), empregados (61 598postos de trabalho) e volume denegócios (14 274 mil milhões deeuros). Mas, desde 2014, a Fran-ça “lidera o pódio dos países comfiliais em Portugal que mais di-nheiro geraram” nos sectores dainformação e comunicação,transportes e armazenagem,construção e imobiliário, indús-tria e comércio, posição ante-riormente ocupada por Espanha.

O Valor Acrescentado Bruto(VAB) gerado pelas filiais france-sas foi de 4,5 mil milhões de eu-ros, 25% do total gerado por em-presas estrangeiras em Portugal.E cresceu 12,3% entre 2010 e 2015.Porquê? “Os investidores fran-ceses mostraram confiança no

país, prosseguindo os seus in-vestimentos”, aponta o docu-mento. Por outro lado, as áreasnas quais Espanha mais investe,como a construção civil, sofreramo impacto da crise entre 2010 e2014, período durante o qual asempresas gaulesas em Portugalcresceram 2,5%. “Nos anos datroika, Espanha perdeu força e re-duziu em mais de 26% o investi-mento em Portugal”, explica odocumento.

“O estudo mostra que França éo primeiro contribuinte para aeconomia portuguesa em termosde Valor Acrescentado Bruto. Por-tugal precisa de investimento es-trangeiro como de pão para aboca e para isso tem de manter asua competitividade. O facto deser um país seguro também jogaa favor de Portugal”, considerouPierre Debourdeau, presidentedos conselheiros de comércio ex-terno de França em Portugal, ci-tado pelo Jornal de Negócios.

Valorfin aposta na proximidade como aspecto diferenciador

Nova empresa de consultoria paraparticulares e empresas em Leiria

Augusto Portugal e Nuno Quadros

RAQUEL SOUSA SILVA

frisam. “Não cobramos comissãoaos clientes, quem nos paga serãoos bancos”, explicam.

No que diz respeito às empresas,a Valorfin presta serviços de crédito(novo e reformulação), assessoria,estudos de viabilidade, ajusta-mento de garantias e apoio a star-tup. “Não fazemos contabilidadenem projectos para o Portugal2020, mas ajudamos a encontrar

resposta nestas áreas”, dizemNuno Quadros e Augusto Portugal,adiantando que a Valorfin trabalhacom todos os bancos do mercado,bem como com fundos e outras en-tidades de financiamento às em-presas.

Leiria, Marinha Grande, Alco-baça, Nazaré, Batalha, Fátima ePombal são as áreas privilegiadasde influência da nova empresa.

Rocim Reserva 2013 é um dos melhores de PortugalO Herdade do Rocim Reserva 2013 está na lista dosmelhores vinhos tintos portugueses da edição de Abrilda revista Wine & Spirits. Produzido pela Herdade doRocim, do Grupo Movicortes, o vinho obteve 91pontos.

Leiria Sessão sobre certificação e marcação CE

O IAPMEI, em colaboração com asassociações Aricop e Nerlei,promove no próximo dia 28, nasinstalações desta última, em Leiria,uma sessão informativa sobremrcação CE e certificação deprodutos. O evento está agendadopara as 14:15 horas e dará particularenfoque aos produtos da área daconstrução. Pretende-se esclarecere sensibilizar empresários e outrosinteressados quanto à importânciae obrigações das empresas nestasmatérias.

Marinha GrandeFiabilidade estrutural do betão armado emanálise no CDRspSara Gomes, engenheira civil einvestigadora no Centro para oDesenvolvimento Rápido eSustentado do Produto (CDRsp) é aoradora do seminário que se realizanas instalações deste organismo nopróximo dia 29. O evento, agendadopara as 12 horas, analisará afiabilidade estrutural em estruturasde betão armado. A iniciativainsere-se no ciclo de semináriossubordinado ao temaManufacturing a Better Future.

Fátima Luz Charming nomeado para os World Travel Awards

O empreendimento turístico LuzCharming Houses, em Fátima, estánomeado para os World TravelAwards, prémios que reconhecemhotéis, SPAS e outros agentesturísticos de todo o mundo que sedestaquem por um serviço deexcelência. Esta unidade deFátima está nomeada na categoriaEurope's Leading Boutique Hotel2017. Os vencedores serãoescolhidos através de votaçãoonline até 6 de Agosto.

Alcobaça Leilão decavalos no Centro Equestre de Alfeizerão

O Centro Equestre Internacional deAlfeizerão (CEIA) acolhe no dia 5 deAbril, pelas 10 horas, um leilão decavalos, organizado em parceria coma Leilosoc Market Partners. Ainscrição de equinos decorre atéamanhã e está aberta a todos osproprietários e criadores. Os animaisestarão em exposição nos dois diasanteriores ao evento, para poderemser observados por potenciaisinteressados. Para participarem, estesdevem proceder a um registo prévio.

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Economia Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 23 PU

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Leiria Centro Exportador juntou empresas e organismos públicos

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Evento da AAPI reuniu empresas exportadoras

Portas elogia empresáriosde Leiria e ataca críticos da globalização

Cláudio [email protected]

� O elevado empreendedorismo, osentido de iniciativa e a vocação ex-portadora são "o exemplo que Lei-ria dá ao mundo todos os dias".Quem o diz é Paulo Portas, ex-vice-primeiro-ministro e antigoresponsável pela diplomacia eco-nómica, que continua a defender asvantagens da globalização contra adesconfiança dos mais cépticos.

Na sexta-feira, 17 de Março, o ac-tual vice-presidente da Câmara deComércio e Indústria Portuguesapassou pelo Mercado de Sant'Anapara encerrar a manhã do eventoLeiria Centro Exportador, organi-zado pela Associação Ação para aInternacionalização (AAPI). Argu-mentou que o proteccionismo tra-va a prosperidade tanto nos Esta-dos Unidos como na Europa e de-fendeu que "mais comércio" sig-nifica "menos guerra".

Segundo Paulo Portas, que de-pois de sair do governo se tornouadministrador não executivo deempresas petrolíferas do grupomexicano Pemex, os portugueses"sempre souberam navegar" a glo-balização, uma ideia da qual têm"direitos de autor". Quanto mais"ambicionamos crescer em ex-portação e internacionalização",mais "acelera o nosso desenvolvi-

mento", declarou.Para o antigo líder do CDS-PP, os

desafios estão identificados: a des-localização do centro do mundopara oriente e a digitalização daeconomia. Mas as oportunidadestambém: uma boa ideia transfor-ma-se mais depressa num bomnegócio e Portugal pode aproveitar,por exemplo, a saída dos EstadosUnidos do Tratado Transpacífico.

Na sexta-feira, o Leiria CentroExportador juntou empresas e or-ganismos públicos numa jornadadedicada em exclusivo aos mer-cados internacionais, com desta-que para a representação de 20países através de câmaras de co-mércio e indústria. Foi o caso daCâmara de Comércio Portugal Irãoe respectivo presidente, NaderHaghighi, que vê oportunidadepara a indústria de moldes na-quele território do Médio Oriente."O Irão fabrica por ano milhão emeio de carros para o mercado in-terno e países vizinhos", expli-cou, considerando que a aberturaao resto do mundo de uma eco-nomia que cresceu 5% em 2016traz perspectivas "muito interes-santes" para Portugal, sobretudono turismo, construção e infraes-truturas, produtos alimentares,química farmacêutica, moldes eplásticos. "Os problemas não estão100% resolvidos, mas com o le-

vantamento das sanções há umnúmero cada vez maior de em-presas portuguesas que manifes-tam interesse em explorar o mer-cado iraniano", afirmou.

As reuniões bi-laterais, os works-hops e a exposição de soluçõespara a exportação ligadas aos sec-tores logístico, financeiro e de mar-keting digital, entre outros, com-pletaram o programa do LeiriaCentro Exportador. O grupo VictorMonteiro, da Maceira, Leiria, mar-cou presença com a última geraçãode caldeiras domésticas, que estáa tentar exportar para o Norte daEuropa. "Controlamos todo o pro-cesso de produção e isso é quenos torna competitivos, além dodesign, da eficiência e da facilida-de de assistência técnica e manu-tenção", explicou a gestora de pro-duto Alexandra Lisboa. A empresafactura 3,3 milhões de euros, em-prega 56 pessoas e já exporta ou-tros produtos para oito países.

No ano passado, o distrito deLeiria apresentou uma taxa de co-bertura das importações pelas ex-portações de 141%, lembrou o pre-sidente da Câmara Municipal deLeiria, Raul Castro, presente nasessão de abertura do evento. "Aregião sempre soube antecipar aaposta na internacionalizaçãocomo tábua de salvação para aeconomia portuguesa", declarou.

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24 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Economia

Associação Ação Para aInternacionalização – AAPI

Aestrutura do comércio internacional portuguêsé inequívoca: 76% das exportações sãointracomunitárias. Isto é: o tecido empresarialexportador tem uma reduzida propensão à

dispersão geográfica dos negócios e, com isso,desperdiça oportunidades de aproveitar cicloseconómicos de expansão em outros territórios. Porexemplo, segundo o FMI, até 2021, a taxa decrescimento económico da zona euro será de apenas1,5% ao ano, ao passo que na região dos países asiáticosemergentes o crescimento será de 6,4%. Mercadosdistantes, tais como o Camboja, Indonésia, Malásia eFilipinas, vão crescer quatro vezes mais que os paíseseuropeus para onde Portugal exporta. No passado dia 17, decorreu aqui em Leiria um eventoempresarial marcante – o Leiria Centro Exportador.Estiveram presentes cerca de 500 pessoas, 18 câmarasde comércio e 13 empresas. Foram realizadas 27reuniões de procurement para o mercado polaco einglês. E tudo num só dia. E tudo feito com umorçamento de 16 mil euros, realizado por uma pequenaassociação – a AAPI. A AAPI foi criada por Nuno Morgado a partir de umprojecto de mestrado na ESTG em NegóciosInternacionais. É uma associação que tem 5 anos deexistência, e faz 3 feiras e missões internacionais por

OpiniãoMárcioLopes

ano. Apesar da sua dimensão não ser comparável àsoutras associações empresariais da região, a AAPI jámostrou que sabe fazer algo diferenciador: desenharum modelo chave-na-mão de acção e suporte noprocesso de internacionalização. E é disso que muitasPME precisam para que diversifiquemgeograficamente as suas exportações. E isso pode servisto numa análise SWOT: Matriz SWOTForças OportunidadesOrientação para o Mercado Exportador AAPP - – liderança

empreendedora com foco para a acção operacional da internacionalização

Fraquezas AmeaçasRelativa aversão ao risco para negócios Concentração geográficaem países culturalmente distantes das exportações

A actuação da AAPI é uma oportunidade que, aliada àsforças (recursos internos) das empresas, pode alavancaro desempenho do tecido empresarial regionalexportador, ultrapassando a dimensão problemática darelação Fraquezas/Ameaças. Na Região Centro, Leiria éo segundo território com maior dinâmica no Portugal2020. E a AAPI está a trilhar o caminho certo.

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“Cruelmente trucidado na praça pública” no âmbito da Operação Marquês

“Grupo Lena corre fortíssimo risco de implodir”� O Grupo Lena “corre o fortíssimo ris-co de implodir, não devido a má ges-tão, à crise do sector ou à crise finan-ceira internacional, mas como umdano colateral de um objectivo apa-rentemente mais importante, que éacusar alguém custe o que custar”.Em comunicado, a Comissão Execu-tiva do grupo de Leiria reage assim auma notícia publicada quinta-feira dasemana passada pelo Correio da Ma-nhã, que dizia que a Lena “pagou doismilhões de luvas a Sócrates do TVG”.

Para a Comissão Executiva, “esta éuma das teses mais mirabolantescom que tentam implicar o GrupoLena neste processo [Operação Mar-quês]. No comunicado, refere que oconsórcio em que a Lena participou,e onde “detinha pouco mais de 13%”,“tinha à cabeça duas grandes em-presas, muito mais importantes e demaior dimensão do que o GrupoLena, e nenhuma delas consta dalista de arguidos desta operação”.

“Esta tese, como as outras que en-volvem o Grupo Lena como agentecorruptor do ex-primeiro-ministroJosé Sócrates, é mais um prego no cai-xão do Grupo Lena, que tem sidocruelmente trucidado e devorado napraça pública e, pior do que isso, porcriminosas fugas de informação, quetransformam em 'factos' meras es-peculações infundamentadas”. Por

RICARDO GRAÇA

isso, o grupo “corre o fortíssimo ris-co de implodir”.

A Comissão Executiva “não temdúvidas de que o grupo não serácondenado, porque nada fez paratal, como tem sido abundantementedefendido pelo CEO [Joaquim PauloConceição] e outras testemunhas e éprovado pelos documentos apreen-didos pela investigação, e tem agoraoportunidade de o contestar, de for-ma activa no processo, mas teme

sinceramente que quando chegar aabsolvição o carteiro já não encontrenada nem ninguém para a entre-gar”.

Sexta-feira passada, a Procura-doria-Geral da República anun-ciou o alargamento do prazo de in-vestigação, até final de Junho, a pe-dido dos procuradores do proces-so. Em Leiria, a procuradora-geral,Joana Marques Vidal, disse queem Abril será reavaliado o proces-

so e que poderá ser indicado umnovo prazo para a conclusão da in-vestigação.

A Operação Marquês, que investi-ga crimes de corrupção, branquea-mento de capitais, fraude fiscal, re-cebimento indevido de vantagem, fal-sificação e tráfico de influência, foi tor-nada pública pelo Ministério Públicoem Novembro de 2014 e conta agoracom 28 arguidos, dos quais nove sãoempresas.

Mais de três mil pessoas trabalham par o grupo

Batalha Feira de veículos usados e semi-novos nna Exposalão“Uma oportunidade única paracontactar com mais de vinteempresas, que irão reunir cercade 500 viaturas em exposição,das principais marcascomercializadas”. A Exposalão,na Batalha, acolhe de amanhãaté domingo mais uma ediçãoda Expocasião, feira deveículos usados e semi-novos.“Esta feira apresenta umaoferta alargada de viaturasusadas a preços convidativos,com o intuito de ir ao encontrode um consumidor informado eávido das melhoresoportunidades de negócio”,aponta José Frazão,administrador do centro deexposições.

Ourém Feira da Terra promovemundo rural

Ourém recebe sábado edomingo mais uma edição daFeira dos Produtos da Terra,evento que tem comoobjectivo estimular e apoiar osagentes económicos, locais eregionais, e divulgar projectosassociados ao mundo rural.Em exposição estarãorepresentados diversosprodutores de vinhos, azeites,doçarias, queijos, enchidos,frutos secos, hortícolas emuito mais, além de umespaço dedicado ao comérciode gado e de máquinas ealfaias agrícolas. Haverá aindatasquinhas e música ao vivo.

Alvaiázere Sessão de esclarecimentosobre apoios para PMEA Associação deDesenvolvimento Integrado doConcelho de Alvaiázere e aGarval promovem na próximasegunda-feira, dia 27, pelas18:30 horas, no museu da vila,uma sessão de esclarecimentosobre linhas de crédito paraPME. O objectivo é divulgarsoluções para impulsionar oinvestimento e amodernização einternacionalização daspequenas e médias empresas,bem como apresentargarantias de suporte aodesenvolvimento de ideias denegócio nos sectores daindústria, comércio, serviços,construção, turismo etransportes.

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Porta 65 apoia jovens com subsídio de arrendamento� A partir do dia 17 de Abril podemser efectuadas as candidaturas parao Programa Porta 65 - Jovem; um"sistema de apoio financeiro aoarrendamento por jovens, isola-dos, constituídos em agregadosou em coabitação, regulado porum conjunto de diplomas legais".

Em comunicado, a Direcção Re-gional do Centro do Instituto Por-tuguês do Desporto e Juventude(IPDJ) explica que este é um pro-grama que "apoia o arrendamentojovem de habitação para residênciapermanente, atribuindo uma per-centagem de valor da renda comosubvenção mensal".

As rendas máximas admitidaspara o concelho de Leiria, assimcomo para todos os do Pinhal Li-toral, é de 371 euros para T0 e T1, de472 euros para T2 e T3 e de 594 eu-ros para T4 e T5. No site do Portal

da Habitação é possível simular ovalor de subvenção.

O objectivo do Porta 65 é esti-mular um estilo de vida autóno-mo nos jovens, "sozinhos, em fa-mília, ou em coabitação jovem",

reabilitar áreas urbanas degrada-das e dinamizar o mercado dearrendamento.

Podem candidatar-se a este pro-grama jovens com idades com-preendidas entre os 18 e os 30 anos- no caso dos casais, um dos ele-mentos pode ter até 32 anos -, que"sejam titulares de um contratode arrendamento celebrado no âm-bito do Novo Regime do Arrenda-mento Urbano (NRAU)", que nãousufruam, por acumulação, "dequaisquer subsídios ou de outraforma de apoio público à habita-ção", que "não sejam proprietáriosou arrendatários para fins habita-cionais de outro prédio ou fracçãohabitacional" e que não tenhamqualquer grau de parentesco como senhorio.

O prazo para inscrições decorreaté ao dia 18 de Maio.

Construção

Emprego cresceu4,5% no anopassado

� O inquérito ao emprego do Insti-tuto Nacional de Estatística revel-ou um “significativo aumento” donúmero de trabalhadores da con-strução no último trimestre doano, que ascendeu a 6,7% em ter-mos homólogos. Para o conjuntode 2016, o crescimento atingiu os4,5%, com 289,9 mil pessoas a tra-balhar na construção. Os dadosforam revelados pela FederaçãoPortuguesa da Indústria da Con-strução e Obras Públicas, que falaem “crescimentos acentuados”também nas obras públicas, so-bretudo no último trimestre. Nesteperíodo registaram-se crescimen-tos homólogos de 69% e de 130%no número e valor das obraslançadas a concurso, quando, atéSetembro, as evoluções tinhamsido de 19% e de 16%, respectiva-mente.

472a renda máxima admitida é de472 euros para T2 e T3, em todosos concelhos do Pinhal Litoral

O número

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 27

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Aero Clube de Leiria

INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE

PÚBLICACENTRO ASSOCIATIVO

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ConvocatóriaJornal de Leiria - Edição n.º 1706 - 23.03.2017

Ao abrigo do Artigo 25º dos Estatutos,Convoco a Assembleia Geral Extraor-dinária para o dia 31 de Março de 2017,sexta-feira, às 20h30, na sede do AeroClube de Leiria, com a seguinte ordemde trabalhos:

1. Eleições para o completamento dosÓrgãos Sociais;2. Apreciar e deliberar acerca de umrecurso sobre a decisão da Direção dedemitir um sócio;3. Outros assuntos de interesse para oAero Clube.

Se à hora marcada não estiverem pre-sentes sócios em número mínimo esti-pulado por lei, a Assembleia funciona-rá uma hora depois com o número desócios presentes.

Leiria, 21 de Março de 2017

O Presidente da Assembleia GeralJosé Manuel dos Reis Dias

CARTÓRIO NOTARIAL DE MANUEL FONTOURA CARNEIRO Rua Francisco Serra Frazão, lote B, 4.° r/c dto — 2480-337 Porto de Mós

Telf: 244 401 344 * Fax: 244 401 385 PORTO DE MÓS

Jornal de Leiria - Edição n.º 1706 - 23.03.2017

Certifico para fins de publicação, que por escritura de justificação celebrada neste Cartório Notarial, no dia trezede março de dois mil e dezassete, exarada a folhas cento e trinta e uma a folhas cento e trinta e quatro do Livro deNotas para "Escrituras Diversas" Trezentos e Quarenta e Oito — A:

MANUEL FERREIRA NOVO e cônjuge MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA PEDROSA, casados sob o regime dacomunhão geral de bens, naturais ele da freguesia de Souto da Carpalhosa, ela da freguesia de Monte Redondo, ambasdo concelho de Leiria, residentes na Rua Principal, 1138, Vale da Pedra, Ortigosa, concelho de Leiria, Nifs: 134 410 726e 134 410 734.

Declararam: Que, com exclusão de outrém, são donos e legítimos possuidores dos seguintes bens: UM: Do prédio rústico, sito em Vale da Pedra, união de freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa, concelho

de Leiria, composto de terra de semeadura, com a área de seis mil trezentos e cinco metros quadrados, a confrontardo norte com Maria Filipe, de sul com Fábrica da Igreja Paroquial de Souto da Carpalhosa e outros, de nascente comManuel Ferreira Novo e de poente com Rua Principal, correspondente à parte rústica do descrito na Segunda Con-servatória do Registo Predial de Leiria na ficha duas mil novecentas e cinco, de Souto da Carpalhosa, lá registado afavor de Manuel Adelino da Silva Pimenta, casado, pela inscrição apresentação três de 27/11/1956, inscrito na matrizsob o artigo 476, por proveniência do artigo rústico 443 da freguesia de Souto da Carpalhosa (extinta), que por suavez proveio do anterior artigo 582 da antiga matriz da mesma extinta freguesia de Souto da Carpalhosa, com o valorpatrimonial IMT de € 384,74, a que atribuem igual valor.

