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Produção de Material Didático para Diversidade

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Ana Paula Piovesan Melchiori

Produção de Material Didático para Diversidade

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Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Universitária da UFLA

Melchiori, Ana Paula Piovesan. Produção de material didático para diversidade / Ana Paula Piovesan Melchiori. – Lavras : UFLA/CEAD, 2015. 126 p. : il.

Bibliografia. 1. Linux educacional. 2. Informática na educação. 3. Escolas. II. Título.

CDD – 371.33

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SUMÁRIO

Capítulo 1 – Introdução ............................................................................................................. 7

Capítulo 2 – Contribuições do Software Livre GCompris na Alfabetização Matemáica ...................................................................................................................................11

Capítulo 3 – Jogos Matemáticos como Recurso em Sala de Aula ..........................25

Capítulo 4 – A Importância do Uso das Tecnologias na Prática Docente: Composição de Material Didático para as Aulas de Língua Estrangeira .............41

Capítulo 5 – O Uso de Blog na Formação Continuada de Professores: Uma Proposta de Letramento Digital ..........................................................................................67

Capítulo 6 – Direitos Humanos e Diversidade Étnica ...................................................89

Capítulo7–DireitosHumanoseDiversidadenaEscola:DebateeReflexões ... 103

Capítulo 8 – Conhecendo Libras com Linux Educacional ........................................ 121

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Capítulo 1Introdução

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1 – Introdução

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Este livro é uma coletânea dos melhores trabalhos de conclusão de curso da Pós-Graduação Lato Sensu em Produção de Material Didático para a Di-versidade. Cada capítulo deste livro traz um artigo, que foi apresentado em Workshops desta Pós-Graduação, na temática da diversidade, que aconteceram em 2011 e 2012.

Esta Pós-Graduação faz parte de um conjunto de cursos de formação con-tinuada para professores de educação básica, ofertado na modalidade a dis-tância por meio do sistema da Universidade Aberta do Brasil, com recursos ad-vindos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do Ministério da Educação. A execução desse curso coube à Universidade Federal de Lavras, por meio de pesquisadores do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias para Inovações Pedagógicas.

Formaram-seprofessoreseoutrosprofissionaisdaeducaçãodaredepú-blica de ensino que foram capacitados a selecionar, adequar, pesquisar e desen-volver recursos didáticos com uso das Tecnologias da Informação, possibilitan-doqueessesprofissionaispossamavaliarmateriaisdidáticosexistentes,realizarprojetos de produção de recursos didáticos e elaborar estratégias metodológi-cas para o uso de diferentes materiais didáticos nos temas da diversidade, em particular tendo em conta as características locais e regionais, instrumentalizan-do-os para o uso das tecnologias em prol da educação, buscando dentro da sua área específica, trabalhar temasdadiversidade, tais como cidadania, direitoshumanos, gênero e relações étnico-raciais e realizar intervenções e avaliações sobre a recepção e participação dos alunos no processo.

Consideradasasespecificidadesdarealidadebrasileira,emparticularnoque se refere à escassez de materiais didáticos para as temáticas da diversidade, foipossíveldisseminaroconhecimentoespecíficodecritérioseprocedimen-tos para a avaliação de materiais didáticos, permitindo o desenvolvimento de projetos de produção de materiais didáticos e possibilitando a intervenção nas práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula. Esse percurso iniciou-se com um diagnóstico da realidade onde os alunos vivem; seguindo de aprofun-damento teórico-conceitual das temáticas mencionadas até a conclusão com um projeto de intervenção local desenvolvido pelo cursista.

Os trabalhos desenvolvidos pelos cursistas constituem um marco trans-formador do sistema educacional, incluindo os professores da educação básica, na produção de materiais digitais, utilizando a tecnologia para auxiliá-los. Os

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trabalhos foram desenvolvidos em um modelo de construção multidisciplinar, onde a tecnologia associou-se ao conhecimento dos professores de ensino fun-damental e médio, propiciando ações pedagógicas, que inovaram o processo deensino-aprendizagem.Assim,professoresforamdesafiadosàconstruçãodemateriais didáticos, que geraram elevadas expectativas dos professores e alunos envolvidos. Foram consideradas as possibilidades da tecnologia diminuir a dis-tância entre a realidade do professor e do aluno.

Nessa pós-graduação, tivemos mais de cem trabalhos submetidos, ava-liados por meio de bancas compostas por três professores e, posteriormente, classificados,eosmelhorestrabalhosforamselecionadosparacomporemestelivro, almejando a disseminação do conhecimento produzido neste curso.

Ana Paula Piovesan Melchiori

Coordenadora do Curso

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Capítulo 2Contribuições do

Software Livre GCompris na Alfabetização Matemática

Elaine dos Reis S. FerreiraHermes Pimenta de Moraes Júnior

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2 – Contribuições do Software Livre GCompris na Alfabetização Matemática

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Abstract

This paper discusses the contributions of software GCompris in Mathematics Literacy, an educational tool and assist in the process of teaching and learning of mathematics in Cycle-Home Literacy CIA. Because the software is already available in many public schools teaching sees the need to assess whether the games that exploit mathematical knowledge are consistent with the National Curriculum Parameters (PCNs). The questionnaire was answered by six teachers working in elementary school revealed that games for the targeted age group (6-8 years) meet part of the Content Blocks proposed by PCNs. The Plan of Action developed at the School M. “D ª Beze Mariquita,” with students from 3rd year of the CIA, explored six games that involve logical and mathematical thinking.

Resumo

Este trabalho aborda as contribuições do software GCompris na Alfabetização Matemática, sendo uma ferramenta educacional auxiliar no processo de ensino-aprendizagem da Matemática, no Ciclo Inicial de Alfabetização- CIA. Como o software já está disponível em várias escolas da rede pública de ensino vê-se a necessidadede avaliar se os jogos que exploram conhecimento matemático estão em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O questionário respondido por seis professores que atuam no Ensino Fundamental revelou que os jogos direcionados para a faixaetária(6a8anos)atendemparcialmenteosBlocosdeConteúdospropostospelosPCNs. O Plano de Ação desenvolvido na Escola M. “Dª Mariquita Beze”, com alunos do 3º ano do CIA, explorou 6 jogos que envolvem raciocínio lógico-matemático.

Palavras-chave: Parâmetros Curriculares Nacionais da área de Matemática -1º ciclo. Blocosdeconteúdos.Software livre GCompris.

INTRODUÇÃO

O uso das novas tecnologias na educação se faz necessário, em razão das mudanças socioeconômicas ocorridas na sociedade atual. O modo de pensaredecomportardascriançasé influenciadopelocontextosocialemque estão inseridas. A utilização de software, jogos virtuais, no ambiente es-colar devem ser embasadas em objetivos educativos claros e escolhidos pelo potencial pedagógico que possuem. As ferramentas tecnológicas enriquecem e complementam a diversidade de materiais e contextos de aprendizagem. Esses recursos devem ser usados de forma integrada a outras atividades e não as substituindo.

O computador e seus aplicativos passaram a fazer parte do espaço es-colar, um exemplo de aplicativo é o software GCompris. O software GCompris

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foi desenvolvido no ano 2000, pelo francês Bruno Coudin. Ele é composto de umavariedadedeatividadespedagógicasdecaráterinterdisciplinarelúdico.A organização dos jogos por níveis (fácil, médio e difícil) possibilita sua ex-ploração e interação da criança com o software. E, ao mesmo tempo, facilita o atendimento de crianças com diferentes ritmos de aprendizagem. Ele ainda oferece vários recursos como: áudio, imagem, animação e efeitos especiais que podem ser explorados. Dentre as atividades oferecidas pelo GCompris, no presente trabalho analisaram-se os jogos que contribuem para o desenvol-vimentodoconhecimentomatemático,verificandoseosmesmosestãoemconsonânciacomosBlocosdeConteúdospropostospelosPCNsnaáreadeMatemática.

Asatividadesmatemáticasidentificadasnosoftware foramclassificadasdeacordocomosblocosdeconteúdos:NúmerosNaturaiseOperações,Es-paço e Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação. Partindo da classificação feita, foi elaboradoocatálogo: JogosMatemáticos /BlocosdeConteúdos. Em seguida, o catálogo foi avaliadopor seisprofessoresdas sé-ries iniciais do Ensino Fundamental. O Plano de Ação na Escola aconteceu por meio da exploração de seis jogos que envolvem o conhecimento de raciocínio lógico-matemático,sendoseupúblicoalvo16alunosdo3ºanodoCicloInicialde Alfabetização da Escola Municipal “Dona Mariquita Beze” na cidade de São Francisco de Paula – MG.

Por meio do software GCompris, a criança poderá ampliar seus conheci-mentos, utilizando simulações de situações reais que envolvem os eixos temá-ticos: raciocínio lógico-matemático, números naturais e operações, espaço eforma, grandezas e medidas, tratamento da informação.

OsconteúdospropostospelosParâmetrosCurricularesNacionaisparaoensino da Matemática no primeiro ciclo de alfabetização são organizados em quatroblocos.Osblocosdeconteúdosdefinemconceitos,significadoseuti-lizaçãodosnúmerosnaturais,dasoperações,dasformaseespaço,grandezase medidas e o tratamento da informação nas situações cotidianas dos alunos. Aexploraçãodessesconteúdospossibilitaaaquisiçãodeconhecimentossobrea escrita numérica, a resolução de situações-problemas que envolvem cálculo mental e escrito, localizar e movimentar-se no espaço, perceber formas, o uso de medidas e seus respectivos instrumentos, leitura e interpretação de repre-sentaçõesgráficas.

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2 – Contribuições do Software Livre GCompris na Alfabetização Matemática

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Figura 1 – Interface principal do Software Livre GCompris.

OblocotemáticoNúmerosNaturaiseOperaçõesexploramosistemadenumeraçãodecimal.Aaquisiçãodoconceitodenúmeropelacriançainicia-sepela contagem, sendo sua base para toda aprendizagem futura da Matemática. Osnúmerosnaturaisfazempartedocotidianodacriança,comosuaidade,nú-merodecasa,númerodotelefone,númerodosapato,seupeso,etc.Opapeldaescola é conduzir e orientar a criança para que a mesma perceba os diferentes significadoseusosdosnúmeros.OensinodasOperaçõescomNúmerosNatu-raisdevemcontribuirpara“acompreensãodosdiferentessignificadosdecadaumadelas,asrelaçõesexistentesentreelaseoestudoreflexivodocálculo,con-templando os tipos: exato e aproximado, mental e escrito”. (PCNs, 2001, p.55). A conceituação e a resolução de situações-problema que envolvem as quatro operações fundamentais: adição, subtração, multiplicação e divisão contribuem para a compreensão e resolução de cálculos.

O bloco temático Espaço e Forma refere-se à abstração do espaço (orienta-ção e organização espacial) e das formas nele existentes e, ao mesmo tempo, está inter-relacionadocomosblocosdeconteúdos:númerosnaturais,operaçõeseode medidas. O conhecimento e habilidades que abrange esse eixo devem partir de experiências concretas vivenciadas primeiramente com o próprio corpo da criança.

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O bloco Grandezas e Medidas tem sua importância social, pois situações-problemas do dia a dia envolvem a utilização de instrumentos e unidades de medidas para realizar comparação, medição ou uma medida relacionada a qual-quer grandeza.

A exploração do eixo Tratamento da Informação vem da necessidade de compreender a linguagem que utiliza a comunicação de informações numéri-cas. A atual sociedade apresenta demanda da capacidade “saber ler e analisar criticamente resultados de pesquisas e fazer inferências com base em suas in-formações”. (MANDARINO, 2010, p.203).

Osblocosdeconteúdosemboraagrupadosdeformaestanque,devemser trabalhados em forma espiral e em rede, como recomendado nos PCNs, possibilitandoaoaluno estabelecerconexõesentreosdiferentesconteúdos,que se entrelaçam uns aos outros, proporcionando uma aprendizagem mais significativa.ApropostadeensinorecomendadapelosPCNsnaáreadeMa-temáticaabordamuma linhapedagógicaqueconfiguraumnovoensino, re-correndo a diferentes abordagens de um mesmo tema, com vários enfoques. Ospressupostos teóricos: integraçãodos conteúdos, contextoe significado,valorização do conhecimento extraescolar, adequação à maturidade e proble-matização contribuem para que a criança compreenda, assimile e aplique o co-nhecimento matemático na realidade.

A educação Matemática visa à melhoria do processo ensino-aprendiza-gem do conhecimento matemático. Dentre as atuais tendências da educação Matemática, o uso da informática se destaca, a geração discente atual sofre ainfluênciadessatecnologianoseucotidiano.Ousodocomputador,peloaluno, sob a orientação do professor pode auxiliá-lo a chegar a resolução de problemas. Da interação aluno, professor e computador resulta a construção do conhecimento por parte do discente. Um diferente modo de transmis-são e reforço de conhecimentos matemáticos é por meio do software GCom-pris,queoferecegrandenúmerodeatividadesinterdisciplinareselúdicasquefacilitam o desenvolvimento e entendimento de conceitos e procedimentos matemáticos.

Os jogos que fazem parte do softwareGComprissãoclassificadosemdi-ferentes categorias, como observa-se pelo resumo da sua proposta pedagógica disponibilizada no site do programa, que é a seguinte:

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Descoberta do computador: teclado, mouse, diferentes usos do mouse,

Matemática: memorização de tabelas, enumeração, tabelas de entrada dupla, imagens espelhadas,

Ciências: controle do canal, ciclo da água, o submarino, simulação elétrica,

Jogos: xadrez, memória, ligue 4, sudoku

Leitura: prática de leitura

Outros: aprender a identificar as horas, quebra-cabeças com pinturas famosas, desenho vetorial, produção de quadrinhos.

(http://gcompris.net/-Sobre-o-Gcompris-, 2011)

Sua abordagem pedagógica acontece de duas maneiras. A primeira é por meio do recurso simulação, os jogos apresentam perguntas como em um tuto-rial e contabilizam as respostas certas e erradas ou ainda por tentativa e erro. Nesse tipo de jogo, a criança não participa da construção das regras, de acor-do com Valente (1999, p. 80) “o aprendiz assiste, na tela do computador, ao desenrolar desse fenômeno e, nesse sentido, a sua ação é muito semelhante ao que acontece quando usa um tutorial”. a criança, ao clicar em um ícone de qualquer interface do GCompris é levada imediatamente para uma atividade ou à execução da mesma. A segunda abordagem está voltada para a linguagem de programação que permite ao aprendiz criar e passar os comandos para o computador, representando suas ideias por meio da linguagem Logo.

O software GCompris apresenta um contexto cheio de problemas atraen-tesparaascriançaseasdesafiaasolucioná-los.Asatividadesdeprogramação,como desenhar ou escrever na tela, ajudam no desenvolvimento de uma série de habilidades essenciais para a aquisição do raciocínio lógico-matemático. As diferentes categorias dos jogos podem ser relacionadas às fases de desenvol-vimento cognitivo esquematizadas por Piaget. Segundo Piaget, o desenvolvi-mento intelectual possui quatro estágios sucessivos: I – Estágio sensório-motor (formaçãodos esquemas sensoriais-motores e a predominânciade reflexos);II – Estágio pré-operacional (aparecimento da função simbólica, organização do pensamento, usando operações concretas, recorrendo ao pensamento repre-sentativo e intuitivo); III – Estágio de operações concretas (caracteriza por um tipo de pensamento que permite à criança operar sobre os objetos ou sobre as ações exercidas sobre os objetos. Sua compreensão de mundo não é mais tão prática, mas ainda precisa recorrer ao mundo concreto para fazer abstrações);

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IV – Estágio operações formais (apresenta a capacidade de formar esquemas conceituais abstratos e realizar operações mentais que seguem princípios da lógica formal).

Cada um desses estágios tem características próprias e estão diretamente relacionados ao desenvolvimento mental da criança. Correlacionando algumas categorias de jogos aos estágios do desenvolvimento proposto por Piaget, te-mos: o estágio sensório-motor está associado à percepção audiovisual. Nesse estágio, a criança, por meio dos jogos, terá contato com imagens, sons e ain-dafavorecendoodesenvolvimentodacoordenaçãomotorafinanomanuseiodo mouse e do teclado. Para o segundo estágio, o pré-operacional, a criança começaaidentificarfiguras,objetos,cores,quantidadeeformas.Comrelaçãoao terceiro estágio, operações concretas, os jogos do GCompris possibilitam à criança ter pensamento abstrato com auxílio de imagens ( quantidades), esti-mulando o desenvolvimento do cálculo mental. Para esse estágio, o software apresenta uma variedade de jogos que leva a criança a desenvolver o conceito denúmero(noçãodequantidade),arelacionarnúmero/numeraleousodosmesmos em ordem crescente, organizar quantidades em tabela, como também à memorização de fatos fundamentais da adição, subtração, multiplicação e divisão,acriaçãodefigurasdotangram,usandoasformasgeométricas,ousode medidas de tempo: hora e minuto, etc.

METODOLOGIA

Nouniversodopresenteestudo,compreende-seapesquisabibliográfica,na web edecampo.PormeiodapesquisabibliográficaforamidentificadososblocosdeconteúdospropostospelosParâmetrosCurricularesNacionaisparaaárea de Matemática no Ciclo Inicial de Alfabetização. Com a pesquisa na Web foi possível conhecer a proposta pedagógica do software GCompris. A pesqui-sa de campo contou com a colaboração de dois grupos distintos: 1) seis pro-fessores com habilitação em Matemática ou Pedagogia que atuam no Ensino Fundamental na Escola Municipal “Dona Mariquita Beze”, no município de São Francisco de Paula-MG que responderam ao questionário que avalia o catálo-go:JogosMatemáticos/BlocosdeConteúdos;2)16alunosdo3ºanodoCicloInicial de Alfabetização.

Parasechegaraoquestionário,foramelaboradosquadrosclassificatóriosdasatividades matemáticas encontradas no software livre GCompris que correspondem

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aosblocosdeconteúdos:NúmerosNaturaiseOperações,EspaçoeForma,Grande-zas e Medidas e Tratamento da Informação recomendados pelos PCNs.

Para análise, foi utilizada a tabela a seguir que apresenta a quantidade de atividades do software GCompris que envolvem conhecimento matemático de acordocomosblocosdeconteúdosjámencionados.

Tabela 1 – Quantidade de atividades que apresentam conhecimento matemático por blocodeconteúdo.

BLOCOS DE CONTEÚDOS QUANTIDADES DE ATIVIDADESNúmerosNaturais 7NúmerosNaturaiseOperações 19Espaço e Forma 10Grandezas e Medidas 4Tratamento da Informação 1Raciocínio lógico-matemático 6

Posteriormente,tendocomoreferênciaosquadrosclassificatóriosfoicria-doocatálogo:JogosMatemáticos/BlocosdeConteúdoscomoobjetivodeorientar os professores na utilização dos jogos matemáticos, disponíveis nas diferentes categorias de atividades que o software oferece.

A avaliação do catálogo aconteceu por meio de um questionário com-postode10questõesdemúltiplaescolha,possibilitandoaanálisedascatego-rias de jogos (Experiências, Quebra-cabeças, Descobertas, Jogos de Estratégias, Atividades de Diversão, Atividades de Matemática) e a quantidade de jogos relacionadosaosblocosdeconteúdos:NúmerosnaturaiseOperações,Espaçoe Forma, Grandezas e Medidas e Tratamento da Informação.

A aplicação do Plano de Ação na Escola aconteceu no período de 21 a 24 de novembro de 2011, utilizando o espaço do laboratório de informática para a exploração de seis jogos do software GCompris que envolvem o conhecimento de raciocínio lógico-matemático. Os jogos selecionados fazem parte das cate-gorias: Quebra-cabeças, descobertas e Jogo de Estratégias. Teve como colabo-radores 16 alunos do 3º ano do Ciclo Inicial de Alfabetização, na faixa etária de 8 anos de idade, da Escola Municipal “Dona Mariquita Beze”, na cidade de São Francisco de Paula – MG.

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No primeiro dia de aula ( 21/11/11) – aconteceu a apresentação do pro-jeto - foi feita uma abordagem explanatória do que é raciocínio lógico-mate-mático. Com o uso de datashow, as crianças acompanharam a apresentação do software GCompris, suas principais interfaces e funcionalidades dos ícones que aparecem em cada uma delas.

No segundo, terceiro, quarto e quinto dias ( 22, 23 e 24 de novembro) as aulas aconteceram no laboratório de informática, usando os respectivos jogos: AtorredeHanóieTorredeHanóisimplificada,Peçasdeslizantes,Sudokudefigurasenumerais,AlgoritmoeXadrezcontraocomputador,explorandodoisjogos em cada dia ( aulas de 50 minutos). Para a exploração dos jogos, os alunos foram organizados em duplas para cada computador.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Oestudobibliográficopermitiuidentificareselecionar47atividadesqueforamclassificadassegundoosblocosdeconteúdos:NúmerosNaturaiseOpe-rações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas, Tratamento da Informação e, ain-da, sendo necessário acrescentar o item relativo ao raciocínio lógico-matemáti-co, pois, em seis jogos, o uso desse conhecimento se faz necessário para chegar a solução das atividades. Segundo Canals, (1992), citado por Alsina (2009) “o raciocínio lógico-matemático incluiascapacidadesde identificar, relacionareoperar e proporciona as bases necessárias para adquirir conhecimentos mate-máticos”. A resolução de atividades que somente abrangem raciocínio lógico não tem um método mecânico de resolução, sendo preciso desenvolver nova habilidade para se chegar à solução do problema.

Nográfico, a seguir, ilustra-seadiferençadaquantidadedeatividadesdosoftwareGComprisrelacionadasaosBlocosdeConteúdospropostosparaoensino da Matemática do primeiro ciclo de Alfabetização.

Dentreasatividadesanalisadas,apenasseteexploramosnúmerosnatu-raispormeiodoconceitodenúmeroesuaformaderepresentaçãocardinal.Percebe-se também o reforço das atividades na sequência dos numerais em or-demcrescente,nãosendoidentificadanenhumaatividadequeexploraaordemdecrescente.

Asoperaçõescomnúmerosnaturaiséotipodeatividadequeapresentamaiorquantidadede jogos, sendo identificadas19atividades.Elasexploram,

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simultaneamente, as quatro operações: adição, subtração, multiplicação e divi-são.Emsuamaioria,estimulamamemorizaçãodosfatosfundamentais,ficandoa desejar na utilização de estimativas e a decomposição dos numerais que faci-litam o uso do cálculo mental exato e aproximado.

Figura 2.2 – Quantidade de atividades do softwareGComprisporBlocosdeConteúdo

O bloco Espaço e Forma conta com 10 das atividades selecionadas, ex-plorandoasformasgeométricas(figurasplanas)elocalizaçãoemovimentaçãode objetos no espaço. Não foi notada a presença de atividades que apontasse o uso de sólidos geométricos e nem representações de espaços como em ma-quetes, esboços, croquis e itinerários.

