Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro

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Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro suplemento do jornal Novembro / 2008 O Prof. Bissaya-Barreto, para além de prestigiado cirurgião e ilustre mestre de Medicina, destacou-se por ter levado a cabo uma extraordinária obra social, nas mais diversas áreas, mas também uma relevante actividade cívica e uma notável acção em termos de empreendedorismo e desenvolvimento do território. Algumas das suas iniciativas vão citadas nas páginas seguintes, e por elas se pode ficar com uma ideia do que foi o incansável labor deste Homem em prol do seu semelhante, antes de tudo, mas também do seu País. Este suplemento pretende ser uma homenagem singela a Bissaya-Barreto e à Fundação com o seu nome, criada há precisamente 50 anos, e que tem sabido ser digna continuadora dos ideais do seu Patrono

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Suplemento que integrou a edição n.º 62 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. Director: Jorge Castilho. 19.11.2008. Site do Instituto Superior Miguel Torga: www.ismt.pt Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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10 NOVEMBRO DE 2008BISSAYA-BARRETO

Prof. Bissaya-Barreto:

um Homem do futuro

s u p l e m e n t o d o j o r n a lNovembro / 2008

O Prof. Bissaya-Barreto, para além de prestigiado cirurgião e ilustre mestre de Medicina, destacou-se

por ter levado a cabo uma extraordinária obra social, nas mais diversas áreas, mas também uma relevante

actividade cívica e uma notável acção em termos de empreendedorismo e desenvolvimento do território.

Algumas das suas iniciativas vão citadas nas páginas seguintes, e por elas se pode ficar com uma ideia

do que foi o incansável labor deste Homem em prol do seu semelhante, antes de tudo, mas também do seu País.

Este suplemento pretende ser uma homenagem singela a Bissaya-Barreto e à Fundação com o seu nome,

criada há precisamente 50 anos, e que tem sabido ser digna continuadora dos ideais do seu Patrono

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2 NOVEMBRO DE 2008BISSAYA-BARRETOarte em caféII

O Prof. Bissaya-Barreto é uma figura

notável, seja qual for o ângulo de análi-

se da sua multifacetada actividade.

Uso o verbo, deliberadamente, no pre-

sente (é, e não foi), para significar que

ele continua a ser, nos tempos que cor-

rem, uma personalidade não apenas

rara, mas verdadeiramente ímpar!

Isso está eloquentemente demonstrado

na obra, tão vasta quanto valiosa e diversifi-

cada, que concretizou no passado, muitas

vezes com métodos precursores (alguns que

ainda hoje estão espantosamente actuais)

e que, graças a dignos continuadores, per-

manece bem viva e pujante.

Dizer isto, aqui e agora, numa altura

em que se celebram os 50 anos da Fun-

dação que criou, poderia ser interpreta-

do como elogio fácil e sem outra consis-

tência que não a de juntar a voz ao coro

de loas que, muito justamente, dos mais

ilustres aos mais humildes, se tem er-

guido ao longo de 2008 – ano em que

tem vindo a ser concretizado rico progra-

ma comemorativo, recheado de momen-

tos de grande elevação em diversos do-

mínios (apesar de ter sido também um

ano de profunda tristeza, pela morte, tão

prematura, do Eng. Nuno Viegas Nasci-

mento, que durante décadas presidiu à

Fundação Bissaya-Barreto).

Sucede, porém, que as afirmações que

aqui deixo agora escritas, são apenas a

repetição das que publiquei há três dé-

cadas no “Jornal de Notícias”, numa al-

tura em que os “ventos revolucionários”

varreram, finalmente, muitas prepotên-

cias, mas também sopraram, de forma

lamentável, várias injustiças.

(Nesse período conturbado e pouco to-

lerante, era ousadia elogiar qualquer fi-

gura que, mesmo levianamente, fosse

conotada com o regime deposto. Por isso

tive a grata satisfação de ver esse meu

gesto, e outros semelhantes que assumi

ao longo dos anos, serem gentilmente

reconhecidos e agradecidos pelo Presi-

dente da Fundação, Viegas Nascimento).

Ora o Prof. Bissaya-Barreto, mais pela

sua amizade por Salazar do que pelos

cargos políticos que ocupou, foi uma das

figuras injustiçadas nessa época em que

a Democracia dava os primeiros passos.

Aliás, não só injustiçado, mas esquecido

e, pior, até mesmo atacado por muitos

daqueles que tanto ajudou!...

Sei do que falo, porque, ainda criança,

tive o privilégio de conhecer Bissaya-Bar-

reto.

Foi num dia em que entrei, com meu

Pai, no comboio “rápido” que nos leva-

ria de Coimbra a Lisboa. Embora a CP não

primasse pela pontualidade, certo é que

já passavam vários minutos para além

do horário, mas a composição mantinha-

-se muda e queda nos carris. Meu Pai, o

jornalista José Castilho, talvez impelido

por curiosidade profissional, saiu da car-

ruagem, comigo pela mão, para indagar

o que motivava a estranha demora. O

Chefe da Estação esclareceu, em voz

baixa e tom respeitoso: “Estamos à es-

pera do senhor Professor Bissaya-Bar-

reto...”.

