PROCESSO DE INCORPORAÇÃO E AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS...

71
Maria das Graças Simões dos Santos PROCESSO DE INCORPORAÇÃO E AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS BIOMÉDICOS: um estudo avaliativo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio, como requisito para obtenção do título de Mestre em Avaliação Orientadora: Profª Drª Mercêdes Moreira Berenger Rio de Janeiro 2012

Transcript of PROCESSO DE INCORPORAÇÃO E AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS...

  • Maria das Graas Simes dos Santos

    PROCESSO DE INCORPORAO E AQUISIO DE EQUIPAMENTOS BIOMDICOS: um estudo avaliativo

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao da Fundao Cesgranrio, como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Avaliao

    Orientadora: Prof Dr Mercdes Moreira Berenger

    Rio de Janeiro 2012

  • S237p Santos, Maria das Graas Simes dos. Processo de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos: um estudo avaliativo / Maria das Graas Simes dos Santos. - 2012.

    71 f.; 30 cm.

    Orientadora: Prof. Dr. Mercdes Moreira Berenger. Dissertao (Mestrado Profissional em Avaliao) - Fundao Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2012. Bibliografia: f. 54-56.

    1. Instrumentos e aparelhos mdicos - Compra - Manuais, guias, etc. 2. Tecnologia mdica - Avaliao - Metodologia. 3. Biomdicos. I. Berenger, Mercdes Moreira. II. Ttulo.

    CDD 610.28

    Ficha catalogrfica elaborada por Anna Karla S. da Silva (CRB7/6298)

    Autorizo, apenas para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta dissertao.

    Assinatura Data

    http://catalogos.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=livros_pr&db=livros&use=sh&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=instrumentos|e|aparelhos|medicoshttp://catalogos.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=livros_pr&db=livros&use=sh&disp=list&sort=off&ss=NEW&arg=tecnologia|medica

  • A performance de hoje um produto do aprendizado do passado. A performance de amanh um produto do aprendizado de hoje.

    Bob Guns

  • AGRADECIMENTOS

    Professora Doutora Mercdes Moreira Berenger pela excelente orientao. Professora Doutora Ligia Gomes Elliot pela paixo e entusiasmo que coordena o Curso de Mestrado Profissional em Avaliao. Ao Professor Doutor Walter Vieira Mendes Jnior pela participao na Banca Examinadora e oportunas sugestes. A Dra. Clarisse Lopes de Castro Lobo, Diretora Geral do HEMORIO pelo apoio e incentivo ao desenvolvimento do objeto deste estudo e a realizao do mestrado. A todos os especialistas que participaram do estudo, tornando-o possvel. A toda equipe de professores e de profissionais da Fundao Cesgranrio pelo profissionalismo e dedicao. Ao Consrcio Brasileiro de Acreditao e a Fundao Cesgranrio pela bolsa de estudo concedida. Aos amigos do mestrado pela companhia, ajuda e troca de experincias. Aos familiares, amigos e colegas de trabalho que direta ou indiretamente contriburam para a concluso de mais esta etapa da minha vida. Ao meu pai, a minha filha e, em especial, ao meu marido pela pacincia e incondicional apoio ao meu crescimento profissional.

  • RESUMO

    O presente estudo teve como objetivo avaliar o Processo de Incorporao e

    Aquisio de Equipamentos Biomdicos criado pela autora. Esse Processo visa

    subsidiar o gestor de uma organizao pblica de prestao de servio de sade

    com informaes que permitam uma anlise global para a tomada de deciso sobre

    a incorporao ou aquisio de equipamentos. composto de um conjunto de cinco

    formulrios de coleta de informaes, que so preenchidos em etapas distintas. Para

    obter evidncias da sua consistncia, as dimenses e os indicadores relacionados

    aos procedimentos de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos

    utilizados na construo do Processo foram submetidos ao julgamento de

    especialistas da rea de incorporao de tecnologia em sade. Os resultados

    obtidos na avaliao permitiram autora responder a questo avaliativa do estudo,

    de forma a atestar que o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos

    Biomdicos capaz de obter informaes relevantes para subsidiar o gestor na

    tomada de deciso, assim como afirmar que o objetivo do estudo - obter evidncias

    da qualidade e consistncia do Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos, por meio da avaliao de especialistas na rea de

    incorporao de tecnologia - foi atingido. Os resultados do estudo avaliativo

    apontaram que: (1) o Processo capaz de obter informaes relevantes para

    subsidiar o gestor na tomada de deciso, (2) os especialistas recomendariam a

    utilizao das dimenses e dos indicadores avaliados, para apoiar um processo

    decisrio de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos em uma

    organizao de prestao de servios de sade e (3) os especialistas consideraram

    suficientes as dimenses e os indicadores utilizados pelo Processo para subsidiar o

    gestor com as informaes necessrias para a tomada de deciso sobre a

    incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos.

    Palavras-Chave: Avaliao. Incorporao Equipamento Biomdico. Aquisio

    Equipamento Biomdico.

  • ABSTRACT

    The objective of this study was to evaluate the Incorporation and Acquisition Process

    of Biomedical Equipments created by the author. This process aims to subsidize the

    manager of a health service public organization with information which enable a

    comprehensive analysis for decision making on the incorporation or acquisition of

    equipments. It consists of a set of five forms of information gathering, which are filled

    in distinct stages. To gather evidences of its consistency, dimensions and indicators

    related to incorporation and acquisition procedures of biomedical equipments used in

    the construction of the Process were submitted to the judgment of experts in the

    incorporation of technology in healthcare. The results obtained in the evaluation

    enabled the author to answer the evaluative question of this study, in order to testify

    that the Incorporation and Acquisition Process of Biomedical Equipments is capable

    of obtaining relevant information to support the manager in decision making, as well

    as stating that the objective of the study has been achieved. Results of the evaluation

    study showed that: (1) the Process is capable of obtaining relevant information to

    support the manager in decision making, (2) experts recommend the use of

    dimensions and indicators assessed to support a decision process of incorporation

    and acquisition of biomedical equipments in a health service organization and (3) the

    experts considered sufficient the dimensions and indicators used by the Process to

    support the manager with the information necessary for decision making on

    incorporation and acquisition of biomedical equipments.

    Keywords: Evaluation. Incorporation. Biomedical Equipment. Biomedical Equipment

    Acquisition.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Representao das ATS no Brasil..................................................... 19

    Figura 2 Representao do processo de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos................................................................. 22

    Quadro 1 Dimenses e indicadores................................................................... 30

    Quadro 2 Nvel de relevncia e pontos atribudos............................................. 35

    Grfico 1 Distribuio das frequncias totais dos nveis de relevncia dos indicadores das dimenses empregadas pelos rgos reguladores. 37

    Grfico 2 Distribuio da frequncia total dos nveis de relevncia dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios......................... 43

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Frequncia dos nveis de relevncia atribudos pelos especialistas aos indicadores das dimenses........................................................... 36

    Tabela 2 Dimenses e indicadores ordenados segundo o total de pontos obtidos.................................................................................................. 38

    Tabela 3 Indicadores de maior relevncia........................................................... 40

    Tabela 4 Frequncia dos pontos atribudos pelos especialistas a cada indicador da dimenso Estrutura dos Formulrios............................... 42

    Tabela 5 Frequncia do nvel Muito Relevante dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios.................................................................... 44

    Tabela 6 Respostas dos especialistas primeira questo avaliativa................. 45

    Tabela 7 Respostas dos especialistas segunda questo aberta..................... 46

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANS Agncia Nacional de Sade Suplementar

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    ATS Avaliao de Tecnologia em Sade

    CITEC Comisso de Incorporao de Tecnologia

    CGATS Coordenao Geral de Avaliao de Tecnologia em Sade

    CGEMS Coordenao Geral de Equipamentos e Materiais de Uso em Sade

    CONITEC Comisso Nacional de Incorporao de Tecnologia

    CONASS Conselho Nacional de Secretrios de Sade

    CNS Comisso Nacional de Sade

    CONASEMS Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade

    DECIIS Departamento do Complexo Industrial e Inovao em Sade

    DECIT Departamento de Cincia e Tecnologia

    FGV Fundao Getlio Vargas

    MBA Mestrado em Administrao de Negcios

    MS Ministrio da Sade

    PEB Programa de Engenharia Biomdica

    POP Procedimento Operacional Padro

    SAS Secretaria de Ateno Sade

    SCTIE Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos

    SUS Sistema nico de Sade

  • SUMRIO

    1 INCORPORAO DE TECNOLOGIA NO SETOR DE SADE.......................... 13

    1.1 PRIMRDIOS....................................................................................................... 13

    1.2 CENRIO ATUAL................................................................................................. 14

    1.3 ORGOS REGULADORES.................................................................................. 15

    1.3.1 Institucionalizao da incorporao de tecnologia............................................... 16

    1.3.2 Avaliao de tecnologia em sade....................................................................... 18

    1.4 INOVAO NA PRTICA DE GESTO EM SADE........................................... 19

    1.5 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO....................................................... 20

    2 PROCESSO DE INCORPORAO E AQUISIO DE EQUIPAMENTOS BIOMDICOS...................................................................................................... 22

    2.1 CONCEPO....................................................................................................... 22

    2.2 ESTRUTURA DO PROCESSO............................................................................ 23

    2.3 DESCRIO DAS ETAPAS DO PROCESSO..................................................... 24

    2.3.1 Primeira etapa....................................................................................................... 24

    2.3.2 Segunda etapa............................................................................................................... 25

    2.3.3 Terceira etapa....................................................................................................... 26

    2.3.4 Quarta etapa......................................................................................................... 26

    3 METODOLOGIA................................................................................................... 28

    3.1 QUESTO AVALIATIVA....................................................................................... 28

    3.2 ABORDAGEM AVALIATIVA................................................................................. 28

    3.3 ELABORAO E VALIDAO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS................................................................................................................. 29

    3.4 COLETA DE DADOS.................................................................................................... 32

    3.5 ANLISE DOS DADOS........................................................................................ 33

    4 RESULTADO........................................................................................................ 35

    4.1 AVALIAO DOS INDICADORES....................................................................... 35

    4.1.1 Avaliao dos indicadores das dimenses utilizadas pelos rgos reguladores........................................................................................................... 35

    4.1.1.1 Hierarquizao dos indicadores das dimenses utilizadas pelos rgos reguladores........................................................................................................... 38

    4.1.2 Avaliao dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios.................... 41

    4.1.2.1 Hierarquizao dos indicadores da Dimenso Estrutura dos Formulrios........... 43

    4.2 RESPOSTAS DOS ESPECIALISTAS S PERGUNTAS ABERTAS................... 44

    4.2.1 Respostas dos especialistas primeira pergunta aberta..................................... 45

    4.2.2 Respostas dos especialistas segunda questo aberta...................................... 46

    4.2.3 Consideraes adicionais dos especialistas........................................................ 47

  • 5 CONCLUSES E RECOMENDAES ....... 49

    5.1 CONCLUSES....................................................................................................... 49

    5.2 RECOMENDAES............................................................................................... 52

    5.3 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................. 53

    REFERNCIAS....................................................................................................... 54

    APNDICES............................................................................................................ 57

  • 1 INCORPORAO DE TECNOLOGIA NO SETOR DE SADE

    Este captulo tem como propsito oferecer uma ideia geral do tema abordado

    e do estudo a ser desenvolvido. As informaes esto apresentadas em tpicos, a

    saber: primrdios, cenrio atual, rgos reguladores, inovao na prtica de gesto

    em sade, objetivo e justificativa do estudo e questes avaliativas.