DOIS: Do prédio urbano sito na Rua Principal em Vale da Pedra, da união de freguesias de Souto da Carpalhosa eOrtigosa, concelho de Leiria, composto de uma morada de casas de habitação, cómodos e logradouro, com a áreacoberta de duzentos e cinquenta metros quadrados e descoberta de duzentos metros quadrados, a confrontar de nor-te com Maria Filipe, de sul e nascente com Manuel Ferreira Novo e de poente com Rua Principal, parte remanescen-te do descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Leiria, na ficha duas mil novecentas e cinco, da fre-guesia de Souto da Carpalhosa, lá registado a favor de Manuel Adelino da Silva Pimenta casado pela inscrição cor-respondente à apresentação três de 27/11/1956, inscrito na matriz sob o artigo urbano 941, por proveniência do arti-go urbano 998 da freguesia de Souto da Carpalhosa (extinta), com o valor patrimonial de € 22.450,00, igual ao quelhe atribuem;

TRÊS: prédio rústico, sito em Marinha, união de freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa, concelho de Lei-ria, composto de pinhal e mato, com a área de mil quatrocentos e cinquenta metros quadrados, a confrontar do nor-te com caminho, do sul com José Domingues, do nascente com Manuel Ferreira Duarte Júnior e do poente com Joa-quim Domingues, não descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Leiria, inscrito na matriz sob o arti-go 1.811, por proveniência do mesmo artigo rústico da freguesia de Souto da Carpalhosa (extinta), com o valor patri-monial IMT de € 384,74, a que atribuem igual valor.

Que adquiriram o bem relacionado sob a verba UMA por doação de MANUEL FERREIRA e cônjuge JOAQUINAFILOMENA, residentes que foram em Marinha, Souto da Carpalhosa, Leiria, por escritura de vinte e cinco de feve-reiro de mil novecentos e oitenta e dois, exarada a folhas quarenta e nove do Livro "Cento e Oitenta e Nove A" do Car-tório Notarial de Ansião;

Que os referidos MANUEL FERREIRA e cônjuge JOAQUINA FILOMENA, haviam adquirido três quartas partes des-te bem por permuta com Manuel Ferreira do Cabeço e esposa Emília Pereira Ascenso, por escritura de vinte e dois denovembro de mil novecentos e sessenta e seis exarada a folhas onze verso do B-Cinquenta e Três do Segundo Cartó-rio da Extinta Secretaria Notarial de Leiria;

Por sua vez, este Manuel Ferreira do Cabeço e esposa Emília Pereira Ascenso haviam adquirido essas três quar-tas partes indivisas por compra a Manuel Adelino da Silva Pimenta e esposa Maria Celeste Mendes, por escritura dedezoito de fevereiro de mil novecentos e sessenta e seis exarada folhas dezanove verso do respetivo Livro B-Qua-renta e Seis do Segundo Cartório da Extinta Secretaria Notarial de Leiria;

Que os referidos MANUEL FERREIRA e cônjuge JOAQUINA FILOMENA adquiriram a restante quarta parte indi-visa por compra aos mesmos Manuel Adelino da Silva Pimenta e esposa Maria Celeste Mendes no ano de mil nove-centos e sessenta, no estado de casados, por escritura que não foi possível identificar, não obstante as buscas efe-tuadas, pelo que não conseguem obter o respetivo título;

Que adquiriram três quartas partes indivisas do bem relacionado sob a verba DUAS, por doação dos referidosMANUEL FERREIRA e cônjuge JOAQUINA FILOMENA, pela mesma escritura de doação acima referida; E uma quar-ta parte indivisa por compra verbal ao mesmo titular inscrito Manuel Adelino da Silva Pimenta e esposa Maria Celes-te Mendes, no ano de mil novecentos e sessenta e seis, ainda no estado de solteiros;

Que adquiriram o bem relacionado na verba TRÊS por compra verbal a Américo Pereira Viva e cônjuge EmíliaDuarte, residentes que foram em Marinha, Souto da Carpalhosa, Leiria, compra essa que teve lugar no ano de milnovecentos e noventa e cinco, já no seu estado de casados.

Que, não obstante não terem título formal de aquisição formal dos referidos direitos (urna quarta parte) do bemrelacionado sob as verbas DUAS e do bem relacionado sob a verba TRÊS, por força daquelas compras verbais, forameles que sempre os possuíram, desde aquelas data até hoje, logo há mais de vinte anos, em nome próprio, defende-ram a sua posse, pagaram os respetivos impostos gozaram todas as utilidades por eles proporcionadas, fizeram obrasde reparação e conservação, habitaram e tornaram as sua refeições no bem relacionado sob a verba DUAS e cultiva-ram e colheram os frutos do bem relacionado sob a verbas TRÊS, posse que sempre exerceram sem interrupção eostensivamente, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, e sem oposição de quem quer que seja, pos-se essa de boa-fé, por ignorarem lesar direito alheio, pacífica, porque sem violência, contínua e pública, por ser exer-cida sem interrupção e de modo a ser conhecida pelos interessados.

Tais factos integram a figura jurídica da usucapião, que os justificantes invocam, como causa de aquisição da refe-rida quarta parte do bem relacionado sob a verba DUAS e do bem relacionado sob a verba TRÊS por não poderemcomprovar a sua aquisição pelos meios extrajudiciais normais.

A colaboradora, (Sandra Marisa Guerra da Silva Oliveira)

Emitida Fatura/Recibo n.° 02/483/001/2017

EDITAL N.º 3/2017

José Manuel Silva, Presidente da Assembleia Munici-pal de Leiria, torna público, nos termos do n.º 3 do arti-go 49.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setem-bro, de que no dia 03 de abril de 2017, às 21.00 horas,no auditório do Teatro Miguel Franco, se realizará asessão ordinária da Assembleia Municipal de Leiria,com a seguinte Ordem do Dia:

1. Relatório do Presidente da Câmara sobre a ativida-de do Município e relatório financeiro – Apreciaçãonos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 25.º do ane-xo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.2. Documentos de prestação de contas:2.1 Documentos de Prestação de Contas do Municípiode Leiria de 2016 – Apreciação e votação.2.2 Documentos de prestação de contas dos ServiçosMunicipalizados de Água e Saneamento de Leiria refe-rentes ao ano de 2016 – Apreciação e votação.2.3 Relatório e Contas de 2016 e Relatório de Execu-ção Orçamental do 4.º Trimestre do Teatro José Lúcioda Silva de 2016 – Apreciação e votação.3. VII - Modificação ao Orçamento e Grandes Opçõesdo Plano de 2017 - Introdução do Saldo da Gerênciado Município de Leiria – Apreciação, discussão e vota-ção.4. III Modificação ao Orçamento e Grandes Opções doPlano de 2017 – 1.ª Revisão ao Orçamento - Introdu-ção do Saldo da Gerência dos Serviços Municipaliza-dos de Água e Saneamento de Leiria – Apreciação, dis-cussão e votação.5. Mapa de pessoal5.1 Mapa de Pessoal da Câmara Municipal de Leiriapara 2017 – Alteração – Apreciação, discussão e vota-ção.5.2 Alteração ao mapa de pessoal dos SMAS Leiria 2017– Apreciação, discussão e votação.6. Acordo de Transferência e Auto de Cessão de Patri-mónio, Direitos e Obrigações do IGFSS – Instituto deGestão Financeira da Segurança Social, I.P., para oMunicípio de Leiria – Aditamento – Apreciação, dis-cussão e votação.7. Transmissão a título gratuito de duas parcelas deterreno a desanexar do prédio rústico sito em Outei-ro da Mata Nacional dos Marrazes, da União das fre-guesias de Marrazes e Barosa, destinadas a integrar odomínio público municipal – Apreciação, discussão evotação.8. Empreendimentos de Caráter Estratégicos - Crité-rios para efeito de deliberação fundamentada de reco-nhecimento do interesse público municipal – Apre-ciação, discussão e votação.9. Apoio à Freguesia de Bidoeira de Cima – Colocaçãode plataforma elevatória para pessoas com mobilida-de reduzida – Apreciação, discussão e votação.10. Minuta de Contratos Interadministrativos de Dele-gação de Competências no âmbito da Educação – Apre-ciação, discussão e votação.11. Adesão do Município de Leiria à Acesso Cultura,Associação Cultural – Apreciação, discussão e vota-ção.12. Espaços Culturais:12.1 Museu mais Ativo – Isenção de pagamento de taxas– Apreciação, discussão e votação.12.2 Isenção de taxas - Entradas gratuitas no Moinhodo Papel – Apreciação, discussão e votação.

Para constar e devidos efeitos legais se passou o pre-sente edital, que vai ser afixado nos locais de estilo.Leiria, 17 de março de 2017.

O Presidente da Assembleia Municipal,José Manuel Silva

Jorna de Leiria - Edição n.º 1706 - 23.03.2017

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EDITAL N.º 17/2017

Gonçalo Nuno Bértolo Gordalina Lopes, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Leiria, no uso da competênciaque lhe é conferida pelo Despacho n.º 106/2013/GAP, de 12 de outubro, publicitado pelo Edital n.º 131/2013/GAP,de 18 de outubro, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 56º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro,torna público que, por deliberação da Câmara Municipal de 16 de março de 2017, foi determinado o procedimen-to de hasta pública para a concessão do direito ao arrendamento de dois espaços para fins não habitacionais, inte-grados no Centro Cultural Mercado de Santana, na cidade de Leiria, conforme elementos identificados no quadroseguinte:

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Mais torna público:

- Local, data e hora da praça: O ato de hasta pública realizar-se-á no dia 21 de abril de 2017, às 14:30 horas, na sala

de reuniões da Câmara Municipal de Leiria, no 4.º andar do Edifício dos Paços do Concelho.

- Licitação: A licitaçãoQ para cada um dos espaços é autónoma e aberta a todos os interessados presentes no ato

público, desde que tenham efetuado a sua inscrição junto da comissão da hasta pública.

- Valor base de licitação de cada um dos espaços a dar de arrendamento: O constante do quadro supra, sendo acei-

tes ofertas em lanços múltiplos de €50,00 (cinquenta euros).

- Critério de adjudicação: O critério de adjudicação é o da licitação de valor mais elevado, devendo o adjudicatá-

rio provisório pagar o valor correspondente à primeira renda, calculado com base no valor por si oferecido e que

consubstancia o valor da arrematação.

- Modo de pagamento: Em numerário ou por multibanco.

- Consulta do regulamento da hasta pública: O regulamento da hasta pública pode ser consultado no sítio do Muni-

cípio de Leiria, em www.cm-leiria.pt, ou no Balcão Único de Atendimento do Município de Leiria, sito no Largo da

República, Leiria, de 2.ª a 6.ª feira, das 9:00 horas às 16:30 horas.

Leiria, 20 de março de 2017.

O Vice-Presidente da Câmara Municipal

(Gonçalo Lopes)

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28 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

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Evento decorre sábado para divulgar doença ginecológica feminina

Leiria recebe marcha mundial pela endometriose

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frisa que o objectivo é que esteevento, organizado pelo quartoano consecutivo, "tenha a repre-sentatividade que merece". "Esteano, além da marcha, vamos pro-mover a realização simultânea deuma corrida e de várias acções dedivulgação que decorrerão na ma-nhã desse mesmo dia." A partici-pação é gratuita mas, para recebero kit de participação (que incluiuma t-shirt, informação e umaágua), deve ser feita inscrição pré-via através do site www.mulhe-

rendo.pt/marcha2017.A endometriose é "uma das doen-

ças ginecológicas mais comuns namulher em idade reprodutiva e, namaioria das mulheres, não temcura”, podendo “apenas ser con-trolada”. "Estima-se que afecteaproximadamente 2 a 17% da po-pulação feminina em geral e cercade 50 a 70% de mulheres com sin-tomas em idade reprodutiva."

Relativamente aos sintomas, "aqueixa mais comum é a dor, quepode ser expressa numa variedade de

sintomas, incluindo dismenorreia,dispareunia, dor pélvica crónica, di-súria e disquesia". "Fadiga, mens-truações abundantes e infertilidade"são outros sintomas relatados pormulheres com a doença, "sendo quese sugere que 47% das mulheres in-férteis têm endometriose". No en-tanto, algumas mulheres "permane-cem assintomáticas".

As opções de tratamento são di-versas, consistindo em "terapiasanalgésicas ou hormonais, cirur-gia invasiva conservadora ou míni-

ma, reprodução assistida ou umacombinação destes".

A Mulherendo - Associação Por-tuguesa de Apoio a Mulheres com En-dometriose, pretende, por isso, di-vulgar esta doença, "ainda muitodesconhecida no nosso País". Oprincipal objectivo desta associação,refere aquele comunicado, é "pro-mover e fomentar o apoio, a reabi-litação e/ou recuperação física epsicológica da mulher com Endo-metriose através da informação ecooperação directa".

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 29

Ficha Técnica

Nome | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | || | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Morada | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | || | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | CP | | | | | - | | | | Localidade | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | País | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Telefone | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Profissão | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Habilitações Literárias | | | | | | | | | | | | | | N.º Elementos agregado familiar | | | NIF | | | | | | | | | | Data de nascimento | | | - | | | - | | | | |E-mail: | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |

Junto envio cheque/vale postal n.º | | | | | | | | | | no valor de 35€ (Portugal), 65€ (Europa), 93€ (outros países do Mundo) emitido à ordem de Jorlis, Lda., para pagamento da minha assinatura anual do Jornal de Leiria (renovável anual-mente, salvo indicações em contrário). Para pagamento por transferência bancária para o NIB 003503930008317863056(anexar comprovativo). Para mais informações contactar pelo Tel. 244 800 400 - E-mail: [email protected]

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O Jornal de Leiria está aberto à partici-pação de todos os cidadãos de acordocom o ponto 5 do Estatuto Editorialdisponível emhttps://www.jornaldeleiria.pt/empresa

Sudoku

Difícil

GRAU DE DIFICULDADE

SOLUÇÃO DA SEMANA ANTERIOR

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LICIDA

DE

Saúde/Utilidades

Palavras Cruzadas

HORIZONTAIS: 1 - Que envolve atentado. Espécie de palmeira de São Tomé. 2 - Nota mu-sical. Nota musical. Antiga rabeca pastoril. 3 - Órgão laminar, resistente, munido de nu-merosos dentículos, existente no bolbo bucal de muitos moluscos. Terreno onde crescemsumagres. 4 - Entrada estreita. Ilha do Adriático. 5 - Peça musical em que a melodia so-bressai com dominância e interesse. Fístula. Alternativa (fig.). 6 - Abrev. de árabe. Poucoabundante. Nome de mulher. 7 - Rocha sedimentar, em que a argila e o calcário entram emproporções quase iguais, usada no fabrico de cimentos ou como correctivo nas terras. Actoou efeito de reembolsar. 8 - Esfacelar. Afasta. 9 - Sódio (s. q.). Oscilar. Ferro temperado. Símb.químico do germânio. 10 - Proceder para com. Planta medicinal. Ponto cardeal. 11 - Avio-miniatura. VERTICAIS: 1 - Lançamento em rol. 2 - Conjunto de todas as rodas de um relógio. Encher.3 - Espaço de tempo. Rubídio (s. q.). Em partes iguais. 4 - Náufrago. 5 - 52 (rom.). Dissolverem água. 6 - Vergar com o peso ou a carga. Escuro. 7 - Tantálio (s. q.).Tesouro. 8 - A vergado portal. 9 - Título honorífico na Índia. Atormentar. Abrev. de "idem". 10 - Membro de con-fraria, da maçonaria, etc. Cerveja inglesa fabricada com malte pouco torrado. 1 1 - Medidagrega de comprimento. Terreno semeado de cabaças. 12 - Que causa ou encerra agravo. 13- Ancoradouro. Abrev. de altitude. Abrev. de Santíssimo Sacramento. 14 - Designativa decontrariedade, raiva. Sagu. 15 - Rio da Alsácia. Gemido (Bras.). Pequena argola.

Solução do problema anterior: HORIZONTAIS: 1 – ARCABUZEIRO. ALG. 2 – GALRAR. SR. CARIE. 3 – ORAR. CETRA. T.AA. 4 – SO. EJA. RANCHO. R. 5 – T. ABA. DO. AL. XI. 6 – INTANGIBILIDADE. 7 – NA. TI.DIVINAL. Q. 8 – INTACTIL. TINAMU. 9 – A. ANARMONICO. II. 10 – NEUTRAO. ACA.MAN. 11 – OR. EOS. VOO. SIRO. VERTICAIS: 1 – AGOSTINIANO. 2 – RARO. NAN. ER. 3 – CLA. AT. TAU. 4 – AR-REBATANTE. 5 – BA. JANICARO. 6 – URCA. G. TRAS. 7 – Z. E. DIDIMO. 8 – ESTROBILO.V. 9 – IRRA. IV. NÃO. 10 – R. ANALITICO. 11 – OC. CLINICA. 12 – ATH. DAN O. S. 13 –AR.OXALA. MI. 14 – LIA. ID. MIAR. 15 – GEAR. EQUINO.

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30 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Desporto

João Carvalho Ferro-velho, pai deJotó, contou-nos as histórias do novoherói dos benfiquistas. Fomostambém ao Quase Bar medir o pulso àvila onde cresceu um dos maispromissores futebolistas do País

Miguel [email protected]

� “Tozé, o dinheiro do café fica emcima da mesa. Olha, deixa-me que tediga que o teu filho é lindo e aquelegolo que marcou ao Porto foi mara-vilhoso!” Uma senhora na casa dos se-tenta e muitos, apoiada na sua ben-gala, avança rumo à saída do QuaseBar, estabelecimento comercial pro-priedade de António José Carvalho,antigo futebolista profissional doLeça, do Feirense e sobetudo da Aca-démica, clube pelo qual disputou es-caldantes duelos com a União deLeiria.

No meio da bola ficou conhecidopor Tozé, mas na esquecida Casta-nheira de Pera, onde nasceu há 49anos, todos o tratam por Ferro-velho,uma alcunha que vem do tempo emque os pais tinham um café-restau-rante na localidade perdida no inte-rior do distrito de Leiria. Por estes dias,o Quase Bar de Ferro-velhoé ponto deromaria obrigatória para aquelas gen-tes. É que o herói daquela terra - quegarantem ser mais benfiquista doque outra coisa qualquer - é filho deTozé.

A história de Jotó, como chamamao rapaz, está escarrapachada nos jor-nais desportivos que pousam emcima do balcão e são folheados peloamigos e clientes da casa. O orgulho

é evidente. Os comentários positivosfazem-se ouvir, enquanto a BenficaTV passa, omnipresente, no ecrã gi-gante. “Ah, grande Jotó. Tem unspés de ouro, o rapaz. E cresceu aqui,na vila!”

Vamos a apresentações. Jotó, JoãoCarvalho de seu nome oficial e pro-fissional, é um futebolista com con-trato com o Benfica até 2021. Aos 20anos, é uma das grandes esperançasdo clube encarnado. Começou a tem-porada na equipa B, estava a ser o me-lhor do plantel, e em Janeiro foi em-prestado ao Vitória de Setúbal parapoder jogar num espaço competitivomais exigente. Nas selecções jovensconta com 48 internacionalizações eseis golos marcados.

Vai buscar CasillasDesde que chegou ao Bonfim temsido aposta firme de José Couceiro eno passado domingo, no Dragão,marcou o golo do empate da suaequipa emprestada frente ao FC Por-to, que valeu um ponto ao Setúbal,mas também, muito mais importan-te, a manutenção do Benfica no pri-meiro lugar da Liga. Ainda por cima,na próxima jornada, há um clássico naLuz que pode decidir o campeonato.“Foi um momento de euforia da fa-mília e dar uma ajudinha ao Benficasoube bem”, admite o pai babado.

O menino está feito um homem,

mas tem dentro de si todos os sonhosdo mundo. O pai, orgulhoso, quermuito que para o ano se fixe na equi-pa principal encarnada e que Jotó setorne uma das referências da próximageração, a exemplo do que aconteceucom Renato Sanches, seu colega demeio-campo nos escalões de forma-ção encarnados. Só não foi este anoporque “faltou um clique”, “umaoportunidadezita na Taça da Liga ouna Taça de Portugal como deram aoSanches e ao Guedes, mas, como dizo Jotó, é tranquilo”.

“O João tem muita classe, é muitotécnico, faz as coisas com cabeça ejoga com os dois pés. Ainda não estáno topo, mas, se Deus quiser, há-de láchegar. A jogar é muito diferente demim. Eu era canhoto, o pé direito sóservia para subir o autocarro. Jogavaa lateral-esquerdo e era um bocadinhomais duro, porque a posição assimobrigava”, explica Tozé, que deixou dejogar de forma profissional aos 30anos, mas continuou até aos 38 anosnos clubes da região, arrumando asbotas ao serviço do clube onde tinhacomeçado antes de ser levado para osjuniores da Académica, o Sport Cas-tanheira de Pera e Benfica.

