Primeira parte Iluminismo como negócio

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obra setecentista. E, por fim, a história editorial da Enciclopédia mereceser escrita porque ela é interessante.

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beis dos editores originais, e podemos deduzir algumas das atividades co-

merciais desses editores a partir de material reunido por Luneau de Bois-jermain, um assinante irritado que em vão os processou por fraude. Ape-sar de vários estudiosos haverem vasculhado minuciosamente esses docu-mentos, não foi possível descobrir o local da produção da primeira edi-

ção, onde ela foi vendida e quem a comprou. A história da segunda edi-

ção permanece igualmente obscura, a despeito de algumas revelações ob-tidas a partir de material conseguido a duras penas em arquivos de Gene-

bra por George B. Watts e John Lough. E, conquanto estudiosos italia-nos tenham trazido à luz uma parte da política envolvida nas edições de

Lucca e Livorno, não descobriram quanto custdram as reimpressões ita-lianas e o número de cópias que elas contiveram.

No que respeita à difusão da Enciclopédia, porém, as quatro primei-ras edições têm relativamente pouca importância. Eram luxuosas edições

in-folio, inacessíveis ao poder aquisitivo dos leitores comuns e, conside-

radas em conjunto, perfazem apenas cerca de 4090 das Enciclopédias exts-

tentes antes de 1789. A grande massa de Enciclopédias na Europa pré-

revolucionária provinha das edições in-quarto e in-octovo, menos dispen-

diosas, impressas entle l'777 e 1782. Aproximadamente 50o/o a 6090 das

cópias na França eram em formato in-quarto, e pode-se acompanhar atrajetória de todas elas graças aos documentos da Société Typographiquede Neuchâtel (srN). Os arquivos de Neuchâtel também possibilitam rela-tar a história da edição in-octavo e as origens da Encyclopédie méthodïque, a suprema enciclopédia do lluminismo, cujo destino pode ser retra-

çado ao longo da Revolução a partir de outras fontes. Adicionalmente,os documentos de Neuchâtel revelam as ligações de todos os empreendi-

mentos com a Enciclopédiø, inclusive alguns que jamais se materializa-ram, de 1750 a 1800. Mostram como mudou a forma da obra à medidaque os editores a adaptaram à sempre crescente clientela, e como os con-

sórcios de editores se sucediam enquanto os especuladores se engalfinha-vam para explorar o maior best seller do século. Da perspectiva da histó-ria do livro, portanto, a história da Enciclopédiø tem seu momento mais

importante na década de 17701' só então ela entra em uma fase que repre-senta a difusão do Iluminismo em grande escala. Se a documentação nãopermite estudar a fundo as primeiras corporificações da obra de Diderot,ela é rica o bastante para mostrar como essa obra atingiu a maioria de

seus leitores depois de ele a haver concluído.

Antes de procurarmos acompanhar as posteriores transmigrações do

texto, é importante salientar um fato fundamental que se tornou evidentep¿Ìra as autoridades francesas tão logo o primeiro volume da primeira edi-

ção chegou às mãos dos assinantes: a obra era perigosa. Não se tratava

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meramente de uma coleção, em ordem alfabética, de informações a res_peito de tudo; a obra registrava o conhecimento segutr¿o o, pri.r.ipro,filosóficos expostos por D'Arembert no Discurso preliminar. Embora re-conhecesse formarmente a autoridade da Igreja, D,A]embert deixava cra_ro que o conhecimento provinha dos sentidos, e não ¿. no_a ou da Re_velação' o grande agente ordenado¡ era a razão, que combinava as in-formações dos sentidos, trabalhando com as facurdàdes irmãs, memoriae imaginação' Assim, tudo o que o homem conhecia derivava do mundoque o cercava e do funcionamento de sua própria mente. A Encicropédiadefendia o argumento graficamente, com å gruurrru de uma árvore do co_nhecimento mostrando como todas as artes e ciências originavam-se dastrês faculdades mentais. A filosofia compunha o tronco-da árvore, en-quanto a teologia ocupava um tronco remoto, vizinho à necromancia. Di_de¡ot e D'Alembert haviam destronado a antiga rainha das ciências, reor_denando o universo cognitivo e nere realocando o homem, deixando a di-vindade do lado de fora.