Vi o meu Pai sorrir, o que me tranquili-

zou, e enquanto voltávamos a entrar na

carruagem perguntei-lhe quem era esse

senhor tão importante que até o comboio

esperava por ele.

“É um grande homem e um grande ami-

go! Daqui a pouco vais conhecê-lo”.

Lá fiquei de nariz encostado à janela

do “rápido”, à espera de ver surgir um ho-

mem grande, alto. Mas apenas apareceu

um senhor de baixa estatura e andar

apressado que entrou para uma carrua-

gem de 1.ª classe, enquanto o chefe da

Estação o cumprimentava, tirando o

boné, para logo de seguida tocar a cor-

neta de metal amarelo, reluzente, que

dava ordem de marcha ao maquinista.

Alguns minutos depois, quando o revi-

sor veio picar, com um alicate, os peque-

nos bilhetes cinzentos, de cartão gros-

so, meu Pai perguntou-lhe onde se en-

contrava o Prof. Bissaya.

Obtida a resposta, lá me levou corre-

dores adiante, a mão protectora no meu

ombro, a amparar-me dos balanços do

comboio, mais apertada quando era pre-

ciso passar de uma carruagem para a se-

guinte, sobre chão de ferros assustado-

ramente movediços e rajadas de vento

ruidoso.

Depressa chegámos à porta de um dos

compartimentos numerados, a que meu

Pai nem chegou a bater, pois o Prof. Bis-

saya, quando o viu pelo vidro, fez-lhe um

cordial aceno para que entrasse.

“Então é este o seu herdeiro?” – inda-

gou com um sorriso, enquanto me fazia

uma festa na cabeça e convidava meu

Pai a sentar-se frente a ele, no banco de

três lugares forrado de vermelho

Começaram a conversar, não sei de

quê. Aliás, nem ouvia o que diziam, ocu-

pado que estava a olhar aquele senhor

que acabara de conhecer, intimidado,

mas que afinal não era grande e depressa

se me tornou simpático, pelo sorriso e

pelo tom de voz. Numa prateleira, junto

à janela, uma bandeja com uma cháve-

na, ao lado de um objecto estranho (que

pouco depois verifiquei ser um bule com

chá, tapado com uma “carapuça” de fel-

tro, para que não arrefecesse).

Lembro-me de meu Pai me dizer de-

pois que o Prof. Bissaya ia a Lisboa, de

comboio, todas as semanas, alojando-

-se no Hotel Métropole (recordo achar

estranha a fonética, pois pensava que

se devia dizer metrópole...), que perten-

cia a outro amigo comum, Alexandre de

Almeida (um príncipe da hotelaria portu-

guesa).

E igualmente aprendi de meu Pai, nessa

inesquecível viagem (quando o questionei

sobre o facto do Prof. Bissaya, ao contrário

do que ele afirmara, não ser um homem

grande...), que a grandeza dos homens se

não mede aos palmos, pelo tamanho, pela

envergadura física, mas antes se determi-

na pela estatura moral, pela forma como

passam pela vida.

Depois tornei a ver o Prof. Bissaya-Bar-

reto por diversas vezes, e muitas mais

ouvi meu Pai a falar com ele por telefo-

ne. Lembro-me, particularmente, de uma

acesa polémica escrita que manteve com

outro amigo de meu Pai, o Prof. Ibérico

Nogueira, nas páginas do “Diário de

Coimbra” (de que meu Pai era Chefe de

Redacção), numa série de artigos que,

O Prof. Bissaya-Barretoera um homem de acção,como o demonstra a espantosaobra que legou, mas era tambémum intelectual de inteligência rarae grande sensibilidade, semprea pensar em novos empreendimentosque pudessem ajudaros mais desfavorecidos

Um grande Homem,

Page 3: Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro

3NOVEMBRO DE 2008 BISSAYA-BARRETO III

se a memória me não falha, tinham por

título “Coimbra precisa de um Hos-

pital-Universidade, Coimbra preci-

sa de um Hospital-Cidade”. E, efec-

tivamente, o Hospital-Geral da Colónia

Portuguesa do Brasil (que Bissaya-Bar-

reto criara inicialmente para tratamento

da tuberculose) viria a tornar-se num

modelar Hospital civil de Coimbra, hoje

designado por Centro Hospitalar de

Coimbra (vulgarmente conhecido como

Hospital dos Covões, por caussa da sua

localização).

Se evoco esta experiência pessoal, é

para referir algo que me parece impor-

tante para definir a personalidade do

Prof. Bissaya-Barreto.