    1.1 PRIMRDIOS

    H 460 anos a.C., Hipcrates - considerado o pai da Medicina - dispunha

    apenas dos seus conhecimentos e sentidos para examinar e diagnosticar seus

    pacientes. A histria revela que, de Hipcrates at o incio do sculo XIX, os

    avanos mais significativos descritos da Medicina envolvem a observao clnica e a

    semitica dos diagnsticos.

    A primeira referncia em relao ao desenvolvimento de uma tecnologia na

    rea de sade data de 1816, quando surgiu o estetoscpio, instrumento utilizado at

    os dias de hoje, que auxilia o mdico no exame clnico e no diagnstico dos

    pacientes. Em 1852, o termmetro, que j existia, comeou a ser utilizado para

    medir a temperatura corporal. Alguns anos mais tarde, em 1880, o aparelho de

    presso foi inventado, mas os registros do incio da sua utilizao datam somente do

    ano de 1896. Entretanto, o marco inicial da era tecnolgica para a rea de sade foi

    o ano de 1895, quando o fsico Roentgen, descobriu o Raio-X (REZENDE, 2002).

    Alguns anos aps a inveno do aparelho de Raio-X, nasceu, junto com o

    sculo XX, uma nova fase para a medicina, justificada pela sucesso de grandes

    descobertas e de avanos tecnolgicos. Essa fase foi caracterizada principalmente

    pelo surgimento dos novos mtodos de diagnstico por imagens (cintilografia,

    ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonncia magntica), das

    endoscopias, dos mtodos grficos (eletrocardiografia, eletroencefalografia e

    eletromiografia) e dos novos exames e tcnicas laboratoriais. Desde ento, o avano

    tecnolgico na sade no parou. Atualmente observada a introduo cada vez

    maior do laser, da robtica, da manipulao gentica e da clonagem em seres

    humanos, esta ltima motivo de muitas discusses nas esferas cientficas, polticas e

    religiosas (REZENDE, 2002).

  • 14

    1.2 CENRIO ATUAL

    fato que os avanos tecnolgicos na rea de sade so um dos fatores

    responsveis pelo aumento da sobrevida da populao, e que o aumento crescente

    da violncia urbana demanda um modelo de assistncia de sade de alto grau de

    complexidade. Neste cenrio, diferentes sistemas de sade no mundo vm sofrendo

    com restries de recursos financeiros e com gastos cada vez mais elevados para

    incorporar novas tecnologias.

    Por outro lado, diante de um mundo cada vez mais globalizado, profissionais

    de sade obtm informaes dos avanos na medicina com grande rapidez e

    facilidade, enquanto os usurios dos sistemas de sade buscam informaes sobre

    o desenvolvimento das doenas, seus agravos e avanos nos tratamentos. Uma vez

    atualizados e esclarecidos, tanto os profissionais de sade, quanto os usurios

    cobram dos gestores de sade o acesso s novas tecnologias - que correspondem a

    novas abordagens teraputicas, frmacos, equipamentos biomdicos e mtodos de

    diagnsticos e de tratamento. Outro fator relevante a presso exercida

    principalmente pelas empresas de equipamentos biomdicos e frmacos, que

    empregam recursos vultosos em marketing para divulgao e promoo de novos

    equipamentos.

    Nesse sentido, Santos (2010, p. 4) ressalta que,

    A grande presso pela incorporao de tecnologias cada vez mais caras, alm de impactar no oramento dos pases, produz restrio ao acesso dos servios de sade, visto que no possvel garantir todas as intervenes a todos. Diante desta situao, tcnicas para a racionalizao dos gastos, tais como as anlises econmicas em sade, so utilizadas na tentativa de maximizar a sade, mas resguardando a viabilidade financeira dos sistemas pblicos de sade.

    No Brasil, o Sistema nico de Sade (SUS), criado em 1988 e regulamentado

    pela Lei N8.080 (BRASIL, 1990), tem como uma de suas diretrizes a busca da

    universalidade das aes de sade, o que implica na oferta de aes desde as mais

    bsicas at cuidados e procedimentos de maior complexidade. Uma vez esse direito

    assegurado por lei, fica sob a responsabilidade dos gestores de sade de todas as

    esferas e nveis de governo garant-lo.

  • 15

    Diante de tal responsabilidade, para tomada de deciso, os gestores das

    organizaes de prestao de servios de sade demandam cada vez mais por

    informaes consistentes sobre as tecnologias, nos aspectos de custo-benefcio,

    efetividade da assistncia, segurana do ambiente, segurana do paciente e

    possibilidade de desenvolvimento tcnico-cientifico, por meio do conhecimento

    agregado pelas tecnologias.

    A respeito deste cenrio, Queiroz e Barbosa (2003, p. 4) afirmam que,

    Em um contexto de tal ordem, a questo da deciso da aquisio de novas tecnologias mdicas assume importncia crucial por parte dos gestores de organizaes de sade, posto que deva se considerar informaes que possibilitem uma melhor utilizao dos recursos disponveis. Atributos relacionados aos vrios agentes envolvidos, capacidade resolutiva, ao potencial de reduo de custos e cultura e formao dos envolvidos com a produo passam a fazer parte do processo decisrio e no apenas os aspectos financeiros vinculados opo de compra ou financiamento de determinada incorporao. Em consequncia, selecionar opes que propiciem as melhores possibilidades de desenvolvimento das relaes custo benefcio, os melhores desempenhos operacionais e que abram novas possibilidades de desenvolvimento de conhecimento pode vir a demandar novos modelos de avaliao em que estes fatores estejam contemplados.

    1.3 ORGOS REGULADORES

    O processo de incorporao de tecnologia no Brasil est expressivamente

    institucionalizado na dimenso poltica e reguladora, diferentemente da esfera

    operacional, compreendida pelas Organizaes de Prestao de Servios de Sade.

    O foco deste trabalho a esfera operacional que necessariamente deve considerar

    as polticas nacionais.

    O Ministrio da Sade (MS), por intermdio da Agncia Nacional de Vigilncia

    Sanitria (ANVISA), possui o papel de regular a entrada da tecnologia no mercado,

    demandar informaes quanto a segurana, benefcio, indicao de uso e preo a

    ser praticado no mercado. Essas informaes servem como base para o registro

    pela ANVISA, ficando, assim, disponvel para comercializao no setor de sade

    (BRASIL, 2009b).

    A incorporao de uma tecnologia no SUS regulamentada pela Secretaria

    de Ateno Sade, do Ministrio da Sade (SAS/MS), e pela Agncia Nacional de

    Sade Suplementar (ANS), que agregam informaes necessrias sobre (1) o perfil

  • 16

    epidemiolgico da populao a ser beneficiada, (2) a infraestrutura necessria para

    receber a tecnologia, (3) a estimativa de custo e (4) a cobertura a ser oferecida pela

    tecnologia (BRASIL, 2009b).

    Para normalizar os procedimentos que envolvem a incorporao de

    tecnologia em sade, os rgos reguladores estabelecem legislaes (portarias,

    decretos, entre outros), que devem ser utilizadas pelos gestores das organizaes

    de prestao de servio de sade.

    As leis so parmetros estabelecidos pelo poder constitudo para vigncia em determinado espao e tempo. No sentido amplo, todos os comandos legais so leis a serem cumpridas, no entanto, cada normativo legal possui uma denominao que o caracteriza na sua espcie e natureza, bem como a sua finalidade. Lei, portanto um a regra imposta pelo Estado (SILVA, 2008).

    1.3.1 Institucionalizao da incorporao de tecnologia

    O fluxo para incorporao de tecnologias no SUS foi normalizado pela

    primeira vez, por meio da Portaria n 152 (BRASIL, 2006a). Complementando o

    processo de incorporao de tecnologia no SUS, a Portaria n 3.323 (BRASIL,

    2006b) criou a Comisso de Incorporao de Tecnologia do Ministrio da Sade

    (CITEC), sob a coordenao da Secretaria de Ateno Sade (SAS), que indica os

    representantes e define as responsabilidades da comisso. Deliberar sobre as

    solicitaes de incorporao de tecnologia, analisar as tecnologias em uso e instituir

    o fluxo de incorporao de tecnologia no mbito do SUS so as responsabilidades

    de destaque da CITEC.

    No ano de 2008, a CITEC ganhou destaque quando sua coordenao foi

    transferida da SAS para a Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos

    (SCTIE), conforme da Portaria n 2.587 (BRASIL, 2008). Entretanto, o marco

    diferencial ocorreu em 2011, quando foi sancionada a Lei n12.401 (BRASIL,

    2011b), que alterou a Lei n 8.080. Como lei e no mais como portaria, demandou a

    obrigatoriedade de serem respeitadas as diretrizes da assistncia teraputica e

    incorporao de tecnologia em sade no mbito do SUS, o que criou uma

    expectativa positiva para avano do processo em curto prazo. Outro passo

    importante foi a aprovao do Decreto 7.646 (BRASIL, 2011a), que dispe sobre a

    composio, competncias e funcionamento da Comisso Nacional de Incorporao

  • 17

    de Tecnologias no SUS (CONITEC), criada em substituio CITEC: uma nova

    composio do plenrio da comisso, ampliando a participao da sociedade e do

    prprio Ministrio da Sade. Enquanto a CITEC contava com cinco representantes, a

    CONITEC atualmente conta com 13. A participao social est presente por meio do

    Conselho Nacional de Sade (CNS) que rene representantes de entidades e

    movimentos de usurios, de trabalhadores da rea da sade, do governo e de

    prestadores de servios de sade.

