Princípios bioclimáticos para desenho urbano - estudo de caso Ipatinga-MG_Danilo Botelho

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DANILO DE CARVALHO BOTELHO ALMEIDA

PRINCPIOS BIOCLIMTICOS PARA DESENHO URBANOESTUDO DE CASO O CENTRO DE IPATINGA / MG

Trabalho apresentado ao Curso de Planejamento Ambiental Urbano, curso de especializao do Instituto de Educao Continuada da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. Orientador: Alfio Conti

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BELO HORIZONTE ABRIL/2004

SUMRIO1. INTRODUO ..................................................................................................... 3 2. A CIDADE ............................................................................................................ 4 2.1. Breve histrico ........................................................................................... 4 2.2. Urbanismo ................................................................................................. 7 2.3. Urbanismo e o Meio Ambiente ................................................................. 11 3. CARACTERIZAO DO CLIMA ...................................................................... 3.1. O clima no Brasil uma viso macro ...................................................... 3.2. O clima na Regio Sudeste ..................................................................... 3.3. O clima de Ipatinga ................................................................................. 14 14 16 18

4. CONFORTO AMBIENTAL NAS REGIES TROPICAIS ................................... 19 4.1. O homem e o ambiente ............................................................................ 19 4.2. Elementos do clima a serem controlados ............................................... 21 5. DESENHO URBANO BIOCLIMTICO ............................................................. 5.1. Centro de Ipatinga breve histrico ....................................................... 5.2. O projeto Interveno no Centro de Ipatinga ....................................... 5.3. Tcnicas utilizadas para desenho urbano bioclimtico ........................... 5.3.1. Avenida 28 de Abril ............................................................................ 5.3.2. Novo Centro ....................................................................................... 22 22 23 28 28 33

6. CONCLUSO .................................................................................................... 34 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 35 ANEXOS ................................................................................................................. 36

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1. INTRODUO

O planejamento urbano uma das mais complexas tarefas. Aborda diversas disciplinas, as quais muitas vezes o arquiteto e urbanista, principal sujeito vinculado a este planejamento, no tem conhecimento profundo. A prtica do desenho urbano tem se dado sem levar em conta os impactos que provoca no ambiente, o que repercute no s no desequilbrio do meio, como tambm no conforto e salubridade das populaes urbanas. necessrio o conhecimento dos elementos fsico-ambientais, como temperatura, umidade do ar, etc., para que o desenho dos espaos possa ser condicionado e adaptado s caractersticas do meio, como a topografica, latitude, ecologia e em especial o clima. O enfoque dado ao ambiente trmico deve-se ao estudo de caso. Ipatinga encontra-se numa regio de clima tropical, como quase todo o territrio brasileiro, mas com um microclima bastante quente. Este tema abordado do ponto de vista bioclimtico. A Bioclimatologia humana envolve as reas da biologia, ecologia,

climatologia, e neste caso, o desenho urbano. A biologia e ecologia contribuem para se entender a fisiologia humana e sua inter-relao com o ambiente trmico. A climatologia, ou meteorologia, contribui para o entendimento das variveis do clima que afetam a percepo trmica do homem. J o desenho urbano visa englobar todas estas informaes e compila-las de maneira a proporcionar um melhor conforto trmico ao homem.

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2. A CIDADE

2.1. Breve histrico

A cidade de Ipatinga est localizada na regio Leste do estado de Minas Gerais, a 217 Km da capital Belo Horizonte, numa regio conhecia como Vale do Ao (Ver Anexos). As explicaes para o nome variam: pela juno dos termos ipa da palavra Ipanema e tinga de Caratinga ou pela sua origem tupi, sendo traduzida como Pouso de gua Limpa. A ocupao da regio se iniciou com a construo da Estrada de Ferro Vitria a Minas, em meados da dcada de 1920. Em 1922, a Estao Ferroviria de Pedra Mole foi inaugurada, no km 475, entre os atuais bairros Cariru e Castelo, na margem direita do Rio Piracicaba. Foi aberta uma clareira na floresta, no local denominado crrego Nossa Senhora, a fim de construir o acampamento para abrigar trabalhadores de uma das empreiteiras da Estrada de Ferro. No entanto, poucos resolveram se instalar nas proximidades da Estao, devido s condies de insalubridade.

FIGURA 01: Confluncia dos rios Piracicaba e Doce, onde se iniciou a ocupao da cidade. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga

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Anos mais tarde, esta estao foi transferida para outro local, onde hoje a Estao Memria, no Centro, j com o nome de Ipatinga, e servia para o embarque de carvo e passageiros. Ao seu redor foi se formando a futura vila de Ipatinga1.

