PRIMEIRAS PALAVRAS - Convenção Batista...

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PRIMEIRAS PALAVRAS

Chegando ao último trimestre, que-

ro reletir sobre a ênfase adotada pela Convenção Batista Brasileira este

ano, por considerar que tratamos de um tema que é uma exigência im- prescindível, a qual sempre será um requisito à vida de todos os cristãos.

Com o tema “Integralmente sub-

missos a Cristo”. Baseado no versí-culo bíblico de Romanos 6:22 “Liber-

tados do pecado, transformados em

servos de Deus, tendes o vosso fru-

to para Santiicação e por im a vida eterna”. Somos desaiados ser exem-

plo de submissão a Cristo, e isso é algo que precisa ser reletido no comporta-

mento e em nossos relacionamentos, sendo o que evidenciará o caráter do discípulo de Jesus.

Quando uma pessoa se converte, inicia um processo de transformação, onde a consciência transformada pelo novo nascimento, faz com que novos valores passem a prevalecer, o que

se relete também na esfera com-

portamental. Essa é a mais absoluta evidência de que estamos submissos a Cristo: Ser uma nova criatura. Ter no-

vas atitudes.Toda pessoa submissa a Cristo

segue incondicionalmente a vontade do Senhor, que é boa, agradável e per-feita. A transformação se processa de um modo natural e espontâneo. Nesse sentido, o apóstolo Paulo orientou di-zendo: “se alguém está em Cristo,

nova criatura é, as coisas velhas

passaram e tudo se fez novo.” O cris-

tão verdadeiro é transformado, sendo natural que sua postura relita a sub-

missão e obediência ao Senhor, a qual se comprovará através de atos que revelam a presença de Cristo em nós.

Quando me converti ouvi a frase “O que você é fala tão alto, que não consigo ouvir o que você está dizen-

do.” Depois descobri ser de autoria do Pastor Ralph Waldo Emerson, que foi

Integralmente

Submissos a

Cristo

um escritor e ilósofo do século XVIII. Concordando com essa declaração, airmo que precisamos demonstrar, pe-

las atitudes, que obedecemos e somos submissos ao Senhor.

Mesmo sendo pecadores, alcança-

dos pela graça salvadora fomos como o texto diz: “Libertados do pecado”. Em outras palavras, o pecado não pode mais nos controlar e dominar. Pois em Cristo, eu sou “transformado em servo de Deus”. Em decorrência disso, inicia-se em nos o processo de SANTIFICAÇÃO: “Tendes o vosso

fruto para santiicação”. Quando con-

tinuamos sob a inluência do pecado ou tendo o prazer nele, o fruto para san-

tiicação não se verá em nós. Nessas condições, sob o domínio do pecado, o que nós produziríamos reletiria ape-

nas as obras da carne. A Santiicação é uma exigência e requisito indis-

pensável “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a

santiicação” (1Ts 4.7).A obra da santiicação irá nos trans-

formar em servos de Deus como diz o texto: “Transformados em servos

de Deus”. Temos um supremo exem-

plo: Cristo! Ele disse: “… tal como o

Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar

sua vida em resgate por muitos”

(Mateus 20.28). Foi dito dele, também: “… antes, a si mesmo se esvaziou,

assumindo a forma de servo”

(Fp 2.7).Submissão revela nossa disposição

em obedecer “… Mais importa obe-

decer a Deus do que aos homens”.

(At 5.29). “… porque a submissão é um remédio que aplaca grandes

ofensas” (Ec 10.4).

Quando nos submetemos ao Senhor como “ovelhas de seu pasto”, “por

amor de seu nome”, Ele cuidará de nós, dando-nos tudo o que necessita-

mos, conforme o salmista declara con-

iantemente: “O Senhor é meu pastor

e nada me Faltará...” (Sl 23.1).

Este é o grande desaio: “INTEGRAL-

MENTE SUBMISSOS A CRISTO”.É como o homem que não tinha as

duas pernas e ao entregar sua vida a Cristo, perguntou ao pastor: - Deus aceita um homem pela metade? Ao que lhe respondeu o pastor: - “desde que ele se entregue por inteiro, inte-

gralmente.Deus abençoe muito sua vida e dos

que lhes são amados!

Pr. Amilton Ribeiro Vargas

Diretor Executivo da Convenção Batista Fluminense

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PALAVRA DO REDATOR

“Não cesses de falar deste Livro

da Lei; antes, medita nele dia e noite,

para que tenhas cuidado de fazer se-

gundo tudo quanto nele está escrito”

(Js 1.8).

No segundo domingo de dezembro é comemorado o dia da Bíblia. Esta data é uma excelente ocasião para avaliar-mos qual a importância que damos à Palavra de Deus em nossas vidas e qual a inluência que permitimos que ela exerça no nosso dia a dia, em nos-

so comportamento e em nossas de-

cisões.Nunca tivemos tanto acesso à Bíblia

e, ao mesmo tempo, ela nunca foi tão esquecida. Existem Bíblias na internet, nos celulares, em áudio, em diversas versões, como Bíblia do Bebê, da Mu- lher, do Homem, mas apesar de todas essas facilidades, especialmente em um país livre como o nosso, não damos a devida importância a esta poderosa

Palavra, não separamos um tempo tranquilo para ler, meditar, aprender e ouvir Deus falar.

“Nos últimos 50 anos, a Bíblia tem ocupado o primeiro lugar entre os livros mais vendidos e consequentemente o mais lido, conforme divulgado no site Notícias Visual, o qual publicou uma lista dos livros que compõe o ranking dos livros mais lidos, com base nas có-

pias mais vendidas no mundo. Segun-

do o site, a Bíblia já vendeu cerca de 3.900 milhões de cópias, enquanto que o segundo colocado, as citações do Presidente Mao Tse Tung, em O Livro Vermelho, vendeu 850 milhões de có-

pias, mesmo tendo um aumento de 30 milhões de cópias com relação à lista anterior.

No ranking, Harry Potter continua em terceiro lugar, com 400 milhões de exemplares vendidos, embora não seja especiicado se é qualquer um dos sete livros, ou se é a coleção como um

Dia da Bíblia

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todo. Assim acontece com O Senhor dos Anéis, com 103 milhões de cópias vendidas sem especiicar se é um ou a coleção, o livro O Alquimista de Paulo Coelho com 65 milhões, o livro O Códi-go Da Vinci, com 43 milhões que su-

pera o livro de Stephenie Meyer A Saga Crepúsculo, também com 43 milhões nas centenas. O livro E o Vento Levou, de Margaret Mitchell, já vendeu 33 mi- lhões de cópias, enquanto o livro Pense e Enriqueça, de Napoleon Hill, chega a 30 milhões.

A Wycliffe Global Alliance revelou que pelo menos 4,9 bilhão de pessoas têm uma Bíblia disponível em sua lín-

gua nativa. E 595 milhões de pessoas têm o Novo Testamento.

As Escrituras Sagradas já existem em quase 2.800 das 6.877 línguas ainda em uso. Estatísticas revelam que cerca de 209 milhões de pessoas que falam 1.967 idiomas podem ter ne-

cessidade de começar a tradução da Bíblia, para que sejam alcançados pelo

Evangelho da Salvação, a Palavra de Deus” .

O convite é para sermos praticantes e não apenas ouvintes. “Mas o homem

que observa atentamente a lei perfeita

que traz a liberdade, e persevera na

prática dessa lei, não esquecendo o

que ouviu, mas praticando, será feliz

naquilo que izer” (Tg 1.25).O contato diário com a Bíblia como

um todo e a intimidade adquirida ao

longo do tempo com esta Palavra, sem dúvida nenhuma, irá nos orientar em todas as questões da vida. “Lâmpa-

da para os meus pés é tua palavra, e

luz para o meu caminho” (Sl 119.105). Portanto, faça um plano de leitura de toda a Bíblia. Escolha o método que mais se adequa a você e comece o ano lendo a Bíblia!

Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Redator da Revista

Diretor de Educação Religiosa da CBF

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APRESENTAÇÃO

O TEMPO ESTÁ PRÓXIMO

APOCALIPSENeste trimestre, estudaremos o úl-

timo livro do Novo Testamento. Não é o livro mais fácil da Bíblia, o que cer-tamente o torna um desaio especial. Da mesma forma que a geladeira de nossas casas tem diversos tipos de al-imento para nossos corpos, a Escritura tem diversos tipos de livros e autores. Cada um deles quer alimentar uma de-terminada área de nossas vidas. Espi- ritualmente, precisamos de todos. Para um crente que quer crescer na vida cristã, estudar o Apocalipse não é uma opção – é uma necessidade!

Em função disso, ica aqui o meu convite para que caminhemos juntos durante esses 13 estudos. A metodolo-gia adotada foi desenvolver uma parte

maior de exposição bíblica, com foco em questões de interpretação dos tex-tos, auxiliada por uma porção menor de aplicação devocional. Em alguns mo-mentos, espera-se que o próprio leitor aplique o texto à sua vida. Em outros, a própria revista sugere uma aplicação.

Nosso objetivo maior é que o Apocalipse de João nos aproxime cada vez mais de nosso Senhor Jesus, aumente nosso amor por sua obra, e transforme nossa maneira de viver neste mundo, enquanto aguardamos ansiosos o seu retorno glorioso.

Em Cristo,

Pr. Valtair Afonso Miranda

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QUEMESCREVEU

Valtair Afonso Miranda, é Bacharel em Teologia (STBSB), Licenciado em História (UNIVERSO), Mestre em Ciên-

cias da Religião (UMESP), Doutor em Ciências da Religião (UMESP) e Dou-

torando em História (UFRJ). Leciona no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e pastoreia a Igreja Batista de Neves (São Gonçalo). Tem nove livros publicados, três deles sobre a temáti-ca deste trimestre: O Caminho do Cordeiro (Editora Paulus), O que é Es-

catologia (MK Editora) e Revelação, como ler o Apocalipse de João (Edito-

ra Inspire). Casado com a pedagoga Elizete Bittencourt, é pai de Rafael e Caroline.

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 1Texto Bíblico: Apocalipse 1.1-3

O PONTO DE PARTIDA

Motivação

Como um bom mineiro, cresci ou-vindo o conselho de minha mãe para comer o mingau pelas beiradas, pois assim eu não queimaria a boca. Esse conselho, entretanto, extrapola as fronteiras familiares ou geográicas de Minas Gerais, e é conhecido no Brasil inteiro com o signiicado de “ir devagar”. Uma tarefa difícil, como comer um mingau quente, precisa ser feita assim: com paciência, pau-latinamente, sem pressa. O estudo de hoje é o ponto de partida de nossa caminhada pelo livro do Apocalipse. É um caminho difícil, por isso vamos

trilhá-lo aos pouquinhos, para não “queimarmos a boca”.

Exposição BíblicaO Livro do Apocalipse pode ser di-

vidido em três partes:• De 1.4 até 3.20, em torno das

sete cartas;• De 4.1 até 11.20, em torno de um

rolo selado com sete selos;• De 12.1 até 22.7, em torno do

conlito entre os seguidores do Cor-deiro e os seguidores do Dragão.

Uma pequena introdução vem an-tes da primeira seção para apresentar o livro (Ap. 1.1-3), e uma conclusão um pouco mais desenvolvida fecha

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a obra (Ap 22.8-21). Na lição de hoje, vamos nos concentrar no estudo da in-trodução (os três primeiros versículos do livro), que apresentam basicamente dois assuntos:

a) Apresentação do autor e desti-natários (versículos 1 e 2);

b) Bênção para leitura e audição (versículo 3).

De Jesus para João – de João para nós (Ap 1.1-2)

É importante que tenhamos uma ideia geral de quem escreveu uma obra, seu público imediato e seu propósito, para que nossa interpretação tenha certa se-gurança. Ler um livro bíblico ignorando completamente essas questões pode ser o caminho mais rápido para a má compreensão. No caso do Apocalipse, ele trata disso logo nas suas palavras iniciais. Ele faz questão de dizer que o propósito da obra é a revelação de Jesus Cristo.

A expressão “revelação de Jesus Cristo” tem três sentidos. Num primeiro momento, indica o conteúdo da reve-lação: é uma revelação da pessoa de Jesus e sua obra. Essa obra, como o leitor perceberá durante a leitura, é a revelação de como Jesus implemen-tará seu Reino. Durante todo o livro, Jesus é apresentado, sua missão é es-clarecida e seu Reino é descortinado. O termo encontrado na língua original é “apocalipsis”, cujo signiicado é “des-cortinamento”, mostrar o que está ocul-to. Isso signiica que a obra não quer esconder, mas antes, descortinar a pessoa de Jesus. Quem lê o Apocalipse precisa ver Jesus. Ele é o tema princi-

pal da obra. Num segundo momento, a expressão “revelação de Jesus Cristo” signiica propriedade. A revelação é de Jesus, dada por Deus. Ninguém pode-ria dizer-se dono das informações e elementos entregues a João. João poderia até ser o porta-voz, mas o dono era Jesus. E, num terceiro momento, a mesma expressão aponta para a ori-gem da Revelação: ela vem de Jesus Cristo. Ele é seu ponto de partida, de onde vêm as mensagens que deveriam ser encaminhadas para os “servos de Jesus”, ou seja, os membros das Igre-jas que leriam o Apocalipse.

Se Jesus é a origem, o proprietário e o conteúdo da revelação, qual é o pa-pel de João nisso tudo? Ele é o profeta que servirá de canal para a revelação. Os batistas creem que a Bíblia é a Palavra de Deus, revelada a pessoas escolhidas por Ele, e ixada de forma escrita por meio da inspiração do Es-pírito Santo. Esse princípio se aplica a todos os livros da Bíblia, desde livros do Antigo Testamento, como Gênesis e Crônicas, até as obras do Novo Testa-mento, como os Evangelhos e as Car-tas Paulinas.

Mas uma compreensão equilibra-da da revelação e inspiração também leva em conta a pessoa do autor bíbli-co. Ele foi separado e capacitado por Deus, e isso nos impele a perguntar-mos por sua intenção ao escrever certa passagem bíblica. Ele não é uma mera máquina de escrever do Espírito San-to. Suas capacidades, como palavras e perspectivas, foram usadas por Deus no processo de gerar a Bíblia. É por isso que nos aproximamos da Escritura como um livro de duas naturezas. Ela

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é simultaneamente Palavra de Deus e Palavra de homem, ou seja, ela é Pa-lavra de Deus por meio de palavras e pensamentos humanos. Essa é a base da Hermenêutica bíblica. E por isso é possível interpretá-la.

Tudo isso é para apontar o lugar de João no Apocalipse. Ele é aquele que recebeu de Jesus diversas revelações. No seu livro ele narra, em primeira pes-soa, o momento em que as recebeu. Enquanto narra, ele se insere na re- velação, e se torna parte dela. É como um homem que conta uma história em que um dos personagens é ele mesmo.

Além de porta-voz das revelações de Jesus, João também é o autor do livro do Apocalipse, no qual ele apresenta as revelações recebidas. No papel de autor, ele não apenas transmite as re- velações com suas palavras, mas as organiza e atualiza, a im de fazer sentido para as Igrejas que leriam o Apocalipse posteriormente. Isso signii-ca que durante nosso estudo, faremos menção constantemente a João e aos primeiros leitores do Apocalipse, na tentativa de entender o livro como ele esperava que fosse compreendido.

Como os demais autores da Bíblia, João escreveu um livro para ser com-preendido por determinado públi-co. Entendo que a interpretação do Apocalipse deve partir do signiicado que aqueles primeiros leitores encon-traram nas mensagens que João lhes escreveu, e somente então aplicar-mos as palavras às nossas vidas (para ediicação espiritual), ou olharmos para o futuro (como revelação profética es-catológica).

Um livro para ser ouvido (Ap 1.3)

O versículo 3 do primeiro capítulo de Apocalipse contém uma bênção: “Bem-aventurado aquele que lê, e os

que ouvem as palavras desta profecia,

e guardam as coisas que nela estão

escritas; porque o tempo está próxi-

mo.” (ARC) Ela indica como o livro de-veria ser recebido pelas Igrejas: uma pessoa o tomaria e leria para todos os outros membros. Naquela época, a prática mais comum nas igrejas ou nas sinagogas judaicas era de leitura co-munitária. Raramente eles liam indivi- dualmente um livro bíblico. As pessoas nem tinham esses livros em casa. Era em grupo, com a Igreja reunida, que um livro era separado e lido para todos ouvirem. Isso indica que o Apocalipse esperava mais ser ouvido do que lido, o que faz uma bela diferença na hora de compreendê-lo.