Foi também no Sport, como oclube é conhecido na terra, queJotó fez as primeiras fintas, aos“seis ou sete anos”. No clube jo-garam ainda dois tios, irmãos do

Em Castanheirade Pera, todasas conversasvão dar aotalento de Jotó

RICARDO GRAÇA

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 31

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TozéCarvalho, paide JoãoCarvalho,recebeu oJORNAL DELEIRIA noQuase Bar,onde os feitosdo filho sãoassunto deconversa.JoãoCarvalho, JotóemCastanheirade Pera, foi oherói doVitória deSetúbal noDragão. Ele é,de resto, umadas maiorespromessas dofutebolportuguês,como as 45internaciona-lizações pelosescalõesjovenscomprovam

pai. Também o avô, que João nãochegou a conhecer, tinha uma li-gação muito forte ao emblema.“Era o massagista do Sport, co-nhecido por Augusto Coxo. Gosta-va mais de música e de futebol doque da família. Era um espectácu-lo”, recorda Tozé. Voltemos a João.“Aos dois ou três anos ele já viamuito futebol na televisão e sóqueria jogar à bola. Até meti umabaliza na sala grande e ele só que-ria marcar golos. Era uma coisa im-pressionante.”

Menino das vírgulasAos seis anos começou a treinar commiúdos mais velhos, mas não podiajogar. O pai, que era o treinador, me-tia-o dentro de campo em partidasamigáveis. “Já sobressaía e nós ficá-vamos admirados, porque não sa-bíamos como ele tinha aprendido ostruques que executava e que nem eusabia fazer. Os adversários nunca sa-biam o que ia sair dali.” No ano se-guinte, com sete, teve uma autoriza-ção especial da Associação de Fute-bol de Leiria para jogar no escalão aci-ma, mas foi sol de pouca dura, poisRui Silva, um engenheiro da câmarade Figueiró que também era olheirodo Benfica, indicou o seu nome.

Passado pouco tempo, foi cha-mado a prestar provas. “Tinhauma carrinha de sete lugares e foi

a família toda ao Estádio da Luz,Mas como eu fui, foi gente de nor-te a sul do País. Eram uns 500miúdos, sem exagerar.” O Joãoreagiu mal. “Olhou para aquilo eentrou imediatamente no carro, achorar. Ficou assustado com tantagente.”

Tozé, com a ajuda do professorFonte Santa, lá conseguiu convencero rapaz. Soltou-se, fez uns jogos e re-gressaram todos a Castanheira dePera. A meio da viagem, o telefone to-cou. Era Bruno Maruta, técnico dosencarnados, a dizer que tinham gos-tado muito do João e que queriam queele passasse a vestir o manto sagrado.

Quatrocentos quilómetrosComeçou por ser uma vez por mês,passou a uma vez por semana. Du-zentos quilómetros para baixo, du-zentos quilómetros para cima. Passoua duas viagens semanais, finalmentetrês. É fazer as contas. “É inacreditá-vel o que fazíamos, eu, a minha mu-lher e os meus sogros. Ele vinha a can-tar e a brincar, até adormecer. Para osestudos era o mais complicado, maso João era um excelente aluno. Feliz-mente, correu sempre tudo bem,mas foi um sacrifício muito grande.”

Até que, na inocência dos seus 12anos, João Carvalho passa a residir naacademia do Seixal. O pai e a mãe Isa-bel tiveram de ver o petiz a crescer a

200 quilómetros de distância. “Foiuma mudança grande e custou-nosmuito. Pensávamos que ele não iaaguentar, mas o João sempre foi ummiúdo muito tranquilo. Íamos to-dos os fins-de-semana – e continua-mos a ir – e ele vive muito chegadonós. E arranjou lá outra família, for-mada pelos colegas.”

João fala todos os dias com os paise regressa a Castanheira de Pera sem-pre que pode. “Nas férias vem sem-pre, gosta muito disto. Tem os amigosda escola - o Tomás, o Alexandre, aRaquel, a Patrícia e a Sofia - que nadatêm que ver com futebol. Falam detudo menos de bola e ele gosta disso.É uma alegria quando estão juntos”,diz Tozé, que compara o filho a Inies-ta e a Aimar, e que agora não perde umjogo do Vitória, como nunca perdeudo Benfica enquanto o rapaz lá este-ve. Até tem um cachecol dos Sadinos,mas optou por um preto, em vez domais tradicional verde e branco...

No Quase Bar, a conversa continuaa ser em torno do craque, que está na12.ª época de ligação aos encarnados.“É normal que as pessoas perguntem,ainda por cima tenho uma casa aber-ta. Sei que todos ficam orgulhosos dopercurso dele, mas ainda não chegouao topo. Acredito que vai lá chegar.Acreditámos sempre. Gosta de tra-balhar, esforça-se muito, às vezes atédemais. É um grande jogador.”

Futsal

Teresa Jordãodistinguida na gala Quinas de Ouro

� É professora de Física no InstitutoEducativo no Juncal, mas muitomais do que isso. Teresa Jordão foiuma das 25 pessoas distinguidasesta segunda-feira, no Centro deCongressos do Estoril, na Gala Qui-nas de Ouro. O seu trabalho en-quanto técnica do Centro Recrea-tivo da Golpilheira valeu-lhe o pré-mio de treinadora do ano de futsalfeminino. Foi escolhida por trei-nadores, futebolistas e adeptos,que puderam votar através da in-ternet. “Estou muito feliz, nada dis-to seria possível sem as jogadorasfantásticas com que tenho traba-lhado, sem os clubes e organiza-ções por onde tenho passado. Esteprémio, além de ser individual,também tem esse mérito colectivo.É muito bom ser reconhecidaquando se trabalha com amor, de-dicação”, disse Teresa Jordão apósa gala. O CR Golpilheira, do con-celho da Batalha, foi campeão na-cional de futsal feminino em2013/14. Na temporada transactaterminou a prova na sétima posi-ção. Nuno Dias foi o treinador doano em futsal masculino.

Futebol

Treinadores da União de Leiriaem greve atésexta-feira

� Todos os treinadores das equipasde futebol de cinco e de sete daUnião Desportiva de Leiria entraramem greve na passada quarta-feira,por um período de três dias. Os 11técnicos, a totalidade dos que orien-tam as equipas mais jovens do clu-be, alegam vencimentos em atrasoe incumprimento dos compromis-sos assumidos pela Direcção relati-vos a despesas dos treinadores. Opresidente demissionário do clu-be, Paulo Sarraipa, foi surpreendidopor esta tomada de posição, pois ga-rantiu ao JORNAL DE LEIRIA que setinha comprometido com os trei-nadores em pagar-lhes as verbasem atraso - relativas a IVA e a re-munerações - até à próxima sexta-feira, dia em que regressa do es-trangeiro. O responsável estranhouainda que esta greve não se tenhaestendido aos técnicos do futebol de11, “que estão na mesma situação”,lamentando que se realize nas vés-peras de uma “muito importante”Assembleia Geral, marcada paraesta sexta-feira, e onde será discu-tida a continuidade de Sarraipa àfrente do clube.

Bernardo Clemente bate recorde distrital absolutoAtleta do Bairro dos Anjos, Bernardo Clementeestabeleceu um novo recorde distrital absoluto aos 100metros mariposa (56,88 segundos) no decorrer do TorneioInter-distrital de juvenis, juniores e absolutos, que serealizou no passado fim-de-semana em Coimbra. Bateuainda o recorde distrital sénior nos 50 mariposa (26,27).

FCP

FPF

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32 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Desporto

nhense, Vieirense-AtouguienseAndebol3.ª Divisão – 2.ª fase – zona 2Resultados3A Almeirim-Lagoa AC 23-21CD Mafra-Samora Correia 17-21Oriental-Sassoeiros 13-13SIR 1.º Maio-Ginásio Sul 25-24

Classificação finalP J V E D G

Samora Correia 6 2 2 0 0 59-49SIR 1.º Maio 6 2 2 0 0 54-52Sassoeiros 5 2 1 1 0 40-31Lagoa AC 4 2 1 0 1 42-423A Almeirim 4 2 1 0 1 55-59Oriental 3 2 0 1 1 41-42Ginásio Sul 2 2 0 0 2 43-46CD Mafra 2 2 0 0 2 35-48

Próxima jornada 25 de MarçoGinásio Sul-3A Almeirim, Lagoa AC-CD Mafra, Sa-mora Correia-Oriental, Sassoeiros-SIR 1.º Maio

Futebol

Campeonato de Portugal – fase de subida –- zona SulResultados CD Fátima-Praiense 2-1Real SC-Operário Lagoa 1-0Sporting Farense-Sacavenense 0-0Torreense-Louletano 3-0

Classificação P J V E D G

Torreense 11 6 3 2 1 6-1CD Fátima 10 6 3 1 2 5-5Praiense 10 6 3 1 2 5-6Sacavenense 9 6 2 3 1 6-3Sporting Farense 8 6 2 2 2 5-4Real SC 8 6 2 2 2 5-5Louletano 5 6 1 2 3 5-8Operário Lagoa 3 6 0 3 3 2-7

Próxima jornada 26 de MarçoLouletano-CD Fátima, Operário Lagoa-Torreense,Praiense-Sporting Farense, Sacavenense-Real SC

Campeonato de Portugal – manutenção – série EResultados Angrense-União Leiria 1-2Gafetense-Lusitânia 0-3Ginásio Alcobaça-Sertanense 0-1Sporting Ideal-Benfica C. Branco 3-2

Classificação P J V E D G

União Leiria 23 6 4 2 0 8-4Sporting Ideal 18 6 3 1 2 9-7Sertanense 17 6 2 3 1 4-3Benfica C. Branco 15 6 1 4 1 13-8Lusitânia 13 6 1 5 0 6-3Gafetense 10 6 1 2 3 4-8Angrense 9 6 2 1 3 6-7Ginásio Alcobaça 5 6 1 0 5 4-14

Próxima jornada 26 de MarçoBenfica C. Branco-Angrense, Lusitânia-Ginásio Alco-baça, Sertanense-Sporting Ideal, União Leiria-Gafe-tense

Divisão de Honra – AF LeiriaResultados AC Marinhense-Beneditense 1-0Caçadores Ansião-AE Óbidos 0-0GD Peniche-Portomosense 4-0GRAP-Moita Boi 3-0Guiense-ACR Maceirinha 1-2Leiria e Marrazes-Nazarenos 6-0Sporting Pombal-Atouguiense 5-0Vieirense-GD Pelariga 1-1

Classificação P J V E D G

Sporting Pombal 45 21 14 3 4 45-23AC Marinhense 42 21 13 3 5 34-18Caçadores Ansião 41 21 13 2 6 47-18GD Peniche 41 21 12 5 4 47-21GRAP 39 21 12 3 6 40-22Leiria e Marrazes 39 21 12 3 6 41-28Beneditense 37 21 10 7 4 27-16ACR Maceirinha 36 21 10 6 5 22-19Guiense 30 21 8 6 7 29-21GD Pelariga 29 21 9 2 10 31-33Moita Boi 28 21 8 4 9 29-31Vieirense 22 21 6 4 11 13-29Atouguiense 16 21 4 4 13 22-43AE Óbidos 15 21 3 6 12 27-42Portomosense 12 21 3 3 15 15-45Nazarenos 1 21 0 1 20 9-69

Próxima jornada 26 de MarçoAC Marinhense-Caçadores Ansião, ACR Maceirinha-

Sporting Pombal, Moita Boi-AE Óbidos, Atouguiense-Leiria e Marrazes, Beneditense-Guiense, GD Pelariga-GRAP, Nazarenos-GD Peniche,Portomosense-Vieirense

Futsal

Liga SportZoneResultados Futsal Azeméis-CS São João 6-4Modicus-Leões Porto Salvo 5-2Rio Ave-Quinta Lombos 3-2Sporting-Os Vinhais 10-3Sporting Braga-Belenenses 6-2Burinhosa-Benfica 2-4Unidos Pinheirense-AD Fundão 4-3

Classificação P J V E D G

Sporting 56 20 18 2 0 113-30Benfica 51 20 16 3 1 88-31Sporting Braga 41 20 12 5 3 79-50Modicus 41 20 13 2 5 90-52Belenenses 38 20 12 2 6 73-63AD Fundão 31 20 10 1 9 64-69Futsal Azeméis 22 20 5 7 8 63-75Pinheirense 22 20 7 1 12 64-87Quinta Lombos 20 20 6 2 12 49-82Leões Porto Salvo 18 20 5 3 12 64-87Burinhosa 17 20 5 2 13 58-83Rio Ave 17 20 4 5 11 61-80CS São João 15 20 4 3 13 53-83Os Vinhais 11 20 3 2 15 52-99

Próxima jornada 25 e 26* de MarçoBelenenses-Burinhosa, CS São João-Rio Ave, LeõesPorto Salvo-Futsal Azeméis, Os Vinhais-Modicus,Quinta Lombos-Sporting Braga, Unidos Pinheirense-Benfica, AD Fundão-Sporting*

2.ª Divisão – Apuramento do campeão – zona SulResultados Casal Velho-CD Fátima 5-5Fabril-Tires Futsal 2-4Portimonense-Matraquilhos 8-1

Classificação P J V E D G

Tires Futsal 6 2 2 0 0 10-3Casal Velho 4 2 1 1 0 9-8Portimonense 3 2 1 0 1 9-7CD Fátima 2 2 0 2 0 8-8Fabril 1 2 0 1 1 5-7Matraquilhos 0 2 0 0 2 4-12

Próxima jornada 25 de MarçoCasal Velho-Portimonense, CD Fátima-Tires Futsal,Matraquilhos-Fabril

2.ª Divisão – manutenção – série DResultados ADR Mata-Mendiga 2-1Boa Esperança-NSCP Pombal 1-1Ladoeiro-Os Patos 3-4Olho Marinho-Amarense 4-4

Classificação P J V E D G

Olho Marinho 21 2 0 1 1 8-12ADR Mata 16 2 1 0 1 5-6Amarense 15 2 0 2 0 5-5Os Patos 14 2 2 0 0 9-6Boa Esperança 13 2 0 2 0 2-2NSCP Pombal 13 2 0 1 1 2-5Mendiga 12 2 1 0 1 9-6Ladoeiro 8 2 1 0 1 7-5

Próxima jornada 25 e 26* de MarçoAmarense-ADR Mata, Ladoeiro-Boa Esperança, OsPatos-Mendiga, NSCP Pombal-Olho Marinho*

Nacional feminino – apuramento do campeãoResultados FC Vermoim-Rest. Avintenses 3-1CR Golpilheira-Novasemente 1-6ACRD Louriçal-Sporting 3-4EDC Gondomar-Benfica 4-9

Classificação P J V E D G

Sporting 6 2 2 0 0 12-4Benfica 6 2 2 0 0 12-5Novasemente 6 2 2 0 0 9-2Rest. Avintenses 3 2 1 0 1 6-5FC Vermoim 3 2 1 0 1 4-4ACRD Louriçal 0 2 0 0 2 4-7EDC Gondomar 0 2 0 0 2 6-14CR Golpilheira 0 2 0 0 2 2-14

Próxima jornada 25 e 26* de MarçoBenfica-FC Vermoim, Novasemente-Rest. Avinten-ses, Sporting-EDC Gondomar, CR Golpilheira-ACRDLouriçal*

Hóquei em patinsTurquel volta a serinfeliz no golo de ouro

No espaço de uma semana, aequipa sénior masculina doHóquei Clube de Turquel foiafastada de duas provas por causado golo de ouro, que premeia aprimeira equipa a marcar noprolongamento. Primeiro foi emItália, nos quartos-de-final daTaça CERS, competição europeiade hóquei em patins, frente aoCarispezia Hockey Sarzana. Nopassado sábado foi em Turquel,frente ao Benfica, nos 16 avos-de-final da Taça de Portugal..

Dança desportivaCircuito nacional em Porto de Mós

O pavilhão municipal de Porto deMós vai ser palco, este domingo,da segunda prova do CircuitoNacional de Dança Desportiva. Noevento, que começa às 11 horas,estarão a concurso as categoriasde danças standard (valsa inglesa,tango, valsa vienense, slowfoxtrot e quickstep) e dançaslatino-americanas (samba, chá-chá-chá, rumba, paso doble ejive), em seis categorias. Aentrada no recinto custa 7,5euros.

Andebol Atletas do SIR 1.º de Maioapuram Portugal

Luana Periquito e Isabel Cardososão duas andebolistas do SIR 1.º deMaio, de Picassinos, MarinhaGrande, que participaram nohistórico apuramento da selecçãoportuguesa para o Europeu desub-19. Na grupo 6 de qualificação,que se disputou em Zlobin,Bielorrússia, Portugal empatoucom a Suíça (25-25) e venceu aGeórgia (34-15) e a representaçãoda casa (40-23). O Europeu de sub-19 começa a 27 de Julho, naEslovénia.

Irina Rodrigues no Estádio João Paulo II, na Terceira

Irina Rodrigues viaja duas vezes por mês para a ilha Terceira

Sete mil quilómetros por mêspara o disco voltar a voar longeJacinto Silva [email protected]

� Depois da grave lesão na pernacontraída, a treinar, a escassos seisdias de competir nos Jogos Olím-picos do Rio de Janeiro, a vida deIrina Rodrigues nunca mais foi amesma. Primeiro foi a desilusão,depois a vontade de se levantar. Eapós cinco meses a recuperar deuma fractura completa do peróniodireito, a lançadora de disco deLeiria começou, em Janeiro, umavida nova.

Agora, a preparação da atletaacontece agora em nada menosdo que três locais distintos. NoCentro Nacional de Lançamentos,em Leiria, treina duas semanaspor mês, mas nas outras duas fá-loem… Angra do Heroísmo, onde re-side o seu novo treinador, Júlio Ci-rino, antigo técnico da recordistanacional da disciplina, Teresa Ma-chado (65,40 metros).

Mas há mais! Estudante de Me-dicina, os treinos às segundas eterças são sempre em Coimbra, nasecção de halterofilia da Acadé-mica. Ora, somando as quatro via-gens mensais de ida e volta paraCoimbra, às duas viagens mensaisde partida e regresso para a Ter-ceira – com a deslocação para osaeroportos de permeio – não é di-fícil perceber a complexidade doprocesso. No total, contas feitaspor alto, entre carros, autocarrose aviões, a lançadora do Sportingfaz 7.500 quilómetros mensal-mente. Tudo com o objectivo dever o disco voar longe.

“É uma logística complicada”,admite Irina Rodrigues. “Não pos-so negar que é cansativo. No en-tanto, estou a gostar muito doprocesso. Fui muito bem recebidana Terceira, o Estádio João PauloII é o mais bonito onde já estive eo Júlio Cirino é um mestre, não só

DR

no que concerne ao atletismo,mas também como ser humano.”A sintonia é “total”. Nas semanasem que a atleta não vai ter com otreinador, vai o treinador ter coma atleta. “Estamos os dois no mes-mo barco e, por isso, ambos dis-postos a este esforço suplemen-tar.”

E assim vão andando, com acasa às costas, mas com muitavontade de fazer bem. Apesar deter começado a época com prati-camente meio ano de atraso, IrinaRodrigues acredita que ainda vaia tempo de fazer coisas positivas.O objectivo principal passa con-seguir fazer a marca de qualifica-ção (61,20 metros) para o Mundialde atletismo, competição que serádisputada em Agosto. “Quero mui-to estar em Londres”, sublinha aatleta. A revalidação da conquis-ta da Taça dos Clubes CampeõesEuropeus, pelo Sporting, é outradas metas. “Calmamente vou ad-quirindo a forma. Acredito quevai correr tudo pelo melhor.”

1.500quilómetros é a distânciaaproximada entre o AeroportoHumberto Delgado, em Lisboa, ea pista das Lajes, na Terceira.

63,96metros é o recorde pessoal deIrina Rodrigues no lançamentode disco. A marca foi obtida noInverno de 2016.

Os números

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DesportoJornal de Leiria 23 de Março de 2017 33

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LICIDA

DE

Aulas irão decorrer nas instalações do Clube de Ténis de Pombal

Clube de Ténis de Pombal abre portas à comunidade com o Ténis social solidário

Pelo menos em Pombal, o ténis já não é só coisa para “betinhos”Miguel [email protected]

� Diz-se por aí que o ténis é coisade gente rica, de meninos damamã, com muitos apelidos e rou-pas de marca. Diz-se, até pode serverdade, mas em Pombal a coisanão vai durar muito mais tempoassim. É que o clube de ténis e oMunicípio local assinaram, na pas-sada segunda-feira, um protocoloque tem por propósito lançar oprojecto Ténis social solidário, pro-jecto esse que visa dar a oportuni-dade de pegar na raquete a crian-ças desfavorecidas que frequen-tem o primeiro ciclo naquele con-celho do distrito de Leiria.