FIGURA 02: Estao Ferroviria de Ipatinga, provavelmente nos anos 40 ou 50. Fonte: Dirio do Rio Doce. FIGURA 03: Estao Ferroviria, hoje um centro cultural denominado de Estao Memria. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

Tal ocupao, diga-se de passagem, denomina-se como sendo a do homem branco, pois ali viviam os ndios Botocudos, que foram exterminados numa guerra impiedosa iniciada no ano de 1808 e que se prolongaria at as primeiras dcadas do sculo XX. Ipatinga encontra-se na bacia dos rios Doce e Piracicaba. Hoje o municpio limtrofe ao Parque Estadual do Rio Doce. O parque um dos poucos resqucios de mata atlntica nativa, pois a madeira servia de carvo vegetal para abastecer os auto-fornos das siderrgicas, Belgo-Mineira, implantada no ano de 1937 em Joo Monlevade e posteriormente a Acesita, em Timteo.

A primeira estao era a Estao Pedra Mole, prxima s margens do rio Piracicaba, entre os bairros Castelo e Cariru, sendo depois abandonada. No se tem a data exata da mudana para a Estao Ipatinga, no Centro da cidade.

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FIGURA 04: Parque Estadual do Rio Doce. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

O crescimento econmico e demogrfico se iniciou no final da dcada de 1950, com a implantao da Usina Intendente Cmara, Usiminas, iniciada em 1958 e inaugurada em 26 de Outubro de 1962. Nessa poca, Ipatinga no era mais que um povoado com cerca de 60 casas e 300 habitantes. Desprovida de qualquer infraestrutura, as ruas eram de terra, a luz a motor e a gua era fornecida em lombo de burro ou carros. Vrias eram as doenas endmicas como esquistossomose,

malria e tuberculose pulmonar.

FIGURA 05: Pedra Fundamental para a construo da Usiminas. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga. FIGURA 06: Construo da Usiminas, final da dcada de 50. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

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Em 1962 foi fundada a Sociedade dos Amigos de Ipatinga, primeira entidade de defesa do desenvolvimento da regio e da emancipao do distrito, pertencente ao municpio de Coronel Fabriciano2. Ipatinga foi emancipada no dia 29 de abril de 1964 e em dezembro de 1965 ocorreu a posse dos primeiros vereadores e de Fernando dos Santos Coura, primeiro prefeito eleito do municpio.

FIGURAS 07 e 08: Imagens da poca da construo da cidade. Bairros Bom Retiro e Cariru, respectivamente. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga. FIGURA 09: Praa 1 de Maio, no centro da cidade, na dcada de 60. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

2.2. Urbanismo

Com a implantao da Usiminas, seria necessria toda uma infra-estrutura capaz de suprir as necessidade da siderrgica, como tambm de seus funcionrios e empregados da construo civil que ali iriam se instalar. populao de 10 mil pessoas durante o perodo de implantao. Encarregado de fazer os estudos e o projeto detalhado de urbanizao e expanso da rea urbana da cidade, o arquiteto Rafael Hardy Filho no teve problemas na avaliao e aprovao do mesmo, sem restries, pelo engenheiro Lcio Costa. O conceito urbanstico utilizado por Hardy foi o de cidade aberta, onde o dinamismo da indstria siderrgica inseria a aldeia no mundo e vice-versa.Antes da emancipao, Ipatinga pertenceu no somente ao municpio de Coronel Fabriciano, mas tambm ao municpio de Antnio Dias.2

Foi estimado uma

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Desde o incio a cidade deveria ser projetada em termos de comunidade aberta, na qual, passada a fase de construo e implantao, a livre iniciativa passasse a atuar cada vez com maior intensidade. (HARDY, Rafael)

O projeto estabelecia que cada bairro funcionasse como uma unidade de vizinhana autnoma, cada um com sua prpria rea de comrcio, lazer, sade e educao. Esses bairros so hoje o Castelo, Cariru, Bom Retiro, Imbabas, Horto, Vila Ipanema, Bela Vista e das guas. Previa tambm um centro cvico-

administrativo, com prefeitura, cmara de vereadores e um frum, alm de biblioteca pblica, central de polcia e bombeiro, ou seja, um centro comunal que abrigasse as diversas atividades como comrcio, hotis, penses, alojamentos destinados aos funcionrios e operrios solteiros e populao flutuante de vendedores,

compradores e visitantes.

FIGURA 10: Urbanizao do Bairro Cariru, dcada de 60. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

Deste centro comunal, cortado pela Rua do Comrcio, atual Avenida 28 de Abril, que se formou o atual centro da cidade. Foi a partir deste centro tambm que a cidade comeou a crescer desordenadamente sem um planejamento claro como o

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de Hardy. Mas ainda assim, os conceitos de cidade aberta foram mantidos, s que com uma maior participao da iniciativa privada. Na dcada de 1980 foi criada a Companhia Urbanizadora do Vale do Ao, CURVA, para realizar um programa de obras a fim de reorientar a estrutura urbana da cidade e corrigir problemas que tm origem no processo de sua formao, conforme anunciava o governo municipal da poca. Grandes problemas de

saneamento bsico, infra-estrutura, educao e sade se agravaram devido ao grande crescimento demogrfico. As obras desta poca definiram grande parte do atual traado do sistema virio e paisagstico da cidade. Paisagismo este, feito por Burle Marx, sendo o principal projeto, a implantao de um parque municipal, o Parque Ipanema, complexo englobando o estdio municipal, o Ipatingo, alm do Kartdromo Emerson Fittipaldi.