É possível entender, então, porque ele apresenta marcas de audição: para favorecer o acompanhamento da leitu-ra pública. As principais marcas apare-cem na forma de sete selos, sete trom-betas e sete taças, mas muitas outras podem ser encontradas por meio de uma audição atenta.

Minha sugestão, então, é que sua audição seja recuperada. Experimente-mos ouvi-lo, como os primeiros crentes o izeram. Há duas maneiras básicas de fazer isso:

• Podemos providenciar uma Bíblia em áudio. Há várias disponíveis atual-mente, tanto para uso em aparelhos de CD ou DVD, quanto para uso em computadores ou players de música (em formato mp3, por exemplo). Elas

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podem ser encontradas em livrarias especializadas na distribuição da Bíblia ou mesmo na internet; ou

• Podemos pedir a uma pessoa querida, como o cônjuge, um amigo ou um ilho, para que leia o livro enquanto o escutamos.

Um alerta, neste caso, é quanto à extensão da leitura. Estamos acostu-mados a ler apenas pequenos trechos da Bíblia, e com relação ao Apocalipse, não é diferente. Mas não é possível imaginar que uma igreja antiga iria re-ceber uma obra tão especial quanto o livro de João, reunir-se para ouvi-lo, e contentar-se com apenas um pequeno capítulo, ou mesmo alguns poucos versículos. Principalmente pelo fato de que naquela época o livro não es-tava dividido em capítulos ou versícu-los. A divisão da Bíblia em capítulos e versículos é muito posterior aos tem-pos do Novo Testamento (séc. XIII para a divisão em capítulos, e séc. XVI para a divisão em versículos). Isso signiica que a bênção de Apocalipse 1.3 faz mais sentido para leituras e audições de grandes porções. Minha sugestão é fazer isso em três partes: uma primei-ra para os capítulos 1-3; uma segunda para 4-11; uma terceira para os capítu-los 12-22.

Relação com a vida

O Apocalipse é Palavra de Deus para os ilhos de Deus dos dias de hoje, tan-to quanto foi para os de ontem, e será para os de amanhã. Devemos nos alimentar dele como alimento espiritual, da mesma forma como fazemos com qualquer outro texto bíblico. Da mesma

forma como há tipos diferentes de a- limentos na dispensa, e cada um de-les é útil para nosso corpo, há diversos livros na Bíblia, e cada um deles é útil para ediicar algum aspecto distinto de nossa vida espiritual. Não permita que as diiculdades próprias do último livro da Bíblia o impeça de se apropriar de suas lições espirituais!

O Apocalipse de João não foi escrito para produzir medo, e sim certeza da vitória em Cristo Jesus. Ele é um li- vro para incitar a esperança, e não o pavor. Há imagens dolorosas no livro, bem como visões muito violentas, mas todas terminam com a mensagem de que o Reino de Cristo será implemen-tado no inal.

Para pensar e agirNo caminho de Emaús (Lc 24.13-35),

dois seguidores de Jesus andaram um bom tempo do seu lado sem recon-hecê-lo. Olhavam para Ele, mas não viam ou percebiam seu Senhor. Tem gente que lê o Apocalipse e não perce-be ou vê Jesus. Olha para Ele, mas não o enxerga. Consegue ver muita coisa, como besta e Dragão, mas não atenta para Jesus. Isso é uma pena, porque o Apocalipse é justamente a “revelação de Jesus Cristo”.

Segunda-Feira: Lucas 11.27-28 Romanos 11.11-14 Tiago 5.7-11

2Timóteo 3.1-17 1Pedro 4.7-19

Judas 1.14-19 1Timóteo 4.1-5

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 2Texto Bíblico: Apocalipse 1.4-20

AS CARTAS DO APOCALIPSE

Motivação

O que distingue um seguidor de Je-sus de alguém que não o tem como Senhor? Há alguma diferença entre um cristão e um não-cristão? Es-sas perguntas fazem todo o sentido hoje, da mesma forma como faziam na época do Apocalipse. Elas visam responder a questão sobre a for-ma como um crente deve se portar no meio de uma sociedade hostil ao senhorio de Cristo.

Exposição Bíblica

O aparecimento do Filho do Homem

A primeira seção do Apocalipse é intitulada de “Seção das Cartas”. São sete cartas escritas para sete Igrejas da província romana da Ásia, parte do que é atualmente a Turquia. É uma seção que começa no capítulo 1.4 e se estende até o inal do capítu-lo 3. As cartas, especiicamente, es-tão nos capítulos 2 e 3, já que antes, João narra para aqueles que ouvem o Apocalipse o seu encontro com Je-sus.

Todo discípulo de Jesus sonha em ver seu Senhor. Isso aconteceu com

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João de uma forma maravilhosa. Ele se encontrava exilado na ilha de Patmos, em função de alguma perseguição so- frida. O apóstolo não dá detalhes so-bre a perseguição, mas esclarece que estava na ilha por causa “da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus” (Ap 1.9). Naquele lugar, isolado e des-olado, João foi arrebatado em Espírito, no dia do Senhor para ver o Filho do Homem.

A expressão “Filho do Homem” foi usada frequentemente por Jesus du-rante seu ministério. Sem mesmo olhar para os demais Evangelhos, estas pas-sagens de Mateus indicam que essa era a sua forma preferida de se autoin-titular: Mateus 8.20; 9.6; 10.23; 11.19; 13.41; 16.13; 16.27; 18.11; 19.28; 24.30; 26.2; 26.64.

Em sua visão inaugural, João descreve seu encontro com o Filho do Homem, o Senhor Jesus, por meio de símbolos que se repetirão nas car-tas para as Igrejas. Cada aspecto da descrição é uma airmação cristológica:

• o cinto de ouro que cinge seu peito simboliza a realeza de Jesus;

• os cabelos brancos apontam para sua sabedoria;

• os olhos como fogo indicam seu conhecimento penetrante;

• os pés como latão reluzente recon-hecem sua irmeza e estabilidade;

• a voz de muitas águas representam autoridade; e

• a espada na boca é a Palavra de Deus.

Diante de uma visão como esta, não restava alternativa senão a pros-tração e a adoração. João se prostra em espírito diante de Jesus, visto em

sua glória, e recebe dEle a missão de encaminhar uma mensagem para sete Igrejas (os sete castiçais) da província da Ásia.

As Sete Cartas

A carta de Éfeso é dominada por temas da história do Éden (árvore da vida e paraíso de Deus). Esmirna é uma carta de vida e morte. A Igreja de Pérgamo é chamada para um confron-to. Tiatira precisa se fortalecer. Sardes é exortada a buscar paciência. Filadél-ia é alertada com as imagens da porta aberta e do pilar do templo. Laodicéia, por sua vez, encerra o ciclo de cartas. Seus membros deveriam entender o que era realmente importante para Deus.

Com exceção de Sardes, todas as cartas apresentam evocações de mo-mentos diferentes da história do povo de Deus no Antigo Testamento: em Éfeso, criação; em Esmirna, Êxodo; em Pérgamo, deserto e conquista da Terra Prometida; em Tiatira, o Templo e em Laodicéia, o exílio.

A leitura das cartas parece indiciar que as Igrejas estavam em dúvida so-bre a forma como se deveria viver o se-guimento de Jesus. Isso as dividia em grupos ou partidos, o que tornava ain-da mais difícil servir a Deus. Pela lei-tura das cartas, e a análise da relação entre elogios e críticas que o Filho do Homem faz para cada Igreja, é pos-sível traçar um quadro geral:

• Igrejas mais divididas internamente: Éfeso, Sardes, Pérgamo e Tiatira. Pare-cem ser o principal foco das atenções do Apocalipse.

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• Uma Igreja não recebe elogios e sequer encorajamento: Laodicéia. Os membros desta igreja estavam seguin-do um tipo de cristianismo que os a- fastava do Caminho.

• Duas Igrejas recebem muitos elo-gios e encorajamentos: Esmirna e Filadélia. Não contém chamada ao

arrependimento ou qualquer tipo de ameaça, ao mesmo tempo em que re-cebem fortes louvores. Ao contrário de Laodicéia, são as igrejas que com mais atenção seguem o Caminho.

O quadro a seguir dá uma ideia geral dos elogios e promessas, das críticas e ameaças:

Em crise com a sociedade

Enquanto essas Igrejas estavam en-frentando crises e divisões internas, ainda precisavam se preocupar com os adversários de fora das comunidades. Estes poderiam ser divididos em dois grupos: de um lado estariam aqueles

ligados ao judaísmo. Seriam os que “se dizem judeus, mas não o são”, ex-pressão que implica que eles deveriam fazer parte de um grupo de judeus da Ásia. Para o Filho do Homem, eles não eram verdadeiros judeus, mas “sinago-ga de Satanás”. (Ap 2.9; 3.9).

Do outro lado, também como ad-

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versário externo, pode-se perceber o contexto social mais amplo, que provo-cou a morte de Antipas (Ap 2.13), pren-derá outros e levará muitos à morte dentro em breve (Ap 2.10). Esse con-texto é personalizado na besta, que persegue e mata quem se recusa a adorá-la (Ap 11.7; 13.7-8). Nos tempos de João, este grande adversário era o Império Romano e sua estrutura social, política e religiosa.

A principal crise com o Estado nos tempos de João residia na questão do Culto Imperial. Para os propósitos imperiais, ele servia como uma ex-pressão de lealdade e gratidão da par-te dos cidadãos. João revela para as Igrejas que o Culto Imperial era sinal de idelidade ao adversário do Filho do Homem, o grande Dragão. Justamente por isso, as Igrejas deveriam esperar perseguição para um futuro próximo.

Curiosamente, dentro das igrejas haviam pessoas, lideradas por iguras chamadas simbolicamente de bala-mitas, nicolaítas e falsos profetas que entendiam que não havia problema nenhum nessas práticas religiosas da sociedade. Para eles, participar do cul-to imperial era apenas uma atividade cívica, sem implicações para a fé em Cristo. Dentre esses líderes, desta-ca-se a igura de Jezabel, a líder da Igreja de Tiatira.

Relação com a vida

As cartas do Apocalipse manifes-tam diferentes perspectivas das Igre-jas daquela época quanto à forma de se relacionar com o contexto social. O que alguns líderes achavam ser sim-

plesmente prática cívica, o Apocalipse descreve profeticamente como prosti-tuição e idolatria. Isso nos indica a for-ma como Jesus deseja que seus ilhos vivam no mundo. Ele nos manda agir na sociedade como “sal da terra” e “luz do mundo”. Não é para fugir do mun-do, mas agir nele sem assumir seus valores, suas práticas, suas ambições.

Há elementos da sociedade que são irreconciliáveis com o seguimento de Jesus, como a corrupção, a ganância e o prazer a qualquer custo. E neste caso, não podemos negociar nossos valores em prol de benefícios sociais, quaisquer que sejam eles.

Para pensar e agir

Jesus andou entre nós durante seu ministério manifestando no corpo can-saço, fome, dor e angústia. Após a res-surreição, entretanto, ele está gloriica-do em todo esplendor no céu. A visão do Filho do Homem deve arder nosso coração em coniança no poder de Je-sus para cumprir cada uma de suas promessas, especialmente a que apa-rece em Apocalipse 1.7: “eis que vem com as nuvens”.

Segunda-Feira: Apocalipse 2.1-7 Apocalipse 2.8-11 Apocalipse 2.12-17

Apocalipse 3.1-6 Apocalipse 2.18-29

Apocalipse 3.7-13 Apocalipse 3.14-22

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 3Texto Bíblico: Apocalipse 4.1-2

ADORAÇÃO A DEUS E AO CORDEIRO

Motivação

Os imperadores romanos eram pessoas muito poderosas. Tão pode- rosas que imaginavam poder receber honras e adoração como se fossem uma divindade. Os seguidores de Jesus, no entanto, não pensavam da mesma forma. Estava muito claro

para eles que somente Deus e seu Filho Jesus Cristo eram dignos de adoração.

Exposição Bíblica

O culto a Deus

No capítulo 4 de Apocalipse, João

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foi transportado para o céu, em espíri-to, através de uma pequena porta. Lá dentro, ele viu algumas coisas. O que ele viu? No centro de tudo, o trono de Deus. Em volta do trono, quatro seres viventes, e em volta desses seres, vinte e quatro anciãos. Em volta dos anciãos, anjos de todos os tipos.

Na fase inicial do culto, a ênfase está na descrição dos personagens e os principais são exatamente a pessoa de Deus e seu Ungido Jesus Cristo. Neste capítulo, Deus é adorado de várias maneiras pelos seres celestiais. Ele é adorado em função, principalmente, de seus atos criadores. Deus criou o mun-do, e isso O torna digno de ser adorado por todos os seres vivos.

O culto ao Cordeiro

Após a narração do capítulo 4, o Apocalipse apresenta uma crise no capítulo 5. Qual é a crise? João é infor-mado de que há um rolo que ninguém pode abrir. Ele começa a chorar, até que alguém bate no seu ombro e diz: “Não chore, João, porque o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu e pode abrir o rolo” (Ap 5.5). Ele ouve falar de um leão, mas quando olha, o que vê é um cordeiro. É Jesus Cris-to, na forma simbólica de um cordeiro ensanguentado, representando a cen-tralidade do seu sacrifício na cruz, no projeto de redenção divino.

Daqui em diante, o Cordeiro, Je-sus Cristo, já com o rolo na mão, vai começar a quebrar os selos do rolo, um por um. À medida que cada selo é removido, uma cena é testemunha-da por João. Ele olha, testemunha a

abertura de cada selo, acompanha os eventos relacionados com cada um e, posteriormente, ao se lembrar da ex-periência em espírito, registrará com suas palavras no livro que agora temos nas mãos.

Na seção que começa no capítulo 4 de Apocalipse, Deus é descrito como um ancião sentado sobre um trono. Além dele, João vê quatro seres vi-ventes, vinte e quatro anciãos e mui-tos seres angelicais. Jesus, que já aparecera antes na forma do Filho do Homem, agora é descrito como um Cordeiro com aparência de ter sido morto, com sete chifres e sete olhos. Essas imagens devem ser menos en-tendidas e mais sentidas. Chifres e o- lhos têm a ver com a presença do pod-er de Deus e do Espírito de Deus. Mas de onde vem a imagem do Cordeiro?

Essa imagem tem analogia com o sacrifício e a morte. Uma passagem signiicativa para estudar o conceito de “cordeiro” está no Antigo Testamento, especiicamente em uma profecia de Jeremias 11.19: “Eu era como manso cordeiro, que é levado ao matadouro; porque eu não sabia que tramavam projetos contra mim, dizendo: Destrua-mos a árvore com seu fruto; a ele corte-mo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome”. Nesse texto, o profeta fala de si mesmo como um cordeiro que é levado mansamente para a morte.

A passagem mais próxima de Je- remias é Isaías 53.7: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”. O

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relato de Isaías 53 sobre o “servo sofre-dor” reaparece no Novo Testamento de diversas formas para falar do ministério de Jesus e sua morte (Lc 22.37; At. 8.32-33; 1Pe 2.22), sendo muito im-portante para responder a questão de como o sofrimento e a morte de Jesus poderiam ser explicados diante da sua natureza messiânica.

É exatamente isso que aparece quando o Apocalipse descreve Jesus como um Cordeiro. Ele é o Messias pelo caminho do sacrifício. Mais ainda, o Cordeiro Jesus:

• É aquele que morreu e ressuscitou (Ap 5.6);

• É adorado pelas iguras celestiais (Ap 5.8,12,13);

• Tem o poder de revelar os eventos celestiais (Ap 6.1);

• Julgará todas as pessoas (Ap 6.16; 7.17), pois possui o Livro da Vida (21.27);

• Lavou as vestes dos salvos com o seu próprio sangue (Ap 7.9,10,14);

• Venceu o Dragão em função do seu sangue (Ap 12.11);

• Vencerá as bestas (Ap 17.14);• Se casará com sua noiva, a Nova

Jerusalém, o povo de Deus (Ap 19.7,9; 21.9);

• Iluminará a Nova Jerusalém (Ap 21.23).A imagem do cordeiro sacriicial,

então, no Apocalipse, faz referência não apenas ao sofrimento e à morte, mas também à vitória, reinado, poder e glória.