A ideia é sinalizar, em sintoniacom a Comissão de Protecção deCrianças e Jovens de Pombal, 15 miú-dos desfavorecidos para que pos-sam ter dois treinos semanais de té-nis. “Queremos contribuir para quetodos, sem excepção, tenham asmesmas oportunidades”, explicouJoão Dinis Carmo, presidente da Di-recção do Clube de Ténis de Pombal.A intenção é que o projecto “se ope-racionalize, não fique apenas namente de alguns sonhadores”, nemse torne num “mero exercício teóri-co” ou numa “mera contemplação darealidade”.

Para Diogo Brilhante, secretárioda Direcção do CTP, o projecto, quepermite que o clube assuma umpapel mais interventivo na socie-dade, tem duas metas primordiais:“prevenir comportamentos de ris-co favorecendo uma ocupaçãosaudável nos tempos livres aliadaa uma prática desportiva regular epromover a inclusão social e es-colar das crianças através da trans-missão de valores intrínsecos ao té-nis, que contribuem para umaaquisição de competências psi-cossociais e de vida”.

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

Às crianças seleccionadas ser-lhes-à servido um lanche nos diasde treino e receberão equipamen-to adequado e acompanhamentopsicopedagógico. Diogo Brilhantepromete ainda “apoio”, “afecto”, ecolocar todo o “know-how e ener-gia ao serviço dos que mais neces-sitam”, dando assim acesso a umaprática que potencia a capacidadeindividual de lidar com o sucessoe o insucesso, a autodisciplina, odesempenho sob pressão, o con-trolo emocional ou o trabalho emequipa.

“Não deixa de ser caricato que amodalidade que durante muitotempo foi uma actividade para al-guns, seja aquela que abre os bra-ços e se torna a mais inclusiva de

todas”, salientou o presidente daautarquia, explicando ainda que“mais de uma dúzia de jovens já fo-ram identificados” para começar aactividade. “Eu próprio já permitique fossem contactados os paisdos alunos para que haja uma au-torização de frequência”, infor-mou Diogo Mateus, que acreditaque jovens de etnia cigana vão terlugar no plano.

“Queremos quebrar tabus. Nãotenho dúvida de que do ponto devista da inovação e da qualificaçãodos recursos humanos disponí-veis, vamos conseguir bons resul-tados. O Ténis social solidário seráum formato que rapidamente se es-tenderá a outras modalidade e atéà cultura”.

Futebol AcademiaCCMI constróibancadas e balneários

A Academia Desportiva do ColégioConciliar Maria Imaculada (CCMI),de Leiria, vai avançar em Maiopara a construção de uma novainfra-estrutura, constituída porbancadas, balneários, enfermaria esala multiusos. Surge na sequênciado aumento de atletas inscritos - jáultrapassa os 200 – nasmodalidades de andebol, yoga,ginástica acrobática e futebol. Aconclusão da obra está previstapara o início de 2017/18.

Trampolins MariaCarvalho quer saltar e só parar em Sófia

No passado fim-de-semana, oTrampolins Clube de Leiria (TCL) eo Ateneu Desportivo de Leiriaparticiparam, em Sangalhos, noTorneio António José Marques.Destaque para o terceiro lugar deMaria Carvalho em duplo mini-trampolim júnior, tendo obtidouma das três pontuaçõesnecessárias para uma participaçãona Competição Mundial por Grupode Idades deste ano, a ter lugar nacapital búlgara, em Novembro.

BTT David Rosa foiterceiro em provaespanhola

Depois da vitória no InternacionalXCO Marrazes, David Rosacontinua na senda de resultadosexpressivos, tendo alcançado olugar mais baixo do pódio no GPCiudad de Valladolid, prova declasse 1 internacional de BTTdisputada no passado sábado, emEspanha. O atleta olímpico deFátima concluiu a prova a 46segundos do vencedor, o espanholDavid Valero, que venceu ao sprinto compatriota Pablo Rodriguez.

Futebol Os oitoapurados para a fasefinal da 1.ª divisão

GD Alvaiázere, Desportiva deFigueiró dos Vinhos, AC Carnide,GD Ilha (zona Norte), GDRBoavista, GD Os Vidreiros, CCRAlqueidão da Serra e União daSerra (zona Sul). São estas as oitoequipas qualificadas para a fasedecisiva na 1.ª Divisão distritalde futebol sénior. Os trêsprimeiros classificados da fasedecisiva, que arranca no próximodomingo, irão disputar a Divisãode Honra na próxima época.

15crianças desfavorecidas doconcelho de Pombal serão asbeneficiárias do projecto Ténissocial solidário, lançado peloClube de Ténis de Pombal

O número

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34 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

ViverRICARDO GRAÇA

Jacinto Silva [email protected]

� “A organização apenas tem motivos para estar sa-tisfeita com o programa e, em especial, com a ade-são do público a um festival que versa sobre a poe-sia, uma forma literária que ainda é consideradacomo sendo de ‘nicho’”. Foi desta forma que, naterça-feira à noite, na Arquivo Livraria, João Na-zário, um dos responsáveis por aquele espaço,classificou, na sessão de encerramento do evento,a forma como decorreram os seis dias deste even-to dedicado à mais nobre das formas de literatura:a poesia.

Tendo sido uma ideia original do poeta Paulo JoséCosta, que contou com o apoio e financiamento da Ar-quivo Livraria e da Câmara de Leiria, o responsávelpelo semanário afirmou que, “de forma geral, as vá-rias sessões foram bastante concorridas e participa-das pelo público. Os eventos programados foram mui-to ricos, com intervenientes que trouxeram muitascoisas novas, deixando a poesia e a cidade de Leiria,com uma boa marca neste campo."

Em pleno Dia Mundial da Poesia, João Nazárioagradeceu a Paulo José Costa, que desafiou a li-vraria a abraçar a Ronda, à Câmara de Leiria, na pes-soa do vereador da Cultura, Gonçalo Lopes, aospoetas e intervenientes, ao comércio, restauraçãoe hotelaria da cidade, que apoiaram uma iniciati-va com um orçamento limitado, à Escola Superiorde Artes e Design, de Caldas da Rainha, que criouo troféu do Prémio de Poesia Francisco RodriguesLobo, e à Fundação Caixa Agrícola de Leiria, que pa-trocionou o galardão poético.

SONHOTeria passado a vida atormentado e sozinho se os sonhos me não viessem mostrar qual é o caminho

umas vezes são de noite outras em pleno de sol com relâmpagos saltados ou vagar de caracol

quem os manda não sei eu se o nada que é tudo à vida ou se eu os finjo a mim mesmo para ser sem que decida. Agostinho da Silva, in Poemas, lido por Paulo José Cos-

ta, no encerramento da Ronda Poética 2017

Paulo José Costa recordou que, em Outubro, lançouo desafio à responsável da Arquivo Livraria, AlexandraVieira, e que ela abraçou o projecto prontamente. "Ti-vemos a oportunidade de estruturar e desenvolver to-das as actividades com todas as pessoas que estiveramimplicadas directa e indirectamente nas acções apre-sentadas. Uma actividade destas só é possível com o con-tributo de pessoas, de algumas que aparecem mencio-nadas no programa e de muitas outras que não apare-cem, mas que são extraordinariamente importantes. Lei-ria merecia um evento como este, para provarmos quea literatura e a poesia são também merecedores de di-ferentes actividades com um cariz ecléctico, cultural eque tragam público.”

O programa, sublinhou o poeta, abrangeu públicos detodas as idades, em vários contextos, em vários espa-

ços, uns nobres, como a Igreja da Misericórdia, o Museudo Moinho do Papel, o m|i|mo, a Biblioteca MunicipalAfonso Lopes Vieira e os espaços comerciais. Além dis-so, Paulo José Costa referiu ainda, a importância de seter levado uma turma de uma escola do I ciclo a um bair-ro habitado por pessoas de etnia cigana, onde a poesiafoi declamada pelos mais novos, tendo havido um mo-mento de confraternização, com palavra e versos a se-rem a ligação entre as pessoas.

O mentor referiu ainda o sucesso que foi o primeiroPoetry Slam da cidade do Lis, realizado no Atlas Hostel,organizado pela escritora Carla Veríssimo, que tambémapresentou o seu livro Entrilhas, no espaço Eça, no sá-bado, ao início da tarde. "Além da oficina, o concurso foiimensamente participado, com pessoas de várias idadesa declamar e a participar activamente. Sei que este PoetrySlam vai dar azo a outros concursos, entretanto."

Por fim, o poeta, mencionou a acção programada parao Estabelecimento Prisional de Leiria (EPL), para o últimodia, ontem, quarta-feira, dia 22, que considerou "forte eque colocou reclusos e poetas profissionais do EPL. Ummomento indescritível, com uma intensidade enorme".

Para o vereador da Cultura, Gonçalo Lopes, felizmen-te, há muitos “paulos” e associações e empresas como oGrupo Movicortes, a que pertencem a Arquivo e o JORNALDE LEIRIA, disponíveis a colaborar e que oferecem umaboa parte do seu tempo, dentro de um “carinho muito es-pecial pela cultura”, numa óptica de responsabilidade ci-vil e social. “Leiria é uma cidade que pauta a sua ofertacomo espaço de diversidade de experiências e era preci-so mostrar a experiência da literatura e poesia precisavade espaço na nossa programação. Esta Ronda é uma ex-periência notável, feita com grande esforço e orçamentocurto, tendo um impacto muito grande”, resumiu.

Leiria com o coração na poesia

Leiria mereciaum eventocomo este, paraprovarmos quea literatura e apoesia sãotambémmerecedoresde diferentesactividadescom um carizecléctico,cultural e quetragampúblico”

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 35

RICARDO GRAÇA

RICARDO GRAÇA

Lamento das casas felizesRuy de Saveedra venceu Prémio de Poesia Francisco Rodrigues Lobo

Pedro Mexia, Carlos André, Orlando Cardoso,Cristina Nobre e Maria Celeste Alves, o júri daprimeira edição do Prémio de Poesia FranciscoRodrigues Lobo - Arquivo Livraria/FundaçãoCaixa Agrícola de Leiria, considerou que a obraLamento das Casas Felizes, do poeta MiguelAyres de Campos, que concorreu com opseudónimo Ruy de Saveedra, reuniu ascondições para ser considerada a vencedora daprimeira edição do Prémio de Poesia FranciscoRodrigues Lobo. Segundo a opinião do júri, “o trabalho vencedorreúne o apuro formal, a finura de linguagem, acapacidade imagética, a sensibilidade e emoçãoe a riqueza expressiva das grandes obras depoesia”.O prémio foi anunciado na terça-feira, dia 21 deMarço – Dia Mundial da Poesia, e conta comuma vertente monetária, editorial e física. Além da atribuição de mil euros ao vencedor,haverá ainda a publicação de um livro ondeconstará a indicação Obra premiada com oPrémio Poesia Francisco Rodrigues Lobo – 1.ªEdição 2017. Ayres de Campos, que é natural de Barcelos enão pôde estar presente na atribuição dogalardão, receberá ainda uma peça concebidana Escola Superior de Artes e Design de Caldasda Rainha, do Instituto Politécnico de Leiria.A autora é Rita Frutuoso, técnica responsávelda oficina de cerâmica daqueleestabelecimento de ensino onde, em 2005,terminou a licenciatura no curso Design –Tecnologias para a Cerâmica. É uma peça com aqual a artista procurou, através da simplicidadeda composição, transmitir a sua concepçãosobre o que é a poesia. “A obra cria uma tensãoprovocada pela aparente ausência de tensão, oruído que se pode escutar por detrás do espaçoganho por um silêncio profundo”, diz RitaFrutuoso.A tarefa do júri não foi fácil e os cincoelementos acabaram por fazer uma mençãohonrosa à obra Papéis Secundários, do poetaaçoriano Daniel Gonçalves, pseudónimoJuliana Paes. “Os meus Papéis Secundários sãoa dança que faço com os outros poetas, e com aoutra música, pequenas ficções que me dãovida, que me deixam nesta estatura mínima, deao menos ter a boca de fora, respirando o poucoque resta, se tudo à volta é tão grande”, afirmouna sua página da rede social de Facebook, opoeta.Ao todo, o Prémio de Poesia FranciscoRodrigues Lobo - Arquivo Livraria/FundaçãoCaixa Agrícola de Leiria recebeu 190 obrascandidatas, tendo o júri considerado que,destas, 134 reuniam condições para seremadmitidas a concurso.

Jacinto Silva Duro, com [email protected]

� Será o tema “casa” suficiente para uma sessão de poe-sia sobre o lar, o conforto ou a sua falta, a morada e do-micílio? Inês Fonseca Santos, jornalista e escritora, e os poe-tas Maria de Sousa, Rita Taborda Duarte e Paulo José Mi-randa entenderam que sim e ofereceram-se para explicarpor que razão Só as casas explicam que exista/uma pala-vra como intimidade. Este foi, afinal o tema central do úl-timo momento de debate da Ronda Poética 2017.

Ao fim da tarde do Dia Internacional da Poesia, na Ar-quivo Livraria, ela mesmo uma “casa” para tantos poetas,autores, letras, palavras, livros e obras-primas, serviu depalco e porto de abrigo aos autores que participaram nodebate e que aproveitaram, também eles para declamarpoemas, seus ou “pedidos em empréstimo”, sobre o temada “casa”. Por exemplo, a poetisa Rita Taborda Duarte par-tilhou, demonstrando algum pudor, um dos seus primeirostrabalhos com o público para, de seguida fazer uma pon-te com Luísa Neto Jorge, escritora nascida em Lisboa emMaio de 1939, e a relação desta, que é uma das suas autoraspreferidas, com a temática em debate.

De modo geral, todos os oradores, de forma mais ou me-nos transversal, olham o termo casa como um quase si-nónimo de intimidade. Caso se conhecessem e a idade opermitisse, Dylan poder-se-ia ter inspirado em PauloJosé Miranda, o primeiro poeta e escritor a receber o pré-mio literário José Saramago, para escrever Like a RollingStone (1965), tantos foram já os sítios a que o autor chamoude casa. De uma quinta na Turquia, na margens do MarMorto, ao mais fundo Sertão do sul do Brasil, passando por

Debate A casa onde crescemos é das coisas mais intimas que há

Poesia permite “acampar” nos livrosLisboa – cidade com quem diz ter uma má relação – até aum simples quarto de hotel. Não obstante, Miranda afir-mou que “a casa onde crescemos é das coisas mais inti-mas que há” e, para o provar leu o poema, A Casa, um dosprimeiros que escreveu. Nele faz uma descrição do espaçode dentro e o circundante à casa “porque a casa não é ape-nas a casa”: cada divisão. Cada cadeira, cada mesa, cadapedacinho do quintal.

E quando chega a hora de escrever? Será em casa queos autores se sentem mais calmos e inspirados? Maria deSousa admite que gosta de escrever no café, “acho que façouma casa no café”, revelou.

A poetisa faz parte da direcção da editora Do Lado Es-querdo e refere que “a casa é ameaçadora, mas ao mes-mo tempo reconfortante”. Desligada do resto, onde “a nos-sa intimidade está a nu”, “quando estamos a sós, em casa,não temos máscaras. Estamos a sós connosco.”

Já a autora de contos infanto-juvenis, Rita Tobarda, vêa casa como “um espaço de transição, um espaço interior,que protege”. “A ideia de casa que me surge é um espa-ço de transição, um espaço dentro que protege lá de fora,mas que também pode estar em constante ruína.” Aliás,mãe de três filhos, explica que só a partir da uma ou duasda manhã consegue escrever em paz… “Mas às sete ho-ras já tenho de estar de pé!”

Os oradores admitiram que têm uma forma diferentede olhar a escrita. “Temos a poesia e o livro é como uma‘casa da escrita’”, para Maria de Sousa. Enquanto, para Pau-lo Miranda, a poesia permite “acampar nos livros”, ou mes-mo “habitá-los numa relação de reciprocidade em que elestambém nos habitam”, como concluiu Rita TabordaDuarte.

Bruno Lopes, com [email protected]

� Na Arquivo Livraria, na segunda-feira, houve um mo-mento que nos fez questionar a apropriação sobre a obrade arte, a poesia, a música... o mundo. Fomos convida-dos a questionar o mundo e a arte. A arte numa visãonietzschiana, como resultado da actuação humana, quese encontra tomada por uma força activa, ou numa visãode apropriação onde a arte existe e compreende-se no mo-mento da sua propagação, difusão e circulação criandoresistência ao tempo, conseguindo gerar assim cultura.

O debate Mudemos de assunto – música e poesia, ar-tes próximas?, marcado para o fim da tarde, no âmbi-to da Ronda Poética, juntou Xana, a mítica vocalista dosRádio Macau, Paulo Lameiro, director artístico da So-ciedade Artística Musical dos Pousos (SAMP) e TelmoRodrigues, estudioso e especialista em Bob Dylan,numa conversa sobre a proximidade e os laços fami-liares entre a poesia e a música, moderada por Hugo Fer-reira, da Omnichord Records.

Um tema que se impunha debater após todo o bruá emtorno da entrega do Nobel da Literatura a Bob Dylan, au-tor que é conhecido, essencialmente, por ser um dos prin-cipais letristas e músicos do final do século XX e princí-pios do XXI.

O director artístico da SAMP aproveitou, para prin-cipiar o debate, o facto de Hugo Ferreira lhe ter atribuídoa categoria de “musicólogo”. Lameiro explicou que ti-nha descoberto “a relação da poesia com a música numaaula de musicologia, no Conservatório. “Será que po-demos escrever sons sem ser de vozes? Porque os pri-meiros sons a escreverem-se eram meramente só de pa-lavras”, afirmou.

Xana, a letrista que, um dia, já pensou em pintar o céu,

Conversa com Xana, Paulo Lameiro, Telmo Rodrigues e Hugo Ferreira

Serão música e poesia artes próximas?

afirmou que não se considera uma poetisa e utilizou poe-mas que lia aos 17 e 18 anos para falar da musicalidade pró-pria que encontrava nas palavras das obras. “Uma mu-sicalidade que não era a da música, pois as palavras eramautónomas”.

Já Telmo Rodrigues, especialista de Bob Dylan, apre-sentou uma perspectiva crítica que culminou num dis-curso que, facilmente, prenderia o público por horas, de-fendendo que “o poema cantado é estranho”. “Ou é umacanção ou é um poema.” O investigador que, na sua dis-sertação de doutoramento analisou a possibilidade de seclassificar as letras das música como poemas, afirmou que“na música rock-pop está alguma da melhor poesia do fi-nal do século XX”. Atribuiu a essência do poema à auto-ridade do poeta, em detrimento de interpretações de ou-tras pessoas a cantar obras de Dylan.

“A casa éameaçadora,mas ao mesmotemporeconfortante”.Desligada doresto, onde “anossaintimidadeestá a nu”,“quandoestamos a sós,em casa, nãotemosmáscaras.Estamos a sósconnosco”

“Será quepodemosescrever sonssem ser devozes? Porqueos primeirossons aescreverem-seerammeramente sóde palavras”

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36 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Viver

Jacinto Silva [email protected]

� Poesia na casa de Deus: Será o poema uma oração? foi oprimeiro grande tema em debate, na primeira edição dofestival Ronda Poética. Sob a forma de tertúlia, o eventodecorreu na recuperada e requalificada Igreja da Miseri-córdia, actual Centro de Diálogo Intercultural, de Leiria.Foi a primeira vez que o agora dessacralizado templo es-teve aberto ao público para um grande evento de índolecultural

Para falar sobre a oração enquanto poema e canal de co-municação com o divino e transcendente, estiveram emLeiria o teólogo e opinador frei Bento Domingues, a crí-tica literária e autora Maria João Cantinho e o poeta Car-los Lopes Pires. A moderação coube a Acácio de Sousa.

No painel anunciado esteve ausente o actor Luís MiguelCintra que foi impedido de estar presente, por motivos pes-soais.

Para iniciar e introduzir novos motivos de discussão natertúlia, David Teles Ferreira declamou vários poemas dosautores presentes e de Maria Teresa Horta, bem como ora-ções bíblicas. O início do evento teve como percutor o Cân-tico dos Cânticos.

“A finalidade da poesia é não ter nenhuma. É como asflores, é como as rosas, não tem porquê. À oração tambémbasta que mexa com a nossa vida…”, afirmou Frei BentoDomingues, a quem foi dada a palavra, em primeiro lu-gar. O teólogo recordou ainda que “na Bíblia, também estáo amor erótico, o que não deveria estar lá eram os mas-sacres... há certas descrições que eu passo à frente porquenão fazem sentido”, afirmou, adiantando que a genera-lidade dos cristãos costuma dizer que se algo está escri-to na Bíblia é porque tem um elevado grau de credibilidade.“Ora, na Bíblia está tudo! Podemos encontrar lá o pior e omelhor porque ela é um livro de muitas épocas e de mui-tos géneros literários e responde a problemas levantadospelos seres humanos. Acho curioso quando as pessoas di-zem 'palavra de Deus'... mas quem é que já ouviu Deus fa-lar?”, questionou.

Sem medir palavras, frei Bento Domingues afirmou ain-da que “quando se invoca o nome de Deus para matar, esseDeus que se mate!”

