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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS FRANCISCO BELTRÃO COORDENAÇÃO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS CURSO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS BIANCA REBONATTO POLIANA CITTADIM PROCESSO DE ARMAZENAMENTO DO MILHO EM SILO A GRANEL EM COOPERATIVA DE FRANCISCO BELTRÃO – PR TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FRANCISCO BELTRÃO 2014

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS FRANCISCO BELTRÃO

COORDENAÇÃO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS

CURSO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS

BIANCA REBONATTO

POLIANA CITTADIM

PROCESSO DE ARMAZENAMENTO DO MILHO EM SILO A GRANEL EM COOPERATIVA DE FRANCISCO BELTRÃO – PR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

FRANCISCO BELTRÃO

2014

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BIANCA REBONATTO

POLIANA CITTADIM

PROCESSO DE ARMAZENAMENTO DO MILHO EM SILO A GRANEL EM UMA COOPERATIVA NO MUNICÍPIO DE

FRANCISCO BELTRÃO – PR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Trabalho de Conclusão de Curso de

graduação, apresentado ao Curso Superior de

Tecnologia em Alimentos da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Tecnólogo em Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Hernan Vielmo

Co-orientadora: Prof. Drª Elisabete Hiromi

Hashimoto

FRANCISCO BELTRÃO 2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

PROCESSO DE ARMAZENAMENTO DO MILHO EM SILO A GRANEL EM UMA COOPERATIVA NO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO – PR

Por

Bianca Rebonatto, Poliana Cittadim Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a

obtenção do título de Tecnólogo em Alimentos, no Curso Superior de

Tecnologia em Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

BANCA AVALIADORA

Profª. Dra. Elisabete Hiromi Hashimoto Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Prof. Dra. Ellen Porto Pinto Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

Prof. Dr. Hernan Vielmo Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

(Orientador)

Prof. Dra. Cleusa Ines Weber Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

(Coordenador do curso)

Francisco Beltrão, fevereiro de 2014.

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso.”

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaríamos de agradecer a Deus, por guiar nossos

passos, nos dando forças para seguir em frente e colocando em nosso

caminho pessoas e oportunidades maravilhosas.

Aos nossos pais, irmãs e cunhados, que sempre nos incentivaram,

acreditando em nós e nos apoiando em todos os momentos difíceis, não

medindo esforços para que os nossos objetivos sejam alcançados. Aos

namorados por estarem ao nosso lado nos dando força e não deixando-nos

desistir.

Agradecemos ao nosso orientador, professor Hernan Vielmo pela

dedicação, por acreditar e incentivar nosso trabalho nos auxiliando durante

todo o tempo, fazendo parte de nossas vidas disposto a nos ajudar sem medir

esforços. A co-orientadora, professora Elisabete Hiromi Hashimoto por toda sua

disponibilidade e atenção mesmo entre sua rotina de mãe, sempre nos

ajudando e acompanhando.

Agradecemos aos colegas de laboratório Naara, Caroline, Michel e

Ronaldo por terem nos auxiliado durante todo o período de análises. De forma

geral agradecemos a todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa

etapa de nossas vidas: a Universidade, os professores, os colegas de sala,

trabalho e os demais amigos.

Agradecemos imensamente à cooperativa que cedeu as amostras e

seu espaço para o estudo. Ao gerente da unidade Cléverson Penso, por ter

acreditado no projeto nos incentivando e ajudando. Ao Hilario Rebonatto

encarregado de armazém, por ter nos ajudado com a coleta das amostras e ter

nos passado seu conhecimento prático sobre armazenagem de grãos. Ao

Jocemar Carpenedo, supervisor e responsável por toda parte de armazenagem

das unidades da cooperativa, pela sua disponibilidade de materiais e seus

conhecimentos repassados.

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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades,

lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram

conquistadas do que parecia impossível.” (Charles

Chaplin)

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RESUMO

REBONATTO, Bianca.; CITTADIM, Poliana. Processo de armazenamento do milho em silo a granel em uma cooperativa no município de Francisco Beltrão – PR. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Tecnologia em Alimentos). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Francisco Beltrão.

O milho é o terceiro cereal mais produzido do mundo, com potencial de ser cultivado em praticamente todas as regiões do mundo. De extrema importância para a economia, destinado um percentual dessa produção para a exportação e o consumo interno, para alimentação animal (como ração), silagem ou consumo humano. No entanto, o grão é suscetível a transformações na lavoura e, principalmente, durante seu período de armazenamento. Na armazenagem o grão está sujeito a ataques de insetos, roedores e fungos micotoxigênicos, além de alterações físicas e químicas, como perda de proteínas, valor energético e água. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade físico–química, microbiológica e de aflatoxina B1 em milho armazenado em silo a granel, safra 2012/2013, em uma cooperativa de Francisco Beltrão/PR. As amostras foram coletadas, após o enchimento do silo, sendo seis amostras em diferentes alturas, para caracterizar o milho armazenado e sete amostras (uma por mês) durante o período de armazenamento. Foram realizadas análises físico-químicas, análise microbiológica, análise de micotoxinas e o monitoramento dos fatores temperatura e umidade relativa (UR%) dentro do silo durante o período de armazenamento. Os resultados obtidos pelas analises demonstraram que o processo de armazenamento do produto foi eficiente sendo que os resultados de proteína bruta e lipídios mantiveram-se constantes (variando de 7,47 % e 5,06%, no início e de 7,24-8,74% e 4,24-5,69% ao longo da armazenagem, respectivamente). Os principais gêneros de fungos detectados foram Penicillium, Fusarium (nd a 3,3x104 UFC/g no início e até 2,6x105 UFC/g ao longo da armazenagem) e Aspergillus spp (1,0x103a 2,6x105 UFC/g no início e até 1,9 x105 UFC/g ao longo da armazenagem). Detectou-se presença de micotoxinas (aflatoxina B1) abaixo do limite de quantificação do método analisado, e a temperatura e umidade relativa do silo se mantiveram em equilíbrio, sendo que a temperatura variou de 11 a 21º C e a UR de 52 a 68%, não causando danos aos grãos durante todo o período de armazenamento.

Palavras–chave: Milho. Armazenagem. Micotoxinas. Análise físico–química.

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ABSTRACT

REBONATTO, Bianca; CITTADIM, Poliana. Process of corn grains in a silo bulk at a cooperative in the city of Francisco Beltrao – PR. 2014. Course Completion Project (Food Technology). Federal Technological University of Parana. Francisco Beltrao. Corn is the world’s third most produced cereal, with potential to be cultivated in practically all regions of the world. Extremely important for the economy, a percentage of that production is destined to export and domestic consumption, animal feed (as feed), silage or human consumption. However, the grain is susceptible to changes during farming and especially during the storage. During storage, the grain is subject to insect, rodent and mycotoxigenic fungi attacks, as well as physic-chemical changes such as loss of protein, energy value and water. The present study aimed to evaluate the physic-chemical, microbiological and aflatoxin B1 qualities of corn grains stored in silo bulk, 2012/2013 crop, at a cooperative in Francisco Beltrao-PR. The samples were collected, after the silo's filling, being six samples at different heights to characterize the stored corn grains and seven samples (one per month) during the storage period.Were performed physico-chemical (moisture, lipid, protein and ash), fungi's microbiological, and mycotoxin analyzes, as well as the monitoring of the temperature and relative humidity (RH%) factors inside the silo during storage. The results obtained by the analysis demonstrated that the process of storing the product was efficient and the results of crude protein and lipids remained constant (ranging from 7.47% to 5.06% at the beginning and 7.24 to 8 74% and 4.24 to 5.69% during storage, respectively). The main genera of fungi were detected Penicillium, Fusarium (nd 3,3 x104 CFU / g at baseline and up to 2.6 x105 CFU / g during storage) and Aspergillus spp (1.0 x103a 2,6 x105 CFU / g at the beginning and up to 1.9 x105 CFU / g during storage). We detected the presence of mycotoxins (aflatoxin B1) below the quantification limit of the method analyzed, and the temperature and humidity of the silo remained in equilibrium, and the temperature ranged from 11 to 21 ° C and RH 52-68%, not causing damage to the grains during the storage period. Key Words: Corn. Storage. Mycotoxins. Physic-Chemical Analysis.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 OBJETIVOS 11

2.1 Objetivos específicos 11

3 REVISÃO DA LITERATURA 12

3.1 História do milho 12

3.1.1 Milho na América 12

3.2 Produção 13

3.3 Características físico-químicas 14

3.4 Armazenagem de grãos 15

3.4.1 Classificação dos grãos 16

3.4.2 Limpeza dos grãos armazenados 18

3.4.3 Secagem 19

3.4.4 Armazenagem em silos a granel 22

3.5 Pragas na armazenagem 24

3.6 Fungos 26

3.7 Micotoxinas 27

3.7.1 Aflatoxinas 29

4 METODOLOGIA 31

4.1 Amostras de milho 32

4.1.1 Preparo da amostra para análise 32

4.2 Análise físico-química 33

4.2.1 Secagem direta em estufa a 105ºC 33

4.2.2 Cinzas totais 33

4.2.3 Lipídios ou extrato etéreo – Extração direta em Soxhlet 34

4.2.4 Determinação de proteínas – Método Kjeldahl 35

4.3 Análise microbiológica 35

4.3.1 Método de contagem dos principais bolores isolados do milho 35

4.4. Análise de aflatoxina 36

4.4.1 Determinação de aflatoxina B1 em milho por Cromatografia em Camada

Delgada – CCD 36

4.4.2 Extração de aflatoxina 36

4.4.3 Análise de aflatoxina B1 38

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 39

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5.1 Análise microbiológica 39

5.2 Análise aflatoxina B1 (AFB1) 42

5.4 Temperatura e umidade relativa – UR 50

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 55

REFERÊNCIAS 56

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA), o milho é o terceiro cereal mais produzido no mundo, estando sua

produção média nos últimos cinco anos em 833,56 milhões de toneladas. O

Brasil ocupa o terceiro lugar produzindo cerca de 72,73 milhões de toneladas

do cereal na safra 2011/2012 (SEAB/DERAL, 2012).

O milho possui em sua composição vitaminas A e do complexo B,

proteínas, gorduras, carboidratos, cálcio, ferro, fósforo, amido e fibras.

(MUSSOLINI, 2009). Utilizado principalmente na alimentação animal, e na

alimentação humana, seu consumo ocorre principalmente na forma de seus

derivados, como óleo, farinha, amido, margarina, xarope de glicose, dentre

outros (LENZ et al; 2011).