    A participao dos Estados e Municpios tambm est garantida pela

    representao do Conselho Nacional de Secretrios de Sade (CONASS) e do

    Conselho Nacional de Secretrios Municipais de Sade (CONASEMS). H ainda a

    participao do Conselho Federal de Medicina, como rgo de classe envolvido

    diretamente com a legitimao das aes e procedimentos mdicos, portanto de

    elevado interesse para as discusses da CONITEC (BRASIL, 2011c).

    importante destacar que,

    O peso significativo que se atribui tecnologia no aumento dos custos com a ateno sade advm da especificidade de sua utilizao. Nos diferentes setores econmicos, a difuso da tecnologia tende a abranger um processo de substituio, em que a nova tecnologia ocupa o lugar das j existentes. Na sade, novos procedimentos e novas tcnicas de tratamento so incorporados pelos diversos profissionais de forma muitas vezes acelerada e mesmo antes de evidncias suficientes que comprovem a sua segurana, eficcia e efetividade. Com muita frequncia, as tecnologias na rea da sade no so substitutas; pelo contrrio, tendem a ser cumulativas (BRASIL, 2009c).

    Peculiaridades importantes da incorporao de tecnologia na rea da sade,

    para a qual a CONITEC deve estar atenta nas suas anlises, uma vez que o

    crescente aparecimento de inovaes tecnolgicas atua como instrumento de

    presso sobre os sistemas de sade que gerenciam recursos limitados

    (NUNES; REGO, 2002).

    Nesse contexto, em apoio aos gestores, surgiu a necessidade de avaliar as

    novas tecnologias em sade, sendo o Departamento de Cincia e Tecnologia da

    Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos do Ministrio da Sade

    (DECIT/SCTIE/MS) a instncia governamental do MS designada para implementar,

    monitorar e difundir a Avaliao de Tecnologia em Sade (ATS) no SUS.

  • 18

    1.3.2 Avaliao de tecnologia em sade

    Para entendimento mais preciso deste estudo, a definio de dois termos

    essencial: tecnologia em sade e avaliao de tecnologia em sade.

    Definem-se como tecnologias em sade, medicamentos, equipamentos, procedimentos tcnicos, sistemas organizacionais, educacionais e de suporte, programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais a ateno e os cuidados com a sade so prestados populao (BRASIL, 2009b).

    A Avaliao de Tecnologia em Sade (ATS) definida como sendo um

    campo multidisciplinar de anlise de polticas, que estuda as implicaes clnicas,

    sociais, ticas e econmicas do desenvolvimento, difuso e uso da tecnologia em

    sade. (GOODMAN, 1998, p. 9).

    Banta e Luce (1993) complementam a definio de Goodman, afirmando que

    a ATS tem como objetivo fornecer ao gestor um conjunto de informaes sobre a

    tecnologia, tornando-o capaz de tomar deciso sobre a incorporao de tecnologia.

    O ciclo da ATS para equipamentos biomdicos, no Brasil, comea pela

    ANVISA, que realiza a primeira avaliao da tecnologia, focando a eficcia,

    segurana e qualidade, antes de conceder o registro sanitrio para a sua

    comercializao no mercado. Uma vez registrada, a tecnologia pode ser adquirida

    pelo mercado privado. Para ser adquirida pelo setor pblico, uma solicitao deve

    ser enviada CITEC por uma pessoa ou entidade pblica, e uma nova etapa de

    avaliao deve ser realizada. Esta nova etapa de avaliao da tecnologia em sade

    fica sob a responsabilidade do DECIT, que contempla a avaliao das seguintes

    dimenses: eficcia, segurana, efetividade, custo-efetividade e impacto

    oramentrio. Uma vez realizada a avaliao, o DECIT encaminha o parecer

    CITEC, que a repassa ao MS. De posse do parecer da DECIT, o MS libera a

    aquisio da nova tecnologia no mbito do SUS.

    A obsolescncia, ltima etapa do ciclo de vida da tecnologia, tambm precisa

    ser avaliada e pode ser realizada pela CITEC, ANVISA ou pelo prprio mercado, de

    acordo com as necessidades ou pela demanda de substituio (SANTOS, 2010).

    A importncia desta etapa, para o contexto deste estudo avaliativo, fica

    entendida pelo seu significado: Obsolescncia a condio que ocorre a um

    produto ou servio que deixa de ser til, mesmo estando em perfeito estado de

  • 19

    funcionamento, devido ao surgimento de um produto tecnologicamente mais

    avanado (COS; GASCA, 1998). O ciclo da ATS para equipamentos biomdicos

    est representado pela Figura 1.

    Figura 1 - Representao das ATS no Brasil.

    Fonte: A autora (2012).

    1.4 INOVAO NA PRTICA DE GESTO EM SADE

    Cabe destacar que a Incorporao de Tecnologia na esfera macro se faz por

    meio das instncias polticas normativas e, na esfera micro, diretamente por

    intermdio das organizaes de prestao de servios de sade. Dessa forma, os

    gestores das organizaes de prestao de servios de sade necessitam de

    instrumentos que possam contribuir para a prtica mais consistente da incorporao

    de tecnologia.

    Este estudo pretende atender s necessidades de um gestor da esfera

    operacional, de dispor de um instrumento potencialmente favorvel inovao da

    prtica de gesto de incorporao de tecnologia, na modalidade Equipamentos

    Obsolescncia: ltima etapa da avaliao. Pode ser realizada pela ANVISA, CITEC ou pelo prprio

    mercado

    ANVISA realiza

    a primeira

    avaliao da tecnologia

    ANVISA autoriza

    aquisio da tecnologia pelo setor

    privado

    Setor pblico solicita

    aquisio da tecnologia

    CITEC

    CITEC encaminha

    parecer ao Ministrio

    da Sade

    DECIT encaminha

    parecer da avaliao

    CITEC

    CITEC encaminha ao DECIT

    para realizar

    nova avaliao

  • 20

    Biomdicos, em uma organizao de prestao de servios de sade especializada -

    uma vez que, para as demais modalidades de tecnologia, a organizao possui

    Comisses, Comits e Grupos Trabalho que contribuem com o gestor na prtica

    dessas incorporaes. Como exemplo, a Comisso de Frmaco e Terapia, de

    composio multidisciplinar, que avalia a introduo e padronizao de novos

    frmacos.

    Nesse sentido, o ponto de partida deste estudo foi a criao de um Processo

    de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos capaz de subsidiar o

    gestor, com informaes que viabilizem a anlise global da incorporao de

    equipamentos biomdicos. A anlise deve permitir ao gestor deve identificar se os

    equipamentos solicitados: (1) esto vinculados misso institucional, (2) contribuem

    para melhoria da qualidade da assistncia e (3) so compatveis com o plano de

    investimento institucional.

    Tambm houve a preocupao de adotar um modelo de processo que

    preservasse as caractersticas e a cultura da organizao.

    A proposio de que as inovaes podem ocorrer na gesto e nos formatos

    organizacionais, ou seja, esto relacionadas criao ou adoo de novidades na

    gesto e na organizao do trabalho (LOPES; BARBOSA, 2008, p. 4), e que esto

    sempre ligadas a mudanas e a novas combinaes de fatores que rompam o

    equilbrio j existente (SCHUMPETER, 1998) fundamentaram o desenvolvimento do

    Processo de Incorporao de Equipamentos Biomdicos em apoio gesto.

    1.5 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

    O gestor de uma organizao de prestao de servio de sade

    especializada, de alta complexidade e de referncia na sua rea de atuao

    identificou que, quando as solicitaes de equipamentos biomdicos eram feitas, ele

    no dispunha de informaes que o subsidiasse em uma anlise global. As

    solicitaes no eram acompanhadas de informaes relevantes, sobre o

    equipamento, tais como: o custo-benefcio, a efetividade para a assistncia, as

    medidas para segurana do paciente e do meio ambiente e a promoo do

    desenvolvimento tcnico-cientfico. As decises, na maioria das vezes, eram

    baseadas apenas nas informaes do profissional da rea tcnica, o qual, no

    momento em que realiza a solicitao, raramente leva em conta todos os aspectos.

  • 21

    Reconhecida a fragilidade, o gestor decidiu inovar na gesto e na organizao

    do trabalho. Para tanto, sugeriu autora do presente estudo avaliativo - profissional

    da referida organizao - que desenvolvesse como tema do trabalho de concluso

    do Curso de Ps-Graduao Lato-Sensu/Especializao em Gesto da Sade e

    Administrao Hospitalar um instrumento que auxiliasse na obteno de informaes

    relevantes e que viabilizasse a anlise global da incorporao e aquisio de

    equipamentos biomdicos na organizao.

    A solicitao foi aceita e encarada como um desafio e tambm como fator

    motivador, pois o Processo a ser desenvolvido poderia inovar e aprimorar a gesto

    de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos da organizao.

    O resultado da proposta feita pelo gestor foi o desenvolvimento do Processo

    de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos. O Processo est

    descrito em um Procedimento Operacional Padro (POP), no qual constam um

    fluxograma que representa a sequncia das aes necessrias ao cumprimento do

    processo e um conjunto de cinco formulrios de coleta de informaes, que so

    preenchidos em etapas distintas do processo.

    O objetivo do presente estudo avaliar a relevncia do Processo

    desenvolvido, para subsidiar o processo decisrio na rea de incorporao de

    tecnologia fundamental e, portanto, tornou-se o objetivo do presente estudo

    avaliativo.

    A oportunidade da avaliao por especialistas, com a possibilidade de

    indicao de necessidades de reformulaes, com vistas sua melhoria, antes de o

    Processo ser implementado na organizao, justifica todos os esforos empregados

    na realizao deste estudo. Justificativa esta reforada por Chianca, Marino e

    Schiesari (2001), quando afirmam que a avaliao pode ser conceituada como a

    coleta de informaes sobre aes, caractersticas e resultados de um programa e,

    para tanto, utiliza a identificao e aplicao de critrios estabelecidos para

    determinar valor (mrito ou relevncia). Ressalta-se que, na maioria das vezes, os

    resultados da avaliao geram recomendaes de melhoria do programa.

  • 2 PROCESSO DE INCORPORAO E AQUISIO DE EQUIPAMENTOS BIOMDICOS

    Este captulo apresenta os aspectos relevantes do Processo de Incorporao

    e Aquisio de Equipamentos Biomdicos em quatro sees: concepo, estrutura,

    etapas e acompanhamento.