Eles sabiam que era arriscado intrometer-se na concepção do univer-so, e por isso disfarçaram com subterfúgios, ironia e farsos frái"rtos a"epistemológica de seu ataque à

,,"rä'.:Jii'läiä.fi,ft ïJf ;isianismoneo-ortodoxo,deixandou:äiïffi :"f ïå:ï"ïJi:ï',ffi ;Diderot e D'Alembert apresentaram sua ob.u.o,no uma comp'ação deinformações e um manifesto firosófico. procuraram fundi¡ esses dois as_pectos da obra, fazê-los parecer os dois lados de uma mesma moeda: oenciclopedismo. Tal estratégia funcionou

"o-o u- modo de regitimar oIluminismo, pois os enciclopedistas identificaram sua firosofia com o pro-prio conhecimento - ou melhor, com o conhecimenderivava dos sentidos e das faculdades mentais, emfornecido pela Igreja e o Estado. O conhecimentovam eles, não passavade preconceito e superstição. portanto, sob a mas_r19::28 volumes in-forio e da enorme va¡iedade de seus 7l grg verbetese 2885 pranchas residia uma mudança epistemorógica que transformavaa topografia de tudo o que o homem conhecia.

, Era esse rompimento com as noções estaberecidas do conhecimentoe da autoridade interectual que tornav a a Encicropédia tãoherética. umavez constatada a ruptura, e tendo aprendido a orhar o mundo do conheci-mento sob a perspectiva do Discurso preriminar, os reitores podiam perceberheresias menores disseminadas por toda aum jogo; não adiantava procurar nos lugardistas tiveram de tomar o máximo cuidaãopa houvessem introduzido certa impiedade no verbete cunrsrhNrsM¡. Era

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melhor investigar em verbetes sem relação com o assunto perigoso, comtítulos absurdos como AScTIARIoUNS e EpIDÉLIUS, em busca de observa-

ções sobre os absurdos do cristianismo. Naturalmente, tinham de ser ob-servações dissimuladas. Os enciclopedistas fantasia¡am o papa com umquimono japonês antes de o ridicularizarem em sIAKo, disfarçaram a Eu-caristia em um exótico ritual pagão em ypAINI, metamorfosearam o Es-pírito Santo em um pássaro grotesco em AIGLE e fizeram a Encarnaçãoparecer tão simplória quanto uma superstição sobre uma planta mágicaem AGNUS scyrHrcus. Ao mesmo tempo, apresentaram uma profusão de

hindus, confucionistas, hotentotes, estóicos, socinianos, deístas e ateís-

tas, todos muito corretos e de espírito elevado, que'via de regra pareciamlevar a melhor sobre os ortodoxos nas discussões, embora a ortodoxiasempre triunfasse no final graças a algum non sequitur ou à intervençãode autoridades eclesiásticas, como em UNITAIREs. Desse modo, os enci-clopedistas estimulavam os leitores a buscar os significados nas entreli-nhas e a prestar atenção nas mensagens de duplo sentido.

Quando o leitor aprendia a exercitar dessa maneira seu raciocínio,passava a descobrir irracionalidade em todas as esferas da vida, inclusivea social e a política. A Enciclopédiø dava ao Estado um tratamento maisrespeitoso do que à Igreja, não contestando a supremacia das ordens pri-vilegiadas. No entanto, em meio aos verbetes convencionais e por vezes

contraditórios, o leitor atento podia deparar com muita irreverência pe-

las grandes personalidades do mundo secular. Diderot parecia condicio-nar a autoridade do rei ao consentimento do povo em AUToRITÉ pou-TreuE, enquanto D'Holbach preconizava uma monarquia constitucionalde tipo burguês em nepnÉsBNTANTS; Rousseau antecipava os argumentosradicais de seu Contrøto sociøl em ÉcoNorr.nB Morale et Politique, e Jau-cort popularizava a teoria da lei natural em dezenas de verbetes que im-plicitamente contestavam a ideologia do absolutismo dos Bourbon. Vá-rios verbetes ridicularizavam a pompa e as pretensões da aristocracia.Conquanto as isenções fiscais das ordens privilegiadas fossem defendidasem alguns trechos (nxeuerIoNs e pRIVILÈce), eram criticadas em outros(vrNcuÈue e rueôr). A dignidade das pessoas comuns era salientada emmuitos pontos, não só nos verbetes sobre a burguesia (NÉc'ocE), mas tam-bém em eloqüentes descrições da vida sofrida dos trabalhadores (eeurle).

Seria um erro tomar essas observações como um chamado à revolu-

ção. A Enciclopédia era um produto do seu tempo, da França de meadosdo século, época em que os autores não podiam discutir abertamente as

questões sociais e políticas, em contraste com a era pré-revolucionária,quando um governo vacilante permitiu maior liberdade de expressão. AEnciclopédia sequer favorecia uma forma avançada de capitalismo. Ape-sar de enfatizar a tecnologia e a fisiocracia, desincentivava a concentra-ção de homens e máquinas em fábricas e apresentava um quadro arcaico

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da atividade manufatureitaemvez de uma antevisão da Revolução Indus-

trial em verbetes como INDUSTRIE e MANUFACTUnnS. O elemento radical

da Encictopédiø não residia em uma visão profética das distantes revolu-

ções Francesa e Industrial, mas em uma tentativa de mapear o mundo

do conhecimento segundo novas fronteiras, determinadas única e exclusi-

vamente pela razão. Como proclamava a página de rosto, a obra pretendia

ser um "dicionário raciocinado das ciências, das artes e dos ofícios" -ou seja, medir toda a atividade humana com padrões racionais, e assim

fornecer a base para reinterpretar o mundo.Para os contemporâneos não foi difícil detectar o objetivo da obra,

declarado abertamente pelos autores em verbetes importantes como ENcY-

cLopÉDIE, deDiderot, eno "Avertissement" de D'Alembert no volume 3.