Logo após a colheita, os grãos devem ser armazenados em locais

apropriados, pois estão sujeitos a transformações. Em cooperativas

praticamente todo o armazenamento é feito em silos a granel, os quais devem

estar limpos, protegidos da luz, calor e umidade (EMBRAPA, 2004). Os silos

devem apresentar ainda um sistema de ventilação, para renovar o ar no interior

da massa de grãos, mantendo assim, a temperatura intragranular e a umidade

na faixa ideal de conservação, uniformizando a temperatura no interior do silo.

Tais procedimentos visam evitar perdas por acúmulo de umidade e

aquecimento. No entanto, devido a fatores como a temperatura e umidade, o

milho é comumente contaminado por fungos, tanto na pré-colheita, como na

pós-colheita, acarretando em perdas e contaminações, com possível

ocorrência de produção de micotoxinas (DEMARCHI, 2010).

A presença de micotoxinas em alimentos representa um grave risco

aos alimentos e a saúde pública. As aflatoxinas são um grupo de micotoxinas

de suma importância em alimentos e rações, tendo como principal substrato

para sua produção os cereais, ocasionando prejuízos econômicos, além de

problemas à saúde humana e animal.

Propõe-se neste trabalho, avaliar a qualidade físico-química,

microbiológica, de aflatoxina B1 e os fatores temperatura e umidade relativa –

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UR dentro do silo, em híbridos de milho safra 2012/2013 armazenados em silo

a granel de uma cooperativa de Francisco Beltrão-PR.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a qualidade físico-química, microbiológica e a presença de

aflatoxina B1 ao longo da armazenagem em silo a granel produzido em

Francisco Beltrão/ PR durante a safra 2012/2013.

2.1 Objetivos específicos

Determinar o teor de umidade, lipídeos, proteínas e cinzas, no milho

armazenado;

Realizar análise microbiológica no milho armazenado;

Quantificar aflatoxina B1em amostras de milho armazenado;

Monitorar os fatores temperatura e umidade relativa dentro do silo.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 História do milho

O milho vem sendo consumido desde civilizações antigas a cerca de

7.300 anos por povos que viviam em ilhas próximas ao litoral mexicano, como

Maias, Astecas e Incas (ARAUJO, 2008). O nome do cereal significa o

"sustento da vida” e é considerado um alimento sagrado que traduzia a relação

de sobrevivência homem-milho, um alimento de muita utilidade, uma vez que o

milho é uma cultura, e, portanto, não se produz, tem que ser plantado,

semeado pelas mãos dos homens (URU, 2007).

A domesticação do milho por seleção para produzir maior número de

espécies aconteceu inicialmente no sudoeste do México, e posteriormente

espalhou-se pelos povos da região da América como Panamá e Estados

Unidos (ARAUJO, 2008). Por volta de 1930, intensificaram-se os trabalhos de

melhoramento genético, resultando numa maior variabilidade, sendo conhecido

o que se chama hoje de milho híbrido, obtido por linhagens promissoras de

combinação e cruzamento (URU, 2007).

3.1.1 Milho na América

Aproximadamente 500 anos atrás uma esquadra de caravelas chega

ao Brasil, trazendo consigo grandes mudanças e o início da colonização dos

povos que habitavam a América do Sul. Cristovão Colombo é considerado o

descobridor da América e também do milho, por ser o responsável pela

disseminação e ensinamento sobre as diferentes maneiras de utilização

culinária do grão (FREITAS, 2011).

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“Quando Cristovão Colombo descobriu a América, o milho constituiu-se, dentre os vegetais, a base alimentícia dos indígenas que aqui viviam e era cultivado desde a Argentina até o Canadá. Logo após a descoberta da América, o milho foi levado para Espanha, Portugal, França e Itália, onde era a princípio cultivado em jardins mais como planta exótica e ornamental. Uma vez reconhecido seu valor alimentar, passou a ser cultivado como planta econômica e difundiu-se para o resto da Europa, para Ásia e Norte da África” (CAMPOS, 1973).

À medida que os europeus foram colonizando as Américas, em

meados de 1942, já encontraram vários tipos de milho domesticados e

cultivados pelos nativos. Com a interação dos povos teve-se acréscimos nas

variedades de milho, permitindo melhorias no seu desenvolvimento (ARAUJO,

2008). Existem relatos da existência do cultivo do milho pelos índios antes

mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil, o cereal era o principal

ingrediente na dieta da tribo guarani (URU, 2007 apud FERNANDES 2004, p.

36).

3.2 Produção

Atualmente, estima-se em 175,2 milhões de hectares a área semeada

com milho no mundo, resultando em um aumento de aproximadamente 4% em

relação ao ano anterior. Os Estados Unidos é o principal produtor, exportador e

consumidor mundial de milho representando 36% da produção e 32% do

consumo mundial dos últimos cinco anos. Cerca de 50% de sua produção é

utilizada para consumo animal e 1/3 é utilizada para produção de etanol

(SEAB/DERAL, 2012).

O Brasil ocupa hoje o 3º lugar na produção mundial do milho,

representando 7,2% do total produzido no mundo. De acordo com a

Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2012), a produção total de

milho no Brasil na safra 2011/2012 foi de 72,73 milhões de toneladas,

destacando-se a 2º safra, em que houve acréscimo em torno de 23% na área

semeada no país. A safra 2011/2012 do cereal obteve valores recordes

superando o 58,6 milhões de toneladas obtidos na safra 2007/2008.

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A produção de milho no Brasil caracteriza-se pela divisão da produção

em duas épocas de plantio. O plantio de verão (primeira safra) realizado na

época tradicional, variando do final de agosto na região Sul até os meses de

outubro/novembro no Sudoeste e Centro Oeste. Nos últimos anos vem sendo

constante o crescimento do milho “safrinha”, principalmente na região centro-

oeste e nos estados do Paraná e São Paulo, plantado nos meses de fevereiro

ou março, após a colheita precoce da soja (EMBRAPA, 2008).

O Paraná é o líder da produção brasileira, representando 23% da safra

2011/2012. No Paraná, a SEAB possui 22 núcleos regionais, dos quais na 1ª

safra de milho o núcleo regional de Ponta Grossa é responsável por 18% da

produção paranaense de milho, seguido de Curitiba com 13%, Guarapuava

com 10%, Francisco Beltrão com 9% e Pato Branco com 7% do total produzido.

Segundo a CONAB, 2012 a maior parte do milho produzido no Paraná, cerca

de 10 milhões de toneladas anuais, é consumida no próprio Estado, destinado

principalmente à avicultura e suinocultura. Em seguida vem o estado do Mato

Grosso, respondendo por 21% da produção total, seguido do estado de Goiás

e Minas Gerais, totalizando 12% cada da safra brasileira (SEAB/ DERAL,

2012).

3.3 Características físico-químicas

O milho é um dos cereais que possui maior capacidade de produção,

sendo mais eficiente na produção de matéria seca por área (PEIXOTO, 2002).

Possui aproximadamente 70 a 73% de amido, 9 a 10% de proteínas, 4 a 5% de

óleo, 1 a 2% de cinzas, 2% de açúcares e 9 a 10% de fibras, vitamina A e

vitaminas do complexo B, além de minerais como cálcio, ferro e fósforo

(MUSSOLINI, 2009 apud JACKSON; SHANDERA, 1995).

Seu consumo é destinado tanto para o consumo humano, podendo ser

transformado em óleo, farinha, amido, margarina, xarope de glicose, cereais

matinais, corantes, gelatinosos, adesivos, alimentos protéicos como para a

alimentação de animais, sendo esse seu principal destino na fabricação de

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ração animal, silagem ou consumo direto, correspondendo a 75% da produção

nacional. (BRASIL, 2012).

“Os grãos de milho apresentam colorações variáveis, podendo apresentar-se na cor amarela, branca, vermelha e preta. Seu peso individual é de 250 a 300mg e sua composição média em base seca é 72% de amido, 9,5% de proteína, 9% de fibra e 4% de óleo. Conhecido botanicamente como uma cariopse o milho é formado por quatro principais estruturas físicas: endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta. O endosperma representa a maior fração do grão (82%) de seu peso seco, o qual é constituído basicamente de amido (88%) e onde se encontram as proteínas de reserva (8%) do tipo prolamina, chamadas de zeínas. O gérmen representa 11% do grão do milho onde se concentra 83% dos lipídios, 78% dos minerais, 26% das proteínas e 70% dos açúcares. O pericarpo representa 5% do grão, sendo a estrutura que protege as outras estruturas do grão da elevada umidade do ambiente, insetos e micro-organismos é rica em fibras (54%) e apresenta como principais componentes: lipídio (1,3%), proteínas (2,6%), minerais (2,9%), amido e açúcares. A ponta representa apenas 2% do grão é composta por amido, lipídios, minerais e açúcares, em pequena porcentagem. As proteínas de reserva, encontradas em maior abundância no grão de milho, são ricas nos aminoácidos metionina e cisteína, mas pobres em lisina e triptofano, as quais são essenciais à nutrição humana e de alguns monogástricos” (PAES 2006 apud SHOTWELLAND LARKINS, 1989).

3.4 Armazenagem de grãos

Rodrigues (2007) define armazenagem como a gestão econômica do

espaço necessário para manter estoques pertencentes a terceiros, englobando

todas as funções de localização, dimensionamento de área, arranjo físico,

recuperação do estoque e recuperação de armazém.

Ainda que muitos avanços de pesquisa e tecnologia de pós-colheita

tenham ocorrido, a secagem ainda é praticamente o único método utilizado

para a conservação de grãos no Brasil e em grande parte do mundo. A

capacidade de preservação da qualidade, salubridade e do valor nutritivo dos

grãos durante o período de armazenagem não depende exclusivamente das

condições de produção e colheita, mas do armazenamento e manutenção das

circunstâncias de estocagem do produto (ELIAS, 2003).

As adulterações decorrentes da armazenagem refletem em perdas

qualitativas e quantitativas, dessa forma, as quantitativas consideram o

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metabolismo dos grãos ou organismos associados, ocasionando a perda do

conteúdo da matéria seca dos grãos. Perdas qualitativas são as reações

químicas e enzimáticas, presença de materiais estranhos, impurezas e ataque

microbiano, resultando em danos no valor nutricional, germinativo e comercial,

com a possibilidade de formação de substâncias tóxicas no produto

armazenado (ELIAS, 2003).

O fluxograma 1 demonstra o processo de armazenamento desde a

chegada do produto até sua armazenagem.