OblocoGrandezaseMedidassomentefoiidentificadoem4atividades,apresentando os conceitos do sistema monetário ( reais e centavos) e unidade demedidadetempo(hora,minutoesegundo).Diantedonúmeroreduzidodeatividades,ficamsemexploraçãoosconceitosdeUnidadedetempo(dia,mês,bimestre, semestre e ano), o uso de relógio digital, os instrumentos e medidas de capacidade (litro) e comprimento (metro).

Das atividades analisadas, somente uma apresentou uma tabela de entra-dadupla.Observa-sequeareferidaatividadetemcomoobjetivos:classificar

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elementos por espécie e seriar quantidades. Os objetivos mencionados não correspondem à função de uma tabela, que é comunicar informações numéricas obtidas a partir de dados reais. O bloco Tratamento da Informação pode ser mais bem explorado, pois não apresentou atividades que envolvessem coleta e organizaçãodeinformações,leituradetabelasegráficos,noçõesdeestatísticae de probabilidade.

Os dezesseis alunos que colaboraram na exploração dos jogos demons-traram facilidade ao navegar pelas interfaces do software, embora não conhe-cessem os jogos. Ainda foi notado o interesse, a curiosidade e vontade de ven-cer de cada criança. Perceberam que criar nova estratégia é fundamental para a soluçãodoproblemaoudesafio.Quandonecessário,recorriamàsinformaçõesdisponíveis nos ícones (ajuda, níveis, sair, etc). Trabalhar em dupla foi um fator importante que contribuiu para o êxito das crianças na realização dos jogos, várias vezes foram observadas as trocas de opiniões entre elas.

Os resultados obtidos no quadro comparativo e na pesquisa respondida pelos seis professores apontaram que os jogos matemáticos do software anali-sadoatendemcomeficiênciaapenasaoblocodeconteúdos:NúmerosNaturaiseOperaçõescomNúmerosNaturais.Nobloco:EspaçoeFormaatendem,par-cialmente,sosconteúdospropostospelosPCNs,poisabordamsomentefigurasgeométricasplanaselocalizaçãoemovimentaçãodeobjetosnoespaçoficandoa desejar nos aspectos dos sólidos geométricos e representações de espaço, como mapas, maquete, croquis, etc. Já, nos blocos: Grandezas e Medidas e Tra-tamento da Informação, são explorados muito pouco, havendo necessidade de criar novos jogos que abranjam os conhecimentos relacionados aos mesmos.

Percebe-se,ainda,queamaioriadosjogosenvolvaconteúdodeapenasum bloco, o que não corresponde às orientações dos PCNs. Em poucos jogos foi observadaaarticulaçãodedoisoutrêsblocosdeconteúdos,ouseja,omesmojogoexploraconceitodenúmeros,medidaseformas,etc.

Oconhecimentomatemáticorelacionadoaosquatroblocosdeconteúdosanalisados faz parte das atividades práticas das crianças e de suas interações so-ciais,sendooportuno,naescola,aexploraçãodessesconteúdosdeformainter-disciplinar e integrada. Os jogos potencializam a exploração e a construção do conhecimento. O jogar brincando motiva e proporciona um clima especial para a aprendizagem, pois desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite criar, imaginar e fazer descobertas.

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A exploração do GCompris, no ambiente escolar, possibilita a aquisição e ampliação de conceitos matemáticos, como: contar, agrupar, seriar, ordenar, medir, comparar, somar, subtrair, multiplicar, dividir, criar formas geométricas, etc. A utilização das novas tecnologias na escola não é brinquedo, que simples-mente distrai e ocupa o tempo das crianças. O uso dos aparatos tecnológicos na educação é fundamental para atender às expectativas de aprendizagens das crianças do novo milênio, auxiliando o professor em seu papel de mediador no processo de construção do conhecimento. Mas, os recursos tecnológicos não substituem o papel do professor na sala de aula, é função do mesmo decidir quando e como utilizar alguma tecnologia, ainda tendo em mente que a criança que hoje aprende a usar corretamente essa ferramenta para a produção do seu conhecimento e do outro, no futuro será uma pessoa consciente, que saberá da importância da tecnologia para o progresso da humanidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Fundamental (SEF). Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática: Primeiro e Segundo ciclos do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.

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Capítulo 3Jogos Matemáticos em

Sala de Aula

Jussara Roseli MarquesKátia Cilene Amaral UchôaSebastião Giovani dos Reis

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3 – Jogos Matemáticos como Recurso em Sala de Aula

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Resumo

Este artigo aborda o desenvolvimento de uma ferramenta educacional na área de matemática que visa a suprir algumas necessidades de ensino do professor, a partir de dinâmicas digitais de perguntas e respostas, que auxiliem no processo de aprendizagem. Para isso, buscou-se conhecer as principais dificuldades na áreaencontradaspelosalunos,afimdeelaboraratividades,deformailustrativaeanimada,quedesperteoseuinteressepelamatemática.Medianteasdificuldadesdosalunos,ojogomostrou-seeficazquantoaoníveldeinteresse,possibilitandoamelhorpráticadeensino, consequentemente, a absorção do conhecimento.

Palavras-Chave: Inclusão. Educação. Linux Educacional.

INTRODUÇÃOA matemática, sob a visão de grande parte dos alunos, é uma ciência

pronta e acabada, sem existência nem consistência por si só, e sua estrutura serve apenas como base para outras ciências. Após anos de observações, per-cebe-se que esse ponto de vista, advindo da forma de ensino passivo e abstrato dos professores, não retrata a real importância da matemática no cotidiano do aluno.

O conhecimento está em constante construção, e as metodologias de en-sino precisam estar alinhadas a essa evolução, para que se possa reelaborar, complementar e sistematizar novas formas de ensino. As metodologias empre-gadas precisam tornar a sala de aula um local de interação entre aluno e conhe-cimento, tendo o educador como mediador competente, capaz de contribuir e estimular essa interação.

A maioria das crianças, que encontram-se na faixa etária dos sete aos dozeanos, apresentadificuldadesemassimilaro conhecimentomatemático,em virtude da baixa capacidade de abstração e falta de materiais didáticos que sejam mais propícios, adequados e instigantes para o ensino. Além disso, a for-ma como os educadores lecionam essa disciplina, como uma obrigação em aprender, esse processo resume-se ao simples instrumento de assimilação didá-tica.Sabe-sequeoconteúdodeveserassimilado,porém,éfunçãodoseduca-doresencontraremcondiçõesfavoráveisafimdeatingirorealaprendizadonosalunos (GUELLI, 1993). O desenvolvimento do raciocínio deve ser uma atividade constante e prazerosa, envolvendo situações em que a criança deve tomar de-cisõesporsimesma.Dessaforma,criançascomdificuldadesdeaprendizagem

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vão,gradativamente,modificandoaimagemnegativadoconhecer,tendoumaexperiênciaemqueaprenderéumaatividadeinteressanteedesafiadora.

Uma das metodologias mais utilizadas para a resolução de problemas matemáticos são os jogos digitais, pois, facilitam o poder de entendimento e aprendizado dos alunos, contribuindo para a formação de competências e ha-bilidades (Valente, 2003). Esses jogos têm sido bastante discutidos e pesquisa-dos atualmente, como uma ferramenta construtiva para aprender. Inclusive, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997), os jogos são destacados como elementos importante que possibilitam às crianças, dentre outras coisas, apren-der a trabalhar em equipe, conviver e respeitar os colegas, além de desenvolver habilidades matemáticas, entre outras.

Mediante o contexto apresentado, pretendeu-se desenvolver um jogo matemáticoemformadeapresentaçãonoBROfficedoLinuxEducacional1, com dinâmicas de perguntas e respostas, voltado para crianças do Ensino Funda-mental.Paraisso,buscou-seconhecerasprincipaisdificuldadesdessesalunoscomessadisciplina,afimdedelinearasatividadesrelevantesaoensino.Emou-tro momento, essas atividades foram transformadas em linguagem apropriada para jogos. Sendo privilegiado desenvolver uma ferramenta com uma lingua-gem simples, interface amigável, leve, interativa e atrativa, que pudesse estimu-lar um ambiente de competição sadio entre os alunos. A intenção com esse jogo é despertar o interesse do aluno e facilitar o processo de ensino aprendizagem na disciplina matemática.

Nesse sentido, com a utilização desse jogo como recurso em sala de aulacumpriráduasfunções:lúdicaeeducativa,aliandoàsfinalidadesdodi-vertimento e prazer, a outras, como o desenvolvimento afetivo, cognitivo, fí-sico e social.

REFERENCIAL TEÓRICOSabe-se que grande parte dos alunos do 3º Ano do Ensino Fundamental

afirmanãoentenderenãogostardamatemática.Oensinodamatemática,emsala de aula consistia, inicialmente e essencialmente, nas operações repetitivas comnúmeros inteiros, racionais e decimais, aprofundando-se emproblemascomproporções,figuras, escalas,gráficosepropriedades (ParraeSaiz,1996).

1Site Linux Educacional, URL: http://www.softwarepublico.gov.br/ver-comunidade?community_id=11809207

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Contudo,nãoserefletiasobreaimportânciadetaisensinamentosnocotidianodo aluno, o qual não consegue associar a matemática a sua realidade.

Desenvolver competências nos alunos é a palavra de ordem da nova pro-posta de educação. Para formar cidadãos preparados para as exigências sociais atuais, é necessário uma mudança radical na forma de atuação dos educadores que precisam privilegiar a interdisciplinaridade em seu trabalho, estar disposto a aprender com os alunos e prepará-los para usar os conhecimentos adquiridos em seu cotidiano (Perrenoud, 2000).

Os jogos são considerados uma brincadeira, atividade essa primordial na infância.Entretanto,essaafirmativasedánãoapenaspela frequênciadeusoqueas crianças fazemdobrincar,mas,principalmente,pela influênciaqueobrincar exerce no desenvolvimento infantil. Segundo (Vygotsky, 1989), a brinca-deira cria as zonas de desenvolvimento proximal, as quais podem proporcionar saltos qualitativos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil.

Éimportanteressaltarqueascriançastêmdificuldadesemassimilaroquelhes é transmitido verbalmente, uma vez que o seu desenvolvimento cognitivo ocorre a partir de ações concretas e o seu conhecimento é criado a partir de algo que lhes é familiar. Nessa etapa de desenvolvimento cognitivo a criança é capaz de construir, representar e reconstruir por meio de imagens e experiên-cias e ela também começa sentir necessidade de competir por meio de jogos. Coraborandocomessaargumentação,PedroDemo(2001,p.49)afirma,segun-do os professores ”não podemos colocar o conhecimento dentro da cabeça do aluno, pois o processo informativo se dá de dentro para fora”. Assim cabe ao professor a função de motivar, orientar e estimular o aluno no desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à construção do conhecimento.

De acordo com Coelho (2001), os jogos existem há muitos séculos e seus conceitosvêmsemodificandocomopassardostempos.Oqueinicialmenteeraapenas uma prática de distração e diversão tornou-se uma poderosa ferramen-ta educacional de desenvolvimento da lógica-matemática.

Em experiências vivenciadas, percebe-se que o trabalho com jogos permi-te ao educador acompanhar o pensamento da criança passo a passo e intervir sempre que necessário. Para isso, o professor deve saber selecionar o jogo de acordocomasnecessidadesdeaprendizagem,faixaetáriadacriança,afimdepossibilitar seu real desenvolvimento.

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Gardner (2001, p. 23) nos faz um alerta: “a criança tem de ser mais que uma mera executora de tarefas. É preciso que ela seja levada a resolver proble-mas”. Segundo trabalhos realizados por Schineider (1998), as crianças, ao resol-verem problemas, cometem repetitivos erros constantemente por falta de com-preensão e criam, então, suas próprias regras para encontrarem uma solução. Portanto, os educadores devem estar sempre atentos a esses acontecimentos, procurando apresentar problemas adequados que contribuam para a formação do conhecimento das crianças e que não sirvam apenas para que elas os resol-vam automaticamente, utilizando sempre determinada sequência de operações, semcompreenderoverdadeirosignificadodoqueestáproduzindo.Osaberdacriança tem que ser construído a partir da ação, da interação consigo, com os outros e com o meio, em situações concretas.

De acordo com estudos realizados por Piaget (1979), o principal objetivo dos jogos matemáticos consiste em aumentar o interesse dos alunos, melhorar a concentração, rapidez de raciocínio, desenvolvimento de habilidades e au-mento no grau de abstração. A aprendizagem de todos esses objetivos pelo aluno é de extrema importância para melhorar as relações (comparação, levan-tamento de hipóteses, etc), capacidade de assimilação e de escolha de alterna-tivas diferentes de soluções para situações do seu cotidiano. Assim, as crianças são mais capazes de pensar, interpretar, criar e executar, com intencionalidade e planejamento, suas atividades, com maior clareza, objetividade e coordenação das informações adquiridas (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2000).

Porfim,ousodejogosrepresentamumdesafioeprovocamopensamen-toreflexivonoaluno,oquesegundoSchineider(1998),sãorazõessuficientespara defender o seu uso no ensino da Matemática.

Proposta de Desenvolvimento do Jogo do Milhão Matemático

A origem do “Jogo do Milhão Matemático” foi baseada no tradicional progra-ma televisivo “Show do Milhão”, bastante conhecido na mídia brasileira. Esse jogo é composto por uma série de perguntas e respostas, de variados temas, que concedia umprêmiofinaldeummilhãodereaisaoparticipantequeconseguissechegaraúltimapergunta.Partindodessaidéia,o“JogodoMilhãoMatemático”desenvolvidotem o objetivo de criar o mesmo ambiente de perguntas e respostas, referente ao

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conteúdodamatemática,emqueparacadarespostacertaprossegue-separaapróximapergunta,eassim,sucessivamenteatéaúltimaperguntaquevaleráaoprê-mio máximo. A partir dessa junção entre o entretenimento e o aprendizado, o jogo possibilitou uma nova metodologia de ensino mais atrativo ao aluno, e também, uma alternativa customizável sob a plataforma do Linux Educacional.

A primeira etapa para o desenvolvimento do jogo educativo foi o levanta-mentodomaiornúmeropossíveldeatividadesmatemáticasrelevantesaoensino,baseadas nas atividades do Projeto Pitangas (APOLINÁRIO, 2005). Essas atividades foram analisadas, previamente, em sala de aula pelos professores do 3º Ano do EnsinoFundamentaldaescolaNúcleodeDesenvolvimentoOficinadaCriançadeLavras-MG,afimdeverificarasuaeficiência quando foram utilizadas pelos alu-nos. Ao todo foram levantadas dez atividades com problemas matemáticos que podem ser facilmente associados ao cotidiano do aluno. Após a escolha das ati-vidades, partiu-se para a sua transformação em uma linguagem apropriada para jogoseducativos,afimdeconfeccionarochamado“JogodoMilhãoMatemático”.

Esse jogo matemático foi desenvolvido em forma de apresentação de te-lasnoImpressdoBROffice2 presente no pacote de programas do Linux Edu-cacional. Esse aplicativo contém diversos recursos, que permitem, a criação de apresentações ilustrativas, dinâmicas e objetivas.

Na Figura 1, apresenta-se a tela inicial do jogo, com algumas imagens ilustrando seus objetivos principais: a conquista do prêmio, pela demonstração de conhecimento e busca do aprendizado. Na próxima tela, inicia-se efetiva-mente o jogo (Figura 2), sendo composta por uma pergunta, quatro alternativas ealgumasanimaçõesgráficas,quedãoefeitocomunicativonainterfacedatela.Esses efeitos comunicativos transmitem informações por meio de imagens que facilitam o processo de entendimento e execução do jogo pela criança.

As quatro alternativas da tela possuem recursos menus com hiperlinks, que permite ao usuário selecionar por meio de cliques uma das alternativas. Se o aluno clicar na resposta certa, o jogo continuará e nova tela se abrirá com uma novaperguntacomomesmoformatodafigura2.Emcasodeerro,umatelase abrirá informando que o usuário errou e sugerindo que ele estude e tente novamente (ver Figura 3). Cada tela que o aluno assinala a alternativa correta gera-se uma nova pontuação (ver Figura 4), de forma que é incrementada até a últimateladojogo.2SitedoBrOffice,URL:http://www.broffice.org/.

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Figura 1 – Tela Abertura do Jogo

Figura 2 – Tela com pergunta e menu de respostas

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A soma dos pontos (Figura 4) é feita de forma automática nas telas subse-quentes do jogo, ou seja, em cada tela que o aluno acerta a resposta, pula-se para a próxima pergunta com a pontuação já inserida na mesma. Em caso de desistência ouerro,ojogoéfinalizadoeoalunopermanececomapontuaçãoadquiridaatéomomento.

Quandooalunoconseguechegaratéaúltimaperguntadojogo,(tidacomoa mais difícil pelos alunos), ele alcança o ponto máximo. Esse é o momento que o aluno poderá receber a premiação (similar ao show do milhão quando o jogador pode ganhar um milhão). Ou seja, conseguindo acertar, ganha-se a premiação e ojogogeraumatelacomumamúsicacomtemadevitória(Figura5).

Figura 3 – Tela em caso de erro

Figura 4 – Pontuação de acordo com os acertos

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Figura 5–Telafinaldojogo

A implementação do jogo iniciou-se, primeiramente, com a criação de uma apresentação somente com textos, contendo perguntas, respostas e algu-mas imagens inseridas em suas telas. Após isso, outros recursos foram incluídos na apresentação, tais como: os menus de alternativas para a questão (Figura 6), imagensanimadas(Figura7)esons(música)quesãotocadasnoinstanteemque as telas aparecem, quando o aluno é eliminado e quando o aluno vence ojogo.Aofinaldodesenvolvimentodetodasastelas,testesforamrealizadosparaaverificaçãodepossíveiserros,faltadeharmoniaentreascoresdainterfa-ce das telas e a sequência em que as mesmas foram apresentadas.

Figura 6 – Inserção de menu de alternativas para a questão

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Figura 7 – Inserção de imagens animadas

Figura 3.8–Inserçãodemúsicaparaaapresentação

Omaterialdidáticoproduzidoprocurapreencherasdeficiênciasdeixadaspelosmateriaisconvencionais,emrazãodesuaineficiênciaemensinarentre-tendo o aluno, ao mesmo tempo em que desperta o interesse pela disciplina. Além disso, esse material didático trabalha questões relacionadas a problemas convencionais da matemática e do cotidiano do aluno, desenvolvendo diversas habilidades, como o raciocínio lógico e a criatividade.

Asmaioresdificuldadesencontradasnaelaboraçãodoprojetofoidesen-volver um jogo que não fosse cansativo ou monótono, e que atingisse os ob-jetivos da aprendizagem. Para isso, preocupou-se em desenvolver telas com gráficoseanimaçõesdinâmicaseatrativasaosalunos.

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Aplicação do Jogo do Milhão Matemático na Escola Núcleo de Desenvolvimento Oficina da Criança

A aplicação do jogo contou com a participação de 20 alunos da turma do Terceiro Ano do Ensino Fundamental. Cada um respondia às questões do jogo, de forma interativa, sozinhos ou em grupos, sempre com o apoio do professor, queoajudavaoferecendodicaseesclarecendodúvidas.

O jogo consiste em rodadas, em que o aluno, ou grupos de alunos, a cada nova rodada, acessa uma tela com pergunta, e escolhe a alternativa certa para a questão. O aluno poderá pular para a próxima pergunta, pedir ajuda aos amigos ou parar, sendo que, em todas essas alternativas o usuário só poderá escolher umaúnicavez.Acertandoasquestõesoalunoacumularápontos, sucessiva-menteatéaúltimapergunta,quevaleráoprêmiomáximo.

A professora não só faz a ponte entre o aluno e as perguntas, mas tam-bém ajuda na contextualização do problema, oferecendo exemplos, dicas, su-gestões e solicitando a participação de todos.

O uso do jogo no ensino traz vantagens, não só para os alunos, mas tam-bém para os professores. Para os professores, há a possibilidade de analisar odesempenhodosestudantesnaresoluçãodeumaquestão,verificandoseuraciocínio lógico ou detectando os erros cometidos. Dessa forma, é possível diagnosticardificuldadesemumitemespecíficodoconteúdo,enecessidadesindividuais ou coletivas, buscando, então, novas estratégias de ensino para auxiliá-los.

O emprego do jogo em sala de aula deve ter como objetivo criar novas habilidades matemáticas nos alunos, levar os alunos a reverem conceitos, pro-blemas e a desenvolver em raciocínio lógico, evidenciado na escolha da alterna-tivacorretadojogoembuscadoprêmiofinal.

O material didático visa, sobretudo, a oportunizar um ensino de melhor qualidade, mostrando aos alunos a importância que a matemática tem em suas vidas, em forma de uma brincadeira distraída, alegre e motivadora.

A interface do jogo buscou ser a mais ilustrativa possível, sabendo-se que, osalunostêmmaiorfacilidadedefixaçãodoconhecimentoquandoassociadosàs imagens e sons, relacionando-se as imagens com o contexto do jogo. O jogo também proporciona um ambiente competitivo, que contribui para incentivar

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os alunos a estudarem mais, pois, como o próprio nome diz, “Jogo do Milhão”, os vencedores devem receber alguma forma de premiação, seja ela por meio de conceitos (notas), elogios ou qualquer outra forma de premiação, mediante recurso disponível na escola.

A utilização desse jogo não necessita de um laboratório de informática. Comnotebookligadoaoprojetormultimídiaéosuficienteparaproporcionaruma aula atraente, dinâmica e, principalmente, mais participativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃOUm dos maiores problemas encontrados durante a realização do trabalho

foicomrelaçãoaolevantamentodasatividadesmatemáticas.Essadificuldadenasceudapreocupaçãoembuscaratividadesquecontemplassemconteúdosadequados à faixa etária dos alunos, e que fossem relevantes ao ensino. Durante a execução do “Jogo do Milhão Matemático”, observou-se que as ilustrações e os sons chamaram a atenção dos alunos, que permaneceram concentrados na tentativa de resolver o problema em questão. Grupos de no máximo 5 alunos foram formados, para que cada um pudesse discutir sobre o problema e ofere-cer a melhor solução.

Quando o aluno não conseguia acertar, assinalando a resposta correta, não faria sentido a essa proposta se os erros fossem ignorados. Apesar do jogo ser encerrado, a professora voltava na pergunta e discutia com os alunos o porquê da resposta errada. Enquanto que os vencedores eram premiados com doces, balas e elogios. Essa dinâmica fez com que os alunos dedicassem mais nos estudos e, cada vez mais, se interessassem pela matemática.

Notou-se, pelos resultados obtidos, três problemas marcantes (quando os alunos jogavam): falhas ao representar matematicamente os problemas, falta de domíniodostermosmatemáticosnaescritaedificuldadeemtraduzirconhe-cimentos já disponíveis na sociedade e aplicá-los na resolução de problemas.

Percebeu-se também,queamaiordificuldadedosalunosnãoestánasoperações matemáticas, mas, sim, na interpretação dos problemas. Por isso, a importância de associar tais problemas com o cotidiano do aluno, pois assim é possível tornar o problema mais visível ao aluno, para seu maior entendimento.