    2.1 CONCEPO

    Para Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004) uma descrio bem detalhada do

    objeto serve de alicerce da avaliao. Nesta linha, para facilitar o entendimento dos

    principais interessados neste estudo - profissionais e gestores da rea de sade,

    pesquisadores que estejam desenvolvendo estudos da mesma natureza e demais

    interessados - a descrio do objeto inicia-se pela apresentao da sua concepo.

    A identificao do objeto desse estudo como um Processo teve como base o

    conceito de Harrington (1997) que refere processo como um grupo de tarefas

    interligadas logicamente, que utilizam os recursos da organizao para gerar os

    resultados definidos, de forma a apoiar os seus objetivos.

    O conceito do autor fundamenta as peculiaridades do Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos, criado com o objetivo de

    subsidiar o gestor com informaes que viabilizem a anlise global e a tomada de

    deciso sobre a incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos,

    representado na Figura 2.

    Figura 2 - Representao do processo de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos.

    Fonte: A autora (2012).

  • 23

    Com a implementao do Processo, a organizao pretende inovar a prtica

    gerencial de incorporao de equipamentos biomdicos. De acordo com Pinto

    (1995), o sucesso e a sobrevivncia das instituies dependero das informaes,

    as quais so utilizadas para a produo de bens e de servios, ampliando o bem

    estar da populao.

    Inquestionavelmente, a informao o alicerce para a tomada de deciso e o

    Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos foi

    desenvolvido pautado nesta diretriz e princpio. O Processo foi planejado de forma a

    contemplar no somente a incorporao e aquisio do equipamento, mas tambm

    o monitoramento de seu desempenho.

    2.2 ESTRUTURA DO PROCESSO

    O Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos est

    descrito em um Procedimento Operacional Padro (POP), (APNDICE A),

    documento utilizado na gesto das organizaes, que tem como finalidade

    descrever passo a passo as aes e seus responsveis, sendo a base para garantia

    da padronizao de suas tarefas e de um processo livre de variaes indesejveis.

    Como anexos do POP, h um fluxograma (APNDICE B) e um conjunto de

    formulrios utilizados no Processo. O fluxograma representa a sequncia das aes

    descritas e dos seus respectivos responsveis.

    No delineamento do fluxograma do processo, foram consideradas as

    caractersticas de trabalho da instituio, as reas envolvidas, a sequncia da

    obteno das informaes, as interfaces entre os agentes executores e as

    responsabilidades pelas informaes.

    Os formulrios so instrumentos utilizados para a coleta de informaes, e

    so citados no POP de acordo com a utilizao de cada um, nas diversas etapas

    que compem o processo.

    Os cinco formulrios do Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos visam coletar informaes relevantes sobre o

    equipamento em etapas distintas do processo. So eles:

    1) Formulrio de Solicitao e Aquisio de Equipamento Biomdico

    (APNDICE C).

  • 24

    2) Formulrio de Levantamento de Custo de Equipamento Biomdico

    (APNDICE D).

    3) Formulrio de Informaes Tcnicas e de Custo de Instalao de

    Equipamento Biomdico (APNDICE E).

    4) Formulrio de Recebimento e Aceitao de Equipamento Biomdico

    (APNDICE F).

    5) Formulrio de Desempenho do Equipamento Biomdico (APNDICE G).

    2.3 DESCRIO DAS ETAPAS DO PROCESSO

    2.3.1 Primeira etapa

    A solicitao de incorporao e/ou aquisio de equipamentos biomdicos

    realizada por meio do preenchimento da Parte I, do Formulrio I Solicitao de

    Incorporao e de Aquisio de Equipamentos Biomdicos. Esta parte, ao ser

    preenchida, descreve as necessidades do corpo clnico e as expectativas em relao

    ao equipamento. O Formulrio I ser disponibilizado na INTRANET da organizao,

    qual todos os profissionais possuem acesso. Caso a chefia no seja a solicitante, o

    que na maioria das vezes no ocorre, a chefia imediata do solicitante ser a

    responsvel pelo preenchimento e solicitao. Esta medida tomada para garantir

    que todos os campos sejam preenchidos e que uma primeira anlise e filtro das

    solicitaes sejam realizados antes de a solicitao ser encaminhada ao Diretor

    Tcnico. O Diretor Tcnico recebe o Formulrio I com a primeira parte preenchida,

    analisa as informaes, promove reunio de discusso com os interessados e2

    emite parecer favorvel ou no, no mesmo formulrio, na Parte II. No caso de

    parecer desfavorvel, o Diretor Tcnico realiza o registro pertinente, no espao

    prprio, justificando o motivo do parecer e informa verbalmente ao solicitante. A

    seguir, encaminha o formulrio para arquivo na Administrao, que mantm o

    registro da solicitao e da justificativa pela qual, naquele momento, o equipamento

    no foi incorporado.

    No caso de parecer favorvel, o Diretor Tcnico encaminha o Formulrio I ao

    Gerente do Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos,

    que toma conhecimento da solicitao e aprovao, realiza o registro, no formulrio,

  • 25

    do nmero identificador1 da solicitao, o encaminha, caso pertinente, para o Setor

    de Contas Mdicas, a fim de apurar a cobertura de faturamento de procedimentos

    mdico-hospitalares, relativos ao equipamento em questo. O Gerente do Processo

    de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos deve registrar, em

    espao prprio, na Parte III, do Formulrio I, a data do encaminhamento a Contas

    Mdicas. Caso a apurao de faturamento no seja pertinente, dever seguir para a

    outra etapa do fluxo.

    As apuraes de faturamento so levantar se: (1) o procedimento oriundo do

    equipamento consta da tabela de ressarcimento do SUS ou se haver necessidade

    de solicitao de incluso; e (2) no caso de equipamento levar ao aumento de

    produo, h teto de cobertura, disponvel para faturamento ou h risco de glosa.

    Aps a realizao dessas apuraes o Setor de Contas Mdicas registra as

    informaes no verso do formulrio, com texto livre e identificao do profissional

    responsvel pelas informaes, e na Parte III, do Formulrio I, em espao prprio,

    insere a data de retorno do formulrio ao Gerente do Processo de Incorporao e

    Aquisio de Equipamentos Biomdicos.

    2.3.2 Segunda etapa

    Ao receber do Setor de Contas Mdicas o Formulrio I Solicitao de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos, o Gerente do Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamento Biomdico providencia o Formulrio II -

    Levantamento de Custos do Equipamento Biomdico e o Formulrio III Formulrio

    de Informaes Tcnicas e de Custo de Instalao de Equipamento Biomdico e

    insere o nmero identificador da solicitao nos Formulrios II e III, registra a data de

    encaminhamento, em espao prprio, na Parte III, do Formulrio I e encaminha os

    trs formulrios ao Setor de Suprimentos.

    O Setor de Suprimentos recebe os Formulrios I, II e III e realiza o

    levantamento de custo do equipamento, incluindo os custos futuros com peas,

    acessrios, materiais de consumo, instalao, obra, adequaes de rea ou com

    sistemas para instalao do equipamento e manuteno, alm das caractersticas do

    equipamento e de treinamentos necessrios para operao segura do equipamento.

    1 Nmero sequencial que todos os formulrios do mesmo processo recebem.

  • 26

    Este levantamento tem como base o preenchimento dos Formulrio II e III, sendo

    responsveis pelas informaes os Administradores e Engenheiros Clnicos.

    Aps o preenchimento dos Formulrios II e III, o Administrador do Setor de

    Suprimentos informa na Parte III, do Formulrio I Solicitao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos, a data de retorno dos Formulrios II e III ao Gerente do

    Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos. O Gerente

    verifica se todos os campos esto corretamente preenchidos e os encaminha ao

    Diretor Geral, com as informaes necessrias para tomada de deciso.

    2.3.3 Terceira Etapa

    Com as informaes dos Formulrios I, II e III, o Diretor Geral promove

    reunio de discusso com os interessados, realiza o estudo de viabilidade,

    relacionando o impacto e a efetividade da tecnologia para a assistncia prestada, o

    custo benefcio, o ressarcimento dos procedimentos, quando pertinente e os custos

    futuros.

    Aps o estudo de viabilidade, o Diretor Geral, no caso de parecer favorvel

    incorporao e/ou aquisio de equipamento biomdico, preenche os itens da Parte

    IV do Formulrio I - Solicitao de Incorporao e Aquisio de Equipamentos

    Biomdicos. Inicialmente, assinala a opo favorvel, preenche os demais itens,

    que so informaes sobre: a modalidade aquisio do equipamento, a origem dos

    recursos para aquisio do equipamento e obra de adequao(caso necessrio), a

    necessidade de solicitao de incluso de procedimento(s) na tabela SUS e/ou

    solicitao de aumento de teto do procedimento na tabela SUS.

    A escolha da opo, de cada item tm como base as informaes

    disponibilizadas nos Formulrios I, II e III. Tais escolhas, alm de essenciais para o

    incio do processo de aquisio, ditam a viabilidade atual e futura da incorporao.

    2.3.4 Quarta etapa

    As informaes relativas ao recebimento, aceitao e avaliao da

    performance do equipamento fazem parte da segunda etapa do Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos. So informaes obtidas

    por meio do preenchimento do Formulrio IV Formulrio de Recebimento e

  • 27

    Aceitao de Equipamento Biomdico e Formulrio V Formulrio de Avaliao do

    Desempenho de Equipamento Biomdico.

    As informaes sobre as condies da tecnologia no ato do recebimento, os

    testes de funcionamento e de segurana, e ainda a totalidade dos acessrios e

    componentes que devem acompanhar o equipamento, sero observados no ato do

    recebimento pelo o Engenheiro Clnico que tambm, o responsvel por preencher

    o Formulrio IV - Formulrio Recebimento e Aceitao de Equipamento Biomdico.

    As informaes necessrias avaliao da performance do equipamento so

    obtidas por meio do Formulrio V Formulrio de Avaliao do Desempenho do

    Equipamento Biomdico, que deve ser preenchido, pelo Engenheiro Clnico, aps

    trs meses do recebimento do equipamento. As informaes so colhidas pela

    entrevista realizada com os usurios, com o objetivo de verificar se o desempenho

    apresentado ocorreu conforme o previsto.

    Os Formulrios IV e V so arquivados juntamente com os Formulrios I, II e

    III, no Pronturio do Equipamento, que guarda todas as demais informaes sobre a

    incorporao. O pronturio do equipamento arquivado na Administrao,

    finalizando o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos.

    A necessidade de uma avaliao para conhecer a consistncia e identificar as

    necessidades de melhorias e/ou de aperfeioamento do Processo motivou o estudo.

