Produção Textual I - Aula 6

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Aula 6: Como Produzir um Texto? A Questão da Coerência Ao fnal desta aula, o aluno será capaz de: 1. Reconhecer a importância da coesão e da coerência para a textualidade; 2. defnir coerência textual; . identifcar os !atores responsá"eis pela coerência textual; #. re$etir so%re a importância da coerência na constru&ão do texto; '. perce%er como a incoerência de um texto pode ser intencional. (oesão e coerência: )lementos importantes da textualidade. *á "imos +ue, para +ue um texto se a, de !ato, um texto, precisamos d textualidade. -uas +ualidades são essenciais para +ue um texto tenha essa textualidade: coesão e a coerência. Ao lon o da nossa "ida escolar, á ou"imos muito so%re coesão e coerê A ora, nas aulas /, 0 e , "amos entender como esses dois aspectos s importantes e não podem ser es+uecidos se +uisermos produzir um %om texto. )scre"er um %om texto exi e de n3s a capacidade de esta%elecer rela& claras entre as "árias ideias a serem apresentadas. 5 desafo a ser en!rentado 6 desco%rir a melhor maneira de construir essas rela&4es c recursos +ue a l7n ua nos o!erece. 8ense, por exemplo, na constru&ão de uma casa. As paredes são essenci para a sua sustenta&ão. 9o texto, as ideias, as in!orma&4es e ar umen e+ui"alem aos ti olos +ue, dispostos lado a lado, permitem +ue as par de uma casa se am er uidas. as, assim como os ti olos precisam de ar amassa para mantê los unid texto precisa de elementos +ue esta%ele&am uma li a&ão entre ideias, in!orma&4es e ar umentos. A ar amassa textual se defne em dois n7"eis di!erentes. 5 primeiro 6 o aspecto !ormal, lin u7stico, alcan&ado pela escolha de pala"ras <elementos lin u7sticos espec7fcos= cu a !un&ão 6 ustamente a de esta%elecer re!erências e rela&4es, articulando entre si as "arias pa texto. A isso chamamos de coesão textual. 5 se undo n7"el da ar amassa textual 6 o da si nifca&ão. >omente a sele&ão e a articula&ão de ideias, in!orma&4es, ar umentos e conceito compat7"eis entre si produzirão como resultado um texto claro. 9esse como a articula&ão textual promo"e a constru&ão do sentido, ela 6 cha de coerência textual. <p. 2 #= <A?A@RR), . . e A?A@RR), . ?. . 8rodu&ão de texto: interlocu&ão êneros. >ão 8aulo: oderna, 2BB0.=

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Aula 6: Como Produzir um Texto? A Questo da Coerncia

Ao final desta aula, o aluno ser capaz de:

1. Reconhecer a importncia da coeso e da coerncia para a textualidade; 2. definir coerncia textual; 3. identificar os fatores responsveis pela coerncia textual; 4. refletir sobre a importncia da coerncia na construo do texto; 5. perceber como a incoerncia de um texto pode ser intencional.

Coeso e coerncia: Elementos importantes da textualidade.J vimos que, para que um texto seja, de fato, um texto, precisamos da textualidade. Duasqualidades so essenciais para que um texto tenha essa textualidade: a coeso e a coerncia.Ao longo da nossa vida escolar, j ouvimos muito sobre coeso e coerncia. Agora, nas aulas 6, 7 e 8, vamos entender como esses dois aspectos so importantes e no podem ser esquecidos se quisermos produzir um bom texto.

"Escrever um bom texto exige de ns a capacidade de estabelecer relaes claras entre as vrias ideias a serem apresentadas. O desafio a ser enfrentado descobrir a melhor maneira de construir essas relaes com os recursos que a lngua nos oferece.Pense, por exemplo, na construo de uma casa. As paredes so essenciais para a sua sustentao. No texto, as ideias, as informaes e argumentos equivalem aos tijolos que, dispostos lado a lado, permitem que as paredes de uma casa sejam erguidas.Mas, assim como os tijolos precisam de argamassa para mant-los unidos, o texto precisa de elementos que estabeleam uma ligao entre ideias, informaes e argumentos.

A "argamassa" textual se define em dois nveis diferentes. O primeiro deles o aspecto formal, lingustico, alcanado pela escolha de palavras (elementos lingusticos especficos) cuja funo justamente a de estabelecer referncias e relaes, articulando entre si as varias partes do texto. A isso chamamos de coeso textual.O segundo nvel da "argamassa" textual o da significao. Somente a seleo e a articulao de ideias, informaes, argumentos e conceitos compatveis entre si produziro como resultado um texto claro. Nesse caso, como a articulao textual promove a construo do sentido, ela chamada de coerncia textual." (p. 284)(ABAURRE, M. L. e ABAURRE, M. B. M. Produo de texto: interlocuo e gneros. So Paulo: Moderna, 2007.)