Desde o lançamento do primeiro volume em 1751 até a grande crise de

17 59, a Enciclopédia foi denunciada pelos defensores das velhas ortodo-xias e do Antigo Regime, bem como por jesuítas, jansenistas, pela Assem-

bléia Geral do Cleto, o Parlamento de Paris, o Conselho Real e o papa.

As denúncias sobrevieram tão numerosas e com tamanha rapidez em arti-gos, panfletos e livros, bem como em decretos régios, que a Enciclopédiøparecia estar com os dias contados. Mas os editores haviam investido aliuma fortuna, e contavam com protetores poderosos, em especial Chrétien-Guillaume de Lamoignon de Malesherbes, o liberal directeur de la Librai-4e, superintendente da atividade livresca durante os cruciais anos de 1750

a l'763.Malesherbes salvou a Enciclopédiø vánias vezes, a primeira delas em

1752, por ocasião do envolvimento da obra no caso De Prades. Um dos

colaboradores de Diderot, o abade Jean-Martin de Prades, apresentara à

Sorbonne uma tese em teologia que parecia diretamente extraída do Dis-curso Preliminar - ou quem sabe do próprio inferno, como observou o

bispo de De Prades. Na esteira do escândalo subseqüente, De Prades fugiupara Berlim, onde Frederico II o nomeou leitor. AEnciclopédia foi denun-

ciada ao rei como prova do sorrateiro ateísmo. Diderot, que apenas dois

anos antes passara quatro penosos meses encarcerado em Vincennes comopunição por sua Cartø sobre os cegos, parecia prestes a ser novamente deti-

do. E corria o boato de que a Enciclopédia seria entregue ao controle dosjesuítas, em recompensa por seu zelo em revelar a conspiração para des-

truir a religião. Graças a Malesherbes, a crise resultou apenas emum arrêtdu Conseil condenando os dois primeiros volumes por "várias máximas

tendentes a destruir a autoridade real, aestabelecer o espírito de indepen-

dência e de revolta e, sob termos obscuros e equívocos' elevar os funda-

mentos do erro, da corrupção dos costumes, da irreligião e da incredulida-de".3 Parecia uma punição terrível, mas na verdade não produziu grande

efeito, pois os volumes já haviam sido distribuídos aos assinantes, e o go-

verno autorizou a continuidade da obra sem revogar seu privilégio'

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O escândalo prosseguiu e intensificou-se nos sete anos seguintes, com

o aparecimento dos volumes 3 ai e à medida que hábeis polemistas como

Charles Palissot e Jacob-Nicolas Moreau o alimentaram com ataques aos

padres. Por outro lado, Voltaire empenhou sua pena e seu prestígio pela

causa, e as fileiras de colaboradores de Diderot e D'Alembert fortaleceram-

se com outros autores ilustres, inclusive a maioria dos que começav¿rm

a ser identificados como filósofos: Duclos, Toussaint, Rousseau, Turgot,Saint-Lambert, D'Holbach, Daubenton, Marmontel, Boulanger, Morel-

let, Quesnay, Damilaville, Naigeon, Jaucourt e Grimm' Diderot e D'Alem-

bert apontavam também como colaboradores Montesquieu e Buffon, cujas

obras citavam constantemente, embora, ao que parecd, nenhum deles te-

nha escrito algo expressamente para a Enciclopédia (Montesquieu mor-

reu em 1755, deixando um trecho que foi publicado postumamente no

verbete coûr, e Buffon manteve distância da Enclicloptídia, talvez porjá estar em apuros defendendo as passagens pouco ortodoxas de sua flis-toire naturelle, cuja publicação começou em 1749).