O jogo, segundo entrevista entre professores e alunos, mostrou-se bas-tanteatrativoemotivadornaresoluçãodeproblemas.Osalunosficaramem-

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polgados em participar da brincadeira, evidenciando a importância da tecno-logia no contexto escolar. Percebeu-se, também, que os alunos não perdiam a concentração, e nem se cansavam no decorrer do jogo, possibilitando a sua continuidade sem maiores problemas.

Com essa pequena experiência é possível demonstrar que um jogo pode tornar um recuso didático importante para auxiliar a quebrar alguns precon-ceitos que os alunos criam a respeito da disciplina matemática. Essa dinâmica diferenciada de ensino facilita para o professor, aumentando a qualidade na concentração dos alunos necessária para desenvolver habilidades que servirão não só dentro das escolas, mas para a vida como um todo.

CONSIDERAÇÕES FINAISA partir da experiência realizada pode se dizer que o novo cenário com apli-

cação da tecnologia enriquece o processo de ensino e aprendizagem, facilitando na absorção do conhecimento. Além disso, o jogo teve um ótimo nível de satisfa-ção entre os alunos em uma disciplina, que, historicamente é temida e indesejada, ou seja, o jogo conseguiu motivar e despertar o interesse em aprender.

O professor tem o papel primordial como intermediador entre a tecnolo-gia e os alunos, portanto, faz-se necessária uma rápida adaptação e capacitação dos mesmos, no intuito não só de implementar soluções, mas também de esco-lher a ferramenta mais adequada e propícia ao planejamento escolar.

A aplicação do jogo em sala de aula possibilitou incluir os alunos a uma nova realidade ainda desconhecida por muitos. A dinâmica do jogo ampliou novos horizontes, e despertou a busca por novas informações.

A arte de ensinar entretendo e motivando, mostrou-se um método extre-mamenteeficaz,eseusresultadosconseguemiralémdosobjetivostraçadosnoplanejamento escolar. Assim, é preciso que as escolas invistam cada vez mais em tecnologiasecapacitaçãodoprofessor.Inclusive,umadasgrandesdificuldadesencontradas nesse trabalho, foi a falta de recursos necessários para o sucesso da aplicação, como um projetor de qualidade e um laboratório que possibilite outras formas de aplicação do jogo.

Porfim,comotrabalhosfuturospretende-seestenderojogoparaoutrasdisciplinas, e tornar ainda mais dinâmico e interativo o aprendizado, por meio da inclusão de vídeos e historinhas.

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Capítulo 4A Importância do Uso das

Tecnologias na Prática Docente: Composição de Material

Didático para as Aulas de Língua Estrangeira

Daniela Simone de AzevedoEric Fernandes de Mello Araújo

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4 – A Importância do Uso das Tecnologias na Prática Docente...

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Abstract

This paper describes the used technologies in the creation, use and valuation of didactic material formed by an educational video about Halloween and disposal concerning the importance of communication and information technologies and computacional technologies in teacher profession. This paper also presents the evaluation of the cognitive aspect and assimilation of the content taught through didactic material subsidized by the technologies, the results of the survey realized among teachers on using of technologies in their professional practice and concludes by pointing to the needforinterventionandtrainingofteachers/educatorsintheeffectiveandefficientuse of technological resources in the classroom, in the development of learning.

Resumo

Este artigo descreve as tecnologias usadas nas etapas de elaboração, uso e avaliação de material didático composto de um vídeo educacional sobre o Halloween e dispõe sobre a importância do uso das tecnologias da informação e comunicação e das tecnologias computacionais no exercício da profissãodocente.O texto tambémapresenta as avaliações do aspecto cognitivo e assimilação do conteúdo lecionadopor meio do material didático subsidiado pelas tecnologias, os resultados da pesquisa realizada juntoaeducadores, sobreautilizaçãodestas emsuapráticaprofissional econclui, apontando para a necessidade de intervenção e capacitação dos professores/educadores nouso eficaz e eficientedos recursos tecnológicos em sala de aula, nodesenvolvimento da aprendizagem.

INTRODUÇÃOAs tecnologias da informação e comunicação têm sido responsáveis pela

grande mudança nas relações sociais e na interação das pessoas com as infor-mações e fatos. Esse fenômeno, amplamente debatido e divulgado, pode ser observado em todos os lugares do planeta. A internet, a TV, os vídeos e áudios, cada vez mais, ocupam espaço na mente e na vida das pessoas.

É perceptível a mudança na interação do homem com a tecnologia, a começar pela sala de aula, onde estudantes utilizam seus aparelhos eletrôni-cos, como: MPs, celulares, notebooks, netbooks, tablets, smartphones, etc.. Esses dispositivos realizam todo tipo de tarefa, das mais simples às mais complexas, desde visualizar imagens a coletar informações. Os aparelhos eletrônicos deixa-ramdeexercerumafunçãoúnicaepassaramaintegrartecnologias,demaneiraacomporumpanoramadeaprendizagem.Essasmudançasnoslevamarefletirsobre a sua importância para a prática pedagógica.

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Produção de Material Didático para Diversidade

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Isso demonstra que o padrão de comportamento das pessoas em relação à aquisição/assimilação de informações está mudando. Não se aprende mais apenas por meio dos livros ou da educação formal, e o professor deixou, há muito, de ser o cerne da cultura e do conhecimento. A informação está disposta a todos, dependendo de como lidam com esse novo mundo integrado.

As mudanças colocadas afetam todas as áreas. A tecnologia não exclui este ou aquele setor, apenas adéqua-se a ele. Na educação, cabe-nos procurar aquelas que se adéquam às necessidades do momento, da aula, do planeja-mento, ou, no caso aqui descrito, do material didático a ser produzido.

Freire (2003) diz que: “Saber ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a própria produção ou a sua construção”. Assim sen-do, o docente que pretende “criar possibilidades” de conhecimento para seus alunos, na atualidade, deve ter em mente que não há mais espaço na escola/educaçãoenessacultura“interconectada”paramétodosretrógradosouúnicosde transmissão de informação/conhecimento. A aula hoje não pode se dar nos moldes como era concebida há alguns anos. Inserir-se, acompanhar e integrar-se às novas formas de ensinar, que despontam junto ao universo tecnológico é essencial ao educador que pretende obter êxito na sua missão de ensino. Quer seja na elaboração de um material didático ou no planejamento das aulas, ava-liações e planos de trabalho, a tecnologia é recurso ímpar, que facilita, integra, motivaeproporcionaumaassimilaçãomelhordoconteúdoalitrabalhado.

Além disso, considerando que, para o educador, acompanhar as transfor-mações e inovações que dizem respeito às estratégias de ensino/aprendizagem tem deixado de ser opção para se tornar obrigação, entendemos a relevância desse texto que aponta para a essencialidade da assimilação dos recursos tec-nológicos por parte dos docentes, e da aprendizagem do uso destes instrumen-tos a seu favor para o sucesso de suas aulas.

Nos resultados apresentados, foram consideradas as avaliações realizadas no aspecto cognitivo, na assimilação do assunto por parte dos alunos, a avaliação da mídia em seus aspectos formais e técnicos e, no intuito de complementar o es-tudo e avaliar a prática do uso da tecnologia entre os educadores. O documento elenca, também, os dados obtidos de um questionário disponibilizado pela Web paraprofessoreseeducadoresdomunicípiodeBetim,queconfirmaanecessida-dedesecriar,urgentemente,cursosparaessesprofissionaisqueoscapacitemausaratecnologiaeficazeeficientementenoseucontextodetrabalho.

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Objetivos

Este artigo apresenta as fases da criação de um material didático midiáti-co, composto por um vídeo cujo tema principal é o Halloween, elaborado desde o início, com o auxílio das tecnologias computacionais livres e da informação e tem como objetivo geral comprovar como a utilização das tecnologias nas açõescorriqueirasqueaprofissãodocenteexige,especificamentenaproduçãode material didático, possibilita a aproximação dos alunos com o objeto em estudo, facilita o labor diário do professor e promove a interação consciente desses estudantes com os recursos tecnológicos e midiáticos.

Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral foram observados os seguintes objetivos específicos:

• detectar a necessidade do material didático;• planejar o tipo de material didático a ser criado;• avaliaroperfildosalunoseocontextonoqualaescolaseinsere;• verificar os equipamentos e instrumentos tecnológicos disponíveis

para a confecção e uso do material didático;• pesquisar ferramentas livres adequadas à composição do material di-

dático escolhido;• adequar as ferramentas escolhidas ao contexto escolar em que o ma-

terial foi utilizado e à idade dos alunos;• criar e adquirir imagens, textos e outras mídias prontas para agrega-

rem o vídeo didático;• compor o vídeo com as ferramentas livres;• criar o som/ narração para o vídeo;• analisar a sincronia das imagens e som;• avaliar a mídia criada;• avaliar os resultados obtidos no contexto cognitivo, com o material

didático produzido;• avaliar junto a outros professores e educadores como a tecnologia faz

partedesuavidaprofissionalecomoseuusotemajudadonamelho-ria de suas aulas e atividades cotidianas;

• avaliar o impacto das habilidades/competências adquiridas entre os alunos e comunidade escolar.

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Motivação

Comocitadonaintroduçãodestedocumento,oexercícioprofissionaldoeducadordevesersubsidiadopelastecnologiaseoprofissionaldocentedeveestar sintonizado com elas e com os avanços nesse sentido. Mas como proceder assim? Que equipamentos adquirir ou que recursos e programas utilizar?

No desenvolvimento deste trabalho, percebemos que as escolas, em sua maioria, têm se equipado, com computadores e acesso à internet, impressoras, datashows, DVDs, TVs cada vez maiores e com imagens mais nítidas, etc. E, aindaassim,autilizaçãodessesequipamentoséineficienteousuperficial,nãoatendendo ao professorado de maneira adequada ao que se considera como desejável na relação deste com as tecnologias.

A principal razão desse mau uso está na falta de conhecimento sobre o funcionamento desses recursos, suas funções ou possibilidades. Além disso, ve-rificamosquenãobastateracessoàtecnologiaeaosrecursostecnológicos.Épreciso saber manipulá-los de forma a compor o material de que se necessita.

No caso do material didático em estudo, um vídeo educacional para as aulas de inglês, sua criação se deu a partir do momento em que o tema Hallowe-en era apresentado para as turmas e observava-se que isso causava um grande desconforto e preconceito entre os alunos da escola e demais componentes da comunidade escolar. Detectou-se, então, a necessidade de se criar uma es-tratégia interveniente que proporcionasse a desconstrução desse preconceito, oportunizando à comunidade escolar o conhecimento da história e dos fatos relacionados com o assunto. Buscava-se, como resultado, uma aplicação prá-tica, uma transformação das atitudes e posicionamento crítico sobre o tema: a reconstrução do conceito de halloween entre os alunos e, consequentemente, entre familiares e demais envolvidos.

Nesse sentido, descrevemos os instrumentos e métodos que perpassa-ramtodoestetrabalho,naintençãoúnicadedemonstrarque,compesquisaeempenho é possível associar os recursos tecnológicos disponíveis nas escolas, em casa e através da WEB, em parceiros da educação formal e facilitadores da aprendizagem.

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REFERENCIAL TEÓRICO

A tecnologia na educação

Apesardeoalunoser,defato,artíficedopróprioconhecimento,edefatoousodastecnologiasnaprofissãodocenteinfluenciarenfaticamentenosresul-tados, temos que o professor ainda ocupa o papel essencial desse cenário. Assim:

“A alma de qualquer instituição de ensino é o professor. Por mais que se invista na equipagem das escolas, em laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras esportivas, piscinas, campos de futebol - sem negar a importância de todo esse instrumental -, tudo isso não se configura mais do que aspectos materiais se comparados ao papel e à importância do professor.” (CHALITA, G., 2001)

Sobre a possibilidade de o computador substituir o professor no futuro, temos que:

“O computador nunca substituirá o professor. Por mais evoluída que seja a máquina, por mais que a robótica profetize evoluções fantásticas, há um dado que não pode ser desconsiderado: a máquina reflete e não é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista de cada aluno. Isso é um privilégio humano.” (CHALITA, G., 2001)

Consideramos importante ressaltar que os recursos tecnológicos e os avanços neste sentido, são apenas os instrumentos de aperfeiçoamento do fa-zer pedagógico e que cabe ao professor, apropriar-se deles a favor de seu traba-lho, da melhoria do seu labor diário e de ajuste de suas técnicas didáticas.

“De um professor espera-se, em primeiro lugar, que seja competente na sua especialidade, que conheça a matéria, que esteja atualizado. Em segundo lugar, que saiba comunicar-se com os seus alunos, motivá-los, explicar o conteúdo, manter o grupo atento, entrosado, cooperativo, produtivo.(...) Na educação, escolar ou empresarial, precisamos de pessoas que sejam competentes em determinadas áreas de conhecimento, em comunicar esse conteúdo aos seus alunos, mas também que saibam interagir de forma mais rica, profunda, vivencial, facilitando a compreensão e a prática de formas autênticas de viver, de sentir, de aprender, de comunicar-se”. (MORÁN, 2009)

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Concluímos, ao término do objeto deste artigo, ser a intersecção entre o queGABRIELCHALITA(2001)eMORÁN(2009)afirmam:conhecimento,compe-tência,tecnologia,vivência,práticaetecnologia,emusonoexercíciodaprofis-são docente, convergem para a construção de uma aprendizagem contextuali-zadaesignificativa.

Nessa direção, é necessário que o professor passe a conceber, sem pre-conceito, a tecnologia como parceiraemseuexercícioprofissional,abrindoes-paço para inovar e transformar seu fazer diário. Buscando, dessa maneira, a aproximação do objeto de ensino e aluno, o professor faz com que o conheci-mento tenha um uso social (TASSONI, s.d.) para esse estudante. Ou seja, o co-nhecimento passa a fazer sentido e ser usado pelo aluno no momento em que ele necessita dele de maneira prática.

A tecnologia e comunicação fazem parte, cada vez mais, do cotidiano das pessoas em todo o mundo. Não teríamos a condição de vida que temos nos dias atuais sem as grandes invenções que nos cercam de todos os lados, por confortos e facilidades.

Juan Manoel Morán (1994; 1995; 2001; 2009) demonstra em momentos e trabalhos diferenciados a importância do uso da tecnologia e das mídias de comunicação na sala de aula. Para o teórico, as ferramentas da tecnologia são essenciaiseumdiferencialparaqueoprofessorconsigarelacionaroconteúdoaoseualuno,deformamaissignificativaepróximadeseucontexto.

Desde as primeiras invenções tecnológicas, o mundo foi se transformando. Morán (1995) diz que não foram as tecnologias que causaram as mudanças na vida das pessoas, mas o sistema capitalista que, na busca incessante de lucro, incentivou esse aumento na produção e distribuição da tecnologia, alcançando, dessa forma, todos os possíveis consumidores e, alimentando, assim, a cadeia produtora.

Talvez seja, de fato, o sistema capitalista que leva as pessoas a consumi-rem mais recursos tecnológicos, mas o fato é que as tecnologias, na atualidade, sãoparceirasinseparáveisdossereshumanos.Entretanto,aindaqueseafirmeque é o sistema, e não as tecnologias, que transformam o mundo, esse fato não impedequeelasexerçamumafascinaçãosobreaspessoas,easinfluencieso-bre a sua forma de agir, pensar e construir o mundo. Elas impregnam todos os aspectos da vida dos estudantes, suas relações com as pessoas, com a cultura, com os estudos, com o trabalho.

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Umavisãoantesfuturísticaconfirma-senomomento,nasredessociais,nos celulares, nos tablets e tantos outros: a ideia de comunicar-se sem precisar estar presente. Estamos vivendo numa espécie de reality show, onde nos apoia-mos em imagens, máquinas, comandos de voz, conexão virtual. Tudo isso, ao alcance de um clique.

A educação precisa inserir-se nesse contexto, adaptando-se e aos seus métodos para abranger as novas necessidades que se apresentam e para con-seguirdesenvolverossaberesescolaresdeformaamplaesignificativa.

O uso do vídeo no cenário educacional

Sendo o vídeo um material de fácil acesso, comprovadamente preferido pelos jovens em todo o mundo, ele torna-se cada vez mais indispensável ao educador, que busca em seu cotidiano conectar as informações do mundo com aquelas habilidades que deseja desenvolver em seus aprendizes.

Mesmo assim, apesar do vídeo ser considerado um recurso relevante no processo de aquisição de aprendizagem, Vicentini & Domingues (2008) ressal-tam que:

“a incorporação dessa tecnologia pelas instituições de ensino e pelos professores não é tão simples quanto parece, até hoje, grande parte dos profissionais da educação enfrenta dificuldades para empregar a tecnologia audiovisual como um recurso pedagógico; ora devido à forma equivocada com que alguns programas didáticos propõem incorporação do vídeo ao trabalho em sala de aula, ora devido ao desconhecimento das potencialidades dessa mídia no processo de ensino e aprendizagem.”

CARNEIRO (2002) comenta essa situação, explicando-a como “parte dos de-safiosatuais”onde“háanecessidadedeformaçãoecapacitaçãodeeducadores,de deslocamento do ensino para as aprendizagens, de adequação entre suportes tecnológicos,expressividademediática,conteúdoseobjetivoseducacionais”.

Observando-seasafirmaçõesdeCARNEIRO(2002)eVICENTINI&DO-MINGUES (2008), anteriormente descritas, percebemos que o vídeo pode ser utilizadoemalgumassituaçõesespecíficas,emsaladeaula:comofacilitadorda aprendizagem, incentivo ao aluno no uso das tecnologias, instrumento para o desenvolvimento de competências transversais e instrumento integrador dos recursos da informática e audiovisuais.

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Vicentini&Domingues(2008),definemqueéprecisomudarasestrutu-raseredefiniroolhareofazerpedagógicoondeseincorporamoaudiovisualcomo auxiliar da prática educacional. Tendo em mente que o vídeo não substi-tui o professor e que é imprescindível que os professores tenham uma forma-çãoespecíficaparaautilizaçãodomeio,“não haverá professores formados para o emprego do vídeo e demais audiovisuais se não houver professores formados mediante o emprego do vídeo e dos demais audiovisuais” (FERRÉS, 1996, p.11 ).

Ou seja, a aprendizagem, nesse caso, compreende o uso. No entanto, não implica no abandono dos demais meios didáticos, apenas sugere um redirecio-namento da função destes. Morán (1995) concorda com a utilização do vídeo em sala de aula, porém acrescenta situações em que ele não deve ser usado:

“Vídeo tapa-buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas se for feito com frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa -na cabeça do aluno- a não ter aula.

Vídeo enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso.

Vídeo deslumbramento: O professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empolgar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas.

Vídeo perfeição: Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis, porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los, junto com os alunos, e questioná-los.

Só vídeo: não é satisfatório, didaticamente, exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.”

Diante disso, a análise do contexto em que o vídeo será utilizado é muito importante: avaliar os alunos para o qual este se dirige, as condições para uso do recurso, a prévia discussão sobre o tema e os materiais complementares formam, todos, um conjunto de requisitos para o sucesso no uso dos recursos audiovisuais com objetivos pedagógicos.

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“Nenhuma tecnologia é boa ou má por si só. A eficácia e os resultados dependerão do uso que se fizer dela. Assim, também ocorre com o vídeo: a sua eficácia educativa será diretamente proporcional ao uso que se fizer dele.” VICENTINI & DOMINGUES (2008)

O uso da tecnologia nas aulas de língua estrangeira

A utilização da tecnologia nas aulas de inglês remonta de muitos anos atrás,quandoaindatínhamosfitasesalasdevideocassete.Entretanto,mesmoantes disso, a história do ensino de língua estrangeira já estava permeada pelo uso desses recursos. No Brasil, a primeira tecnologia utilizada foi o “livro” de in-glês, de francês, italiano, etc., que continha uma lista de intermináveis exercícios de memorização e repetição da língua.

No ano de 1943, quando os americanos entraram na II Guerra Mundial, tornou-senecessárioproduzir,rapidamente,falantesfluentesemváriaslínguas,faladas nos países aliados1. E, para alcançar essa meta, lançaram um grande programa didático que deu origem ao que hoje é conhecido como metodologia áudio-oral.Essametodologiaconsistia,principalmente,naafirmaçãodequealíngua é fala e não escrita.

“Como a aquisição de uma língua era considerada um processo mecânico de formação de hábitos, rotinas e automatismos, o laboratório de línguas passou a constituir um elemento de extrema importância, onde o aluno repetia oralmente as estruturas apresentadas em sala de aula.” (Fonte: linguaestrangeira.pro.br)

Começou aí, então, uma história intrínseca entre o ensino de línguas e as “novas” tecnologias. Dessa época em diante, foram lançados cursos inteiros para esse tipo de ensino como, por exemplo, o curso de inglês da BBC pelo rádio, como informa Kelly (1969, p. 248): “a BBC iniciou transmissões com pe-quenas aulas de inglês em 1943” e “na década de 60, transmitiu cursos de inglês em 30 línguas para quase todo o globo terrestre, incluindo níveis elementares e avançados”.

Os cursos de línguas esforçaram-se sempre (e continuam, ainda, nos dias atuais), para acompanhar os avanços tecnológicos, na busca incessante de al-cançar uma metodologia ou abordagem mais apropriada para a aquisição de 1Fonte: http://www.ucpparana.edu.br/trivium/edicoes/n1v2/analise_metodologia_fortes.pdf - Acesso realizado em 09 de dezembro de 2011 às 23:28 horas.

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uma segunda língua e, que aproxime o aluno, ao máximo, do seu objeto de estudo.

“A cada nova tecnologia, a escola, especialmente no ensino de línguas, busca inserir essa nova ferramenta nas práticas pedagógicas em uma tentativa de melhorar a mediação entre o aprendiz e a língua estrangeira.” (PAIVA, s.d.)

Estudos feitos na internet2mostramnúmerosquecomprovama impor-tância cada vez maior dessa tecnologia na vida das pessoas, principalmente entre os mais jovens. Em especial, aqueles exibidos diretamente na internet:

“Pessoas entre 18 e 34 anos passam mais tempo vendo vídeos online do que assistindo TV - quase 50% a mais. Somente no YouTube, usuários de todo o mundo estão assistindo a 3 bilhões de vídeos por dia, e subindo mais de 48 horas de vídeo por minuto. E isso deve crescer em uma taxa sem precedentes; atualmente, os vídeos utilizam 40% de todo o tráfego da Internet e devem exceder 91% em 2014, de acordo com as previsões da Cisco.”

Assim, com o avanço no uso de tecnologias na produção, exibição e dis-tribuiçãodemateriaisdidáticose,maisespecificamente,osvídeos,oseduca-dores não podem abster-se de usá-los na composição de suas aulas. Há uma demanda por métodos de ensino inovadores, que considerem o contexto do aluno, o desenvolvimento da competência em manipular, usar e extrapolar o uso de todos os recursos tecnológicos acessíveis no âmbito escolar, integrando o educando ao meio em que vive.