FLUXOGRAMA 1- Processo de armazenamento de grãos

3.4.1 Classificação dos grãos

A classificação é um instrumento auxiliar no processo de

comercialização de produtos agrícolas, que consiste em determinar a qualidade

do produto através de um padrão estabelecido através da portaria nº 845, de

08 de novembro de 1976, que estabelece as especificações para a

padronização, classificação e comercialização do milho (SENAR, 2004).

Para a classificação e determinação de um lote de grãos, leva-se em

consideração o teor de umidade, impurezas, matérias estranhas, grãos

trincados, quebrados e atacados por insetos. A coleta da amostra é realizada

no momento de recebimento do produto, utilizando-se caladores que realizam a

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coleta ao acaso em lugares e profundidades diferentes da carga, objetivando

uma amostragem homogênea, conforme Figura 1 (FORNEL, 2010).

Figura 1 – Coleta da amostra para classificação. Fonte: Autoras (2014).

A classificação de impurezas, matérias estranhas, grãos trincados,

ardidos, brotados, avariados dentre outras especificações é realizada sobre o

que estabelece a legislação vigente (BRASIL, 1976).

Figura 2: Classificação de impurezas da amostra. Fonte: Autoras (2014).

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O conteúdo de umidade dos grãos pode ser determinado por métodos

diretos ou indiretos. Métodos diretos geralmente são empregados em trabalho

de laboratório, aquecendo a amostra de grãos para retirar a umidade e

pesando antes e depois de aquecer, seguindo um procedimento padronizado

que resultará na quantidade de perda de água no produto. O método indireto

geralmente é utilizado em unidades de armazenamento, no qual os medidores

de umidade medem a resistência elétrica do produto e a relaciona com o teor

de umidade do produto. O conteúdo de umidade é a quantidade de água que

pode ser removida do material sem alteração da estrutura molecular do sólido

(HEUERT, 2011).

3.4.2 Limpeza dos grãos armazenados

A limpeza é a operação que visa reduzir e eliminar o teor de impurezas

nas massas de grãos, fragmentos do próprio produto, e de matérias estranhas

(detritos vegetais, sementes de vegetação nativa, torrões de terra, dentre

outras). As impurezas que acompanham o produto se não eliminadas afetam

consideravelmente sua qualidade, sofrendo interferências durante sua

armazenagem e posterior comercialização (PARK et al; 2007).

As impurezas em uma massa de grãos dificultam as operações de

secagem, aeração e expurgo. A massa de grãos contendo impurezas é

portadora de ampla quantidade de micro-organismos, assim sendo proporciona

condições que aceleram a deterioração do produto. As impurezas sempre

apresentam atividade de água maior que a do produto oferecendo condições

favoráveis para o desenvolvimento de fungos (CASEMG, 2013).

A limpeza é realizada através de máquinas de pré-limpeza e limpeza

até os níveis adequados para armazenagem e comercialização. É retirada de

uma parte das impurezas do produto facilitando seu transporte pelos

elevadores, conforme mostra na Figura 3. A secagem é realizada com mais

facilidade e a remoção de materiais verdes e palhas evita fermentações na

massa de grãos quando armazenados. As máquinas de pré-limpeza e de

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limpeza operam segundo os mesmos princípios. O produto é separado de

outros materiais pela ação de uma corrente de ar e por peneiras (CASEMG,

2013).

Figura 3 – Limpeza e pré limpeza de milho. Fonte: Autoras (2014).

3.4.3 Secagem

“A secagem é um conjunto de ciência, tecnologia e arte, baseado em extensiva observação experimental e experiência operacional. Durante a secagem é necessário um fornecimento de calor para evaporar a umidade do material e também deve haver um sorvedor de umidade para remover o vapor de água, formado a partir da superfície do material a ser seco” (ALONSO, 1998).

O teor de água é o fator mais importante para determinar a qualidade

de sementes no armazenamento, pelo fato de interferir em sua atividade

biológica, atividade dos micro-organismos e sensibilidade à danificação

mecânica. A secagem de grãos constitui uma ferramenta essencial para sua

produção e qualidade, visa manter o teor de água adequado para as operações

de beneficiamento, transporte e armazenamento, reduzindo ao mínimo os

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impactos que a qualidade dos grãos possa sofrer durante essas etapas

(AVELAR, VILLELA, PESKE, 2013).

Existem diversos sistemas e tecnologias de secagem disponíveis no

mercado. Porém, em cooperativas, armazéns e cerealistas utiliza-se

basicamente o método de secagem artificial, que pode ser classificado quanto

à periodicidade de exposição da massa de sementes ao ar de secagem, em

continuo ou intermitente, e quanto à movimentação das sementes em

estacionário ou de fluxo contínuo (AVELAR, VILLELA, PESKE, 2013).

A cooperativa na qual realizou-se o estudo utiliza-se do método de

secagem intermitente, na qual a semente permanece em exposição ao ar

aquecido na câmara de secagem em intervalos ajustados de tempo,

interpolados por período sem exposição, nos quais ficam na câmara de

equalização, ocorrendo homogeneização da umidade e da temperatura da

massa (AVELAR, VILLELA, PESKE, 2013).

O secador possui calhas ou dutos de ar dispostos de forma paralela, de

forma que o ar entra pelo lado da fornalha e sai pelo lado do ventilador, que se

encontra do lado oposto. As calhas cruzadas formam um ângulo de 90º entre

si, fazendo com que o ar quente entre por um lado e saia formando um ângulo

reto, sendo assim, a fornalha e o ventilador não se encontram em linha. Este

sistema apresenta dificuldade para limpeza da torre, comprometendo a atuação

e colocando-o em risco de incêndio, além de não oferecer uma secagem

uniforme em toda a seção (COMIL, 2013; KEPLER WEBER, 2013).

O monitoramento do ar de secagem é realizado em três pontos da

torre, através de sensores localizados na entrada do primeiro estágio de

secagem, no segundo estágio e na saída para os ventiladores. O aparelho de

medição está incorporado ao quadro de comando de descarga, podendo ser

programado para emitir sinal sonoro quando os valores saírem da faixa de

temperaturas pré-programadas. O sistema de carregamento de grãos pode ser

intermitente, trabalhando por carga, não possuindo zonas de resfriamento

recebem uma carga de grãos que circula na torre até a completa secagem

(BROD, 1999).

O principal componente de um secador é a torre, dividida em duas

zonas. Na parte superior, conhecido como câmara de secagem o ar entra

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aquecido. A segunda zona, estabelecida na parte inferior, é a zona de

resfriamento da massa de grãos, conforme descrito nas Figura 4 e 5.

Figura 4 – Secador continuo de fluxo misto. Fonte: Kepler Weber (2013).

“A torre é formada por quadros laterais. Estas fazem o fechamento e a estrutura lateral da torre de secagem, são aparafusados entre si e sustentam os difusores de entrada e saída do ar. Espelhos e dutos ou calhas são dispositivos montados que permitem a entrada do ar, sendo os do lado da fornalha abertos e do lado do ventilador fechados. Este procedimento auxilia no direcionamento do fluxo do ar em contracorrente ou concorrente, possibilitando que o ar atravesse uma camada de grão da ordem de 210 mm. Neste momento é que se dá a troca de calor do ar com a massa de grãos e a umidade do grão com o ar. Na câmara de resfriamento, os grãos trocam calor com o ar, resfriando-se” (PARK et al; 2007).

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Figura 5 - Detalhe da torre de secagem. Fonte: Kepler Weber (2013).

Para cada tipo de grão, recomenda-se uma temperatura de ar de

aquecimento, no caso do milho as faixas de temperatura variam de 80ºC a

100ºC. Após a secagem realizada deixando o produto com 14% de umidade,

os grãos devem ser armazenados em locais apropriados, para que não sofram

alterações na qualidade inicial.

3.4.4 Armazenagem em silos a granel

O armazenamento pode ser realizado tanto em sacos como em silos a

granel. No caso de cooperativas de armazenamento de grãos, em geral o

armazenamento é feito em silos a granel, os quais devem estar limpos,

protegidos da luz, calor e umidade, além de possuir um sistema de ventilação

muito eficiente (EMBRAPA, 2004).

Os silos são constituídos de chapas zincadas fixadas com parafusos,

suportando ventos de até 120 Km/h. Possuem escadas internas e externas

permitindo acesso ao silo para inspeção e limpeza. Dispõe também, de um

sistema de termometria para leitura da temperatura da massa de grãos no

interior do silo, possibilitando o acionamento dos ventiladores e sistemas de

aeração na hora exata (COMIL, 2013; KEPLER, 2013).

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Os grãos são materiais higroscópicos, ou seja, têm capacidade de

ceder ou absorver a umidade do ar que os envolve. Ao respirar o grão absorve

oxigênio liberando calor, umidade e anidrido carbônico, elevando assim sua

temperatura, acarretando em ações microbianas graves e irreversíveis (ELIAS,

2003).

O equilíbrio higroscópico representa uma estabilização entre a

temperatura e umidade do grão e a temperatura e umidade relativa do ar.

Quando em temperaturas iguais ocorre a igualdade das tensões entre a

percentagem de umidade dos grãos e a umidade relativa do ar. Assim, quando

há equivalência no deslocamento da umidade ocorrerá o equilíbrio higroscópico

(CUNHA, 2001).

A migração de umidade está relacionada com a temperatura e o teor de

umidade do grão e é a maior causadora de danos que ocorrem em grãos

estocados. No inverno, o ar frio que está localizado junto à parede do silo

provoca um fluxo de ar que circula em seu interior, de cima para baixo. Ao

mesmo tempo, o ar existente entre os grãos no fundo e no centro do silo

absorve o calor dos grãos quentes, forçando o ar a subir. A combinação do

fluxo do ar frio com o fluxo de ar quente faz o ar circular. Quando o ar se

aproxima da superfície da massa armazenada a umidade condensa nos grãos

frios da superfície, provocando uma zona de umidade e uma crosta de grãos

em deterioração. No verão, o processo ocorre no sentindo inverso ao do

inverno (CUNHA, 2001). A Figura 6 demonstra um esquema de migração de

umidade no inverno e verão.

Figura 6: Migração de umidade em silo no inverno e verão. Fonte: Cunha (2001).

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A instrução normativa nº03, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, publicada no Diário Oficial da União em 18/01/2010 estabelece

que: as unidades armazenadoras para produtos a granel, devem ser dotadas

de sistema de aeração em condições operacionais adequadas. As estruturas

de armazenagem do tipo vertical devem ser dotadas de sistema de aeração

com fluxo de ar de no mínimo 0,05 metro cúbico por minuto, para cada

tonelada de capacidade estática (BRASIL, 2010).