Nada poderia favorecer tanto os negócios quanto a prolongada con-

trovérsia e o batalhão volunt¿irio de autores. Os editores, André-François

le Breton e os sócios Antoine-Claude Briasson, Michel-Antoine David e

Laurent Durand, haviam planejado uma tiragem de 1625 cópias, mas o

número de assinaturas cresceu com tanta rapidez que eles a triplicaram,atingindo 4255 cópias em1754. No prospecto de 1751, haviam-se com-

prometido a fornecer oito volumes in-foüo de texto e dois de ilustrações,

a um custo total de 280 libras, em fins de 1754. O prospecto, de fato,previa a possibilidade de um volume adicional, que seria vendido com um

descOnto de 29Ù/0, mas assegurava aos assinantes que o textO e aS pran-

chas estavam completos, muito embora Diderot estivesse mais de vinte

anos aquém do término de seu trabalho e apesar do fato de que ele iriaproduzir quase três vezes mais volumes do que o prometido no prospec-

to. Esse golpe de publicidade enganosa estabeleceu um padrão que os edi-

tores da Enciclopédia manteriam persistentemente durante os cinqüenta

anos seguintes. Na verdade, se o público soubesse que a obra seria am-

pliada para dezessete volumes de texto e onze de ilustrações' que o preço

aumentaria para 980 libras e que o último volume só seria publicado em

1772, o empreendimento não teria prosperado. Embora Luneau de Bois-jermain tentasse em vão embargá-lo processando os editores por fraude,

a verdadeira ameaça surgiu, mais uma vez, das autoridades francesas du-

rante uma segunda crise, de 1757 a 1759.

A França atravessava então um pçríodo sombrio de sua história, ini-ciado com a tentativa de assassinato de Luís xv por Damien. A nação,

já ensangüentada pela Guerra dos Sete Anos, envenenou-se com rumores

a respeito de ateístas e regicidas, e a Coroa aguçou o medo das conspira-

ções com a Declaração de 16 de abril de 1757, ameaçando executar quem

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escrevesse ou imprimisse o que quer que fosse contra a Igreja e o Estado- de fato, até mesmo qualquer coisa que tendesse a ,.exaúar

os ânimos,,.Foi nessa época que os antiencicropedistas abriram fogo com sua artilha-ria de propaganda mais pesada, não apenas denunciando as heresias con-tidas nos volumes 4 e 7 da Encicropàdia, mas também associando-as aum descarado ateísmo que, acusavam eles, tivera o atrevimento de irrom_per abertamente em público, ainda por cima com a aprovação de um cen-sor, quando Helvétius pubricou De I'esprit, em julho ¿e liss. Esse rivroprovocou ainda mais celeuma do que a tese do aúade De pr"ã"r, . apesarde Helvétius não ser colaborador da rande parte da indig_nação que eleo procurador Em janeiro del759,

que subjacente a DeI'esprit estava por trás desta espieituuu u-u conspi_ração para destruir a rerigião e sorapar o Estado. oparlamento pronta_mente proibiu a venda da Encicropédia e nomeou uma comissão para in-vestigar a obra. Mas o parramento, apesar de sua

"*p..ic*i" ,"Jular nacaça às bruxas, jamais fora capaz de controrar apaTavraescrita na França.- A autoridade para tar pertencia ao rei, que a exercia por intermédio

$e seu chanceler, o qual, por sua vez, a delegava ao diråcteur de tø Li_

brairie - cargo que, na ocasião, era ocupado por Malesherbes. Em g demarço de 7159, o conselho de Estado reafirmou a autoridade do rei, to-mando a si a tarefa de destruir a Encicropédia. Revogou o priuitegio auobra e proibiu aos edito¡es darJhe prosseluimeoto, .o-e'iåìolä g,rirude justificativa, a estratégi" qn. r.ui autoÃs haviam seguido: ,,A'dita En-ciclopédia' tendo-se tornado um dicion¿írio compreto è um ffatado gerarde todas as ciências, seria bem mais procurada felo púbrico e bem maisfreqüentemente consurtada, e por isso difundir-se-iam ainda mais eafiançar-se-iam de alguma maneira as perniciosas máximas ¿" qu. os uo-lumes já distribuídos estão cheios " .a A Enciclopédia foiincluíäa no tn-dex em 5 de março de rT'g,juntamente com De |esprit,e em 3 de setem-bro o papa clemente xlr ordenou que todos os catóricos que a possuíammandassem queimáJa por um padre, sob pena de excomunùão. Éra a con_denação máxima para uma obra. A Enciiøpaanincorreu na ira das maisimportantes auto¡idades do Antigo Regime e, apesar disso, sobreviveu.Sua permanência marca um momento decisivo do Iruminismo e da histó-ria dos livros em geral.

No decorrer dessa crise, Diderot, que raboriosamente continuava es-crevendo às escondidas, foi avisado por Maresherbes de que seus fapéisestavam prestes a ser apreendidos pela porícia - e que poderiam sir sar-vos se fossem confiados ao próprio Maleshe¡bes, que ácabara de emitira ordem para o confisco. Ao que parece, Malesherbes também esteve port1ás do acordo que finalmente salvou o empreendimento. Em2r de julhode 1759, um arrêt du Conseil determinou irr. o,

"àñ;;. ;;Jiir"* .))

