Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

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Escola secundária de Tondela

Tema 5: Problemas e Conceitos da Psicologia

Page 2: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Tema 5: Problemas e Conceitos da Psicologia

As Grandes Dicotomias Relacionadas com a Explicação do

Comportamento Humano:

a) O objecto da psicologia: A psicologia é a ciência

do comportamento e dos processos mentais a ele

associados. O comportamento abrange reacções

observáveis (gestos, mímica, reacções hormonais…), e

processos mentais não directamente ou objectivamente

observáveis (impressões, crenças, mentalidades…).

Enquanto ciência a psicologia procura: descrever,

explicar, prever e controlar o comportamento.

b) As dicotomias em Psicologia: Ao longo da história do

pensamento, o Homem constituiu um objecto privilegiado

de interpretação. Aristóteles (séc. IV a.C.), com a sua obra

“Acerca da Alma”, é considerado o iniciador da psicologia

filosófica.

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Em 1879, Wundt, ao fundar o primeiro Laboratório de

Psicologia Experimental, passa da psicologia filosófica

(+teórica) à experimentação científica (+prática): é o

começo da psicologia científica.

De Wundt até à actualidade foram sendo construídas teorias

diferenciadas ou mesmo opostas sobre o comportamento

baseadas em diferentes pressupostos, conceitos:

1º. Inato-adquirido: O comportamento e as capacidades

individuais radicam-se em mecanismos inatos ou, ao

invés, resultam da aprendizagem, da interacção do

indivíduo com o meio. A opção radical por um destes

aspectos é fundamental para motivar o comportamento.

2º. Continuidade-descontinuidade: no indivíduo e nas

espécies há um processo evolutivo contínuo, em que cada

nova etapa é a consequência dos passos anteriores, ou,

pelo contrário, há rupturas entre passados e presente?

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3º. Estabilidade-mudança: Há quem defenda a existência

de um factor geral que, independentemente dos

contextos tende a prevalecer no indivíduo.

Contrariamente, outros autores preconizam a existência

de mudanças radicais no modo de ser e de agir.

4º. Interno-externo: o que sou e o modo como me

comporto resulta de factores intrínsecos ou extrínsecos?

5º. Individual-social: há quem enfatize o indivíduo como

reflexo do contexto social, contrariamente a outros que

fazem prevalecer a variável personalidade, o carácter.

c) A complexidade do comportamento: a dificuldade de

uma interpretação unânime do comportamento humano

resulta exactamente da complexidade do ser humano, num

conjunto de variáveis externas e internas em interacção.

Significa isto que a opção por apenas um dos aspectos

mencionados traduz-se por uma visão redutora, incompleta

daquilo que é o comportamento.

Page 5: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Conceitos Estruturadores de Diferentes Concepções

de Homem

a) As diferentes correntes da psicologia: As divergências

em psicologia não se devem apenas às dicotomias indicadas.

Há correntes diferentes que privilegiaram perspectivas

parcelares, baseadas em pressupostos distintos: umas –

Wundt e Freud – centraram-se na componente mental

(interna), outras – Watson – na componente

comportamental (externa) e outras ainda – Piaget – na

componente cognitivista e integradora.

b) A componente mental: Wundt e Freud

1º. Wundt e a introspecção controlada: - Objecto da

Psicologia para Wundt: estudar a consciência, os

processos e conteúdos mentais. Wundt procura

decompor tais conteúdos – perspectiva analítica – nos

seus elementos mais simples: as sensações elementares

Page 6: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

(puras). Compreender como se associam ou se

estruturam (organizam), dando origem a conteúdos mais

complexos – concepção associacionista /estruturalista –

é o objectivo da Psicologia.

2º. Método utilizado: introspecção controlada / método

introspectivo, baseado na auto-observação e na auto-

descrição em contexto experimental.

Crítica à concepção de Wundt sobre a Psicologia:

quanto ao objecto (reduz o comportamento ao suporte

mental consciente), ao método (caracterizado pela

subjectividade) e à aplicabilidade (impraticável em

crianças, deficientes mentais, estados emocionais

extremos…).

3º. A oposição entre o associacionismo de Wundt e o

gestaltismo: a aprendizagem processa-se por captação e

Page 7: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

somatório de estímulos ou pela captação de objectos

como um todo?