É a este Cordeiro exaltado que toda a adoração do capítulo 5 se dirige. Ele é digno de ser adorado porque, se-gundo os vinte e quatro anciãos e os

quatro seres viventes, morreu, e com seu sangue comprou pessoas de to-das as nações, constituindo-as Reino e sacerdotes para Deus (Ap 5.9-10). Os mesmos seres que adoram a Deus no capítulo 4, agora se rendem em adoração ao Cordeiro de Deus.

O rolo selado

Mas, o que seria o rolo selado com os sete selos? Qual seria o seu sig-niicado? O livro selado representa a história da salvação, operada por Deus através do Cordeiro, Jesus Cristo. O que lemos no Apocalipse, do capítulo 6 até o 11 (a extensão do rolo selado), é a forma como o Cordeiro implementa seu Reino, como Ele formou um povo.

Quando Jesus andou entre nós, ele abria a boca e dizia: “É chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17). Pois bem, o Reino realmente chegou, mas ainda não foi consumado, completado, ter-minado. Isso se dará na segunda vol-ta do Cordeiro. Entre a primeira vinda do Cordeiro e a segunda, acontece no mundo um processo de integra- lização do Reino do Cordeiro. E como esse Reino está sendo implementado na história? É exatamente isso que o Apocalipse quer revelar por meio da cena do rolo selado com sete selos. O que acontece nos capítulos 4 a 11 é a revelação do conteúdo do rolo.

Alguns elementos ainda são impor-tantes para compreender o conteúdo do rolo:

1) a abertura do livro selado é uma cena profética, como as antigas cenas proféticas encontradas no Antigo Tes-tamento. Os profetas, eventualmente,

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dramatizavam suas mensagens para que fossem comunicadas e entendidas com muito mais clareza. Foi isso que levou Jeremias a comprar um campo para demonstrar esperança no po- der de Deus (Jr 32.6-15); ou que levou Isaías a se despir por três anos para anunciar o castigo de Deus (Is 20.1-6); ou que levou Ezequiel a icar de-itado por vários meses para declarar a forma como o povo seria castigado (Ez 4.1-8).

O rolo selado não é um registro histórico em linguagem histórica, ou uma reportagem em linguagem jor-nalística. É uma descrição profética do plano de salvação de Deus, que não apenas se move para salvar individual-mente seus ilhos, mas que, no im, re-sultará numa intervenção maravilhosa para dar origem ao Reino do Cordeiro.

2) o rolo está estruturado por meio da abertura de sete selos. Entretanto, antes da abertura do selo de número sete, um parêntese, uma pausa narra-tiva, interrompe a série de imagens. O capítulo 7 de Apocalipse não pertence nem ao sexto selo, nem ao sétimo selo. Ele é um parêntese. Finalmente, o sexto selo é rompido, e quando seu conteúdo é revelado, João vê sete an-jos com sete trombetas. Isso signiica dizer que as sete trombetas são pre-cisamente o conteúdo do sétimo selo. Por isso, temos enfatizado aqui que os selos se estendem até o capítulo 11, quando a sétima trombeta será tocada. Somente após a última trombeta é que se dá o im da revelação do rolo selado.

Relação com a vida

A grande pergunta que os capítulos 4 e 5 de Apocalipse quer responder é: Quem é digno de adoração? Muita gente na época do Apocalipse dizia que o Imperador Romano era digno de adoração. Mas eles estavam erra-dos. Somente Deus é digno de receber toda e qualquer adoração. Nesses dois pequenos capítulos da Bíblia encon-tramos seres e mais seres no céu em adoração a Deus.

Essas passagens bíblicas cer-tamente podem iluminar nossos corações a respeito do mundo celestial e as coisas que ali acontecem. Nele, anjos e humanos se unem num impo-nente culto. É bonito pensar que quan-do morrermos e chegarmos lá, iremos nos juntar a muitos outros naquela bela cantoria.

Para pensar e agir

Tomando o céu como um grande es-paço de culto, devemos aproveitar as oportunidades que temos em vida, nos cultos de nossas igrejas, para praticar-mos aquilo que faremos na eternidade. O povo de Deus é um povo que tem prazer na adoração. Ainal, é a própria Palavra que declara que Deus habita “no meio dos louvores” (Sl 22.3).

Segunda-Feira: Apocalipse 4.2-11 Apocalipse 5.1-14 2 Coríntios 12.1-6

Ezequiel 1.1-28 Isaías 6.1-5

Daniel 10.1-9 Mateus 17.1-8

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 4Texto Bíblico: Apocalipse 6.1-8

OS QUATRO CAVALEIROS

Motivação

Os quatro primeiros selos estão estruturalmente relacionados. São quatro assustadores cavaleiros mon-

tados em cavalos ainda mais assus-tadores. Eles talvez formem a ima-gem mais conhecida do Apocalipse, muito popular em livros e ilmes, prin-cipalmente ilmes de suspense ou

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terror. Nos ilmes, eles aparecem mais para assustar do que para qualquer outra coisa. Mas é claro que os ilmes não formam uma boa fonte de interpre-tação para o Apocalipse. Como enten- der a mensagem que o Apocalipse quer comunicar por meio dos quatro cavaleiros?

Exposição Bíblica

Com isso em mente, pergunta-mo-nos novamente: qual é o signiica-do dos quatro primeiros selos, ou seja, dos quatro cavaleiros? Eles represen-tam sinais escatológicos. Quando Je-sus passou pelo Templo de Jerusalém, seus discípulos icaram admirados com sua imponência (Mt 24.1-3). Ao perce-ber isso, Jesus os avisou que daquele lugar não icaria pedra sobre pedra que não fosse derribada. Os discípu-los relacionaram a profecia da queda do Templo feita por Jesus com a sua volta gloriosa, e logo perguntaram: quando isso acontecerá e que sinais haverão da sua vinda? A resposta de Jesus está registrada nos Evangelhos, por meio daquilo que conhecemos como Sermão Profético (Mt 24-25; Lc 21.7-19; Mc 13). O conteúdo deste Sermão é uma série de sinais que se manifestariam na história da humani-dade para indicar para os seguidores de Jesus o tempo de seu retorno glo-rioso.

No Sermão profético encontramos, então, sinais proféticos. Eles aparecem não só nos Evangelhos. Os judeus co- nheciam o conceito de sinais proféti-cos há muito tempo. Eles podem ser vistos, por exemplo, em Daniel 12 e

em 2Tessalonicences 2. Nem todos os textos falam dos mesmos sinais. Pau-lo não registra todos nem tampouco Daniel. Isso indica que a função dos sinais é servir como parâmetro para a importante questão de quando Deus promoverá a sua última intervenção na história.

Não é difícil perceber, assim, que também o Apocalipse, por meio dos se-los, fala de sinais, mas não os relacio-na sistematicamente, nem em ordem cronológica. Não é essa a função dos sinais proféticos das Escrituras.

Em Mateus 24, quando um sinal apa-rece, Jesus alerta que isso ainda não é o im (Mt 24.6-8). É apenas o princípio das dores. Esta expressão “princípio das dores” é muito importante. Ela esclarece a função e a estrutura dos sinais. Em vários lugares da Bíblia, o inal dos tempos, a intervenção inal de Deus, é explicada por meio da imagem de uma mulher grávida, e das dores de parto. A dor de parto signiica que uma criança está para nascer. Quando uma mulher entra em trabalho de parto, ela sente as dores, que lhe servem de sinal de que o nascimento do bebê está per-to de ocorrer. Esta imagem foi usada para descrever a volta de Jesus: antes do seu retorno, dores de parto se aba- terão sobre a humanidade, para indicar que sua volta está se aproximando.

Os sinais proféticos são como dores de parto em dois sentidos. As dores de parto funcionam como um relógio: quanto mais perto da criança nascer, maiores são as dores; e quanto mais perto da criança nascer, menores são os intervalos entre uma dor e outra. De forma semelhante, cada sinal profético

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é um tipo de dor, que se repete durante o período das dores de parto sobre a humanidade, em intensidade cada vez maior, e em intervalos cada vez meno-res.

Podemos aplicar a imagem das dores de parto a todos os sinais do Sermão Profético. Todos se manifes-tam desde aquela época e existirão até a volta de Jesus, num movimento crescente de intensidade. Podemos i- gualmente aplicar a imagem das dores de parto a Apocalipse 6.1-8, os quatro cavaleiros, os sinais que aparecem nos primeiros selos.

Olhemos para o primeiro selo: um cavalo branco, com uma pessoa armada de arco sobre ele, que re-cebe uma coroa e sai para vencer (Ap 6.1-2). Não é um cavalo de ver-dade, ou mesmo um cavaleiro de ver-dade, com coroa e arco de verdade. São símbolos de uma realidade espir-itual. Alguns comentaristas desse texto acham que o cavalo, por ser branco, representava a pureza, mas a cor bran-ca no mundo antigo não signiicava nec-essariamente pureza. Ela signiicava conquista. A vestimenta branca é sím-bolo de vitória, de conquista. O cavalo branco não é um cavalo puro somente porque é branco. Ele representa algum tipo de conquista. Isso é reforçado pelo arco e lecha que carrega, ou mesmo pelo seu propósito: ele sai para vencer. Como os três seguintes representam coisas evidentemente negativas, eu leio o primeiro cavalo da mesma ma-neira. Ele não representa, então, Jesus Cristo. Ele representa a sede de con-quista que habita as nações e os po-vos. O primeiro selo, o cavalo branco

com seu cavaleiro, fala da ambição da conquista como um sinal profético.

O segundo cavalo é vermelho, mon-tado por um cavaleiro portador de uma espada (Ap 6.3-4). Ele recebeu a missão de tirar a paz da terra, para que as pessoas matassem umas as outras. A passagem do primeiro cavalo para o segundo é quase natural: a conquista leva à espada, à guerra, à violência. Se o primeiro representa a sede de conquista, o segundo cavalo indica a guerra de uma maneira geral. A espa-da simboliza a guerra em diversas cul-turas. Ver alguém com uma espada na mão provoca em nossa mente imagens de violência. A espada tira a paz. É difí-cil ter paz no meio de pessoas armadas com espadas. Não dá para promover a paz com a espada na mão. O segundo cavalo indica que a guerra é um sinal profético. Desde a época de Jesus, ela invade a experiência de homens e mulheres, e continuará a invadir, de uma forma crescente e contínua, até a segunda vinda. A cada geração, as guerras serão maiores, e em intervalos cada vez menores.

O terceiro selo é um cavalo preto, cujo cavaleiro carrega uma balança (Ap 6.5-6). A imagem ainda apresenta uma cena de comércio, com o custo da cevada, do azeite e do vinho cada vez maiores. Eles representam gêne- ros alimentícios. Esse negócio de trigo e cevada é comida para gente simples, gente pobre em contexto de carestia, em contexto de pobreza econômica, de crise inanceira. Uma medida de trigo era o consumo de uma pessoa durante um dia. Na visão do terceiro selo, uma pessoa tinha que trabalhar um tempão

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para conseguir comprar a comida para um único dia. É um tempo de cares-tia, de fome, coisas que acompanham a humanidade com sua sede de con-quista e guerras contínuas. Em tempos de conlito, as coisas são muito caras. Em situação de guerra, falta comida, não porque ela não existe, mas porque a comida não chega ao alcance das pessoas. Quem a tem, não quer com-partilhar com mais ninguém. O terceiro selo, o cavalo preto, representa a fome. Como sinal profético, ele acompanha a humanidade há muito tempo. Mas no intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, ele crescerá continu-amente. Quanto mais perto do retorno de Cristo, maiores serão as carências físicas e sociais das pessoas, e em es-paços de acentuação cada vez meno-res.

O quarto cavalo é chamado de Morte e inferno. Ele tem poder para matar a quarta parte da terra com espada, com fogo, com peste, e com as feras da ter-ra (Ap 6.7-8). É preciso prestar atenção à expressão: “foi lhe dado poder para matar”, que também aparece para falar dos demais cavalos. Isso indica que eles não agem livremente, autonoma-mente. Quem conduz a história da hu-manidade ainda é a pessoa de Deus. Cada cavalo é um desastre sobre a humanidade, mas eles não indicam que Deus perdeu o controle sobre a história. Ele ainda a conduz de for-ma perfeita, na direção da Nova Je-rusalém. O quarto cavalo representa a morte, e forma uma lógica terrível na sequência dos cavalos: uma conquista, que gera guerras, que gera fome, que gera morte.

Relação com a vida

Os quatro cavaleiros do Apocalipse, como os demais sinais proféticos, fazem parte da história da humanidade entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. O povo de Deus olha para a história, e vê, a cada dia, situações de dor e desconforto. Mas sabe que como as dores de parto de uma mulher grávi-da, os sinais apontam para a chegada do nosso Senhor nos ares.

Os dias serão cada vez mais difí-ceis até a data da volta de Jesus. Mas ainda não é o im. Ainda há coisa para acontecer. Esta é a função dos sinais proféticos: mostrar aos crentes que está cada dia mais perto, mas ainda tem muita coisa para acontecer. Então, não adianta usar os sinais como ele-mentos numa espécie de agenda para marcar a volta de Jesus.

Para pensar e agir

Não há esperança para a humani-dade sem a intervenção inal de Deus. O povo de Deus terá uma vida difícil na terra, num processo que só cresce e se acentua. Como agir? Com vigilância e perseverança.

Segunda-Feira: Marcos 13.1-13 Mateus 24.1-14 Lucas 21.5-19

2Tessalonicenses 2.1-6 Jeremias 30.4-9

Mateus 25.1-14 Mateus 24.32-44

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 5Texto Bíblico: Apocalipse 6.9-11

O JUÍZO DIVINO

Motivação

Muita gente acreditou no enge- nheiro aposentado Harold Camping, que começou a pregar que o mundo acabaria no dia 21 de maio de 2011, quando inalmente Jesus retornaria. Ele arrecadou dinheiro pregando sua profecia que correu vários países, in-

clusive o Brasil. O dia chegou, pas-sou, Jesus não voltou e o mundo não acabou. Mas ele não foi o único a agendar a data da volta de Jesus. Muitos outros já o izeram durante a história. Curiosamente, apesar dos contínuos equívocos, iguras assim teimam em aparecer, mesmo que o próprio Jesus tenha dito que não

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compete aos homens conhecer os tempos ou as épocas do seu retorno (At 1.7).

Exposição bíblica

Aspectos literários

Os quatro cavaleiros que aparecem quando os primeiros selos são quebra-dos representam uma consistente série de elementos presentes na história humana. O primeiro cavaleiro evoca traços de um general romano e um rei Parta. Desta forma, o Apocalipse criti-ca os símbolos da conquista romana, mostrando uma série de desastres: guerra, fome e morte. A sequência lógi-ca se repete continuamente em uma acentuação de geração em geração: conquista, guerra, fome e morte.

Logo em seguida, abrem-se os selos cinco e seis. O selo cinco descreve um grupo de crentes mortos debaixo do altar. Eles clamam por justiça, e lhes é aiançado que a vitória já está ga-rantida. Eles só precisam esperar que se complete o número de seus irmãos que “haviam de ser mortos como igual-mente eles foram” (Ap 6.11). A espera inalmente termina quando o selo seis é quebrado e a justiça de Deus se ma- nifesta.

O quinto Selo

O termo martyria aparece nove ve- zes no Apocalipse de João, geralmente com o vínculo peculiar entre sofrimen-to e testemunho. Uma das passagens mais importantes para ilustrar esse aspecto do testemunho no Apocalipse

está na abertura do quinto selo e a consequente cena dos irmãos marti-rizados debaixo do altar (Ap 6.9-11). Ali, reunidos, estão homens e mu- lheres que morreram por causa do testemunho (martyria). Estão seguros onde se encontram, mas ainda quer-em saber algo de Deus: quando é que o seu sangue será vingado por Ele. É preciso compreender que a expressão vingança, nesta passagem, é equiva-lente à justiça. O que eles buscam en-tender é quando a justiça de Deus será implementada sobre aqueles que lhes maltrataram e perseguiram.