A oração é um poema de ajudaPara o teólogo, a Bíblia está cheia de violência, mas tam-bém está “cheia de um deus de puro amor e misericórdia”.Ainda há dias, uma rapariga evangélica, no final de um de-bate, veio ter comigo e disse-me: 'parece que não acredi-ta em Deus, porque na Bíblia é que está toda a verdade'.Essa é mais uma asneira. A Bíblia tem de ser interpreta-da, porque se não o for, onde está depois o amor? A reli-gião é a respiração da vida humana. Somos seres limita-dos e a religião nasce do limite.... E por isso, o que é a ora-ção? É um poema de ajuda. A oração não serve para con-vencer a Deus. Ele já está convencido. A oração não é paraDeus é para nós, que precisamos de ajuda e auxílio.”

Onde está a ligação entre Filosofia e Poesia?Haverá uma junção entre a Filosofia e a Poesia? Acácio deSousa questionou sobre este assunto Maria João Cantinho,que, além de escritora, é especialista na análise de alego-rias. A autora, centrando-se também no Cântico dos Cân-ticos, disse que são tantas as interpretações deste texto que

No novoCentro deDiálogoIntercultural,de Leiria,estavamexpostas duasobras daartista plásticade Leiria,Sílvia Patrício,quereinterpretoua obraAnunciações,de MariaTeresa Horta,e também olivro do AntigoTestamento,Cântico dosCânticos, pararepresentar oCanto doAmor e as suasAlegoriasPoéticas, numtrabalhocriativoconcebido emexclusivo paraa tertúliaPoesia na casade Deus: Seráo poema umaoração?

ele pode ser visto até como a origem do amor sagrado. "Oamor erótico não é menos sagrado do que o amor religioso,mas a alegoria neste Cântico vai muito além de qualquerrótulo ou tipologia que lhe tenham querido dar”. Até por-que, afirmou, o Cântico dos Cânticos está ligado à funda-ção do Estado de Israel “e há uma série de interpretaçõesque lhe trazem uma carga alegórica fortíssima”.

"Veja-se o caso do Anjo Melancólico, que é um elementoque faz parte da poesia, uma figura de impotência de umser que quer salvar o humano e a história e não conseguefazê-lo e que atravessa também a história como ideia decatástrofe...”

Daqui salta-se para a poesia, pois ela também não ésalvação, mas um resgate da linguagem que a consegueencontrar na conotação do poema como oração ecomo salmo.

“Isso encontra-se muito na Igreja Católica e na poesiajudaica, sobretudo na contemporânea, como a de Paul Ce-lain, que passa a ideia de que a alegoria está muito presentena poesia... e na oração”, disse, adiantando que qualquerpoema de Celain é uma oração em homenagem aos quemorreram no Holocausto e uma rememoração.

“A poesia não é palavreado, caminha para o silêncio”Para o debate, o poeta e escritor Carlos Lopes Pires levouas áreas e domínios que existem dentro de cada um de nósque nunca conseguimos tocar totalmente, que nem sequerconseguimos expressar; os "pontos cegos da existência".

Pires explicou que todos damos conta de que existimos,mas nenhum consegue perceber o que é a existência ou"existêncialidade". “É este ‘ponto cego da existência’, quetambém existe nas coisas que nos rodeiam em que po-demos encontrar ‘o mais do que as coisas’. Uma pedra ouuma mesa, são mais do que essa pedra ou mesa.” Con-cretizando, afirmou que é esse “ponto cego”, que nuncaconseguiremos compreender e apreender, tocar e sentirtotalmente, que podemos chamar de “transcendência”.

“Toda a poesia digna desse nome tem de tocar a ‘trans-cendência’. O poeta é uma espécie de místico que fez votode silêncio porque a poesia não é palavreado, caminha parao silêncio. O silêncio é, talvez, aquilo que estará no 'pon-to cego da existência'”, disse, concordando com freiBento Domingues, afirmou também que a "poesia não ser-ve absolutamente para nada”.

Não é um objecto, no sentido de que falamos dela nodia-a-dia. “Deixaria de ter natureza transcendente e seriaum objecto utilitário. E esse é um erro de muita gente, in-cluindo muitos poetas. Confundem poesia com coisas tran-sitórias e utilitárias do dia-a-dia. Se ela servisse para isso,não serviria para nada que tivesse a ver com transcen-dência."

Lopes Pires adiantou que o poeta não precisa de fa-lar ou nomear deus. Pelo contrário, a poesia que no-meia deus é a sua negação, porque precisa de o nomearpara fazer de conta de que está a falar de algo. “Se Deusé alguma coisa, de certeza que nada tem a ver com oque pensamos. Se existe, não merece que lhe demosestes nomes que lhe costumamos dar. O que mereceé que a poesia tenha esse carácter inalcançável, do'ponto cego de existência' e o alvo maravilhoso da poe-sia que é a própria vida."

Por fim, Carlos Lopes Pires admitiu que, embora sen-do agnóstico, na sua poesia há um certo aspecto re-

ligioso, com livros editados com nomes como Livrosdos Salmos, Livros dos Cânticos, Sinal de Jonas... as Es-tações de Deus.

"A existência não é uma coisa concreta é algo que nãose consegue apanhar. A poesia, como dizia Levinas, ca-minha para o Outro e ao fazê-lo, fá-lo para a transcen-dência."

Mas Maria João Cantinho saiu-lhe ao caminho e, falandosobre a relação com o Outro, disse que também Paul Ce-lain amplificou esse gesto de “um ir ao caminho do Ou-tro”. “Reconheço mais Celain nas suas palavras do que asde Levinas, porque este último tem mais a ver com o re-conhecimento do Outro, mas isso não implica sair ao ca-minho do Outro."

Deus no pó, no mar, nas pedras e na criança à nossa frenteA escritora adiantou ainda que, na poesia, o amor não cabenuma definição, é a consciência de estarmos no mundoe a poesia faz-nos viver o sagrado, a imanência, das coi-sas. “A transcendência, para mim, não faz sentido. É umapalavra vazia. É possível que haja deus, mas não vejo porque razão deus não há-de estar numa criança que en-contramos à nossa frente. Respeito mais a imanência, poisé esse gesto que me traz à poesia. Não é por acaso que omeu livro se chama Do Ínfimo, pois é aí que encontramosdeus, Encontramo-lo no pó, no mar, nas pedras... tambémestá nas igrejas, mas não é preciso ir lá para encontrar deus.E isso para mim, é o verdadeiro amor".

Temperando o debate com uma pitada de pragmatis-mo, frei Bento Domingues, afirmou que a maior dificul-dade é ir além do poema. "Ele é uma imanência cheia detranscendências. É a consistência da linguagem, o arran-jo e o ritmo da linguagem - porque eu creio que a poesiaé parente da música -, porque todas as artes requerem umcerto ritmo e pretendem encontrá-lo em materiais dife-rentes. "Há uma relação entre oração, poesia e música. Oproblema é que a consistência da linguagem, o valor dopoema desperta em nós uma outra vida e maneira de ser,que deve ser lida e aprofundada nos poemas. O que é pró-prio da poesia é ser aquele arranjo de palavras que produzaquele 'não sei quê', de encantamento”, disse, explican-do que “o poema transborda e faz-nos transbordar e porisso é que é metafórico, porque faz viajar a nossa imagi-nação.”

De outra forma, adiantou, “estaremos a falar de outrotipo de linguagem. Num poema autêntico nada se podeacrescentar, nada se lhe pode tirar.”

Tertúlia “O poeta é uma espécie de místico que fez voto de silêncioporque a poesia não é palavreado”

“A poesia não servepara nada”

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 37

Debate O papel das pequenas editoras

Quem edita a “literatura do subterrâneo”?

Jacinto Silva [email protected]

� Foi com esta provocação que a jornalista Joana EmídioMarques deu início à tertúlia Marginalidade & Obscuridadevs Canonicidade & Alienação - Porque nos são tão úteis aspequenas editoras?, na Arquivo Livraria, no sábado à tar-de.

Esta acção, inserida no Festival Ronda Poética, rapida-mente, evoluiu para um aceso debate entre a jornalista emoderadora e os editores Carlos Alberto Machado, res-ponsável pela Companhia das Ilhas, e Diogo Vaz Pinto, poe-ta e jornalista, e David Teles Pereira, ambos da Edições Lín-gua Morta - Beatriz Reno Lopes, da Hierro Lopes Editora,não pôde estar presente, como fora anunciado.

Tomando a palavra, Carlos Alberto Machado afirmouque há um "meio termo". "Entre uma grande e uma pe-quena editora há diferenças de natureza, que não são deescala ou dimensão... ou de mais ou menos público", dis-se, sublinhando, por exemplo, o tipo de autores que umase outras publicam.

"Uma pequena editora não tem de alimentar uma má-quina de 'profissionais do livro': os que andam à volta, osque vão aos cocktails e aos serões literários... As grandeseditoras têm uma filosofia de exclusão, de 'terra queima-da'... Não podemos pensar que é apenas é um problemade escala. Se eu recebesse dois milhões de euros, o que fa-ria com a Companhia das Ilhas? Nada! Ficaria igual." A edi-tora de Machado está sediada nas Lajes do Pico, nos Aço-res, foi criada em 2012 e já editou mais de 100 livros, in-cluindo, textos teatrais.

“O meio literário português é nojento!”David Teles Pereira, poeta e editor da Língua Morta, crí-tico literário do jornal i, falou da sua própria experiênciacom a sua pequena editora. A Língua Morta existe desde2010 e tem mais de 70 livros editados, um número que esteeditor considera exagerado, porque, há dias em que dizsentir-se no meio de um "esquema de ponzi". "Andamosa fazer de conta que há muitos autores e livros, mas na ver-dade nada se passa", criticou. "Andamos a fazer de conta

que há interesse nas coisas novas e, na verdade, há pou-co interesse do público."

"A Língua Morta teve a sorte e a maldição de surgir numaépoca em que as grandes editoras começaram a abdicarde uma parte do catálogo e nós aproveitámos. Ocupámosum espaço que as editoras deixaram vazio. A maioria dasgrandes editoras portuguesas abdicaram do seu catálogode poesia, resumiu, adiantando que a Língua Morta nãoé uma solução, pois os dois editores não estão dispostosa "continuar este trabalho para sempre".

"Não temos a mesma escala e sentimos sempre que es-tamos a prestar um mau serviço aos autores que publicamos.Os nossos braços não chegam aos mesmo sítio onde chegaa Leya ou a Porto Editora... Jamais teríamos surgido se as gran-des casas fizessem o seu trabalho bem feito", resumiu.

Diogo Vaz Pinto colocou em cima da mesa a questão daética e da escolha. "O cidadão já nem sequer é cidadão éum mero consumidor. O seu voto em termos daquilo queconsome vale menos do que o seu voto na urna. O que or-ganiza a nossa vida são as decisões do consumo. Na Lín-gua Morta, tentamos dominar as nossas acções, de umaforma minimamente ética. A nossa sociedade faz uma sé-rie de comportamentos éticos diários sobre os quais nãoreflecte. Somos os responsáveis e temos a culpa máximapelo meio editorial que temos: não temos uma posição deforça, mas de fraqueza. As editoras pequenas são só aqui-lo que conseguem ser e algumas delas são mais projectosfúteis do que editoras. Para mim, a Leya é a religião cató-lica. O que vou eu dizer ao Papa? Ele não me ouve. Querlá saber de mim! Temos de criar uma relação familiar comalgum conflito, mas sem andar aos estalos... Podemos fa-lar, debater e, quanto a mim, o meio literário portuguêsé nojento! É nojento! Porque, por exemplo, todas as pes-soas amam o Herberto Helder, mas o Vítor Silva Tavaresdizia uma coisa muito clarificadora. 'O que era para ele umaobra-prima? Era aproximar-nos de um livro e, de repen-te estávamos perante um Inferno. O ângulo dele era o In-ferno. E o Inferno não é uma abstracção."

Joana Emídio Marques, dirigindo mais uma provoca-ção a Carlos Alberto Machado questionou se "as peque-nas editoras são associadas à ideia de marginalidade, onde

"Andamos afazer de contaque há muitosautores elivros, mas naverdade nadase passa",criticou."Andamos afazer de contaque háinteresse nascoisas novas e,na verdade, hápoucointeresse dopúblico."

o autor é um 'pequeno marginal e um génio do futuro'?Aprofundando a pergunta e o tema, adiantou ainda: "sea marginalidade permite procurar autores que vão ficarpara o futuro ou estão a editar tanto lixo quanto uma gran-de editora?"

Machado retorquiu que "todos os autores são legítimos.Têm capacidade intelectual e não os podemos apelidar deingénuos. A tentativa de tentar criar cânones teve o seutempo. Não me interessa saber se os autores que publi-camos vão ser famosos daqui a cinco, dez ou mil anos. Pro-curo estar com eles, tratá-los bem e fazer o melhor que sei...Comecei a editar na Companhia das Ilhas porque gosto delivros, de falar com os escritores, ler os livros e quando eleschegam da gráfica, relê-los e dar-lhes as voltas todas. Seforem interessantes para outras pessoas, óptimo. Na ver-dade, a minha editora e a Língua Morta não preencherambem um vazio, porque ele já existia. A Assírio & Alvim co-meçou há muito e, antes de ter sido comida pela Porto Edi-tora, já tinha abandonado o projecto e a poesia. Ainda hojeé assim... se a poesia pode dar uns trocos, edita-se, se nãodá, não se edita! Saramago também nunca conseguiu ven-der poesia!"

Diogo Vaz Pinto socorreu-se de um termo para ten-tar uma explicação: "alienação". O público sofre de "alie-nação". "Hoje, toda a gente ama mais o George Clooneydo que o marido... e o Clooney nem sequer existe. OGeorge Clooney é uma ficção de porta-chaves! Quan-do morreu o Bowie ou o Lou Reed, houve movimen-tos fenomenais, no Facebook de malta a chorar. Tenhoa sensação de que quando morrer a avó, o cão ou atéo periquito, dessas pessoas que se andaram a carpir sólhes vai cair uma lágrima ou outra. Eu até prefiro as coi-sas que a Leya publica, quase tudo o que tenho lido daspequenas editoras são coisas 'sem ossos', são açordas...ao contrário, demorei imenso tempo a conseguir entrarem Rimbaud. Tive de ouvir várias pessoas a explicar queaquilo era muito bom e eu não acreditava. Demoreimuito a conseguir transcender-me e a perceber Rim-baud... Tem de haver crítica, como dizia Vítor Silva Ta-vares: 'aquilo que é positivo, leva crítica. Aquilo que énegativo, leva crítica'! Quem não critica, mama!

RICARDO GRAÇA JACINTO SILVA DURO

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38 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Viver

Jacinto Silva [email protected]

� Se a Ronda Poética 2017 fosse uma peça de teatro, oprimeiro acto chamar-se-ia Casa Alta (fotografia embaixo). Esse é também o título do livro de poesia, de PauloCosta, ilustrado pela artista plástica Sílvia Patrício, ondese centraram todas as atenções no dia de abertura do fes-tival que, durante seis dias encheu Leiria com poesia.

Na apresentação, o autor explicou que a Casa Alta erauma tentativa de descrever a casa dos avós maternos ondebrincava com os primos, com os artigos de costura da tiae para onde trazia, da rua, os animais da casa. “Revela ex-certos da minha vida e sem saber como dou comigo a levá--los para estes versos. É um trabalho orgânico e inacaba-do”, resumiu.

Para fazer a apresentação do livro o poeta convidouMaria João Cantinho. A poetisa e ensaísta leu um dospoemas de Casa Alta para explicar a obra. "Uma tra-vessia suspensa nos antípodas/E uma ordem estabe-lecida, como se nunca fossemos da terra para além dasmargens definitivas". Referindo que há uma ideia depassagem e de viagem como partes que constituemesta poética, no sentido intencional de juntar o vagar.O Vagar é o título de um poema, em que o sujeito poé-tico se suspende. "Defronto uma ilha nos limites doespanto. Recupero tempo nos sentidos e o nada me in-terpela o pensamento", citou.

Para Cantinho isto é estar à mercê do espanto e dabeleza e ser tomado pela coragem do tempo e procu-rar a inocência. Talvez sejam, mais do que a simplestarefa do Homem, entende, salientando que esta é atarefa poética por excelência. Por isso, resumiu: "es-tás dentro de ti na tua espera do mundo, congregas ovazio e a coragem do tempo". Também o director daESAD.CR, do IPLeiria, João dos Santos analisou a obra,do ponto de vista da artista plástica Sílvia Patrício. Oformato do livro vem da forma como “a Sílvia o en-tendeu, numa leitura breve e rápida”, afirmou. E o quefoi que ela viu? “Viu uma paisagem. E abordou,quase todos os poemas, como se de um horizonte setratassem. Há fotografias com rasura, há outras quesão duplicadas com as linhas do desenho e há algu-mas que são complementadas com o esconder do tex-to”, analisou. A receita da venda da Casa Alta revertena totalidade para associação Impulsar, de Leiria.

FOTOS: RICARDO GRAÇA

Apresentação literária Paulo Costa e Sílvia Patrício

Uma Casa alta cheia de “vidas”

Em cima, InêsFonseca Santose convidadosdiscutem aCasa como sítiode intimidade,à esquerda, oAtlas Hostelrecebeu oprimeiroPoetry Slam deLeiria, Àdireita, oPalácio dosAtaídesrecebemdeclamação depoesia,animada pelaescola de balletde Clara Leão epianos a seismãos deFabrícioCordeiro,André Barros eTiago Ferreira.À direita, umdos momentosda acção de ruaDeclamatório,com MercíliaFrancisco

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 39

Arquivologias

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40 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Curtas

� Em 2016, o Mosteiro da Batalha convidou 20 escritoresa passar um fim-de-semana no monumento e a“deixarem-se” inspirar por ele. Desse desafio resultou aobra Contos Imperfeitos, patrocinada pela DGPC,editada pela Arquivo Livraria e lançada a nível nacional.Agora, o livro vai chegar à Itália pela mão da editoraUrogallo, que a traduziu, editou e lançará amanhã, dia 24de Março. O livro é uma espécie de guia alternativo parauma visita ao mosteiro a partir de várias estórias deautores como Afonso Cruz, João Paulo Silva ou PauloKellerman. O livro de contos inspirados no Mosteiro daBatalha “é um objecto literário”, cujo relevância vai alémdo monumento, entende Paulo Kellerman que,juntamente com João Paulo Silva foi um doscoordenadores.

Batalha Livro Contos Imperfeitoslançado na Itália

� A SAMP - Sociedade Artística Musical Pousos, realizaanualmente uma formação intitulada Músicos deFraldas - programa de formação dirigido pelo directorartístico da instituição, Paulo Lameiro, na Escola deArtes SAMP. Este ano a formação de música para bebésterá dois níveis: Nível I - Introdução e práticas História,princípios e fundamentos - 16 a 21 de Maio; Nível II -NÍVEL II – Repertórios, avaliação e processos criativosTimbres, linguagens e compositores. Modelos deavaliação e criação colectiva. A formação acontecerá a17 a 19 de Maio, destinando-se a professores de Música,Dança ou Teatro com interesse no ensino artístico naprimeira infância; Educadores de Infância e estudantescom interesse pela Educação. As inscições devem serfeitas online até 9 de Maio.

SAMP Formação Músicos de Fraldas abriu inscrições

� O Santuário do Senhor Jesus da Pedra, em Óbidos, vaiser alvo de uma recuperação. Este templo de formacircular vai ser alvo de obras patrocinadas pela SantaCasa da Misericórdia de Lisboa, prevendo-se que a obraseja dividida em três fases. A adjudicação ao empreiteirofoi assinada na segunda-feira, dia 13 de Março. “Estamosperante um dia feliz”, admitia o presidente da autarquia,Humberto Marques, garantindo que “todo este processofoi muito difícil”. O autarca adianta que só agora seconseguiu o financiamento e o empreiteiro comespecialização na área da recuperação de imóveis destegénero. “Só em investimento privado, estamos a falar emcerca de 47 milhões de euros”, revelou HumbertoMarques, adiantando que haveria ainda alguminvestimento autárquico.

Óbidos Santuário do Senhor Jesusda Pedra finalmente recuperado

Que é Feito dos Dias na Cave

venceu LFF

� O arquitecto de Leiria, Pedro Lemos Cordeiro vaiexpor pinturas e desenhos, no âmbito da mostraLentidão, na Casa das Artes, no Porto, a partir dodia 6 de Maio. A exposição mantém-se até 5 deJulho. Lentidão, explica o arquitecto, é umcontraponto da sua dissertação de mestrado cujotema foi… Velocidade. “São trabalhos que se foramamontoando e nem sequer tinha a ambição de fazeruma exposição”, conta, salientando que esta é asua primeira exposição. “Comecei por estudarpintura, na faculdade até que, no primeiro ano,decidi mudar para arquitectura.” Paralelamente, aexposição pode ser visitada numa visita dançada,orientada por Inesa Markava, que pode ser marcadaatravés do email [email protected].