Iterações do docente com as ferramentas tecnológicas

Para desenvolver aulas mais criativas com o uso das tecnologias da in-formação e comunicação, a primeira coisa que se necessita é o interesse em aprendê-las.Apartirdaí,ascoisascomeçamaacontecer.MORÁN(2009),afir-ma que “o conhecimento se dá fundamentalmente no processo de interação, de comunicação. A informação é o primeiro passo para conhecer.” Passa-se a buscar novas informações, a experimentar novas ferramentas e aprender a usar novos recursos que facilitem o uso destes outros. Se houver o interesse, a pesquisa inicia-se e, então, as oportunidades de criar e inovar vão também acontecendo.

2Esses estudos podem ser encontrados em http://www.google.com.br/intl/pt-BR/adwords/watchthisspace /industry-trends/online-video/ acessado 08/12/2011 às 21h28.

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“Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes para o computador e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio..” (MORÁN, 2000)

Buscamoscomestetrabalhosuscitaressareflexãojuntoaosprofessoreseeducadores:somostodos,profissionaisdaeducação,“estudantes do ensino” (DEWEY,1959:13)e,conformeafirmaMORÁN(2009):

“Aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido”.

METODOLOGIAEste artigo é o resultado de uma pesquisa aplicada, qualitativa e descriti-

va. E, sob o ponto de vista dos procedimentos técnicos considera-se o trabalho como resultado de uma pesquisa-ação, caracterizada por ter o propósito de resolver um problema coletivo “no qual os pesquisadores e participantes repre-sentativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (GIL)

A produção de um material didático deve considerar a sua necessidade, o públicoaoqualsedestina,ascaracterísticasgeraisdessepúblico,comoidade,gênero, conhecimento prévio, entre outros. Além disso, é necessário conhecer os instrumentos tecnológicos e físicos que se possui para efetivá-lo.

O material didático composto foi apresentado em sete turmas da educa-çãobásicadeumaescolapúblicadeBetimeapresenta-seemumvídeosobreoHalloween, tendo a duração de trinta e sete minutos ele foi elaborado para ser trabalhado em uma aula de sessenta minutos, considerando os minutos restan-tes para a introdução, intervenções e debates sobre o assunto.

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Na realização da pesquisa, no intuito de obter informações sobre a uti-lização das tecnologias no contexto educacional e na composição de materiais didáticos,poroutrosprofissionaisdaeducação,foielaboradoumquestionárioonline, enviado através de e-mail para noventa e oito professores e seu resulta-do apresentado na Seção 4, deste artigo. (Anexo A)

Etapas da produção do material didático

Quando pensamos em desenvolver um material didático, é necessário, primeiramente,detectarefazerumaanálisedoperfildosalunos,daescola,dacomunidade para a qual seu material irá ser oferecido, e, principalmente, quais os instrumentos terá para elaborá-lo. Ou seja, precisa-se ter em mente o que eu tenho de recurso tecnológico para compor o material: o lápis, o quadro branco? O computador? – O que me dará condições para compor esse material?

Etapa de confecção do material didático

Na produção do material didático vídeo educativo3, foi feito um planeja-mento, onde determinou-se qual era o objetivo deste, quais seriam as estraté-gias de elaboração e desenvolvimento e como se daria a avaliação do mesmo.

Após o planejamento e a escolha do instrumento (vídeo) a ser produzido, foi iniciada a elaboração do roteiro do material, no BrOffice Writer4, que é uma ferramenta de edição de textos, e escreveu-se um texto que serviu de base para todoofilme.

A próxima etapa foi buscar imagens e símbolos que pudessem compor o vídeo, além de sons e outros clips. Após a escolha desse material, voltou-se ao editor de textos para determinar, por um storyboard (que é a representação em imagens da sequência do vídeo) uma prévia do material.

Com o texto, o roteiro e o storyboard prontos, passou-se BrOffice Impress5, editor de slides, na intenção de compor o vídeo. Criou-se nesse aplicativo, uma apresentação nova, acrescentaram-se imagens, textos, clips, sons, foi gravada a narração, determinaram os “efeitos” e “transições” personalizadas e cronome-trou-se o tempo de apresentação.

Então, retornou-se à internet para buscar alguma ferramenta que pudesse resolver o problema. Encontrou-se a opção de converter os slides prontos em 3Disponível para acesso no link: http://profdaniaz.blogspot.com4http://www.broffice.org/5http://www.broffice.org/

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formato de vídeo, através do E.M.Power Point Vídeo Converter, que é um conver-sor de slides em vídeo, de distribuição gratuita.

Para a composição do som foram encontrados vários programas, e os que se melhor se adaptaram à necessidade do material foram o Audacity6 e o WavePadSound7. Ambos editores de áudio, mas com funções a mais em um e em outro: sobreposição de faixas, cortes, alteração de velocidade, de tom, de formato, etc.

Com as imagens gravadas e acrescido o som, era preciso assistir à mídia produzida, para conferir a qualidade do material gravado, determinar a velo-cidade, tempodeexibição,cortarcenasquenãoficaramadequadase inseriroutras, que demandaram todo o trabalho anteriormente descrito.

Para essa fase do trabalho, foram buscadas ferramentas que possibilitas-sem fazer os ajustes necessários. E o recurso ideal foi o editor de vídeo. Dos muitos editores de vídeo gratuitos, apenas alguns atendem aos arquivos do Linux. O mais completo deles, o Avidemux8, oferece recursos básicos para edi-ção de vídeo, o VLMC Vídeo Lan Movie Creator 9 (versão de teste) e o Video Pad Video Editor10.

Etapa de apresentação do material didático aos alunos

Para a exibição do vídeo nas turmas, havia duas opções: exibi-los em sala, utilizando o DVD ou o Datashow. Foi feita a exibição usando as duas opções, escolhendoaquemelhorseenquadravaaoperfildaturmaeàorganizaçãodaescola. Em algumas salas, levou-se o Datashow, som, extensão elétrica e com-putador para a turma e montamos o ambiente.

Para a exibição com a utilização do DVD, foi usada uma sala pequena, que foi transformada em sala de vídeo e pode-se fazer a apresentação do trabalho com mais tempo e mais discussão, no entanto o som da TV não ajudou e pou-cosentenderamtotalmenteamensagemfaladadofilme.

Em ambas as situações houve a intervenção do professor, na apresentação domaterialeduranteofilme.

6Disponível em http://audacity.sourceforge.net/?lang=pt acessado em 11 de junho de 2012.7Disponível em http://www.nch.com.au/wavepad/index.html acessado em 11 de junho de 2012.8Disponível em http://avidemux.org/ acessado em 11 de junho de 2012.9Disponível em http://trac.videolan.org/vlmc/ acessado em 11 de junho de 2012.10Disponível em http://www.nchsoftware.com /timesheet/ acessado em 11 de junho de 2012.

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Avaliação do material didático

A avaliação do material didático foi feita em duas partes: primeiramente a avaliação da mídia e sua composição: som, imagens, sequência narrativa, entre outros e, a seguir, a avaliação dos resultados cognitivos alcançados com a utili-zação do material.

A avaliação do aspecto técnico do vídeo foi feita com base nos critérios de análise de vídeo didático, proposto por Luiz Fernando Gomes (s.d), em seu artigo: “Vídeos didáticos: uma proposta de critérios para análise”.

ConformeorientaçãodeGomes,fizemosumaanálisedoconteúdo e dos aspectos técnico-estéticos do vídeo, por meio de formulários que foram preen-chidos juntamente com 45 alunos, cujos resultados apresentamos à frente.

Para a avaliação do aproveitamento do vídeo quanto à aquisição de co-nhecimento e desenvolvimento de habilidades, foi utilizada uma avaliação so-mativa, feita com 174 alunos, os quais responderam a onze questões sobre o Halloween, por meio de um teste online11, entre os dias cinco e nove de dezem-bro de 2011, no horário das aulas de Língua Inglesa, no laboratório de informá-tica da escola.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO material didático descrito nesse instrumento foi apresentado em sete

turmasdaeducaçãobásicadeumaescolapúblicadeBetimecompôs-sedeumvídeo sobre o Halloween. Com a duração de trinta e sete minutos, o vídeo foi elaborado para ser trabalhado em uma aula de sessenta minutos, considerando os minutos restantes para introdução, intervenções e debates sobre o assunto.

Na avaliação geral do uso e composição desse material, e, consoante os instrumentos de avaliação mencionados, no corpo deste texto, o artigo elenca informaçõesrelevantesparaoprofissionaldaeducaçãoemrelaçãoaousodatecnologia em sala de aula, com o objetivo de extrapolar os meios convencio-nais de ensino, agregando-se estes, na ressignificação das formas de aprender.

Os resultados obtidos demonstram que o uso dos recursos tecnológicos no exercício docente é, de fato, uma maneira inovadora e mais interessante deexposiçãodeconteúdosemediaçãodaaquisiçãodoconhecimento. Fatocomprovadopelaobservaçãoeaferiçãodeaprendizagemdosconteúdospro-11Postado no blog www.profdaniaz.blogspot.com

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postos durante a execução da pesquisa, na qual se utilizou, para uns, a didática convencional na exposição e avaliação do assunto (livro, textos, quadro e aula expositiva) e, para o tema Halloween, subsídio da produção didática em referên-cia,atecnologianapresençadovídeoeducacionalelaboradoparaessefim,eousodastecnologiascomputacionaisparaaavaliaçãodamídiaedoconteúdo.Naaferiçãofinalsobreoconteúdolecionado,feitopormeiodeprovaformalevirtual,verificou-sequeentre174alunosquefizeramaavaliaçãosomativa,146conseguiram resultado superior a 50% no desenvolvimento do conhecimento sobre a história do Halloween e apenas 28 alunos não conseguiram obter essa média.Oquesignificaque,aofinaldosestudos,omaterialdidáticoproduzidoatingiu sua meta em 83,9%.

Além disso, constatou-se que, ao responder a questão: “com o trabalho feito sobre o Halloween, é possível compreender...”, 71% dos alunos escolheram a seguinte opção: “que, mesmo contendo figuras de esqueletos, bruxas, etc, o Halloween não passa de uma festa, como o nosso carnaval”. O que representa que o objetivo do trabalho que era desconstruir e desfazer equívocos sobre o entendimento do Halloween como uma manifestação cultural, por meio do ma-terial didático produzido, foi alcançado com êxito.

Numa outra questão: “algumas denominações cristãs consideram que o Halloween é uma festa demoníaca. Mas através do trabalho realizado, percebe-mos...”, que trata da questão da intolerância religiosa em relação ao Halloween, 70,11% dos alunos responderam que o Halloween é apenas uma manifestação cultural de um povo. Novamente, percebe-se que o objetivo de se desfazer os enganos disseminados sobre a referida data, na comunidade escolar em que o presente estudo foi realizado, obteve êxito.

Emtodasasfasesdeavaliaçãodaaprendizagemverificou-seumíndicesuperior a 60% de aproveitamento, considerando todos os alunos envolvidos e, por outro lado, como a educação não se dá apenas no espaço da escola, pode-mos considerar que o conceito de Halloween na comunidade em que a escola seinsere,apartirdarealizaçãodestetrabalho,tendeamodificar-se,namedidaem que esses alunos começam a transmitir o que aprenderam para seus fami-liares, amigos e conhecidos.

Outro resultado relevante, obtido por meio de um questionário online, enviado através de e-mail para 98 (noventa e oito) professores do município de Betim e postado, também, nas redes sociais Orkut e Facebook, nos mostra

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como anda a relação desses educadores com as tecnologias no seu contexto profissional.Os itens avaliados foram: modalidade de ensino em que trabalha, função que exerce na escola, nível de conhecimento sobre o uso de recursos tecnológicos como instrumentos de apoio pedagógico, frequência do uso do laboratório de informática com os alunos no ano de 2010 e 2011, e relação de motivos do não uso, frequência de uso de vídeos em sala de aula, tipos de vídeosusados,ferramentastecnológicasusadasporessesprofissionaisnaela-boração/planejamento de aulas e a pergunta: “se fosse possível, e você pudesse escolher um tipo de curso na área de tecnologia da educação, você escolheria” que oferecia uma lista com seis opções de cursos de capacitação para serem escolhidos:

A. Como criar vídeos educativos.

B. Linux Educacional: dinamizando o uso do laboratório de informática.

C. Como criar apresentações eletrônicas.

D. Como criar planilhas eletrônicas e desenvolver atividades educativas a partir deste tipo de programa.

E. Como usar o editor de textos para planejar, elaborar e avaliar minhas aulas.

F. Como aproveitar mais os recursos da internet como material de apoio em sala de aula.

Dentreestes,obteve-seoretornode45profissionais,osquaisresponde-ram a nove perguntas sobre a utilização das novas tecnologias no seu contexto profissional,eseconstatouque78%atuamnoEnsinoFundamentalcomalunosna idade entre 10 e 14 anos, 93% são professores, 2% atuam na secretaria e 5% estão ocupando cargos de direção ou vice-direção.

Ao serem consultados sobre o conhecimento que possuem no uso de tecno-logias como instrumentos de apoio pedagógico, os participantes responderam que:

Tabela 1 – Conhecimento de recursos tecnológicos pelos educadoresTem muito conhecimento sobre o assunto. 20%Tem um conhecimento mediano sobre o assunto. 58%Tem um conhecimento mínimo sobre o assunto. 20%Não tem nenhum conhecimento sobre o assunto. 2%

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Aos responderem à questão: “Partindo de sua observação e experiência na função docente, você diria que”: 91% dos educadores disseram que o uso da tecnologia como instrumento de apoio educacional tem aumentado signi-ficativamente.Aindanaintençãodeverificarousodatecnologianaeducaçãoentreessesprofissionais,foramacrescentadasquestõessobreafrequênciadouso do laboratório de informática como apoio para suas aulas: em 2010, 51% dosentrevistadosnãousavamolaboratóriodeinformática,masessenúmero,conforme apurado, caiu para 42% em 2011, representando, então, um aumento no uso desses equipamentos de 9% de um ano para o outro.

Dentre os motivos da não utilização, o mais citado pelos participantes foi: porque os computadores que existem no laboratório de informática da mi-nha escola estavam parcial ou totalmente estragados: 27% (2010) e 18% (2011). Apenas 9% dentre estes (tanto em 2010 quanto em 2011) responderam que não utilizaram o laboratório por não saber usar os recursos que ele oferece.

Além do uso de computadores, os participantes responderam a questões sobre a utilizaçãode vídeos no seu contexto profissional.Dentre estes, 93%afirmaramqueSIM,utilizamovídeocomo ferramentadidáticaeapenas7%disseram que NÃO. Dos 93% que utilizam o vídeo, 49% o utilizam com frequ-ênciae44%raramente,58%usamvídeosespecíficosdoconteúdoescolarquelecionam e 42% usam vídeos diversos; 71% nunca produziram vídeos para suas aulas,16%afirmaramjáterproduzidoumvídeoeosdemaisproduzirammaisde um vídeo para uso educacional.

Analisando os resultados desse questionário, concluímos que a tecnolo-gia já pertence ao cotidiano educacional e é vista por muitos educadores como essencial para a composição de suas aulas: eles já usam os laboratórios de in-formática para conduzirem as aulas e a maioria utiliza vídeos em sala de aula. Muitos já têm conhecimento de como usar as tecnologias e fazem uso delas. No Gráfico1mostram-seasprincipaisferramentascomputacionaisutilizadaspeloseducadoresnasuapráticaprofissional:

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Gráfico 1 – Ferramentas tecnológicas usadas pelos educadores

CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS Diante dos resultados expostos e, considerando os aspectos observados

durante a realização desta pesquisa, como coparticipante, compreendemos que é extremamente importante que as instituições de ensino se mobilizem de modo a incorporarem em seu contexto, momentos de capacitação para seus profissionaisnoquetangeàaquisiçãodehabilidadesecompetênciasnamani-pulação dos recursos tecnológicos, digitais e virtuais.

É preciso valorizar as possibilidades de uso dos equipamentos dessa “nova cultura cibernética”, buscando agregá-las no labor pedagógico, na realização de aulas, na concepção de novas maneiras de ensinar e aprender.

A cultura formal, adquirida por meio do estudo, hoje se transformou. Não cabeespaçoparaaprendizagensquesedãonarepetiçãodeconteúdos,cópias,ou exposições fora de contexto. O mundo todo caminha para uma integra-ção tecnológica tal, em que as relações sociais, de trabalho, de aprendizagem emesmopessoais,estarãointerconectadasporumalinhaúnica,formadapordiversas conexões, todas elas dependentes do uso consciente e eficaz dos re-cursos tecnológicos.

Nesse sentido, onde estarão as bases para que esse jovem (adulto deste futurobempróximo)seprepareparaavida?Nãoéessaafinalidadedaescola?Formar cidadãos críticos e atuantes? É o que garante a Lei de Diretrizes e Bases daEducação,número9.394/96:“A educação, dever da família e do Estado, ins-pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da

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cidadania e sua qualificação para o trabalho.” E, sendo o professor o principal ator da educação, cabe a ele, então, promover a inclusão e inserção de seus alunos no mundo globalizado e conectado.

O que este artigo demonstra é que esses educadores já têm consciência dessa necessidade de mudança frente ao uso das tecnologias, mas que conside-ram que ensinar e empreender a tarefa de promover a conexão do jovem com a tecnologia e virtualização das relações e aprendizagens, requer conhecimento e preparo também deles próprios.

Outra constatação à qual nos levou este trabalho é que, ao se conceber um material didático utilizando-se da tecnologia, ele tende a tornar-se mais rico porque em sua elaboração o professor busca informações que o fazem mais completo e contextualizado. Nesse sentido, o professor está, também, contri-buindo para a inclusão do sujeito na sociedade do conhecimento, proporcio-nando-lhe mais oportunidades de desenvolvimento e aplicação de sua cida-dania,pormeiodaaproximaçãodoconteúdoescolarcomossaberesqueestenecessita para sua inserção e atuação sobre o mundo.

Dessa maneira, além de comprovar a importância das tecnologias na es-cola, como instrumentos de apoio pedagógico, percebemos com esse estudo, a necessidade de uma ação mais incisiva dos governos e demais órgãos respon-sáveis pela educação no Brasil, no que diz respeito ao oferecimento de cursos de capacitação tecnológica para os professores e apontamos sugestões de cur-sos, solicitados pelos próprios educadores.

Percebemos a necessidade de estudos mais contundentes sobre as tecno-logias usadas, atualmente, na composição de aulas, na elaboração de material didático usado nas escolas e, também a necessidade da criação de um centro decomunicaçãovirtualcomoseducadores:umcanaldeesclarecimentodedú-vidas e oferecimento de dicas e estratégias tecnológicas para uso, nas situações específicasdeensino.

Uma pesquisa sobre as possibilidades de uso da internet, pelos educa-dores, como meio de se ensinar e a divulgação/inclusão desta, virtualmente, para que eles mesmos possam participar e integrar-se ao projeto é uma opção interessante para um futuro trabalho e pode ser enriquecedora no sentido em que se poderá aprender e experenciar situações reais de uso, ainda durante a realização do trabalho.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FERRÉS, J. Vídeo e educação. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996.

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MORÁN, J. M. Interferências dos meios de comunicação no nosso conhecimento. Revista Brasileira de Comunicação. São Paulo.

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MORÁN, J. M. et al. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 16ª ed. Campinas: Papirus, 2009.

PAIVA, V. L. M. O. de. O Uso Da Tecnologia No Ensino De Línguas Estrangeiras: breve

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REFERENCIAL CURRICULAR DE BETIM. Disponível em: <http://www.betim.mg.gov.brARQUIVOS_ANEXO/referencial_curricular;03;20110315.pdf>.

TASSONI, E. C. M. Afetividade e aprendizagem: a relação professor-aluno. Disponível em: <http://www.puc-campinas.edu.br/cca/producao/arquivos/extensao/Afetividade_aprendizagem.PDF>. Acesso em: 09/12/2011 às 11:01 horas.

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ANEXO A – FORMULÁRIO TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Caros colegas, estou fazendo uma pesquisa para a UFLA, como conclusão do meu curso de pós-graduação em Produção de Material Didático para a Diversidade (com foco na tecnologia) e gostaria de contar com a ajuda de vocês para responder ao formulário abaixo. Não é preciso identificar-se.Agradeço,desdejáedespeço-mecomumgrandeabraço!DaniAzevedo

Modalidade de ensino em que trabalha *( ) Ensino Fundamental - 1º e 2 Ciclos( ) Ensino Fundamental - 3º e 4º Ciclos( ) Ensino Médio( ) EJA

Função que exerce na escola: *( ) PROFESSOR( ) PEDAGOGO( ) SECRETARIA ESCOLAR( ) DIREÇÃO ESCOLAR( ) Outro:

Quanto à escolha e uso de recursos tecnológicos como apoio pedagógico nas suas aulas, você considera que: *

( ) tem muito conhecimento sobre o assunto.( ) tem um conhecimento mediano sobre o assunto.( ) tem um conhecimento mínimo sobre o assunto.( ) não tem nenhum conhecimento sobre o assunto.

Em relação ao uso do laboratório de informática, NO ANO PASSADO, com atividades para os seus alunos, você: *ESTA QUESTÃO REFERE-SE AO ANO DE 2010

( ) usou-o de 1 a 5 vezes.( ) usou-o mais de 5 vezes.( ) não o utilizou

Caso tenha marcado a opção “não o utilizou” nas questões anteriores, escolha uma justificativadentreasalternativasabaixo:(CASOCONTRÁRIO,VÁPARAAQUESTÃOSEGUINTE)

( ) porque não havia laboratório de informática na minha escola.( ) porque, mesmo havendo o laboratório de informática na minha escola, eu não sabia usar os recursos que ele oferece.( ) porque os computadores que existem no laboratório de informática da minha escola estavam PARCIAL ou TOTALMENTE estragados.

Em relação ao uso do laboratório de informática, NESTE ANO, com atividades para os seus alunos, você: * ESTA QUESTÃO REFERE-SE AO ANO DE 2011

( ) usou-o de 1 a 5 vezes.( ) usou-o mais de 5 vezes.( ) não o utilizou

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Caso tenha marcado a opção “não o utilizou” nas questões anteriores, escolha uma justificativadentreasalternativasabaixo:(CASOCONTRÁRIO,VÁPARAAQUESTÃOSEGUINTE)

( ) porque não há laboratório de informática na minha escola.( ) porque, mesmo havendo o laboratório de informática na minha escola, eu não sei usar os recursos que ele oferece.( ) porque os computadores que existem no laboratório de informática da minha escola estão PARCIAL ou TOTALMENTE estragados.

Partindo de sua observação e experiência na função docente, você diria que:()ousodatecnologiacomoinstrumentodeapoioeducacionaltemaumentadosignifi-cativamentenosúltimosanos.( ) o uso da tecnologia como instrumento de apoio educacional NÃO TEM aumentado nosúltimosanos.

Você costuma utilizar vídeos em suas aulas? *( ) SIM, constantemente.( ) SIM, raramente.( ) NÃO.

Quais tipos de vídeo você já usou em suas aulas?* CASO TENHA RESPONDIDO «NÃO» NA QUESTÃO ANTERIOR, NÃO PRECISA RESPONDER ESTA PERGUNTA.

()filmesgerais.()vídeosespecíficosdomeuconteúdo.