Como resposta, ouvem uma espé-cie de enigma escatológico (Ap 6.11). Segundo a cena do selo cinco, Deus vai trazer justiça sobre todos os que mataram seus seguidores, mas antes, é preciso que se complete um determi-nado número de irmãos que deverão passar pela perseguição. É uma res-posta pouco comum para a pergunta frequentemente levantada em círculos judaicos e cristãos sobre quando o juízo divino viria sobre a terra. A cena inteira é simbólica e quer comunicar uma mensagem profética. Nela, um número especíico de pessoas pre-cisam morrer da mesma forma como aqueles que já estão debaixo do altar. E como eles morreram? Por meio de uma morte violenta, como a dos dis-cípulos queimados por Nero em Roma, no ano 67 do século I, ou degolados na invasão de Jerusalém pelos soldados do general romano Tito, na guerra Ju-daico-romana (66-70).

Mas como é uma cena simbólica, precisamos nos perguntar pelo seu sig-niicado. Neste sentido, dois elementos

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podem nos ajudar. Primeiro, é uma cena que descreve um grupo de pes-soas que morreram por causa da pre-gação do Evangelho e pela idelidade a Jesus. Mortes assim acontecem desde Estêvão, o primeiro mártir (At 7.54-60). Até o ano 313, quando o Edito de Milão pôs im às perseguições religiosas no Império Romano, milhares e milhares de cristãos morreram martirizados. Eles morreram degolados, queimados, estraçalhados por feras, cruciicados, afogados, picados, serrados, etc. Mas uma simples leitura dos jornais de hoje pode revelar que os seguidores de Jesus continuam sendo vítimas de violência em vários lugares do mundo. O testemunho dos crentes e, eventual-mente suas mortes por amor a Jesus, é um dos sinais proféticos que conti- nuarão pela história de forma cada vez mais intensa, e em intervalos cada vez menores, até a última e derradeira Grande Tribulação.

Um segundo elemento que nos aju-da na compreensão do quinto selo aparece na resposta que os cristãos martirizados ouvem debaixo do altar. A expressão “até que se complete o número de seus irmãos” funciona como um relógio para o tempo da in-tervenção inal de Deus. Não precisa-mos, entretanto, fazer a leitura literalis-ta e imaginar que existe uma cota de pessoas para morrer. Deus quer atingir todas as pessoas (2Pe 3.9), e quando isso acontecer, virá o im (Mt 24.14).

São duas mensagens principais: uma indica que o relógio escatológico tem relação com as pessoas que Deus deseja alcançar antes da instauração da volta de Jesus. Outra aponta para a

realidade da perseguição contínua até a Grande Tribulação. Numa e noutra situação, quando esses aspectos se realizarem, o quinto selo se completa para a subsequente abertura do selo de número seis.

O sexto Selo

O quinto selo funciona então como um relógio. Ao ser concluído, começa o selo sexto. Este selo é descrito com imagens que indicam que o im já começou (Ap 6.12-17). Quando ele é quebrado pelo Cordeiro, o resultado é:

1) sobreveio grande terremoto, 2) o sol se tornou negro como saco

de crina, 3) a lua toda, como sangue, 4) as estrelas do céu caíram pela

terra, 5) e o céu recolheu-se como um per-

gaminho quando se enrola. 6) Então, todos os montes e ilhas

foram movidos do seu lugar.7) Pessoas de todos os status soci-

ais clamaram pela morte, “porque che-gou o grande Dia da ira do Cordeiro; e quem é que pode suster?”

As imagens do sexto selo evocam passagens do Antigo Testamento, como Joel 2.30-31, Isaías 13.9-13, Oséias 10.8 e Isaías 34.4.

Devemos notar que o alvo do sex-to selo é a natureza (terra, sol, luz, estrelas, irmamento, montanhas e ilhas) e a humanidade impenitente. A natureza não tem culpa pelos cataclis-mos; eles são consequência de atos humanos. Se olharmos para Gênesis 3, perceberemos que o pecado huma-no atingiu todas as coisas criadas por

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Deus (Gn 3.17). Os desastres naturais da atualidade, como maremotos, ter-remotos, tsunamis, enchentes, desli-zamentos, etc., são provocados pelos seres humanos que queimam as ma-tas, destroem os rios, aquecem o pla-neta, desestabilizam a natureza. Não é a toa que Paulo argumenta que a criação geme aguardando a manifes-tação gloriosa de Cristo. O que vemos neste selo, então, é a manifestação cósmica da intervenção de Deus para a volta de Jesus.

Em algum momento durante o quinto selo (a Grande Tribulação), os segui-dores de Jesus deixaram a terra. Isso se dá pela morte ou pelo arrebatamen-to descrito por Paulo (1Ts 4.13). Por isso, quando o sexto selo começa, não há mais crentes na terra. Esses desas-tres cósmicos, bem como todas as pra-gas das sete trombetas, atingirão ape-nas uma parte da humanidade que não se arrependeu antes da intervenção inal, e também não se arrependerá durante a mesma intervenção divina. É marca dos que sofrem neste tempo a falta de arrependimento. Eles são os responsáveis pelo derramamento do sangue dos mártires do quinto selo.

O sexto selo expressa, assim, os es-tertores do universo, anunciando o im dos tempos. É o início da intervenção inal de Deus para julgamento inal de todas as coisas. É a resposta da oração dos santos debaixo do altar.

Relação com a vida

A Bíblia é a Palavra de Deus para falar e alimentar espiritualmente todos os crentes de todos os tempos. Mesmo

passagens tão relacionadas com o fu-turo da história da humanidade, como as estudadas nesta lição, precisam falar para a Igreja de hoje, e não ape-nas para a Igreja do futuro.

Algumas lições podem ser extraídas dessas passagens escatológicas para os leitores de hoje. Primeiro, devemos viver nossas vidas com a perspectiva de que um dia a justiça de Deus se manifestará sobre todos e sobre tudo. Segundo, a Bíblia não endeusa a na-tureza por ela mesma. Se cuidamos da natureza, o fazemos por mordomia, não porque ela é alguma coisa em si mesma. Ainal, um dia ela irá passar. Terceiro, a história um dia terá im. O mundo não continuará para sempre. O universo não é eterno. Eterno, somente Deus. Quarto, essa realidade precisa ser purgada do pecado que entrou na história no Éden e contaminou todo o universo.

Para pensar e agir

Quem deve ter medo do Dia da Ira do Cordeiro? Os crentes em Jesus Cristo não podem ter medo do inal dos tempos, do juízo inal ou da Grande Tri- bulação. Quem tem que temer essas coisas é o incrédulo!

Segunda-Feira: Apocalipse 6.12-17 2Pedro 3.1-13 2Pedro 3.14-18

Isaías 13.9-13 Isaías 34.1-17

Hebreus 10.19-25 Atos 2.16-21

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 6Texto Bíblico: Apocalipse 7.1-8

O POVO DE DEUS NA TERRA E NO CÉU

Motivação

Uma das cenas mais conhecidas do cinema, na década de 80, se deu na trilogia Guerra nas Estrelas, episódio V (O Império Contra-ataca). Durante um confronto feroz, o mo-cinho, Luke Skywalker, ouve do vilão

Darth Vader: “Luke, eu sou seu pai”. A relação pai e ilho sempre deu bons enredos para a literatura e o cinema. Num mundo em que as relações nem sempre são como deveriam ser, mui-tas pessoas sentem a falta de um pai. Alguns nem sabem quem são seus pais. Outros não o conheceram.

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Nesse contexto, a revelação bíblica de que podemos ter um relacionamento com Deus, como seus ilhos, é tão im-portante.

A identidade dos ilhos de Deus é o assunto a ser estudado nesta lição.

Exposição Bíblica

O Apocalipse fala de dragões e mu- lheres gigantes, de bestas e águias, de anjos e livros comestíveis. Fala essencialmente de Jesus, é verdade, mas se concentra no Jesus Gloriicado, descrito como o Filho do Homem ou o Cordeiro que morreu e ressuscitou. Para falar de coisas dessa natureza, a linguagem do cotidiano tem suas li- mitações. Como descrever a glorii-cação de Jesus de Nazaré? Como descrever o trono em que se assenta o Deus Todo-Poderoso? Como descre- ver seres sobrenaturais que povoam os céus? Não temos nenhum objeto ou instituição humana em nossa realidade para descrever algo que extrapola o que é natural.

Como falar dessas coisas? Precisa-mos recorrer aos símbolos e imagens que, através de analogia, tentam expli-car o que diicilmente pode ser explica-do. João faz isso. O resultado é uma obra repleta de símbolos e narrativas simbólicas que precisam, em vários momentos, da ajuda do próprio autor para serem interpretados.

Diante desse tipo de linguagem, não é sensato entender os símbolos do Apocalipse de forma objetiva. Isso acontece quando um leitor quer ver os símbolos usados para descrever a ex-periência de João em coisas ou objetos

reais. O Cordeiro que João vê não é um cordeiro de verdade; é o mesmo Jesus que as igrejas aprenderam a adorar. A noiva do Cordeiro não é uma pessoa; é uma cidade. Mais do que isso! É o povo de Deus que se encontrará com seu Senhor no inal dos tempos. Se alguém quiser ver uma noiva de ver-dade se casando com um cordeiro de verdade, não apenas se aproximará do divã de um psiquiatra, mas se afastará da mensagem que o profeta João que-ria deixar no Apocalipse.

Com essa perspectiva, vamos nos aproximar do capítulo 7 do Apocalipse, para analisarmos quem são os ilhos de Deus.

Os ilhos de Deus na terra

Este capítulo do Apocalipse não está numa posição cronológica, dentro da sequência dos atos escatológicos. Ele não segue, em termos narrativos, o sexto selo, porque sua função nesta posição das visões é fazer uma pau-sa entre o sexto e o sétimo selo. Ele não faz parte nem de um nem do ou- tro. Se olharmos para o restante do Apocalipse, voltaremos a encontrar a igura dos cento e quarenta e quatro mil selados por Deus no início do capítulo 14 de Apocalipse. Lá, inclusive, eles são até mais bem caracterizados do que neste capítulo.

O Apocalipse usou a estratégia de pausas ou parênteses narrativos, como este, duas vezes. A segunda ocorrên-cia se dará entre a sexta e a sétima trombeta.

Nesta primeira pausa narrativa o que encontramos é a descrição dos ilhos

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de Deus, o povo do Senhor, o que acontece de duas maneiras. Na primei-ra parte do texto, na forma de cento e quarenta e quatro mil homens, os ilhos protegidos na terra.

Há um esforço maior em caracterizar do que em descrever ações ou even-tos. Veja como o texto gasta espaço para caracterizar os cento e quarenta e quatro mil, com quase nenhuma ação narrativa em torno deles.

Na parte inicial do capítulo 7, João descreve um anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo de Deus. Ele ordena que nenhum dano seja tra-zido sobre a terra até que os servos de Deus sejam selados (Ap 7.2,3). Eles são doze mil de cada uma das doze tribos de Israel. A natureza simbólica deste grupo pode ser notada principal-mente pelo fato de que a lista de tribos apresentada por João não é equiva-lente a qualquer outra conhecida do Antigo Testamento ou de tradições ju-daicas.

Os cento e quarenta e quatro mil es-tão descritos como convocados para uma batalha. Eles foram chamados a se envolver em um confronto ao lado de Deus. Após o censo, foram sela-dos, o que indica, simbolicamente, a pertença dos convocados. Eles são propriedade de Deus. Mas o capítu-lo 5 havia esclarecido para nós que esses que foram comprados, o foram de todos os cantos: “entoavam novo

cântico, dizendo: Digno és de tomar

o livro e de abrir-lhe os selos, porque

foste morto e com o teu sangue com-

praste para Deus os que procedem de

toda tribo, língua, povo e nação e para

o nosso Deus os constituíste reino e

sacerdotes; e reinarão sobre a terra” (Ap 5.9-10).

Os que aparecem selados no capítu-lo 7, então, representam todos os cren-tes que caminham pela face da terra. São os ilhos de Deus que vivem e testemunham enquanto aguardam a in-tervenção de Deus. A visão dos cento e quarenta e quatro mil indica a experiên-cia que Paulo chamou de “selados com o Espírito Santo da Promessa” (Ef 1.13).

O número cento e quarenta e qua-tro mil fornece um signiicativo ele-mento simbólico. Ele é o resultado de 12x12x1000, como se estivesse nos convidando a olhar para os ilhos de Deus do Antigo Testamento (os 12 ilhos de Jacó) e para os ilhos de Deus do Novo Testamento (os 12 apóstolos), e concluir que agora Deus não tem mais dois povos. Jesus reuniu os dois em um único povo. É este povo que João descreve na visão dos cento e quarenta e quatro mil.

A multidão no céu

A seguir, João descreve uma grande multidão em pé diante do trono e do próprio Cordeiro, formada por pessoas de todas as tribos, povos e línguas, todos salvos por Jesus (Ap 7.9-17). A visão dos cento e quarenta e qua-tro mil e a multidão inumerável for-mam um paralelo com a descrição de Cristo como o Leão e como Cordeiro (Ap 5.5-6). Antes, João ouviu que o Leão da tribo de Judá havia vencido, mas quando olhou, viu o Cordeiro en-sanguentado. Em Apocalipse 7, ele ouve o número dos selados na terra,

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mas logo vê uma multidão inumerável no céu. A relação entre as duas ima-gens é a mesma do Leão e do Cor- deiro. Se a primeira imagem remonta à antiga tradição judaica de precisar da força bélica de seus exércitos, a segun-da aponta para um conjunto de vitorio-sos de todas as nações.

Os cento e quarenta e quatro mil, número que pede uma leitura simbóli-ca, representando os ilhos de Deus que ainda lutam na terra, formam um grande grupo, mas ainda limitado. Nunca chegarão a ser a maioria da hu-manidade. Quando se olha para o céu, entretanto, o povo de Deus não pode mais ser contado. Seu número não pode ser calculado. Ele abraça agora todos os crentes que creram e já foram recolhidos para o espaço do trono de Deus. Dito de outra forma, os cento e quarenta e quatro mil seriam um equi- valente simbólico das igrejas na terra, enquanto a grande multidão seria um equivalente da Igreja universal no céu.

Relação com a vida

Numa certa oportunidade, Elias se entristeceu por achar que era o único de sua terra que ainda servia a Deus (1Reis 19.1-18). Ele se abateu tanto que fugiu para o deserto. A sensação de que estava sozinho, abalou-o pro-fundamente. Foi quando Deus re- velou para ele que sete mil ainda não haviam dobrado os joelhos diante de Baal. Ainda tinha muito crente em Isra-el, mesmo que os olhos de Elias não pudessem ver. Esta mesma impressão, eventualmente, toma conta de nossos corações. Quanto mais lutamos, mais

adversários aparecem. A iniquidade, a maldade e a corrupção se multiplicam tanto que parece não representarmos nada neste contexto tão adverso.

Nossas igrejas pregam continua-mente a Palavra, mas se consegui- mos tirar um das mãos dos traicantes, dez outros aparecem no dia seguinte. É neste momento que a revelação dos cento e quarenta e quatro mil pode ca-lar bem fundo em nossos corações. Não estamos sozinhos! Mesmo que nossos olhos não vejam, temos muitos irmãos que lutam a mesma luta, em to-dos os cantos deste mundo. Deus tem ilhos onde sequer imaginamos que ele possa ter. Não estamos sozinhos nesta luta. E, quando ela terminar na terra, nos encontraremos com uma multidão de irmãos nossos lá no céu.

Para pensar e agir

O início do Evangelho de João apre-sentou a mensagem de que todos os que creem em Jesus foram feitos i- lhos de Deus (Jo 1.12). Esta é uma das mais impactantes mensagens do Evangelho. Após a conversão, ingres-samos numa nova família. Recebemos um Pai no céu e ganhamos milhares de irmãos na terra.