FIGURA 11: Vista Geral do Parque Ipanema, do Estdio Municipal, Ipatingo direita, kartdromo no alto direita e do sistema virio. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

A dcada de 1990 e incio deste sculo se caracterizam por um novo conceito de administrao pblica, buscando resgatar a dvida social dos governos anteriores,

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implementando projetos voltados s regies e populaes mais carentes, principalmente atravs do Oramento Participativo. O Novo Centro, projeto que relocou 300 famlias para um novo bairro chamado Planalto, completamente servido de infra-estrutura e criando rea de lazer no centro da cidade. Na rea ambiental podemos destacar, a criao de novos parques, como o Parque da Unio, no bairro Planalto, e o Parque das Samambaias e principalmente, a rea de Preservao Ambiental (APA) do Ipanema.

FIGURA 12: Parque da Unio, no Bairro Planalto. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

FIGURAS 13 e 14: Vista Geral do Projeto Novo Centro, antes e depois. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

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2.3. O Urbanismo e o Meio Ambiente

A relao da cidade com o que diz respeito ao meio ambiente bastante dspar. Nos primrdios da ocupao, grandes reas de mata atlntica nativa foram devastadas para produo de carvo vegetal, principalmente para suprir as fornalhas das siderrgicas. No correto afirmar que questes relativas ao meio ambiente foram adotadas na implantao da cidade, mas pode-se observar que as regies de topo de morros e encostas foram preservadas. Talvez pela maior facilidade de se

aproveitar os terrenos planos e a rapidez necessria de se construir a cidade, estas reas no foram ocupadas. Hoje sabe-se da importncia da preservao destas na recarga dos lenis freticos. A cidade era conhecida at o final da dcada de 1980 como a Cubato Mineira, devido aos altos ndices de poluio. Crianas nascidas no final da dcada de 1970 e incio dos anos 80 podem ser denominados como a Gerao Bronquite, pois grande parte destas nasciam com problemas respiratrios. Na dcada de 1970, com iniciativa da Usiminas, foi criado um programa de reflorestamento e plantio de rvores nativas, incluindo tambm rvores frutferas, o que atraiu para a regio diversas espcies de pssaros e pequenos animais. Mas em grande parte deste reflorestamento foi utilizado o eucalipto, principalmente com a implantao da Cenibra, empresa de celulose, mas fora do permetro urbano da cidade.

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FIGURA 15: Vista area da Usiminas, ao centro e do Parque Estadual do Rio Doce ao fundo. Vista dos topos de morro bastante arborizados. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

O poder pblico passou a ser mais ativo a partir da dcada de 1980. Com a contratao de Burle Marx, alm de embelezar a cidade, props a criao de alguns parques municipais, se destacando o Parque Ipanema3. Um programa ainda mais extenso de plantio de rvores tambm foi incorporado. Mas s no incio da dcada de 1990 que as atividades se iniciaram no parque. A construo de quadras

poliesportivas, equipamentos de suporte para a populao, como banheiros pblicos, galpes, e o plantio de rvores, alm da implantao do Horto Municipal4. Hoje o parque o corao da cidade e vive em plena atividade.

Maior rea verde urbana do Estado de Minas Gerais. Ipatinga hoje a nica cidade com menos de 500 mil habitantes e que no capital de estado com o prprio viveiro de mudas.4

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Foi a partir desta dcada tambm que a poltica ambiental passou a ser prioridade junto ao poder pblico municipal. A criao de diversos outros parques, como o Parque das Samambaias, o Parque da Unio, alm da rea de Proteo Ambiental (APA) do Ribeiro Ipanema, que engloba uma rea de 74 km ao redor das suas nascentes. Hoje so 127 m de rea verde por habitante, muito maior do que os 73 m registrados em 19885. A destinao final do lixo e esgoto tambm prioridade, sendo o aterro sanitrio da cidade modelo no Brasil, e um dos primeiros instalados. A construo de Estao de Tratamento de Esgoto (ETE) se encarrega dos 100% de esgoto coletado6, antes de retornar e Piracicaba. ser incorporado ao Rio

FIGURAS 16 e 17: Imagens do Aterro Sanitrio. Vista area e do interior do mesmo, respectivamente. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga. FIGURA 18: Estao de Tratamento de Esgoto (ETE). Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

Em 1995, a cidade foi uma das 32 cidades brasileiras a receber o prmio Eco Urbs, outorgado pela Sociedade Brasileira para a Valorizao do Meio Ambiente Biosfera. Aliado a isso, a educao ambiental de relevante importncia na cultura municipal. Iniciado em 15 de outubro de 1984, o Projeto Xerimbabo, que em tupi do sculo XVIII significa animal domstico, implementou uma nova proposta pedaggica atravs de exposies, seminrios, cursos e palestras, atingindo todas as faixas etrias da populao. O projeto, com destaque nacional na comunidade5 6

Dados obtidos no site da Prefeitura Municipal de Ipatinga. Idem 5.