Porto Pedro Cordeiro expõe naCasa das Artes

Que é Feito dos Dias na Cave, do jovem de Figueiró dosVinhos, Rafael Almeida, venceu o Prémio para Melhor Curta-Metragem

Leiriense, na edição deste ano do Leiria Film Fest (LFF), que aconteceu nosdias 17 e 18. Foi a segunda vez consecutiva, que este talentoso cineasta,arrebatou este galardão. Esta edição do LFF, co-organizado por Bruno Carnidee Cátia Biscaia, levou a concurso mais de 40 filmes em dois dias, levandomais de 700 espectadores à sala do Teato Miguel Franco, em Leiria. “São

raras as oportunidades que o público tem para ver este género decinema”, afiança Bruno Carnide, que também é o director do festival.

Bus Story, Jorge Yudice, venceu o Prémio do Público e o galardãopara Melhor Curta Internacional foi para Postcards, Pablo

Santidrián e Inès Pintor Sierra. A Melhor Curta de FicçãoNacional foi para Prefiro Não Dizer, de Pedro

Augusto Almeida.

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AlmanaqueRICARDO GRAÇA

� Se estivesse ligada ao mundo da arte, o queseria?Tricotadeira! Acho que conseguia passar o diainteiro a tricotar.O projecto que mais gozo lhe deu fazerEm execução, o meu próprio espaço clínico. Umlocal construído para que quem o procure se sintabem e, assim, possamos crescer em conjunto.O espectáculo, concerto ou exposição que mais lheficou na memória,Recente, mas sem dúvida para repetir, o últimoconcerto dos Arcade Fire, em Julho passado.O livro da sua vidaContinuo à procura. Um bom candidato é Crime eCastigo, de Fiódor Dostoiévski. A forma comoaborda os sentimentos e o pensamento humano éfabulosa.Um filme inesquecívelA Caça, de Thomas Vinterberg. Numa suspeita deabuso sexual, este é um filme interessante paraobservar comportamentos da criança, dos pais, dosuspeito, dos professores e de quem avalia. Umbom filme para se perceber que a cabeça de umacriança não está tão formatada como a do adulto. Aconotação dada pelos adultos e pelas crianças adeterminado assunto, nem sempre é a mesma.Se tivesse de escolher uma banda sonora para si,qual seria?Todas as músicas que tenho na minha pendrive.São imensas e variadas!Um artista que gostaria de ter visto no Teatro JoséLúcio da SilvaThe Smiths, The National, Nick Cave… Acho queseria um bom espectáculo, com qualquer um deles.Uma viagem inevitávelAinda o sonho de fazer um interrail pela Europa.Um vício que não gostava de ter Acho que não tenho nenhum vício de que nãogoste.Um luxoTempo. A seguir à boa saúde, tempo de qualidade éo melhor que podemos ter!Uma personalidade que admiraInês Maria Meneses. Gosta da forma como está no

Sónia Mendes, psicóloga

“A seguir à boa saúde, tempo de qualidadeé o melhor que podemos ter!”

mundo, como aborda diversos temas, osseus programas de rádio.Um actor que gostava de levar ajantarPedro Lamares. No fim dojantar, ele lia-me um livro, sópara mim!Um restaurante da regiãoA Boa Vista tem bonsrestaurantes, o melhor éem casa dos meus pais.Para o famoso leitão daBoa Vista, o restauranteAldeia do Leitão.Um prato de eleiçãoBacalhau frito, não é muitosaudável, mas faz-melembrar a minha infância.Um refúgio (na região)São Pedro de Moel, no Verão e noInverno. Um bom sítio para passear,fazer praia, ler… desligar!Um sonho para LeiriaQue cada um dos leirienses deixe de correrincessantemente atrás da aceitação do outro parase sentir bem e que se aceite a si próprio, como é.

Pedro Lamares

Nick CaveInês Maria Meneses

PUB

LICI

DA

DE

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42 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Murmúrios do Mundo

Rui Daniel [email protected]

� A cidade de Chichicastenango é conhecida por tero único mercado maia em toda a América Central.Sendo que este mercado só está aberto às quintas eaos domingos, decidimos fazer uma pequena visitaa um domingo.

A dois mil metros de altitude, rodeada por mon-tanhas, esta cidade não tem muito para visitar,para além da igreja de São Tomás. Chichicastenan-go é sobretudo famosa pelo seu mercado e logo à che-gada deparámo-nos com uma enorme confusão.As ruas estavam repletas de comerciantes que ven-diam de tudo, desde bugigangas, artesanato, até ani-mais ou fruta. Um mercado que mais parecia umarco-íris em constante movimento, pelas habituaismantas coloridas dos seus nativos a serpentearem portodo o lado.

É muito comum encontrar por toda a Guatemalacrianças a engraxar sapatos para ganhar algum di-nheiro. Lamentavelmente, o trabalho infantil abun-da em toda a América Central. Com salários baixís-simos, muitas crianças nunca frequentaram a esco-la e é-lhes incutido desde tenra idade o trabalhocomo ajuda e sustento da família.

De volta a Antigua, decidimos descansar, para vi-sitar o lago Atitlan no dia seguinte. De manhã cedopartimos para Panajachel, vila de onde partem os bar-cos para as diferentes povoações à volta do lago. Comuma locomoção lenta, devida às más estradas, os vul-cões começavam a ganhar forma bem ao longe.Majestosos e imponentes, sobressaíam tocando océu. Mas nada se compara quando temos perante nóso lago Atitlan.Um magnífico puzzle, formado por vá-rias peças bucólicas, onde o resultado final é uma ve-nustidade mágica e sublime. O lago Atitlan é umaenorme cratera que está rodeada por três vulcões.Nas suas margens existem algumas aldeias e curio-samente algumas crianças falam somente o idiomaindígena. As três povoações são as seguintes: S. Pe-dro, S. Tiago e S. Marcos.

Com ângulos diferentes a partir das várias povoa-ções, a vista sobre o lago e os vulcões era, a todo omomento, encantadora. A primeira povoação que vi-sitámos era tão pequena que basicamente não tinhanada para se ver. Um rapaz bastante novo e simpá-tico insistiu em mostrar-nos a sua aldeia por apenasum euro. Aceitámos e seguimos o jovem que nosmostrou, todo entusiasmado, tudo o que havia paravisitar. Ou seja, numa aldeia tão tacanha, a visitaguiada acabou passado um quarto de hora.

Para além de uma simples capela, ainda tivemosum bónus, um parque onde algumas crianças joga-vam futebol. Com algum tempo disponível, per-guntámos se não havia mais nada para visitar e elerespondeu todo orgulhoso que havia um tigre na al-deia. Ficámos curiosos com o tal tigre e decidimosseguir o rapaz. Quando chegámos ao local, nãoconseguia parar de rir. O famoso tigre era uma estátuade um leão por cima de um arco. Nenhum dos tu-ristas conseguia controlar o riso. Eu até já me sentiamal, pois o rapaz estava todo orgulhoso e feliz pornos ter mostrado o tigre da sua aldeia.

De volta ao barco, seguimos para a próxima po-voação, S. Marcos. Nas ruas, os mercados marcavampresença em cada viela, assim como as inúmeras mu-lheres a tecerem roupa. O artesanato é uma forteconstante na Guatemala. Naquela povoação, algunsnativos informaram-nos que poderíamos visitar umsanto maia. Entusiasmados e bastante curiosos, se-guimos uma pequena viela até chegar ao local.Quando chegámos, alguns autóctones circunda-vam o tal santo maia. Uma estátua em madeira

As ruasestavamrepletas decomerciantesque vendiamde tudo, desdebugigangas,artesanato,até animaisou fruta. Ummercado quemais pareciaum arco-írisem constantemovimento,pelashabituaismantascoloridas dosseus nativos aserpentearempor todo olado

com feições humanas, vestida e com um chapéu nacabeça. Por norma, as pessoas costumam oferecer ál-cool ou cigarros aos santos maias, por isso decidi ofe-recer um cigarro.

O nativo que aparentemente estava a tratar do san-to pegou no cigarro, colocou-o na boca do santo eacendeu-o com um isqueiro. Esbocei um pequenosorriso, mas sem dar muito nas vistas, já que se tra-tava de um local sagrado. Deliciosas e encantadoraseram as inúmeras crianças que se divertiam com assuas brincadeiras no lago. Com muito pouco, a imen-sa alegria e felicidade transpareciam naqueles olha-res e sorrisos.

Texto escrito de acordo com a nova ortografia

FOTOS: DR

Guatemala

Chichicastenango e o lago Atitlan

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 43

Obrigatório

Uma das grandes personalidades da culturaportuguesa contemporânea, Pedro Mexia, cronista,poeta, crítico, tradutor e editor, cultiva um géneroliterário que desafia, em simultâneo, convenções econvicções: o falso diário.A partir do blogue homónimo, Malparado é umnovo capítulo sobre essa persona literária, essealter ego que Pedro Mexia nos vem apresentandodesde Prova de Vida (2007), e a que deucontinuidade em Estado Civil (2009) e em Lei Seca(2014).«Os falsos diários de Mexia são uma das maisestimulantes escritas da nossa literatura actual.»Osvaldo Manuel Silvestre

Malparado, Diários 2012-2015Pedro MexiaTinta da China

Parafraseando Sara Afonso Ferreira, no prefácio a estaedição, «[…] ao apresentar desta forma os desenhosdestinados à publicação de uma história aosquadradinhos num jornal, sem acompanhar osdesenhos originais do texto do seu conto (de queapenas temos a versão do Sempre Fixe), Almadasugere a importância das imagens como veículo danarrativa — a segunda história publicada no SempreFixe, O Sonho de Pechalim, apresenta-se, aliás, semqualquer texto (as legendas deviam ser redigidaspelos pequenos leitores no âmbito de um concursoinfantil) — que as histórias podem ser contadas apenaspor desenhos, que as histórias podem ser:desenhadas.»

Três Histórias DesenhadasJosé de Almada NegreirosAssírio & Alvim

Leiturasdasemana

� O Teatro Miguel Franco, em Leiria, volta a ser palco doClap Your Hands Say F3est!, sexta-feira, 24 de Março,pelas 21:30 horas. Os convidados desta edição são ALast Day On Earth e Toulouse. A primeira banda,originária de Leiria, tem o seu registo entre o rocke o metal e os seus sons melódicos e a progressãorítmica do álbum Between Mirrors and Portaits,de 2010, mostram um conjunto com grandequalidade individual capaz de um “perfeitocasamento” entre os seus instrumentos, como sepode ler no programa. Com um registo diferentechegam de Guimarães, os Toulouse e o álbumYuhng. A banda propõe uma viagem numa atmosferainstrumental, conduzida por uma voz “quase angelical”,que abre as “portas ao sonho e a um momento detranscendência”.

Concerto Clap Your hands SayF3est! do rock ao smooth-punk

� Esta semana, a edição deste ano do Festival de Teatrode Pombal vai ao Teatro-cine, espaço que recebe aactuação, na sexta-feira, 24 de Março, pelas 21:30horas, do espectáculo Lullaby – Godot, e, no sábado,também pelas 21:30, Rudo. O primeiro, Lullaby, é umpalhaço, de cara branca, fronte careca com alguns –poucos - cabelos verdes plantados aleatoriamente nafronte, apodera-se, durante os espectáculos, do corpode Rui Paixão. Protegido pela sua mala e os diversosobjectos que nela guarda, traça um enredo deperipécias que o opõe, enquanto farsante etransgressor, ao público. O segundo, Rudo, é umhomem angustiado, encontra nas notas que emitem oviolino e o violoncelo uma rede invisível de energias esensações que o impedem de cair no delírio.

Pombal Festival de Teatrodespede-se da cidade

Feira do Livro e Semana daLeitura em Leiria

RICARDO GRAÇA

� A cidade do Lis recebe mais uma edição da Feira doLivro e Semana da Leitura. A iniciativa organizadapela Câmara de Leiria, em parceria com a Rede deBibliotecas Escolares e a Associação de Comércio,Indústria e Serviços da Região de Leiria (ACILIS),decorrerá de 29 de Março a 2 de Abril. A Semana daLeitura, que mais uma vez, se aliou à Feira do Livro,tem preparadas 321 actividades, para 7000 alunos, ecomeçou a 21 de Março, estendendo-se até 2 de Abril. Oarranque da Semana da Leitura foi feita com a ajuda davoz de 210 alunos que subiram ao palco do TeatroMiguel Franco, na terça-feira, 21, para declamarpoemas. Entre os vários momentos que o programa daFeira do Livro oferece, destacam-se o projecto DiogoPiçarra em Pessoa, com uma reinterpretação musicaldo artista sobre os textos do poeta, o Acampar comHistórias, que leva os mais pequenos a passar umanoite junto dos livros na biblioteca municipal de Leiriae a presença do escritor Mário de Carvalho, no dia 2 deAbril, pelas 17 horas, no espaço Leiria Convida, parauma tertúlia informal sobre o seu livro O Livro Grandede Tebas, Navio e Mariana. A abertura da Feira doLivro acontece a 29 de Março.

DR

RICARDO GRAÇA

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Cine

ma

Agenda

Even

tos

Teat

ro

Domingo, 26 de Março, PedrógãoGrande, concelho de Leiria,celebra o Dia Mundial de Teatro,(27 de Março), com a apresentaçãoda comédia Sim, Meu Líder!, umaadaptação de Raul Solnado. Às 17horas, na Casa Municipal daCultura. Entrada Livre

Dia 24 e 25 de Março, às 21:30horas, estreia a peça do novoprojecto de Filipe La Féria - Olívia& Eugénio, de Herbert Morote.Acontecerá no Grande Auditóriodo Centro de Artes e Espectáculos,Figueira da Foz

Inserida no Festival de TeatroCenourém 2017, sobe ao palco apeça Comédia a partir das Lendasde Leiria, no Cineteatro de Ourém,na próxima sexta--feira, 24 de Março, às 21:30 horas

Sexta-feira, 24 de Março, o Cine-teatro de Pombal recebe, pelas21:30 horas, o espectáculo Lullaby – Godot, inserido noFestival de Teatro de Pombal. Nodia seguinte, sábado 25, pelas21:30 horas, Rudo entra em cenano Cine-teatro

Cria

nças

Mús

ica Sexta-feira, 24 de Março, as

bandas Toulouse e A Last Day OnEarth sobem ao palco do TeatroMiguel Franco, em Leiria,pelas21:30 horas, para mais um Clapyour hands and say f3st!

Sábado, 25 de Março, no espaçoO Nariz – Recreio dos Artistas,em Leiria, decorrerá umconcerto baile baseado no CD dePaulo Bastos, Desafio, pelas 22horas

No dia 25 de Março, o TeatroJosé Lúcio da Silva, em Leiria,recebe a 8.ª Edição do Festivalde Tunas Collipo, pelas 21:30horas. Haverá, junto à entradado teatro, uma recolha de bensalimentares

Está patente, até 5 de Abril, naArquivo Livraria, em Leiria, aexposição CASA ALTA, doescritor Paulo José Costa e daartista plástica Sílvia Patrício

Em Pombal, 24 de Março, pelas15 horas, terá lugar a exposiçãocolectiva nacional 70Cavaquinhos 70 Artistas, noMuseu de Arte PopularPortuguesa

Será inaugurada, dia 25 deMarço, a exposição Work, deEma Gaspar, pelas 16 horas, nasede do Colectivo a9)))), emLeiria. Ficará patente até 26 deAbril

Encontra-se patente no MuseuAbílio Mattos e Silva, emÓbidos, uma mostra de desenhode figurinos, desenho de cenárioe tapeçarias de cena, sobre aobra de Gil Vicente

A exposição Desenho aoMicroscópio, de Toni Palmeira,está patente na galeria do antigoedificio do Banco de Portugal,em Leiria, até 30 de Abril. Aentrada é livre e pode servisitada de segunda a sexta-feiradas 9 às 12 horas e das 14 às 17horas, sábados e domingos das14 às 18 horas

A exposição do artista Dino LuzAs telas que o mar me dá, estápatente até ao dia 1 de Abril nagaleria Municipal Paul Girol, naNazaré. Entrada livre, encerraaos domingos e feriados

A exposição que juntou 21poetas e 21 fotógrafos, VamosFotografar um Poema, estápatente no átrio da BibliotecaMunicipal de Alcobaça até 31 deMarço. Entrada livre

Está patente no MuseuMunicipal do Bombarral, até 31de Março, a exposição temáticaarqueológica e históricaintitulada Mulheres no Tempo |Tempo das Mulheres

Até 31 de Março, na galeria daBiblioteca Municipal Afonso LopesVieira, em Leiria, está patente aexposição Moçambique... Leiria, dopintor Roberto Chichorro

Art

es

SÍLVIA PATRÍCIO

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

Até Abril aexposiçãoCASA ALTAmora naArquivoLivraria

Quarta-feira, 29 de Março, naArquivo Livraria, em Leiria, às18:30 horas,tem lugar o Clube deLeitura Arquivo, sobre o livro OsIndiferentes, de Alberto Moravia

Às 18 horas, dia 25 de Março, aArquivo Livraria, em Leiria, recebeConferências da Arquivo - Leiria,que Cidade no Futuro?, organizadopela colectivo a9))))

Sábado, 25 de Março, na ArquivoLivraria, em Leiria, das 15 às 17horas, um momento para adultos:pintura a aguarela nas técnicas deseco e molhado, com HirondinoPedro, requer inscrição prévia

Decorrerá de 25 de Março a 2 de Abril,o Teatro na Montra , exposição defigurinos nas lojas da Avenida Heróisde Angola e no Teatro José Lúcio daSilva, em Leiria, desenvolvido pelaLeirena Teatro

Sábado, 25 de Março, pelas 18:30horas, na Fnac do LeiriaShopping,haverá uma apresentação de poesiaperformativa Poeatry Slam, queassinala o Dia Mundial da Poesia (21de Março)

Letr

as

Sábado, 25 de Março, o m|i|mo -Museu da Imagem e Movimento,em Leiria, realiza mais uma sessãoCafé com Livros, pelas 15:15 horas.Contará com a presença daprofessora, investigador e escritora,Cristina Nobre, que se temdedicado a estudar a vida e obra dopoeta Afonso Lopes Vieira. Entradalivre

Lançamento do livro InstantesIntensos, de Cristina Ferreira,apresentado por Adélio Amaro, dia25 de Março, no Salão daFilarmónica dos Marrazes, emLeiria, às 16 horas

Apresentação do livro Nuvens dePrata, da jovem escritora CarolinaCosta Silva, decorrerá dia 26 deMarço, no museu da Imagem emMovimento - m|i|mo, em Leiria,pelas 15:30 horas

Dia 29 de Março, às 15 horas, noMercado de Sant´Ana, em Leiria,apresentação do livro Será Príncipeou Principite?, da autora MargaridaCastelão, no âmbito da Feira doLivro e da Leitura Leiria 2017

A exposição Fátima. Olhares...,patente no Centro de Estudos deFátima, é um trabalhoresultante da parceria da Ligados Amigos do Consolata Museue a Universidade Sénior deFátima. Pode ser visitada das 10às 17 horas, até ao dia 16 deAbril. Encerra às segundas-feiras

A exposição de fotografia Reloada Batalha, de Luís Azevedo, estápatente, em Pombal, na galeriado Teatro-cine, até 27 de Maio

Decorrerá no Museu de Leiria,dia 29 de Março, a Audição deCanto e Flauta - Alunos daSAMP, às 19:30 horas

Hoje, 23 de Março, aOrquestra de Jazz de

Leiria e AnaBacalhau, vocalistados Deolinda,actuam no TeatroJosé Lúcio da Silva,em Leiria, pelas

21:30 horas

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Sábado, 25 de Março, chegamais um Sábados com Arte, àArquivo Livraria, em Leiria.Brincar à maneira antiga, ouniverso de Pieter Bruegel, como pintor Hirondino Pedro, das10 às 12 horas. Requer inscriçãoprévia

O espectáculo infantil denarração e manipulação deobjectos, Cidade do Blá Blá Blá,decorrerá domingo, 26 deMarço, em dois momentos, às11 e às 16 horas, no Teatro JoséLúcio da Silva, em Leiria

O filme Sol de Chumbo, dorealizador croata Dalibor Matanic,que recebeu o Prémio do Júri dasecção Un Certain Regard noFestival de Cannes de 2015, temcomo pano de fundo a Guerra dosBalcãs e estará em cena noCinema City Leiria. Trata-se deuma narrativa que se divide emtrês horizontes cronológicosdistintos divididos em três actos.Os mesmos actores dão corpo adiferentes personagens ao longodas três décadas