Você já produziu algum vídeo para suas aulas? *( ) Sim - 1 vídeo( ) Sim - 2 a 5 vídeos( ) Sim - mais que 5 vídeos( ) Não

Quais destas ferramentas tecnológicas você usa para criar/planejar suas aulas? * (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO, SE FOR O CASO)

[ ] Editor de texto [ ] Dvd[ ] Apresentação de slides [ ] Data show[ ] Planilha eletrônica [ ] Aparelho de som[ ] Player de vídeo [ ] Outro:

Se fosse possível, e você pudesse escolher um tipo de curso na área de tecnolo-gia da educação, você escolheria:* (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO, SE FOR O CASO)

[ ] Como criar vídeos educativos.[ ] Linux Educacional: dinamizando o uso do laboratório de informática.[ ] Como criar apresentações eletrônicas.[ ] Como criar planilhas eletrônicas e desenvolver atividades educativas a partir deste tipo de programa.[ ] Como usar o editor de textos para planejar, elaborar e avaliar minhas aulas.[ ] Como aproveitar mais os recursos da internet como material de apoio em sala de aula.

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Capítulo 5O Uso de Blog na Formação

Continuada de Professores: uma Proposta de Letramento Digital

Paulo Leandro de CarvalhoPatrícia Vasconcelos Almeida

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Resumo

O trabalho apresenta a aplicação de um plano de ação desenvolvido junto a professoresdaEducaçãoProfissional,emumaUnidadedeEnsinoTécnicoemumacidadeno sul de Minas Gerais, com o objetivo de fomentar o processo de letramento digital por meio do uso de blog como ferramenta na formação continuada de professores. A revolução tecnológica iniciou um processo de profundas mudanças na sociedade, sendo que a educação não está isenta dessas transformações. O emprego das tecnologias facilitou nosso cotidiano, transformou as relações sociais e as formas de educação. Paraenfrentaressedesafio,osprofessoresprecisamdesenvolveroletramentodigital,tornando-se mediadores do conhecimento e das “novas” formas de relação com esse mesmo conhecimento. Foi aplicado um questionário para o grupo de 7 (sete) professores da Unidade de Ensino Técnico e foi proposta, para coleta de dados, a realização de atividades (postagem de comentários, leituras, acesso a link de vídeos, imagens e pesquisas) no blog, onde o grupo de docentes estabeleceu interações entre si mediadas pela tecnologia. Os resultados demonstram que, apesar dos professores terem contato com as tecnologias em seu cotidiano, ainda as utilizam de forma incipiente no contexto escolar. O uso do blog permitiu que o grupo de professores pudesse ampliar o seu grau de letramento, por meio das atividades realizadas. Dessa forma, conclui-se que a ampliação do letramento digital dos professores e, consequentemente, a incorporação das ferramentas tecnológicas em suas práticas, seja na produção de materiais didáticos ou como ferramentas pedagógicas, precisam ser ainda mais estimuladas e orientadas, de modo a contribuir com a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Letramento Digital. Blog. Formação Continuada.

INTRODUÇÃO AEducaçãoProfissionaldeníveltécnicovemcrescendoemostrandosua

forçano cenárioeducacionalpormeiodaspolíticaspúblicas implementadaspelo governo, seja em nível federal, estadual ou municipal. As iniciativas de am-pliação no oferecimento de recursos que atendam as necessidades eminentes daEducaçãocomoumtodo,mas,principalmente,aEducacionalProfissional,vem trazendocontribuições tais como:oProgramadeEducaçãoProfissionaldeMinasGerais(PEP),aexpansãoderedesfederaisdeeducaçãoprofissionale, recentemente a criação Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego(Pronatec),comprovamanecessidadedeformaçãoequalificaçãoparao mercado de trabalho. Nesse contexto, as instituições percebem a necessidade de oferecerem Educação Profissional de nível Técnico, e buscam se prepararpara atender à demanda cada vez mais crescente.

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Produção de Material Didático para Diversidade

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NoquedizrespeitoaosdocentesqueatuamnaEducaçãoProfissionaldenívelTécnico,percebe-seque,emgrandeparte,sãoprofissionaisdasdiversasáre-asdeatuação,porém,semlicenciaturaespecíficaoupedagógicaparaatuaçãonadocência. Diante disso, surge a necessidade de formação continuada voltada para ousodastecnologiasparaqueessesprofissionaisaprimoremseutrabalhoemsaladeaulaecontribuamparaaqualificaçãoprofissionaldapopulaçãobrasileira.

Atualmente, com o advento da utilização da tecnologia na área da educa-ção, onde o processo de ensino-aprendizagem passa a ser mediado por tecno-logias, como a Internet e seus recursos, acredita-se que dentre as competências a seremdesenvolvidaspelosprofissionaisqueatuamcomodocentes, estáoletramento digital, que permite o uso efetivo das tecnologias da informação e comunicação nas mais variadas práticas sociais.

Sob essa perspectiva, a partir da realidade da Unidade de Ensino Técni-co na cidade, em uma cidade do sul de Minas Gerais, pode-se observar que o usodetecnologiasnaEducaçãoProfissionalporpartedosdocentestemsidoquase que inexistente. Diante dessa realidade, o trabalho pretende levantar in-formações a respeito da utilização das tecnologias na vida pessoal e na prática pedagógica dos docentes da escola e propor a utilização da ferramenta blog como espaço para formação continuada e, consequentemente, da ampliação do letramento digital desse grupo de professores.

Nesse sentido, inicialmente, discutir-se-á, neste artigo, os impactos das tecnologiasnocontextoescolar,bemcomooseureflexonoprocessodeensi-no-aprendizagem. Na sequência, trataremos do conceito de letramento digital e a necessidade dos professores se prepararem para o uso das tecnologias. Como forma de ação, exploraremos o uso do blog como ferramenta que pode contribuir para a formação continuada para o uso das tecnologias com profes-soresdaEducaçãoProfissionaldenívelTécnico.

REFERENCIAL TEÓRICOA evolução tecnológica impulsionou profundas mudanças na sociedade,

desdeasrelaçõessociais,profissionais,atéosmodosdeproduçãoedesenvolvi-mento do conhecimento. Dessa forma, todas as esferas da sociedade, inclusive aescola,sãoconstantementedesafiadasaseadaptaremàsmudançaseapro-por novos paradigmas.

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[...] a escola está deixando de ser o único lugar da legitimação do saber, o que se constitui em um enorme desafio para o sistema educativo. Diante desse desafio, muitas vezes os docentes adotam uma posição defensiva e às vezes até negativa, no que se refere às mídias e às tecnologias digitais, como se pudessem deter seu impacto e afirmar o lugar da escola e o seu como detentores do saber (FREITAS, 2010, p.5).

Com o advento das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) as relações com a informação e o conhecimento ganharam novas dimensões. A es-coladeixoudeseroúnicomeiodeacessoaoconhecimentoeainformação,quepassaram a estar presentes em toda parte e a serem transmitidas por diversos meios e com uma velocidade cada vez maior.

Odesafioatualdaescolaedosprofessoreséorientaroaluno,diantedetanta informação, a transformá-la em conhecimento que o ajude a enfrentar os desafiosea“aprenderaaprender”continuamente.Nessesentido,“oprofessoré parte inerente e necessária a todo esse processo, em seu lugar insubstituível de mediador e problematizador do conhecimento, um professor que também aprende com o aluno” (FREITAS, 2010, p. 11). Desse modo, novas formas e con-cepções pedagógicas precisam ser desenvolvidas para acompanhar as trans-formações e romper com o modelo tradicional de ensino-aprendizagem, incor-porando de forma efetiva as TICs, de modo a contribuir com uma educação de qualidade e adequada a nova demanda.

Nesse sentido, Oliveira apud Ferreira (2011) propõe projetos e propostas de uso das TICs em sala de aula, que se articulem a realidade da escola, suas práticas pedagógicas e a própria organização administrativa, de modo a contri-buir com novas possibilidades de utilização do saber.

Nessamesmalinha,asociedadeexigeum“novo”perfildeprofissional,ca-pazdeseadaptara“nova”realidadeeaosdesafiosdomercadodetrabalho.NocontextodaEducaçãoProfissionalTécnicadenívelmédio,osdocentesprecisamestar preparados para contribuir com o desenvolvimento de competências dos alunos, dentre elas, as competências gerais para o trabalho, nas quais o uso das tecnologias é cada vez mais constante e necessário.

Desse modo, Ferreira (2011, p. 5) aponta que, “ao usar as TICs para apro-ximaroobjetoeducacionaldavidacotidiana,oprofessortambémédesafiadoa assumir uma postura de aprendiz ativo, devendo ser crítico e criativo, articu-

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lador do ensino com a pesquisa e constante investigador sobre o aluno”. Por isso, o desenvolvimento do nível de letramento digital dos professores é uma necessidade que deve fazer parte de um projeto de formação continuada que ospermitamressignificarasuaprópriaatuação.

Letramento Digital

Não é possível pensar em retrocesso diante das transformações cau-sadas pelas tecnologias, de modo especial, a internet transformou várias esferas da vida social. Diante disso, “para os educadores que propõem in-corporar essas tecnologias nas práticas pedagógicas, há um grande desa-fioeasensaçãodeatrasoeobsolescênciaocasionadospelavelocidadedainovaçãotecnológica” (FERREIRA,2011,p.23).Paraenfrentaressedesafio,os professores precisam se preparar para o letramento digital, tornando-se verdadeiros mediadores do conhecimento e das novas formas de relação comessemesmoconhecimento.Xavier apud Vasconcelos, p. 3, 2010), des-taca que “o crescente aumento na utilização das novas ferramentas tecnoló-gicas tem exigido das pessoas a aprendizagem de novos comportamentos e raciocíniosespecíficos”.

Segundo Ferreira (2011, p. 23),

O Letramento digital se refere à capacidade do indivíduo responder adequadamente às demandas sociais a partir da utilização dos recursos tecnológicos e da escrita no meio digital. Os pilares que compõe o letramento digital são a pesquisa, a comunicação e a publicação na Internet.

Como percebemos, o conceito de letramento digital refere-se não somen-te à aquisição das habilidades relacionadas ao uso das tecnologias digitais, mas também à sua aplicação nos diversos contextos e práticas sociais. Desse modo,

Ser letrado digitalmente significa ser sujeito diante dos sistemas informáticos hoje existentes – sejam eles um computador, uma urna de votação ou um caixa de banco. Para usufruir do chamado ciberespaço, é fundamental discernimento para acessar e selecionar informações em fontes variadas, constituir e ampliar oportunidades de comunicação via redes colaborativas, além de publicar e tornar-se também produtor de informações e conhecimentos (CENPEC, 2008, p. 3).

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Para análise dos dados coletados nesta pesquisa, tomamos o letramento digital,especificamente,emtrêsníveisdistintos,quaissejam:básico,intermedi-ário e avançado. Para cada nível destes, destacamos algumas ações requeridas. VejamosaclassificaçãoelaboradaporVasconcelos(2010,p.7)definirtaisníveis:

“a) Nível Básico de Letramento Digital (LD): ligar o computador e usar o processador de texto são ações compatíveis com este nível;

b) Nível Intermediário de Letramento Digital (LD): acessar à internet para ler e responder e-mails, fazer pesquisas simples por meio de serviço de busca, usar programa de mensagens instantâneas, opinar em fóruns e blogs, construir o próprio blog e site de relacionamento, fazer compras em lojas virtuais indicam ações relativas a este nível;

c) Nível Avançado de LD: baixar conteúdos (programas, músicas, filmes, figuras) da internet, construir sites com domínio próprio, produzir conteúdo para alimentar sites da internet (Wikipédia, por exemplo), usar programas de edição (texto, áudio e vídeo), construir personagens em mundos virtuais (Second life, The Sims, hiperficção), participar de partidas de jogos eletrônicos on-line caracterizam ações deste nível.”

ComovimosessesníveisdefinidosporVasconcelos(opt.cit) e indicados pela maturidade e habilidades que os sujeitos vão adquirindo perante o uso das tecnologias, serão tomados como base para análise dos dados coletados e apresentados neste artigo.

Apartirdessasdiscussões,buscou-serefletirestratégiasquepudessemcontribuircomoletramentodigitaldeprofessoresdaEducaçãoProfissionaldenível técnico. Diante disso, acredita-se que o uso do blog, como ferramenta didática pode vir a contribuir com a formação continuada para as tecnologias, sendoconsideradouminstrumentoeficientenesteprocesso.Nasequência,ire-mos apresentar seu conceito e utilização.

Plataforma de rede social – blog como ferramenta para o letramento digital

As redes sociais online estão cada vez mais presentes no cotidiano das relações entre as pessoas. No âmbito escolar, ainda é uma ferramenta pouco explorada e, muitas vezes proibidas. Entretanto, existem experiências em que a utilização dessas plataformas online na educação podem contribuir para pro-

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movermetodologiaspedagógicaseficientesemediadaspelatecnologia.Paraocontexto de investigação em destaque neste artigo, destaca-se o blog.

Gomes(2005)apresentaumadefiniçãoquevemdeencontroaperspecti-va deste trabalho. Segundo o autor:

O termo weblog parece ter sido utilizado pela primeira vez em 1997 por Jorn Barger. Na sua origem e na sua acepção mais geral, um weblog é uma página na Web que se pressupõe ser actualizada com grande frequência através da colocação de mensagens – que se designam “posts” – constituídas por imagens e/ou textos normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sites de interesse e/ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica, sendo as mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar. A estrutura natural de um blog segue portanto uma linha cronológica ascendente (GOMES, 2005, p. 311)

Desde então, o conceito de blog tem evoluido ao ritmo da criatividade e imaginação dos internautas, tendo também chamado a atenção de investi-gadores,professoreseoutrosprofissionaiscompreocupaçõesnodomíniodaeducação, mais precisamente com o processo de formação dos docentes. As utilizações potenciais dos blogs como recurso e como estratégias pedagógicas sãomuitodiversificadase,porisso,acreditamosquedevemserexploradasdeforma didático-pedagógicas.

Nesse sentido, pretendeu-se explorar o uso do blog como ferramenta e estratégia de formação continuada para professores da Unidade de Ensino Técnico. É preciso atentar-se para as mudanças que ocorrem na sociedade e os desafiosquesecolocamparaaeducação,ouseja,afunçãosocialdaescolapre-cisamserresignificados.Apalavradeordem,portanto,émudança.ParaAlonso(2003, p. 172),

[...] essa mudança terá que ser feita a partir da escola, com os professores. Para tanto, é preciso formar os professores dentro dessa perspectiva, no próprio contexto escolar, em situação de trabalho, pois somente assim o processo de formação ganhará sentido.

Uma formação continuada que oriente para a mudança requer prepara-ção e intencionalidade, uma vez que não pode ser feita simplesmente como

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obrigação burocrática de um sistema, mas deve partir das necessidades levan-tadas pelos próprios docentes. Desse modo, a formação continuada desenvol-vida na Unidade de Ensino Técnico, mediada pelo uso do blog, orientou-se pela necessidade de contribuir com o letramento digital dos professores de modo que as práticas digitais fossem incorporadas gradativamente pelos docentes.

MATERIAIS E MÉTODOSConsiderando-se o contexto de diversidade entre os professores da Uni-

dade de Ensino Técnico, o material produzido para obtenção dos dados, consis-tiu em um blog que deveria ser utilizado na formação continuada dos docentes com vista ao desenvolvimento do letramento digital. O blog foi criado com o nome – “Conversas com quem gosta de ensinar ... e aprender”, inspirado no livro do autor Rubem Alves – “Conversas com quem gosta de ensinar”.

Na proposta do blog, o Linux Educacional foi utilizado em seu aplicativo de Internet Firefox na produção e na disponibilização, bem como na edição de imagens e textos disponíveis no blog. O Linux Educacional é uma distribui-ção do Linux voltada para o contexto escolar e “[...] contém vários aplicativos educacionais livres para auxiliar nas atividades em laboratórios de informática nas escolas” (MELCHIORI; GONÇALVES, 2001, p. 8). Foi criado para atender aos propósitos do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo) do Mi-nistério da Educação (MEC).

Na disponibilização, o blog foi socializado entre os professores da Unida-de de Ensino Técnico para que desenvolvessem as atividades propostas em cada post, recebendo, quando necessário, a orientação. Desse modo, acreditava-se que,nocontatoenaexecuçãodastarefaspormeiodoblog,alémdareflexãoe discussão, poderíamos contribuir com o letramento digital desses docentes.

Os sujeitos da pesquisa eram 7 (sete) professores de uma Unidade de Ensino Técnico da cidade do sul de Minas Gerais, com formações nas áreas de Enfermagem, Contabilidade e Segurança do Trabalho, com idades variadas e atuaçãonocampodeformaçãoenadocênciadaEducaçãoProfissional.Paraeste trabalho, inicialmente, foi realizada uma reunião com os professores da Unidade de Ensino Técnico onde foi apresentada a proposta de trabalho com o uso do blog na formação continuada para tecnologia. O blog, para a coleta de dados, a partir das atividades realizadas, assim como o questionário seria

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uminstrumentoparalevantaroperfildosprofessoresdainstituiçãonoquedizrespeito ao letramento digital.

Desse modo, os professores foram levados a interagir com os assuntos, a discutir opiniões, propor novas discussões, compartilhar as descoberta e a explorar recursos online em várias áreas a serem integrados à preparação das suas aulas e, dessa forma, ampliar seu contato com a tecnologia. Além disso, os professores reuniram-se com o Supervisor Pedagógico, para discutir sobre asdificuldadesapresentadasnautilizaçãodaferramentaenodesenvolvimentodatarefaparaquenovoscaminhosfossempropostos.Parafinalizar,foiaplicadoum questionário que buscava conhecer mais sobre as percepções dos professo-res a respeito dos benefícios do uso do blog.

RESULTADOS E DISCUSSÕESComo mencionado anteriormente, para a coleta de dados, utilizou-se de

aplicaçãodeumquestionáriocomoobjetivodelevantardadossobreoperfildos professores da instituição no que diz respeito ao uso pessoal e para traba-lho de tecnologias como o computador e internet.

O questionário foi aplicado entre 7 (sete) professores, com faixa etárias entre 35 a 56 anos e áreas de formação diferentes. Das perguntas fechadas do questioná-rio,obtiverem-seasseguintesrespostas,representadasnosgráficosaseguir:

Gráfico 1 – Utilização do computador

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Inicialmente,comodemonstradonográfico1,buscou-seconhecerseosparticipantes utilizam o computador em seu dia a dia, sendo que todos res-ponderam que sim. Concluímos, assim, que a utilização do computador já faz parte do cotidiano dos participantes da pesquisa. Entretanto, acreditamos que a simples utilização do computador não garante o desenvolvimento do letramen-to digital. É necessário utilizá-lo nos diversos contextos e práticas sociais. Essa ideiaestácorroboradaporVasconcelos(2005,p.7),quandoafirmaque“[...]ascaracterísticas e marcas do letramento digital ainda não estão totalmente con-solidadas, estão em dias de consolidação, por isso, ainda são muito sutis, tênues a diferença entre os níveis”. Portanto, trata-se de um processo em evolução.

Na segunda pergunta, buscou-se conhecer a frequência de utilização do computador e todos foram unânimes em responder que o utilizam com frequ-ênciadiária,comopodeservistonográfico2.

Gráfico 2 – Frequência da utilização de computador

Comoobservadonográfico3,logoabaixo,dosparticipantesenvolvidosna coleta de dados, 5 disseram utilizar o computador para digitar textos, 5 para armazenar arquivos, 3 para confecção de planilhas, 7 para produção de slides e 1paraoutrasfinalidades.

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Gráfico 3 – Finalidade da utilização do computador

Éinteressantepercebernográfico4,que,emboraossujeitosdepesqui-sa apresentem várias utilidades para o computador, todos foram unânimes em mencionar que o utilizam para acessar a internet.

Gráfico 4 – Utilização da Internet

De modo geral, podemos perceber que, por se tratarem de docentes, a finalidadedeutilizaçãoestáligada,principalmente,àproduçãoderecursosque

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posteriormente, serão utilizados em sala de aula. Assim, pode-se perceber que, nesse contexto de pesquisa, os docentes apresentam um nível de letramento básico “que requer ações tais como: ligar o computador e usar um processador de texto, dentre outras comomesmograu de dificuldade” (VASCONCELOS,2010, p.10). Mas também percebem seu lugar na utilização da internet.

Gráfico 5 – Frequência da utilização da Internet

Domesmomodo,nasperguntasquatroecinco,buscou-seidentificarseos participantes da pesquisa utilizavam a internet e com qual frequência, sendo que todos foram unânimes em dizer que utilizam a internet com frequência di-ária(gráfico4e5).ParaFerreira(2011,p.22)

Com relação à Internet, o que a diferencia das outras redes humanas é a velocidade com que ela se instalou na vida das pessoas. Embora ela esteja muito difundida na atualidade, ainda é uma tecnologia historicamente nova e de acesso bastante desigual.

Acreditamos pois, que o acesso à internet pode contribuir para desenvol-ver o nível de letramento, uma vez que seu uso pressupõe habilidades de sele-ção de informações para atender aos diversos contextos e situações. Conforme diz Vasconcelos (2005, p. 7) “saber encontrar a informação na rede, de modo que esta tenha um sentido efetivo para o indivíduo, torna o sujeito apto neste contexto, ou seja, um sujeito minimamente letrado digitalmente”.

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Mas considerando que não basta utilizar a internet, mas é preciso saber como e com qual propósito devemos utilizá-la, o gráfico 6 aponta sete (7) itens que foram apontados com maior destaque pelos sujeitos da pesquisa.

Gráfico 6 – Finalidade de utilização da Internet

Percebe-se,então,conformedemonstradonosgráficos5e6, quedosparticipantes, 7 responderam utilizar a internet para pesquisas, estudos, envio e recebimento de e-mails, 5 para compartilhamento de arquivos, 4 para participa-ção em redes sociais e para interação e 6 para lazer, entretenimento. Mas, uma vez,percebe-sequeasprincipaisfinalidadesestãoligadasaobjetivosdeforma-ção (estudos, pesquisas), e comunicação vinculadas ao trabalho como docentes e nas suas áreas de formação.

Dessemodo,podemos apontaruma identificaçãodosparticipantesdapesquisa, dentre o nível intermediário do letramento e não somente no básico, uma vez que, conforme Vasconcelos (2010, p. 10), o nível intermediário “[...] de-manda acessar à Internet para ler e responder emails, fazer pesquisas simples pormeiodeserviçosdebusca[...].Assim,aoidentificarníveisdeletramento,entendemos como um processo constante de desenvolvimento de competên-cias que passa de um estágio para outro, conforme o a maturidade, habilidades e conhecimentos.

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Quanto às demais perguntas (abertas) do questionário, inicialmente foi abordadaaquestãodasdificuldadesapresentadasnautilizaçãodastecnologiasequaisseriamelas.Agrandemaioriarespondeunãosentirnenhumadificulda-de e, apenas um sujeito de pesquisa lamenta não ter uma formação em infor-mática, o que poderia facilitar o trabalho em alguns momentos.