Meu Pai foi sempre um homem “de es-

querda”, no sentido mais nobre da ex-

pressão – isto é, lutando toda a sua vida

por uma sociedade mais justa e mais fra-

terna e pela liberdade de expressão que

tanto prezava e que a Censura do regi-

me impedia (faleceu em 1969, sem ter

visto concretizado o sonho de mudança

que só chegaria 5 anos depois, com a

Revolução de 25 de Abril).

Usava a caneta como esgrimista exí-

mio, belas palavras em golpes geniais,

corajosos e contundentes, que acaba-

riam por valer-lhe a prisão, pois a Dita-

dura não admitia tais atrevimentos.

Só anos mais tarde, já adolescente,

soube que foi graças à intervenção do

Prof. Bissaya-Barreto que o libertaram.

Do mesmo modo que vim a saber que a

muitos outros opositores do regime ti-

nha valido uma palavra de Bissaya-Bar-

reto ao seu grande amigo Salazar, para

que saíssem das masmorras do regime.

Soube também que a amizade de Bis-

saya-Barreto por Salazar se forjara nos

bancos da Universidade de Coimbra,

onde foram condiscípulos, e que havia

de manter-se pela vida fora, apesar de

defenderem ideais bem diversos.

Desde logo, enquanto Salazar era mo-

nárquico, Bissaya-Barreto foi sempre,

desde muito jovem, um apaixonado Re-

publicano, que chegou mesmo a afron-

tar o Rei D. Manuel II, em cerimónia so-

lene na Universidade de Coimbra (epi-

sódio que ficou famoso e que se relata

mais à frente, noutra página deste suple-

mento).

Bissaya-Barreto foi igualmente um

destacado membro da Maçonaria – so-

ciedade secreta (agora preferem classifi-

cá-la como discreta...) que Salazar detes-

tava.

E muitas outras divergências de con-

vicções e de práticas existiam entre os

dois antigos condiscípulos.

A verdade é que isso nunca afectou a

amizade recíproca.

Uma amizade que Bissaya-Barreto

sempre aproveitou para conseguir levar

a cabo, mais facilmente, os seus pionei-

ros projectos de intervenção e desenvol-

vimento social (até mesmo a nível do Go-

verno do País, como sucedeu com a cria-

ção do Ministério da Saúde), ao mesmo

tempo que igualmente ia intercedendo

junto do Ditador para livrar muitas pes-

soas das perseguições da PIDE (a polí-

cia política do regime salazarista).

Porque outra das características de

Bissaya-Barreto era o humanismo, a sua

constante preocupação com os mais

desfavorecidos e vulneráveis.

A obra que desenvolveu em prol das

crianças é absolutamente pioneira e ex-

traordinária, mesmo se avaliada pelos

parâmetros actuais. Dos “Ninhos” dos

pequenitos às Casas da Criança, passan-

do pela assistência materno-infantil (o

Instituto Maternal, hoje Maternidade

Bissaya-Barreto, foi uma instituição al-

tamente inovadora na época), e o espan-

toso “Portugal dos Pequenitos” (que con-

tinua a atrair e a deslumbrar, anualmen-

te, centenas de milhar de miúdos e graú-

dos, nacionais e estrangeiros).

Mas as preocupações de Bissaya Bar-

reto não se quedavam pela assistência

às crianças e às mães, antes se esten-

diam a outros seres humanos que a Na-

tureza penalizara – como os cegos, os

surdos, os tuberculosos e os leprosos,

tendo criado instituições de grande qua-

lidade no apoio a pessoas afectadas por

estas deficiências e patologias.

Antes de erguer estas instituições, Bis-

saya-Barreto procurava saber o que ha-

via de mais avançado, a nível mundial,

em cada uma das áreas em que preten-

dia intervir, adoptando os métodos e os

equipamentos mais modernos, que me-

lhorava com adaptações ditadas pela

sua inteligência e pela sua capacidade

inventiva.

A relevantíssima acção de Bissaya Bar-

reto não se quedou pelas áreas da saú-

de e da assistência (e, dentro destas,

pelas diversas instituições de ensino que

criou e fomentou, e pelas políticas que

influenciou)

A sua sensibilidade estética levou-o a

reunir uma valiosíssima colecção de

obras de arte, hoje espalhadas por di-

versos edifícios da Fundação, com es-

pecial destaque para o magnífico recheio

da sua residência principal em Coimbra,

o palacete junto aos Arcos do Jardim,

transformado em Casa-Museu Bissaya-

-Barreto (e que acolhe uma actividade

cultural intensa, incluindo a sua galeria

de arte).

Mas importa sublinhar que Bissaya-

Barreto desenvolveu, em simultâneo,

uma outra obra de importância equiva-

lente à que concretizou no plano social.

Estou a referir-me ao seu trabalho na

área do desenvolvimento económico, so-

bretudo de Coimbra e de outras zonas

da Região Centro.