    A seguir, est descrito como este estudo avaliativo foi conduzido.

  • 3 METODOLOGIA

    So aqui apresentados os procedimentos metodolgicos que foram utilizados

    no desenvolvimento do estudo, a saber: questo avaliativa, abordagem avaliativa,

    elaborao e validao do instrumento de coleta de dados, aplicao do instrumento

    de avaliao, coleta de dados e anlise dos dados.

    3.1 QUESTO AVALIATIVA

    Em um estudo acadmico, observa-se que h um processo de pensamento

    pelo qual os conhecimentos so logicamente encadeados de maneira a produzirem

    novos conhecimentos (SEVERINO, 2002, p. 183). Em um estudo avaliativo As

    perguntas avaliatrias do direo e base de sustentao avaliao. Sem elas, a

    avaliao no teria foco e o avaliador teria considervel dificuldade para explicar o

    que vai ser examinado, como e porqu (WORTHEN; SANDERS, FITZPATRICK,

    2004, p. 341).

    Silva e Brando (2003) descrevem a questo avaliativa como a alma da

    avaliao, a pea chave de um estudo avaliativo, que orienta os desdobramentos da

    avaliao e que serve de guia do processo avaliativo.

    Nesses termos, a autora identificou o que deveria ser avaliado no Processo

    de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos e formulou a seguinte

    questo avaliativa: Em que medida o Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos capaz de obter informaes relevantes para subsidiar o

    gestor na tomada de deciso?

    Definido o foco do estudo por meio da questo avaliativa, restava identificar

    qual tipo de abordagem avaliativa seria a mais adequada para conduzi-lo.

    3.2 ABORDAGEM AVALIATIVA

    Aps refletir criticamente sobre o objetivo e a questo avaliativa do estudo, a

    autora identificou a abordagem centrada em especialistas como sendo a mais

    adequada a ser adotada na conduo da avaliao. Segundo Worthen, Sanders e

    Fitzpatrick (2004, p. 179) a abordagem centrada em especialistas talvez a mais

    antiga e a mais usada, depende basicamente dos conhecimentos especficos de um

    profissional para julgar.

  • 29

    Portanto, para responder a questo avaliativa do estudo, foram adotados

    pareceres ad hoc de grupos altamente especializados, constitudos por profissionais

    com atuao nas diversas reas de aplicao do objeto de estudo. Pois uma equipe

    de especialistas que se complementam mutuamente tem muito mais probabilidade

    de fazer uma boa avaliao (WORTHEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p. 180).

    O propsito de realizar uma avaliao por um grupo altamente especializado

    foi utilizar as variadas faces do conhecimento de cada um dos especialistas.

    Conhecimentos estes que podem ser obtidos por meio da formao acadmica, das

    qualificaes especficas na rea de incorporao de tecnologia ou por experincias

    adquiridas em carreiras profissionais envolvidas com o tema.

    Foram selecionadas trs categorias de especialistas que, apesar de

    pertencerem a reas distintas de atuao, compartilham seus conhecimentos; so

    elas:

    profissionais da rea acadmica - docentes dos cursos de graduao,

    ps-graduao e pesquisadores ligados ao tema Incorporao de Tecnologia em

    Sade;

    profissionais atuantes nos rgos Reguladores responsveis pela criao

    e/ou implementao de Polticas e Normativas em Tecnologia em Sade; e

    engenheiros clnicos que trabalham diretamente com Incorporao de

    Tecnologia nas Organizaes de Prestao de Servios de Sade.

    3.3 ELABORAO E VALIDAO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

    Algumas das dimenses empregadas pelos rgos Reguladores nas ATS

    foram utilizadas pela autora como base para a construo dos cinco formulrios que

    compem o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos e

    como principal referncia na elaborao do instrumento de coleta de dados. As

    dimenses Custo Benefcio, Efetividade para a Assistncia, Segurana do Ambiente,

    Segurana do Paciente e Aspectos Tcnico-Cientficos foram desdobradas em um

    grupo de indicadores que representam o que se deseja avaliar em cada uma das

    dimenses. Esses indicadores serviram de arcabouo para a elaborao do

    instrumento de coleta de dados, sendo os elementos submetidos ao julgamento dos

    especialistas.

  • 30

    Ressalta-se que, alm das dimenses empregadas pelos rgos

    Reguladores nas ATS, a autora acrescentou a dimenso: Estrutura dos Formulrios,

    pois se trata de um elemento de interesse especfico para este estudo.

    O binmio Dimenses-Indicadores apresentado no Quadro 1 representa a

    interface entre o objeto de estudo e a questo avaliativa.

    Quadro 1 - Dimenses e indicadores.

    Dimenses Indicadores

    Custo Benefcio 1. Custo de Aquisio do Equipamento 2. Custo de Instalao 3. Custo dos Insumos 4. Custo de Manuteno 5. Custo de Contratao de Pessoal 6. Disponibilidade Oramentria 7. Ressarcimento pelo SUS

    Efetividade para a Assistncia

    8. Ampliao do Parque Tecnolgico 9. Atualizao do Parque Tecnolgico 10. Aquisio de Novas Tecnologias 11. Reposio de Equipamentos por Obsolescncia 12. Reduo do Tempo de Espera para Diagnstico ou

    Tratamento.

    Segurana do Ambiente 13. Adequao Arquitetnica 14. Compatibilidade e Disponibilidade de Sistemas de Suporte

    e de Alimentao 15. Gerncia de Resduos

    Segurana do Paciente 16. Treinamento de Profissionais para Operao do Equipamento

    17. Programa de Manuteno Preventiva 18. Calibrao Peridica dos Equipamentos 19. Garantia da Presena de Dispositivos de Controle e de

    Alarme nos Equipamentos

    Aspectos Tcnico-Cientficos

    20. Desenvolvimento de Habilidades e Competncias Profissionais.

    21. Intercmbio de Know-how entre Organizaes 22. Desenvolvimento de Pesquisa 23. Gerao de Conhecimento

    Estrutura dos Formulrios

    24. Layout 25. Sequncia de Obteno das Informaes 26. Interface entre os Agentes Executores 27. Identificao dos Responsveis pelas Informaes

    Fonte: A autora (2012).

    O instrumento de coleta de dados (APNDICE H) foi composto de 27

    perguntas fechadas que se referem aos indicadores das dimenses a serem

    avaliadas e de duas perguntas abertas.

  • 31

    As perguntas fechadas avaliaram os indicadores por sua relevncia, segundo

    os seguintes critrios: Muito Relevante, Relevante, Parcialmente Relevante, Pouco

    Relevante ou Irrelevante.

    As perguntas abertas tiveram por finalidade propiciar aos especialistas

    liberdade para expressarem amplamente sua opinio sobre as dimenses e os

    indicadores utilizados na construo do Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos. A primeira pergunta tinha o propsito de saber se os

    especialistas recomendariam as dimenses e os indicadores para apoiar a

    construo de um processo decisrio. A segunda pergunta tinha o propsito de

    identificar se os especialistas consideravam que tais dimenses e indicadores

    seriam suficientes para subsidiar o gestor de informaes necessrias para a

    tomada de deciso

    A etapa seguinte elaborao do instrumento de coleta de dados foi a sua

    validao. Dois especialistas participaram da validao: um validou as

    caractersticas tcnicas do instrumento de coleta de dados e o outro, o correto

    emprego da Lngua Portuguesa.

    Optou-se por um profissional experiente, da ponta, que trabalha diretamente

    com a incorporao e a aquisio de tecnologia em uma organizao pblica de

    prestao de servio de sade, para validar as caractersticas tcnicas do

    instrumento de coleta de dados. Esse especialista fez algumas sugestes que

    aprimoraram as informaes distino entre aquisio e incorporao de

    equipamentos - que foram acolhidas pela autora, a qual considerou que contribuam

    para o alinhamento do objetivo da avaliao. Todas as alteraes foram realizadas

    antes de serem encaminhadas para a avaliao dos demais especialistas.

    Um profissional da rea de Educao, docente em Lngua Portuguesa e com

    experincia na validao de monografias e teses de ps-graduao validou o

    emprego correto da Lngua Portuguesa nos textos a serem encaminhados aos

    especialistas: a carta convite, o instrumento de coleta de dados, os formulrios que

    compem o Processo, o Procedimento Operacional Padro (POP) e o fluxograma

    que descreve o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos

    em suas etapas de aplicao.

    As sugestes apresentadas por esse especialista tambm foram acolhidas

    pela autora e contriburam para a utilizao de uma linguagem clara e objetiva, com

    o emprego das regras gramaticais vigentes.

  • 32

    3.4 COLETA DE DADOS

    Aps a validao do instrumento, a autora realizou o convite aos especialistas

    para participarem do estudo, o que ocorreu em dois momentos distintos: no primeiro,

    informalmente, mediante comunicao pessoal, telefnica ou por e-mail; no segundo

    momento, mediante convite formal por meio do envio, por e-mail, da carta convite e

    do instrumento de coleta de dados. No e-mail que formalizou o convite aos

    especialistas, foi descrito brevemente o processo e, alm da carta convite e do

    instrumento de coleta de dados, foram encaminhados os seguintes documentos:

    Procedimento Operacional Padro (POP), Fluxograma do Processo de Incorporao

    e Formulrios que compem o Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos.

    O envio dos documentos teve como propsito facilitar o entendimento dos

    especialistas sobre o Processo, uma vez que: (1) ilustrou (2) esclareceu a sua

    aplicao na organizao, por meio do POP e do fluxograma e (3) evidenciou a

    utilizao das dimenses e dos indicadores nos formulrios.

    Durante o ms de agosto de 2012, a autora realizou o contato e enviou por e-

    mail a carta convite, o instrumento de avaliao e os documentos aos especialistas

    que se dispuseram a participar voluntariamente do estudo.

    Os especialistas retornaram, por e-mail, durante o ms de setembro de 2012,

    os instrumentos de avaliao devidamente preenchidos. Alguns especialistas, alm

    de responderem as perguntas abertas e fechadas, encaminharam consideraes

    gerais sobre o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos

    que foram includas na anlise e nos resultados do estudo. Dos 15 especialistas

    que aceitaram participar do estudo, quatro deles - dois da rea Acadmica e dois da

    rea Poltica-Normativa - por motivos no informados, no retornaram o instrumento

    de avaliao dentro prazo solicitado pela autora.

    Assim, o estudo foi conduzido com os dados encaminhados por um total de

    11 especialistas das reas, a seguir:

    a) rea Poltico-Normativa, representada por trs especialistas:

    Profissional da Coordenao Geral de Avaliao de Tecnologia em Sade -

    CGATS/DECIT/SCTIE/MS, com 12 anos de experincia.