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cada assinante 72 libras, para ostensivamente liquidar suas contas. Naverdade, porém, o governo permitiu-lhes aplicar o dinheiro na coleçãoRecueil de mille planches [...] sur les Sciences, les Arts libéraux et les Artsmécaniques, que era nada mais, nada menos do que o conjunto das pran-chas da Enciclopédia com um novo título. Tendo readquirido o controlelegal de seu empreendimento com um novo privilégio concedido para aRecueil de plønches em 8 de setembro de 1759, os editores puseram-se

a imprimir os últimos dez volumes de texto. Para minimizar o escândalo,foram todos lançados simultaneamente, em 1765, com um falso termode impressão: "A Neufchastel ,/ chez Samuel Faulche & Compagnie,Libraiies & Imprimeurs". E, para maior garanúá., Le Breton expurgouo texto nas páginas das provas, às escondidas de Diderot. Este jamais per-

doou o editor por sua "atrocidade", mas ainda assim continuou a traba-lhar nas ilustrações, e os dois últimos volumes foram publicados em 1772.

No entanto, já não havia mais o entusiasmo pelo trabalho. Abandonadopor D'Alembert, Voltaire e pela maioria dos outros autores que se ha-viam unido a ele no início da década de 1750, Diderot montou os últimosvolumes a esmo, usando cadavez mais os serviços do fiel Jaucourt, que

copiou e compilou incansavelmente, levando a obra adiante até sua con-clusão. Diderot encerrou-a decepcionado e desiludido. Contemplando oresultado de 25 anos de trabalho, descreveu a Enciclopédia como umamonstruosidade, que precisava ser reescrita de ponta a ponta.s Seu vere-dito desencadeou uma série de projetos para remodelar a obra, culminandona ainda mais monstrtosa Encyclopédie méthodiqze, pois os sucessores

de Le Breton e os livreiros em toda a Europa consideraram a obra de Di-derot demasiadamente imperfeita p¿ua ser deixada intacta e por demaislucrativa para ser abandonada. Contudo, quaisquer que sejam seus de-

feitos, a consecução da obra significa uma grandiosa vitória do espíritohumano e da palavra impressa.

Ao autorizar a publicação da obra de Diderot a despeito de sua ile-galidade formal, o Estado deu aos filósofos a oportunidade de vender seu

produto no mercado das idéias. Mas qual foi o resultado dessa rupturadas restrições tradicionais à imprensa na França? Concentrando-se noembate entre os enciclopedistas e as autoridades do Antigo Regime, os

historiadores contaram apenas metade da história. A outra metade com-preende questões fundamentais da história dos livros no século xvIu. Emprimeiro lugar, será possível situar a obra em um contexto social? De on-de provinham os enciclopedistas e para onde foram as Enciclopédiøs? Emsegundo, como foi que as edições posteriores se originaram da primeira,e o que elas revelam a respeito do funcionamento da atividade editorial?

Os estudos sobre as origens sociais dos enciclopedistas preocuparam-seem descobrir se eles poderiam ser considerados burgueses que moldaram

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a consciência de sua classe e ajudaram a estabelecer o capitalismo indus-trial no século xvtn. Para a geração mais antiga de acadêmicos ma¡xis-tas, a resposta a essa questão era uma afirmativa - indiscutível e semnecessidade de comprovação.6 Entretanto, uma geração mais nova de es-tudiosos da história social constatou complexidades e contradições de to-do tipo na burguesia setecentista, enquanto na área de história econômi-ca não foi possível fornece¡ provas suficientes da industrialização na Fran-ça antes da segunda metade do século xx. Deparando com tanta ambi-güidade nessas disciplinas afins e com uma mudança generalizada no cli-ma intelectual, os estudiosos da literatura viram-se desafiados a adotaruma revolução conceitual no estudo da Enciclopédia- O desafio partiude Jacques Proust, na França a autoridade máxima sobre a obra. Ele afir-ma que os enciclopedistas devem ser considerados um grupo especial, umasociété encyclopedique com uma formation structurée básica, embora tam-bém possam ser identificados com a burguesia.T Essa abordagem analí-tica originou estudos importantes, mas, após ¿írduo trabalho com os da-dos, a constatação generalizada entre os pesquisadores foi que as "estru-turas" e a "burguesia" desaparecem em meio à babel de informações so-bre os indivíduos; além do mais, as informações são incompletas. Em quase4090 dos verbetes não é possível identificar o autor, e quase um terço dosautores identificáveis escreveram apenas um verbete, em contraste comDiderot, o abade Mallet e Boucher d'Argis, responsáveis pelo grosso dotrabalho. O cavaleiro de Jaucort, nobre cuja linhagem remontava à lda-de Média, escreveu cerca de um quarto de toda a obra, mas ninguém ou-saria afirmar que a Enciclopédio ê 25ù/o aristocrática, especialmente por-que muitas das contribuições de De Jaucourt consistem em apenas algu-mas linhas, em contraste com tratados como vINGTIÈME, escrito por Da-milaville, que participa com apenas três verbetes.