Segunda-Feira: Apocalipse 7.9-17 Gênesis 49.1-33 Ezequiel 48.1-12

Lucas 16.19-31 1Reis 19.1-18

Gênesis 12.1-3 Atos 2.37-47

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 7Texto Bíblico: Apocalipse 8.1-6

O SÉTIMO SELO

Motivação

O mundo não é como ele deveria ser. Deus não o criou assim. Justa-mente por isso, uma das mais caras expectativas judaicas e cristãs tem relação com o im desta realidade, como nós a conhecemos. Um dia tudo isso vai passar, para dar origem ao mundo como ele deveria ser: sem

pecado, sem maldade, sem violên-cia. As descrições bíblicas desta in-tervenção inal de Deus na história aparecem na Bíblia em vários lu- gares. Nesta lição, estudaremos uma das mais impressionantes descrições de como se dará o im da história e deste mundo.

Exposição Bíblica

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O Sétimo Selo

Estudamos em momentos anteriores o signiicado dos selos. Eles represen-tam a forma como o Reino do Filho do Homem, Jesus Cristo, será implemen-tado, consumado na história. Os qua-tro primeiros selos simbolizam sinais proféticos que, lidos sob a clave das dores de parto, se darão sobre a hu-manidade em manifestações cada vez mais intensas e em intervalos cada vez menores, até culminarem na derradeira e deinitiva Grande Tribulação (o quin-to selo). Após esta última tribulação, a humanidade não tem mais a presença de ilhos de Deus na terra. Apenas uma humanidade impenitente e rebelde aos projetos de Deus caminha no mundo. É sobre estas pessoas que descem o sexto e o sétimo selo.

O sexto selo indica o início do im do mundo e o sétimo é um desdobramen-to do sexto, ampliando-o na forma de sete trombetas. O que temos no séti-mo selo, então, é a descrição simbólica da intervenção escatológica de Deus. Outro autor poderia descrever isso de forma rápida, como fez o apóstolo Pau-lo em 1Tessalonicenses 4.13-18. João, entretanto, não escreve tão breve as-sim. Ele amplia e alonga sua descrição do inal. É um im expandido, que começa no sexto selo e se arrasta pelo sétimo (as sete trombetas).

As Setes Trombetas

Quando o Cordeiro quebrou o último selo, o que João viu dentro dele foi ou- tra outra série. Desta vez, sete anjos,

cada um com uma trombeta na mão. Cada trombeta é um tipo de lagelo. São lagelos limitados, já que nenhum quer destruir toda a terra.

As trombetas evocam as pragas do Egito, e com isso simbolizam que Deus está castigando os opressores do seu povo. Uma leitura atenta das sete trom-betas encontra um estreito paralelo entre elas e as sete taças que virão a ser despejadas sobre a terra a partir do capítulo 16. A estrutura das trombetas e das taças é a mesma, indicando que ambas descrevem os mesmos even-tos, dentro da narrativa do im dos tem-pos. A história que o Apocalipse conta aqui com as trombetas será contada novamente através das sete taças dos sete anjos.

E que história profética é essa? Que a humanidade impenitente que perse-guiu e matou o povo de Deus sofrerá, ainda dentro da história, uma série de castigos e pragas divinas. É importante frisar que os seguidores do Cordeiro não sofrerão as dores das sete trom-betas.

O Profeta e o Livro

Já vimos que após o sexto selo e an-tes do sétimo, o Apocalipse apresentou uma pausa na narrativa, uma espécie de interlúdio ou parênteses. O mesmo fenômeno literário acontece entre a sexta e a sétima trombeta. Isso signii-ca que as cenas que aparecem antes da última trombeta não estão numa ordem narrativa ou cronológica. São duas cenas, basicamente. A primeira descreve a entrega de um livro que João deveria comer.

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Essa primeira cena descreve, em ter-mos simbólicos e proféticos, a vocação de João. Alguns comentaristas acredi-tam que é outra forma de descrever a mesma vocação que ele já narrara no capítulo 1, quando recebeu a incum-bência de escrever às sete igrejas. Aqui, entretanto, a vocação tem um alcance mais amplo. João é chamado a falar para “povos, nações, línguas e reis” (Ap 10.11) É uma cena inspirada na vocação de antigos profetas de Is-rael que também precisaram comer um livro recebido de um ser celestial. Ainda no contexto da sua vocação, João pre-cisa medir simbolicamente o santuário, no que talvez seja uma referência à destruição do Templo pelos romanos, na guerra judaico-romana de 66-70.

A segunda cena do interlúdio descreve a morte das duas testemu-nhas. Esta é uma das passagens mais enigmáticas do Apocalipse. Muitos ex-positores do livro entendem que ela é uma referência literal a eventos que se darão no inal dos tempos. Com isso, eles a inserem na estrutura cronológica da narrativa. Como já argumentei ante-riormente, as pausas podem não fazer parte da sequência natural dos even-tos que João apresenta no seu livro. Seguindo essa linha de raciocínio, as duas testemunhas podem não ser i- guras que se manifestarão entre a sex-ta e a sétima trombeta. Faz mais sen-tido entendê-las como uma descrição proléptica (antecipada) do povo de Deus durante a perseguição das bes-tas, cena que se desenrolará no capítu-lo 13 do Apocalipse.

A cena das duas testemunhas, por-tanto, parece ser uma antecipação de

eventos (prolepse) que João ainda iria narrar dentro do seu livro. A besta que surge na cena é claramente a besta do capítulo 13, que aqui aparece sem rodeios ou apresentações. Ela surge subitamente na narrativa. Talvez, en-quanto ouviam o texto pela primeira vez, seus ouvintes se perguntariam nessa hora: “Que besta é essa? De onde ela veio? Por que ela persegue as testemunhas de Deus?”. João expli-cará isso com propriedade a partir do capítulo 13 do Apocalipse.

Lidas desta forma, elas representam os santos perseguidos e martirizados pelas bestas. Da mesma forma que as duas testemunhas foram levadas por Deus para o céu, os crentes que morrerem também irão. A morte, então, não representa suas derrotas.

A consumação do Reino de Cristo

Finalmente, chega a sétima trombe-ta. Com ela se encerra também a re- velação do livro selado. E o que João viu no inal da revelação? Apesar de todas as diiculdades e perseguições, não há qualquer possibilidade de Cris-to ser derrotado. Seu Reino será esta-belecido e consumado sobre a história humana.

A seção começou com adoração e terminará do mesmo jeito. Grandes vozes no céu cantam a vitória de Deus e seu Ungido. Os vinte e quatro an-ciãos a verbalizaram assim:

Graças te damos, Senhor Deus,

Todo-Poderoso, que és e que eras,

porque assumiste o teu grande po-

der e passaste a reinar. Na verdade,

as nações se enfureceram; chegou,

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porém, a tua ira, e o tempo determi-

nado para serem julgados os mortos,

para se dar o galardão aos teus servos,

os profetas, aos santos e aos que te-

mem o teu nome, tanto aos pequenos

como aos grandes, e para destruíres

os que destroem a terra (Ap 11.17-18). Chegou a hora do juízo inal. A Bíblia

está repleta de cenas dele. João, en-tretanto, não se detém a descrevê-lo. Sua preocupação com a adoração é tão grande que ele termina a história da intervenção inal de Deus com o canto de vitória. A forma como ela se concretizará não aparece aqui. Mas não precisa. O principal foi declarado: chegou o tempo de galardoar os que temem o nome de Deus!

Relação com a vida

Vários povos da antiguidade ente-diam que o mundo não teria im, e que a história continuaria de forma ininter-rupta. Os judeus, e posteriormente os cristãos, entretanto, compreenderam que esta realidade não iria durar para sempre. Um dia o mundo iria acabar. Como isso iria acontecer e em que momento eram perguntas respondidas de diversas maneiras, mas a espe- rança comum residia na expectativa da chamada inversão escatológica, quan-do todo o mal, dor e opressão seriam descontinuados para dar origem a uma nova realidade.

Essa esperança precisa gerar nos ilhos de Deus algumas posturas. Uma primeira tem relação com o apego ou desapego aos bens materiais. Alguns crentes são muito apegados a coisas. A casa, o carro e outros objetos recebem

mais atenção do que os próprios mem-bros da família. A Bíblia nos alerta que este não é o nosso destino. Estamos aqui de passagem. Somos peregrinos em terra estranha. Nosso lar está em outro lugar. Precisamos andar por aqui sem apegos exagerados por bens e re-cursos materiais, pois eles, como tudo que existe neste mundo, são estrita-mente transitórios.

Uma segunda postura reside na cer-teza da vitória de Jesus Cristo, o Filho do Homem, o Cordeiro de Deus. Quan-do andou entre nós, foi maltratado e morto numa cruz. Mas sua morte, na verdade, foi apenas o caminho para a vitória, que começou na sua primeira vinda e se concretizará no seu retorno glorioso.

Para pensar e agir

Você anseia pela volta de Jesus? Certamente os incrédulos não tem qualquer interesse em sua volta. Se-quer creem que isso vai acontecer. Mas mesmo entre alguns crentes, há um certo apego a coisas materiais que suprimiu esse anseio. Vamos olhar, então, para nossos mais íntimos senti-mentos e promover um desejo sincero de ver a volta de Jesus. Maranata! Que venha nosso Senhor Jesus!

Segunda-Feira: Apocalipse 8.7-13 Apocalipse 9.1-12 Apocalipse 9.13-21

Apocalipse 11.1-2 Apocalipse 10.1-11

Apocalipse 11.3-14 Apocalipse 11.15-19

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 8Texto Bíblico: Apocalipse 12.1-5

O INÍCIO DE UM CONFLITO

Motivação

Diante de cada diiculdade, é muito comum que as pessoas se pergun-tem sobre o porquê de tal fato ter acontecido. Diante de um crime, uma morte ou uma fatalidade, as vozes se levantam para Deus: por que essas coisas acontecem? Nos tempos do

Apocalipse, não era diferente. Anti- pas, da cidade de Pérgamo, servo iel de Deus, havia morrido por causa de sua fé (Ap 2.13). Outras injustiças es-tavam para desabar sobre as igrejas. O capítulo 12 de Apocalipse conta para seus leitores as razões para es-sas coisas acontecerem.

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Exposição Bíblica

O início de uma nova seção

Os estudiosos do Apocalipse, em linhas gerais, concordam que há uma espécie de ruptura neste livro do capítu-lo 12 em diante. Enquanto os selos e as trombetas são reveladas em uma sucessão quase ininterrupta, o capítulo 12 quebra a progressão, que só vai ser retomada no capítulo 15, com as sete taças nas mãos dos sete anjos.

O inal do capítulo 11, a sétima trombeta, descreve a consumação do Reino de Cristo. Curiosamente, após o im vem um novo início. E, dessa vez, parece ser o início das dores messiâni-cas e da perseguição aos crentes iéis.

Uma série de elementos é iniciada, quando se esperava que o livro es-tivesse para terminar. Isso tem levado alguns autores a não apenas apontar esses capítulos como centrais, mas in-dicar que o capítulo 12 é a chave para a compreensão do Apocalipse inteiro. Nele, o livro começa a revelar uma história que seguirá de forma linear até o inal. É uma história profética que responde sobre as causas de um grande conlito enfrentado pelos segui-dores de Jesus.

Se na primeira seção encontramos as sete cartas, e na segunda a revelação do rolo selado, nesta terceira seção encontramos o desenrolar do conlito escatológico entre os seguidores de Jesus e os seguidores da besta. Este é um pequeno esboço desta seção:

1) A origem do conlito – (12.1-17)2) Os aliados do Dragão – (13.1-18)3) A resposta do Cordeiro –

(14.1-22.5)4) O ajuntamento de cento e quarenta e quatro mil – (14.1-20)5) As sete taças da ira – (15.1-19.4)6) O culto no céu anuncia as bodas do Cordeiro – (19.5-10)7) A volta de Jesus – (19.11-21)8) O milênio– (20.1-6)9) O juízo inal – (20.7-15)10) As bodas do Cordeiro – (21.1-22.5)A sequência temporal é complexa.

Mesmo assim, existe um sentido de movimento para frente. A história começa com a Mulher e o Dragão e termina com as bodas do Cordeiro. A primeira cena está no passado dos discípulos de Jesus e a última está no futuro. Por isso é uma história contínua e linear.

A mulher e o dragão

Uma das passagens mais angus-tiantes do Apocalipse se encontra no capítulo 12. Quem, ainal, nunca sonhou estar sob a perseguição de um grande monstro, num momento em que não consegue nem mesmo correr? A visão ainda apresenta uma mulher, talvez no momento mais indefeso de sua vida, no instante do parto, sob o ataque de um gigantesco dragão.

A forma como a mulher é descrita sugere grande beleza e majestade: ela é brilhante como o sol, grande como a lua e majestosa como uma coroa de estrelas. Os elementos usados para descrever a mulher ensolarada, com a lua e as estrelas como ornamento, provocam a lembrança da narrativa de José, quando ele viu seu pai, sua mãe

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e seus irmãos como o sol, a lua e as estrelas (Gn 37.9). Esses elementos nos levam a identiicar a mulher como o povo de Israel.

Uma ação primordial está ligada di-retamente à mulher (ao povo de Israel): ela está em trabalho de parto. O parto deine a forma como a vida virá ao mun-do. Neste caso especíico, as dores de parto são messiânicas e apontam para o nascimento do Messias (Ap 12.5).

O segundo personagem visto por João é um grande e assustador dragão. Os elementos usados para descrevê-lo produzem medo e terror. Ele é assusta-dor! O mesmo capítulo, mais à frente, identiicará o dragão como a antiga serpente que levou Eva ao pecado (Ap 12.9). Naquela oportunidade, ele provocou a queda da mulher e toda a sua descedência. Mas nesta história, ele não será vitorioso. Fracassará em destruir a mulher e seu ilho, o Messias.

O versículo 4 o descreve arrastando um terço das estrelas do céu, o que parece ser uma referência à queda dos anjos. Satanás não caiu sozinho; ou- tros seres celestiais o acompanharam.

A mulher deu à luz um ilho varão, descrito pela narrativa como aquele que irá pastorear as nações com vara de ferro. Esta passagem é uma citação do Salmo 2, tradicionalmente messiâni-co. A mulher deu à luz ao Redentor das nações. Se a ação do dragão vis-ava à destruição, a ação do Filho en-volverá o pastoreio. O primeiro queria trazer caos; o segundo, ordem. Logo após nascer, a criança foi arrebatada para junto do trono de Deus, cena que descreve simbolicamente a ascensão de Jesus após sua ressurreição.

E a mulher? O que acontece com ela? Inicialmente, ela foge para o deserto. O dragão ainda tenta alcançá-la lançando água de sua boca, mas a terra se abriu e tragou a água. Com isso, a mulher foi salva. O deserto não é o céu, mas é um lugar de proteção e de preparo. Moisés foi preparado no deserto. Israel foi mol-dado no deserto. Jesus foi provado no deserto. A mulher será sustentada no deserto.

O dragão, enfurecido, vai, a partir de então, atacar os outros ilhos da mu- lher.

A guerra no céu

O texto diz que Miguel e seus anjos expulsaram o Dragão do céu. Quem é esse personagem?

O grande Dragão é a antiga serpente, o diabo, Satanás. Ele ainda recebe os atributos de sedutor do mundo e chefe de um grupo de anjos. Outro título será acrescentado ainda: acusador.

A expressão “antiga serpente” está diretamente ligada com a narrativa de Gênesis 3.14,15. Essa identiicação aponta para uma atuação do Dragão por toda a história humana.

A palavra “diabo” vem do grego “diabolos”, que pode ser traduzida ora como um adjetivo (caluniador, difama-dor), ora como um substantivo (Diabo).

Satanás é bem conhecido dos leitores do Antigo Testamento. A pala-vra é de origem hebraica, e signiica “adversário”. Ele é opositor da raça hu-mana.

A expressão “sedutor” parece ter uma ligação direta com a tradição da ser-pente. Eva teria sido seduzida por ela,

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e com isso incitada ao pecado. Aqui o Apocalipse estende a sedução a toda a humanidade. Ele é o responsável não só pela transgressão do primeiro casal, mas de toda e qualquer pessoa que já andou pelo mundo.

O hino de vitória

O hino de vitória que começa em Apocalipse 12.10 já deine o resulta-do do conlito. O Dragão acusava os irmãos no céu dia e noite diante de Deus. Esse é o seu papel na Escritura hebraica, principalmente quando apa-rece na narrativa de Jó (Jó 1.6) e no livro de Zacarias (Zc 3.1). Com o im-pedimento do acusador à corte celes-tial, nenhuma acusação poderia mais ser feita contra os crentes.