A aeração de grãos é a passagem forçada do ar no interior da massa

dos grãos, promovendo a redução e uniformização da temperatura na massa

de grãos armazenados, visando uma boa conservação pela redução da

atividade metabólica do grão e dos organismos associados, evitando perdas

por concentração de umidade e aquecimento, impossibilitando o

desenvolvimento de fungos e produção de micotoxinas. A aeração realizada

por insuflação consiste na aspiração por um ventilador ou exaustor, que conduz

através dos dutos de distribuição o ar por sistemas de canaletas. O ar insuflado

irá expulsar o ar modificado sem atravessar a massa de grãos, com exceção

dos que estiverem rente ao corpo do silo (ELIAS et al; 2011; QUIRINO, 2011).

3.5 Pragas na armazenagem

Uma vez armazenado, o grão está sujeito a transformações,

deteriorações e perdas devido à interação de fenômenos físicos, químicos e

biológicos. Os principais fatores que influenciam são: temperatura, umidade,

disponibilidade de oxigênio, micro-organismos, insetos, roedores e pássaros

(EMBRAPA, 2007).

Os insetos são os principais responsáveis por perdas no milho no

período de armazenagem atacando inicialmente a região do embrião do milho,

onde o ovo é depositado, resultando no nascimento das larvas que completam

seu desenvolvimento dentro da semente. Segundo dados da EMBRAPA 2007,

em milhos armazenados a granel em silos, ou sacarias pode-se chegar a uma

baixa percentual de 1 a 2% do peso do grão devido as perdas por insetos. A

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maioria dos insetos que atacam os grãos armazenados são de origem tropical

e subtropical. As condições ideais de desenvolvimento ficam entre 23 e 25ºC,

com umidade relativa próxima de 70% (SILVA, FILHO,DEVILLA, 2009).

O Sitophilus zeamais (caruncho) é uma das principais pragas dos

grãos armazenados, responsável pela perda de grãos e subprodutos. São

besouros pequenos medindo aproximadamente 3 mm de comprimento,

possuem quatro manchas avermelhadas no élitro, suas larvas apresentam

coloração amarelo-clara com a cabeça mais escura e as pupas brancas. Seus

ovos são colocados sobre os grãos e após eclodirem o perfuram para se

alimentar (BRAGA; et al, 2003). Outra praga conhecida por seus estragos no

milho armazenado é a Sitotroga cerearella (mariposa) de cor amarelo-palha

(conhecida como traça dos cereais), que mede entre 5mm e 6mm de

comprimento. A Sitophilus oryzae também tem sua importância e é formada por

pequenos besouros de cor castanho-escura que medem entre 2mm e 3mm

(EMBRAPA, 2006).

Outra praga que causa grandes prejuízos aos milhos são os ratos, que

além de destruírem grande quantidade de grãos incorporam mau cheiro pela

urina, que pode contaminar os grãos com bactérias causadoras de doenças

como a leptospirose (ARAUJO, 2008). Estima-se uma perda anual de até 8%

da produção mundial de cereal e raízes, visto que cada roedor consegue

consumir por dia o equivalente a 10% do seu peso (ZULEN, 2007).

O manejo integrado de pragas (MIP) é um sistema de controle de que

procura preservar e aumentar os fatores de mortalidade natural das pragas

pelo uso integrado dos métodos de controle selecionados com base em

parâmetros técnicos, econômicos, ecológicos e sociológicos. O MIP é dividido

em 3 etapas: avaliação do agroecossistema, tomada de decisão e seleção dos

métodos de controle (PICANÇO, 2010).

A temperatura e umidade são dois quesitos extremamente importantes

na ocorrência de insetos e fungos no armazenamento. A grande parte das

espécies de insetos e fungos reduz sua atividade biológica a 15ºC. Grãos com

elevados teores de umidade tornam-se vulneráveis ao ataque de insetos e

fungos (ZULEN, 2007).

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3.6 Fungos

Mofos ou bolores são micro-organismos eucarióticos, multicelulares e

filamentosos. Sua atividade pode ocasionar alterações no sabor e na qualidade

dos alimentos. Algumas destas alterações são desejáveis, como na fabricação

de queijos. Porém, em muitos casos, os fungos podem causar transformações

indesejáveis nos alimentos produzindo sabores e odores desagradáveis

causados por diferentes graus de deterioração (MAZIERO, 2010).

Os grãos de milho estão suscetíveis à deterioração por fungos em duas

etapas: na pré–colheita, com podridões de espigas e formação de grãos

ardidos e na pós–colheita dos grãos durante o beneficiamento, armazenamento

e transporte (PINTO, 2005). As podridões destacam-se no mundo entre as mais

importantes doenças que atacam a cultura do milho por causarem redução de

produção e de qualidade de grãos (COSTA et al., 2005; VIANA, 2009).

Os fungos podem atacar o grão causando danos físicos como

descolorações, redução nos conteúdos de carboidratos, proteínas e açúcares

totais. O milho ardido tem como principal responsável o ataque de fungos na

lavoura. Esses fungos podem ser divididos em dois grupos: a) apenas

produzem grãos ardidos; e b) além da produção de grãos ardidos, são

produtores de toxinas (micotoxinas). São considerados ardidos os grãos que

possuem pelo menos um quarto de sua superfície com descolorações

(EMBRAPA, 2010).

Outro gênero que se destaca é o Aspergillus, classificado entre os

fungos de armazenagem, exigindo elevada umidade para seu

desenvolvimento, causando doenças em homens e animais, podendo ser

patogênicos, com destaque para Aspergillus flavus, fungo de armazenamento

produtor de aflatoxinas (GASPERINI, 2011). Os esporos de Aspergillus estão

amplamente distribuídos no meio ambiente, especialmente em locais contendo

matéria orgânica em decomposição (CRUZ, 2007). São considerados

iniciadores da deterioração das sementes estando ou não associadas a outros

fatores, como pequenas aberturas nas superfícies das sementes causadas por

insetos, transporte e armazenamento (MULLER, 2010).

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Entre os fungos, destaca-se o gênero Fusarium que é classificado

como um fungo imperfeito, caracterizado por um micélio hialino, ramificado e

tabicado, com esporOs em forma de fiálides e conídios de forma e tamanho

variável (LEAL et al., 2005). Pode ser encontrado no solo e em várias regiões

do mundo, sobretudo em locais de clima tropical e subtropical sobrevivendo por

longos períodos no solo pela formação de estruturas chamadas clamidósporos,

podendo colonizar ramos, folhas, inflorescências e frutos através de seus

conídeos que são disseminados pelo ar ou pela água (PINTO, 2005; TINOCO,

2010). Sua temperatura ótima de desenvolvimento está situada entre 20 a

25ºC. Produzem toxinas como fumonisinas, tricotecenos, zearalenona,

moliformina e ácido fusárico, além de patologias em plantas. A presença do

fungo toxigênico não implica impreterivelmente na produção de micotoxinas, as

quais estão intimamente relacionadas à capacidade de biossíntese do fungo e

das condições ambientais predisponentes, como em alguns casos, a

alternância das temperaturas diurna e noturna (PINTO, 2005).

3.7 Micotoxinas

Micotoxina é o termo usado para descrever substâncias tóxicas

formadas durante o crescimento de fungos, o que está associado a mudanças

na natureza física do alimento no sabor, odor e aparência (CANÇADO, 2004).

Jay (2005) define micotoxinas como sendo metabólitos secundários produzidos

por fungos filamentosos. São moléculas um tanto quanto diferentes com

estruturas que variam de simples anéis heterocíclicos apresentando peso

molecular de até 50 Da, a grupos de 6 a 8 anéis heterocíclicos irregularmente

dispostos e com peso molecular total >500 Da e que não apresentam

imunogenicidade (FREIRE et al; 2007).

As micotoxinas presentes em alimentos são um sério problema para a

saúde pública e para a qualidade dos alimentos. Há muitos anos os fungos

foram conhecidos pela sua capacidade de produzir metabólitos tóxicos, no

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entanto, os seus efeitos foram largamente ignorados, tornando as mico

toxicoses negligenciadas. Os órgãos mais afetados são: fígado, rins, cérebro,

músculos e o sistema nervoso. Os sintomas vão desde náuseas e vômitos até

a falta de coordenação dos movimentos (ou ataxia) e morte (CANÇADO, 2004).

Os principais substratos para a produção dessas toxinas são os

cereais, cujas perdas segundo estimativa da Food and Agriculture Organization

of the United Nations – FAO chegam a 25% dos grãos produzidos (AMARAL et

al; 2006). De acordo com a quantidade ingerida e tempo de exposição à

micotoxicose é classificada em aguda, crônica e subcrônica, tendo esta mais

importância econômica causando redução na produtividade e no crescimento

dos animais (YANAKA et al; 2007).

As micotoxinas podem entrar na cadeia alimentar humana e animal por

meio de contaminação direta ou indireta. Sabe-se que a maioria dos alimentos

e rações pode permitir o crescimento e o desenvolvimento de fungos

toxigênicos, tanto durante a produção, processamento, transporte e o

armazenamento (FREIRE et al; 2007, apud FRISVAD, 1992).

A contaminação direta ocorre quando o produto é diretamente usado na

alimentação humana ou de animais, sendo contaminado por um fungo

toxigênico, com posterior formação de micotoxinas. Já, a contaminação indireta

de alimentos e rações ocorre quando um ingrediente qualquer foi previamente

contaminado por um fungo toxigênico, e mesmo que o fungo tenha sido

eliminado durante o processamento as micotoxinas ainda permanecerão no

produto final (SILVA, 2005; FREIRE et al; 2007, apud FRISVAD e SAMSON,

1992).

Para prevenção e controle das micotoxinas, deve-se observar que os

fungos não podem se desenvolver (ou micotoxinas serem produzidas) em

alimentos precisamente secos. Para reduzir e prevenir a produção da maioria

das micotoxinas, o processo de secagem deve ser feito logo após a colheita e

o mais rápido possível. Para um alimento seguro deve-se manter a atividade de

água (aw) em aproximadamente 0,7. A manutenção de alimentos abaixo de 0,7

aw é uma técnica eficaz usada mundialmente para controlar estragos

provocados por fungos e produção de micotoxinas em alimentos. Os insetos

são as principais causas de estragos, pragas de insetos do campo e algumas

espécies de armazenamento estragam o grão e estimulam em ambiente úmido

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o crescimento de fungos no grão em amadurecimento. No armazenamento,

muitas espécies de insetos atacam o grão, e a umidade que pode acumular

oferece um meio ideal para fungos (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2009).