Considerando a pouca representatividade dos verbetes cujos auto-res podem ser identificados e a disparidade entre as suas contribuições,como é possível estabelecer um padrão de medidas significativo visandoum estudo sociológico dos enciclopedistas? Mesmo se colocados juntose classificados por categorias sócio-ocupacionais, eles não parecem real-mente burgueses, pelo menos não na acepção moderna e capitalista dotermo. Apenas 4t/o eram comerciantes ou manufatores. A mesma pro-porção corresponde aos que possuíam título de nobreza, e ambos os gru-pos parecem pequenos se comparados aos médicos e cirurgiões (1590),altos funcionários do governo (120/o) e mesmo aos membros do clero(890). O que identificava os enciclopedistas como um grupo não era suaposição social, mas seu comprometimento com uma causa. É certo quemuitos deles desertaram quando essa causa se viu mais ameaçada, po-rém eles deixaram sua marca na obra, a qual viria a tornar-se o epítomedo Iluminismo. Pelos escândalos, perseguições e pela sobrevivência pura e

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simples, a Enciclopédia passou a ser reconhecida, por amigos e inimigos,como a síntese de um grandioso movimento intelectual, e os homens que

dela participaram ficaram conhecidos não meramente como colaborado-res, mas como os "enciclopedistas". Seu trabalho assinalou o surgimen-to de um movimento, o "enciclopedismo".8

É Aiticit deduzir o comportamento da Enciclopédia no mercado ime-diatamente após os enciclopedistas haverem concluído a obra, pois os pa-

péis de Le Breton e seus associados desapareceram quase por completo.Alguns dados contidos no precário material apresentado durante o pro-cesso movido por Luneau de Boisjermain indicam que p¿rra a primeiraedição in-fotio as vendas não foram significativas nâ França: apenas me-tade, ou mesmo um quarto das cópias permaneceram no reino.e Entre-tanto, com elas os editores conseguiram uma fortuna. Com um investi-mento inicial de cerca de 70 mil libras, o lucro pode ter chegado a 2,5

milhões de libras. A renda líquida aproximou-se de 4 milhões de libras,e os custos líquidos situaram-se na faixa de 1,5 milhão a 2,2 milhões de

libras, das quais cerca de 80 mil foram para Diderot.l0 Eram quantias

vultosíssimas para os padrões do século xvIII, e os editores somente con-

seguiram tê-las à disposição obtendo capital dos assinantes. Graças a esse

fluxo de caixa, o custo da Enciclopédia já estava totalmente coberto em

1751, muito embora o papel e a impressão dos dez últimos tomos de tex-

to, lançados simultaneamente, tenham provavelmente requerido um dis-pêndio substancial.

O empreendimento parece ter sido gerido como muitos outros dafueaeditorial. Em 18 de outubro de 1745, Le Breton e seus três sócios firma-ram um traité de société estabelecendo um fundo de capital de 20 mil li-bras e dividindo as cotas segundo as proporções da contribuição de cada

um; a parte de Le Breton foi de três sextos, e a cada um dos outros coube

um sexto. Cláusulas adicionais destinaram a Le Breton uma quantia fixapor folha, para cobrir as despesas de impressão; portanto, os sócios lhedelegaram a responsabilidade da produção, e ele fez o que pôde dentrodo que lhe permitiram as condições do contrato.ll Não é possível saberprecisamente o modo como ele conseguiu levar a cabo essa gigantesca ta-refa, tampouco se conhecê bem a maneira como ele forneceu o produtoaos clientes e quem eram estes. Os documentos de Luneau contêm nomes

de aproximadamente 75 assinantes. A maioria deles compunha-se de no-bres, inclusive diversos cortesãos ilustres - visconde de Noailles, mare-

chal de Mouchy, duque de La Vallière - e v¿irios magistrados dos parla-mentos e bailiados. O restante provinha basicamente da área jurídica, da

Igreja e dos escalões superiores da administração real. Comerciantes, ha-

via apenas dois.l2 Naturalmente, esses nomes, citados pelas partes em

meio à polêmica de um processo, não constituem uma amostra represen-

tativa do universo de 4 mil assinantes. Da história da publicação da pri-

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meira edição tudo o que se pode inferir é que o texto da obra foi escritopor um grupo heterogêneo de autores, unidos por um "o-pro-àtimentocomum com a tarefa, que seus luxuosos vorumes in-fotio färaÀ aaquiri-dos por leitores abastados e aristocráticos dispersor p"it¡*ooa e queela foi extremamente lucratiya.

