Prof. Drª Marília Brasil Xavier · Formas básicas de se leitura e organização das idéias de...

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Prof. Drª Marília Brasil Xavier

REITORA

Profª. Drª. Maria das Graças Silva

VICE-REITORA

Prof. Dr. Ruy Guilherme Castro de Almeida

PRÓ-REITOR DE ENSINO E GRADUAÇÃO

Profª. M.Sc. Maria José de Souza Cravo

DIRETORA DO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO

Prof. M.Sc. Antonio Sérgio Santos Oliveira

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E INFORMÁTICA

Prof. M. Sc. Rubens Vilhena Fonseca

COORDENADOR DO CURSO DE MATEMÁTICA

COORDENADOR DO CURSO DE MATEMÁTICA MODALIDADE A DISTÂNCIA

COMUNICAÇÃO

NA DOCENCIA

IZILDA NAZARÉ DE ALMEIDA CORDEIRO ROSANA SIQUEIRA DE CARVALHO

APRESENTAÇÃO.

O mundo acadêmico é um mundo totalmente diferente daquele universo, que você

está habituado a freqüentar. Novas experiências, novos conhecimentos, novas disciplinas,

congregam um mesmo novo mundo de ideias, pessoas e desafios a se conhecer. Pensando

nisso, construímos este módulo para você, aluno da graduação do curso de matemática,

modalidade à distância, que começará a se preparar para assumir um dos ofícios mais

importantes: a docência.

Nesse enfoque, o papel de um universitário, tanto como discente quanto como

docente, exigirá um domínio do instrumento de maior poder que pode haver para o ensino:

a comunicação. Esta possui um elemento fundamental para sua aplicação que é a

linguagem.

Dessa forma, essa disciplina objetivará a desenvolver, com você, as mais diversas

formas de comunicação e expressão, sejam elas orais ou escritas. Com isso você terá um

domínio sobre a linguagem, aperfeiçoando seus conhecimentos e tornando sua

aplicabilidade mais eficiente.

Você deve saber que a importância da comunicação na docência mostra-se a partir

do momento em que o professor enfrenta a diversidade de seres humanos representados

por seus alunos. Saber abrir um canal comunicativo de forma que cada um desses indivíduos

possa interagir, portando-se não só como meros receptores passivos, mas atores

participativos no universo da sala de aula é papel primeiro do professor. E essa é nossa

intenção. Esperamos alcançá-la.

Boa Sorte!

Um Bom Trabalho! Conte Conosco!