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cientfica, uma ao anual, com parceria da Usiminas e que acontece na Associao Esportista e Recreativa Usipa. Este o nico clube de lazer e esporte em todo o pas que mantm um zoolgico que no apenas exibe os animais, mas mantm um projeto de pesquisa cientfica e educao ambiental, o Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus), de reconhecimento nacional, tendo como parceira a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas a poltica populista municipal tem seus contras. Como forma de agradar toda uma populao, projetos so feitos sem o devido planejamento, ou pelo menos, sem haver um planejamento ambientalmente correto. A canalizao de diversos dos crregos da cidade acaba com a vida aqutica local e no permite a infiltrao da gua e o ciclo natural da mesma. A drenagem elimina os chamados problemas de inundaes na cidade, mas na verdade este problema est sendo somente deslocado para outro ponto. Alm disso, o asfaltamento de toda e qualquer rua cria a mesma complicao. Ocupaes em reas de declividade acima de 47% por exemplo, recebem o asfaltamento, com isso, a gua das chuvas levada do ponto mais alto podendo causar problemas nos pontos mais baixos.

3. CARACTERIZAO DO CLIMA

3.1. O Clima no Brasil Uma Viso Macro

Podemos destacar como climas no Brasil o Equatorial, Tropical e Subtropical. Numa viso geral, o Brasil est localizado em duas rea climticas, sendo que 92% do territrio est localizado acima do Trpico de Capricrnio, ou seja, na Zona

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Tropical, e somente a Regio Sul e no sul do estado de So Paulo se localizam abaixo do mesmo, na Zona Temperada.

FIGURA 19: Ilusta a faixa tropical no globo. Fonte: http://climabrasileiro.hpg.ig.com.br FIGURA 20: Ilustra a Zona Tropical nas Amricas. Fonte: http://climabrasileiro.hpg.ig.com.br

necessria uma avaliao mais profunda para definir com clareza o clima do Brasil. Deve-se levar em conta fatores como temperatura, regime de chuvas, umidade, ventilao e radiao solar. Abaixo vemos duas classificaes, que consideram todos esses fatores, mas denominam nomenclaturas diferenciadas: a primeira feita por Koppen Geiger e a segunda por Gourou e Bernardes. Mapa de Koppen Geiger

FIGURA 21: Diferentes regies climticas no Brasil na viso de Koppen e Geiger. Fonte: http://www.climabrasileiro.hpg.ig.com.br

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Mapa de Gourou e Bernardes

FIGURA 22: Diferentes regies climticas no Brasil na viso de Gourou e Bernardes. Fonte: HERTZ, 1988.

3.2. O Clima na Regio Sudeste

A Regio Sudeste apresenta um clima bastante diversificado, onde podemos encontrar desde um clima subtropical, tpico da Regio Sul como tambm um clima semi-rido, caracterstico do Nordeste. O relevo a principal causa para essa miscelnea na classificao do clima. O planalto e as serras encontradas na poro leste da regio, abrangendo todos os estados, So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Esprito Santo, denominados como mar de morros, amenizam o clima. Em certos pontos resultam em um clima frio, como por exemplo, Campo do Jordo, no estado de So Paulo. J no extremo norte do estado de Minas Gerais encontramos uma regio semi-rida, com temperaturas bem elevadas.

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As temperaturas mdias na Regio Sudeste variam entre 17C e 25C, mnimas e mximas respectivamente, mas podendo a chegar a temperaturas extremas de 40C no serto mineiro e abaixo de 0C, nas regies sul do estado de So Paulo, Campos do Jordo e Serra da Mantiqueira7. O regime de chuvas regular sem estao seca, com queda do ndice no inverno, exceto no norte mineiro onde as chuvas so escassas. A mdia na regio de 1600mm/ano, enquanto que a mdia nacional de 1520mm/ano8. O grfico abaixo ilustra estes dados de temperatura e precipitao, mostrando que ambos so diretamente proporcionais.

Precipitao x Temperatura

FIGURA 23: Grfico ilustra a quantidade de chuva na Regio Sudeste, comparando-a com a temperatura. Observa-se que a curva de ambos so diretamente proporcionais. Fonte: http://www.climabrasileiro.hpg.ig.com.br

No mapa abaixo, observa-se a grande diferena de temperatura na regio.

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Dados obtidos no site Informaes Climticas. Idem 7.

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Mapa Temperaturas Mdias no Brasil

Mapa Temperaturas Mdias na Regio Sudeste

FIGURA 24: Ilustra as temperaturas mdias, tanto do territrio brasileiro quanto da Regio Sudeste, inserindo Ipatinga na rea laranja, com temperaturas mdias em torno de 23C. Fonte: http://www.climabrasileiro.hpg.ig.com.br

3.3. O clima de Ipatinga

Ipatinga est localizada a 192846 de latitude sul e 4231'18" de longitude oeste e a 220 m acima do nvel do mar, numa regio de relevo bastante acidentado. A cidade encontra-se num vale, e seu territrio de 166,5 km consiste em 55% plano, 30% ondulado e 15% montanhoso, podendo chegar a alturas de mais de 1000 metros. Esta localizao faz com que o microclima da regio seja classificado como tropical subquente e subseco, com temperatura mdia de 23C, chegando a extremos de 35C no vero e 7,6C no inverno9. A ventilao satisfatria e a direo do vento predominante Leste, variando entre Sudeste e Nordeste, de acordo com ocorrncias de chuva ou dias nublados. Apesar do clima bastante quente, a umidade relativa do ar varia entre 78,2% no inverno e 84% no vero10. A causa da umidade elevada a presena abundante

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Idem 5. Idem 5.