As suas iniciativas foram muitas e di-

versificadas, desde a instalação dos Es-

taleiros Navais do Mondego, na Figueira

da Foz, até à criação do Aeródromo de

Coimbra (que merece referência alarga-

da noutro local deste suplemento), pas-

sando pelo lançamento e pelo apoio a

muitas outras empresas e instituições

dos mais variados sectores, desde o ter-

malismo ao ensino (nomeadamente da

enfermagem e do serviço social).

Por tudo isto afirmo, ciente de que não

exagero, que Bissaya-Barreto foi, na sua

época, e pode considerar-se ainda hoje,

para além de cultor da solidariedade, um

pioneiro, um visionário, um empreen-

dedor – enfim, um Homem do futuro!

Jorge Castilho

António de Oliveira Salazare Bissaya-Barreto: uma amizade forjadanos bancos da Universidade de Coimbra,que se prolongou pela vida fora,e que não raro Bissaya-Barreto utilizoupara proteger opositores do regimee para facilitar o lançamento de obrasde importância para Coimbra,para a Região Centroe para o próprio País

uma Obra enorme

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4 NOVEMBRO DE 2008BISSAYA-BARRETOIV

Escrever ou falar sobre o Aeródromo de

Coimbra é referir as várias etapas da sua

evolução, o percurso da aviação civil em

Coimbra e os nomes dos que lhe estão

ligados.

São partes de um mesmo corpo que não

se devem separar.

Como tudo tem um começo há que lem-

brar a génese, o mentor, a acção do ilustre

Homem que foi Bissaya Barreto.

Com vasta e pioneira actividade que ul-

trapassou o nosso distrito, foi em Coimbra

que mais tempo viveu, estudou e planeou

as suas obras, avançadas para a época, das

quais as mais emblemáticas estão nesta

cidade.

Uma delas é o Aeródromo de Coimbra,

que muito justamente tem o seu nome.

Contudo, é de estranhar que este espaço

seja citado por vezes como de Cernache.

Se tal pudesse dizer-se, muito mais racio-

nal seria chamar-lhe de Antanhol porque a

área que ocupa pertence maioritariamente

a esta freguesia.

É minha convicção que tal confusão te-

nha origem no facto de todos os proprietá-

rios dos terrenos adquiridos para neles se

construir o campo de aviação, ao tempo

moravam em Cernache.

O aeródromo serve Coimbra e a sua re-

gião, mas nunca Cernache ou Antanhol em

particular.

(Embora aquela seja uma bela e simpáti-

ca localidade, com um passado de que se

deve orgulhar, no escrito de hoje inclinar-

me-ei para Antanhol, onde existiu o solar

dos Cunhas, família que mais tarde se mu-

dou para Maiorca, Figueira da Foz.

Documentos antigos chamam-lhe “Cava-

leiros de Antanhol”, designação que nessa

época era uma honraria.

A primeira igreja foi edificada em local

PERPERPERPERPERANTE O EMBARGO JUDICIAL, BISANTE O EMBARGO JUDICIAL, BISANTE O EMBARGO JUDICIAL, BISANTE O EMBARGO JUDICIAL, BISANTE O EMBARGO JUDICIAL, BISSAYSAYSAYSAYSAYA-BARRETO MANDOU AA-BARRETO MANDOU AA-BARRETO MANDOU AA-BARRETO MANDOU AA-BARRETO MANDOU AVVVVVANANANANAN

Aeródromo de Coimbra c

diferente da actual, situando-se perto do

cruzeiro que, de antigo, só tem a coluna

dórica. Para o templo hoje existente pas-

sou parte do recheio antigo. Podem ver-se

nele várias esculturas em pedra e madeira.

Destas, duas do século XVIII, barrocas, vie-

ram de Coimbra: S. Bernardo, vestido de

branco e, contrastando, S. Roberto, vestido

de negro).

Voltando ao Aeródromo: cedo se formou

o grupo de entusiastas que se bateu tam-

bém por um aeródromo em Coimbra. Bapti-

zei-os de “bons guerreiros” porque a sua

ambição era nobre e pacífica: voar e, logi-

camente, um campo de aviação.

A ideia de dotar a cidade com uma pista e

escola de pilotos era mais uma das várias

que Bissaya Barreto concretizou durante a

sua vida, sempre a favor de Coimbra.

A primeira vez que manifestou publica-

mente esse desejo foi em 1939, bem antes

que qualquer outra localidade se adiantas-

se com a mesma intenção.

Formou-se uma comissão constituída

pelo Professor Bissaya, representando a

Junta Distrital, com esta a comprar o terre-

no, o piloto Carlos Galo e o major Humberto

Pais, da Força Aérea Portuguesa (FAP). A

compra dos terrenos arrastar-se-ia e só vi-

ria a ser concluída vários anos mais tarde.

