PRINCIPAIS PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS … · • Polineuropatias sensitivo-motoras • Em geral,...
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NEUROPATIAS PERIFÉRICAS
Prof. Douglas Monteiro
Lesões nervosas periféricas
Caracterizadas por uma disfunção dos nervos periféricos;
As manifestações clínicas dependem da gravidade, da distribuição e das funções comprometidas;
Costuma produzir alterações como perda da sensibilidade, debilidade e atrofia musculares ou alteração do funcionamento dos órgãos internos.
Classificação
Mononeuropatia: Transtorno de um único nervo devido a causa local (trauma ou estrangulamento)
Mononeuropatia múltipla: Envolvimento focal de 2 ou mais nervos, decorrente de um transtorno generalizado, ex: diabete melito
Polineuropatia: Descrevem síndromes decorrentes de lesões difusas de nervos periféricos, simultaneamente, por todo o corpo
Tipos de neuropatia
Classe I – Neuropraxia
- Tração / Isquemia comoção ou compressão do nervo bloqueio de condução
- Não ocorre dano ao axônio propriamente dito
Leve perda da sensibilidade
Ausência de contração dos mm
paralisados
Ausência de reflexos tendíneos
Recuperação rápida e completa
em 03 meses
Tipos de neuropatia
Classe II – Axoniotmese
- Pressão prolongada ou recidivante degeneração ou ruptura dos axônios
- Preservação do tecido conectivo
Perda variável da função
sensitiva e motora
Pode ocorrer arreflexia e
atrofia muscular
Recuperação lenta (vários
meses a mais de 01 ano). Pode
ser incompleta
Tipos de neuropatia
Classe III – Neurotmese
- Violenta força de tração, fratura exposta ou luxações transecção completa do nervo
- Corte do axônio e tecido conectivo
- Recuperação improvável e necessidade de sutura
Lesões nervosas periféricas
Hereditárias
› Transtornos de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
Adquiridas
› Síndrome de Guillain-Barré
› Outras neuropatias adquiridas
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
• Charcot e Marie, na França no século XIX
• Identificaram:
– Fraqueza e atrofia dos músculos inervados pelo nervo fibular
– Natureza familiar da doença
– Fraqueza e perda sensitiva (parte distal das pernas, atrofia dos músculos enfraquecidos), podendo levar à incapacidade de deambular
Hereditárias
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
• Sintomas iniciam nas 1as décadas de vida
• Casos leves (percepção da doença na 5ª ou 6ª década de vida)
• Representa um conjunto de neuropatias
• Sinônimos:
– Atrofia Peronial Muscular (PMA)
– Neuropatia Motora e Sensorial Hereditária (HMSN).
Hereditárias
Nervo fibular Região ântero-lateral da perna e
região dorsal do pé
Músculos inervados:
Tibial anterior, extensores dos
dedos e fibulares
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT) Prevalência de 1:2.500
Adultos e crianças, independente de sexo
CMT tipo 1 e 2
1. Velocidade de condução nervosa lenta (desmielinização segmentar)
2. Velocidade de condução nervosa relativamente normal (degeneração axonal)
Etioepidemiologia
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
• Duplicação do cromossomo 17
• Autossômico Dominante
Patogenia
Aa aa
Aa aa aa Aa
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
Características:
› Paresia, atrofia, hipoestesia e arreflexia distal em MMII, podendo também acometer os MMSS
› Sintomas sensoriais geralmente são menos graves do que os motores e ocorrem mais tardiamente
Primeiros sintomas:
› 1ª ou 2ª décadas de vida com distúrbios na marcha ocasionados pela queda do pé e redução da propriocepção
Sinais e Sintomas
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
Evolução da doença:
› Escoliose, pé cavo e tremor nas mãos.
› Auxílio à deambulação serão necessários na idade adulta
› Dificuldade nos movimentos finos (zíper, botões) – mais raras
Complicações:
› Falência respiratória (imobilidade) e morte
Sinais e Sintomas
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT) HDA - Sintomas e cronologia da doença
História familiar
› identificar outros familiares que possam apresentar sintomas semelhantes ao do doente
Exame neurológico
› Sensibilidade, mobilidade, trofismo, tônus, presença de deformidades nos pés ou mãos
Diagnóstico
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT) • Eletromiografia
Identificar atividade mioelétrica dos músculos e sua velocidade de condução
Ajuda a classificar os dois tipos de CMT
• Biópsia do nervo periférico
Identificar: ↓ número de fibras, desmielinizaçäo; espessamento da bainha de mielina; perda de fibras mielínicas
• Teste de DNA
Diagnóstico
Transtorno de Charcot-Marie-Tooth (CMT) Não há cura!