Comparar a coeso e a coerncia a uma "argamassa" textual foi uma tima estratgia das autoras para mostrar como esses dois elementos so fundamentais articulao do texto.

Que tal comearmos pelo "segundo nvel da argamassa textual"?

Coerncia: o sentido do texto.Vamos conhecer a anlise etimolgica da palavra "coerncia", apresentada por Savioli e Fiorin (1999):"A palavra coerncia, da mesma famlia de aderncia e aderente, provm do latim cohaerentia (formada pelo prefixo co = junto com + o verbo haerere = estar preso). Significa, pois, conexo, unio estreita entre vrias partes, relao entre ideias que se harmonizam, ausncia de contradio. a coerncia que distingue um texto de um aglomerado de frases." (p. 393)

Ao observarmos a origem da palavra "coerncia", notamos a referncia unio e harmonia das partes do texto. Entendemos, assim, que um texto coerente a partir do momento que o leitor consegue perceber como as ideias que compem o texto se articulam.

O que fazemos quando lemos ou construmos um texto coerente? Segundo Abaurre e Abaurre (2007), "quando avaliamos a coerncia de um texto, o que fazemos investigar se os nexos de sentido estabelecidos entre as informaes, dados, argumentos correspondem, de fato, a relaes possveis entre as ideias apresentadas. Para construir um texto coerente, portanto, precisamos garantir que a articulao entre as ideias seja estabelecida de modo adequado", (p. 284).

Leia, atentamente, o pargrafo abaixo e:a) identifique sua estrutura (introduo tpico frasal, desenvolvimento, concluso); b( classifique-o segundo o tipo textual, tendo como base o que vimos na aula;c( faa um comentrio sobre a sua construo.

Ao final, dique no boto GABARITO.

A globalizao a nova realidade econmica que se impe no sculo XXI e contra a qual nada possvel fazer. Tecnologia de ponta, especializao crescente da mo de obra, predomnio do setor financeiro sobre o produtivo esses so alguns fatores que emergem desse novo quadro. E os pases como o Brasil, que ainda no estiverem preparados para entrar nessa competio, acabam ficando apenas com os efeitos negativos desse fenmeno, como o desemprego. Por isso, essencial que pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que ainda no esto preparados para essa nova etapa do capitalismo, se unam contra a tirania dos pases desenvolvidos, sob risco de poderem globalizar apenas a misria. (CEREJA e COCHAR, 2009)

GABARITO

a) O tpico frasal "A globalizao a nova realidade econmica que se impe no sculo XXI e contra a qual nada possvel fazer". O desenvolvimento "Tecnologia de ponta, especializao crescente da mo de obra, predominio do setor financeiro sobre o produtivo - esses so alguns fatores que emergem desse novo quadro. E os pases como o Brasil, que ainda no estiverem preparados para entrar nessa competio, acabam ficando apenas com os efeitos negativos desse fenmeno, como o desemprego". A concluso "Por isso, essencial que pases subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que ainda no esto preparados para essa nova etapa do capitalismo, se unam contra a tirania dos pases desenvolvidos, sob risco de poderem globalizar apenas a misria".b) um pargrafo dissertativo.c) H problemas na compreenso desse pargrafo, pois a ideia apresentada na introduo uma contradio ao que foi exposto na concluso.

importante destacar que a coerncia no est no texto, mas construda a partir dele. Como diz Marcuschi (2008:121), "a coerncia em boa parte uma atividade realizada pelo receptor de um texto que atua sobre a proposta do autor. E, nesse af, o receptor segue as pistas (deixadas pelo autor nas operaes de coeso textual) como primeiros indicadores interpretativos. De todo modo, a coerncia uma atividade interpretativa e no uma propriedade imanente ao texto. Liga-se, pois, a atividades cognitivas e no ao cdigo apenas".

Ao lermos um texto, estamos construindo o seu sentido a partir da interao entre o texto, o escritor e o leitor.Como exemplifica Sautchuk (2011:204), " por isso que um mesmo texto - um artigo cientfico, por exemplo - pode no ter sentido algum para um determinado leitor, ter poucas informaes novas para outro e ser altamente informativo para outro. A coerncia no existe antes do texto, mas vai se construindo simultaneamente construo/recepo do prprio texto".

Devemos ter cuidado com a coerncia na hora de produzirmos o nosso texto.

O que fazer para que seu texto tenha coerncia?