uma das primeiras pessoas a chegar a esta última conclusão foi umousado editor de Lite, charles Josepñ panckoucke, q".ì. .rtuueleceraem Paris em 1762 ap_ós breve aprenâizado com Le Breton. panckouckecultivava a amizade,de firósofos, especiarmente Buffon, voltaire e Rous_seau, além de cortejar protetores tornara oliv¡eiro oficial da Imprimerie Roy Sciences,e já estava prestes a tornar-se a fi francesa,graças a uma série de monopólios ccação de periódicos. Em 16 de dez a a publi-

da pub'cáção dos de'adeiros romos de ilustrações - pancko"äiJäï:sócios, um livreiro de nome Jean Dessaint e um labricant" ãp";;1, chau-chat, compraram de Le Breton e associados os direitos das futuras edi-çõesda Encicropédia e os crichês de cobre das

'ustraçõ", ¿" ouru.r,Enquanto os editores originais completavam a impressão das

'us-trações, o novo consórcio tratava de conseguir por intermédio de seuscontatosedição toDiderot,clopédia,sou a permissão, mas o duque de Cestava em vias de ser excluído dotexto original. Esses contratemposvenderam suas cotas a panckouckcotas para a empreitada da reimpressão, vendendo-as a novos sócios em26 de junho de 1770. A nova ,o.i.d", uía o editor de Voltai¡e, Ga_briel Cramer e Samuelsociété i;;;;ö;t* ,j:::l^'_T"_'sseau, diretor da

partstenses, o not¿irio Lam_blot e o livreiro Brunet epois, em 12 de ab¡il de l77|,panc_consórcio,erros e prea-se dos só

haviam ten_

o edito¡ de Rousseau em Michel Rey,

edita¡ia o s"ppa*irt.ro erudito que

sociedade ¿eiies üvreiro quena

nacionais, ¿i".riuão, å,n inter-

poderosos e¿itoiãs ¿o Iluminismo. s mais

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A história subseqüente da Enciclopédia tem muito em comum coma diplomacia setecentista: intricados conchavos e súbitas inversões de alian-

ças, tudo isso em um clima de guerra. Os primeiros editores haviam de-parado com a ameaça de uma edição pirata da Enciclopédia na Inglater-ra em 1751, e embora houvessem suprimido a contrafação pagando aos

que pretendiam editála uma compensação pela desistência, não conse-guiram impedir que duas edições in-folio fossem produzidas na It¿ília. Aprimeira delas começou a ser lançada em 1758 na república de Lucca, e

a segunda apareceu em Livorno, a partir de 17'70. Conquanto ambas se

enredassem em atrasos e contratempos, conquistaram parte do mercadoda Enciclopédia fora da França, especialmente ao sulidos Alpes. O mer-cado ao norte foi então dominado em grande parte por um monge após-tata italiano chamado, na versão francesa do nome, Fortuné-Barthélemyde Félice. Após estabelecer-se na cidade suíça de Yverdon, próxima a Neu-châtel, Félice anunciou que produziria a tão esperada refonte da Enciclo-pédia - ou seja, uma versão totalmente reescrita em formato in-quarto,que contaria como colaboradores sábios de toda a Europa para corrigirerros, preencher lacunas e, como se veria, substituir as impiedades do ori-ginal por um sensato protestantismo. Com isso, os compradores da Enci-clopédiø depararam com as seguintes alternativas: ficar com o texto de

Diderot, com ou sem o Supplément de Robinet, ou adquirir de Félice aversão expurgada e aperfeiçoada da obra.

Já que milhões de libras estavam na dependência de tais decisões,

os editores não tardaram a engalfinhar-se em uma guerra comercial. Con-tra a dupla aliança de Panckoucke, que abrangia Genebra, Bouillon e Ams-terdã, Félice mobilizou dois de seus aliados: a Société Typographique de

Berne, que o ajudara a estabelecer seu negócio (Yverdon localizava-se emterritório bernês), e um poderoso livreiro de Haia, Pierre Gosse, cujastransações abrangiam todo o Norte europeu. Gosse e a sociedade de Ber-na adquiriram na íntegra a edição de Félice, deixando-lhe a tarefa de edi-tar e imprimir enquanto cuidavam eles próprios da comercialização.l5 Emprospectos, cartas circulares e anúncios em periódicos, proclamaram in-sistentemente as imperfeições da obra de Diderot e a excelência da de Fé-lice. Hoje em dia, tendo a reputação de Diderot eclipsado a memória de

seu rival, fica difícil avaliar a eficácia desse tipo de propaganda. Mas a

Encyclopédie d'Yverdon obteve boa aceitação no século xvIII, e não só

nos rincões pietistas da Alemanha e da Holanda. Voltaire, cujo trabalhoQuestions sur I'Encyclopédieresultou de uma promessa não cumprida de

colaborar no Supplément, afirmou que se desejasse comprar a Enciclo-pédia, daria preferência à de Félice.16 E os patrocinadores de Félice in-centivaram tal atitude por meio de periódicos como a Gqzette de Bernee a Gazette de Leyde, onde podiam manipular as notícias liter¿írias. Em1771, por exemplo, Gosse censurou a srN por publicar uma crítica des-