Documentários sobre Freud:1º. 2º. 3º

Freud (ver) e a Psicanálise: - As teses de Freud

introduziram uma revolução nas concepções sobre o modo

de entender o comportamento humano:

1º Porque defende a existência de uma força controladora

oculta do comportamento – o inconsciente;

2º Porque acha que as forças instintivas associadas a esta

força oculta tendem a prevalecer sobre a moral e a

racionalidade;

3º Porque procura demonstrar que cada pessoa, já desde

bebé, é levada a satisfazer tendências eróticas.

1º. O inconsciente: o comportamento é, na perspectiva de

Freud, orientado pela mente. A mente é constituída por

uma zona inconsciente e outra consciente. O inconsciente

é constituído pelo conjunto tendências instintivas e pelo

Page 8: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

conjunto de aspectos que, tendo sido recalcados, não

satisfeitos, permanecem em “standby”; o inconsciente é

dominado por forças instintivas de vida (eros, prazer,

sexualidade) e por tendências de morte (agressividade,

ódio).

2º. A censura: - A tendência natural do Homem é a de

satisfazer os desejos do inconsciente. Só que às

tendências individuais do inconsciente opõe-se a

repressão social (materializada nas proibições, nas

normas, na moral). A censura é uma espécie de sentinela

vigilante que serve de travão à satisfação das tendências

instintivas socialmente condenáveis. No entanto, há

momentos em que ela se torna menos vigilante (durante

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o sono, enquanto a pessoas falam descontraidamente): o

trabalho do psicanalista parte destes descuidos da

censura para poder reconstituir o passado problemático

de cada pessoa.

3º. A estrutura do psiquismo: - Numa primeira

explicação, Freud subdivide a mente em três zonas

diferenciadas: a do inconsciente, a do subconsciente e a

do consciente. Posteriormente acha que o psiquismo é

regido por três forças: o id (instância primitiva psíquica,

orientada por uma dinâmica do prazer, presente no

indivíduo desde o seu nascimento, constituída por

Page 10: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

pulsões inatas, por desejos primários, pela busca do

prazer; é amoral e pressiona continuamente o ego para

concretizar as pulsões eróticas), o ego (tenta gerir as

tendências opostas do id e do superego; está ligado à

racionalidade, à consciência; forma-se a partir do

primeiro ano de vida e, porque tende a ser moral, opõe-

se aos desejos do id); o superego é hipermoral,

constituído por regras e proibições interiorizadas sob a

influência dos pais e da sociedade; é a base da

consciência moral e actua de forma inconsciente).

Page 11: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

4º. Mecanismos de defesa do ego: - Embora o ego

procure conciliar as tendências opostas do id e do

superego, quando isto não é possível geram-se tensões e

conflitos tendentes a provocar neuroses. O ego faz-se

valer, então, de estratégias inconscientes que procuram

manter o equilíbrio intrapsíquico.

Dos mecanismos de defesa do ego, salientam-se:

- O recalcamento: leva a consciência a repelir

pensamentos ou tendências provocadores de ansiedade,

porque incompatíveis com a moral. O ego devolve ao id

todas as pulsões incompatíveis; estas podem, assim,

Page 12: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

procurar formas disfarçadas de realização: através dos

sonhos, dos actos falhados, dos lapsos de linguagem…

- A regressão [regredir = voltar atrás]: incapaz de

enfrentar os problemas presentes, o indivíduo pode ser

levado a refugiar-se psicologicamente numa fase ou

estádio do desenvolvimento anterior. Assim, o

nascimento de uma irmão pode levar uma criança a

fazer chichi na cama (enurese) ou um adulto, face a

problemas, pode fugir à realidade refugiando-se em

atitudes infantis (dependência excessiva, choro,

chantagem...).

- A racionalização: leva o indivíduo a justificar ou a uma

explicar sob um ponto de vista lógico aquilo que foi

vivido emocional e conflituosamente.

Com justificações racionais tenta explicar-se de forma

"aceitável" porque se bateu no irmão, se faltou ao exame

médico, se mentiu ao marido ou à mulher, etc.