LEIRIACineplace - LeiriashoppingTel. 244 826 516De quinta a quarta-feiraSala 1 . A Bela e o Monstro 2D VP. 13:20** e 16:00 horas; A Bela e oMonstro 3D VO . 18:40 horas; ABela e o Monstro 2D VO . 21:2000:00* horas; Sala 2 . Power Rangers 2D .13:30**, 16:10, 18:50, 21:30 e00:10* horas; Sala 3 . Lego Batman: O Filme 2D(VP) . 14:20 horas; Kong: A Ilhada Caveira 2D . 16:40, 21:40 e00:15* horas; Kong: A Ilha daCaveira 3D . 19:10 horas; Sala 4 . Patrulha de Doidos 2D .13:00** 15:10, 17:20, 19:30, 21:40e 23:50* horas; Sala 5 . Ozzy 2D (VP) . 14:30horas; Antes de Vos Deixar 2D .16:30 horas; O Fundador 2D .18:40 horas; As CinquentaSombras Mais Negras 2D . 21:1023:45* horas; Sala 6 . Rock Dog - Um SonhoAltamente! 2D (VP) . 13:50**horas; Logan - The Wolverine 2D. 15:40, 18:30, 21:20 e 00:10*horas; Sala 7 . Vida Inteligente 2D .13:10**, 15:20, 17:30, 19:40, 21:50e 00:05* horas; . *Sessão válida Sexta e Sábado

** Sessão válida Sábado e Domingo

Cinema City LeiriaTel. 244 845 071De quinta a quarta-feiraSala 1 . A Bela e o Monstro Vo.11:30*, 16:00, 18:40, 21:30 e00:10***;Sala 3 .A Bela e o Monstro Vp11h20*, 15:10, 17:50 e 21:20;Sala 2-K . A Bela e o Monstro Vp13:40* e 16:20*;Sala 2-K .Lego: Batman - O FilmeVp 11:25* ;Sala 5-L . Lego: Batman - O FilmeVp 13:25* e 15h30*; Sala 2-K . Kong: A Ilha Da Caveira 16:20**,19:00 e 00:30***;Sala 2-K . Logan 21:35;Sala 3 . Rings 00:00***;Sala 7 . Power Rangers 13:45*,16:10, 18:50 , 21:45 e 00:20***;Sala VIP 4 .Power Rangers 11:20*Sala VIP 4 . Vida Inteligente 13:45*,15:50, 17:55, 20:00, 22:10 e 00:25***Sala 5-L .Rock Dog - Um SonhoAltamente! Vp 11:25* e 17h45*;Sala 1 .Malapata 14:10*;Sala 5-L . Malapata 15:30**;Sala 6-S . Malapata 17:40, 21:55 e23:55***;Sala 5-L . Eusébio: História De UmaLenda 17:45**, 19:45, 21:40 e23:50***;Sala 6-S . Eusébio: História De UmaLenda 11:35*, 13:35* e 15:40;Sala 6-S . São Jorge 19:30;Sala 7 . Cantar! Vp 11:25*

* Só Exibe Sábado e Domingo** Não Exibe Sábado e Domingo

PEDRÓGÃO GRANDECasa Municipal da CulturaTel: 236 486 257Sexta-feira e sábado às 21:30horasKong: A Ilha da Caveira

RICARDO GRAÇA

DR

PUB

LICIDA

DE

No domingo, 26 de Março, a CasaMuseu João Soares, nas Cortes(Leiria), promove Visitas GuiadasMuseu Mais Activo, das 14 às 17:30.Entrada livre

De 29 de Março a 2 de Abril, noMercado de San'tana, em Leiria,decorre a Feira do Livro e da Leituracom o seguinte horário: quarta equinta-feira das 10 às 19 horas,sexta-feira das 10 às 23 horas,sábado das 15 às 23 horas edomingo das 15 às 20 horas

Estão abertas as inscrições, até 31 deMarço, para Cursos de Dança 2017do Orfeão de Leiria, quedecorrerem de 5 a 8 de Abril. Maisinformação 244 829 550

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Gente lustre

EstóriasdanossaHistória

� Ricardo Ferreira, comandante daDivisão Policial de Caldas da Rainhadesde Março de 2016, cessoufunções para integrar uma missãointernacional da ONU. O regressodo subintendente está previsto paradaqui a cerca de um ano, adianta oGazeta das Caldas. Até lá, ocomando da Divisão das Caldaspassa a ser exercido pelo comissárioJorge Martins, que pertence aosquadros da PSP desde 1987.

Caldas da RainhaRicardo Ferreira em missão na ONU

� Ricardo Raimundo é um dosconcorrentes apurados para oconcurso Chefe Cozinheiro do Ano. Ocandidato, natural da Benedita,Alcobaça, é formador na Escola deHotelaria de Fátima e supervisor docurso técnico de Cozinha / Pastelariada mesma escola. O apuramento dosconcorrentes baseou-se nas fichastécnicas dos menus enviados peloscandidatos, que foram avaliadaspelo júri do concurso.

Fátima Ricardo Raimundo nomeadopara cozinheiro do ano

� O alcobacense Jorge Laureano foidistinguido com a medalha de ouropela Foro Europa 2001, instituiçãosediada em Barcelona, que reconheceo esforço desenvolvido por distintaspersonalidades criadoras da Europa.O advogado diz que esta distinção é“fruto de um trabalho continuado”,pelo desenvolvimento de diversostrabalhos jurídicos a nívelinternacional e, neste caso concreto,em Espanha.

Alcobaça JorgeLaureano recebe medalha de ouro

� Manuel Pedro de Sousa,proprietário da Manuel Pedro deSousa & Filhos, e Carlos Marques,administrador da Recauchutagem31, foram recentementehomenageados pelo Rotary Clubde Alcobaça. O objectivo foireconhece aqueles que, mesmonão sendo rotários, “sedistinguem pelas normas de éticatanto na sua empresa como no seudia-a-dia”.

Alcobaça Rotary Clubdistingueempreendedores

� Tiago Rodrigues, natural deAlcobaça, está nomeado para oprémio Melhor Jovem Director deHotel, pela Associação dosDirectores de Hotéis de Portugal(ADHP). O jovem é maître de maisondo Herdade da Matinha CountryHouse & Restaurant, em Cercal doAlentejo, Setúbal, e foi aluno dalicenciatura de Gestão Turística eHoteleira da Escola Superior deTecnologia do Mar, do IPLeiria.

Alcobaça Tiago Rodrigues nomeado para Prémio da ADHP

� Este ano comemora-se o centenário dasaparições de Fátima. Muitos livros forampublicados sobre o tema e agora que seanuncia a visita do Papa a Fátima mais unstantos apareceram. Os 15 volumes publicadospelo Santuário de Fátima de 1992 a 2013, com otítulo Documentação crítica de Fátima, dão-nosuma informação completa do que se relatoudurante estes 100 anos.Os apontamentos originais do padre ManuelMarques Ferreira perderam-se, mas o padreJosé Ferreira de Lacerda copiou, para os seuscadernos, o resultado dos interrogatórios a queo seu colega de Fátima submeteu Lúcia e osprimos no final do mês de maio de 1917. É poresse texto que se sabe que Lúcia, de apenasdez anos, diz ter “visto um relâmpago”seguido de um segundo. “Depois viram umamulher em cima duma carrasqueira, vestida debranco, nos pés meias brancas, saia brancadourada, casaco branco, manto branco, quetrazia pela cabeça, o manto não era dourado ea saia era toda dourada a atravessar, trazia umcordão de ouro e umas arrecadas muitopequeninas, tinha as mãos erguidas e quandofalava alargava os braços e mãos abertas”.Não é fácil encontrar nesta descrição a imagemque, entretanto, ficou perpetuada como sendoa de Nossa Senhora de FátimaNotemos que o padre Manuel FerreiraMarques, inclui, no final dos seusapontamentos, um novo retrato da descriçãoda “visão” feita por Lúcia em junho,indicando: “O trajo era: um manto branco queda cabeça chegava ao fundo da saia, eradourado da cintura para baixo dos cordões aatravessar e de alto a baixo e nas orlas era oouro mais junto. A saia era branca toda edourada em cordões ao comprido e a

Ricardo Charters d’Azevedo

O Padre Formigão e a imagemFOTOS: DR

atravessar, mas só chegava ao joelho; casacobranco sem ser dourado, tendo nos punhos sódois ou três cordões; não tinha sapatos, tinhameias brancas, sem serem douradas; aopescoço tinha um cordão de ouro commedalha aos bicos; tinha as mãos erguidas;tinha nas orelhas uns botões muitopequeninos e muito chegados às orelhas;separava as mãos quando falava; tinha olhospretos; era de meia altura”.Consequentemente a Igreja teve de resolver oproblema da saia que “só chegava ao joelho”,pois era coisa escandalosa para a época. No último interrogatório que o padre ManuelNunes Formigão (foto ao lado) faz aos trêsprimos (Lúcia, Jacinta e Francisco) a 2 denovembro de 1917, a Lúcia quandoquestionada sobre o tamanho da saia da“Senhora”, dá uma resposta mais animadorapara a Igreja, ainda que em contradição com oque dissera ao pároco de Fátima, dias antes:“A saia da última vez parecia mais comprida”.Gilberto Fernando dos Santos de TorresNovas, que ofereceu a Capelinha em 1920,andou numa roda viva em busca de umexemplar com uma imagem adequada às“aparições” relatadas pelos pastorinhos. Nadatendo encontrado mandou-a fazer emFânzeres em Braga a partir do trabalho doescultor José Ferreira Thedim, nas “condiçõesque o padre Formigão lhe tinha comunicado”e de um metro de altura.Assim, a imagem que hoje se venera emFátima, não é exatamente a dos pastorinhos,mas a do padre Formigão que desceu as saiasà “Senhora”, retirou todos os adereços que ascrianças foram acrescentando ao longo dosanos, arrancando-lhe as “meias” e deixando-amais humilde, descalça.Texto escrito de acordo com a nova ortografia

No últimointerrogatórioque o padreManuel NunesFormigão fazaos três primos(…) Lúcia,quandoquestionadasobre otamanho dasaia da“Senhora”, dáuma respostamaisanimadorapara a Igreja

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História de Vida

Lurdes [email protected]

� “Sorrir é muito fácil. Basta pôr na alma a ilusão de estarcontente...Um sorriso é um beijo que o amor, por timidez,não dá abertamente...”. Quando se fala com Helena Rocha,este pequeno poema faz ainda mais sentido, tal como onome que deu ao livro de poesia Beijos e Sorrisos, apre-sentado em 2012 no Politeama, em Lisboa. O livro fala desaudade, de paixão, de solidão, das despedidas, das ca-rências e da revolta, mas reflecte, acima de tudo, o enormesorriso com que todos os dias a actriz, poetiza, dramatur-ga e cantora brinda a vida. “Com beijos e sorrisos a vida émais bela”, acredita a mulher que cantou na rádio e na te-levisão, que gravou discos e é actualmente colaboradora deFilipe La Féria, como tradutora e co-autora de muitas dasrevistas e espectáculos que sobem ao palco.

Helena Rocha nasceu em Moçâmedes, Angola, há 72anos. Ali estudou até ao 5º ano, no Colégio de Santa Do-roteia. Aos 14 anos, veio para Lisboa para completar o 7ºano, no Colégio do Sagrado Coração de Maria, ingressan-do na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lis-boa, para se licenciar em Filologia Germânica.

Desde cedo, desafiou o pai, que sempre quis que a fi-lha levasse uma vida certinha, dedicada aos estudos. Ape-sar de ter crescido numa terra pequena, sem televisão esem tradição de espectáculos, aos cinco anos estreou-se como amadora na área da música. A profissionalizaçãosó aconteceu anos mais tarde, em 1965, com as cançõesCalhambeque, Telefona-me esta Tarde, Ziguezague, ForgetDomani, entre outras. “Encontrava-me de férias em An-gola, tinha 15 ou 16 anos, participava num espectáculo devariedades, em que estava o maestro Fernando de Car-valho, que se encontrava em digressão em África, com umarevista de Gilberto Bastos. No dia seguinte, recebi uma pro-posta para o acompanhar até Moçambique, mas o meu painão deixou. Fiquei momentaneamente louca de alegriae logo triste”, diz, recordando um dos episódios que maisa marcou dos tempos em África.

O maestro não desistiu da jovem. Já em Lisboa, após adigressão, voltou a contactá-la para entrar no programa detelevisão Lugar aos Novos. “Aceitei logo, sem o meu pai sa-ber. Foi muito bom, mas prossegui depois com a vida pa-cata, até que passados uns dias me chamaram. O senhorMelo Pereira mostrou-me uma caixa cheia de cartas, depessoas a pedirem que regressasse, mas aconselhou-me a ir para casa pensar antes de fazer qualquer opção”.Helena Rocha, que já nessa altura não concebia a vida sema música, respondeu sem hesitações: “posso ir para casapensar, mas a resposta é que quero continuar… mas tam-bém vou terminar o curso.”

E assim foi. Determinada, participou em vários espec-táculos, entre eles, um em Paris, com Carlos do Carmo eoutros grandes artistas. “Era menor, tinha de ter autori-zação do meu pai. Ele deu, com a condição de levar os li-vros para estudar para as frequências, mas nem des-manchei a cama, quanto mais abrir os livros”, revela, ain-da hoje com o seu ar de menina traquina.

Na década de 1960 acumulou a actividade de estudan-te com a de cantora, tendo gravado então vários discos, par-ticipado em muitos programas televisivos, feito espectáculosem todo o país, Angola, Guiné e alguns países da Europa.

Foi nessa década que se tornou famosa com o tema Ca-lhambeque, de Roberto Carlos, acompanhada por orquestrae coro dirigidos pelo maestro Fernando de Carvalho, e ou-tros, como o Ziguezague de Elis Regina e Jair Rodrigues, gra-vado com o conjunto de Shegundo Galarza. “Terminei ocurso, não em cinco anos, mas em sete”, sublinha Hele-na Rocha. A partir do 3º ano do curso optou só pelos es-tudos. Recusou muitos espectáculos, mas fê-lo comconsciência. Ainda foi uma semana cantar para os militaresna Guiné, com Alice Cruz, conhecendo lá o jovem que vi-ria a tornar-se seu marido.

Casou, mas com a condição de deixar o mundo das can-

torias, para se dedicar à família. Embora não sendo uma decisão fácil, tomou-a e assim

regressou de novo a Angola, onde tirou o curso de Ciên-cias Pedagógicas na Universidade de Luanda, e iniciou acarreira de professora do ensino secundário. Teve as duasprimeiras filhas em África.

Após o 25 de Abril de 1974, voltou para Portugal, engra-vidando da terceira filha. Estamos em 1975. Sem casa, grá-vida e sem emprego, instalou-se em casa da tia, em Lisboa.

Faz o estágio pedagógico para a docência, foi bolseirada Fundação Calouste Gulbenkian num curso para pro-fessores de Inglês a estrangeiros, na Universidade de Sou-thampton, no Reino Unido. E como docente, é colocadaem Porto de Mós, até que se muda para a Marinha Gran-de, tornando-se efectiva na Escola Industrial e Comercial.

A melancolia própria de uma pessoa apaixonada que seviu arrancada dos palcos, das luzes e dos aplausos começaa instalar-se na sua vida, mas Helena Rocha dá a volta eeis que decide organizar três revistas à portuguesa na suaescola. A primeira surge em 1977, com 75 figuras, com alu-nos, professores, funcionários, pais e ela própria como can-tora e actriz. “Foi um sucesso”, revela, com os olhos bri-lhantes. Repete a experiência em 1978 e em 1980.

Este foi o mote para o regresso ao mundo do espectá-culo. Participou na maioria dos concursos de televisão,vencendo grande parte deles. Até ao dia em que João Por-tugal, ainda nos Excesso, a alertou para um casting paraum espetáculo de Filipe La Féria Todos ao Palco, no Poli-teama. “Escrevi umsketche que ensaiei com Mário Laranjo,um aluno da nossa escola com um grande talento para oteatro e para cantar, e fomos para Lisboa para o casting.Fi-lipe La Féria reconheceu-a… Aceitou-a para a revista e foio início de um longo percurso.

“Durante oito anos, fiz espectáculos em Lisboa todas asnoites e dava aulas na Marinha Grande todas as manhãs.

1– Em 1966,com RobertoCarlos e o seuempresárioMarco Lazaro

2 - EmMoçâmedes,depois docasamento

3 - HelenaRocha, aocentro, napeça Violinono Telhado,de La Féria

4 - HelenaRocha,professora emAngola

Helena Rocha, actriz, poetiza, dramaturga e cantora

É o teatro que me faz sorrir e rejuvenescer

Ia e vinha todos os dias de Lisboa sem folgas, sem férias,feriados… o único dia livre era à sexta-feira santa.”

Trabalha há 20 anos com o encenador. Tem sido “umaaprendizagem sem limites e a maior aproximação à feli-cidade que vivi até hoje”, conta a mulher que passou a di-vidir o seu tempo entre o lugar de tradutora, directora decena e co-autora de várias das adaptações de textos e le-tras das canções dos musicais ingleses e americanos quea companhia teatral costumava apresentar.

Após a reforma ficou mais livre e foi para o Porto, parao Teatro Rivoli, durante três anos e meio, como directo-ra de cena, ao mesmo tempo que também representava.

Hoje Helena Rocha não sobe ao palco para representar.Colabora como sempre fez com Filipe La Féria. Sente sau-dades do palco? Sim, claro. Mas está no teatro e isso é queimporta! As memórias das luzes nunca se perdem, comoaquelas em que fez de avó e de secretária de Amália Ro-drigues, no primeiro Amália, espectáculo em que subiu816 vezes ao palco. “Dei a vida pelo teatro. Criámos umaforça e uma energia que nos fazem seguir em frente. Quan-do estamos dias e dias a ouvir o somdas palmas, as ovações, enche-nos a alma, cria-nos umaadrenalina que nuncanos deixa ir abaixo. Oteatro faz-nos sair denós, é uma paixãoimensa, uma formade disciplina diáriaque nos faz viver”,diz, com um sorrisoimenso. “É o teatroque me faz sorrir, queme faz viver. Que me fazrejuvenescer”.

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LURDES TRINDADE

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Canto livre

Ninjas e Princesas

� De vez em quando, muito de vez emquando, dá-me para pensar nestas coisas. Eacho que cheguei a uma conclusãoimportante, que vale a pena (ou não)partilhar convosco. Aviso já que não tenho asolução para nenhum problema maior, masconsegui teorizar que todas as relaçõeshumanas (pais e filhos, cônjuges, amigos,namorados, etc.) assentam na dicotomia“egoísmo vs. altruísmo”. Quer isto dizerque, com tudo o que tenho vindo avivenciar, experimentar e observar, achoque as nossas relações são melhores (leia-semais fáceis, harmoniosas e tranquilas)quanto mais dispostos estivermos a dar denós em prol do outro. Parece simples, nãoé? E se nas relações pais / filhos estealtruísmo nasce quase naturalmente,estamos predispostos a abdicar de muitacoisa pelos nossos filhos, se não estiveremnão aconselho ninguém a avançar para amaternidade/paternidade… nas outras acoisa pode ser mais complicada. Eu, porexemplo, não tenho nenhum problema emdar aos meus filhos a última goma dopacote; em comer atum enlatado para elescomerem dourada de mar; em não comprarroupa para mim para comprar para eles; emnão viajar sozinha para a Índia para ir umasemana com eles para o Algarve… são

Egoísmo vs. altruísmoRita Gomes

RICARDO GRAÇA

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peanuts, como dizem os cámones… agora aprivação do sono… bem, essa já é maisdifícil… e depois mexe na relação com ocônjuge. Estimado marido, pai dos meusfilhos, amor da minha vida, quase a atingira bonita marca de duas dezenas de anos,pode também ele comer a última goma dopacote; não me importo nada de comerrestos para ele comer refeições mais“actuais” (até porque sei que é coisa que oaflige, acha sempre que a comida seestragou); mas não pode ficar sempre adormir enquanto eu me levanto para tratardas crias. E ele sabe que isso não tem nadaa ver com amor. É o tal egoísmo / altruísmoque tem de estar equilibrado para a relaçãofuncionar. É o yin e o yang das relações. Atéporque uma pessoa privada de dormir nãoconsegue verbalizar bem o que lhe vai namente e depois sai asneira. Voltando àrelação com os filhos: faço por eles comosei que os meus pais fizeram por mim, comhumildade, naturalmente, sem pensar noporquê nem ter a noção muitas vezes deestar a abdicar de alguma coisa. É assim. Sehá muitas coisas que aprendemos com osfilhos esta é certamente das maisimportantes para mim, a abnegação. Dartudo sem esperar nada em troca. E viverfeliz com isso.

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 49

Impressão digital

NaturalidadeFigueira da Foz

ResidênciaLeiria

FormaçãoMotricidadeHumana

OcupaçãoDirector daEscolaSuperior deEducação eCiênciasSociais deLeiria

Ganhei ogostopela pes-ca com omeu pai,sim. Masconsigoencon-trarmuitosexem-plos deque filhode pei-xe… nãosabesequernadar!