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de vegetao em todo seu territrio. A precipitao pluviomtrica chega a 343,6 mm no regime das chuvas11, que ocorrem no vero, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro. O vero uma estao bastante quente e nem as chuvas amenizam o ndice de conforto. J o inverno bastante ameno, com temperaturas muitas vezes agradveis.

4. CONFORTO AMBIENTAL NAS REGIES TROPICAIS

4.1. O homem e o ambiente

O homem no um elemento passivo na relao com o clima, pois seu corpo realiza processos de trocas trmicas com o meio, afim de manter um adequado equilbrio trmico. A temperatura, a radiao, a umidade e a movimentao do ar, so elementos do clima que atuam diretamente na percepo trmica do homem. Como forma de responder a estas exigncias externas, o homem utiliza-se de dois processos: o fisiolgico (suor, variaes do fluxo sangneo que percorre a pele, batidas cardacas, contrao dos msculos, arrepio) e o comportamental (sono, prostrao, reduo da capacidade de trabalho). Sendo assim, o homem capaz de ganhar ou perder calor para o meio atravs dos processos de radiao, conduo e conveco. Pode-se ganhar calor essencialmente atravs do metabolismo e atividades e perder calor essencialmente por evaporao. Mas existem trs meios de controle da dissipao regular de calor: o sistema termo-regulador do organismo, o uso adequado de vestimenta e a criao de um invlucro, o edifcio. Para que isso acontea, a arquitetura e urbanismo, no11

Idem 5.

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planejamento das cidades e edificaes, devem visar a utilizao de meios que controlem o conforto de maneira regular.

FIGURA 25: Ilustra os processos de troca de calor entre o homem e o meio. Fonte: ROMERO, 2000 PROCESSOS DE TROCA Conduo Conveco Radiao Evaporao VARIVEIS DO MEIO Temperatura das superfcies Temperatura do ar Velocidade do ar Efeito da radiao direta e difusa do sol e de radiao dos objetos e superfcies aquecidos Presso de vapor do ar Velocidade do ar

TABELA 01: Sntese dos processos de troca e das variveis do meio. (ROMERO, 2000)

Diversos so os estudos relacionados com a influncia do ambiente na reao humana. Victor Olgyay desenvolveu o diagrama chamado Carta

Bioclimtica, que combina temperatura do ar e umidade definindo zonas de conforto, enquanto a Carta Bioclimtica de Givoni baseada em um ndice de tenso trmica, combinando temperatura seca do ar, temperatura mida e ventilao, tambm definindo zonas de conforto. Ambos os estudos so bastante importantes na

compreenso dos elementos de controle como forma de se obter um adequado conforto trmico. Porm, no so estudos criados para regies de clima tropical, e um estudo mais preciso sobre estas condies de clima necessrio para se obter

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melhores resultados, levando-se em considerao no somente as variveis do meio, mas tambm as variveis do indivduo adaptado quela regio.

4.2. Elementos do clima a serem controlados

O entendimento do clima um aliado importante no conhecimento sobre quais aes tomar para a produo de projetos que visam o conforto do homem. O desenho urbano bioclimtico atua como um mecanismo de controle das variveis do meio, seja atravs do invlucro (paredes, pisos, coberturas), do seu entorno (gua, vegetao, sombras, terra) ou ento do aproveitamento dos elementos e fatores climticos para melhorias de ventilao e insolao. Este passa a ser um filtro dos elementos climtico adversos s condies de sade e conforto trmico do homem. Todo os elementos do meio ambiente urbano, ou seja, as edificaes, a vegetao, as ruas, praas e o mobilirio urbano devem conjugar-se com o objetivo de atender s exigncias de conforto trmico para as prticas sociais do homem. Isto porque a concepo do bioclimatismo, no desenho urbano, a interao dos elementos: climtico, do lugar, de uma cultura, com a finalidade de criar ou recriar ambientes urbanos. Os elementos do clima a serem controlados so: a temperatura, os ventos, a umidade, a radiao e as chuvas, cada um com as devidas caractersticas climticas locais.

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Elementos do clima a serem controladosELEMENTOS A CONTROLAR Temperatura Ventos Umidade Radiao Chuvas CLIMA DE IPATINGA Reduzir a produo de calor (diminuir a temperatura) Incrementar o movimento do ar Melhorar a ventilao noite Evitar a absoro de umidade e diminuir a presso de vapor Promover a evaporao Reduzir a absoro de radiao Filtrar a radiao direta Proteo dos espaos pblicos

TABELA 02: Aes de controle dos elementos climticos no caso de Ipatinga.