Como resultado, o Dragão está ira-do, tanto por causa da sua derrota no céu, quanto por saber que tem pouco tempo. A queda do Dragão, com seus desdobramentos dolorosos, signiica que o im estava próximo. O ataque do Dragão contra os descendentes da Mulher é um último e desesperado ato por parte do adversário.

Relação com a vida

Apocalipse 12 tem diversas apli-cações para a vida dos crentes da atu-alidade. Uma das primeiras tem relação com o fato do Dragão, Satanás, não ter condições de destruir a mulher, Israel. Mesmo que o Novo Testamento declare com propriedade que a Igreja é o Israel de Deus, o povo da nova aliança, ain-da assim, a misericórdia de Deus não relegou o povo do antigo pacto. É por

isso que o apóstolo Paulo falou de um remanescente a ser salvo (Rm 9.27).

Um segundo elemento de grande im-portância nesta passagem é a relação espiritual entre Israel e a Igreja. A mu- lher, descrição simbólica de Israel, ge- rou o Messias, Jesus. Mas não parou por aí. Segundo Apocalipse 12, ela ge- rou outra descendência: “os que guar-dam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12.17). Esta expressão não apenas descreve o re- lacionamento espiritual entre Israel e a Igreja, como de continuidade, um sucedendo o outro, como também de- monstra o alvo da perseguição do Dragão, após ser derrotado no ministério de Jesus. Ele agora é o grande adversário da Igreja, e age dia e noite contra ela.

Para pensar e agir

Por trás das perseguições do mundo está o Dragão, mas acima dele está o Cordeiro, que reina sobre tudo e todos. É a Ele, pois, que importa obedecer. É por Ele que vale a pena viver e morrer. Se é para ter temor, precisamos temer, acima de tudo, a ira de Deus e seu Filho, pois, no im, é apenas essa ira que fará toda a diferença na história da humanidade.

Segunda-Feira: Apocalipse 12.6-17 Gênesis 3.1-24 Salmo 2.1-12

Gênesis 37.1-11 Lucas 10.17-24

Jó 1.6-22 Lucas 22.21-38

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 9Texto Bíblico: Apocalipse 13

AS BESTAS DO DRAGÃO

Motivação

No séc. XIII, um monge italiano foi chamado para interpretar uma carta estranha encontrada entre os docu-mentos de um cardeal. Ele leu a carta, e entendeu que ela fazia referência ao aparecimento do anticristo. Este mesmo monge fez várias sugestões de quem seria esta igura. Numa das mais conhecidas, argumentou que ele nasceu entre os muçulmanos do norte da África, e seu nome era Sa- ladino. Identiicações como es-sas são recorrentes durante toda a história. Diante disso, é muito impor-

tante ter uma perspectiva clara sobre que igura é o anticristo e o seu papel como opositor do povo de Deus.

Exposição Bíblica

A causa da perseguição

A besta que aparece em Apocalipse 13 é um monstro, um animal mons- truoso. Mas no inal da passagem bíblica, tomamos conhecimento de que sua descrição animalesca es-conde uma identidade humana.

Em algum momento do passado uma guerra no céu resultou na ex-

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pulsão do dragão (Ap 12.7). Paralela-mente, este mesmo dragão falhou em destruir o Messias, Jesus, durante seu ministério terreno (Ap 12.5). Como não conseguiu destruir Israel (a mulher), nem o Messias (Jesus), ele partiu para cima dos demais descendentes da mulher, os seguidores de Jesus, sua Igreja (Ap 12.17).

Satanás está irado e, para perseguir a Igreja, levantou duas iguras: a besta do mar e a pequena besta da terra. A ira do dragão se baseia no fato de ele ter sido derrotado e ter pouco tempo. Essa visão profética do Apocalipse re- vela a razão dos crentes serem perse-guidos e odiados no mundo.

O primeiro ato de guerra do dragão foi levantar as duas bestas. Porque o Dragão não consegue fazer a perse-guição diretamente? Porque Satanás não pode tocar diretamente nos cren-tes. Daí ele precisa instrumentalizar pessoas de carne e osso para que façam isso. Essa é a razão de ele le-vantar as bestas para perseguir os crentes. Ele levantou uma besta do mar e outra da terra. A primeira age pela truculência, pela força. A segun-da, pela sedução, pela coerção, pelo jeitinho.

A primeira besta - o Anticristo A primeira besta vem do mar. Ela tem

sete cabeças. O número sete indica algo pleno, completo, cheio. Ao dizer que ela tem sete cabeças, João está apontado para seu grande poder.

Quando dizemos que Jesus é O Cabeça da Igreja, estamos nos refe- rindo à sua liderança, ao seu controle

sobre ela. “Cabeça” é símbolo de li- derança. Quando o texto bíblico diz que esta besta tem sete cabeças, está se referindo a alguém que é muito podero-so e tem grande controle.

Você não precisa imaginar um mostro de sete cabeças de verdade, porque esta besta é uma pessoa. Suas cabeças indicam todo o seu poder so-bre muitas outras pessoas. Ao indicar que além de sete cabeças, ela tem dez chifres, isso é ainda mais reforça-do. “Chifre” é símbolo de governo, de reinado. De uma forma simbólica, o Apocalipse indica que a besta é uma pessoa poderosa e que governa so-bre muita gente. Não precisa ser ne- cessariamente um governo sobre dez regiões, mas é um grande governo. Não é necessário governar dez países para ser um grande governante. De-pendendo do país, um só basta.

O Apocalipse continua dizendo que esta besta tinha diademas sobre a cabeça e um monte de blasfêmias. A besta quer ser uma espécie de divin-dade. Ela quer impressionar as pes-soas com milagres, com gestos, com ações, pela força. Ou se age como ela quer, ou ela manda matar.

A blasfêmia aqui mencionada é uma referência ao fato de a besta, uma i- gura humana, assumir uma postura divina. Quando alguém assume o lugar de Deus, está efetivamente blasfeman-do contra Ele, porque Deus é um só.

O culto à Besta

Em síntese, Apocalipse 13 mos-tra Satanás promovendo uma grande perseguição contra os crentes, por

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meio de uma pessoa muito poderosa. Em termos históricos, esta grande bes-ta que blasfema e quer tomar a posição de Deus, é a pessoa do Imperador Ro-mano, Domiciano. Ele deseja receber adoração e permite que se promova, principalmente nas regiões orientais do Império Romano, o culto imperial.

O culto imperial se dava em verda-deiros templos construídos em honra ao Imperador. Nele, havia culto para os imperadores que já morreram, mas principalmente, ao Imperador que es-tava vivo e governava o Império de seu trono, em Roma.

A segunda besta é menor. Ela tem dois chifres apenas, enquanto a outra tinha sete. É uma besta com poucos chifres, com certo poder, mas limitado. Ainda assim, ela age como um cor- deiro. Ela age como Jesus, o Messias de Deus. Ela quer se parecer com Ele, falar como Ele. Esta besta é um falso profeta. Em termos históricos, esta pequena besta que promove a adoração da grande besta é o sacer-dote local do culto imperial, enquanto levava as pessoas a adorar o Impera-dor romano.

As bestas foram descritas como se fossem animais, mas são apenas pessoas. Não são iguras demonía-cas, mas pessoas instrumentalizadas por Satanás. Por isso, o Apocalipse termina o capítulo argumentando que seu número é o número de um homem, seiscentos e sessenta e seis (Ap 13.18). Durante a história, muitas coisas já foram ditas sobre esse núme-ro. Minha sugestão é interpretá-lo à luz do valor simbólico dos números entre os judeus. O número sete é o número

da perfeição, é o número da plenitude, e por isso é símbolo de Deus. Já o número seis é o número do ser huma-no. Se seis é o homem, e sete é Deus, o seiscentos e sessenta e seis é um seis que deseja ser sete. É um homem que deseja ser Deus. Porém, seis não vira sete. O máximo que ele conse- gue é uma dízima periódica (666). Com este jogo de números, o Apocalipse faz referência a uma igura humana que desejava ser tomado como igura di- vina. Era o Imperador Romano.

Relação com a vida

Tenho proposto nestes estudos três níveis de leitura. O primeiro nível é o histórico. Nele, nós perguntamos quem era a besta no tempo de João. A pri-meira besta e a igura escatológica do anticristo são a mesma coisa. Nos tem-pos do Apocalipse, sua identidade era a pessoa do Imperador Romano. A i- gura que agia naqueles dias conforme a descrição de Apocalipse 13, que desejava adoração e que promovia a morte de quem se recusava, era Domi-ciano, o Imperador.

O segundo nível de leitura é o dinâmico. Toda escritura é a Palavra de Deus. Isso signiica que a Bíblia fala hoje como falava na época de João e falou durante todas as gerações até agora. O nível histórico não esgota a Escritura. Tinha uma besta na época de João, bem como em todas as épo-cas posteriores. Elas se manifestam continuamente como dores de parto: de forma cada vez mais intensa, e em intervalos cada vez menores. Por isso, o crente pode ler o Apocalipse hoje e

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se perguntar: quem age como a bes-ta? Quem odeia o povo de Deus e pro-move sua perseguição? Ao encontrar uma pessoa ou instituição humana que age como se fosse Deus e promove perseguição, saiba que ela é um instru-mento do dragão, e age como besta e anticristo.

Em 1João 2.18 encontramos uma curiosa expressão: “Filhinhos, já é a

última hora; e, como ouvistes que vem

o anticristo, também, agora, muitos

anticristos têm surgido; pelo que co-

nhecemos que é a última hora”. Esta passagem bíblica fala da vinda de um anticristo (ênfase no singular), mas também de vários anticristos (ênfase no plural). A besta é uma só? Não. São várias. Na época de João, era o Imperador Domiciano. Hoje em dia, quem persegue o povo de Deus tam-bém é besta. A besta é qualquer um que almeje o lugar de Deus e não es-teja satisfeito com a sua humanidade. Sempre existiram na história humanos não satisfeitos com a sua humanidade, que queriam ser deuses.

O terceiro nível de leitura é o es-catológico. Ele olha para o futuro. O texto de 1João, lido no parágrafo an-terior, fala de anticristo no singular e no plural. Isso signiica que também podemos usar o princípio das dores de parto com relação ao anticristo. Domi-ciano, o anticristo dos tempos de João, não foi o único a se manifestar. Outros apareceram durante a história, e con-tinuarão a aparecer, até o momento imediatamente anterior à volta de Je-sus, em que se manifestará o maior de todos eles. A besta do inal dos tem-pos será a maior de todas. Ela é quem

implementará a Grande e derradeira Tribulação narrada no selo de número cinco (Ap 6.9).

Essa besta será maior em que sen-tido? Ela ainda será uma pessoa, mas seus instrumentos de controle, e seu potencial de destruição e perseguição serão muito maiores do que todos os anticristos anteriores. Alguns autores costumam chamar esta igura do inal dos tempos de Adversário Escatológi-co ou Anticristo Escatológico. Este úl-timo anticristo promoverá uma grande perseguição contra todos os crentes do mundo. Ela proporá a adoração ou a morte. E, neste momento, os verda-deiros discípulos de Jesus preferirão a morte.

Para pensar e agir

Diante da proposta da besta, surgem dois caminhos: o caminho um é a acei- tação de seu convite. Com isso, a pes-soa não morre nas mãos da besta, mas morrerá debaixo do juízo do Cordeiro, quando Ele voltar. O caminho dois é rejeitar o convite da besta, e morrer sob suas mãos, mas ressuscitar para a glória quando Jesus retornar.

Segunda-Feira: 2Tessalonicenses 2.1-12 Daniel 7.1-21 Mateus 24.4-28

Mateus 5.1-2 1João 2.1-29

2Timóteo 3.10-17 Hebreus 11.1-40

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 10Texto Bíblico: Apocalipse 14-15

A GRANDE TRIBULAÇÃO

Motivação

A caminhada da Igreja pelo mundo é cheia de sofrimento. Ela é perse-guida sem sossego. Mas ninguém pode dizer que foi enganado. A Bíblia não promete “céu de brigadeiro” para quem ingressa no Corpo de Cristo. Pelo contrário, a promessa é: “no

mundo tereis alições” (Jo 16.33). Nosso Senhor não declarou que a caminhada cristã seria fácil, mas nos garantiu a vitória no inal.

Exposição Bíblica

Aspectos literários

No capítulo 13, o Apocalipse re- vela o aparecimento das bestas que perseguirão o povo de Deus e no capítulo 14, descreve o resultado dessa perseguição. Ele começa com a reunião de um exército de oposição às bestas sobre o monte Sião. São os cento e quarenta e quatro mil sela-dos de todas as tribos de Israel. Eles já apareceram em Apocalipse 7.1-8 e lá, os interpretamos como o conjunto dos seguidores de Deus na terra.

A perspectiva temporal é distor-cida com a aparição dos três anjos (Ap 14.6-12). Cada um faz uma proc-lamação. O primeiro faz uma deman-da (a aceitação do Evangelho Eter-no); o segundo anuncia que algo está

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em processo de acontecimento (a que-da de Babilônia); e o terceiro faz uma predição (o futuro julgamento dos que adoram a besta).

A atenção retorna para o céu, de onde surge o Filho do Homem. Essa cena introduz a colheita com imagens muito fortes (Ap 14.14-20). A igura ce-lestial é Jesus, mas ainda não é uma descrição da sua volta gloriosa. A situ-ação se desenrola com a morte dos se-guidores de Jesus. Após suas mortes, eles aparecem já na forma dos vence-dores da besta que cantam o Cântico de Moisés e do Cordeiro. Como resul-tado dessas mortes, completou-se a ira de Deus, que será derramada so-bre a terra na forma das sete taças. O templo é aberto e de lá vêm os anjos com as taças escatológicas (Ap 15.7). A sequência evoca as sete trombetas, mas a ação é mais deinitiva. Eles bom-bardeiam a terra sucessivamente com suas taças, destruindo aspectos dife- rentes da dominação do mal no mundo.

O ajuntamento (Ap 14.1-5)

Na primeira parte de Apocalipse 14, o Cordeiro é identiicado como aquele que está parado sobre o Monte Sião. O estar parado sobre este monte tão especial é um instrumento de distinção. Ao invés de descrevê-lo com atributos, como já havia feito na visão do capítu-lo 5, o texto bíblico evoca tradições messiânicas que descrevem o monte Sião como o lugar da intervenção es-catológica de Deus. Assim, este Cor- deiro é o Ungido do Senhor, procla-mado pelos antigos profetas (Jl 2.32; Is 24.23; 31.4; Mq 4.7; Zc 14.4-5).

A outra personagem do texto é cole-tiva. É um grupo de cento e quarenta e quatro mil pessoas. Eles não precisam de muita identiicação neste momento. Dizer que eles são os que têm o nome do Pai e do Cordeiro sobre suas tes-tas é uma maneira de ligá-los rapida-mente ao grupo que já aparecera em Apocalipse 7.1-8. Na passagem evoca-da, eles formam o conjunto dos servos de Deus, selados de todos os cantos do mundo. São eles que surgem, ago-ra, ao lado do Cordeiro. A posição das personagens indica que eles se prepa-ram para um confronto.

Os cento e quarenta e quatro mil são os servos do Cordeiro, identiicados com elementos simbólicos (Ap 14.4-5). A leitura literal desses versículos colo-caria as mulheres fora do plano de sal-vação de Deus. Quando o Apocalipse fala que os seguidores do Cordeiro “não se macularam com mulheres e são virgens” ele não está fazendo referência ao gênero ou à sexualidade dos discípulos de Jesus, mas à sua i-delidade. As mulheres estão aqui tam-bém incluídas. Todos esses discípulos, selados por Deus, estão dispostos a seguir o Cordeiro para onde quer que Ele for, ou seja, estão dispostos a mor-rer por Jesus, caso seja necessário. No capítulo anterior, as bestas ameaçaram com a morte; neste capítulo, os segui-dores de Jesus aceitam a ameaça e se dispõe a morrer por amor ao seu Sen-hor.