Ao serem questionados sobre a utilização do computador e internet em saladeaulaecomqualfinalidadeissopoderiaserfeito,grandeparterespon-deu que utiliza apenas para apresentações em slides de assuntos das disciplinas e para a visualização de vídeos, ou seja, o computador e internet são utilizados como meio de planejamento de aulas (pesquisas e produção de apresentações em slides) e, durante as aulas, apenas para visualizar essas apresentações. Ape-nas uma professora respondeu utilizar o computador e a internet com os alunos para atividades práticas com sistemas e aplicativos próprios da sua disciplina. Dessa forma, como argumenta Ferreira (2011, p. 22),

Para que haja a integração no ambiente escolar, é necessário conhecer as especificidades dos recursos midiáticos, com vistas a incorporá-los aos objetivos didáticos do professor, visando enriquecer o ensino com novos significados de aprendizagem vivenciados pelos alunos.

Para tanto, acreditamos que seja indispensável que esse professor busque desenvolver constantemente seu nível de letramento para tornar sua prática mais alinhada às exigências da sociedade, utilizando-as como facilitadoras das relações de ensino-aprendizagem.

Sobreadificuldadequeenfrentamnautilizaçãodocomputadoreinter-netemsuasaulas,4docentes responderamnãosentirnenhumadificuldade,2docentesresponderamsentirdificuldades ligadasàfaltadeconhecimentostécnicos e 1 em não dispor de computadores para todos os alunos, apesar da unidade contar com um laboratório de informática com 20 computadores liga-dos à internet.

Porfim,questionadossobreseacreditamnaimportânciadautilizaçãodastecnologias em sala de aula, os docentes foram unânimes em responder que sim, pois favorecem a interação, o interesse por parte do aluno, além da possi-bilidadedesimularapráticaprofissionalnaeducaçãotécnica.

Como se pode perceber, as tecnologias utilizadas como materiais didá-ticos ou ferramentas pedagógicas ainda são incipientes na escola pesquisada,

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apesar de acreditarem na sua importância. Os docentes as utilizam de forma tímidaemsuasaulase,apesarderesponderemnãosentirdificuldadesnauti-lização pessoal, como proposta pedagógica, as tecnologias ainda são deixadas de lado na escola a despeito da sociedade que está cada vez mais tecnológica. Ferreira(2011,p.23),afirmaque,

A educação poderá beneficiar-se da aprendizagem em rede porque a Internet tem a característica de potencializar diferentes aprendizagens. Cabe ao professor instrumentalizar-se para o letramento digital, participando de comunidades, fóruns, utilizando os recursos de publicação e comunicação disponíveis.

Desse modo, a ampliação do desenvolvimento didático-pedagógico para um melhor letramento digital desses professores e, consequentemente, a incorporação das ferramentas tecnológicas em suas práticas, sejam na pro-dução de materiais didáticos ou como ferramentas pedagógicas, mais esti-muladas e orientadas, de modo a contribuir com a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

SobreousodoBlog,podemosafirmarquenoprocessodesenvolvidoemsua utilização como ferramenta para a formação continuada, é importante re-lembrar que as propostas de atividades foram mediadas pelo Supervisor Peda-gógico e elas conduziam a pesquisa em sites, a utilização do recurso de postar comentários, a visualização de vídeos, ao compartilhamento de produções in-dividuais. Com o estimulo a esses práticas pedagógicas, pôde-se perceber que os docentes foram progredindo na utilização da ferramenta e discutindo sobre o uso das tecnologias em suas aulas.

Na primeira atividade, foi deixada uma mensagem inicial e pedido que assistissem a um vídeo de motivação chamado “Tudo começa por um ponto”. A partir disso, os professores deveriam postar um comentário se apresentando aos colegas e comentando suas expectativas. Foi um momento rico, onde fa-laram de si mesmos para os colegas, estabelecendo, desse modo, um espaço de compartilhamento mediado pela tecnologia. Nesse primeiro momento, os professoresquesentissemdificuldadesdepostarocomentário,poderiamcon-tar com o apoio do Supervisor durante a realização da tarefa no laboratório de informáticadaescola.Algunstiveramdificuldadeemrealizaroprocedimento,oque foi logo superado com a orientação.

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Na sequência, a partir de uma imagem postada pelo mediador, os pro-fessores deveriam, usando algum site de busca, pesquisar imagens que mos-trassem o homem e suas relações com as tecnologias, postar essa imagem (não deixando de colocar a fonte de onde foi retirada a imagem) e compartilhar sua visão sobre os impactos no seu dia-a-dia, não se se esquecendo de interagir comosoutros colegasprofessores.Algunsprofessores sentiramdificuldadesemsalvarasimagensselecionadasaserempostadasnoblog,porém,asrefle-xões demostraram opiniões maduras em relação às tecnologias no dia a dia.

Na outra atividade, por meio de um link disponibilizado no blog, os pro-fessores realizaram a leitura de uma matéria intitulada “Para os defensores das redes sociais na educação, mediação é o caminho para envolver jovens e obter resultadospedagógicos”,ondeforamlevadosarefletirsobreosusosquevi-nham fazendo das tecnologias na prática pedagógica, e a postar comentários sobre como poderiam passar a utilizar as tecnologias em sala de aula. Uma das professoras, da área de enfermagem, disse que faria uma pesquisa sobre sof-twares que tratassem do corpo humano para utilizar em suas aulas de anatomia. Da mesma forma, algumas proposições foram levantadas e demostraram o in-teresse dos docentes pela incorporação das tecnologias na prática pedagógica.

Como proposta de conhecimento mais aprofundado sobre blogs, foi dis-ponibilizado, aos professores, no blog, um link com uma matéria sobre “Blogs como ferramenta pedagógica”. Em seguida, eles deveriam realizar uma pesqui-sa sobre a origem do blog e suas principais utilizações. Além disso, deveriam postar um comentário sobre o questionamento: “Se eu fosse criar um blog, sobreoqueseria”?Osprofessores,entãonessemomento,puderamrefletirso-bre uma possível criação deum blog individual além de conhecer mais sobre a ferramenta utilizada.

A seguir, o grupo foi incentivado a conhecer projetos de letramento digital que contribuem para a melhoria da qualidade da educação, por meio da publi-cação “Conexões da vida - o letramento digital mudando histórias”, disponível em: http://cenpec.org.br/biblioteca/educacao/producoes-cenpec/conexoes-da-vida-o-letramento-digital-mudando-historias. A partir da leitura do arqui-vo disponibilizado no blog, por meio do link, os professores deveriam realizar pesquisas no site para aprofundar sobre o projeto que mais lhes interessaram e postar comentários sobre a escolha feita, inclusive, indicando, se possível, links e imagens do projeto. Nesse sentido, os professores foram estimulados a conhe-

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cer várias iniciativas de letramento digital além de participarem de um processo de compartilhamento de informações entre grupo.

Emoutra oportunidade, o grupo refletiu sobre a infinidade de possi-bilidades que as tecnologias têm a nos trazer e da sua inegável contribuição para o acesso a informação e ao conhecimento, inclusive por meio de cursos na modalidade a distância, podendo romper as barreiras do tempo e espaço democratizando o acesso ao saber. Desse modo, os professores deveriam rea-lizar uma busca por cursos de curta duração gratuitos, ofertados pelas diversas instituições; escolher um deles e socializar-se com os colegas como forma de indicação e, quem sabe, inscrever-se em um deles. Com isso, puderam perceber ainfinidadedepropostasdeutilizaçãodastecnologiaseabuscarcontinuaraformação por meio de cursos ofertados na modalidade a distância.

O período de utilização do blog na formação continuada para as tec-nologias com os professores, o qual continuará após a pesquisa, promoveu o fortalecimento da pertença ao grupo da instituição, socialização de sabres e aprendizagens, além de contribuir para que o grupo tivesse maior contato com as tecnologias e algumas de suas ferramentas. Todos foram receptivos com a proposta e se dispuseram, realmente, a participar. A partir das observações fei-tas, e das atividades, podemos perceber que o uso do blog contribuiu para ampliar o letramento dos professores participantes e despertar o interesse pela incorporação na prática pedagógica e na vida pessoal.

Da mesma forma, aplicou-se um questionário após a utilização do blog e realizaçãodasatividades,paraidentificarapercepçãodosparticipantesemre-lação ao desenvolvimento do letramento após a formação continuada mediada pelo blog. O questionário foi composto por 3 (três) perguntas abertas, descritas a seguir:

1. As atividades do blog contribuíram para sua formação e para a utiliza-ção das tecnologias?

2. Oquefoimaissignificativonessasatividades?

3. Quais habilidades você acredita ter desenvolvido?

Importante ressaltar que as respostas de alguns participantes, que se-rão apresentadas abaixo, foram transcritas literalmente, omitindo-se, para isso, os nomes e substituindo-os por siglas, para garantir, assim, a não exposição dossujeitosdepesquisa.Confirmandoasobservaçõesdurantearealizaçãodas

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atividades, os participantes concluíram que o uso do blog na formação conti-nuada, os ajudou a vivenciar um contato mais intencional e dinâmico com as tecnologias e pode despertar o interesse em aprofundar as habilidades para seu uso, conforme relata a participante R. A. S. B.:

“Foi muito bom as atividades que realizamos no blog. Pude experimentar, de uma forma diferente, o quanto as tecnologias podem nos ajudar no dia a dia e na profissão. Estou com vontade de continuar a ter esses momentos de encontro e uso do blog para desenvolver novas habilidades”.

Sobreosaspectosmaissignificativos,osparticipantesdescreveramqueasatividades no blog foram interessantes, pois estimularam diferentes estratégias paraousodasferramentastecnológicas,conformepode-severificarnarespos-ta abaixo de G. M. S.:

“O que mais gostei foi que fizemos várias atividades usando as ferramentas da internet: pesquisa, comentários, vídeos, imagens e dessa forma, fomos descobrindo coisas novas na internet”.

Quanto às habilidades desenvolvidas, os participantes manifestaram ha-bilidades ligadas ao uso técnico, mas também, de conhecimentos e valores ad-quiridos, como se pode ver na resposta de N. A. F.:

“É preciso ter habilidade para realizar pesquisa, postar os comentários, salvar imagens, ver os vídeos e tudo isso, pude experimentar nas atividades. Também isso ficou mais fácil de realizar, além de entender por que os alunos usam tanto essas ferramentas e o quanto são atrativas. Percebi o quanto é necessário orientá-los para que as usem da melhor forma possível e possam aprender com as tecnologias”.

Com base nos dados e discussões realizadas por meio do trabalho, pode-se concluir que o desenvolvimento do letramento digital é algo que acontece demodoprocessual.Énadinâmicadousoreflexivoqueossujeitosvãoincor-porando as habilidades e competências necessárias para o uso das tecnologias nos diversos contextos e práticas.

Portanto, o sujeito passa de um nível para outro, no letramento, dependendo de suas necessidades para tanto e dos estímulos necessários para esse desenvolvi-mento.Podemos,assim,afirmarqueousodoblogpodeserumaferramentaeficaz

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para desenvolver o nível de letramento dos professores e, consequentemente, con-tribuir com práticas pedagógicas mais dinâmicas e alinhadas à realizada.

CONCLUSÕESA utilização do blog como material didático na formação continuada dos

professores contribuiu para estimular o compartilhamento de ideias, práticas e saberes, além de favorecer o desenvolvimento do letramento digital, uma vez que as práticas digitais foram sendo aderidas naturalmente pelos sujeitos, de modo que, quando eles passam a usar essas práticas em suas rotinas pessoais e profissionais,pode-se,assim,caracterizá-loscomoletradosdigitalmente.

Por meio de atividades orientadas, mediadas pela tecnologia, os docentes puderam discutir a utilização dessas ferramentas em sua prática pedagógica e, desse modo, buscar desenvolver um processo de aprendizagem na Educação Técnica de nível médio em consonância com a realidade do mercado de traba-lho e da sociedade tecnológica.

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Capítulo 6Direitos Humanos e

Diversidade Étnica

Edilene A. CostaAlexandre J. de C. Silva

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6 – Direitos Humanos e Diversidade Étnica

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Abstract

The object of the authors with this me search was to show now study of the Human Dights and the Etnical Diversity com change the people ‘s behave and how new tecnologies can improve the school pedagogical practices. Computing for didatical material production showed that teacher must improve their knowledge about computers in class. This worki has based in bibliographical me searches and the result was the change of atitude about the racist prejudice. Many TICs (Information and Comunication Information Tecnologies) were used to develop the theme of this search.

Resumo

O objetivo dos autores com a pesquisa foi mostrar como o estudo dos Direitos Humanos e da Diversidade Étnica podemodificar o comportamento das pessoas ecomo o uso de novas tecnologias pode melhorar a prática pedagógica nas escolas. O uso da informática para a produção de material didático mostrou que o professores devemprocurarqualificar-seemrelaçãoaousoefetivodainformáticaemsuasaulas.Otrabalhodesenvolvidobaseou-seempesquisasbibliográficaseoresultadoobtidofoiamudança de atitude em relação ao preconceito racial. Para o desenvolvimento do tema, foram utilizados vários recursos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

INTRODUÇÃOAs inovações tecnológicas têm avançado em todas as áreas do conhe-

cimento.No ensino de qualquer conteúdo é possível utilizar vários recursostecnológicos disponíveis. Neste trabalho, procuramos desenvolver os aspectos tecnológicos e humanos.

Objetivou-se, com este trabalho, desenvolver um plano de ação sobre a temática Direitos Humanos e Diversidade Étnica, em uma turma de 5ª série do EnsinoFundamentaldeumaescolapúblicadeLavras,MinasGeraiscomenfo-que nos Direitos Humanos e a Diversidade contra quaisquer forma de discri-minação, baseada em diferenças culturais de classe social, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais.

Sobre o aspecto tecnológico, utilizaremos alguns aplicativos do Linux e do Windows e o tema do projeto é Direitos Humanos e Diversidade Étnica, onde se frisa a temática Preconceito Racial.

A informática, além de ser um atrativo para os alunos, atende às necessi-dades educacionais e exerce um papel fundamental, pois auxilia o aprendizado e a socialização.

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O trabalho com a informática pretende oferecer ao aluno oportunidade deadquirirnovosconhecimentos,qualificaroprocessoensinoaprendizagemecomplementarosconteúdoscurriculares.

Utilizaremos as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), com o objetivo de iniciar o processo de inserção das novas tecnologias no cotidiano escolar, pois as escolas já estão um tanto quanto atrasadas nesse aspecto.

Para o desenvolvimento do trabalho, partiremos do estudo dos Direitos Hu-manos, pois não é possível falar de Diversidade Étnica sem falar de Direitos Huma-nos que é a base de todo o processo de erradicação do preconceito racial. Segundo Kant (1980), em um de seus discursos, “os direitos humanos existem para zelar, proteger ou promover a humanidade que há em todos nós, fazendo com que o ser humano não seja reduzido a uma coisa, a um objeto qualquer do mundo”.

De acordo com Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, as es-colas deveriam incluir em seus currículos a disciplina Direitos Humanos, desde o ano de 2010, o que não ocorre sistematicamente.

Objetivo Geral

Como objetivo geral, o presente estudo apresenta os Direitos Humanos e a Diversidade Étnica na construção de uma sociedade justa, equitativa e demo-crática utilizando os recursos tecnológicos e da mídia.

Objetivos Específicos

• apresentar, analisar e discutir a Declaração Universal dos Direitos Humanos;

• mostrar a importância de conhecer e vivenciar os Direitos Humanos na formação do cidadão crítico e participativo;

• educar enfatizando o valor da vida, da igualdade, da inclusão e da pluralidade cultural étnica;

• refletirsobreadiscriminaçãoracialesuasimplicaçõesparaasociedade;• minimizar a questão do preconceito racial que traz sérios problemas

no ambiente escolar;• trabalhar no laboratório de informática no Linux;• utilizar outros recursos tecnológicos na execução das atividades

planejadas.

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Justificativa

OpresentetrabalhosejustificaporserDireitosHumanoseDiversidadeÉtnicapartedoconteúdodeHistóriadasérie.

METODOLOGIAA princípio, foi feito um levantamento sobre questões que estão di-

retamente relacionadas com a diversidade étnica e direitos humanos. Em seguida foram desenvolvidas várias atividades em sala de aula e extraclasse sobre o tema proposto. Posteriormente, após a aplicação das atividades pro-postas, elaborou-se o presente estudo, o qual está embasado nas bibliogra-fiascitadasequeconsta, também,decitaçõesdeváriosautoresetrechosde documentos.

REFERENCIAL TEÓRICO

História dos Direitos Humanos

A história dos Direitos Humanos era debatida ao longo dos séculos por filósofosejuristas.Oiníciodessacaminhadaremete-nosparaaáreadareligião,quando os matemáticos cristãos recolheram e desenvolveram a teoria do direito natural, em que o indivíduo está no centro de uma ordem social e jurídica justa, mas a lei divina tem prevalência sobre o direito laico.

Nãoháummomentohistóricoondesepossasituar,únicaeprecisamente,o aparecimento dos direitos humanos. A noção foi se constituindo a partir de várias conquistas e de vários documentos que se sucederam ao longo da histó-ria. É comum entre os doutrinadores situar o aparecimento dos direitos huma-nosnopensamentopolíticodosséculosXVIIeXVIII,játendoevoluídomuitoatéos nossos dias, evolução esta da qual não se poderá voltar atrás, posto a meta finaldeumasociedadefraternajustaesolidária,dehomenslivreseiguais,quereproduza na realidade o hipotético estado de natureza, precisamente por ser utópica, não tenha sido alcançada (BOBBIO, 1992, p.62).

A primeira declaração de direitos fundamentais, em sentido moderno, foi a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, que era uma das treze colô-nias inglesas na América.

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A partir de então, muitos movimentos e mudanças ocorridas no mundo todo, principalmente na Europa, fortaleceram a ideia de direito e baseada nas ideias de Rosseau e Montesquier muitas obras foram escritas. Todavia, a con-tinuidade da consciência universal em prol dos Direitos Humanos se projeta efetivamente com Rousseau.

NesseambientelibertáriodofinaldoséculoXVIII,seerigiuafamosa“De-claraçãodosDireitosdoHomemedoCidadão”votadadefinitivamenteem2de outubro de 1789, ampliada pela Convenção Nacional em 1793, oferecendo, nessaúltimaversão,entreoutrasdisposições,que:“Todos os homens são iguais por natureza e perante a lei.” e, ainda, que “O fim da sociedade é a felicidade co-mum.” (RAMOS,1998, p.61)

Dentre as mais importantes normas estabelecidas pela “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” em prol dos Direitos Humanos, destacam-se a garantia da igualdade, da liberdade, da propriedade, da segurança, da resis-tência á opressão, da liberdade de associação política, bem como o respeito ao princípio da legalidade, da reserva legal e anterioridade em matéria penal, da presunção de inocência, assim também a liberdade religiosa e a livre manifes-tação do pensamento.

Já, em 1948, foi aprovada a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, se constituindo no elenco dos direitos fundamentais básicos que tem o ser hu-mano como objeto da atenção e da proteção da comunidade internacional.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e os princípios dela decorrentes é um texto de enorme importância histórica, principalmente para o ocidente, mas deve ser vista dentro do seu contexto histórico de vitória de um modelo que despontava sua supremacia universal após a segunda guerra mun-dial.Aodisporsobreasquestõessociaiseeconômicasespecificas,aDeclaraçãoserestringeaumcontextosocial,políticoeeconômicoespecificodopós-guerra,que deve ser superado, e como tal, deve ser entendida. (MAGALHAES, 1999, p.3).

Trata-sedeumacartafirmadapor(quase)todosospovos,manifestandosua confiançanapazmundial eo seu compromisso comahumanidadeeofuturo, traduzindo-se como uma síntese das conquistas jurídicas de todas as nações, uma verdadeira constituição universal que a todos subordina, sem ex-ceção. Elaborada por meio de um documento claro, objetivo e conciso, elenca os direitos mais fundamentais da pessoa humana, principalmente aqueles que

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dizem respeito a sua essência e que de nenhuma forma podem ser renunciados, esquecidos ou violados. (ALTAVILA, 1989, p.256).

De acordo com Candau (1996), “o processo de conquistas dos direitos humanos está intimamente relacionado com as lutas de libertação de determi-nados grupos sociais que vivenciam na pele a violação de seus direitos.”

Diversidade étnica nas escolas

ALeideDiretrizesBasesdaEducaçãoNacional,ratificandoaConstituiçãoFederal de 1988, determina que o ensino da História do Brasil, levará em conta as contribuições das diferentes etnias para a formação do povo brasileiro, especial-mente das matrizes indígenas, africana e europeia (art.26§4º).

Vários estudos e leis já foram feitos a respeito da questão da etnia e do pre-conceitoracialqueenvolveasociedadebrasileira.Refletindosobreessaquestãona escola, encontramos vários autores que discutem esse tema já há alguns anos.

De acordo com os objetivos deste trabalho, vamos nos ater à diversidade étnica no âmbito escolar.

Para Gadotti (2000, p 41), devemos questionar: Que tipo de educação neces-sitam os homens e as mulheres dos próximos 20 anos, para viverem este mundo tão diverso? Certamente, eles e elas, necessitam de uma educação para a diver-sidade, necessitam de uma ética da diversidade e de uma cultura da diversidade.

A diversidade cultural é um fator muito importante a ser analisado no sis-tema de ensino, pois é a forma de mostrar aos alunos que existem muitas cultu-ras além daquelas que estão acostumados a vivenciar. Também em decorrência do fato de proporcionar uma formação mais ampla aos alunos, no sentido de fazer com que eles interajam com a realidade se autodescobrindo e descobrin-do coisas novas, pois, muitas vezes o aluno desconhece a sua própria cultura.

Atualmente, o trabalho desenvolvido nas escolas deve estar voltado para atender a todo tipo de diferença, tendo em vista o processo de mudança que vem ocorrendo na sociedade. O diferente torna-se muito mais presente no nos-so dia a dia, visto que a cada lugar que frequentamos encontramos alguém diferente,sejacomumvisual,aparência,sexo,deficiência,cultura,etniaentreoutros. Assim, acredita-se que, desde a Educação Infantil, os programas edu-cacionais devem estar voltados à diversidade, para que a criança aprenda a respeitar, viver e se construir nesse contexto.

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Para tanto, é necessário que a sociedade também valorize as diversidades e que os meios de comunicação também colaborem, ajudando, por exemplo, a não incentivar a violência a homossexuais, travestis, lésbicas, entre outros, pois aescolanãodeveseroúnicofatordemudança,éprecisoquetodaasociedadese conscientize.

A luta dos educadores pelos direitos e pelo reconhecimento das dife-renças não pode ser dar de forma separada e isolada. É preciso que políticas governamentais apoiem os programas educacionais, bem como os meios de comunicação,osquaistêmforteinfluênciadepersuasão.Oprofessornãopodepensarqueainclusão,éexclusividadededeficientesequeparaestaacontecerbastaadaptaroespaçofísicoeterprofissionaisqualificados.Issoépreciso,masnãoéosuficiente,porqueumaescolacomolharvoltadoparaainclusãosocial,jamaisirápensarsomentenodeficiente,mas,sim,emtodootipodediferençaque existe e que surge a cada dia.