Entretanto a pista foi ganhando forma e

com tal incremento que em 10 de Março de

1940 aterrou nela o Tiger n.º 146 da FAP,

pilotado pelo major Humberto Pais, em ex-

periência de operacionalidade.

Logo em 15 de Julho seguinte, o que exis-

tia do campo de aviação foi inaugurado.

Posteriormente outras inaugurações tive-

ram lugar, enquanto as obras decorriam.

O grupo de entusiastas também não de-

sistia dos seus esforços, o que levou à cria-

ção de uma Secção Aeronáutica na Associ-

ação Académica de Coimbra, garantida que

estava a pista adequada às necessidades

de maior autonomia. À Secção sucedeu o

Centro de Aeronáutica (e mais tarde, em 14

de Janeiro de 1976, o Aero Clube de Coim-

bra). Este incremento, com a Escola Bissaya

Barreto a formar pilotos que incluíam se-

nhoras, coincidiu com a direcção de José

Varela dos Reis.

Dos contactos para a compra das 11 par-

celas de terreno que constituíam a deseja-

da área para uma pista, que se pretendia

com 1.000 metros, tratou o dr. José Pimenta

(que foi responsável pelo Turismo de Coim-

bra). A apoiar a administração lembro Filipi-

no Martins (um rádio-amador de prestígio

internacional), cujo nome também está gra-

vado no memorial levantado em frente às

instalações do aeródromo. Três nomes a

não esquecer.

As terraplanagens tiveram que vencer

desníveis nos terrenos e não se livraram de

burocracias por causa da existência de um

duplo declive, com fosso também duplo. A

zona era conhecida por Mata Velha ou Ci-

dade Velha, sendo este nome mais apro-

priado por haver ali uma “fortificação” ro-

mana, que se julga ter pertencido à época

que medeia entre o avanço de Décimus Ju-

nius Brutus – Callaicos (138-135 A.C.) e o

protectorado da Ulterior de Júlio César

(61 A.C.)”, segundo o Inventário Artístico

– Coimbra, de Vergílio Correia e Noguei-

ra Gonçalves.

O pouco que restava desta posição mili-

tar, que os romanos terão utilizado por fi-

car entre Conímbriga e Aeminium (Coimbra),

nunca foi explorado pelos especialistas,

O Prof. Bissaya-Barreto, no banco de trás do helicóptero, no Aeródromo que tem o seu nome

Para além das aeronaves civis, o Aeródromo de Coimbra tem servido tambémpara aterragem de aviões militares, como a imagem documenta

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5NOVEMBRO DE 2008 BISSAYA-BARRETO V

NÇAR ANÇAR ANÇAR ANÇAR ANÇAR AS MÁQUINAS MÁQUINAS MÁQUINAS MÁQUINAS MÁQUINAS PS PS PS PS PARARARARARA RA RA RA RA RAAAAASGSGSGSGSGAR A PISTAR A PISTAR A PISTAR A PISTAR A PISTA DURA DURA DURA DURA DURANTE A NOITEANTE A NOITEANTE A NOITEANTE A NOITEANTE A NOITE

onstruído à luz do luar!...

deduzindo-se que até os arqueólogos não

lhe atribuíram importância. Constava de um

entricheiramento de campanha. Na verda-

de, mesmo que em escavações se encon-

trasse algo como uma fivela de centurião,

moedas, lanças ou punhais, que valia tudo

isso comparado com a existência de uma

escola de aviadores apoiada numa pista,

às portas de Coimbra?

Em 22 de Fevereiro de 1958, após reu-

nião de altas individualidades, foi decidi-

do nivelar parte do terreno, deixando uma

outra com vista a futuras escavações ar-

queológicas.

O general Santos Costa, então Ministro da

Defesa Nacional, participante da citada reu-

nião, determinou destacar um Serviço de

Engenharia Militar, com máquinas pesadas

e pessoal para iniciar os trabalhos. Mas eis

que surge um embargo judicial , suspenden-

do toda a actividade, com regresso dos mili-

tares ao quartel, mas ficando no terreno toda

a maquinaria. José Varela tinha estudado o

seu funcionamento antes desta paragem, o

que foi utilíssimo quando o Prof. Bissaya to-

mou a grande decisão de sugerir a retoma-

da dos trabalhos, entusiasmando quem a

aguardava: “Numa destas lindas noi-

tes de luar pode-se fazer uma linda

obra. Avancem!”. E foi numa azáfama in-

descritível, com José Varela manobrando um

bulldozer à luz dos faróis dos automóveis da

“muralha”, que se fez o que tinha de ser

feito, ao que a cidade correspondeu com

brita e areia em quantidade. Chegara a vez

do alcatrão.

A Escola tem formado dezenas de pilo-

tos, sob a responsabilidade de sucessivos

e credenciados instrutores, tendo chegado

a formar num só ano mais pilotos que to-

das as outras escolas do País.