5. DESENHO URBANO BIOCLIMTICO

5.1. Centro de Ipatinga breve histrico

Historicamente, o centro da cidade o local onde surgiu a vila de Ipatinga. Ao redor da estao, as pequenas casas foram sendo construdas e os primeiros estabelecimentos comerciais tambm, para atender s necessidades tanto dos moradores, quanto dos tropeiros que por ali passavam. Aos poucos o centro foi se configurando e a principal rua era a Rua do Comrcio, atual Avenida 28 de Abril, e as principais lojas e estabelecimentos se encontravam nela. Com a construo da cidade, grande parte do Centro j estava configurado, e o projeto no envolvia o planejamento do mesmo, e sim, um projeto complementar, o centro comunal, com os grandes equipamentos pblicos e alguns estabelecimentos, como hotis e penses (Ver Anexos) Foi um crescimento orgnico e desorganizado que s na dcada de 1990 que as atenes do poder pblico se voltaram para o problema. A principal zona

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comercial da cidade abrangia a chamada, Zona Bomia da cidade, e uma outra rea bastante degradada, na regio da Rua do Buraco. Em 1993, uma grande enchente abalou a cidade, e grande parte destas casas foram inundadas e derrubadas pela gua, e vrias pessoas ficaram desabrigadas. o incio do projeto Novo Centro. Entregue em 1995, o Projeto Novo Centro transfere as famlias que ali moravam para um novo bairro, o Bairro Planalto, com toda a infra-estrutura implantada e um parque, o Parque Unio. A rea da Rua do Buraco se torna num grande espao verde, um grande avenida, a Avenida Zita de Oliveira, com estacionamento, quadras poliesportivas e uma rea de lotes vagos, bastante valorizados.

5.2. O projeto Interveno no Centro de Ipatinga

Apesar da iniciativa pblica, o projeto do Novo Centro no engloba todo o Centro da cidade, e os outros problemas no so resolvidos. A situao irregular das edificaes e lotes (ruas com nmeros repetidos), a falta de infra-estrutura em algumas reas so alguns dos diversos problemas encontrados hoje. Com a construo do Shopping do Vale do Ao12, afastado do Centro, o comrcio local se abalou, mas nada que realmente afastasse os antigos comerciantes, consumidores e usurios. Continua sendo a principal zona comercial da cidade, mas com a implantao do shopping, eram necessrias melhorias que atendessem as necessidades de todos os atores envolvidos com o Centro.

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Shopping Vale do Ao localizado prximo ao Bairro Horto, inaugurado no ano de 1998.

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O foco principal de atuao do projeto a Avenida 28 de Abril, principal avenida da cidade. Chamada antigamente de Rua do Comrcio, ainda hoje a principal artria comercial da cidade. O projeto consiste em etapas de fechamento da rua, transformando-a gradualmente numa rua de pedestres. A idia a no imposio da proposta, e sim a criao de uma cultura, que passo a passo vai influenciando os usurios e comerciantes locais e tambm como forma minimizar os impactos na dinmica local. Como forma de suprir a falta de vagas de estacionamento, edifcios garagem seriam implantados no interior das quadras adjacentes, devido ao fechamento da rua. So trs as etapas de pedestrializao da Avenida 28 de Abril (Ver Anexos):

1 ETAPA: Manuteno do calamento existente; Alinhamento das caladas ao longo de toda a avenida; Aumento de 1,25 m da calada sul da avenida, utilizando pavimento intertravado e criao de canteiros gramados; Diminuio do nmero de vagas.

2 ETAPA: Aumento de 1,25 m da calada norte da avenida, utilizando pavimento intertravado e criao de canteiros gramados; Aumento de 1,00 m da calada sul da avenida, utilizando pavimento intertravado; Diminuio do nmero de vagas.

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3 ETAPA: Fechamento completo da avenida utilizando pavimento intertravado; Implantao de equipamentos, mobilirio urbano e vegetao.

Deve-se entender que as 3 etapas de implantao no se aplicam simultaneamente em toda a avenida. Esta foi secionada em cinco quadrantes, e cada etapa implementada passo a passo em cada um destes. A tabela abaixo mostra de forma simplificada esta questo.

QUADRANTE C1 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA

QUADRANTE B1 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 3 ETAPA

QUADRANTE A 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 3 ETAPA 3 ETAPA

QUADRANTE B2 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 3 ETAPA

QUADRANTE C2 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA

TABELA 03: Quadrantes de interveno da Avenida 28 de Abril (BOTELHO, 2002)

FIGURA 26: Quadrantes de interveno da Avenida 28 de Abril (BOTELHO, 2002)

Desta forma se consegue conciliar o fechamento da rua, com as devidas desapropriaes do interior das quadras e a construo dos edifcios garagem.