- A projecção: característica que leva a ver nos outros ou

a atribuir aos outros os defeitos ou males que recusa a

ver em si mesmo [apesar de os ter]. São reflexos desde

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processo, frases como Fulano detesta-me; aquele

indivíduo não suporta críticas; a sociedade não tem ideais

solidários; a boneca é má..., quando é a pessoa que as

profere que tem esses sentimentos.

- O deslocamento: leva o indivíduo a transferir as pulsões,

os conflitos do objecto que está na sua origem [o objecto

natural] para um substituto [objecto substitutivo].

Exemplos: o funcionário que sofre de conflitos no

emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que

desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca

- A sublimação: leva o indivíduo a substituir um

comportamento, ou tendência, inaceitável por um

aceitável; a entregar-se a actividades socialmente

aceites, como forma disfarçada de realizar pulsões que

são condenáveis. A actividade é, assim, um substituto

simbólico do objecto pulsional. Exemplos: um pirómano

pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando

as suas relações com o fogo, agora utilizadas de forma

socialmente reconhecida; o amor platónico pode

esconder desejos considerados inaceitáveis pelo sujeito.

Page 14: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

A arte tem sido estudada como uma área que permite

sublimações.

- Formação reactiva - pela formação reactiva ou

inversão dos aspectos, o sujeito "resolve" o conflito

entre os valores e as tendências consideradas

inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às

pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável

e atenta com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de

quem gosta; manifesta uma excessiva caridade para

esconder um sadismo latente; uma pessoa submissa e

dócil pode esconder um dominador violento.

5º. O método psicanalítico: - Sendo no inconsciente que

se situam as forças impulsionadoras do comportamento

geradoras de conflitos e neuroses, o método psicanalítico

usa técnicas que procuram descobri-las por trás das

aparências (uma vez que elas não se revelam

explicitamente). Para isso, o paciente, num clima

propiciador da descontracção, é levado a falar livremente

do seu passado e de tudo daquilo que lhe ocorre. Os

processos usuais de que a psicanálise se faz valer para

aceder aos conteúdos do inconsciente são:

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Associação livre: - Num ambiente propício ao

relaxamento, ao à-vontade – o divã, a média luz,

silêncio… – o paciente: vai falando espontaneamente,

para os seus botões, de tudo o que lhe ocorre. A atenção

do psicanalista centra-se sobretudo nos momentos em

que a conversa se torna ilógica, sem nexo aparente, nas

hesitações, nas tensões, nas lembranças

desagradáveis…

Interpretação dos sonhos: - Os sonhos: são a forma

mais eficaz de o inconsciente realizar os seus desejos,

embora disfarçadamente. No sonho, a censura, apesar

de entorpecida, continua actuante, tornando o

agradável do sonho em desagradável ou dando-lhe um

Page 16: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

aspecto absurdo. Não é o conteúdo manifesto – o sonho

tal como dele nos lembramos – que interessa como

objecto de análise, mas sim o conteúdo latente – o que

se esconde por trás da fachada que é o conteúdo

manifesto. O psicanalista: deve centrar-se no

aparentemente ilógico, no aparecimento de

determinados dados com força simbólica, na tendência

do paciente para não considerar importantes certos

aspectos.

Análise dos actos falhados: - Os actos falhados:

esquecimentos de coisas, de palavras; os lapsos da

linguagem, trocar palavras, dizer o contrário do que se

queria; a falsa audição, ouvir o que não foi dito.

Page 17: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Resultam do conflito de duas intenções opostas: a do

consciente e a do inconsciente recalcado. A linguagem

está cheia de exemplos de actos falhados, pois na

rapidez com que se fala, o consciente é apanhado

desprevenido.

O processo de transferência: - O paciente: ao falar

espontaneamente e ao reviver tendências, tensões,

emoções, transfere para o psicanalista as tensões que

tivera com outras pessoas. O psicanalista: procura

interpretar e relacionar as tensões, as atitudes

agressivas com o passado do paciente. Pode, no entanto,

dar-se o caso de se deixar envolver pelas tensões:

processo de contratransferência.

Crítica:

– Contributo da psicanálise: - Deu conta da

importância da investigação do domínio oculto da

mente.

Page 18: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

– Objecção: - O carácter subjectivo da investigação.