Cláudio [email protected]

� Responda com a verdade e só a verdade: o maior peixeque apanhou até hoje?Em fotografia ou à cana? A sério: talvez uma dourada, napraia das Pedras Negras, com mais de… 300 gramas.Há testemunhas?Sem dúvida: o meu sogro. E eu sou testemunha de queele apanhou uma de meio quilo, no mesmo dia!É um exemplo de que filho de pescador sabe pescar?Ganhei o gosto pela pesca com o meu pai, sim. Mas con-sigo encontrar muitos exemplos de que filho de peixe…não sabe sequer nadar!A pesca é o seu momento se eu não gostar de mim quemgostará?A pesca é aquele momento em que desculpem lá, masestava mesmo a precisar de arejar! E não preciso de o fa-zer sozinho, embora já tenha passado noites inteiras, jun-to ao Forte da Nazaré, a ver as estrelas, o fantástico luar,as luzes fugidias das embarcações de pesca e o casario láem baixo, muito lá em baixo!Escreveu vários livros para crianças. O Rafa das suashistórias tem alguma coisa a ver com a sua infância naPraia da Claridade?Como poderia não ter? Escrever sobre o que não conhe-cemos é de uma violência atroz, e eu sou muito pacifis-ta. É claro que as asneiras que ele faz são completamen-te inventadas!A Figueira da Foz já era um oásis nesse tempo?Digamos que… era a minha praia! Dificilmente conse-guiria conceber um local mais adequado para viver umainfância e juventude felizes, com mar, rio, serra… e as es-panholas de Salamanca, que tinham na Figueira a praiamais próxima!Também viveu em Lisboa. As melhores memórias desseperíodo alfacinha.

Rui Matos, director da ESECS

"Futebol? Eh, pá, fica-me mal dizer que era um craque, não fica?"

Uiii… isso já foi quase noutra vida! Vivi cinco anos na CruzQuebrada, enquanto estudava, e mais dois em Linda--a-Velha, depois de acabar a licenciatura. Nessa altura, fuià tropa em Mafra, quando já dava aulas na Escola Supe-rior de Educação, em Leiria. Só me lembro de estudar mui-to…Como é que um doutorado em motricidade humana man-tém a forma?Caminhando, correndo, pedalando... e brincando com osfilhos! Já eu, aguardo serenamente pelo finalizar das mi-nhas actuais funções para poder fazer o que disse!É verdade que em criança queria ser cantor ou fute-bolista?Pois, parece que sim. E não é que o tipo até tinha algumjeito para as funções? Da dourada, não há registo foto-gráfico, mas, com quatro anos, a cantar no Casino da Fi-gueira, sim! Não, não foi na Gala Internacional dos Pe-quenos Cantores, que quando essa começou eu já comiabroa (ficaria bem, a um figueirense, dizer broa com sar-dinha, mas mentir não é algo que me assista). Futebol?Eh, pá, fica-me mal dizer que era um craque, não fica? OK,não vou dizer.É mais do tipo Salvador Sobral ou Barry White?Timbres fantásticos, (quase) impossível haver mais di-ferentes! Posso ficar algures in between?E Cristiano Ronaldo ou Éder?Futre. Balakov. Gullit. Casagrande.Chegou a navegar com a Naval 1º de Maio. Em que mo-mento decidiu pendurar as chuteiras e porquê?Chuteiras, só aos 15 anos. Até lá, muito futebol de rua, deabadias (zona verde na Figueira) e na praia. Pendurei aos29 anos, no Grupo Desportivo da Batalha. Porquê? Por-que já tinha idade para ter juízo e, como a minha mãe gos-tava de dizer, “só tenho este corpinho”…No Coro de Câmara Colliponensis é o goleador da equipaou o gordo que vai à baliza?Sou o dono da bola, por isso… canto sempre!

Quando canta, ainda se encanta?Completamente. O “se” é fundamental na pergunta…Futebol pé, andebol mão, já dizia o Paulo Bento. Foi as-sim que se lembrou de inventar a tripela?Estava ali mesmo à mão… ou seria ao pé?O que tem mais fama: a tripela ou a trivela?Já rivalizam em número de páginas disponibilizadas nosmotores de busca…; no início, escrevia “tripela” e o de-savergonhado do motor de busca perguntava se não se-ria “trivela” que eu queria escrever…Quando treinou os escalões de andebol da União de Leiriajá queria ser director da ESECS?Nem por sombras. Nessa altura (há mais de 20 anos) que-ria era ensinar o que sabia, ou julgava saber. Ser diretorda ESECS foi algo que surgiu de forma quase natural, de-pois de quatro anos como subdiretor.Os treinadores costumam dizer que sentem falta docheiro do balneário.Há cheiros mais agradáveis… mas, falta dos atletas, dostreinos, dos jogos, dos torneios, sem dúvida!Era importante para si poder dizer que dá aulas numa uni-versidade?Era importante que, em Leiria, o IPLeiria passasse a seruniversidade. E não era por mim, mas pela cidade, pelaregião e, principalmente, por todos os que têm de lutardiariamente contra o estigma que vê ou tende a ver no en-sino politécnico um ensino superior de segunda.Depois da tripela, o que espera inventar a seguir?Quem sabe? Gostava muito de inventar a cura para a es-tupidez e para a maldade…; enquanto não chego lá, e noâmbito desportivo, gostava de inventar algo que fizessecom que um desportista, sempre que começasse a dizerque tinha perdido por culpa do árbitro, fosse atacado peloespírito do mannequin challenge. Além disso, gostava mui-to que algumas regras do futebol sofressem alterações,como tenho escrito ao longo dos anos. Contudo, os “ilu-minados” dizem que está tudo inventado…

FOTOS: RICARDO GRAÇA

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50 Jornal de Leiria 23 de Março de 2017

Para fora cá dentro

ETC com S.A.MarionetasEspectáculo de beneficiência para a GAPA –Associação de Alcobaça (dia 7 de abril, no Cine-teatro de Alcobaça, às 21:30 horas). A GAPA é umaassociação sem fins lucrativoscomposta exclusivamente porvoluntários, cuja missão ésalvar animais abandonados e aS.A.Marionetas irá colaborarcom este espectáculo deangariação de fundospara aesterilizaçãodos animaisrecolhidos.

Edições EscafandroÉ uma pequeníssima editora independente deAlcobaça, que tem feito muito para promover ostalentos locais. Para alémde várias antologias elivros juvenis, já temvários títulos no PlanoNacional de Leitura.Publicou recentemente olivro Bestiário TradicionalPortuguês para o qualcontribuí com asilustrações.

Avenida QO mais genial, absurdo, irreverente, inapropriado,saudosista, mágico, estúpido e inesquecívelespectáculo da história da Broadway, tem agora asua adaptação para português com encenação deRui Melo. Em cena no Teatro da Trindade, emLisboa, até 2 de abril. Os bonecos são daS.A.Marionetas.

Museu da MarionetaEncontra-se instalado no Convento das Bernardas,em Lisboa, constituindo-se como o primeiro eúnico espaço museológico, no panorama nacional,inteiramente dedicado à interpretação e divulgaçãodo teatro de marionetas, percorrendo a históriadesta fascinante forma de arte através do mundo,com especial relevo para a marioneta portuguesa.

Ir ao Alfaiate e comer com conta, peso e medidaCláudio Garciaclaudio.garcia@jornaldeleiria

� Quando visitámos O Alfaiate, a proposta de sobre-mesa era o bolo Napoleão, uma receita clássica de milfolhas com influência francesa que é muito popularna Rússia e noutros países do Leste. Há quem diga queo nome está relacionado com o imperador Bonapar-te, outros garantem que a palavra remete para a cidadeitaliana de Nápoles. Na verdade, ninguém sabe. O queé certo é que o Napoleão tem origens imemoriais e umcerto glamour viajado que lembra os salões da alta bur-guesia numa Europa que já não existe.

Tal como o ambiente do filme O Alfaiate do Pana-má, também o restaurante localizado na avenidamarginal da Nazaré, mais perto da saída para o portode abrigo do que da praça das esplanadas, reclama parasi algum requinte e sofisticação. Espere encontrar umcenário mais tranquilo e elaborado do que na tradi-cional marisqueira ou tasca do percebe, que as há, eboas, na Nazaré.

Antes de chegar à sobremesa, acabámos por provara francesinha da casa, puxada o suficiente para noslembrar que ia melhor com cerveja de pressão do quecom vinho a copo. E também experimentámos o ca-marão frito, em tábua de ardósia, a mostrar que o em-penho na apresentação é um dos atributos à medida

do Alfaiate, situado na loja 8 do edifício Solmar, na ruaLance da Moiteira, uma transversal à avenida ManuelRemígio, perto do Bingo.

Bem decorado, intimista, com atendimento a con-dizer, o restaurante apresenta-se como casa de bifes,tapas e comida vegetariana e pretende ser um espa-ço de cozinha de autor, que funde os estilos vintagee moderno, entre o internacional e o mediterrânico,sem deixar de preservar as raízes portuguesas. Sem-pre com sugestões diárias para o almoço. Gratinadode frango com alheira e legumes salteados, gratinadode bacalhau com grelos e crumble de maçã, torricadacom mousse de atum e papaia, esmagada de batatacom legumes e carne, alheira com doce de cebola roxacaramelizada ou entrecosto com molho de barbecuee parmesão, só para citar algumas propostas recentes.Também pode surgir a oportunidade para conhecer asopa borsch, cuja coloração avermelhada advém dapreparação com beterraba e que pode incluir cenou-ra, batata, cebola, tomate e carnes como frango, vacaou porco, dependendo do cozinheiro.

Na Nazaré debruçada sobre o oceano, ponto de par-tida e de chegada para todas as rotas, tal como o Pa-namá do filme inspirado na intriga internacional deJohn Le Carré, o Alfaiate promete tirar as medidas cer-tas para um par de horas bem passado à mesa. Encerraà quarta-feira.

Uau! Marionetas,marionetas etambémmarionetas, porsugestão deNatachaPereira, docolectivo S.A.Marionetas

FOTOS: DR

Espaçointimista erequintado,sem perder asraízesportuguesas.Almoços ejantares,excepto nodescanso, àquarta-feira.Preço médiopor pessoa nointervaloentre 10 e 25euros

O restaurantefica na ruaLance daMoiteira, umatransversal àavenidaManuelRemígio, naNazaré

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Jornal de Leiria 23 de Março de 2017 51

Aconteceu

� Que melhor cenário para medir forças do que oCastelo de Leiria? No sábado, dia 18, crianças e jovensem representação de 13 escolas responderam àchamada e participaram em mais um torneio deescolinhas do clube Corvos do Lis. MiguelCarreira (da Escola da Caranguejeira) foi ovencedor absoluto, Sofia Gomes (Escola JoséSaraiva) chegou ao primeiro lugar naclassificação feminina e Tomás Martins (Escoladas Courelas) levou a melhor no escalão sub-10.Por equipas, e pela segunda vez, sagrou-se campeãa Escola das Courelas, ficando a Caranguejeira logo aseguir. Muita luta, principalmente nas primeirasmesas, com os títulos a serem decididos só na últimaronda, salienta a organização.

� Foi um dia de festa aquele que se viveu nodomingo em Vimeiro, concelho de Alcobaça,com a inauguração do Lar de São Sebastiãoda Santa Casa da Misericórdia, cumprindo-seum sonho antigo da instituição e da freguesiaque não tinha qualquer estrutura residencialpara idosos. A obra custou cerca de 800 mileuros e terá capacidade para acolher 19utentes. “Hoje temos orgulho de terminarum ciclo, disponibilizando à população o Larde São Sebastião”, disse Miguel Macedo,provedor da irmandade, para quem o“Vimeiro fica mais rico” com esta estrutura,frisando que a obra não teve qualquer apoioestatal. O financiamento veio do FundoSocial Rainha D. Leonor (uma parceria daMisericórdia de Lisboa e da União dasMisericórdias Portuguesas), da Câmara deAlcobaça e de um utente da instituição. Asnovas instalações foram benzidas pelo bispo-auxiliar de Lisboa, D. José Traquina.

Xadrez no Castelo envolveualunos de 13 escolas

� Depois de obras de ampliação e remodelação,terminadas no mês passado, a Casa do Outeiroinaugurou no sábado o espaço renovado, numevento que levou cerca de 180 pessoas a estaunidade hoteleira da Batalha. No total, foi feita umaampliação de oito quartos, remodelação de todos osexistentes e criação de novas áreas de lazer. “Foi amaior remodelação e ampliação desde 2003 e esteevento teve como finalidade dar a conhecer o nossohotel, que apesar de já existir há bastantes anos eradesconhecido pelos moradores e comerciantes davila, entidades oficiais, agentes turísticos”, explicafonte da Casa do Outeiro. Recentemente, a unidadefoi considerada pela Trivago uma das dez melhoresde Portugal na categoria três estrelas.

Casa do Outeiro mostrou espaços renovados

� Classe E All Terrain e Classe E Coupé. “Umacombinação entre estilo clássico e luxomoderno”. Sábado passado, no showroom daSodicentro, em Leiria, foram apresentadosos novos modelos da Mercedes-Benz. “Onovo Classe E All Terrain percorrefacilmente caminhos nos quais osmodelos convencionais station acabamsempre por desistir, graças à maiordistância ao solo, às rodas de maioresdimensões e ao sistema de tracção integral4MATIC equipado de série”. Já o Coupé “combinaa beleza e o estilo clássico de um desportivo deluxo com a tecnologia moderna”. Propostas damarca germânica para todos os gostos!

Sodicentro apresentou novosmembros da gama Classe E

� O clube de poesia da Universidade Sénior daNazaré antecipou para domingo, dia 19, acelebração da data internacional dedicada aoculto do verso. A leitura de poemas na avenidamarginal e o momento musical pela tuna dainstituição de ensino marcaram a iniciativa, quedecorreu ao longo da tarde. O clube de poesia éuma das ofertas da Universidade Sénior daNazaré, a funcionar desde 2008. Obteve adistinção de Excelência atribuída pela Rede deUniversidades da Terceira Idade e presideactualmente ao Conselho Geral dasUniversidades Seniores. O Dia Mundial da Poesiaé uma efeméride criada pela UNESCO em 1999,no âmbito da sua conferência geral.

Seniores da Nazaré distribuírampoemas na marginal

Misericórdia do Vimeiroinauguraresidência para idosos

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Jorlis - Edições e Publicações, Lda.Parque Movicortes2404-006 Azoia - LeiriaTel. 244 800 400 Fax 244 800 [email protected]

É inútil obter por piedade aquilo quedesejamos por amor

Victor Hugo

Os cidadãos da Praia da Vieira recusam prospecção de petróleo nas suas águas

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

Acções de esclarecimento vão decorrer na região

Grupo de cidadãos da Marinhacontra prospecção de petróleoElisabete [email protected]

� Contra a prospecção de petróleona região e no País, é assim que seassume um grupo de cidadãos doconcelho da Marinha Grande, quena sexta-feira organizou uma ses-são de esclarecimento sobre osimpactos da atividade petrolífera,com a colaboração do movimentoPeniche Livre de Petróleo em Viei-ra de Leiria.

Um dos porta-vozes do movi-mento, Bruno Fitas, adianta que"não é dizer não ao petróleo no Al-garve, em Peniche ou na Praia daVieira. É "dizer não ao petróleo emPortugal". "Queremos sensibilizara população para a exploração depetróleo. Estamos rodeados decontratos. Além da faixa costeira,exposta aos contratos offshore,possui áreas contratualizadas ons-hore em terra, num contrato de-nominado Batalha. Em terra, alémda possibilidade de produção con-vencional de petróleo, prevê-seainda a produção de óleo e gás dexisto, por via das técnicas de frac-tura hidráulica (fracking)", acres-centa.

Bruno Fitas salienta que “aindase podia pensar que é bom para oGoverno, mas nem há grandescontrapartidas, pois Portugal co-bra 15 euros por quilómetro qua-drado contratualizado e no máxi-mo 8% do petróleo explorado,enquanto a Noruega cobra 3.647

� A Associação Comercial e In-dustrial de Leiria, Batalha e Portode Mós (Acilis) vai amanhã a vo-tos e Lino Ferreira volta a enca-beçar a lista candidata (única exis-tente até ao fecho desta edição).Segundo explicou ao JORNAL DELEIRIA, trata-se de uma lista decontinuidade, que resolveu can-didatar-se para dar seguimento aotrabalho que tem sido feito eacompanhar a execução dos pro-jectos candidatados ao Portugal2020. Na direcção há uma mu-dança, já que sai Domingues Ne-ves (vice-presidente indústria) eentra Rui Casal. Também na As-sembleia-Geral há uma novidade,a entrada de Hélder Narciso parao cargo de secretário.

euros por km2 e 78% do petróleoexplorado".

Depois desta sessão de esclare-cimento, o porta-voz revela quevão ser realizadas outras na re-gião. "As pessoas não estão cons-cientes do que se está a passar,como eu também não estava. Que-remos fazer outras sessões em Lei-ria e Pombal. Depois de informar as

pessoas, poderemos partir paraoutro tipo de acções", admitiu.

"Os riscos ambientais e sócio--económicos desta actividade sãomuito elevados, como demons-traram os acidentes que ocorreramno Golfo do México e em Michi-gan, em 2010", alerta o grupo de ci-dadãos em nota de imprensa, re-ferindo que desconhecem "quais-

quer estudos de impacto ambien-tal que suportem os trabalhos emcurso e contratualizados".

Os cidadãos enviaram a sua po-sição aos presidentes da Câmarada Marinha Grande e da Junta deFreguesia de Vieira de Leiria erespetivos presidentes da Assem-bleia Municipal e Assembleia deFreguesia.

Leiria

Lino Ferreira recandidata-se à presidência da Acilis

� A InPulsar - Associação para o De-senvolvimento Comunitário, sediadaem Leiria, comemora, no próximo dia31, o seu quinto aniversário, com umjantar solidário, a realizar na Quinta deSanto António do Freixo, em Cortes.O evento começa pelas 20 horas e du-rante a noite serão sorteados duas pin-turas da autoria de Sílvia Patrício e deJosé Varatojo e uma serigrafia de Hi-rondino Pedro e Manuel João Vieira.Os trabalhos artísticos estão em ex-posição no Praça Café, em Leiria,onde poderão ser adquiridas rifasque dão acesso ao sorteio dos qua-dros.

Durante a tarde do dia 31, a InPul-sar, em parceria com o Núcleo Distri-tal de Leiria da Rede Europeia Anti-Po-breza, irá dinamizar uma tertúlia su-

bordinada ao tema Leiria Sem Tecto -Retratos da Invisibilidade. O encontrodecorrerá no m|i|mo – Museu da Ima-gem em Movimento, e tem iníciomarcado para as 14 horas. Com esteevento, aquelas instituições preten-dem “contribuir para a visibilidade doproblema dos sem-abrigo na cidadede Leiria e fomentar uma maior arti-culação entre as respostas existentes”.Reflectir sobre o conceito de pessoasem-abrigo e as estratégias de inter-venção social para a retirada da ruasão outro dos objectivos.

Durante o encontro, haverá aindauma exposição de fotografias de Pau-lo Teixeira de espaços em que habitamas pessoas sem-abrigo da cidade deLeiria no âmbito do projecto de foto-grafia humanitária Humane Focus.

Evento marcado para dia 31

InPulsar comemora aniversáriocom jantar solidário e tertúlia

Cáritas de Leiria

Peditório rendeumenos seis mil euros

�O peditório da Cáritas Diocesana deLeiria rendeu cerca de 13 mil euros(menos seis mil do que no ano pas-sado) que serão canalizados para oapoio às famílias e para projectos so-ciais. Tal como a nível nacional, o pe-ditório decorreu de 16 a 19 deste mês.Estiveram envolvidas cerca de 250pessoas (algumas das quais alvo deabordagens “inconvenientes”, verpágina 18), a quem a Cáritas “agrade-ce a dedicação”, ao mesmo tempoque destaca a ajuda de todos os que“contribuíram para o apoio dos maisdesfavorecidos”. No ano passado fo-ram angariados no peditório 19.173 eu-ros, canalizados para o apoio a 389 fa-mílias, num total de 978 pessoas be-neficiadas, “que se traduziu em apoiosfinanceiros efectivos” de 22053 euros.Além deste valor, também o Centro deAcolhimento de Leiria foi apoiadocom 6420 euros e o apoio a famílias,através dos grupos sócio-caritativosparoquiais, totalizou 5.977 euros.

Sábado

Municípios daregião aderem à Hora do Planeta

� No próximo sábado, entre as 20:30e as 21:30 horas, um pouco por todoo mundo, vão desligar-se luzes emmais de oito mil cidades e vilas. Seráa Hora do Planeta, uma iniciativa desensibilização ambiental que na regiãoconta com a adesão dos municípios deAnsião, Batalha, Caldas da Rainha,Marinha Grande, Nazaré, Ourém, Pe-drógão Grande e Pombal. Nestes con-celhos, a data será assinalada com odesligar da iluminação em vários edi-fícios públicos, como Paços do Con-celho, museus ou jardins, e monu-mentos (castelos de Ourém e de Pom-bal, Forte de S. Miguel Arcanjo, Mos-teiro da Batalha, Igreja Matriz de Pe-drógão Grande e Complexo Monu-mental de Santiago da Guarda). EmOurém haverá ainda uma actividadede observação astronómica, a realizarno castelo.

02h0001h00 >Dia 26 de Março

(Domingo)

Mudança da hora