É justo também lembrar que, nos tempos

iniciais, esta instrução se ficou a dever à

Força Aérea, com envio de dois aviões, pilo-

tos instrutores e um mecânico.

Na sala de recepção do edifício está um

busto do Prof. Bissaya Barreto, ali coloca-

do aquando de uma home-

nagem que lhe foi prestada

em 4de Junho de 1997, por

iniciativa da Câmara Munici-

pal e do Aero Clube.

A propriedade do conjun-

to das instalações ficou

para a Junta Distrital de Co-

imbra, que em 1984 celebrou

um protocolo de cedência

com a Câmara Municipal de

Coimbra.

Esta, por sua vez, assinou

outro protocolo com o Aero

Clube, respeitante à explo-

ração por este da parte des-

portiva e técnica, conservan-

do, porém, a exploração comercial.

Vai longe a caricata situação de perso-

nalidades dos governos português e fran-

cês, acabadas de aterrar em Coimbra, que

ante a falta de instalações sanitárias tive-

ram de se encostar aos pinheiros para alí-

vio das suas necessidades fisiológicas. Pre-

sidia então ao Aero Clube o eng. Teles de

Oliveira, que de imediato aplicou os seus

conhecimentos técnicos na elaboração do

projecto no qual saiu o edifício base do

aeródromo.

As formações de pilotos continuam, au-

mentando a pleíade com estatuto próprio,

como é timbre dos pilotos de máquinas voa-

doras, nas quais fazem os seus primeiros

vôos a pensar – quem sabe? – subir mais

além, agora em máquinas que podem levá-

-los a outros mundos.

Apesar das melhorias rodoviárias, o inte-

resse deste aeródromo mantém-se, integra-

do que está na rede nacional interna e até

para aeronaves de média capacidade, in-

cluindo as internacionais, para o que está

devidamente equipado.

O actual presidente da direcção do Aero

Clube é o coronel José Oliveira, que assu-

miu o cargo em 30 de Setembro de 2006,

com o entusiasmo dos que sobem mais alto.

Das melhorias que conseguiu para o aeró-

dromo, saliento a que levou ao desapareci-

mento dos bidons de gasolina dos terrenos

marginais do parque de estacionamento.

O combustível está agora num carro-tan-

que, cedido pela FAP.

Num esforço final, espera-se que o arma-

zenamento venha a ser subterrâneo.

Em aberto continua um outro plano regio-

nal para receber aeronaves maiores, como

o 747 da Boeing e o A380 da Airbus, que já

suplantou tecnicamente aquele seu rival.

No perímetro do aeródromo está uma

oficina especializada, empresa particu-

lar intitulada “Indústrias Aeronáuticas

de Coimbra”.

Trabalha de acordo com a legislação eu-

ropeia, dando apoio a aeronaves ligeiras

e os seus clientes vêm do País, de norte a

sul, e da Europa, especialmente Espanha

e França.

Numa altura em que se presta homena-

gem ao Prof. Bissaya Barreto, era obrigató-

rio falar de mais este arrojado empreendi-

mento que Coimbra e o País lhe devem. Por

isso aqui evoco as minhas recordações dos

vôos que fiz há anos, principalmente com o

dr. Viriato Namora, que é sócio efectivo n.º

1 da Secção Aeronáutica da AAC, data em

que já pertencia ao grupo de entusiastas

que tanto se esforçaram para que o Aeró-

dromo Bissaya Barreto se tornasse numa

realidade de enorme importância para o

desenvolvimento desta Região.

(Naquele tempo voava e fotografava, o

que me proporcionou alguns bons prémios,

incluindo a publicação em livros, dos quais

destaco “Coimbra vista do céu”, do arqui-

tecto Filipe Jorge, e texto do seu colega José

António Bandeirinha).

E se este escrito já vai longo, o “culpado”

é o dr. Viriato Namora, que fez o favor de

me facultar alguns dados, o que muito lhe

agradeço.

Varela Pècurto

Page 6: Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro

6 NOVEMBRO DE 2008BISSAYA-BARRETOVI

que o carac

· 3 Sanatórios

anti-tuberculose

· 1 preventório

· 2 Hospitais

Psiquiátricos

· 1 Colónia Agrícola

Psiquiátrica

· 1 Leprosaria

· 1 Creche/Preventório

para filhos de leprosos

· 1 Centro de Reabilitação

para ex-leprosos

· 1 Hospital Geral Central

· 1 Hospital Pediátrico

· 1 instituto Materno Infantil

· Casa da Mãe

(Figueira da Foz)

· 1 Centro de Neurocirurgia

· 1 Centro Hospitalar

· 1 Instituto de Surdos

· 1 Instituto de Cegos

· 26 Casas da Criança

· 3 Colónias de Férias

· 2 Bairros Sociais

· Escola de Enfermagem

“Bissaya Barreto”

· Escola Normal Social

· Escola de Enfermeiras

Puericultoras

· Escola Profissional de

Agricultura, Artes e Ofícios -

em Semide

· Dispensários, Brigadas

móveis, Postos rurais

· Portugal dos Pequenitos

· Aeródromo de Coimbra

· Estaleiros Navais

do Mondego

· etc ... ... ... ... ... ... ... ... ...