Page 9: Primeira parte Iluminismo como negócio

favorável ao primeiro vorume de Félice em seu próprio jornar, o JournarHelvétique, e a srN imediatamente mudou de atituåe, p"i"ìñpr., ,-aode que Gosse era seu maior cliente nos países Baixos.lTA facção de panckoucke

cipalmente no Journal des Søclopédique, de Rousseau. Cramerinstruções detalhadas sobre o moparecer levaque deverianem mesmotexto produzido pelos mais ilustresdeu que havia simplesmente elimine que reunira textos compostos por autoridades como Albrecht von Har_ler e Charles Bonnet, que faziam osfora de moda. prosseguiu, então,mentobinet aem 177

ue preencheria o fólio com o mate_no texto principal da Encyclopédie

comode Félnal daparia o mercado de Robinet.

air os assinantes de Félice anuncian_de Robinet. Esse contra_ataque

declarada de suplementos certa_inet do,.que a Félice, já que os

vezes mais numerosos do que os assinante:'i{"'- eram pelo menos seis

koucke acabou cedendo: concordou.rn-ã"rir, anc-

se Félice desistisse da sua in-folio,e ambas as arto

a trocar suas folhas impressas, para poderem plagiar uma à orr." Jåim¿íxima eficiência.

dificuldades mais gravespna rermpressão da obra.Iéia Geral do Clero F¡an_

e os trancariou na Basrlha, onde r.#t"'":tJ:Lï::::ìrïrîî:î.:"#:todos os esforços de panckoucke para r.uuc-lor, usando sua influência

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e subornando. Depois dessa catástrofe, os editores da reimpressão deci-diram transferi-la de Paris para as tipografias de Cramer e de de Tournesem Genebra. Mas estes nem bem haviam começado a compor os tipose já a Venerável Companhia de Pastores de Genebra tentou obrigá-losapaÍat, denunciando-os às autoridades civis. Enquanto Cramer defen-dia a causa perante o Conselho Magnífico da cidade, Panckoucke secreta-mente manobrava para excluí-lo do negócio e transferir a reimpressão paraBouillon e Amsterdã, onde a obra poderia ser remodelada por Robinet,Rousseau e Rey, mais uma vez como uma refonte. Contudo, Rey recusou-se a tomar parte em uma guinada violenta e dispendiosa no projeto, e

Cramer acabou por conquistar os próceres genebrinos, que $e deram contada importância daquele empreendimento para a economia local. Crameraplacou os pastores com uma oferta de abranda¡ o controvertido verbetecENÈvE, de D'Alembert, què os fazia parecer deístas, e deixá-los expur-gar do texto do Supplément tudo o que ofendesse seus princípios calvi-nistas. Esse acordo não resolveu todos os problemas da reimpressão, poisas autoridades francesas continuaram a manter na Bastilha os três pri-meiros volumes, e Panckoucke continuou flertando com outros impres-sores. Tais dificuldades, porém, não resultar¿ìm em mais do que ásperoscomentários na correspondência entre Genebra e Paris. No final, os ge-nebrinos não só mantiveram o lucrativo trabalho da reimpressão, mas tam-bém refizeram os volumes I a 3 e procuraram assumir o controle doSupplément.

Ao projetar a reimpressão do Supplément, em abril de 777l,Panc-koucke oferecera a Cramer e a de Tournes uma participação de 6/24 noempreendimento. Eles ficariam também incumbidos da impressão, mas,antes de aceitar, exigiram que lhes fosse dado o controle das assinaturase das finanças, e ainda que Robinet transferisse para Genebra suas ativi-dades editoriais. Na esperança de manter Robinet em Bouillon e de con-seguir transferir para lá os trabalhos da impressão, Rousseau vetou essaproposta, apoiado por Rey. Em conseqüência, os genebrinos retiraram-se da empreitada do Supplément em novembro de l77I; com isso, duran-te quase um ano, os sócios remanescentes altercaram sobre o modo dedividir os 6/24 dos genebrinos e sobre a localização da impressão. Panc-koucke e Brunnet, por fim, compraram as cotas e concordaram em adian-tar o capital para os trabalhos da impressão. Como compensação, obri-garam Rousseau e Rey a deixálos negociar com as autoridades francesasuma impressão em Paris ou, se isso não fosse possível, deixar a impres-são para Cramer, pois reiteravam que Genebra serviria melhor do queBouillon como base pa.ra seus contrabandos. Eliminado esse pomo de dis-córdia, Panckoucke e Rousseau en¡edaram-se logo em seguida em umadisputa acerca de seus jornais. Panckoucke tencionava reservar o merca-do francês para sua mais recente aquisição, o Journøl Historique et Poli-