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 7

PLANO DE CURSO 10

1. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 13

1.1. A comunicação 13

1.2. Um breve histórico da língua portuguesa 13

1.2.1. História da língua portuguesa no Brasil 16

1.3. Concepção da linguagem 17

1.4. A linguagem: a língua, a fala e a escrita 18

NÍVEIS DE LINGUAGEM 23

1.5. Linguagem literária e não – literária 31

1.6. Funções da linguagem 35

2. CONCEPÇÕES DE LEITURA 40

2.1. O que é ler? 41

2.2. Afinal o que é leitura ? 41

2.3. Concepçoes de leituras e métodos 43

2.4. Leitura como processo de interação entre leitor e texto 44

2.5. Compreendendo o processo de leitura em suas várias dimensões 47

2.6. Conceituação de texto 55

2.7. Textualidade 56

2.7.1. Sócio-comunicativa 56

2.7.2. Semântica 57

2.7.3. Formal 58

2.8. Tipologia textual 59

2.9. Polissemia e ambigüidade 70

2.9.1. Polissemia 70

2.9.1.1. Significante e significado 71

2.9.2. Ambigüidades 73

2.10. Por que alguns leitores têm dificuldades de compreender textos diversos? 77

2.11. Para melhor entender um texto conceitos básicos de pragmática 80

SABOR E SABER: MATEMÁTICA E VIDA 82

SABER O SABOR DO SABER 84

3. A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO 87

3.1. Pela fala transmutamos o significado em sentidos 87

3.2. Princípios gerais de oratória 92

3.3. Para trabalhar a oratória 93

3.4. Caminhos para a prática da oratória 94

3.5. Orientações sobre como apresentar tipos de discursos 95

3.6. Orientações sobre os tipos de discurso 96

3.7. Cuidados com a voz 97

3.8. Elementos importantes na formação de um orador 98

4. DOCUMENTOS INFORMATIVO-REFERENCIAIS E OFICIAS 108

4.1. Fichamento 109

4.2. Resumo 117

4.3. Resenha 125

4.4. Correspondências e atos oficiais 129

4.5. Requerimento 136

4.6. Ofício 139

4.7. Memorando 141

4.8. Ata 143

4.9. Procuração 147

4.10. Currículo 148

4.11. Carta comercial 153

4.12. Exposição de motivos 154

4.13. Abaixo-assinado 157

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 158

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA – MODALIDADE Á DISTÂNCIA

DICIPLINA: COMUNICAÇÃO EM LINGUAGEM PORTUGUESA NA DOCÊNCIA DOCENTE: IZILDA NAZARÉ DE ALMEIDA GOMES ROSANA SIQUEIRA DE CARVALHO CARGA HORÁRIA: 80h/a

PLANO DE CURSO EMENTA

Comunicação Oral e Escrita. Estudo de texto. Compreensão, Interpretação e Análise Gramatical baseada em textos. Ênfase na Redação Oficial e Criativa. I. OBJETIVO GERAL

Formar um leitor crítico com competência textual para a compreensão e produção de textos

orais e escritos enfatizando a linguagem da Matemática. II. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Utilizar o processo de elaboração de textos, orais e escritos;

Compreender que o processo de leitura se realiza a partir do diálogo entre leitor e objeto lido, seja este escrito, sonoro, em gestos, numa linguagem de conhecimento;

Analisar características e funções do texto;

Identificar os elementos responsáveis pela textualidade como a estruturação, a coerência, a coesão, a clareza e a concisão dos textos narrativos, descritivos e dissertativos;

Analisar intertextualmente o texto, considerando os vários pontos de vista.

III. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE I – LINGUAGEM E COMUNICAÇAO Conteúdo

História, concepção e níveis básicos de linguagem.

Conceitos e diferenças de linguagem literária e não-literária.

Funções básicas da linguagem: conativa, denotativa, emotiva, metalinguística, fática e poética.

UNIDADE II – CONCEPÇÕES DE LEITURA Conteúdo

Conceituação do ato de “ler”; concepção, compreensão, método e aplicação do processo leitura.

Grupos de leitura: informação, consulta, ação, reflexão, distração, linguagem poética.

Conceituação de texto, estudo da textualidade e da tipologia textual (narração, descrição e dissertação).

Estudo da polissemia e da ambigüidade como elementos de diversificação comunicativa dentro da linguagem.

Elementos para a compreensão de um texto e conceitos básicos da pragmática: pressuposição e inferência.

UNIDADE III – A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO Conteúdo

A fala como transmutadora de sentidos e dos significados a serem interpretados.

Princípios gerais da oratória: escolha de assuntos, determinar objetivos, verificação das circunstâncias de apresentação e seleção de informações.

O trabalho da oratória: O que se deve buscar, onde deve aplicar e o que se pode conseguir com o uso correto da palavra.

Estudo da aplicação da prática da oratória e orientações sobre apresentação de discursos e os tipos de fala (informativas, persuasivas, debates).

Cuidados com a voz e os tons a serem utilizados: grave e solene; conversação formal; emocional.

Elementos importantes na formação de um orador: dicção, timbre, intensidade, entonação, tom da voz, gestos e postura.

UNIDADE IV – DOCUMENTOS INFORMATIVO REFERENCIAIS E OFICIAIS Conteúdo

Formas básicas de se leitura e organização das idéias de um texto: fichamento, resumo e resenha.