Além de oferecer espaço físico adequado, é necessário que a escola pre-pare as novas gerações para essa educação, voltada para a diversidade. Por meio dessa perspectiva, acredita-se que irão se romper as barreiras negativas construídas ao longo do processo histórico, “o preconceito”.

Mudar não é tarefa fácil e todos sabem disso, mas o prazer da mudança surge quando a própria escola se torna o espaço de transformação. E somente por meio dessa prática transformadora é que poderemos construir uma socie-dade mais justa que inclua e não exclua e que perceba a escola como espaço de construção, pela valorização das individualidades, do respeito para com as diferenças, com a cultura de cada um, onde a educação é o elemento essencial para um mundo melhor.

MATERIAIS E MÉTODOSOconteúdo foidesenvolvidonas aulasdeHistória, LínguaPortuguesa,

ArteeGeografiaparaosalunosda5ªsériedoEnsinoFundamentaldoColégioTiradentes da Polícia Militar de Minas Gerais.

Odesenvolvimentode todoo conteúdo teveaduraçãode2meses.Asatividades foram divididas de acordo com o horário da escola. É importante fri-sarquenoconteúdodeHistória,jáhaviam estudado sobre o trabalho escravo, principalmentenoperíododoBrasilColonial(EngenhosdeAçúcareMineração)

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etambémsobreotrabalhonosserviçosdomésticosenaslavourasdecafé,finali-zando com a abolição da escravatura e a situação dos escravos após a liberdade.

Sobre os direitos humanos, as atividades consistiram da leitura e inter-pretação da História do Lápis Branco, em anexo, reescrita da história no forma denarraçãousandoo aplicativodo LinuxBrOfficeWriter, na aula de LínguaPortuguesa. Posteriormente, foi feito o estudo dos textos do livro didático de história sobre cidadania, Direitos Humanos e os Movimentos Sociais (Movimen-tos Ambientais, de Gêneros, Etários e Étnicos) nas aulas de História e pesquisa da Declaração Universal dos Direitos Humanos, usando a internet e na aula de Arte,ailustraçãodealgunsdosdireitosfundamentais.Essestrabalhosfizeramparte do mural da escola.

Ao tratar-se dos movimentos sociais, foram utilizados revistas, jornais e relato de notícias que circulavam na mídia (Homofobia, Greenpeace, Estatuto do Idoso e Estatuto da Criança e Adolescente) para um debate sobre o assunto.

Ao término do estudo dos Direitos Humanos, iniciaram-se os trabalhos sobre a diversidade étnica que já havia sido discutida em outra unidade estudo “Aformaçãopovobrasileiro”,nasaulasdeGeografia.

A partir da conscientização de que o povo brasileiro é mestiço, inicia-se então, o estudo sobre o preconceito racial.

Para introduzir essa unidade utilizou-se o vídeo da história “Menina Boni-ta de laço de Fita” de Maria Clara Machado e outros vídeos institucionais, assim como a leitura de vários textos e poemas e produção de alguns textos.

A partir da análise e discussão dessas histórias e dos vídeos foram feitas atividades avaliativas escritas e relatórios.

No decorrer do ano, também foi tema de estudo a escravidão no Brasil e a contribuição dos escravos para a construção e desenvolvimento do país. Não se pôde esquecer de citar também a contribuição dos indígenas, europeus e outros povos que vieram à procura de melhores condições de vida no novo continente, a América.

Sobre o tema escravidão várias atividades foram realizadas, valorizando a cultura africana e a valorização dos afrodescendentes no Brasil: estudo de várias músicasondeotema“preconceito”éabordadoforamutilizadasdeforma in-terdisciplinar. Em seguida, pesquisas e elaboração de cartazes alusivos ao tema foram realizadas.

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Considerando a importância do trabalho dos escravos, realizou-se uma excursão a Tiradentes e a São João Del Rei, como mostra a Figura 1, onde co-nheceram o trabalho dos escravos na construção daqueles templos religiosos e de todo conjunto arquitetônico daquelas cidades, construídos, basicamente, pela mão de obra escrava e dessa forma, valorizando o negro na construção do nosso país.

Figura 1 – Fotos da excursão a São João Del Rey e Tiradentes

Como atividade sobre a Consciência Negra, realizou-se uma pesquisa so-breaorigemdadata,aimportânciaeabiografiadeZumbi.Oestudodamúsica“Racismo é Burrice” de Gabriel Pensador, de forma interdisciplinar: em Língua Portuguesa(LeituraeInterpretação),Arte(cantar)eHistória(identificarospro-blemassociaiscitadosnaletradamúsica).

Paraencerrarasatividades,osalunosfizeramarepresentaçãodahistóriaMenina Bonita do Laço de Fita, de Maria Clara Machado para os alunos da 1ª série, aula de Arte.

OsalunosfizeramvárioscartazessobreConsciênciaNegra,comomostraa Figura 2, que foram expostos nas dependências da escola e a produção de um texto com o seguinte tema: A sociedade brasileira frente ao preconceito racial-racismo. O que pode ser feito para mudar essa situação?

O uso da informática durante todo o trabalho foi fundamental. Utilizaram-se os seguintes recursos: internet (para pesquisa e a criação de um blog:www.profedilene-teclandoeaprendendo.blogspot.com), brOffice (editor de textos),Kgeographi (estudo do mapa da África e do Brasil) e datashow para exibição de algumasdasatividadesrealizadas(vídeos,música-clip,mensagens).

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Figura 2 – Cartazes sobre a Consciência Negra

Outros recursos da multimídia também foram utilizados, tais como: áudio, vídeo e câmera digital.

ANÁLISE DOS RESULTADOSPara avaliarmos o resultado do nosso trabalho, elaboramos um questionário de

15 perguntas com 3 (três) opções de respostas divididas em 3 blocos com 5 (cinco) perguntas cada um. O primeiro bloco sobre Cidadania, o segundo sobre os Direitos Humanos e o terceiro sobre Preconceito e Racismo. Aplicamos esse questionário em 27 alunos da 5ª série da turma que acompanhamos durante todo o ano letivo.

No questionário, utilizamos as seguintes respostas: Não Sabia, Sabia um Pouco e Sabia. O resultado pode ser visto na Figura 3.

Figura 3–Gráficoreferenteaoresultadodoquestionáriorespondidopelosalunosda5ª série.

Por meio desses resultados, percebemos que a maioria dos alunos não tinha conhecimento a respeito dos Direitos Humanos e Cidadania e já sabiam

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um pouco sobre Preconceito Racial. A partir desses dados, podemos notar que há uma inversão de valores na sociedade quando se trata de diversidade étnica, pois antes de conhecer os Direitos Humanos e o papel do cidadão já está com o estigma do Preconceito Racial, principalmente contra os negros. A minoria disse que não sabia o que é preconceito racial. Esse dado é relevante, pois percebe-mos que ainda persiste com muita frequência o preconceito racial na socieda-de.Devemoslembrarqueopúblicoatingidonocaso,estáconstruindoasuacidadania, daí a importância do papel do educador, na formação crítica desses educandos.

Acredita-sequeosobjetivos foramalcançadosquandoverificamosnasproduções de textos a opinião sobre preconceito racial e o que pode ser feito paramodificarestasituação.

Quanto ao uso da informática, podemos dizer que foi muito importante para a realização das tarefas e para alcançarmos os objetivos, pois nos propor-cionouummaiornúmerodeatividadesdiferenciadasparaoestudodotemaproposto.

Os trabalhos produzidos na aula de arte, para ilustrar alguns dos Direitos Humanos além de ter sido apresentado em um mural, foram digitalizados para uma apresentação, para outras turmas e também um pequeno livro, ambos como material didático.

Alguns dos materiais produzidos foram fotografados, digitalizados e im-pressos e produzimos um pequeno livro com o seguinte título: “Direitos Huma-nos e Diversidade Étnica”.

CONSIDERAÇÕES FINAISA experiência foi muito interessante, pois se percebeu um maior interesse

dos alunos em relação às atividades que o computador e outros recursos tec-nológicos foram utilizados.

A interdisciplinaridade é um método que favorece a construção do conhe-cimentosemquefiquepresoaumadeterminadadisciplina.Asatividadesextra-classes também foram muito bem feitas, pois quando se fala em usar a internet os alunos se interessam mais. Os estudantes têm um potencial muito grande e também muita ajuda da família.

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Quanto ao tema desenvolvido foram alcançados os objetivos propostos. A conscientização dos Direitos Humanos foi um assunto que despertou bastan-te interesse nos alunos e houve várias discussões sobre temas atuais que levam a questões de Direitos Humanos. A avaliação foi feita por meio de produções de textos, observação e relatos de experiências.

Por meio do presente trabalho, conclui-se que os alunos perceberam a importância dos Direitos Humanos e que o preconceito racial é um pro-blema da sociedade brasileira e que todas as pessoas são iguais perante a lei e ao Criador, conforme as primeiras declarações de Direitos Huma-nos, portanto não devem existir preconceito e discriminação de qualquer natureza.

O desenvolvimento das atividades proporcionou aos alunos maior opor-tunidade de construção do conhecimento, e concluí-se que as novas tecnolo-gias constituem recursos didáticos que podem contribuir para a melhoria das atividades nas salas de aula.

O uso do laboratório de informática, usando alguns aplicativos do Linux nas atividades desenvolvidas neste trabalho além de proporcionar uma aula diferente despertou também o interesse em outros professores da escola pelo uso do computador em suas aulas. Já se fazia uso de alguns recursos tecno-lógicos (áudio e vídeo), agora, com mais segurança pode usá-los, sabendo a importância desses recursos.

Acredita-se que com o desenvolvimento deste trabalho despertou-se a vontade e o interesse em estar sempre atualizando e que há meios de reverter oquadrodaeducaçãonasescolaspúblicas,principalmentecomrelaçãoaoin-teresse dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTAVILA, J. de. Origem do Direito dos Povos. São Paulo: cone, 1989.

BRASIL, Lei nº 99394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Brasília, DF, 23 de dezembro de 1996. p. 27894.

BOBBIO, N. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

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CANDAU, V. M., SACAVINO, S. B., MARANDINO, M. e MACIEL, A. G. Tecendo a Cidadania Oficinas pedagógicas de direitos humanos Petrópolis: Vozes, 1996.

GADOTTI, M. Diversidade Cultural e educação para todos. Rio de janeiro: Graal, 1992. p.23.

_____________. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

KANT, I. Fundamento da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Abril, (Coleção Os Pensadores), 1980.

MAGALHÃES, J. L. Q. de. Princípios universais de Direitos Humanos e o Novo Estado Democrático de Direito. 1999.

RAMOS, A. L. Direitos Humanos, Neoliberalismo e Globalização. In Direitos Humanos como Educação para a Justiça. São Paulo: LTr, 1998.

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Capítulo 7Direitos Humanos e

Diversidade na Escola: Debate e Reflexões

Cleide Mirian PereiraWarlley Ferreira Sahb

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7 – Direitos Humanos e Diversidade na Escola: Debate e Reflexões

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Resumo

Este trabalho apresenta as compreensões discentes sobre suas relações escolares quanto ao (re)conhecimento dos direitos humanos e a presença da discriminação e do preconceito nas relações interpessoais na escola. Participaram da pesquisa 37 estudantes do 6º, 7º e 8º anos, respectivamente, partindo de um projeto de intervenção pedagógica no componente curricular Língua Portuguesa/Sociologia/Filosofia, comaplicaçãodematerialdidáticoequestionárioespecífico.Aanálisedosdadosmostrou-nos o entendimento dos estudantes desses direitos e das diferenças entre os indivíduos, porém foi constatada também a existência do preconceito e da discriminação no ambiente escolar, seja de forma explicitamente agressiva ou no formato de brincadeiras, percebidas como inocentes por muitos deles. Assim, articular intervenções escolares para melhor enfrentar essa realidade na educação brasileira seria bem-vindo.

Palavras-chave: Direitos Humanos. Diversidade. Preconceito. Discriminação.

INTRODUÇÃOAs relações sociais surgidas no universo escolar estruturam, histórica e

culturalmente,momentosdevivênciasignificativaparaamaioriadaspessoasque utilizam esse espaço. No entanto, muitas dessas relações dão mostras de umaconvivêncianemsempretãopacíficacomoseriadesejadoemumlocaldetroca de experiências e de possível crescimento do ser humano.

Tradicionalmente, considerava-se que direitos humanos e liberdades fun-damentais eram direitos individuais, próprios de cada ser humano, mas não das coletividades. Atualmente, cresce o consenso de que alguns direitos humanos são direitos essencialmente coletivos, como o direito à paz e a um ambiente saudável (BRASIL, 1998).

Percebe-se que a escola vive um momento de questionamentos sobre o seu papel, perante as transformações do mundo contemporâneo, propiciando mudan-çassignificativasemseucontextoeproduzindoalteraçõesprofundasemconteú-dos, conceitos e, principalmente, no comportamento de professores e alunos.

O relacionamento entre os estudantes, muitas vezes, atinge pontos de violência moral e psicológica graves, que são disfarçados por brincadeiras apa-rentemente inocentes ou consideradas próprias da idade. Essas situações, se-gundoFante(2005),declinamparaconflitossociaisetensõesquepodem,porsua intensidade e frequência, afetar tanto o aproveitamento escolar da vítima como de todo o grupo participante dessas ações.

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Produção de Material Didático para Diversidade

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Conduziu-se este trabalho, com o objetivo de compreender e discutir, por meio do uso de ferramentas educacionais tecnológicas de código livre – mais especificamenteasferramentasdoLinuxEducacional(LE),assituaçõesdepre-conceitos vivenciadas na escola e a consequente violência entre pares no corpo discente,desvelandosuassignificaçõesnatentativadecombatê-lasereduzirsua continuidade. Especificamente,buscou-semediar situações, pormeiodaconstruçãoeutilizaçãodematerialdidáticoespecíficodesenvolvidopelapes-quisadora, onde o/a estudante possa perceber e criticar analiticamente, pela da visãoecomparaçãodasuavivênciacotidiana,noprocessodereflexõessobredireitos humanos e a discriminação e demonstrar que o processo educacional pode promover o estímulo e registro dos avanços dos educandos, revelando, coletiva e individualmente, recursos teóricos e práticos que possibilitem aos discentes a construção de uma cidadania crítica e igualitária.

A pesquisa foi realizada em uma escola particular localizada na cidade de Lavras, Minas Gerais, partindo da interpretação das ações desencadeadas por um projeto de intervenção pedagógica aplicado no componente curricular Língua Portuguesa/Sociologia/Filosofia, com aplicação dematerial didático específicodesenvolvido pela pesquisadora. Participaram do trabalho, enquanto sujeitos, 37 estudantes de três turmas do ensino fundamental, 6º, 7º e 8º anos, respectiva-mente. Foram analisadas três situações: a) relações afetivas entre os estudantes dentro da escola; b) aproximação e busca de informações sobre o fenômeno pe-los discentes; c) fortalecimento de ideias e criticidade dos alunos acerca do tema.

A metodologia utilizada para a análise do trabalho baseou-se em uma pes-quisa do tipo quantitativa, descritiva com referências da pesquisa ação (COSTA, 2002), em busca de incitar as determinações preconcebidas para criar uma nova compreensão. O método utilizado foi o estudo de caso, que tem interesse em es-tudar casos individuais numa busca circunstanciada de informações, destacando-se que os resultados de um estudo de caso não devem ser generalizados.

REFERENCIAL TEÓRICO

Reflexões sobre Direitos Humanos, cidadania e o ensino no Brasil

Entende-se por Direitos Humanos aqueles direitos básicos que derivam da dignidade e valor inerente à pessoa humana, sendo esses universais, inalie-náveiseigualitários.Issosignificaquesãoinerentesacadaserhumanoeque

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7 – Direitos Humanos e Diversidade na Escola: Debate e Reflexões

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não podem ser tirados ou alienados por qualquer pessoa. Todos têm os direitos humanos em igual medida – independente do critério de raça, cor, sexo, idioma, religião, política ou outro tipo de opinião, nacionalidade ou origem social, pro-priedades, nascimento ou outro status qualquer (MUNANGA, 2003).

Os princípios que fundamentam os direitos humanos – respeito pela dig-nidade da pessoa humana, universalidade e inalienabilidade de direitos – não são proibições ou limitações, são ideais humanitários comuns apoiados pelas leis(TOURAINE,1999).Segundooautor,osdireitoshumanossãoclassificadosem direitos de primeira geração - os direitos civis e políticos; os de segunda geração são os direitos econômicos, sociais e culturais; e os de terceira geração destacam-se atualmente: o direito ao meio ambiente, o direito à paz mundial, o direito do consumidor, os direitos das minorias indígenas, negras e sexuais, os direitos da criança e do adolescente, os direitos das pessoas portadoras de deficiênciafísicaemental,dentreoutros.

AConstituiçãodaRepúblicaFederativadoBrasilde1988(BRASIL,1988)éum marco na história dos direitos humanos no nosso país, pois nela podem-se encontrar, praticamente, todas as gerações de direitos fundamentais reconheci-das nas normas do direito internacional (GOMES, 2001).

No contexto da educação brasileira, o ensino fundamental exerce uma função distinta no cenário educacional constituído de valores sociais, éticos e pedagógicos essenciais para o desenvolvimento acadêmico e humano dos jo-vens que estão cursando esta etapa da educação escolar.

Segundo Girôto (2009), apud Brasil (1996), de acordo com o art. 32 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), o objetivo do ensino fundamental é a formação básica do cidadão, mediante o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno desenvolvimento da leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamentam a sociedade; o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; e o for-talecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Como instituição social educativa, a escola vem sendo questionada acerca de seu papel ante as diversas transformações que ocorrem no mundo contem-

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porâneo e, dentre elas, uma transformação notável e importante decorre das relações interpessoais, na defesa dos direitos humanos e da inclusão em suas diversas formas (LIBÂNEO et al, 2007).

Preconceito e discriminação na escola

ConformedescritonaWikipédia1,“discriminarsignificafazerumadistin-ção”.Existemdiversossignificadosparaapalavra,porém,omaiscomumtema ver com a discriminação sociológica, ou seja, a discriminação racial, social, religiosa, sexual, por idade ou nacionalidade, de gênero ou outras, que podem levar à exclusão social dos indivíduos na convivência em sociedade.

Já, o termo preconceito, segundo o mesmo site, “é um ‘juízo’ preconcebi-do, manifestado geralmente na forma de uma atitude ‘discriminatória’ perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou ‘estranhos’”. Isto pode indicar um sentimento de desconhecimento pejorativo de pessoas, ou grupos sociais, ao que lhe é diferente, sendo as formas mais comuns de preconceito a social, a racial e a sexual.

Em todo o mundo, milhões de pessoas enfrentam uma luta diária contra a discriminação – tanto diretamente, por meio de leis e políticas, ou indireta-mente, por meio de atitudes sociais e preconceito. Alguns exemplos dos tipos de discriminação que são facilmente percebidos em nosso cotidiano são a dis-criminação contra os povos indígenas; contra os migrantes; contra as minorias; contrapessoascomdeficiência;contraasmulheres;adiscriminaçãoracial,reli-giosa ou quanto à opção sexual, dentre diversas outras.

Segundo Freire (2005), no âmbito escolar discriminações são violências cometidas contra alunos, professores, membros da direção, funcionários e de-mais indivíduos presentes no ambiente escolar, e que traz consigo um trata-mento diferencial de pessoas, geralmente em decorrência de crenças preconce-bidas acerca de atributos e qualidades de indivíduos a partir de características específicas.

De acordo com Moreira (2002), preconceito e a discriminação estão inti-mamenteligadosàdificuldadedeselidarcomotidocomodiferentedanormaconstruída socialmente. Nesse sentido, vale observar que a “norma”, na socie-dadebrasileiracontemporânea,épersonificadapelomasculino,asclassespri-1Wikipédia é uma enciclopédia on-linee,comoummeioparaessefim,étambémumacomunidadevirtualformada por pessoas interessadas na construção de uma enciclopédia de alta qualidade, num espírito de respeitomútuo.Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Discrimina%C3%A7%C3%A3o

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vilegiadas economicamente, os “brancos”, heterossexuais e católicos. Afastar-se dela, então, não é algo raro de se ver, ao contrário, discrimina-se por ser gente diferente.

Para Morin (2001), o ensino fundamental exerce uma função distinta no cenário educacional brasileiro, constituído de valores sociais, éticos e pedagó-gicos essenciais para o desenvolvimento acadêmico e humano dos jovens que estão cursando essa etapa da educação escolar. E, de acordo com o art. 32 da LDB, o objetivo do ensino fundamental é a formação básica do cidadão, po-dendo-se destacar alguns pontos acerca das questões sociais: a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; a formação de atitudes e valores; o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996).

Sendo assim, Santos (2001) entende que a escola deve procurar contem-plar em seu currículo incentivo aos estudantes a desenvolverem ações que lhes ajudemnaidentificaçãocomomundo/sociedadeaquepertencemenavalo-ração da diversidade presente em seu cotidiano, de uma maneira a alcançar a compreensão da igualdade humana em todas as suas formas e manifestações.

Nesse contexto, o tema Direitos Humanos e Diversidade na escola é muito relevante para o desenvolvimento de uma intervenção no que tange às relações discentes, onde o limite entre o respeito às diferentes manifestações sociais, culturais, religiosas, sexuais, entre outras e sua recusa é muito tênue.

Surge, então, um novo termo, ainda sem tradução no Brasil, para designar um antigo fenômeno já bastante conhecido, principalmente no ambiente es-colar, o bullying. Ele compreende atos de violência física, moral ou psicológica, praticados de forma intencional e reiterada contra uma pessoa, ou grupo de pessoas, em situação desigual de poder, causando-lhes sofrimento e dor. Entre a ampla gama de ações praticadas no bullying estão: intimidar, humilhar, ame-drontar, ignorar, zoar, dominar, apelidar, empurrar, entre tantas outras atitudes.

Sendo assim, a partir da interpretação das vivências dos estudantes e da rea-lização de trabalhos de sensibilização e de incentivo ao desenvolvimento dos pro-cessosreflexivos,aabordagemdotemaemquestãonocotidianoescolardevere-sultar em ações assertivas, que, partindo dos alunos e alunas, poderão atingir toda a comunidade escolar (professores, funcionários, alunos, família e comunidade).

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Aconsolidaçãoeaconfirmaçãodosdireitosdacriançaedoadolescenterefletemocompromissoearesponsabilidadesocial,tantoaoníveldaspolíticasgovernamentais quanto da participação da sociedade em geral, dos diversos integrantes dos movimentos sociais de defesa da infância e da adolescência e, principalmente,dasUniversidadesedeseusnúcleosdeproduçãoacadêmica.

Portanto, a escola assume um papel muito relevante na formação básica de jovens e adolescentes que cursam o ensino fundamental, período de forma-ção de caráter, e de princípios éticos e morais dos cidadãos.