– Freud revolucionou as mentalidades da sua época,

por um lado, por acentuar o carácter tendencialmente

instintivo do comportamento (o homem, criança ou

adulto, como animal de desejos), por outro, por achar

que, contrariamente ao que parece, cada pessoa é

levada a satisfazer o que deseja, por fim, por defender

que o motor do comportamento é a libido (dinâmica do

prazer e da sexualidade).

Page 19: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

c) A componente comportamental - comportamentalismo/behaviorismo:

O Behaviorismo: - Esta corrente da psicologia

(também conhecida por comportamentalismo) foi

iniciada por Watson. (vídeo) Procura fazer uma

abordagem científica da psicologia, centrando-se para

isso no comportamento observável (directa ou

indirectamente) e pondo de lado os aspectos

subjectivos próprios da introspecção e da psicanálise.

O comportamento e o objecto de estudo da

psicologia: - O objecto de estudo é o comportamento,

entendido como o conjunto de respostas

objectivamente observáveis dos organismos aos

Page 20: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

estímulos do meio. Na perspectiva behaviorista a

pessoa é um ser vivo num meio que o influencia, sendo

o comportamento (reacção/resposta) resultado dos

estímulos ou situações específicas. É possível, por isso

mesmo, estabelecer um nexo de causalidade entre S

(estímulo/situação) e R (resposta/reacção).

Influenciado pela reflexologia, Watson defende que

também o ser humano, no contacto com o meio, é

condicionado pela repetição dos estímulos externos.

Como tal, S→R, ou seja, é possível prever as respostas

em função dos estímulos. (Esta noção automatizada de

comportamento será válida absolutamente para o

Homem?).

O método da psicologia: - O método experimental é o

único que permite salvaguardar o carácter objectivo do

estudo do comportamento.

Page 21: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

A oposição entre o associacionismo e o

behaviorismo:

1. O Associacionismo tem como objecto a

consciência e como métodos a introspecção

controlada.

2. O Behaviorismo tem como objeto o

comportamento do Homem e do Animal e utiliza

o método experimental.

O controlo do comportamento: -O pressuposto de que

o comportamento obedece a variáveis externas ao

indivíduo leva o behaviorismo a defender que é possível

levar (estimular) cada criança a ter o comportamento

pretendido. Skinner achava, por exemplo, possível

construir uma sociedade perfeita: bastaria uma

estimulação adequada. Trata-se de uma perspectiva que

exclui processos hereditários e a componente da

vontade e do livre-arbítrio.

Page 22: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

O carácter positivista do behaviorismo:

«Positivismo: Recusa da metafísica. Recusa tomar

em consideração qualquer proposição cujo conteúdo

não apresente, directa ou indirectamente, alguma

correspondência com factos verificados. Baseado no

empirismo: qualquer conhecimento deve a sua

validade à certeza sensível fornecida pela observação

sistemática que garante a intersubjectividade. (...)

todo o conhecimento advém da experiência interna ou

externa (...) não é o sujeito que impõe formas ao dado,

mas o dado que constitui o sujeito.»

Page 23: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

d) A componente cognitiva – cognitivismo:

Piaget e a psicologia genética (vídeo) – O termo

cognição designa conhecimento e inteligência. Foi a

questão da origem e desenvolvimento das estruturas

mentais que centrou a investigação de Jean Piaget (séc.

XX) e dos seus colaboradores um pouco espalhados por

todo o mundo. Daí falar-se de psicologia genética

entendida como a investigação da origem (génese)

evolutiva dos processos mentais.

Page 24: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Conceitos da investigação de Piaget: - Estes conceitos

são importantes para perceber o que está em jogo em

cada estádio:

Estádio: - É a designação atribuída a cada fase

desenvolvimento. Em Piaget, cada estádio tem

características que permitem diferenciá-lo

qualitativamente dos outros: obedece a formas de

interagir com o mundo, de pensar e de sentir próprios.

Cada fase do desenvolvimento é idêntica em toda a

humanidade, independentemente dos contextos sócio-

geográficos e processa-se invariavelmente pela mesma

ordem. As competências de cada estádio são integradas

nas estruturas existentes: havendo, por isso, alterações,

há também continuidade.