    Profissional da Comisso Nacional de Incorporao de Tecnologia para o

    SUS CONITEC/SCTIE/MS, com 15 anos de experincia.

  • 33

    Profissional da Coordenao Geral de Equipamentos e Materiais de Uso

    em Sade - CGEMS/ DECIT/SCTIE/MS, com 5 anos de experincia.

    b) rea de Engenharia Clnica de Organizaes de Prestao de Servios de

    Sade, representada por cinco especialistas:

    Profissional da Engenharia Clnica do Hospital Israelita Albert Einstein/So

    Paulo, com 12 anos de experincia.

    Profissional da Engenharia Clnica da Empresa Engeclinic - empresa de

    prestao de servios de Engenharia Clnica em Organizaes de Prestao de

    Servios de Sade - com 6 anos de experincia.

    Profissional da Engenharia Clnica do Instituto Nacional do Cncer

    (INCA/RJ), com 12 anos de experincia.

    Profissional da Engenharia Clnica do Grupo Amil/SP, com 7 anos de

    experincia.

    Profissional da Engenharia Clnica do Hospital So Vicente de Paula/RJ,

    com 12 anos de experincia.

    c) rea Acadmica, representada por trs especialistas:

    Docente do Mestrado em Administrao de Negcios (MBA) - Executivo

    em Sade e Gesto em Sade da Fundao Getlio Vargas (FGV) do Rio de

    Janeiro, com 10 anos de experincia.

    Docente do Programa de Engenharia Biomdica PEB/COPEE/UFRJ,

    com 20 anos de experincia.

    Docente da Universidade Estcio de S, com 10 anos de experincia.

    3.5 ANLISE DOS DADOS

    A anlise dos resultados foi realizada no ms de outubro de 2012.

    As informaes obtidas foram analisadas luz de duas perspectivas metodolgicas:

    quantitativa e qualitativa. Segundo Neves (1996, p. 2), as diferenas existentes entre

    essas abordagens no se opem como instrumentos de anlise, na verdade,

    complementam-se e podem contribuir, em um mesmo estudo, para um melhor

    entendimento do fenmeno estudado.

    Para a anlise quantitativa, utilizou-se a estatstica descritiva, envolvendo a

    elaborao de tabelas e o clculo de medidas para anlise e interpretao da

    frequncia dos dados.

  • 34

    A anlise qualitativa das questes abertas dos instrumentos foi realizada

    utilizando-se como referncia a Anlise de Contedo proposta por Bardin

    (2000, p. 38), que descreve como sendo um conjunto de tcnicas de anlise das

    comunicaes que utiliza procedimentos sistemticos e objetivos de descrio do

    contedo das mensagens.

  • 4 RESULTADO

    Este captulo apresenta os resultados da avaliao do Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos, realizada por um grupo de

    especialistas.

    4.1 AVALIAO DOS INDICADORES

    Ao preencherem o instrumento de coleta de dados, os especialistas

    analisaram e julgaram a relevncia dos indicadores das dimenses que compem o

    Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos.

    O formato utilizado na construo dos itens para o registro do julgamento dos

    especialistas sobre a relevncia dos indicadores foi desenvolvido em 1932, por

    Rensis Likert. Nesse formato, cinco nveis de relevncia foram estabelecidos: muito

    relevante, relevante, parcialmente relevante, pouco relevante e irrelevante, com

    valores correspondentes, conforme apresentado no Quadro 2.

    Quadro 2 - Nvel de relevncia e pontos atribudos.

    Nvel de Relevncia Pontuao

    Muito Relevante 5

    Relevante 4

    Parcialmente Relevante 3

    Pouco Relevante 2

    Irrelevante 1

    Fonte: A autora (2012).

    4.1.1 Avaliao dos indicadores das dimenses utilizadas pelos rgos reguladores

    Aos nveis de relevncia atribudos pelos especialistas aos 23 indicadores de

    dimenses empregadas pelos rgos Reguladores nas ATS, valores foram

    associados, permitindo obter os resultados da avaliao dos indicadores.

    A frequncia de cada nvel de relevncia atribudo pelos especialistas a cada

    indicador est apresentada na Tabela 1.

  • 36

    Tabela 1 - Frequncia dos nveis de relevncia atribudos pelos especialistas aos indicadores das dimenses.

    Indicador Muito

    Relevante Relevante

    Parcialmente Relevante

    Pouco Relevante

    Irrelevante

    1. Custo de aquisio do equipamento

    5 6 0 0 0

    2. Custo de instalao 7 2 2 0 0

    3. Custo de insumos 7 3 1 0 0

    4. Custo de manuteno 8 2 1 0 0

    5. Custo de contratao de pessoal

    7 2 2 0 0

    6. Disponibilidade oramentria

    6 3 2 0 0

    7. Ressarcimento pelo SUS Cu de Ao

    5 5 1 0 0

    8. Ampliao do parque tecnolgico

    1 6 3 1 0

    9. Atualizao do parque tecnolgico

    5 4 2 0 0

    10. Aquisio de novas tecnologias

    2 6 2 0 1

    11. Reposio de equipamento por obsolescncia

    5 4 2 0 0

    12. Reduo do tempo de espera para diagnstico ou tratamento

    6 5 0 0 0

    13. Adequao arquitetnica 5 5 1 0 0

    14. Compatibilidade e disponibilidade de sistema de suporte e de alimentao

    6 5 0 0 0

    15. Gerncia de resduos 6 4 1 0 0

    16. Profissionais treinados para operao do equipamento

    9 2 0 0 0

    17. Programa de manuteno preventiva

    8 2 1 0 0

    18. Calibrao peridica dos equipamentos

    7 4 0 0 0

    19. Garantia da presena de dispositivos de controle e de alarmes nos equipamentos

    9 1 1 0 0

    20. Desenvolvimento de habilidades e competncias profissionais

    6 3 2 0 0

    21. Intercmbio de know-how entre organizaes

    2 6 2 1 0

    22. Desenvolvimento de pesquisa

    3 4 3 1 0

    23. Gerao de conhecimento 5 2 3 1 0

    Fonte: A autora (2012).

  • 37

    Nessa tabela, a primeira coluna descreve os indicadores; da segunda quinta

    coluna, observa-se a frequncia do nvel de relevncia atribudo pelos especialistas

    para cada indicador.

    A partir dos dados da Tabela 1, foi construdo o Grfico 1, que apresenta a

    frequncia total de escolha de cada nvel de relevncia.

    Grfico 1 - Distribuio das frequncias totais dos nveis de relevncia dos indicadores das dimenses empregadas pelos rgos reguladores.

    1

    4

    32

    86

    130

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Irrelevante

    Pouco relevante

    Parcialmente relevante

    Relevante

    Muito relevante

    Fonte: A autora (2012).

    A avaliao da relevncia dos indicadores foi realizada por

    11 especialistas, cada especialista avaliou 23 indicadores, totalizando

    253 avaliaes. Observa-se no Grfico 1 que, do total das 253 avaliaes, houve

    apenas uma de nvel irrelevante, atribuda ao indicador 10 - Aquisio de Novas

    Tecnologias (Tabela 1). Ocorreram quatro avaliaes de nvel pouco relevante,

    atribudas aos indicadores 8 - Ampliao do Parque Tecnolgico, 21 - Intercmbio de

    know-how entre Organizaes, 22 - Desenvolvimento de Pesquisa e 23 - Gerao

    de Conhecimento (Tabela 1).

    O indicador 8 - Ampliao do Parque Tecnolgico recebeu avaliao de nvel

    pouco relevante do mesmo especialista que julgou como irrelevante o indicador 10 -

    Aquisio de Novas Tecnologias. Esse especialista encaminhou a seguinte

    considerao em relao ao julgamento dos dois indicadores: Um ponto que no

    consegui ver diferena foi entre as opes ampliao do parque tecnolgico e

    aquisio de novas tecnologias pois a meu ver ambos os casos so de substituio

    visando atualizao. Posteriormente foi esclarecido ao especialista que a ampliao

  • 38

    do parque tecnolgico no est necessariamente atrelada substituio de

    equipamentos.

    Os trs outros indicadores que tambm receberam avaliaes de nvel pouco

    relevante foram: Intercmbio de know-how entre Organizaes, Desenvolvimento de

    Pesquisa e Gerao de Conhecimento que so indicadores da dimenso Aspectos

    Tcnico-Cientficos, na qual a relevncia mais acentuada nas organizaes de

    sade cuja misso inclui as atividades de ensino e pesquisa.

    Houve 32 avaliaes de nvel parcialmente relevante, distribudas por 18

    indicadores. Os indicadores com a maior frequncia desse nvel foram: 8 -

    Ampliao do Parque Tecnolgico, 22 - Desenvolvimento de Pesquisa e 23 -

    Gerao de Conhecimento, j comentados anteriormente.

    A soma de avaliaes de nveis relevante e muito relevante atingiu 216, das

    253 avaliaes, sendo 130 avaliaes do nvel muito relevante e 86 avaliaes de

    nvel relevante. Tais resultados sinalizam a relevncia dos indicadores das

    dimenses utilizadas para compor o Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos e que subsidiaram a autora para responder questo

    avaliativa do estudo.

    4.1.1.1 Hierarquizao dos indicadores das dimenses utilizadas pelos rgos reguladores

    Para identificar as dimenses que obtiveram maior pontuao, primeiramente

    ordenaram-se as dimenses, de acordo com a mdia dos pontos totais obtidos por

    seus indicadores, em ordem decrescente. Em seguida, dentro de cada dimenso,

    ordenaram-se os indicadores em ordem decrescente de pontuao e, ao final, a

    mdia de pontos obtida por cada dimenso - procedimento apresentado na

    Tabela 2.

    Tabela 2 - Dimenses e indicadores ordenados segundo o total de pontos obtidos.