A eloquência das realizações

Ao centro, em cerimónia de “bota-abaixo” de um novo barco nos Estaleiros Navaisdo Mondego, na Figueira da Foz, um dos seus grandes empreendimentos na áreaempresarial, que muito contribuiu para o desenvolvimento do País

Com um grupo de seus alunos finalistas de Medicina, no Hospital dos Covões

Bissaya-Barreto foi um homem de acção, que conseguiu concretizar uma obra ímpar,

quer pela quantidade e diversidade, quer pela qualidade de todos os seus empreendi-

mentos. A relação de alguns deles, que nesta página se publica, é mais eloquente do que

quaisquer palavras.

Mas importa também salientar a sua dedicação ao ensino e à prática da Medicina,

bem como o entusiasmo pelos grandes projectos empresariais que lançou, numa

polivalência que estas imagens pretendem simbolizar.

Bissaya-Barreto “escrevia poemas” com o bisturi(assim salvando muitas vidas),

e fazia “intervenções cirúrgicas” com a caneta,em textos polémicos em que defendia os seus ideais

e tudo aquilo que achava poder contribuirpara melhorar a sociedade,

sempre com os olhos postos no futuro

Page 7: Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro

7NOVEMBRO DE 2008 BISSAYA-BARRETO VII

O jovem estudante republicano

que rejeitou prémio do Rei

Bissaya Barreto desde muito cedo se revelou um apaixonado lutador

pelos princípios republicanos, numa altura em que Portugal era ainda

uma Monarquia.

Foi um activista corajoso e consequente, enquanto aluno da Universi-

dade de Coimbra, vindo mesmo a fazer parte do grupo de 160 estudan-

tes republicanos que receberam a designação de “Os Intransigentes”,

durante a greve académica de 1907. Essa militância levou a que tivesse

sido escolhido como delegado ao Congresso do Partido Republicano.

Mas seria no ano seguinte que o jovem Fernando Bissaya-Barreto

viria a protagonizar um episódio que ficou para a História.

Foi no dia 20 de Novembro de 1908 (há precisamente cem anos),

quando o Rei D. Manuel II se deslocou à Universidade de Coimbra para,

como era tradição, entregar os prémios aos melhores alunos das diver-

sas Faculdades (aqueles que haviam conseguido obter nota igual ou

superior a 18 valores).

A cerimónia pomposa decorria na Sala Grande dos Actos, e o Rei lá ia

entregando os prémios aos alunos laureados.

Bissaya-Barreto conquistara o direito às distinções pelas elevadas classificações

que obtivera nos cursos de Medicina, mas também de Matemática e de Filosofia.

A verdade é que proferido o seu nome por três vezes, para receber, das maõs do Rei,

os prémios a que fazia jus, o jovem Fernando ousou manifestar o seu republicanismo,

ignorando ostensivamente as chamadas, apesar de estar mesmo nas filas da frente.

Na Sala Grande dos Actos, repleta de professores, estudantes e autoridades, fez-se

um silêncio sepulcral. O Rei D. Manuel II, de diplomas nas mãos, aguardava que o

estudante premiado se levantasse e se lhe dirigisse para receber a honraria.

Em vez disso, porém, Bissaya-Barreto manteve-se sentado no seu lugar, impassí-

vel. E enquanto todos os olhos nele se fixavam, o jovem exclamou, num desabafo de

alma:

“Eu não conheço o Rei!”.

A ousadia teve ecos nos jornais da época, e fez dele um herói entre os republicanos

que, dois anos mais tarde, a 5 de Outubro de 1910, viriam a derrubar a Monarquia.

Bissaya-Barreto (em cima, ao centro) com algunsoutros estudantes do grupo “Os Intransigentes”

O Rei D. Manuel II (imagem ao lado) ficou atónito e vexado quando Fernando Bissaya-Barreto(foto abaixo) se recusou a ir receber, das mãos do também jovem monarca, os prémiosque este pretendia entregar-lhe. “Eu não conheço o Rei!”. Esta foi a ousada afirmaçãodo estudante republicano, que ficou para História

HÁ PRECISAMENTE UM SÉCULO (A 20 DE NOVEMBRO DE 1908)

Page 8: Prof. Bissaya-Barreto: um Homem do futuro

8 NOVEMBRO DE 2008BISSAYA-BARRETOVIII

s u p l e m e n t o d o j o r n a lNovembro / 2008

No próximo dia 26 (quarta-feira) a Fun-

dação Bissaya-Barreto completa meio

século de intensa e diversificada activi-

dade.