3.7.1 Aflatoxinas

Dentre as micotoxinas, a aflatoxina é a mais estudada, havendo relatos

da sua descoberta desde 1960. São metabólitos secundários produzidos por

algumas cepas de Aspergillus, principalmente das espécies A. flavus e A.

parasiticus, os quais desenvolvem-se naturalmente em produtos alimentícios,

como amendoim, milho, feijão, arroz, trigo, dentre outros cereais (OLIVEIRA,

GERMANO, 1997).

A palavra aflatoxina pode ser utilizada para designar 17 substâncias

químicas, tendo quatro, como as principais que são: B1, B2, G1 e G2. Quando

submetidas à luz ultravioleta apresentam fluorescência, azul-violeta ou

esverdeada, por isso, são representadas pelas letras B (blue-azul) ou G (Green

- verde), já os índices 1 e 2 referem-se à sua mobilidade cromatográfica

(CANÇADO, 2004).

Podem ser encontradas em frutas secas, oleaginosas como amendoim,

e cereais como milho, feijão, arroz, trigo, dentre outros. Em condições de

umidade e temperatura elevadas constituem um sério risco à saúde humana

devido aos seus efeitos tóxicos imediatos, imunossupressores, mutagênicos,

teratogênicos e carcinogênicos (MAZIERO, 2010).

Nos grãos de milho armazenados o desenvolvimento de micotoxinas

ocorre por fungos especialmente do gênero Aspergillus, que necessitam de

temperatura, umidade relativa do ar e substrato adequados para o

desenvolvimento. São condições ótimas para a produção de aflatoxinas em

grãos de milho: umidade relativa de 80 a 85%, umidade dos grãos de 17% e

temperatura de 24 a 35ºC. Porém, aliado a presença de oxigênio e um longo

período de armazenamento pode haver produção de micotoxinas com umidade

12% (DILKIN et al., 2000).

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A produção de aflatoxinas por Aspergillus flavus só pode iniciar-se com

atividade de água (aw) a partir de 0,83, porém, a aw mínima para o

crescimento e produção de aflatoxinas é influenciada pela temperatura, sendo

que temperaturas abaixo de 13ºC são capazes de prevenir a formação de

aflatoxinas, e temperaturas entre 24 e 30ºC são mais favoráveis para a

produção da mesma (CANÇADO, 2004 apud Bullerman et al, 1984).

No Brasil, a ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária

publicou no Diário Oficial da União a resolução RDC nº 7 de 18 de fevereiro de

2011, a qual dispõe sobre limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas

em alimentos. Os limites máximos toleráveis de aflatoxinas B1, B2, G1, G2 em

milho, milho em grão (inteiro, partido, amassado, moído), farinhas ou sêmolas

de milho é de 20 Ug/kg.

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4 METODOLOGIA

Na safra verão 2012/2013, um total de 13 amostras, em três repetições

foram coletadas de um silo a granel com capacidade de armazenamento de

4.800 toneladas (80.000 sacos) em uma cooperativa de Francisco Beltrão –

PR. A coleta foi realizada com caladores, em diferentes alturas do silo, com o

auxílio de funcionários da cooperativa os quais utilizaram os equipamentos de

proteção individual - EPI. Foram retirados aproximadamente 1 Kg de milho,

homogeneizados e acondicionados em sacos de papel. Estes mantiveram-se

resfriados e foram encaminhados ao laboratório da UTFPR-FB, em até 24

horas após a coleta.

As primeiras 06 amostras foram realizadas em diferentes alturas do silo

em um único dia no mês de maio, objetivando caracterizar o milho

armazenado, conforme descrito na Figura 7. Posteriormente realizaram-se

coletas mensais, nos meses de junho a dezembro de 2013, sempre em

momentos de retirada de grãos de milho do silo.

Figura 7 – Amostragem para caracterização do milho armazenado Fonte:

Autoras (2014).

Durante o período de trabalho, fez-se o acompanhamento mensal de

temperatura e umidade relativa- UR no silo, analisando possíveis alterações

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que pudessem acarretar em problemas na armazenagem. A medição da

temperatura e umidade relativa - UR pode ser usada como um método para

constatar a causa da deterioração de grãos armazenados.

As análises foram realizadas nos laboratórios de Química, e

Microbiologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus

Francisco Beltrão, conforme mostra no fluxograma 2.

Fluxograma 2- Procedimento Experimental.

4.1 Amostras de milho

4.1.1 Preparo da amostra para análise

As amostras foram homogeneizadas, conservadas em sacos de papel

em local seco e arejado. Através do quarteamento manual foram espalhados

1kg da amostra com uma espátula sobre uma folha grande de papel. Logo

após, foram separadas em quatro partes em forma de cruz, retirando-se dois

segmentos opostos devolvendo-o para o pacote. Misturou-se as duas partes

restantes e repetiu-se o processo de separação de quatro segmentos,

continuando até obter 200 g de material, para análise em triplicata. As amostras

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foram então submetidas à análise microbiológica (contagem dos principais

bolores isolados do milho), análises físico-químicas e de micotoxinas.

4.2 Análise físico-química

Para a realização das análises físico-químicas, foram seguidos os

procedimentos descritos pelo Instituto Adolf Lutz (IAL, 2008) e para

determinação de proteínas utilizou-se o método Kjeldahl (AOAC,1997).

4.2.1 Secagem direta em estufa a 105ºC

Inicialmente, triturou-se a amostra de milho e pesou-se uma quantidade

de 10g, as quais foram colocadas em cadinho de porcelana previamente

tarado. A amostra foi então transferida para uma estufa a 105ºC, a qual

permaneceu durante 6 horas até peso constante. Calculado de acordo com a

equação:

U (%) = Pi-Pfx100 (1)

Pi-T

Onde: U (%) =porcentagem de umidade

Pi=peso inicial da amostra

Pf=peso final

T=peso do recipiente

4.2.2 Cinzas totais

O procedimento foi realizado após a determinação de umidade a

105ºC, possibilitando assim que a amostra já estivesse seca. Transferiu-se esta

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para mufla a 550ºC, por aproximadamente 8 horas. A amostra foi resfriada em

dessecador até a temperatura ambiente e pesada. Calculando de acordo com a

equação 2.

Cinzas totais =

100xN (2)

P

Onde:N= número de gramas de cinzas

P=numero de gramas de amostra

4.2.3 Lipídios ou extrato etéreo – Extração direta em Soxhlet

Pesou-se 2 a 5 g da amostra em papel filtro e esta foi grampeada.

Transferiu-se o cartucho para o aparelho extrator tipo Soxhlet. Acoplou-se o

extrator ao balão de fundo chato previamente tarado a 105°C. Adicionou-se

éter de petróleo em quantidade suficiente para um extrator Soxhlet e meio.

Adaptou-se a um refrigerador de bolas, mantendo-se sob aquecimento em

chapa elétrica, à extração contínua por 8 horas (quatro a cinco gotas por

segundo). Retirou-se o papel de filtro grampeado, destilou-se o éter em

rotaevaporador rotativo transferiu-se o balão com o resíduo extraído para uma

estufa a 105°C, mantendo-se por cerca de uma hora. Resfriou-se em

dessecador até a temperatura ambiente. Pesou-se as amostras, calculado de

acordo com a equação 3.

L(%) =Pf-Pix100 (3)

g amostra

onde:L(%) = porcentagem de lipídeos

Pf=peso final do balão

Pi=peso inicial do balão

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35

4.2.4 Determinação de proteínas – Método Kjeldahl

A determinação de proteínas foi realizada pelo método semi-micro

Kjeldahl, onde se determina o nitrogênio contido na matéria orgânica, incluindo

o nitrogênio protéico e outros compostos nitrogenados não protéicos. O método

Kjeldahl é constituído de três etapas: digestão, destilação e titulação. Calculado

de acordo com as equações 4 e 5.

N%=VxNxfx14x100 (4)

m

Onde:N%= porcentagem de nitrogênio total da amostra;

V=volume gasto de Hcl gasto na titulação (mL);

N=concentração (mol/L) do padrão (HCl);

f=fator de correção do padrão;

m=massa da amostra (mg).

PB (%) =%NxFE (5)

Onde: PB (%): porcentagem de proteína bruta contida na amostra;

FE:fator especifico de conversão: 6,25

4.3 Análise microbiológica

4.3.1 Método de contagem dos principais bolores isolados do milho

A quantificação de bolores em alimentos é feita pelo método de

contagem padrão em placas, determinando-se o número de unidades

formadoras de colônias (UFC). O método utilizado no trabalho foi o

plaqueamento Pour plate.

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Foram seguidos os procedimentos conforme descrito por Silva et al.;

(2007). A contagem dos principais bolores isolados do milho foi realizada a

partir de 25 g da amostra que foi assepticamente triturada e homogeneizada.

As amostras foram adicionadas a um erlenmeyer contendo 225 mL de solução

peptonada a 0,1%, resultando na diluição 10-1. Procedendo-se a diluição

seriada com solução peptonada de 10-1 a 10-5. Após realizadas as diluições,

pipetou-se assepticamente 1 mL da amostra (equivalente a diluição 100) em

triplicata, em placas de Petri, devidamente esterilizadas e identificadas,

repetindo-se o procedimento para as demais diluições (10-1;10-2; 10-3; 10-4 e 10-

5). Em cada uma das placas contendo a amostra, foram adicionados cerca de

20mL de Ágar Batata Dextrose (BDA) e homogeneizadas. Após a solidificação

do meio, as placas foram incubadas invertidas por 5 dias em estufa BOD a

25ºC.

4.4. Análise de aflatoxina

4.4.1 Determinação de aflatoxina B1 em milho por Cromatografia em Camada

Delgada – CCD

A análise de aflatoxinas por CCD (cromatografia em camada delgada)

foi conduzida conforme metodologia descrita por Soares e Rodriguez – Amaya

(1989), apud ONO, et al. (2007), conforme a Figura 8.

4.4.2 Extração de aflatoxina

Inicialmente triturou-se 200g de amostra para granulometria de 50

“mesh” e homogeneizou-se. Em seguida, pesou-se 50g de amostra triturada e

adicionou-se 270 mL de metanol e 30 mL de cloreto de potássio (KCl) 4%.

Agitou-se em liquidificador por 5 minutos. Filtrou-se o extrato em papel de filtro

comum e transferiu-se 150 mL do filtrado para um béquer de 500 mL.