O restante do capítulo 14 não dá muito detalhe, senão através da cena da colheita (Ap 14.13-20). Depois de dizer que “felizes são os mortos que

morrem no Senhor” (Ap 14.13), a visão

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descreve a morte de muitas pessoas, já que corre sangue em grande quan-tidade. Neste momento, os estudiosos deste texto se dividem. Há argumentos de que o sangue que corre é o dos se-guidores das bestas. Mas há também estudiosos que entendem que já que os seguidores da besta serão destruí-dos em Apocalipse 19.20-21, durante a volta de Jesus, estes que morrem no capítulo 14 são os seguidores de Je-sus durante a Grande Tribulação. Não é uma passagem fácil de compreender. Mas o fato de o capítulo seguinte descrever um grupo de crentes vitorio-sos no céu, diante do trono de Deus (Ap 15.2) pode indicar que estes são mesmo aqueles que derramaram o seu sangue por amor a Jesus.

Se esta passagem representar real-mente a Grande Tribulação instaura-da pelo Anticristo Escatológico, e se o capítulo 16 em diante descrever taças e pragas despejadas apenas sobre os incrédulos e impenitentes, isso indi-caria que em algum momento duran-te a Grande Tribulação os seguidores de Jesus deixariam a terra. Em que momento especiicamente? Aqui há uma divisão entre comentaristas do Apocalipse. Uns argumentam que a partida foi logo no início da Tribulação (Pré-tribulacionistas); outros argu-mentam que foi no inal da Tribulação (Pós-Tribulacionistas); e alguns ain-da entendem que foi em algum lugar durante a Tribulação (Mid-Tribulacio- nistas). De que forma eles partiram? Alguns enfrentaram a morte; outros passaram pelo arrebatamento descrito por Paulo em 1Tessalonicenses 4.13-18.

A adoração como arma do povo de Deus (Ap 15.1-4)

O ambiente do cântico nos céus é um mar de vidro misturado de fogo. Esse mar de vidro já havia aparecido previamente (Ap 4.6) e era o local do trono de Deus. É em torno desse trono que João vê os vencedores.

Os vencedores venceram o animal. Um vencedor só se caracteriza como tal se houver um vencido. Neste caso em questão, o derrotado é o animal levantado do mar pelo dragão. É a primeira besta. Não se menciona ex-plicitamente o segundo animal neste contexto, mas não é necessário, já que ele era apenas o representante proféti-co da primeira besta. Se esta cai, seu profeta também cairá.

Os vencedores estão sobre o mar de vidro. Com isso, localiza-se a esfera em torno do qual este cântico está sen-do entoado, o céu, mas não se esgota a expressão. Se o cântico é de Moisés, a referência ao mar diante do qual ele é cantado é substancial. A referência é quase imediata ao cântico entoado di-ante do Mar Vermelho, após a derrota do Faraó e seu exército (Ex 15.1-4). Em Apocalipse 15, a comunidade de vencedores cantará sobre o Mar de Vidro, que a separa deinitivamente do alcance das bestas. No Êxodo, Miriã cantou com um tamborim; aqui, os vencedores cantarão com suas harpas recebidas de Deus.

Os vencedores têm as harpas de Deus nas mãos. Diante de uma crise, poder-se-ia esperar que João visse espadas nas mãos dos vencedores.

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Pelo menos é assim que a imaginação popular esperaria ver um vitorioso. Ele deixaria que todos vissem a arma que precisou empunhar para, com maestria, vencer seus inimigos. Esses vencedores do mar de vidro, entretan-to, não portavam espadas ou escudos, mas harpas (kítaras, como as atuais guitarras). Eles não lutaram com armas humanas, mas com seus louvores a Deus. Essa é a arma que a igreja deve-ria usar: louvores. João não recomen-dou a espada. Com harpas nas mãos os seguidores de Jesus venceriam as bestas. Paulo irá argumentar que as armas cristãs não são humanas, mas são poderosas para destruir fortalezas (2Co 10.4). São harpas sim, mas são como canhões quando empunhadas pelas testemunhas do Cordeiro.

Relação com a vida

Apocalipse 15.3,4 descreve um hino. É um hino tão estruturado que ele poderia tranquilamente ser cantado nas igrejas que receberiam o Apocalipse. É bonito imaginar um hino celestial que pode ser cantado na terra. O título do hino é “cântico de Moisés, o servo de Deus, e do Cordeiro”. O motivo levan-tado pelo hino para que Deus fosse temido e gloriicado é dado através de algumas construções:

Ele é o único santo, característica essencial da divindade. Não há outro santo além de Deus. Isso implica dizer que Ele é o único que pode receber o nome de Deus.

Os atos de justiça de Deus inal-mente serão manifestos. Todas as ações de Deus são justas, mas é muito

difícil ver essa justiça de dentro dessas ações. Deus faz justiça, mas os povos da terra não conseguem ver. Um dia, porém, todos verão. Quando isso acon-tecer, todas as coisas inalmente se revelarão como são de fato: atos justos de Deus desenrolados para o próprio bem daqueles ilhos e ilhas que o amam, que são iéis e dão testemunho do Cordeiro.

Para pensar e agir

Em nosso estudo, chegamos a uma parte do Apocalipse que provoca mui-tos debates e divisões entre os estudio-sos. Há muitas correntes escatológicas e hermenêuticas. Descrevi as princi-pais divisões quanto à tribulação, mas elas não param por aí: há interpre-tações amilenistas, pré-milenistas e pós-milenistas. Há leituras preteristas, histórico-proféticas e futuristas. No meio dessa confusão de títulos e estig-mas, algumas pessoas se afastam do livro. Mas não faça isso! Respire fundo e continue estudando. Se icar confuso demais, apenas se lembre de que um dia nossos olhos verão nosso Senhor face a face e todas as nossas dúvidas serão esclarecidas.

Segunda-Feira: Apocalipse 14.6-12 Apocalipse 14.13 Apocalipse 14.14-20

Apocalipse 15.5-8 Apocalipse 15.1-4

Êxodo 15.1-19 Daniel 12.5-13

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 11Texto Bíblico: Apocalipse 16.1-9

AS TAÇAS DA IRA

Motivação

É doloroso ser injustiçado. A in-justiça dói profundamente. Infeliz-mente, durante toda a nossa vida sofremos injustiças. As sociedades constroem mecanismos para tentar fazer a justiça. Mas, como relexo da imperfeição humana, elas não con-

seguem. Nem todo bandido é preso, nem todo criminoso é penalizado, nem toda corrupção é castigada. Em alguns momentos, até mesmo instrumentos montados para praticar a justiça são pervertidos, como um policial corrompido ou um juiz pre-conceituoso. Será assim para sem-pre? Não, responde o Apocalipse. No

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dia do juízo, a justiça será despejada do céu, na forma de pragas escatológi-cas.

Exposição Bíblica

A preparação das taças

No inal de Apocalipse 15, João descreve a abertura do tabernáculo do testemunho. Essa tenda do testemu-nho é outra referência a Moisés e os peregrinos do deserto. Os judeus en-tendiam que o tabernáculo, que serviu de modelo para o Templo de Salomão, fora construído segundo modelo celes-tial contemplado por Moisés (Êx 25.40). Esse tabernáculo possuía um san-tuário, onde icava a arca da aliança, ou do testemunho. Entendia-se que era nesse lugar, o santo dos santos, que Deus habitava. É desse santuário que sairão os sete anjos que operarão as sete taças do Apocalipse. É uma outra maneira de dizer que as últimas pragas sairão da morada de Deus, ou, simplesmente, da sua presença.

Sete anjos saem diretamente do san-tuário, da presença de Deus, da da sua arca, do seu testemunho. Para ampli-ar a imagem, eles são caracterizados como tendo sete taças nas mãos e vestidos de roupas majestosas. Suas vestes são de linho puro, tal como o Filho do homem (Ap 1.13), e usam co-roas de ouro na cabeça. São anjos dif-erenciados, não apenas pelo local de onde saem, mas pela sua aparência. As vestimentas lembram o paramen-to sacerdotal usado para ministrar no santuário (Êx 39.1-31), o que aponta para anjos ministradores.

Outra ação é realizada por um dos seres viventes: ele entrega aos anjos as taças repletas da ira de Deus. Ao compararmos essa cerimônia celes-tial com uma outra encontrada no livro (Ap 8.3), percebemos que há uma relação entre as taças e as orações dos crentes. Estes, com seus testemunhos e suas orações, apressaram a chegada do juízo sobre a humanidade incrédula. Da mesma forma que as harpas apare-cem no lugar das espadas, as orações ocupam o lugar dos escudos.

As sete taças

Primeira taça. Evento: derrama-da sobre a terra (como as pragas do Êxodo, derramadas sobre a terra do Egito). Consequência: chagas ruins e malignas. Alvo: homens que têm o sinal da besta e que adoram a sua imagem. Apocalipse 16.2 lembra a sex-ta praga do Egito (Êx 9.8,9). Quando as pessoas se manifestam impenitentes e contrárias à vontade de Deus, sua própria saúde pode ser atingida.

Segunda taça. Evento: derrama-da sobre o mar. Consequência: água transformada em sangue como de um morto (frio e coagulado). Alvo: os que habitam o mar, os animais aquáticos, mas também aqueles que navegam sobre ele. Apocalipse 16.3 se rela-ciona com a primeira praga do Egito (Êx 7.17-21). Esta praga atinge o ser humano indiretamente, visto que ele depende do mar para viver.

Terceira taça. Evento: derramada sobre os rios e fontes de águas. Con-sequência: água, que seria dada a beber, transformada em sangue. Alvo:

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aqueles que derramaram o sangue dos santos e profetas. Apocalipse 16.4-7 também se relaciona com a primeira praga do Egito (Êx 7.17-21). Aqui se fala da água enquanto necessária para a vida humana. Possivelmente sua poluição deve-se à pecaminosidade do homem. E ainda se ouve, vindo do altar de Deus, vozes que louvam a justiça de Deus ao exercer juízo.

Quarta taça. Evento: derramada so-bre o sol. Consequência: transformou o calor do sol em brasas de fogo. Alvo: homens, possivelmente os mesmos da taça anterior, já que foram eles que blasfemaram contra Deus. Apocalipse 16.8-9 lembra a maldição de Deus so-bre os que não o temem (Dt 28.22).

Quinta taça. Evento: derramada sobre o trono da besta. Consequên-cia: transformou o reino da besta em trevas, provocando dor. Alvo: homens, os mesmos que foram atingidos pelas chagas. A taça de Apocalipse 16.10-11 atinge diretamente a besta (o Impera-dor). Com isso, ela descreve a ação de Deus sobre os poderes políticos e reli-giosos que se levantam contra Ele. A história tem mostrado como povos que não deram ouvidos a Deus foram reti-rados do cenário internacional, como o Egito, Assíria, Babilônia, Grécia e Roma.

Sexta taça. Evento: derramada so-bre o Rio Eufrates. Consequência: se-cou as águas do rio, transformando-o em caminho para grupos que viriam do Oriente. Alvo: não explicitamente declarado, mas parece ser o dragão, a besta e o falso profeta. São os que se reúnem para uma batalha contra Deus, com aliados demoníacos convocados

de toda a terra. Apocalipse 16.12-16 indica a oposição do diabo (dragão), da besta e do falso profeta. Eles procuram a união de um grande grupo de pes-soas contra Deus (v.14). Seria esta a famosa batalha do “Armagedom”? Não há concordância quanto a isso. Esse conlito, entretanto, aparece repetido em Apocalipse 19.1-21 e 20.7-10.

Sétima taça. Evento: derramada so-bre o ar. Consequência: uma grande voz do santuário airma que “está feito”, seguida de relâmpagos, voz-es, trovões, um grande terremoto que destrói a cidade e uma chuva de pedra. Alvo: a grande cidade da Babilônia, que é rachada, e os homens atingidos pela praga anterior. Apocalipse 16.17-21 apresenta a vinda de Cristo para a destruição da Babilônia.

A queda da Babilônia

A cólera de Deus descrita nas taças se manifestará na história, visando os seguidores da besta (Ap 16.2) e a ci-dade de Roma (Ap 16.19). Os inimigos de Deus e da Igreja vão sendo derrota-dos um por um. Nas “taças”, a ênfase estava sobre os que “têm a marca da besta”. Nos capítulos 17 e 18 vemos a vitória sobre Roma, a besta e o falso profeta, com a seguinte estrutura:

Descrição de Roma, a Grande Mere-triz - Apocalipse 17.

A queda de Roma e suas conse-quências - Apocalipse 18.

O objetivo dessa descrição é mostrar com detalhes a razão de tal cidade ser destruída. Um anjo traz tal revelação para João (Ap 17.1).

Primeiramente vem uma visão de

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Roma, a meretriz (v.3-6). Através das indicações do texto torna-se claro con-cluir que essa mulher é a cidade de Roma (Ap 17.18). Suas vestes e ador-nos enfatizam sua “realeza e rique-za” (v.4). Ela está “assentada sobre a besta” (v.3), que é o Império Romano, mostrando, assim, que o governa e é o seu centro. Ela é descrita como a “mãe das meretrizes e das abominações da terra” (v.5), sendo, portanto, o centro de todo o mal que havia no mundo de en-tão. Sua última e principal característi-ca é “estar embriagada com o sangue dos santos” (v.6), referência ao seu pa-pel de assassina do povo de Deus.

Domiciano, o Imperador que gover-nava no momento em que João escre-via, representava a besta, os anteriores também a representaram e o seguinte também a representaria. João quer mostrar, assim, que o Império em toda a sua extensão tem sido representante da besta.

A queda de Roma e suas consequências

Assim como o primeiro anjo intro-duziu a visão de Roma (Ap 17.1-3), outro faz o anúncio de sua queda (Ap 18.1-3). Embora essa destruição se apresente como já tendo aconteci-do (“caiu, caiu” - v.2), ela, na realidade, será efetuada no futuro. Tal modo de falar é para enfatizar que sua ruína “já está determinada”.

Relação com a vida

Apocalipse gasta uma grande quan-tidade de frases e palavras para falar

da queda da Prostituta, referência sim-bólica à cidade de Roma, centro de toda oposição aos discípulos de Jesus, no início da história cristã. Quando o Apocalipse foi escrito, ninguém poderia imaginar que aquela cidade centenária iria tombar. Mas não há instituições hu-manas invencíveis. A Roma dos dias de João caiu violentamente, de forma muito semelhante a tantas outras ci-dades que ela conquistou. Isso se deu vários séculos depois do Apocalipse, mas ainda assim, indica que estados ou agências do mundo que agem como se fossem onipotentes um dia cairão.

Em termos escatológicos, a cena da derrota da Prostituta pode se referir à destruição das estruturas políticas que darão suporte ao Anticristo no inal dos tempos.

Para pensar e agir

As taças descrevem os mesmos eventos descritos pelas trombetas. É o Juízo de Deus sobre a terra. Duran-te a história, toda a terra foi atingida pelas catástrofes, incluindo cristãos e não-cristãos. Nas trombetas e nas taças, entretanto, somente aqueles que não crerem em Cristo serão atingidos.

Segunda-Feira: Apocalipse 16.10-16 Apocalipse 16.17-21 Apocalipse 17.1-18

Apocalipse 18.9-20 Apocalipse 18.1-8

Apocalipse 18.21-24 Isaías 14.1-23

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 12Texto Bíblico: Apocalipse 19.11-16

A VOLTA DE JESUS

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Motivação

Quando uma pessoa amada precisa se ausentar por um longo tempo, a an-siedade por sua volta é muito grande. Contamos os dias para que ela regres-se logo. O feliz dia do retorno é cheio de emoção. Alguns vão até a rodoviária ou aeroporto para receber o ente queri-do. No caminho para casa, faz-se o possível para atualizar a conversa e matar a saudade.

É possível usar essa experiência muito humana da separação para apli-car à volta de Jesus. Ele retornou para o céu, com a promessa de que um dia desceria para nos buscar. O coração dos crentes aguarda com ansiedade a volta do nosso Senhor.