Papel do médico:
› Aconselhamento clínico e genético, dependendo da caracterização da história familiar
› Sugerir tratamento sintomático e de reabilitação
Uso de órteses e faixas apropriadas para posicionamento
Cirurgia de pé (em casos extremos)
› Correção cirúrgica de pés com inversão exagerada para melhorar a marcha
Tratamento
Lesões nervosas periféricas
Hereditárias
› Transtornos de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
Adquiridas
› Síndrome de Guillain-Barré
› Outras neuropatias adquiridas
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Neuropatia desmielinizante inflamatória aguda
• S. Landry-Guillain-Barré
– 1859 – Jean B. O. Landry iniciam os primeiros estudos (França)
– 1916 - Georges Guilliain, Jean Alexander Barre e André Strohl (Paris)
Generalidades
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Doença auto imune
– Início agudo de disfunção de nervos periféricos e cranianos precedida por uma infecção viral respiratória ou gastrintestinal, assim como imunização, intervenções cirúrgicas (ex: transplantes), etc.
– Evidencia-se após 5 dias a 3 semanas
• Atinge preferencialmente os nervos motores aos sensitivos, geralmente simétrico e ascendente (dos pés até a cabeça)
• Em geral, de caráter reversível
Generalidades
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Acredita-se que a seja mediada imunologicamente
– Presença de anticorpos contra a proteína mielínica periférica
Etiologia
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • A mais freqüente neuropatia desmielinizante adquirida
• Atinge 0,6 a 1,9 caso por 100.000 habitantes
• Atinge adultos e crianças
– Incidência aumenta com a idade (principalmente adulto jovem)
• Homens = Mulheres
Incidência
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Surge dias ou semanas após infecção viral gastrointestinal ou do
trato respiratório superior
• 1ºs sintomas neurológicos: fraqueza simétrica dos membros, com parestesias (Paralisia flácida aguda)
• Outros sinais: – Abolição dos reflexos tendinosos
– Alteração sensitiva nas mãos e nos pés (meia e luva)
– Paresia facial (50%), disfagia e disartria
– Paresia respiratória (alguns necessitam de ventilação mecânica)
– Casos graves: disfunção autonômica (disritmia, taquicardia...) – morte
Sinais e Sintomas
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Fases:
Agravamento com 3 dias após início de sintomas (progressivo e rápido)
Período de estabilidade
Melhora gradual até adquirir função normal ou quase normal
A mortalidade ocorre quando há paresia de músculos respiratórios, seguidos de falência respiratória
Sinais e Sintomas
Síndrome de Guillain Barré (SGB) HDA
› Desenvolvimento subagudo de uma neuropatia motora ou sensitivomotora simétrica após doença viral ou cirurgia
LCR
› Contagem de células pode estar normal, ↑proteínas (normal nos 1ºs dias), ↑ anticorpos IgG ou IgA
Eletrofisiologia
› Velocidade de condução nervosa está reduzida, mas podem estar normais no início da evolução
Diagnóstico
Síndrome de Guillain Barré (SGB) • Fase aguda (até 2 semanas de início)
Plasmaférese imediata (troca de plasma, mais invasivo) ou infusão intravenosa de gamaglobulinas humanas (IGIV) acelera a recuperação e diminui a incidência de incapacidade neurológica duradoura
Ventilação mecânica assistida, caso necessário
Posicionamento adequado no leito e movimentação passiva de todas as articulações
Tratamento e Prognóstico
Síndrome de Guillain Barré (SGB) Fase de recuperação
› Fisioterapia para reforço muscular
› Uso de órteses para favorecer a marcha
› Fonoterapia (se permanecer disfunções orofraíngeas)
› Interdisciplinaridade sempre!!!
Prognóstico: A evolução geralmente é benigna, e a recuperação espontânea começa em 2 a 3 semanas.
Tratamento e Prognóstico
Lesões nervosas periféricas
Hereditárias
› Transtornos de Charcot-Marie-Tooth (CMT)
Adquiridas
› Síndrome de Guillain-Barré
› Outras neuropatias adquiridas
Outras neuropatias adquiridas
DIABETE MELITO
1. Transitória
• Neuropatias dolorosas agudas, mononeuropatias e radiculopatias
• Dor incapacitante contínua e em queimação que pode durar meses a 1 ano.
• Mononeuropatias comuns: Paralisias por pressão (n. mediano no túnel do carpo, n. ulnar no cotovelo...)
2. Progressiva
• Polineuropatias sensitivo-motoras
• Em geral, simétricas e generalizadas
• Degeneração axonal, sem recuperação total
• Controle efetivo da glicose limita as complicações (hiperglicemia causa hipóxia e desmielinização)
Causas Metabólicas
Outras neuropatias adquiridas
ARSÊNIO
› Presente em inseticidas e venenos e também utilizado como conservante de madeira e couro
› Ingestão diária é essencial: carnes, peixes e crustáceos, vegetais e cereais
› Exposição crônica a pequenas quantidades (indústrias, na fundição de cobre e chumbo)
› Ingestão ou administração de grande quantidades
› Características:
Sintomas gastrointestinais agudos, vômitos e diarréia
Sintomas sensitivos nos primeiros estágios (meia-e-luva)
Dores e parestesias → fraqueza → paralisia flácida completa nos MMSS e MMII
Velocidade de condução normal ou ligeiramente diminuída (desmielinização axonal)
Secundárias à Intoxicação