Produção Textual

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Trabalho sobre Fernando Sabino

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Conservatório Brasileiro de Música

Centro Universitário - Bacharelado em Canto Lírico

Produção Textual - Maria de Fátima Palmieri Meirelles

Clarissa Ribeiro Magro

20152871011

Rio de Janeiro

2015.2

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Fernando Sabino Fernando Sabino nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 12 de outubro de 1923. Aos 13 anos, começou a escrever contos. Sua primeira publicação, uma história policial, foi na revista Argus, de redação da polícia de MG. Durante sua adolescência, enviava com regularidade crônicas para a revista Carioca, que promovia um concurso permanente, o qual Sabino vencia com frequência, tanto que chegava a receber o dinheiro adiantado. No início da década de 1940 ingressou no jornalismo como redator da Folha de Minas, por intermédio do escritor Murilo Rubião. Seu primeiro livro de contos, Os grilos não cantam mais, foi publicado em 1941, no Rio de Janeiro, quando o autor tinha apenas dezoito anos, sendo que alguns contos do livro foram escritos quando Sabino tinha apenas quatorze anos. Formava, com Hélio Pelegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos, um grupo literário, apelidado de Grupo dos Vintanistas, devido ao fato de todos estarem na casa dos vinte anos. O grupo discutia literatura e fazia passeios boêmios pelas noites de Belo Horizonte. Sabino inicia, em 1942, correspondência com o escritor paulista Mário de Andrade. A troca de cartas dura até 1945, ano da morte de Mário, e pode ser lida no livro Cartas a um jovem escritor e suas respostas. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944 e tornou-se colaborador regular do jornal Correio da Manhã, onde conheceu Vinicius de Moraes, e no mesmo ano, publicou sua segunda obra, a novela A marca. O escritor morou por dois anos em Nova Iorque, onde exercia função burocrática no Consulado Brasileiro, com sua primeira esposa e a filha. Nesse período, colaborou com crônicas para o Diário Carioca e O Jornal. As crônicas reunidas do período foram publicadas na obra A cidade vazia e no mesmo período, Sabino escreve Os movimentos simulados e esboços das obras O encontro marcado e O grande mentecapto. O Encontro marcado, uma de suas obras mais conhecidas, foi lançada em 1956. Sabino decidiu então, viver exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista Senhor. Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O homem nu, pela Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta, na qual publicava nomes importantes da literatura brasileira e latino-americana.

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Publicou, em 1962, A mulher do vizinho, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil. Em 1964, mudou-se para Londres, e tornou-se correspondente do Jornal do Brasil. Colabora na BBC e com as revistas Manchete e Claudia. Em 1966, ele deixa a Editora do Autor, e funda a Editora Sabiá. Em 1973, funda a Bem-te-vi Filmes, com David Neves, por meio da qual produz uma série de curtas-metragens com escritores brasileiros. Realiza, ainda na década de 70, uma série de viagens ao exterior documentando eventos. Publicou O grande mentecapto em 1979, iniciado mais de trinta anos antes; obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, e acabaria sendo adaptada para o cinema, com direção de Oswaldo Caldeira, em 1989, e também para o teatro. Publicou em 1982, O menino no espelho. Em 1985, A faca de dois gumes. E em 1989, O tabuleiro de damas, uma obra autobiográfica. Publicou com regularidade na década de 90. Em 1991, publica Zélia, uma paixão. Em 1996, foi publicada em três volumes sua Obra Reunida pela editora Nova Aguilar. Em julho de 1999, recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Em 2001, publicou Livro aberto e Cartas perto do coração. Em 2002, publicou Cartas sobre a mesa e, em 2004, publicou Os movimentos simulados. Fernando Sabino faleceu em sua casa em Ipanema (zona sul no Rio de Janeiro), vítima de T.A.F no fígado, às vésperas do 81º aniversário. E foi sepultado, no Rio, no cemitério São João Batista. Seu epitáfio, escrito a seu pedido, é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!"