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medida que se diminui as vagas de estacionamento da avenida, estas vo sendo supridas pelos edifcios. Tais equipamentos abrigariam ainda mais vagas do que suporta a avenida e providenciaria uma maior segurana, como portaria, tickets numerados e seguranas, alm de banheiros e telefones pblicos. Os locais de implantao dos mesmos, o interior das quadras adjacentes Avenida 28 de Abril, hoje so muito mal utilizadas. A maioria das edificaes so comerciais e seus quintais abrigam somente puxados, e no quintais arborizados e gramados de uso de uma nica famlia. Algumas destas quadras j abrigam estacionamentos em seus interiores. Os telhados serviriam como grandes coletores de gua de chuva. Esta gua seria encaminhada atravs dos pilares a reservatrios subterrneos, podendo ento ser utilizada na prpria caixa dgua dos banheiros, na lavagem do cho, dos banheiros, das caladas. Deve-se aproveitar a poca do regime de chuvas como parmetro, para obter a capacidade dos reservatrios, juntamente com a rea da capacitao, o telhado. intertravados. Na pavimentao seriam utilizados os pavimentos

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FIGURAS 27 e 28: Vistas do Edifcio Garagem. Fonte: BOTELHO, 2002. FIGURAS 29, 30 e 31: Exemplo de insero do Edifcio Garagem no centro de uma quadra. Fonte: BOTELHO, 2002.

O projeto tambm engloba a rea do Novo Centro. Nesta rea encontra-se um sistema virio bastante generoso, a Avenida Zita de Oliveira, com duas vias de pista dupla alm de acostamento, que tambm serve de estacionamento. Um estacionamento, para aproximadamente 200 vagas e 2 quadras poliesportivas. Tambm um amplo calado, com mirantes para o Ribeiro Ipanema e uma extensa rea gramada. A falta de equipamentos urbanos e infra-estrutura faz desta, hoje, uma rea bastante rida e inutilizada. So poucas as pessoas que se apropriam do espao, que usualmente utilizado somente para estacionamento de veculos. necessria uma maior arborizao, implantao de bebedouros, banheiros pblicos,

lanchonetes e mobilirio adequado para um maior aproveitamento do local, e no uma rea deriva dentro do espao urbano.

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FIGURAS 32: Mapa do Novo Centro. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

5.3. Tcnicas utilizadas para desenho urbano bioclimtico

As duas reas de interveno, a Avenida 28 de Abril e o Novo Centro requerem tratamentos distintos, no que diz respeito ao desenho urbano bioclimtico. Porm, o tratamento de ambos visa o mesmo objetivo: um melhor conforto trmico para os usurios, principalmente, alm da criao de reas agradveis para o lazer, compras, esporte.

5.3.1. AVENIDA 28 DE ABRIL

A principal interveno na Avenida 28 de Abril a transformao de uma via bastante movimentada por veculos em uma via de pedestres. Para tanto, a

substituio do asfalto por pavimentos intertravados de concreto proporciona, no somente um melhor conforto trmico mas tambm devido ao melhor fator de luminncia, proporciona maior economia de energia eltrica.

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A inrcia trmica do concreto maior do que a do asfalto, fazendo com tenha uma maior capacidade de armazenar calor e ret-lo por um maior perodo de tempo, ou seja, mais lenta ser a transmisso desse calor. Essa lentido chamada de atraso ou retardo trmico.

Fator de LuminnciaCOR DO BLOCO Cinza claro Cinza escuro Marrom escuro Marrom claro Vermelho claro Amarelo Natural Terracota LUZ DO DIA 0,15 0,18 0,18 0,29 0,18 0,29 0,23 0,24 ARTIFICIAL 0,14 0,16 0,16 0,27 0,16 0,27 0,23 0,22

Superfcies asflticas: 0,07TABELA 04: Demonstra a diferena no fator de luminncia das cores propostas, em negrito, em relao ao asfalto. (ABCP Curso Pavimento Intertravado)

FIGURAS 33 e 34: Ilustram a diferena trmica entre o asfalto, concreto e grama, e como estes dois ltimos so mais agradveis. Fonte: SIERRA, 2001.

medida que a avenida for sendo pedestrializada, sero inseridos canteiros, substituindo o asfalto por reas gramadas. Estes canteiros, alm de ser tornarem reas para infiltrao de guas pluviais, teriam tambm a presena de vegetao, que funcionam como filtros de radiao solar, proporcionam uma maior umidade do ar, alm da sombra.

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FIGURA 35: Efeito refrescante da vegetao. Fonte: ROMERO, 2000. FIGURA 36: Pantalha vegetal sobre os caminhos de pedestre e presena de gua. Fonte: ROMERO, 2000.

Como forma de complementar o uso destas tcnicas utilizadas na pavimentao, equipamentos urbanos com a presena do fator gua seriam incorporados. Uma fonte, em cada extremidade da avenida, alm de um

equipamento urbano que envolva: cascata, bancos, telefones pblicos e lixeiras, em madeira, argamassa armada e pedra. Este seria um paredo de pedra, com uma cascata e pergolado de madeira, que juntamente com uma vegetao adequada, proporcionaria reas de sombra. Os bancos, lixeira e cabines telefnicas seriam de argamassa e detalhes em madeira, policarbonato e ao. O fator gua, utilizado como tcnica de resfriamento por evaporao, funciona atravs de um processo chamado adiabtico. Isto acontece quando o ar passa por uma superfcie molhada, aumentando a umidade relativa do ar. O vapor, por sua

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capacidade de armazenar o calor, recebe, por transferncia, o calor do ar, baixando a temperatura real. Isso proporciona um maior conforto trmico ao homem, pois o corpo humano tem a capacidade de perder mais calor por conveco ao ar, do que pela evaporao do suor.