METODOLOGIAO Centro Educacional NDE/UFLA – CEUFLA, localizado no Campus da

Universidade Federal de Lavras, no município de Lavras – MG, visa a dar aten-dimentoaosfilhos (as)de servidoresda Instituição,mas tambéméabertoàcomunidade lavrense e da região. Disponibiliza atualmente a Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II, com um total de 216 alunos e 29professores,possuindoametodologiadeadotarumnúmero reduzidodealunos por turma.

Sendo assim, foram escolhidas para a aplicação desta pesquisa, as turmas do 6º ano, possuindo 14 alunos no total; o 7º ano, com um total de 11 alunos, eo8ºanocom12alunos.Dessaforma,onúmerototaldeparticipantesnapes-quisa é de 37 alunos.

A metodologia utilizada para a análise deste trabalho baseou-se em uma pesquisa do tipo quantitativa com referências da pesquisa ação (COSTA, 2002). Como instrumentos de coleta de dados, foram utilizados registros discentes apontados em questionários escritos após a aplicação do material didático pro-duzido e apresentado na aula pela pesquisadora. Constituíram-se sujeitos dessa pesquisa 37 alunos e alunas de três turmas do 6º, 7º e 8º anos do Ensino funda-mental, na disciplina de Língua Portuguesa.

O método utilizado no presente trabalho é o estudo de caso que, segun-doVentura(2007),sebaseianaescolhadeumobjetodeestudodefinidopelointeresseemcasosindividuais,visandoàinvestigaçãodeumcasoespecífico,bem delimitado e contextualizado, para que se possa realizar uma busca cir-cunstanciadade informações.Quantoà suanatureza,oestudoseclassificacomo pesquisa fundamental cujo objetivo é entender ou descobrir novos fe-

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nômenos com foco em conhecimentos básicos e fundamentais (ZAMBALDE et al 2008).

Quantoaosobjetivos,apesquisaseclassificacomodescritivaetemporfinalidadeaobservação,registroeanálisedefenômenosousistemastécnicos(ZAMBALDE et al 2008). Para tanto, os métodos de coletas de dados mais utili-zados são questionários, entrevistas e observação. O estudo se caracteriza ainda como pesquisa de campo, uma vez que ocorreu em condições reais, com a apli-cação do material didático em aula aos alunos, pela professora e pesquisadora.

Em relação aos alunos, foi realizada uma pesquisa quantitativa pela apli-cação de questionário, método abrangente, de fácil assimilação e conveniente paraoestudo,afimdeanalisarapercepçãodosmesmosquantoaoassuntoabordado.

Execução da pesquisa

A presente pesquisa foi realizada nos messes de outubro a dezem-bro/2011, tendo sido realizado um primeiro contato com o Centro Educacional NDE/UFLA, no qual foram discutidas as bases para realização da pesquisa na escola,sendoidentificadassituaçõesincômodasnasrelaçõesafetivasesociaisem três turmas que vinham apresentando muitos problemas no convívio esco-lar. As turmas escolhidas foram o 6º, 7º e 8º anos do ensino fundamental, e a disciplina de trabalho a de Língua Portuguesa, mas com viés nas disciplinas de SociologiaeFilosofia.O6ºanopossui14alunos,sendo9meninose5meninas;o 7º ano tem 6 estudantes do sexo masculino e 5 do sexo feminino, com 11 alunos; e, por sua vez, o 8º ano possui 12 alunos, sendo 6 meninos e 6 meninas, totalizando 37 participantes na pesquisa.

Foi desenvolvido um plano de aula pela pesquisadora em conjunto com professoraresponsáveleajustadoàsnecessidadesespecíficasdopúblico-alvoem questão. O material didático a ser aplicado em sala de aula compunha-se de umvídeoproduzidocomimagenspertinentesaotemaabordadoeumamúsicade fundo, da qual seria trabalhada sua letra. Para a produção do vídeo, a pesqui-sadorautilizouaferramentaKino,doLinuxEducacional,bemcomooBrOffice.orgWritternaediçãodaletradamúsica,quetambémfoientregueimpressaaos alunos. As imagens reportavam a situações que expunham a negação ou opressão de diversas vertentes dos Direitos Humanos Universais e também fa-ziam alusão a manifestações da diversidade humana e seus direitos igualitários.

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Aaulafoiagendadaparaastrêsturmas,emumúnicodia,tentando-seevitarocontatoentreasturmasantesdaaplicaçãodaaula,afimdesuprimircomentários acerca do tema entre os estudantes que pudessem coibir ou in-fluenciaraparticipaçãodelesnomomentodaauladecadaturma.Ovídeofoiexibido e, logo após, conduzida uma discussão mediada pela pesquisadora, na qual os estudantes puderam externar suas opiniões, impressões e experiências acerca do tema. Para concluir, após essas discussões, os questionários foram distribuídos entre os(as) alunos(as), os quais foram respondidos individualmen-te e entregues à pesquisadora.

Durante as discussões em sala de aula, os direcionamentos da pesqui-sadora foram: demonstrar a formação da população do nosso país, por meio das imigrações, debatendo a importância das diversas culturas e o que estas contribuíram para o crescimento do nosso país; ressaltar os diversos tipos de manifestações culturais, sociais, religiosas, de orientação sexual e outras; fazer umaexplanaçãosobreoassunto, incitando-osa refletiremsobreo temaeaexternarem suas opiniões e experiências; demonstrar como as diferenças sociais vitimam populações inteiras; e observar como o preconceito pode promover e incitar ao bullying; levá-losarefletirsobreaidentificaçãodapráticadeprecon-ceito e discriminações diversas no seu ambiente escolar e social.

Quanto à avaliação, ela foi constante, diagnóstica e com o intuito de re-organizarosconceitoseconcluirde formasignificativa,pormeiodasobser-vações direta e indireta dos alunos, no decorrer das atividades, com o intuito deverificara criatividade, a interpretação, a coesãoeodesenvolvimentodoeducando. Também, por meio das discussões com as turmas foi possível obser-var as experiências prévias dos discentes e suas impressões e conclusões, após assistirem ao vídeo. O questionário corroborou para diagnosticar se os alunos foram capazes de interpretar as mensagens contidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOComo resultados da pesquisa foram observados diversos aspectos acerca

do tema direitos humanos, preconceito e discriminação na escola, apresentados a seguir.

Analisando-se a pergunta sobre como cada estudante se vê referente à sua raça, a maioria, 85%, respondeu ‘branco’ e ‘pardo’, sendo 45% para branco e

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41% pardo e, apenas, 14% consideram-se negros. As opções ‘indígena’ e ‘ama-relo’ não foram citadas por nenhum aluno.

Quanto à questão sobre a percepção individual acerca do preconceito, a grande maioria, 86%, relatou não se considerar preconceituoso, conforme pode serobservadonoGráfico1,prevalecendoesseresultadogeralentreosgênerosmasculino e feminino também. Porém, 92% disseram já ter presenciado algum tipodeaçãopreconceituosa;emcontrapartida,49%afirmaram já ter sofridoalgum tipo de violência envolvendo preconceito e 51% relataram que nunca sofreram. Já, para preconceitos sofridos na escola, a maior parte considerou já ter sido vítima de algum tipo de preconceito ou discriminação dentro da escola, com 81% das respostas.

Pertunta 2: Você se considera preconceituoso?

20%

6%14%

80%

94%86%

Meninos Meninas Total

sim

não

Gráfico 1 – Dados apurados na questão “Você se considera preconceituoso?”Fonte: Dados extraídos da pesquisa

Entretanto,paraaafirmaçãodejátersofridoalgumtipodepreconceito,considerando-se as respostas em separado dos meninos e meninas, observou-se que houve um ligeiro aumento nessa percepção por parte das meninas, com 53% de concordância, contra 50% dos meninos.

Passandoàsquestõescomafirmaçõesecincoopçõesdeconcordânciaou discordância, com relação à proposição sobre “Todas as pessoas têm os

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mesmos direitos”, pôde ser observado que a maioria, 81%, concordou com a afirmação,sendo30%paraaresposta‘concordo’e51%para‘concordototal-mente’; apenas 19 % discordaram. E, ainda, com uma percepção de 40% dos pesquisados de que as pessoas não são iguais entre si.

Observou-seque,comrelaçãoaoconteúdoexpostonovídeoapresenta-do na aula, grande parte dos estudantes, 65%, percebeu que as diferenças as quais foram expostas nele são de ordem cultural, racial, religiosa, social, sexual, entreoutras;e,ainda,52%dosdiscentes,amaiorparte,discordoudaafirmaçãode que essas diferenças são tratadas no vídeo como normais, sendo 30% de respostas para discordo e 22% discordo totalmente.

Paralelamente, 62% dos estudantes entenderam, com base nos seus co-nhecimentos prévios e nos debates realizados em sala de aula, que no vídeo “As diferenças são tratadas como uma forma de exclusão social”. Porém, chamou a atençãoopercentualdealunosquenãoseposicionoudiantedaafirmação,ten-do 27% marcado a opção ‘não concordo nem discordo’, sobretudo entre os me-ninos com o percentual de 40% para essa mesma resposta. Há que se destacar ainda que para as meninas o nível de concordância com a questão atingiu 59%.

Sobre a questão de já terem presenciado alguma forma de preconceito naescola,amaiorparte também,81%,afirmou já terpresenciado,com38%para‘concordo’e43%para‘concordototalmente’,conformeoGráfico2.Porém,interessante também foi o fato de 32% se esquivarem de opinar sobre como se sentem em relação a esse fato, ao marcarem a opção ‘não concordo nem discor-do’paraaafirmação“Mesentimalemrelaçãoaestefato(referenteàpergunta10)”,oqualentreosmeninosfoimaiorainda,45%(Gráfico3).

Para a questão “Acho normal as diferenças entre os povos e culturas” grandepartedosestudantes,86%concordoucomaafirmativa,sendo43%paraa resposta ‘concordo’ e 43% para ‘concordo totalmente’, corroborando assim com a questão seguinte que teve 81% de discordância na declaração “A mis-turaderaçaseculturasdeveservistacomoumacoisaruim.”Ainda,ratificandoesses resultados, 67% concordaram com a proposição de que “A diversidade cultural e social deve ser encarada com uma riqueza da humanidade”, tendo sido 32% para a resposta ‘concordo’ e 35% para ‘concordo totalmente’.

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Análises gerais

Analisando as respostas obtidas nos questionários e relacionando-os às percepções absorvidas nos debates em sala de aula, durante a aplicação do material didático, foram percebidas algumas discrepâncias nas respostas dos discentes. Merece destaque o percentual de 86% dos respondentes que não se consideram preconceituosos, contrastando aos 92% que disseram já ter pre-senciado algum tipo de preconceito ou discriminação ao longo de suas vidas. Em se tratando dessa análise dentro da escola, esse percentual cai para 81%, destacando-se 53% quando consideradas apenas as respostas das meninas. Deve ser destacado ainda, que 32% dos respondentes se esquivaram de opinar, assinalando a resposta ‘não concordo nem discordo’, sendo esse índice de 45% entre os meninos.

Pertunta 11: Já percebi ou presenciei algum tipo de preconceito ou discriminação racial ou cultural na

escola.

5%0%

3%

15%

6%11%10%

0%

5%

30%

47%

38%40%

47%43%

Meninos Meninas Total

discordo totalmente discordo não discordo nem concordo concordo concordo totalmente

Gráfico 2 – Dados apurados na questão “Já percebi ou presenciei algum tipo depreconceito ou discriminação na escola.”

Fonte: Dados extraídos da pesquisa

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Pertunta 12: Me senti mal em relação a este fato (da pergunta 10).

5%12%

8%10%6% 8%

45%

18%

32%35%

24%30%

5%

41%

22%

Meninos Meninas Total

discordo totalmente discordo não discordo nem concordo concordo concordo totalmente

Gráfico 3 – Dados apurados na questão “Me senti mal em relação a este fato.”Fonte: Dados extraídos da pesquisa

No que tange a percepção dos discentes sobre direitos humanos, 81% declararam reconhecer que todas as pessoas têm os mesmos direitos, porém apenas40%reconhecemaspessoascomoseresúnicosediferentesentre si.Dessa forma, 65% conseguiram reconhecer essas diferenças apresentadas no vídeo, sendo que 52% não viram como normal esse tratamento diferenciado e 62% conseguiram observar que o diferente é tratado como motivo de exclusão social. Entretanto, 27% não opinaram, respondendo ‘não concordo nem discor-do’, subindo para 40%, quando consideradas apenas as respostas dos meninos.

A análise da percepção dos estudantes, quanto ao (re)conhecimento dos direitos humanos extensivo a todos os cidadãos, levou-nos a perceber o enten-dimento por parte deles desses direitos e das diferenças existentes, porém foi constatada também a existência, ainda latente, do preconceito e da discrimina-ção no ambiente escolar, seja de forma explicitamente agressiva ou no formato de brincadeiras, até então, percebidas como inocentes por muitos deles.

Diante da seriedade dos problemas associados ao preconceito e à discri-minaçãonocotidianodasescolas,identificadosnodiagnósticorealizadonestapesquisa, percebeu-se a necessidade de articular intervenções escolares para melhor enfrentar essa realidade na educação brasileira.

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CONCLUSÕESO uso do Linux Educacional (LE) durante o desenvolvimento deste traba-

lho trouxe contribuições importantes para o êxito da pesquisa, pois se trata de tecnologiadesenvolvidaespecificamenteparaajudaroseducadoresaelaborarmateriais didáticos interessantes e motivadores para os alunos, utilizando-se das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), cada vez mais presentes em todos os segmentos na atualidade.

Duranteaexecuçãodotrabalho,pôde-severificarosbenefíciosdauti-lização do Linux Educacional (LE) na produção de materiais didáticos, o qual oferece suporte amplo e de fácil acesso, com custo reduzido e facilidade de customização ao ambiente escolar, trazendo conhecimento e compreensões acerca do mundo tecnológico a toda e qualquer escola, de modo cooperativo e colaborativo.

Sendo assim, tanto no desenvolvimento do material didático quanto na sua aplicação prática foram observados benefícios na elaboração de materiais didáticos diferentes, interessantes e de qualidade, os quais podem agregar dife-renciais ao processo ensino-aprendizagem dos discentes.

Ainda, durante a execução da pesquisa, puderam-se observar empirica-mente os benefícios da discussão acerca da temática direitos humanos, precon-ceitoediscriminaçãonaescola.Percebeu-se,queosestudantesrefletiramsobresuas atitudes e comportamentos e, ainda, conseguiram vislumbrar os desdobra-mentos disso na sua vida escolar, familiar e também social.

Contudo, o trabalho apresenta limitações evidentes por se tratar de um estudo de caso simples, necessitando, desta forma, serem realizados novos ex-perimentos para validar sua representatividade em um universo maior de estu-dantes. Recomenda-se que se amplie a amostra e realize mais estudos de casos paraseverificarosresultadosemdiferentesníveisdeensino.

Ademais, sugere-se para trabalhos subsequentes a realização de estudos qualitativos junto aos professores e outros funcionários da escola, em semelhan-ça com a presente pesquisa, que obteve resultados substancialmente positivos.

Enfim,asperspectivasepossibilidadesdeabordagemdesseassuntonocotidiano escolar como complementação didático-pedagógica são bem-vindas. A proposta de confrontamento do preconceito e da discriminação presentes na vida escolar, local onde os estudantes constroem novos conhecimentos e sabe-

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res, é legítima e necessária. Pois, assim, o processo de aprendizagem se tornará completo e abrangente, fato visivelmente demandado no ensino brasileiro para a formação de indivíduos e cidadãos críticos, conscientes e éticos.

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Capítulo 8Conhecendo Libras com

Linux Educacional

Paulo E. SantosSérgio W. Oliveira

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8 – Conhecendo Libras com Linux Educacional

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Resumo

Pesquisas realizadas no campo da inclusão mostram a realidade em desacordo do ideal, para isso este trabalho busca mostrar, estratégias e ações para o ensino-aprendizagem da LIBRAS, utilizando o Linux Educacional (LE) como ferramenta pedagógicaeoJCLICcomosoftware.Verificandoasprincipaisdificuldadesencontradaspelos professores e intérpretes na inclusão do aluno surdo no ensino regular, identificandoos fatoresque impedemumensinodequalidadeeeficaz.Desenvolvere sistematizar ações e atividades para o ensino-aprendizagem da LIBRAS, facilitando a aprendizagem da Língua, ao mesmo tempo motivando o seu uso correto, por meio de atividadeslúdicas,executadaspelosusuários–professores,surdoseintérpretes.

INTRODUÇÃOAtualmente,asPolíticasPúblicasdeEducaçãoEspecialnoBrasilassumi-

ram a orientação inclusiva, na perspectiva de uma educação democrática que atenda à realização humana. Porém, em uma sociedade de classes como a nos-sa, onde as relações se estabelecem por meio da dominação de uns sobre os outros,aspolíticaspúblicaseducacionaisestãovinculadasàsengrenagensdelutapelopoder.Dessaforma,nosafirmaCARVALHO(2008,p.46)que“Sobesseenfoque, muitas políticas educacionais foram formuladas sob a égide do tradi-cionalismo autoritário, implementadas por tecnocratas, desde a intimidade de seus gabinetes, ou por representantes das elites dominantes.”

Sendo assim, compreender os caminhos constitucionais, atitudinais e educacionais para a efetivação e garantia dos direitos educacionais de pesso-as comdeficiência, faz-sede extrema importânciapara a efetivaçãodeumaeducação inclusiva para indivíduos surdos. Ainda, segundo CARVALHO (2008), é necessário pensar as consequências de posturas educacionais impostas com base em Decretos e ações autoritárias exercidas por intermédio daqueles que detém o poder ou as verbas.

MATERIAIS E MÉTODOSAtravés do LE, utilizamos o software JCLIC, é um software de autoria, criado

por Francesc Busquest em espanhol e catalão, que pode ser usado nas diversas disciplinas do currículo escolar. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida na plataforma Java, para a criação, realização e avaliação de atividades educativas multimídia como quebra-cabeças, associações, enigmas, estudo de texto, pa-

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Produção de Material Didático para Diversidade

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lavras cruzadas, entre outros. Essas atividades geralmente não estão sozinhas, sendo“empacotadas”emprojetosespecíficosparacadaconjuntodeatividades,com uma ou mais sequências, que indicam a ordem em que serão apresentadas.

O JClic é uma aplicação de software livre baseada em modelos abertos quefuncionamemdiversosambientesoperativos:Linux,MacOS-X,WindowseSolaris. Trata-se de uma nova versão do Clic, com mais de 10 anos de história, sendo que, nesse tempo, foram muitos os educadores que se utilizaram desse ambiente para criar atividades interativas que trabalham aspectos procedimen-tais de diversas áreas do currículo, desde a educação infantil até o nível universi-tário. Essa versão aproveita as vantagens derivadas da evolução da Internet, das configuraçõestécnicasdoscomputadoresedoscontornosgráficosdocompu-tador do usuário.

O JClic permite: a aplicação de aplicações educativas:

• multimídia online, diretamente da Internet;

• a compatibilidade com as aplicações Clic 3.0 existentes;

• a operabilidade em diversas plataformas e sistemas operacionais, comoWindows,Linux,SolarisouMacOS-X;

• um formato padrão e aberto para o armazenamento de dados, com a finalidadedetorná-locompatívelcomoutrasaplicaçõesefacilitarsuaintegração na base de dados;

• um espaço que estimule a cooperação e troca de materiais entre esco-las e educadores de diferentes países e culturas, facilitando a tradução e adaptação de materiais relacionados ao software e de projetos já elaborados,alémdetornarpossívelinúmerasmelhoriasnoprograma;

• asugestãodemelhoriaemodificaçõesenviadaspelosusuáriosparaa ZonaClic;

• um ambiente para a elaboração de atividades educativas, simples e intuitivas, que possam se adaptar às características dos ambientes gráficosatuaisdousuário.

O software JClic permite a realização de sete tipos de atividades básicas:

Associações: pretendem que o usuário descubra as relações existentes entre dois conjuntos de informação.

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8 – Conhecendo Libras com Linux Educacional

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Jogos de Memória: onde temos que descobrir pares de elementos iguais ou relacionados entre si que estão escondidos.

Explorador, Identificando células e Tela de informação: que partem de umúnicoconjuntodeinformação.

Quebra-cabeças (Puzzle): planeja a reconstrução de uma informação queestáinicialmentedesordenada.Essainformaçãopodesergráfica,textual,sonoraoucombinaraspectosgráficoseauditivosaomesmotempo.

Atividades de resposta escrita: são resolvidas escrevendo-se um texto (uma só palavra ou frases relativamente complexas).

Texto: Atividades de texto: são planejados exercícios baseados sempre nas palavras, frases, letras e parágrafos de um texto, onde será necessário com-pletar, entender, corrigir ou ordenar. Os textos podem conter também janela de imagemcomconteúdoativo.

Cata-palavras e Palavras cruzadas: são variantes interativas dos conhe-cidos passatempos com palavras escondidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOTotalizando 40 participantes, sendo 2 homens e 38 mulheres, a maioria

conhece 2 sistemas operacionais, não tem experiência com L.E, utilizaria o JClic para o ensino da LIBRAS, não conhece software para o ensino da LIBRAS e to-dos os pesquisados gostariam de conhecer melhor o L.E e suas usos.Tendo em vista a falta de materiais didáticos para o ensino da Libras, temos a necessidade de grupos de estudos, projetos, orientações, seminários, congressos em nossa região. Contamos com uma Universidade Federal em Lavras e o que essa ins-tituição tem gerado e fomentado em prol da formação, pesquisa e criação de material didático para o ensino da LIBRAS. Vemos o CAS em Varginha (Centro deAtendimentodoProfissionaisdeEducaçãoeAtendimentoasPessoascomSurdez), um centro mantido pela Secretaria do Estado de Educação (SEE), su-bordinado a Superintendência Regional de Ensino (SER- Varginha), desenvol-vendo um trabalho excelente de ensino da Língua, capacitação dos intérpretes educacionais que atuam em sala de aula, acompanhamento dos alunos Surdos no ensino do Português como L2 (segunda língua), incentivado a inclusão com a realização de 4 Colônias de Férias Surda, atendendo a mais de 500 estudantes, participação da equipe em Seminários e Fóruns de Educação. Percebemos que

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já existe uma preocupação com a acessibilidade e a inclusão, faltam com isso ações,práticaseumapolíticaeficazqueincluaoSurdonomundodosouvintes(o nosso mundo).

Gráfico 1 – Resultado pesquisa realizada com intérpretes educacionais

CONCLUSÕESCom essa amostragem, nota-se que existe uma escassez de material para

o ensino da LIBRAS enorme, 100% reconheceram a necessidade do conheci-mento e prática do LE, 90 % da amostragem não conhecem softwares para o ensino da Libras e 85% utilizariam o JClic para o ensino da Língua.

Precisa ser estruturada uma pesquisa com um grupo que trabalhe e atue nos anos escolares de acordo com as matrizes e currículos na educação infantil eanosiniciaisdoensinofundamental,materiaisdirecionadoseespecíficosnoensino e aprendizagem da Libras.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CARVALHO, R. E. Escola inclusiva. A reorganização do trabalho pedagógico. Porto Alegre, Mediação, 2008.

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