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Adicionou-se ao béquer de 150 mL de solução clarificante de sulfato de amônio

(NH4)2SO4 a 30% e cerca de 20g de terra de diatomácea, agitando-se com

bastão de vidro. Filtrou-se novamente em papel filtro comum, transferiu-se 150

mL do filtrado para um funil de separação, adicionou-se 150 mL de água

destilada e 10 mL de clorofórmio. Agitou-se o funil de separação suavemente

por 3 minutos para extrair a toxina. Esperou-se a separação das fases (aquosa

e clorofórmica) e coletou-se 5,0 mL da fase inferior (clorofórmica) em um

frasco. Repetiu-se a operação com a adição de 10 mL de clorofórmio ao funil

de separação. Agitou-se e esperou-se a separação das fases, coletou-se 5,0

mL da fase inferior do funil no mesmo frasco contendo os 5,0 mL da primeira

partição e transferiu-se o volume total da fração clorofórmica (10 mL) para um

tubo e evaporou-se em banho-maria a 50°C sobre fluxo de nitrogênio gasoso.

Figura 8 – Fluxograma para determinação da presença de aflatoxina em grãos.Fonte: ONO, et al. (2007).

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38

4.4.3 Análise de aflatoxina B1

Ativou-se a placa cromatográfica (20 x 20 cm, sílica gel 60) colocando-

a em estufa a 100°C por 30 minutos.

Ressuspendeu-se o resíduo da amostra com 200µL de clorofórmio em

agitador de tubos por 30 segundos. Aplicou-se a 2,0 cm da base dois pontos de

amostra (5µL) e quatro pontos (2,5; 5,0; 7,5 e 10 µL) de padrão de aflatoxinas

(2,5 µg/mL) na cromatoplaca. Colocou-se a cromatoplaca em cuba

cromatográfica contendo como fase móvel tolueno, acetato de etila,

clorofórmio, e acido fórmico (70: 50: 50: 20). Removeu-se a placa após o

desenvolvimento de 10 cm de corrida e deixou-a secar. Visualizou-se a placa

sob luz UV a 366nm. Para a quantificação, comparou-se a intensidade de

fluorescência da banda comparada à micotoxina na amostra e no padrão.

4.4.4 Análise estatística

Os dados obtidos das análises físico-químicas foram submetidos à

análise de variância (ANOVA), e como existiu diferença significativa entre as

amostras, foi então, realizado teste de Tukey para comparação de médias. Os

resultados foram expressos em tabelas e gráficos e foram comparados com os

dados da literatura, de modo a estabelecer um parâmetro para as alterações

físico-químicas, microbiológicas e de aflatoxina B1.

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39

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise microbiológica

As tabelas 1 e 2 demonstram os resultados de 13 amostras de milho

coletadas nos meses de maio a dezembro de 2013, sendo na tabela 1 as 6

primeiras (BP01-BP06) coletadas no mesmo dia em diferentes alturas do silo

no mês de maio, com o objetivo de caracterizar o milho armazenado. Na tabela

2 estão as demais amostras (BP07 a BP13) que foram coletadas mensalmente

a partir do mês de junho a dezembro/2013, para que pudesse ser realizado o

acompanhamento de suas alterações ao longo do tempo de armazenagem. Os

resultados foram calculados de acordo com as médias de 3 repetições para

cada amostra. No presente trabalho não será apresentado à contagem total de

bolores e leveduras, somente dos bolores mais frequentes isolados.

Tabela 1 - Contagem inicial dos principais bolores isolados do milho na amostra de caracterização. Amostra

Bolores (UFC/g) Penicillium sp. Fusarium verticillioides Aspergillus flavus

BP01 3,6x10

5 (±2,33) 3,3x10

4 (±2,08) 1,3x10

5 (±0,57)

BP02 2,6x105 (±0,88)

1,6x104 (±0,91) 1,8x10

5 (±1,02)

BP03 3,9x103 (±1,93)

n.d 2,6x105 (±1,09)

BP04 4,0x104 (±1,41) n.d 2,3x10

4 (±1,52)

BP05 2,9x104 (±3,15) 2,7x10

4 (±2,28) 1,0x10

3 (±0,70)

BP06 1,9x104 (±0,74)

2,3x102 (±1,83)

2,2x103 (±2,07)

n.d: não detectado *BP faz referência ao nome das alunas, seguido do respectivo número das amostras coletadas

Os dados expressos na tabela 1 representam a contagem de bolores

isolados do milho através das amostras de caracterização, as quais foram

coletadas ao mesmo tempo no mês de maio em diferentes alturas do silo.

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De acordo com os dados da tabela 1, pode-se observar que o maior

valor apresentado para o gênero Penicillium foi de 3,6x105 UFC/g na amostra

BP01, enquanto o menor valor foi na amostra BP03 com resultado de 3,9x103

UFC/g. Para o gênero Fusarium os resultados variaram de 3,3x104 UFC/g na

amostra BP01 sendo este o valor máximo apresentado, e as amostras BP03 e

BP04 respectivamente não foi detectada a presença do gênero Fusarium. A

amostra BP01 foi responsável pela maior presença de Penicillium e Fusarium,

dando indícios de que essa amostra estava contaminada e que possivelmente

essa contaminação ocorreu no campo em virtude dos gêneros apresentados

serem de característicos do campo.

Quando analisamos o gênero Aspergillus pode-se notar que o valor

máximo apresentado foi de 2,6x105 UFC/g na amostra BP03, a qual não

apresentou indícios do gênero Fusarium e obteve a contagem mais baixa de

todas as amostras avaliadas na caracterização para o gênero Penicillium. O

valor mínimo para Aspergillus foi de 1,0x103 UFC/g na amostra BP05, a qual

apresentou valores médios para os gêneros Penicillium e Fusarium.

A tabela 2 demonstra os resultados obtidos para contagem dos

principais bolores isolados do milho durante os 8 meses de armazenamento.

Tabela 2 - Contagem dos principais bolores isolados do milho armazenado. Amostra

Bolores (UFC/g) Penicillium sp. Fusarium verticillioides Aspergillus flavus

BP07 4,7x10

4 (±3,10)

1,5x104 (±0,66)

2,2x103 (±1,48)

BP08 2,1x102 (±1,01)

3,8x103 (±3,06)

4,2x102 (±2,53)

BP09 4,0x102 (±1,41)

1,6x102 (±0,57) 3,2x10

3 (±0,35)

BP10 5,4x105 (±2,37)

6,2x104 (±1,90)

3,2x104 (±3,18)

BP11 4,2x105 (±3,13)

3,8x104 (±2,94)

1,9x105 (±1,58)

BP12 3,6x104 (±2,97)

n.d 1,3x104 (±0,47)

BP13 3,1x103 (±1,45)

2,5x102 (±2,12)

2,9x104 (±2,32)

n.d.: não detectado *BP faz referência ao nome das alunas, seguido do respectivo numero das amostras coletadas

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Conforme os dados expressos na tabela 2 pode-se observar que os 3

gêneros isolados do milho durante o armazenamento apresentaram resultados

elevados na contagem de UFC/g, sendo os gêneros Aspergillus e Fusarium os

mais importantes envolvidos na produção de micotoxinas. Os principais fatores

que favorecem o crescimento desses micro-organismos em cereais

armazenados são: alta umidade relativa do ar, teor de água do substrato e

temperatura de armazenamento (BENTO et al; 2012).

De acordo com os dados observados na tabela 1 e 2, o gênero

Aspergillus flavus esteve presente desde a coleta da amostra de caracterização

(tabela 1), com presença até o final do período de armazenamento (tabela 2).

O aparecimento do gênero Aspergillus em todas as amostras pode ser

consequência da cooperativa receber milho de diferentes variedades com

umidades e contaminações diferentes, podendo ocasionar um favorecimento

ao crescimento dos fungos pós-colheita.

Uma vez armazenado no silo, o milho não passou pelo processo de

homogeneização, o que demonstra a heterogeneidade nos resultados

apresentados ao longo do período de armazenamento, e apenas uma das

amostras (BP02) apresentou presença de aflatoxina B1, mas em quantidade

inferior ao que determina a legislação (BRASIL, 2011).

Importante destacar que a amostra BP02 é uma amostra de

caracterização, portanto o desenvolvimento da aflatoxina B1 detectada,

provavelmente ocorreu antes da entrada no silo. Este entendimento baseia-se

no fato de que esta amostra de milho foi uma das últimas a entrar no silo, e

também uma das primeiras a sair, já que o processo de retirada dos grãos no

silo ocorre de cima para baixo (Figura 7), não havendo portanto tempo

suficiente para o desenvolvimento do fungo e consequente produção da toxina

na armazenagem.

Santin, et al (2004) sugere que a mistura de lotes de grãos infectados

com outros não infectados prejudica a qualidade e o valor comercial de toda a

produção, por favorecer o desenvolvimento de fungos pós-colheita, caso não

seja realizada a secagem adequada, monitoramento periódico da temperatura,

monitoramento do teor de umidade dos grãos e do ambiente durante o

armazenamento do produto.

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Segundo Pereira et al.(2002) a contaminação e a deterioração

causadas por fungos nos alimentos são mais comuns que as ocasionadas por

qualquer outro grupo de micro-organismo. A contaminação por fungos é

importante não somente sob o ponto de vista sensorial, mas também pelo

perigo que a produção de micotoxinas representa ao consumidor.

Mattos et al.(2009), avaliou a qualidade dos grãos de milho utilizados

em uma indústria alimentícia de Campina Grande no período de 2004 e 2005, e

observaram que o gênero Aspergillus foi o de crescimento mais acentuado,

tendo sido encontrado em 100% das amostras analisadas.

Farias et al. (2000) e Ribeiro et al. (2003) estudaram o grão de milho

armazenado e seus derivados, sendo os principais fungos detectados

pertencentes aos gêneros Penicillium, Aspergillus e Fusarium. Bento, et al

(2012), avaliaram 84 amostras de milho oriundas de unidades armazenadoras

das regiões Norte, Sul, Leste e Oeste do estado de Mato Grosso, referente às

safras 2009 e 2010. A identificação dos patógenos obteve prevalência dos

gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium.

Os fungos do gênero Aspergillus são fungos de armazenamento,

indicadores de deterioração de sementes e grãos, podendo ocasionar a

produção de micotoxinas. Esses fungos necessitam de teores de umidade

entre 13% e 18%, havendo pouca incidência durante o crescimento da planta

no campo e nos grãos recém-colhidos (SANTIN, 2001).

Vecchiatto et al. (1994), Cirio (1998) afirmam que o aparecimento do

gênero Penicillium pode estar relacionada à incidência de Aspergillus,

ocasionando o fenômeno de competitividade entre os gêneros. Os teores de

umidade exigidos por Penicillium estão acima de 16,5%. Em geral, Aspergillus

desenvolvem em teores de umidade mais baixos (13,5%), no entanto com

crescimento muito rápido acima deste valor, produzem calor e umidade

metabólica que favorecem a sucessão das espécies e de gêneros de fungos.