Adaptação – O ser humano é um organismo, um ser

vivo com um património genético. Como todo o ser vivo,

tem de se adaptar ao meio para sobreviver. A adaptação

consiste num processo interactivo do organismo com o

meio que visa o equilíbrio. Neste processo, que leva ao

desenvolvimento das estruturas mentais e à

aprendizagem, interagem a assimilação e a

acomodação.

Page 25: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Assimilação e acomodação – São duas invariantes

funcionais, isto é, dois mecanismos presentes em toda a

adaptação. Pela assimilação, o indivíduo integra,

interioriza, aprende, novos dados da experiência, que

acrescenta aos dados já existentes nas estruturas

cognitivas [esquemas cognitivos]. Pela acomodação, as

estruturas cognitivas, os esquemas mentais, alteram-se

por influência da integração dos novos dados

assimilados.

Equilibração – É um mecanismo regulador da

assimilação e acomodação que permite ajustar,

equilibrar os dados já interiorizados com novos dados,

as antigas com as novas experiências.

Esquema – A ligação ao meio desencadeia uma

evolução intelectual de organização e complexidade

crescentes. O esquema é uma estrutura cognitiva,

mental, que permite ao indivíduo organizar,

categorizar, agrupar a realidade. Distinguem-se

esquemas de acção [dão-nos o conhecimento de como

fazer; permitem reagir de forma idêntica perante um

Page 26: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

mesmo tipo de situação] e esquemas operatórios ou

conceptuais [relacionados com o saber pensar; tornam

possível a reversibilidade mental].

Factores de desenvolvimento intelectual: - No

desenvolvimento cognitivo intervêm coordenadamente:

a hereditariedade, a maturação interna [factores

biológicos], a experiência física, a transmissão social e a

equilibração. A maturação traduz-se, pois, por uma

interacção de estruturas associadas ao indivíduo

[biológicas, genéticas, psicológicas] com as influências

do meio [físico, social, cultural].

Page 27: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Estádios de desenvolvimento:

Estádio sensório-motor [0-18/24 meses]:

Mobiliza capacidades da criança ligadas à percepção

[captação sensorial] e ao movimento.

Traduz-se pelo desenvolvimento de uma inteligência

prática, ligada à acção, ao concreto; mas desligada do

pensamento. Órgãos dos sentidos, mãos e boca são

importantíssimos no desenvolvimento.

Page 28: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Este desenvolvimento parte de um conjunto de

esquemas de acção reflexos – os reflexos inatos. Em

interacção com o meio, o bebé começa a coordenar as

capacidades sensoriais.

A realidade, o mundo, no início é caótica; não há noção

de tempo, nem de espaço. Logo, não há percepção de

conjuntos, formas, diferenciação entre objectos e

pessoas ou entre o bebé e o que o envolve.

Esquemas de acção [competências] desenvolvidos no

primeiro ano: Agarrar ou puxar um objecto. Identificar

objectos, pessoas e a constância de formas. Aos 10

meses, a construção do objecto permanente.

Coordenação de actos intencionais: a acção regida pelo

princípio de causalidade [a criança chora para obter

colo, puxa para um objecto se aproximar…].

Page 29: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

A partir dos 18 meses: a criança evolui de uma

inteligência sensório-motora para uma inteligência

representativa e simbólica [dominada pela imagem,

pela imaginação, pela palavra…]: passa-se de uma

inteligência prática para uma inteligência de

representações mentais [baseada no pensamento].

Estádio pré-operatório [2-7 anos] –

Subestádios do pensamento pré-conceptual e do

pensamento intuitivo:

Page 30: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Fase dominada pela construção de representações

mentais [função simbólica], concretizadas através da

linguagem, que precedem [pré] o raciocínio

[operatório].

Falar com os objectos, brincar ao faz-de-conta, tomar a

ficção [desenhos animados] por realidade evidenciam

que, nesta fase, há pensamento associado à imaginação

e um certo sincretismo entre realidade e fantasia.

O egocentrismo: é a característica central desta fase. A

criança vê a realidade de forma autocentrada, isto é,

não consegue perceber o ponto de vista dos outros. A

autocentração irá passando à descentração com o

aproximar do estádio seguinte.