Exposição Bíblica

A volta de Jesus

Finalmente, o Apocalipse se detém a narrar a volta de Jesus. Este é o assun-to do capítulo 19. Nos versículos inici-ais, o texto apresenta um hino cantado para celebrar a derrota da Babilônia, sede da oposição ao povo de Deus. Somente a partir do versículo 11 é que Jesus aparece nos ares. Ele é descri-to como um cavaleiro sobre um cavalo branco. Certamente é uma descrição simbólica. Outros traços são vincula-dos ao cavaleiro para acentuar a na-tureza de sua volta:

• Olhos de fogo e diademas na cabeça são traços que já apareceram antes, especialmente na descrição do Filho do Homem que ditou para João as sete cartas para as sete igrejas

(Ap 1.9-16).• O fato de Ele ter um nome que nin-

guém conhece não é sinal de anonima-to, mas de independência. No mundo antigo, saber o nome de alguém era ter controle sobre a pessoa. Dizer que ninguém conhece o nome de Jesus, no seu retorno, indica que ninguém é mais poderoso do que Ele. Assim, pode agir como quer, de forma completamente independente. Ele não precisa de aju-da para cumprir seus propósitos. Seu poder é suiciente para promover a consumação do seu Reino.

• A descrição de suas roupas como já manchadas de sangue é um elemen-to signiicativo. Alguns comentaristas entendem que é uma referência ao sangue dos adversários que Ele derro-tou. Mas, como acaba de apontar nos ares, isso não faz sentido. É melhor entender que o sangue que lhe man-cha as roupas é uma referência ao seu próprio sangue. No capítulo 5, Jesus foi descrito como um Cordeiro como ten-do sido morto, ou seja, ensanguenta-do, ou com marcas de feridas (Ap 5.6). As manchas representam, então, sua morte, instrumento pelo qual “comprou para Deus pessoas de todos os povos, raças e línguas” (Ap 5.9).

• Tanto seu nome como Verbo de Deus, como a espada que sai de sua boca se referem à Palavra divina. Pela Palavra, Deus criou todas as coisas. É pela Palavra que Ele fará a intervenção do inal dos tempos.

• O exército que acompanha Jesus tanto pode ser formado por anjos como por cristãos mortos, que retornam com Ele. As duas leituras são possíveis. A descrição do apóstolo Paulo de que a

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volta de Jesus será acompanhada do toque de trombeta angelical e o retorno dos irmãos (1Ts 4.13,14) pode nos aju-dar a compreender o Apocalipse.

Finalmente, chega a fase inal do conlito escatológico. Jesus, como um grande Guerreiro Exaltado, aparece no céu em todo o seu esplendor e alcança fácil vitória sobre as bestas. Ele surge em um cavalo branco, com seu nome enaltecido, comandando um exército celestial. Ele julga e vence o conlito. Entretanto, há ainda algumas particu-laridades. Primeiro, seu nome é a Pa-lavra de Deus (Ap 19.13). Segundo, nenhuma guerra é narrada. A história se move do seu aparecimento, da descrição do ajuntamento para a guer-ra, para a declaração de que as bestas foram capturadas. Terceiro, os demais seguidores da besta foram mortos não por espadas, mas pela Palavra que sai da boca de Jesus (Ap 19.15).

Mas já que as bestas e os seus se-guidores foram vencidos e mortos, o que vem agora?

As expectativas judaicas quanto à intervenção de Deus Expectativa messiânica é o nome

que os estudiosos dão para a espe- rança judaica na intervenção de Deus na direção de um Reino de paz e felici-dade. Em linhas gerais, essa expecta-tiva pode ser dividida em três grupos:

a) um grupo de judeus entendia que Deus iria intervir para trazer o seu Reino, e que essa intervenção poria im à história e ao mundo material. Depois da intervenção de Deus, toda a reali-dade seria transcendente;

b) um segundo grupo entendia que Deus iria intervir para trazer o seu Reino, que se materializaria dentro da história. O mundo material seria trans-formado para dar origem a um novo paraíso na terra. Em outras palavras, estes acreditavam que o destino do povo de Deus não seria no céu, mas aqui mesmo, numa terra transformada para sempre;

c) um terceiro grupo airmava as duas expectativas. Segundo este, a in-tervenção de Deus iria inaugurar o seu governo de paz na terra durante certo tempo. Após um período de felicidade na terra, o mundo e a história passa- riam para dar origem a uma realidade exclusivamente transcendente.

Essas descrições acabam indican-do a expectativa que aparece em Apocalipse 20. A visão de João se in-sere no terceiro grupo, ao airmar um governo na terra de mil anos, seguido do juízo inal e da Nova Jerusalém (re-alidade transcendente).

As correntes em torno do Milênio Airmar o tipo de expectativa com-

partilhada em Apocalipse 20 não bas-ta para interpretar o texto. As várias estratégias hermenêuticas acabaram produzindo três tipos de correntes mile nistas. Faço uma síntese delas abaixo, a im de indicar para os leitores que não há uma maneira única de entender esse texto. Isso pede de nós humildade para compreendermos que não temos a última palavra a respeito de sua inter-pretação, e que há outros crentes sin-ceros que pensam de forma diferente.

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a) Pré-milenismo: faz uma leitura da volta de Jesus esperando a histori-cidade do milênio. Entende que o milê-nio compreende um período histórico em que Jesus governará a terra, mar-cando-o com paz e felicidade. O termo indica que Jesus voltará antes do milê-nio, e que sua volta é efetivamente sua inauguração. Esta é a perspectiva mais antiga de leitura do Apocalipse. Os pri-meiros leitores do livro entenderam-no desta forma, que se tornou a leitura majoritária até o séc. IV.

b) Amilenismo: compreende o milê-nio de forma simbólica como o período de tempo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. A volta de Jesus trará o juízo inal e o im do mundo. Não há governo de Jesus na terra. Essa forma de leitura começou com Ticônio (séc. IV) e se tornou majoritária após Agos- tinho de Hipona (séc. V).

c) Pós-milenismo: entende que o período do milênio se dará na história, e começará após o avanço da pregação do Evangelho. Em algum momento, a humanidade experimentará um longo período de paz em função do sucesso do cristianismo. Após este período de paz, Jesus retorna para trazer o juízo inal e o im do mundo. Essa corrente parece ter nascido no séc. XII.

Após essas palavras, estamos pron-tos para nos determos na interpretação especíica dos acontecimentos de Apocalipse 20 em diante. Mas este é o assunto da próxima lição.

Relação com a vida

Apocalipse usa a bela imagem de um casamento para descrever o en-

contro entre Jesus e seus seguidores. Estes são descritos como “noiva” do Cordeiro. Tal igura é usada em outras partes do Novo Testamento (Mt 25.1-13; Mc 2.19-20; 2Co 11.2; Ef 5.25-27). Há um contraste evidente entre a noi-va (Igreja) e a prostituta (seguidora do Dragão). Aqueles que não se deixaram levar pela sedução da besta, mas man-tiveram-se iéis a Jesus, constituem a Igreja pura, sem mácula, noiva do Sen-hor. Esses serão recebidos com amor pelo noivo e viverão com Ele. São bem-aventurados (Ap 19.9). Por outro lado, aqueles que têm se deixado levar pela besta estarão com ela no lago de fogo para sempre.

Para pensar e agir

Os debates sobre a volta de Jesus costumam dividir os estudiosos. Em alguns momentos, as discussões são acirradas e pouco amistosas. Acredito, entretanto, que não deveriam ser as-sim. É verdade que não há consenso em torno do milênio, mas isso é natural em função da complexidade do tema. Vamos respeitar quem é de outra cor-rente escatológica. No inal, estaremos todos juntos, e para onde vamos não haverá qualquer divisão.

Segunda-Feira: Apocalipse 19.1-10 Apocalipse 19.17-21 Apocalipse 20.1-6

1Tessalonicenses 4.13-18 Apocalipse 20.7-10

2Tessalonicenses 2.7-12 Lucas 21.25-36

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 13Texto Bíblico: Apocalipse 20.1-6

O MILÊNIO E A NOVA JERUSALÉM

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Motivação

Esta é a última lição. Com ela encer-ramos o maior repertório de revelações bíblicas sobre o céu e o inal dos tem-pos. É certo que o livro não é de fácil compreensão. Mesmo assim, devemos nos debruçar sobre seus ensinos. Se em algum momento, uma mensagem ou outra nos escapar, continuemos mesmo assim. Não precisamos en-tender tudo para nos alimentar espiri-tualmente do Apocalipse de João.

Interpretação Bíblica

O Reino Milenar

Jesus voltou, mas ainda não chegou o im. Um período interino de paz foi estabelecido. Um anjo desce do céu e prende o dragão. Nenhuma outra obra do Novo Testamento falou deste período de vitória interina. A noção de um tempo de felicidade que precede-ria o último julgamento é encontrada em antigos textos judaicos. Entretanto, apenas o Apocalipse de João fala es-peciicamente em mil anos.

Se o dragão foi expulso por Miguel do céu para a terra, agora ele é nova-mente expulso, só que desta vez para o abismo. Somente após o milênio, Satã é libertado, reúne um novo exérci-to, marcha outra vez contra o acampa-mento do povo de Deus. Entretanto, cai fogo do céu e derrota todo o exército adversário. Mais uma vez, a batalha é vencida sem conlito e Satanás é joga-do no lago de fogo.

Já argumentei na lição anterior que os primeiros leitores do Apocalipse en-

tenderam o milênio como a descrição de um período histórico na terra. Havia antecedente desta expectativa entre alguns judeus, o que signiica que esta esperança não era uma coisa nova para eles.

Formalmente, o milênio é um perío-do de tempo entre a volta de Jesus e o juízo inal, evento que marca o im da história e a instauração de uma re-alidade puramente transcendente. O milênio é, então, um parêntese entre a intervenção de Deus no retorno do Cor-deiro e o inal da história. No contex-to judaico, esperava-se que o próprio Deus, ou um ungido dEle (o Messias) reinasse durante este período na terra. Seria um período em que se cumpriria as profecias de paz e prosperidade para toda a humanidade previstas por Isaías (Is 2.1-5, entre outras pas-sagens).

Por que um parêntese? O Apocalipse não responde. Talvez porque se o povo de Deus sofreu dentro da história, a justiça divina demanda a recompensa também dentro da história, antes de encerrá-la com o juízo inal.

Quanto tempo durará o Reino do Messias na terra? O Apocalipse fala em mil anos. Mas esse número não é deinido. Entendemos que o termo “milênio” é uma expressão que indi-ca um período de tempo grande, não necessariamente mil anos literais.

Quem estará no milênio? A leitura estrita de Apocalipse 20.4 fala apenas nos que morreram martirizados pela besta ou em perseguições. Teologica-mente, entretanto, a partir de elemen-tos de outros textos bíblicos, é sensa-to airmar a ressurreição de todos os

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crentes, e não somente dos que foram martirizados.

E os incrédulos? Estes não parti- cipam do milênio na terra. Durante o milênio, continuarão no mesmo lugar de sofrimento que já estavam antes do milênio. Após esse período, ressuscita-rão para o juízo inal.

Em termos sintéticos, o milênio será um período histórico posterior à volta de Jesus, quando o povo de Deus res-suscitará para reinar com Ele na terra durante um longo período de tempo. Após o milênio, Satanás será solto e organizará uma derradeira oposição ao Cordeiro de Deus. O exército que ele levantará não será formado de pessoas, já que não haverá incrédu-los durante o milênio, mas de iguras demoníacas que ele trará de nações dos “quatro cantos da terra” (expressão usada em fontes judaicas para falar do lugar de origem dos demônios). Como fez com as bestas, Jesus derrotará a todos sem necessidade sequer de en-frentamento. Fogo cai do céu e destrói os seres demoníacos.

O Juízo Final

Apocalipse 20.11-15 fala do juízo i-nal, o momento em que todos os seres humanos serão julgados. A Bíblia es-clarece, contudo, que a salvação ou a perdição são deinidos durante nossa vida (Ef 2.8-9). O juízo inal posterior ao milênio não mudará o status espi- ritual de qualquer pessoa. Quem estava salvo com Cristo, com Ele continuará salvo; quem estava perdido longe de Deus, sem Ele continuará perdido pela eternidade. A função deste juízo parece

ser muito mais para deinir galardão do que qualquer outra coisa, já que está relacionado com as obras praticadas.

A Nova Jerusalém

A partir de então, o visionário se de- dica a narrar a cena da nova Je-rusalém. Na maior parte, é uma enorme descrição de uma cidade transcenden-tal. João vê a Noiva do Cordeiro e a descreve com grandes detalhes. A Nova Jerusalém, vista como “noiva”, é uma igura que se refere à Igreja, a noiva do Cordeiro. Portanto, a Nova Je-rusalém é a própria Igreja do Cordeiro, o povo que Jesus comprou com o seu próprio sangue e os constituiu reino e sacerdócio. O texto diz que Deus habi-tará com este povo. Não haverá mais separação entre Deus e os seres hu-manos. Além disso:

• Não haverá sofrimento (Ap 21.4) As lágrimas e o pranto, bem como a morte e o luto, suportados pelos cristãos durante as tribulações ou a Grande Tribulação, não existirão. Eles fazem parte das “primeiras coisas” que já passaram.

• Deus é o único responsável pela

Nova Realidade (Ap 21.5-6) – Depois de descrever como será esse novo mundo, onde os salvos em Cristo habi-tarão, João apresenta o responsável por tudo isso. É o que “está assenta-do no trono”. No Apocalipse é sempre Deus que está assentado ali. Ele é o “Alfa e o Ômega”, o “Princípio e o Fim”. Isso quer dizer que tudo o que acon-teceu, tem acontecido e acontecerá, desde o começo até o im, está sob as mãos poderosas de Deus.

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• A Nova Jerusalém tem a pre-

sença de Deus (Ap 21.16) – A cidade é um “cubo”. Tem comprimento, largura e altura iguais. Se antes, Deus se ma- nifestava somente no Santo dos San-tos e apenas para o sumo-sacerdote, agora, na Nova Jerusalém, Ele se manifesta em toda a cidade do mesmo modo.

• Este novo mundo é precioso (Ap 21.18-21) – A cidade é a Noiva do Cordeiro, ou seja, o povo de Deus. Isso signiica dizer que todas as pedras preciosas alistadas ali, bem como “a ci-dade de ouro puro” não são realidades literais, mas símbolos para falar da Igreja de Jesus. Para Deus, seu povo é tão precioso como o ouro ou as pedras mais belas e preciosas que existem. Ainal de contas, Jesus pagou um alto preço para formar este povo.

Relação com a vida

Reletir sobre o céu muda a forma como andamos aqui neste mundo. Usemos nossa mente para caminhar na descrição de um tempo onde a vida será vivida da forma mais abundan-te possível (Ap 22.1-2). Essa ideia é evidenciada pela repetição da palavra “vida”. Existirá a “água da vida” e a “ár-vore da vida”. Não se sabe se essas re-alidades serão literais ou espirituais. O importante é o sentido delas. Mostram que a vida deixará de escapar de nós, pois a receberemos plenamente das mãos de Deus. Pensar na eternidade signiica trazer o céu para a terra. De-vemos ter vontade de estar com Deus na eternidade, porque lá haverá uma continuidade de nossa vida, em nosso

mundo, agora totalmente redimidos, para a nossa alegria eterna.

Um último aspecto tem relação com os apóstolos como o fundamento da Igreja (Ap 21.14). Essa airmação era básica para todos os outros escritos do Novo Testamento. A Igreja foi constituí-da sobre o ensino, o fundamento dos apóstolos (Ef 2.20). Assim, só partici-pa do povo de Deus aqueles que se-guiram os ensinos dos apóstolos, que por sua vez eram os ensinos de Jesus Cristo. Os que seguiram ensinamentos estranhos não participarão da nova re-alidade espiritual.

Para pensar e agir

Na realidade, tudo o que é descrito no Apocalipse, mesmo quando traz sofrimento e, às vezes, falta de com-preensão aos cristãos, faz parte da re- velação do “livro que estava nas mãos de Jesus Cristo” (Ap 5.7), e que foi ab-erto por Ele. O seu conteúdo revela o domínio de Deus sobre a história. É por isso que o inal do livro apresenta a vitória inal da Igreja. Ela é cuidada e dirigida por Deus até o inal. O tema do Apocalipse, de ponta a ponta, é a descrição de como o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, venceu e passou a reinar sobre tudo e todos.

Segunda-Feira: Apocalipse 20.7-10 Apocalipse 20.11-15 Apocalipse 21.1-8

Apocalipse 22.1-5 Apocalipse 21.9-27

Apocalipse 22.6-17 Apocalipse 22.18-21

Terça-Feira: Quarta-Feira: Quinta-Feira: Sexta-Feira: Sábado: Domingo:Le

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