    Indicadores Total

    Dimenso Segurana do Paciente

    Indicador 16 Profissionais Treinados para Operao do Equipamento 53

    Indicador 19 Garantia da Presena de Dispositivos de Controle e de Alarmes 52

    Indicador 17 Programa de Manuteno Preventiva 51

    Indicador 18 Calibrao Peridica dos Equipamentos 51

    Valor mdio 52

    (Continuao)

  • 39

    (Continuao)

    Indicadores Pontuao

    Dimenso Custo Benefcio

    Indicador 4 Custo de manuteno 51

    Indicador 3 Custo de insumos 50

    Indicador 1 Custo de aquisio do equipamento Custo de Aquisio do 49

    Indicador 2 Custo de instalao 49

    Indicador 5 Custo de contratao de pessoal 49

    Indicador 6 Disponibilidade oramentria 48

    Indicador 7 Ressarcimento pelo SUS 48

    Valor Mdio 49

    Dimenso Segurana do Ambiente

    Indicador 14 Compatibilidade e disponibilidade de sistema de suporte e de alimentao

    50

    Indicador 15 Gerncia de resduos 49

    Indicador 13 Adequao arquitetnica 48

    Valor mdio 49

    Dimenso Efetividade para a Assistncia

    Indicador 12 Reduo do tempo de espera para diagnstico ou tratamento 50

    Indicador 9 Atualizao do parque tecnolgico 47

    Indicador 11 Reposio de equipamento por obsolescncia 47

    Indicador 10 Aquisio de novas tecnologias 41

    Indicador 8 Ampliao do parque tecnolgico 40

    Valor mdio 45

    Dimenso Aspectos Tcnico-Cientficos

    Indicador 20 Desenvolvimento de habilidades e competncias profissionais 48

    Indicador 23 Gerao de conhecimento 44

    Indicador 21 Intercmbio de know-how entre as organizaes 42

    Indicador 22 Desenvolvimento de pesquisa 42

    Valor mdio 44

    Fonte: A autora (2012).

    A Tabela 2 apresenta, na primeira coluna, os indicadores de cada dimenso,

    ordenados conforme descrito anteriormente; na segunda coluna, o total de pontos

    obtidos por cada indicador; ao final, a mdia dos pontos de todos os indicadores de

    cada dimenso.

    Aps a hierarquizao das dimenses, realizou-se a hierarquizao dos

    indicadores, com o propsito de identificar aqueles de maior relevncia no

    julgamento dos especialistas. Para tanto, utilizaram-se as frequncias dos pontos

    atribudos a cada indicador, apresentados na Tabela 1, o que possibilitou identificar

    os cincos indicadores que a pontuao foi exclusivamente nos nveis muito relevante

    e relevante.

    Em seguida, os cinco indicadores foram ordenados de forma decrescente

    segundo frequncia de pontos obtidos no nvel - muito relevante, conforme

    apresentados na Tabela 3.

  • 40

    Tabela 3 - Indicadores de maior relevncia.

    Indicador Muito Relevante

    16 - Profissionais treinados para operao do equipamento 9

    18 - Calibrao peridica dos equipamentos 7

    12 - Reduo do tempo de espera para diagnstico ou tratamento 6

    14 - Compatibilidade e disponibilidade de sistema de suporte e de alimentao

    6

    1 - Custo de aquisio do equipamento 5

    Fonte: A autora (2012).

    A primeira coluna da Tabela 3 traz os cinco indicadores que obtiveram

    exclusivamente nveis muito relevante e relevante; a segunda coluna apresenta, em

    ordem decrescente, a frequncia com que cada indicador alcanou o nvel mximo

    de relevncia.

    Levando em considerao os resultados obtidos na hierarquizao das

    dimenses e dos indicadores, algumas comparaes e ponderaes foram

    realizadas.

    O resultado da hierarquizao das dimenses apontou que a dimenso

    Segurana do Paciente foi a que obteve a maior mdia de pontuao, alm de

    apresentar, no seu conjunto, os dois indicadores com maior pontuao: 16 -

    Profissionais treinados para operao do equipamento e 18 Calibrao peridica

    dos equipamentos, respectivamente.

    O indicador 16 - Profissionais Treinados para Operao do Equipamento

    tambm foi considerado de maior relevncia na hierarquizao dos indicadores.

    O segundo indicador de maior pontuao dentro da dimenso com a maior

    mdia na avaliao, 19 Garantia da Presena de Dispositivos de Controle e de

    Alarmes - e o segundo indicador considerado de maior relevncia, 18 - Calibrao

    Peridica dos Equipamentos - tambm pertencem Dimenso Segurana do

    Paciente.

    Atualmente, o tema segurana do paciente tem recebido ateno especial em

    mbito global.

    Neste contexto, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa/MS), por meio da Gerncia-Geral de Tecnologia em Servios de Sade (GGTES) vem instituindo uma sequncia ordenada de atividades voltadas para a segurana do paciente e da qualidade em servios de sade (AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA, 2011).

  • 41

    Ao est refletida nos expressivos resultados obtidos pela dimenso

    Segurana do Paciente e pelos seus indicadores, quando da sua hierarquizao.

    As dimenses Custo Benefcio e Segurana do Ambiente obtiveram a

    segunda maior mdia de pontuao.

    O custo benefcio da incorporao e aquisio de equipamentos uma

    preocupao em qualquer rea, mas, na sade, se acentua devido aos custos

    altssimos dos equipamentos biomdicos, perante recursos financeiros escassos,

    principalmente na esfera pblica. Esta informao ratificada pelo indicador 1-

    Custo de Aquisio do Equipamento, que obteve o quinto lugar na hierarquizao.

    A dimenso Segurana do Ambiente possui atividades de expressiva

    importncia para a incorporao e/ou aquisio de equipamentos, muitas delas com

    interfaces e/ou desdobramentos que refletem aes em prol da segurana do

    paciente. Isto certamente colocou o indicador 14 - Compatibilidade e Disponibilidade

    de Sistema de Suporte e de Alimentao em quarto lugar na hierarquizao dos

    indicadores de maior relevncia, frente do indicador 1- Custo de Aquisio do

    Equipamento.

    As dimenses Efetividade para a Assistncia e Aspectos Tcnico-Cientficos

    obtiveram a terceira e menor mdia de pontuao.

    Em relao dimenso Aspectos Tcnico-Cientficos, anteriormente foi

    comentado que, para as organizaes de sade cuja misso inclui as atividades de

    ensino e pesquisa, essa dimenso teria um maior interesse e importncia, o que

    pode explicar os resultados obtidos.

    Em relao dimenso Efetividade da Assistncia, embora tambm tenha

    obtido a menor mdia de pontuao, o indicador 12 - Reduo do Tempo de Espera

    para Diagnstico ou Tratamento - que pertence a essa dimenso - obteve o terceiro

    lugar em relevncia na hierarquizao dos indicadores, minimizando um pouco o

    resultado da dimenso, uma vez que, devido sua importncia, esperava-se um

    melhor desempenho.

    4.1.2 Avaliao dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios

    Para avaliar o Processo de Incorporao e Aquisio de Equipamentos

    Biomdicos, alm das dimenses empregadas pelos rgos Reguladores nas ATS,

    a autora acrescentou ao estudo a dimenso Estrutura dos Formulrios, pois se trata

  • 42

    de um elemento de interesse especfico para este estudo, uma vez que o Processo

    composto de cinco formulrios.

    O uso de formulrios a forma mais simples e a mais comum para a coleta

    de informaes, podendo ser tambm um obstculo, caso no sejam construdos

    levando em conta elementos bsicos de usabilidade. Para que um formulrio

    execute bem a sua funo, deve ser facilmente compreensvel na sua formatao

    grfica.

    Nesse contexto, pode-se assegurar que a avaliao da dimenso Estrutura

    dos Formulrios foi fundamental para uma completa avaliao do Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos.

    Para tanto, aos nveis de relevncia atribudos pelos especialistas aos quatro

    indicadores que compem a dimenso Estrutura dos Formulrios foram associados

    valores, conforme apresentado no Quadro 2.

    A frequncia com que cada nvel de relevncia foi atribudo pelo grupo de

    especialistas est apresentada na Tabela 4.

    Tabela 4 - Frequncia dos pontos atribudos pelos especialistas a cada indicador da dimenso Estrutura dos Formulrios.

    Indicador Muito

    Relevante Relevante

    Parcialmente Relevante

    Pouco Relevante

    Irrelevante

    1. Layout 2 4 4 0 1

    2. Sequncia de obteno das informaes

    3 5 2 0 1

    3. Interface entre os agentes executores

    4 6 0 0 1

    4. Identificao dos responsveis pelas informaes.

    4 6 0 0 1

    Fonte: A autora (2012).

    Nessa tabela, a primeira coluna descreve os indicadores; da segunda quinta

    coluna, observa-se a frequncia com que cada indicador foi avaliado, de acordo com

    o nvel de relevncia atribudo pelos especialistas.

    A partir dos dados da Tabela 4, foi construdo o Grfico 2, que apresenta a

    distribuio da frequncia total de cada nvel de relevncia ocorreu.

  • 43

    Grfico 2 - Distribuio da frequncia total dos nveis de relevncia dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios.

    4

    0

    6

    21

    13

    0 5 10 15 20 25

    Irrelevante

    Pouco relevante

    Parcialmente relevante

    Relevante

    Muito relevante

    Fonte: A autora (2012).

    A avaliao da relevncia dos indicadores foi realizada por um grupo de

    11 especialistas; cada especialista avaliou quatro indicadores, totalizando

    44 avaliaes.

    Observa-se no Grfico 2 que, do total das 44 avaliaes, houve apenas

    quatro de nvel irrelevante. Elas foram atribudas pelo mesmo especialista para cada

    indicador da dimenso. A pontuao sugere que o especialista considerou a

    dimenso Estrutura dos Formulrios diferenciadamente das demais, em grau de

    importncia para o Processo.

    No ocorreram avaliaes de nvel Pouco Relevante.

    Houve seis avaliaes de nvel Parcialmente Relevante, distribudas por dois

    indicadores: 1- Layout dos formulrios e 2 - Sequncia de obteno das informaes

    (Tabela 4).

    O conjunto das avaliaes de nveis relevante e muito relevante totalizou 34

    avaliaes de um total possvel de 44, sendo 21 avaliaes de nvel relevante e 13

    avaliaes de nvel muito relevante. Esses resultados sinalizam a importncia dos

    indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios, para o Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos.

    4.1.2.1 Hierarquizao dos indicadores da Dimenso Estrutura dos Formulrios

    Com o propsito de identificar os indicadores considerados de maior

    relevncia pelos especialistas, ordenaram-se os indicadores, de acordo com a

  • 44

    frequncia com que o nvel mximo de relevncia foi atribudo, conforme

    apresentado na Tabela 5.

    Tabela 5 - Frequncia do nvel Muito Relevante dos indicadores da dimenso Estrutura dos Formulrios.

    Indicador Muito Relevante

    3 - Interface entre os Agentes Executores 4

    4 -Identificao dos Responsveis pelas Informaes 4

    2 - Sequncia de Obteno das Informaes 3

    1 - Layout 2

    Fonte: A autora (2012).