FIGURAS 37, 38 e 39: Vistas da Cascata, equipada com bancos, lixeiras, telefones pblicos e pergolado. Fonte: BOTELHO, 2004. FIGURA 40: Corte sem escala da Cascata. Fonte: BOTELHO, 2004.

FIGURA 41: Vista da fonte proposta. Fonte: BOTELHO, 2002. FIGURA 42: Corte sem escala da fonte. Fonte: BOTELHO, 2002.

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Na iluminao pblica, seria expandido o programa de energia solar, j incorporado num trecho de 400m na Avenida Itlia, no Bairro Cariru e no Parque Ipanema. No Cariru esto em funcionamento 19 postes, cada um com um sistema fotovoltico independente. O sistema composto de duas placas, importadas do Japo, que captam os raios solares. As clulas fotovolticas convertem os raios em energia eltrica que armazenada numa bateria automotiva com capacidade para 150 ampres por hora. Essa carga alimenta a lmpada especial de 36 watts a vapor de sdio de baixa presso, importada da Inglaterra, que funciona com 12 volts em corrente contnua, o equivalente a cerca de 30 ampres so consumidos por noite. Desse modo o sistema pode funcionar at cinco noites sem receber carga nenhuma. As placas podem captar raios solares mesmo em dias nublados, e s em presena de nuvens muito negras e baixas e sob chuva, elas param de funcionar. O uso da energia solar alm de oferecer energia limpa, econmica e esteticamente agradvel dispensa fios, transformadores e outros equipamentos comuns no sistema eltrico tradicional.

FIGURAS 43, 44 e 45: Projeto de Energia Solar na Avenida Itlia, no Bairro Cariru. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

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5.3.2. NOVO CENTRO

O maior problema do Novo Centro a necessidade de vegetao e equipamentos urbanos adequados ao seu uso pleno. As amplas caladas e as

quadras poliesportivas so mal aproveitadas devido aridez do local. Nas caladas, rvores com copas generosas, para criar um clima mais agradvel com sombra. Equipamentos como bancos, lixeiras, bebedouros,

banheiros pblicos e lanchonetes tambm ocupariam este espao, principalmente os mirantes ao longo da calada. No s as caladas, mas toda a rea verde ao longo do Ribeiro Ipanema receberiam tais equipamentos. Uma vegetao abundante tambm, afim de

transformar o local em um espao voltado ao lazer e esporte. Infra-estrutura para caminhadas, corridas e exerccios fsicos seriam incorporados ao projeto, sempre utilizando-se dos materiais j mencionados, alm da utilizao da energia solar na iluminao. O Ribeiro Ipanema se encaixaria como o fator gua neste local,

proporcionando o processo adiabtico.

FIGURAS 46 e 47: Vistas areas do Novo Centro atualmente. Na primeira, v-se a Usiminas ao fundo esquerda e na segunda direta. Observa-se a aridez do local, completamente desprovido de vegetao. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga.

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6. CONCLUSO

O planejamento urbano, visando principalmente intervenes no tecido urbano afeta uma gama enorme da populao de um determinado lugar. Neste caso especfico, a interveno no Centro de Ipatinga estaria afetando de maneira geral toda a cidade, pois o plo principal do comrcio. Utilizando-se o princpio bioclimtico como partido para o desenho urbano, dando enfoque ao conforto trmico, de uma maneira geral possvel agradar grande parte desta populao. O homem e as trocas trmicas que este faz com o meio

so de extrema importncia neste campo do planejamento, pois somando estas informaes com as caractersticas do clima obtm-se os parmetros necessrios para iniciar o processo projetual. O microclima local caracterizado como sub-quente e sub-seco. Apresentando temperaturas elevadas em mdia, durante todo o ano, mas contando com uma umidade relativa do ar razoavelmente alta, as tcnicas de controle do calor se mesclam entre o clima quente mido e clima quente seco. Assim, uma das maiores preocupaes o controle de radiao direta e difusa no espao pblico e a diminuio da temperatura. Para tanto, a utilizao de vegetao e gua nos nestes espaos, juntamente com materiais mais adequados ao clima, tm-se a capacidade de obter os resultados satisfatrios de conforto trmico ao homem.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS______. Vale do Ao 2000, um sculo de histria. Ipatinga, Dirio do Ao, 1999. _______. Curso Bsico de Pavimentos Intertravados. Curso proferido pela ABCP em Belo Horizonte, Abril 2002. Associao Brasileira de Cimento Portland - ABCP. http://www.abcp.com.br BOTELHO, Danilo. Revitalizao do Centro de Ipatinga. Trabalho Final de Graduao, Dezembro 2002. Centro de Previso http://www.cptec.inpe.br do Tempo e Estudos Climticos CPTEC.

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ANEXOS

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