Ao longo de 2008, têm sido muitas e

variadas as iniciativas para assinalar,

condignamente, os 50 anos de existên-

cia da Fundação, num programa vasto e

de grande qualidade.

Como refere o Comissário das Come-

morações, Dr. Carlos Páscoa, “neste ano

de cinquentenário da Fundação que Bis-

saya Barreto criou, relembra-se o Homem

cuja memória se respeita e acentua-se

o muito que tem sido feito para dar se-

quência à sua obra”.

Desde 1981, a responsabilidade de di-

rigir a Fundação esteve confiada eo Eng.

Nuno Viegas Nascimento, que a esse di-

fícil papel se dedicou de forma apaixo-

nada ao longo de 27 anos, até que a

morte o levou, prematuramente, no pas-

sado dia 29 de Julho.

O testemunho foi passado a sua Mu-

lher, Dr.ª Patrícia Viegas Nascimento, que

assumiu a Presidência da Fundação e lhe

manteve o rumo e o dinamismo.

ORIGENS DA FUNDAÇÃO

Foi a 26 de Novembro de 1958 que o

Governo de então oficializou a criação

da Fundação, através de um despacho

que publicava também os respectivos

Estatutos.

Como fundadores, um grupo de notá-

veis. amigos e admiradores de Bissaya-

Barreto: D. Ernesto Sena de Oliveira (Ar-

cebispo Bispo-Conde de Coimbra); Coro-

nel Ernesto Nogueira Pestana (então Go-

vernador Civil de Coimbra); Juiz Conse-

lheiro José Perestrelo Botelheiro (na épo-

ca Presidente do Tribunal da Relação de

Coimbra); Dr. Joaquim Moura Relvas (mé-

dico radiologista, e na altura Presidente

da Câmara Municipal de Coimbra); Dr.

José dos Santos Bessa (médico pedia-

tra, colaborador muito próximo de Bis-

saya-Barreto e então deputado da As-

sembleia Nacional); Eng. José Horácio de

Moura (que viria a ser Governador Civil

de Coimbra de 1959 a 1970); e Dr. Lino

Cardoso de Oliveira (advogado e então

Presidente da Câmara Municipal de Can-

tanhede).

NO DIA 26 DE NOVEMBRO (QUARTA-FEIRA)

Fundação Bissaya Barreto

completa meio século

Na origem da Fundação estava, natu-

ralmente, a vontade do Prof. Bissaya-

Barreto de arranjar forma de incremen-

tar a sua acção social diversificada, ga-

rantindo, ao mesmo tempo, que ela iria

perdurar para além da sua morte.

Nos Estatutos referia-se, a dado pas-

so do Artigo 10.º:

“(...) Os signatários constituem, na ci-

dade de Coimbra, uma instituição parti-

cular de utilidade pública e fins de as-

sistência, ao abrigo (...) destinada a con-

tinuar a obra criada e mantida durante

mais de meio século pelo Prof. Doutor

Bissaya Barreto, quer como cidadão quer

como orientador de organismos assis-

tenciais”.

E acrescentava-se:

“Como justa homenagem e devida gra-

tidão às altas qualidades e serviços pres-

tados à sociedade no vastíssimo campo

da sua actividade, a Fundação adoptou

o nome daquele iminente professor mé-

dico-cirurgião. (...)”.

27 SERÁ O PRIMEIRO DIADO PRÓXIMO MEIO SÉCULO

Nascido em Castanheira de Pêra a 29

de Outubro de 1886, Fernando Bissaya-

Barreto viria a ter uma carreira académi-

ca brilhante, quer enquanto aluno, quer

depois, como Professor da Faculdade de

Medicina, de que viria a ser catedrático.

Notável foi igualmente a sua acção

como médico, invulgar a sua actividade

política (iniciada ainda enquanto aluno

da Universidade de Coimbra, em prol dos

ideais republicanos).

Mas os aspectos mais relevantes da

sua vida (faleceu a 16 de Setembro de

1974, em Lisboa, poucos dias antes de

completar 88 anos e poucos meses após

a Revolução de 25 de Abril) foram, sem

dúvida, as múltiplas iniciativas de carác-

ter social e assistencial que promoveu,

a par com outras que muito contribuíram

para o progresso de Coimbra, da Região

Centro e do País.

Daí que se não estranhe que algumas

das mais destacadas personalidades da

vida nacional tenham vindo a participar

neste relevante programa comemorati-

vo que agora chega ao fim.

Porque, disso estamos certos, 27 de

Novembro será o primeiro dia do próxi-

mo meio século de existência da Funda-

ção, que saberá ir encontrando, como até

aqui, os que melhor conseguirem dar

continuidade à extraordinária obra de

Bissaya-Barreto.

O CENTRO agradece à Fundação Bissaya-Barretoa cedência das imagens que ilustram este suplemento

Bissaya-Barreto, com o seu exemplo,continuará, certamente, a apontaro rumo do futuro da sua Fundação