Page 31: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Subestádio do pensamento pré-conceptual [dos 2 aos 4

anos]: caracterizado pelo pensamento mágico,

fantasioso, animista [que dá vida a tudo], realista

[confunde fantasia com realidade], finalista [para que

servem as coisas], artificialista [que vê tudo como uma

intervenção de alguém], sincrético.

Subestádio (vídeo) do pensamento intuitivo [dos 4 aos

7 anos]: caracterizado pelo pensamento em fase de

descentração, mas irreversível [capaz de emitir juízos

sobre resultados finais, mas incapaz de voltar

mentalmente ao ponto de partida]. O pensamento

intuitivo leva a criança a concluir com base naquilo que

sente: acha um quilo de lã mais leve do que um quilo de

chumbo porque ela é mais fofa…

Page 32: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

Estádio das operações concretas [7-11/12 anos]:

Caracterizado pelo aparecimento do pensamento lógico,

pela capacidade de fazer operações mentais, pelo

pensamento reversível [operatório], mas tendo por

base questões ou objectos reais, concretos.

A reversibilidade permite ter a noção de conservação

da matéria sólida [7 anos], líquida [8 anos]; permite

apresentar argumentos com base nos princípios da

identidade [é a mesma água porque não se tirou nem

pôs mais], da reversibilidade [é a mesma água porque

Page 33: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

se voltar ao copo anterior ficará igual], da compensação

[é a mesma água porque um copo é mais alto mas o

outro é mais largo].

São deste estádio a aquisição da noção de peso [9 anos],

de volume [11anos], de quantidade [número], de

tempo, de espaço, de velocidade; a capacidade de seriar

e de classificar.

Estádio das operações formais [11/12-15/16 anos]:

Fase dominada pelo pensamento abstracto e pela

tendência para o raciocínio hipotético-dedutivo

[formulação de hipóteses, de teorias abstractas].

Page 34: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

É a idade da metafísica, da especulação.

O pensamento cria e é capaz de resolver enunciados

verbais, formais, independentes da realidade que leva

ao egocentrismo cognitivo [crença na capacidade de

resolver todos os problemas, ou de acreditar que as

próprias ideias são as melhores] próprio da

adolescência.

Entre as novas capacidades mentais, surge a

possibilidade de compreender princípios abstractos, o

que permite grande abertura a conceitos científicos e

filosóficos, que não tinha em fases anteriores. Não

admira, pois, que o adolescente se preocupe com ideais

morais, políticos, sociais e religiosos, mantendo

acaloradas discussões a seu respeito.

Page 35: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

No final da adolescência, a inteligência formal

faculta, pois, a entrada do jovem num domínio novo,

que é o do pensamento puro. Ao terminar este período,

as estruturas intelectuais do adulto estão já instaladas,

e, no decorrer da vida adulta, adquirirão maior

mobilidade e maleabilidade, contribuindo para tal a

diversidade de experiências por que o ser humano vai

passando.

Vídeo das operações formais

Em resumo, Piaget defende que:

– O desenvolvimento cognitivo resulta da interacção

de factores internos (o indivíduo) e externos (o meio) e

faz parte do processo de adaptação: implica um

processo contínuo de ajustamento de cada ser vivo ao

meio.

– Factores que influenciam o desenvolvimento:

hereditariedade, experiência física, transmissão social e

equilibração.

Page 36: Problemas e conceitos teóricos estruturadores de psicologia

– Invariantes funcionais (funções que não variam)

que acompanham o desenvolvimento: a assimilação que

integra, interioriza e incorpora novos dados e

informações; a acomodação que os ajusta e adapta; a

equilibração que auto-regula todo o processo.

– Esquemas mentais e de acção: - Um esquema é

uma espécie de fórmula geral. Por exemplo, a partir do

momento em que o bebé aprende (e o aprender é

mental e é acção) a segurar um pau, sabe segurar outros

objectos, sejam ou não paus. Ao aprender, assimilou e

ao aplicar a novos objectos demonstrou que acomodou

a capacidade a novos contextos. O esquema tem o lado

mental e o lado da acção. A construção de capacidades

progride por esquemas de complexidade crescente

(progride-se do mais fácil para o mais difícil).

Ver síntese sobre Piaget