5.2 Análise aflatoxina B1 (AFB1)

Os resultados das análises de aflatoxina B1 em grãos de milho

oriundos da cooperativa revelaram que, do total de 13 amostras avaliadas

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apenas 1 (7,70%) apresentou a aflatoxina B1, porém, com nível abaixo do

limite máximo (20 µg/Kg) estabelecido pela ANVISA. (2011) (e abaixo do limite

de quantificação do método analisado). A amostra com presença da aflatoxina

B1 foi à amostra BP02 que apresentou resultado de 1,8x105 UFC/g para o

gênero Aspergillus. Esta amostra apresentou na coleta um teor de umidade de

7,57%, umidade muito abaixo da umidade requerida pelo fungo para o seu

crescimento. O que nos leva a crer que esta contaminação possa ter ocorrido

anteriormente a sua entrada no silo, pois a mesma foi coletada no mês de

maio, logo após sua chegada à cooperativa e posterior à sua secagem,

momento em que foi realizada a caracterização do silo, onde foram coletadas

as 6 amostras para caracterizar a qualidade do milho no início do processo de

armazenamento (BP01;BP02;BP03;BP04;BP05;BP06). As demais amostras

foram coletadas mensalmente em sequência (BP07: junho; BP08: julho) e

assim sucessivamente até amostra final (BP13:dezembro), sendo que as

mesmas não apresentam sequer vestígio da aflatoxina B1 no decorrer dos 8

meses de armazenamento.

O teor de umidade das amostras analisadas variou de 8,52% na

amostra BP13 a 12,36% na amostra BP07, níveis esses inferiores ao valor

máximo (14,5%) permitido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, conforme Portaria do nº845 de 1976 (BRASIL, 1976). Prado et

al. (1995) apud Almeida (2009), sugere que a ausência de contaminação por

aflatoxinas pode ser atribuída a níveis reduzidos de umidade, entre 13% e

13,5%.

A boa qualidade dos grãos recebidos e os resultados encontrados

demonstraram que, a baixa frequência e níveis de contaminação por aflatoxina

B1 nas amostras de milho avaliadas podem ser consequência do eficiente

processo de armazenamento do milho em silo a granel, realizado pela

cooperativa ao longo dos meses de armazenamento, controlando todo o

processo desde o início com a recepção, limpeza e secagem do grão, seguida

pelo controle de temperatura, umidade relativa e aeração dentro do silo.

Ramos et al. (2008), avaliaram a contaminação por aflatoxinas em

híbridos de milho cultivados em três regiões do estado de Goiás, onde detectou

presença do gênero Aspergillus em todas as amostras provenientes do

município de Jataí-GO, indicativo de que possivelmente nas lavouras deste

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município o fungo esteve presente nos grãos de milho em algum momento do

seu ciclo de produção.

Cortês, et al. (2000) constataram que 28,57% das amostras de milho

retiradas de lavouras do estado de Mato Grosso apresentavam nível médio de

aflatoxinas de 12,35 μg/kg, indicando que o milho no ponto de colheita já

apresentava contaminação por aflatoxinas.

Marques et al. (2009) também analisaram a incidência de fungos dos

gêneros Aspergillus, Fusarium e Penicillium e as contaminações com

micotoxinas em grãos de cinco híbridos comerciais de milho em função da

umidade de colheita, e observaram que a produção de aflatoxinas ocorreu em

grãos ainda nas espigas, no campo, devido a condições ambientais favoráveis

aos patógenos.

Almeida et al (2009) em seu estudo, coletaram 80 amostras de milho

destinadas a fábrica de rações, obtendo teores de umidade entre 10,1 a 13,8%,

sendo destas 8 contaminadas com níveis variáveis de 1 a 5 Ug/kg de aflatoxina

B1, valores considerados abaixo do nível máximo permitido pela Portaria

MA/SNAD/SFA nº. 7 de 1988 para qualquer matéria-prima a ser utilizada,

diretamente ou como ingrediente para rações destinadas ao consumo animal.

5.3 Análises físico-químicas

Os valores da composição físico-química estão dispostos nas tabelas 3

e 4, sendo BP01 a BP06 amostras coletadas no mês de maio para

caracterização do silo, que para discussão dos resultados foi realizado a média

e tratamento estatístico das 6 amostras entre si, obtendo um valor único para

cada parâmetro analisado, havendo diferença significativa para cinzas,

proteínas e lipídeos. As demais amostras coletadas mensalmente a partir de

junho (BP07) a dezembro (BP13) foram comparados com a média da

caracterização e realizados teste de média e análise estatística para cada

amostra mensal existindo diferença entre elas.

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Tabela 3. Características físico-químicas de amostras de grãos de milho para caracterização em silos a granel em cooperativa de Francisco Beltrão-PR.

Parâmetros (%) Umidade Cinzas* Proteínas* Lipídeos* BP01 8,15 a

(±0,10)

1,52 a (±0,03)

8,61 b (±1,201)

5,06 b (±0,424)

BP02 7,57 a (±0,43)

1,74 b (±0,10)

8,23 b (±0,281)

5,12 b (±0,529)

BP03 9,77 a (±3,12)

1,47 a (±0,13)

7,43 b (±0,464)

5,18 c (±1,264)

BP04 9,37 a (±1,14)

1,61b (±0,23)

7,21 b (±0,246)

4,86 a (±0,260)

BP05 8,13 a (±0,03)

1,87 c (±0,21)

6,39 a (±0,170)

5,96 d (±0,775)

BP06 8,21a (±0,08)

1,58 b (±0,13)

7,00 a (±0,326)

4,17 a (±0,405)

Média da Caracterização

8,53 1,63 7,47 5,058

* base seca **BP faz referência ao nome das alunas, seguido do respectivo numero das

amostras coletadas

Os resultados expressos na tabela 3 representam as análises físico

químicas para as amostras codificadas de BP01 a BP06 as quais referem-se à

caracterização do produto, retirado em diferentes alturas do silo de

armazenagem, (conforme figura 7). Houve diferença significativa entre as

amostras analisadas para os parâmetros de cinzas, proteínas e lipídios. Não

havendo diferença significativa entre as amostras para a umidade, o que nos

sugere que o processo de secagem realizado pela cooperativa foi eficiente, de

modo que todos os grãos estavam com teores próximos de umidade ao entrar

no silo. Apesar dos teores de umidade terem variado, não atingiram valores

que pudessem propiciar micotoxinas acima do limite de quantificação do

método utilizado e perante a legislação vigente (BRASIL, 2011).

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Tabela 4. Características físico-químicas de grãos de milho armazenados em silos a granel em cooperativa de Francisco Beltrão-PR

Parâmetros (%) Amostra Umidade Cinzas* Proteínas* Lipídeos*

Média da Caracterização

8,53 a 1,63 b 7,47 abc 5,058 ab

BP07

12,36 d (±0,21)

1,36 a (±0,10)

7,24 ab (±0,23)

6,34 b (±0,25)

BP08

11,08 cd (±0,21)

1,63 b (±0,32)

8,45 bc (±0,25)

4,24 a (±0,22)

BP09

8,87 a (±0,67)

1,70 b (±0,14)

8,07 bc (±0,09)

5,69 ab (±0,12)

BP10

9,22 ab (±0,14)

1,99 c (±0,20)

7,58 abc (±0,20)

5,64 ab (±0,44)

BP11

12,13 cd (±0,20)

1,97 c (±0,08)

7,46 abc (±0,56)

5,48 ab (±0,39)

BP12

10,29 bc (±0,07)

2,11 c (±0,12)

8,74 bc (±0,22)

5,23 ab (±0,11)

BP13

8,52 a (±0,50)

1,93 c (±0,08)

8,02 bc (±0,72)

5,02 ab (±0,24)

* base seca **BP faz referência ao nome das alunas, seguido do respectivo numero das

amostras coletadas

De acordo com a tabela 4 pode-se observar que proteínas e lipídeos

apresentaram diferença significativa quando comparadas as amostras de

caracterização (BP01-BP06), e quando analisadas mensalmente (BP07-BP13).

Por outro lado, cinzas e umidade apresentaram diferença significativa quando

comparadas com a amostra de caracterização e quando comparadas ao

armazenamento. Houve diferença significativa entre as amostras, inclusive

quando comparadas a amostra de caracterização. Essas variações

apresentadas ao longo do período de armazenamento podem ser decorrência

da mudança de clima e temperatura, como também em função das diferentes

variedades de milho existentes dentro do silo.

No gráfico 1, estãos dispostos os resultados da umidade relativa –

UR% (URS) e temperatura ºC do silo (TS) comparadas com a umidade do grão

% (UGS) armazenado no mês de maio (5) até o mês de dezembro (12). Pode-

se notar que no início do armazenamento o grão apresentava baixa umidade,

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enquanto o silo temperatura baixa, mantendo umidade relativa alta. No entanto,

a partir do mês de junho (6) até o mês de setembro (9) a umidade do grão

obteve comportamento similar, mantendo-se constante. À medida que a UR

diminuiu, a temperatura aumentou, do mesmo modo que quando a temperatura

diminuiu, a UR aumentou. No mês de outubro (10) a umidade relativa do ar no

silo aumentou, aumentando também a umidade do grão armazenado para

12,14%. Nos meses de novembro e dezembro a UR diminuiu para 61% e 55%

respectivamente, influenciando diretamente na umidade do grão que foi para

10,30% no mês de novembro (11) e 8,52% no mês de dezembro (12).

Sendo o teor de água um fator importante para determinar a qualidade

das sementes no armazenamento, a secagem de grãos constitui uma

ferramenta essencial para sua qualidade, visando manter o teor de água

adequado para as operações de beneficiamento, transporte e armazenamento,

(AVELAR, VILLELA, PESKE, 2013). Neste estudo os valores encontrados

atendem a legislação vigente (BRASIL, 1976).

Segundo Weber (2005) o teor de umidade das sementes é mais

afetado pela umidade relativa do ar do que pela temperatura, mostrando o

papel da umidade do ar na manutenção da umidade das sementes no

armazenamento. O teor de umidade dos grãos armazenados aumenta

rapidamente quando em contato com uma umidade relativa do ar superior a

70%.

Gráfico 1 – Relação entre UR (URS) e temperatura do silo (TS) x

umidade dos grãos %

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Arce (2009) afirma que por serem materiais higroscópicos o grão tem

capacidade de ceder ou absorver umidade de acordo com a baixa ou alta

umidade relativa do ar contido na massa de grãos. Portanto, em contato com o

ambiente onde a umidade relativa oscila ganharão ou perderão umidade e

tendem a manter o equilíbrio de sua umidade com determinada umidade

relativa do ar, a certa temperatura.