Referências bibliográficas

● BENDER, Flora Christina. Fernando Sabino: literatura comentada. ● http://fernandosabino.com.br/o-escritor-fernando-sabino ● BENDER, Flora Christina. Fernando Sabino: literatura comentada. São Paulo: Abril

Educação, 1981. ● BLOCH, Arnaldo. Fernando Sabino: reencontro. Rio de Janeiro: Relume, 2005 ● ESCOSTEGUY, Jorge. Programa Roda Viva: entrevista Fernando Sabino. Rede Brasil. ● STEEN, Edla Van. Viver e Escrever. vol. 2. Porto Alegre: L&PM, 2008 ● MORAES, Lygia Marina. Conheça o escritor brasileiro Fernando Sabino. Rio de Janeiro:

Record, 1982 ● DUTRA, Cristina Gonçalves F. Souza. Vida e literatura nas cartas de Sabino, Mário e

Clarice. dissertação mestrado. ● https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino ● WERNECK, Humberto. O desatino da rapaziada

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Os restos mortais - Resenha O medo é uma realidade que nos atinge a todos: impossível pensar em alguém que nunca tenha experimentado “na pele” esse sentimento.A arte tem a capacidade de agir sobre nossas emoções e sobre nosso corpo – parafraseando Edgard Alan Poe, a obra de arte é um grande artefato capaz de produzir emoções diversas em nosso ser. Nesse livro, Sabino liga situações do cotidiano ao humor e ao mistério, principalmente porque num dia como outro qualquer a rotina é quebrada por um acontecimento dito como "anormal", que gera uma bola de neve de consequências. Sabino trabalha muito com o medo e a angústia dos personagens, diante de uma problemática, que deixa o leitor cada vez mais curioso em saber o que virá na página seguinte. A historia é narrada em primeira pessoa pelo Dr. Laerte, médico renomado, que no ano de 1963 se vê em uma horripilante situação. Para tomar conta da casa durante uma viagem, o pai do médico faz questão de trazer um humilde empregado de seu sítio em Betim, de nome Galdino. Laerte não gosta da ideia e, aliás, acha o tal empregado muito esquisito: "um rapaz com olho infeccionado, tracoma (...). Podia ter seus trinta anos, embora o corpo franzino e a roupa velha de cor indefinível lhe dessem aquele ar de bicho sem idade que a pobreza costuma ter" Embora contrariado, o filho acata a ideia do pai. Contudo, mal o pai parte em viagem, o empregado tem um ataque epiléptico de madrugada. Vai ao médico, é receitado e volta para a casa de seu patrão. Contudo, no dia seguinte, as empregadas ligam desesperadas para Dr. Laerte, informando-lhe sobre a trágica ocorrência: o empregado Galdino estava morto; morrera de madrugada. Isso é apenas o início de um sinistro pesadelo... Enterrar os restos mortais de Galdino se revela mais difícil do que qualquer um podia imaginar. Problemas com os médicos legistas, com a polícia e, principalmente, com seu próprio pai. O enterro sempre adiado acaba por construir um sinistro tormento, que transfere uma mistura de comédia, medo e curiosidade, fornecidos pelos próprios personagens, uma maré de acontecimentos que só se tranquiliza no fim do livro, para depois finalizar de forma impactante.

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Fernando Sabino, ao apresentar esses elementos psicológicos dos personagens logo no início da trama, quer preparar o leitor para os fatos trágicos que irão surgir, nos fazendo experimentar uma sensação de insegurança. Essa angústia inicial se dá justamente por não conseguirmos,de imediato, objetivar o medo, ocorrendo, assim, um mal estar. Esse tipo de sensação é o que dá autenticidade a uma obra de horror. O clima macabro da novela de Sabino remete ao ambiente das narrativas góticas, e como podemos observar que a literatura de horror se alimenta das nuanças góticas, estilo literário, veio simplesmente cristalizar uma realidade já experimentada pelos homens, de todos os tempos e lugares, como se o gótico não fosse somente um estilo, mas sim um estado de espírito do homem ante a realidade desconhecida de todos. O desconhecido é o elemento principal nas narrativas do medo, e ele aparece na história desde o início, no caminhar dos personagens na história, ele é um elemento importante na trama para nossa percepção do medo, pois é um indicador de que o horror se faz presente na história. Quando o corpo de Galdino é enterrado a tranquilidade se instaura no conto, pois ele era o elemento instaurador do medo e da angústia. Os restos mortais é um bom exemplo de como elementos “góticos” se fazem presentes em obras literárias que têm o medo como elemento de sua estrutura. O gótico literário é a expressão estética do que há mais profundo no coração humano no que diz respeito ao medo. É uma manifestação de uma faceta do ser humano e não apenas criação artística. Assim, o “gótico” existe bem antes do próprio gótico; existe desde o momento que o homem percebeu que as realidades não conhecidas eram fontes constantes de admiração, estranhamento e medo.