    Na Tabela 5, a primeira coluna descreve o indicador, e a segunda coluna

    apresenta - em ordem decrescente - a frequncia com que o indicador alcanou o

    nvel mximo de relevncia.

    Diante dos resultados, pode se afirmar que os indicadores 3 - Interface entre

    os Agentes Executores e 4 - Identificao dos Responsveis pelas Informaes

    foram os indicadores de maior relevncia no julgamento dos especialistas. A

    necessidade de comunicao, integrao e confiana entre os agentes que

    fornecem informaes - como o cuidado de identificar esses agentes, para que se

    possa responsabiliz-los por qualquer no conformidade relativa s informaes

    fornecidas - pode justificar o resultado.

    O segundo indicador de maior relevncia foi 2 - Sequncia de Obteno das

    Informaes, seguido por 1- Layout dos formulrios, considerado como o de menor

    relevncia.

    4.2 RESPOSTAS DOS ESPECIALISTAS S PERGUNTAS ABERTAS

    Para propiciar liberdade aos especialistas para expressarem amplamente

    suas opinies sobre as dimenses e os indicadores utilizados pelo Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos, duas questes abertas

    foram includas no instrumento de coleta de dados.

    Alm das respostas s questes abertas, alguns especialistas encaminharam

    consideraes, que foram acrescentadas ao estudo. As respostas e as

    consideraes dos especialistas foram descritas ipsis litteris.

  • 45

    4.2.1 Respostas dos especialistas primeira pergunta aberta

    A primeira questo aberta teve como objetivo saber se os especialistas

    recomendariam a utilizao das dimenses e dos indicadores avaliados, para apoiar

    um processo decisrio de incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos em

    uma organizao pblica de prestao de servios de sade.

    A Tabela 6 apresenta a totalizao das respostas dos especialistas, em duas

    categorias.

    Tabela 6 - Resposta dos especialistas primeira questo avaliativa.

    Respostas Total de Especialistas

    Recomendariam 9

    Recomendariam com consideraes 2

    Total 11

    Fonte: A autora (2012).

    Nove dos 11 especialistas recomendariam a utilizao das dimenses e

    indicadores. Enquanto dois recomendariam, mas fizeram as seguintes

    consideraes de ordem conceitual:

    Recomendaria com algumas mudanas. Creio que alguns aspectos podem

    gerar confuso. Incorporao e aquisio so coisas distintas e o grau de exigncia

    por informaes que subsidiem a tomada de deciso tambm so diferentes.

    Sim, mas o que eu observo que vai depender do tipo de deciso -

    incorporao ou aquisio.

    A preocupao dos especialistas em relao exigncia de informaes

    distintas sobre incorporao e aquisio pertinente, lembrando que a maior

    demanda ocorre no nvel macro, por meio das instncias polticas normativas, para

    incorporao de novos equipamentos biomdicos no mbito do SUS, conforme

    comentado no Captulo 1.

    Na esfera micro, cenrio em que o Processo avaliado dever ser

    implementado, o gestor da organizao, necessitando de outras informaes alm

    das contempladas pelo Processo, dever demandar aes para obt-las. Ressalta-

    se que o Processo foi idealizado para coletar informaes sobre equipamentos

    biomdicos avaliados e incorporados pelo Ministrio da Sade no mbito do SUS.

  • 46

    4.2.2 Respostas dos especialistas segunda questo aberta

    A segunda questo aberta teve como objetivo saber se os especialistas

    consideravam suficientes as dimenses e os indicadores utilizados pelo Processo

    para subsidiar o gestor com as informaes necessrias para a tomada de deciso

    sobre a incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos.

    A Tabela 7 representa a totalizao das respostas dos especialistas, em trs

    categorias.

    Tabela 7 - Respostas dos especialistas segunda pergunta aberta.

    Respostas Total de Especialistas

    Sim 8

    Sim com consideraes 1

    No 2

    Total 11

    Fonte: A autora (2012).

    Oito dos 11 especialistas consideraram suficientes os indicadores utilizados

    pelo Processo para subsidiar o gestor com as informaes necessrias para a

    tomada de deciso sobre a incorporao e aquisio de equipamentos biomdicos.

    Um especialista, embora com a mesma opinio, fez a seguinte considerao

    de ordem conceitual:

    Apenas daria maior nfase nas questes relacionadas s evidncias

    cientficas.

    Essa recomendao foi acolhida, e o item 4 do Formulrio I Formulrio de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos foi modificado e passou a

    ter a seguinte redao: Evidncia cientfica dos benefcios do equipamento para a

    assistncia.

    Dois especialistas no consideraram as dimenses e os indicadores utilizados

    pelo Processo suficientes para subsidiar o gestor com as informaes necessrias

    para a tomada de deciso e justificaram assim:

    No. Em minha opinio todo processo de aquisio de um equipamento

    mdico deve ser acompanhado de um projeto de engenharia econmica, elaborado

    pela engenharia clnica, onde ferramentas especficas da matemtica financeira

    como, mtodo do valor presente, valor futuro, custo/benefcio, eficincia/custo e

    prazo de retorno financeiro, aliado a tecnologia do EBM, norteie a melhor escolha.

  • 47

    Nessa colocao, a perspectiva setorial ressaltada, supostamente pela

    especificidade da atuao profissional do especialista.

    No. Penso que o processo de avaliao para a Incorporao de uma nova

    tecnologia em uma instituio de sade deve considerar a comparao com a

    tecnologia em uso, sempre que possvel.

    Embora a observao do especialista aponte um aspecto importante, em um

    universo de informaes que podem auxiliar o gestor na tomada de deciso,

    prioridades precisaram ser estabelecidas pela autora, de modo a criar um Processo

    dinmico.

    4.2.3 Consideraes adicionais dos especialistas

    As consideraes realizadas fora do corpo do questionrio foram

    consideradas como adicionais.

    O questionrio engloba os principais fatores que iro subsidiar os

    tomadores de deciso: Tecnologia, Infraestrutura, Recursos Humanos e a questo

    dos Custos (custo-benefcio).

    Sim, pois estas informaes do base para a deciso da melhor aquisio.

    Sim, eu indicaria. Todas as informaes acima so relevantes em um

    processo de seleo de tecnologia.

    Sim. Recomendo a utilizao destas dimenses e indicadores para apoiar

    um processo decisrio de incorporao de equipamentos biomdicos, pois j utilizo

    estes mesmos critrios, dimenses e indicadores a 12 anos ao longo de minhas

    atividades relacionadas Engenharia Clnica e seu processo de Incorporao

    Tecnolgica, a tendo praticada em diversos Estabelecimentos de Assistncia

    Sade, pblicos e privados.

    Sim, todas as etapas da avaliao propostas no instrumento em estudo

    renem o conjunto de informaes necessrias ao processo de incorporao de

    tecnologia em qualquer servio.

    Creio que o trabalho se mostra bastante completo abordando todos os

    aspectos relevantes para um processo de incorporao/aquisio.

    Sendo assim sua pesquisa est bem dimensionada e acertada. Ao ser

    sucinta oferece retorno focado, rpido e eficiente. A partir dela pode-se buscar mais

  • 48

    profundidade em pontos especficos que seja do interesse do Gestor do Ambiente de

    Assistncia Sade.

    Sim, a estruturao do instrumento, tanto nas dimenses quanto nos

    indicadores, favorece a anlise da relao de padro x custo x efetividade e desta

    forma facilita a tomada de deciso do gestor, que a faz de forma mais segura e

    consistente.

    Essas consideraes apontam que os especialistas identificaram o Processo

    como um instrumento conciso e consistente.

    Alm de contribuir com o estudo, respondendo as perguntas do instrumento

    de coleta de dados, alguns especialistas espontaneamente tambm, expressaram

    elogios ao Processo:

    Bom isso, gostei dos formulrios, esto bem completos e extrair bastante

    informao importante.

    Primeiramente quero parabeniz-la pelo excelente trabalho realizado. Achei

    os formulrios extremamente completos, abordando os vrios aspectos necessrios

    para a tomada de deciso em um processo de incorporao ou aquisio.

    O trabalho est muito bom, muito consistente. Est bem focado no ponto de

    vista do Administrador/Gestor Hospitalar e acredito que desse ponto voc ainda

    poder desenvolv-lo numa futura continuao de Tese/Pesquisa. Meus sinceros

    Parabns!

  • 5 CONCLUSES E RECOMENDAES

    Este captulo apresenta as concluses, recomendaes e consideraes

    finais oriundas do estudo avaliativo.

    5.1 CONCLUSES

    Este estudo avaliou o Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos, o qual foi criado para subsidiar o gestor de uma

    organizao pblica de prestao de servio de sade com informaes que

    permitam uma anlise global para a tomada de deciso sobre a incorporao ou

    aquisio de equipamentos.

    Uma questo norteou o estudo avaliativo: Em que medida o Processo de

    Incorporao e Aquisio de Equipamentos Biomdicos capaz de obter

    informaes relevantes para subsidiar o gestor na tomada de deciso?

    A avaliao foi realizada por um grupo de 11 especialistas, representados por

    profissionais da rea acadmica, de rgos reguladores e da rea de engenharia

    clnica.

    Dimenses e indicadores relacionados aos procedimentos de incorporao e

    aquisio de equipamentos biomdicos foram utilizados como base para a

    construo dos cinco formulrios que compem o Processo e como principal

    referncia na elaborao do instrumento de coleta de dados.

    Os resultados obtidos permitiram autora responder a questo avaliativa do

    estudo, de forma a atestar que o Processo de Incorporao e Aquisio de

    Equipamentos Biomdicos capaz de obter informaes relevantes para subsidiar o

    gestor na tomada de deciso.

    Tal concluso foi baseada na anlise dos resultados das respostas dos

    especialistas s perguntas fechadas do instrumento de coleta de dados. Nas

    perguntas, os especialistas avaliaram o nvel de relevncia do conjunto de

    23 indicadores das dimenses que compem o Processo. A anlise apontou um

    expressivo quantitativo de indicadores avaliados como muito relevantes e relevantes,

    conforme a frequncia apresentada no Grfico 1 do captulo anterior.

    Com o objetivo de ampliar a avaliao das dimenses e dos indicadores, foi

    realizada a hierarquizao dos mesmos.

  • 50

    Na hierarquizao das dimenses, a dimenso Segurana do Paciente foi a

    que obteve a maior mdia de pontuao, enquanto o indicador Profissionais

    Treinados