Ferrari Filho (2011) encontrou valores de 10,34 a 15,93% de umidade

por diferentes métodos de secagem, o primeiro foi secagem com uso de

energia solar e o segundo com uso de ar natural, no tempo zero e no tempo de

9 meses respectivamente, o que leva a concluir que o método de secagem

pode influenciar na umidade no produto bem como o tempo de

armazenamento.

Conforme Muir (1973) o aumento no teor de água ocorre tanto pela

atividade respiratória dos grãos quanto pela microflora associada. O

comportamento higroscópico dos grãos no armazenamento é fundamental para

a conservação do produto e o manejo do sistema de armazenamento (ELIAS,

2008).

A análise estatística demonstrou que houve variância entre a média da

amostra de caracterização e as demais amostras coletadas mensalmente. Para

os teores de cinzas, proteínas e lipídios deve ser considerado o fato de que o

milho recebido pela cooperativa era procedente de diferentes produtores, os

quais comercializam milhos de diferentes cultivares, com valores nutricionais

diferentes. Quando entra no silo todo o milho é misturado, não podendo fazer

distinção entre as variedades, sendo esse o motivo de algumas amostras terem

apresentado valores maiores ou menores para determinados fatores. Os

valores apresentados durante o período de armazenamento são considerados

comuns.

Os teores de mineral (cinzas) encontrados no trabalho foram de 1,36 a

2,11% durante o período de armazenamento. Valores entre 1,46 a 2,4% foram

encontrados por Ferrari Filho (2011) em seu estudo, apresentou resultados

condizentes com os encontrados neste estudo. Os mesmos autores também

demonstram que há um leve aumento no teor final de cinzas ao longo do

período de armazenagem. Luchin; Barcaccia; e Parrini (2003) avaliando milho

crioulo encontraram valores médios de mineral de 1,56%. Já para milho

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híbrido, Gonçalves et al. (2003) encontraram valores de 1,27%. Segundo

Salunkle et al. (1985), o conteúdo mineral é dentre os constituintes químicos do

grão de milho o que apresenta as maiores variações no seu conteúdo durante

o armazenamento.

O gráfico 2 representa os resultados de proteína e lipídios durante os 8

meses de armazenamento, comparando-os com a temperatura do silo e

umidade relativa. Os teores de proteínas e lipídios não sofreram alterações ao

longo do armazenamento, podendo-se observar que mesmo que a umidade

relativa e temperatura variaram, não foi o suficiente para causar danos aos

grãos, pois a umidade relativa não ultrapassou os 70% valor considerado

crítico, e a temperatura manteve-se em níveis aceitáveis para boa conservação

de grãos, próximo a 18ºC (DEVILLA, 2004).

No presente trabalho os valores de proteína bruta foram de 7,47 a

8,74% durante o período de armazenamento. Em estudo realizado por

Bordignon (2009), o teor de proteína foi de 9,14 a 9,80% para milhos híbridos

de textura dura e semidura, respectivamente. Pinto (2009) encontrou em sua

caracterização de milho valor médio 9,5% de proteína bruta.

Gráfico 2: Temperatura e umidade relativa no silo X Proteínas e

Lipídios.

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Ferrari Filho (2011), revelou que as variações de perda de proteína

ocorrem entre 3 e 6 meses de armazenamento e depois desse tempo tendem a

estabilizar. O autor também encontrou valores de proteína de 9,58 a 10,84%.

Os teores de lipídeos neste trabalho foram de 4,24 a 6,34% durante o

período de coleta das amostras. Ferrari Filho (2011) encontrou em seu estudo

resultados entre 4,55 a 5,74% de lipídeos, sendo o primeiro resultado com 9

meses de armazenamento e o segundo no inicio do processo. Santos (2006)

relata que o material armazenado está sujeito a transformações, deteriorações

e perdas devido a interações entre os fenômenos físicos, químicos e

biológicos. Sendo que os fatores que exercem grande influência nesse

ambiente são a temperatura, umidade, disponibilidade de oxigênio, micro-

organismos e insetos.

Para Rupollo et al (2004), os lipídios são os constituintes mais

suscetíveis à degradação química e influenciam diretamente na secagem e

conservabilidade do produto armazenado. Além disso, Gutkoski, et al (2005)

dizem que a velocidade das alterações dos lipídios depende da umidade, da

temperatura e do tempo de armazenamento do milho.

5.4 Temperatura e umidade relativa – UR

O gráfico 3 expressa os resultados de média da temperatura do silo e

umidade relativa do ar dentro do silo durante o período de armazenamento,

onde o mês 5 representa maio, e assim sucessivamente até o mês de

dezembro (12). A temperatura do silo se manteve baixa durante todo o período

analisado, considerando que a partir de outubro (10) temos temperaturas mais

elevadas devido ao verão. A média das temperaturas mínimas foi de 11ºC no

mês de junho e a máxima de 21ºC no mês de dezembro, enquanto a média

mensal das umidades relativas mínimas foi de 52% e a máxima 68%. À medida

que a temperatura foi aumentando, a umidade relativa do silo foi diminuindo e o

pico de umidade relativa não ultrapassou os 70% durante todo o período de

armazenamento, teor considerado seguro para o desenvolvimento de micro-

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organismos (SILVA, 2009). Nesse sentido, e com base nos resultados obtidos,

podemos considerar que a forma de armazenamento conduzida pela

cooperativa foi eficiente.

Gráfico 3: Relação entre umidade relativa do silo URS-% e temperatura do silo TS- ºC.

Nascimento, Queiroz (2011) apud BENEDETTI (1992), explicam que as

variações da temperatura em grãos armazenados são devidas as fontes de

calor interna e externa ao sistema. As fontes internas são originárias da

respiração do produto, da ação de insetos e micro-organismos, enquanto a

temperatura ambiente e a radiação solar são as fontes externas.

Os grãos como qualquer material higroscópico, mantêm equilíbrio de

sua umidade com determinada umidade relativa do ar – UR, a uma dada

temperatura. Quando o grão e o ar que o envolve apresentam diferentes

pressões de vapor, a umidade se movimenta da substância com maior pressão

de vapor para aquela que possui menor pressão até atingir um ponto de

equilíbrio (ARCE, 2009).

Bordignon (2009) estudou a relação das condições de armazenamento

e a qualidade fisiológica de sementes, analisando as condições de temperatura

e umidade relativa dentro do silo, demonstrando que possivelmente as

condições de armazenagem quando comparadas com a condição ambiental

foram melhores que em ambiente, em virtude de um regime mais uniforme de

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temperatura e umidade relativa do ar. Como as sementes são higroscópicas e

seu conteúdo de água varia conforme as condições do ar circundante e do ar

intersticial, o conteúdo de água destas sementes sofre uma menor variação

durante o armazenamento.

O gráfico 4, expressa os resultados de umidade relativa do ar dentro do

silo comparados com os dados de umidade relativa do ar fornecidos pelo

Instituto Tecnológico SIMEPAR (2013). Pode-se observar que a umidade

relativa do ar dentro do silo esteve homogênea durante praticamente todo o

período de armazenagem, estando abaixo dos valores apresentados pelo

SIMEPAR. Apenas no mês de novembro (11) que as médias de umidade

relativa se aproximaram. Tais resultados permitem dizer que mesmo quando a

umidade relativa do ar ambiente esteve a níveis mais altos, o processo de

aeração e controle de temperatura e umidade relativa dentro do silo foram

eficientes, não submetendo o grão sobre estresse de ganho e perda de água

várias vezes durante o ciclo de armazenagem. Valores mais altos que 70% de

umidade relativa poderiam prejudicar os grãos armazenados, permitindo maior

ataque de micro-organismos.

Gráfico 4: Umidade relativa do silo X umidade relativa do ar SIMEPAR

Fonte: SIMEPAR (2013)

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Silva et al. (2009) afirmam que os grãos podem ser armazenados por

maiores períodos de tempo, se a temperatura for baixa (8 a 10ºC) e a umidade

relativa não ultrapassar os 70%, pois a maioria dos insetos e micro-organismos

que atacam os grãos armazenados se desenvolvem melhor à umidade relativa

mais elevadas.

Bordignon (2009) verificou que quando as médias de umidade relativa

do ar permanecem mais homogêneas durante a armazenagem, as sementes

não sofrem estresse com ganho e perda de água no ciclo de armazenagem,

possibilitando manter a qualidade das sementes por um período mais longo de

tempo.

O gráfico 5 demonstra resultados de temperatura e umidade relativa

apresentados pelo Instituto Tecnológico SIMEPAR, o qual mantém uma estação

meteorológica na cidade de Francisco Beltrão. Os dados expressos no gráfico

representam os meses de maio (5) e dezembro (12), mesmo período em que

se realizou o acompanhamento do milho no silo.

Gráfico 5: Temperatura e umidade relativa em uma estação metereológica de Francisco Beltrão.

Fonte: SIMEPAR (2013).

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Nos meses frios a temperatura esteve em média a 14ºC, e umidade

relativa próxima a 80%, demonstrando que em temperaturas mais baixas

temos umidade relativa mais alta. A partir do mês de setembro (9), as

temperaturas começaram a subir, diminuindo a umidade relativa do ar. Assim,

em temperaturas mais altas temos umidade relativa mais baixa.

Diferentemente do silo, a umidade relativa do ar ambiente sofre alterações

climáticas mais facilmente, assim quando chove a umidade relativa aumenta e

geralmente a temperatura diminui. Este gráfico representa a importância do

controle de temperatura e umidade relativa, pois as mesmas apresentam

variações durante o ano e que precisam ser contornadas para que não existam

problemas durante a armazenagem de grãos.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho nos permite tecer as seguintes considerações:

a) Não houve o desenvolvimento de micro-organismos (fungos) a

ponto de comprometer a qualidade do produto armazenado.

b) Não houve detecção de aflatoxina, do tipo B1, acima dos níveis

permitido pela legislação.

c) As análises físico-químicas demonstraram que o produto

armazenado manteve sua qualidade durante todo o período

avaliado.

d) Os parâmetros de temperatura e umidade relativa do ar dentro do

silo mantiveram-se dentro dos padrões recomendados para um

armazenamento eficiente.

Com base nos resultados obtidos neste experimento, conclui-se que o

processo de armazenamento desenvolvido pela cooperativa é eficiente para a

manutenção da qualidade do produto armazenado.

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