Confecção e apresentação de documentos oficiais: correspondências e atos oficiais; requerimentos; ofícios; memorando; procuração; currículo; carta comercial; exposição de motivos; abaixo assinado; ata;

IV. METODOLOGIA

O curso será desenvolvido predominantemente de discussões à distância por meio de e-mail e telefone, porém o mesmo contará com 2 (dois) momentos presenciais, ou seja, com a presença da tutoria.

Utilizar-se-ão leituras de textos, trabalhos de grupos, seminários e atividades individuais.

AVALIAÇÃO PESO

- Por meio de trabalhos individuais, em grupo, seminários ou debates, que realizar-se-ão em dois momentos

1.º MOMENTO: - A 1.ª avaliação realizar-se-á a partir do estudo e resultado das atividades referentes as I e II unidades do conteúdo programático da disciplina as quais deverão ser encaminhadas ao tutor.

2,0

2.º MOMENTO: - A 2.ª avaliação realizar-se-á a partir do estudo das unidades III e IV do conteúdo programático da disciplina, sendo esta aplicada no segundo encontro presencial.

8,0

Oi! Eu sou o Cartesiano. Tudo bem? Eu serei o seu guia neste

módulo de Língua Portuguesa e comunicação na Docência. Assim,

toda vez que aparecer terei uma novidade para discutir com

você.

Será que já se preocupou? Eu terei que estudar língua

portuguesa?

Mas os conceitos abordados nesse módulo, não são tão

complexos assim. Dessa forma, procure sempre seguir as

instruções antes de cada unidade e se você tiver dúvidas, Eu

(Cartesiano) estarei aqui lhe auxiliando. Ok?! Vamos lá!!

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

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1. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

Ao final desta unidade, você estará apto a:

- Definir linguagem e seus níveis;

- Reconhecer as características dos diferentes níveis de linguagem

- Diferenciar linguagem literária e não-literária;

- Apto a utilizar a linguagem matemática.

1.1 A comunicação

ATIVIDADE

1) Leia o texto localizado no site: http://sistemas.uepa.br:8888/matematicaead acerca do

processo de educação, linguagem e produção de conhecimento, de autoria de Jayme

Ferreira Bueno, retirado da REVISTA EDUCACIONAL. Educação, Linguagem e

Produção do Conhecimento v. 02 n. 4 jul./dez. 2001. Posteriormente, iremos discutir a

idéias apresentadas no texto.

Conversar

Vamos começar pela história da língua portuguesa. Assim

você descobre as transformações que a nossa língua sofreu

com o tempo.

1.2. Um breve histórico da língua portuguesa

A língua portuguesa tem a origem a modalidade falada do latim, desenvolveu-se na

costa oeste da Península Ibérica (atuais Portugal e região espanhola da Galiza, ou Galícia)

incluída na província romana da Lusitânia. A partir de 218 a.C., com a invasão romana da

península, e até o século IX, a língua falada na região é o romance, uma variante do latim

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

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que constitui um estágio intermediário entre o latim vulgar e as línguas latinas modernas

(português, castelhano, francês, etc.).

Durante o período de 409 d.C. a 711, povos de origem germânica instalam-se na

Península Ibérica. O efeito dessas migrações na língua falada pela população não é

uniforme, iniciando um processo de diferenciação regional. O rompimento definitivo da

uniformidade linguística da península irá ocorrer mais tarde, levando à formação de línguas

bem diferenciadas. Algumas influências dessa época persistem no vocabulário do português

moderno em termos como roubar, guerrear, etc.

A partir de 711, com a invasão moura da Península Ibérica, o árabe é adotado como

língua oficial nas regiões conquistadas, mas a população continua a falar o romance.

Algumas contribuições dessa época ao vocabulário português atual são arroz, alface, alicate

e refém.

No período que vai do século IX (surgimento dos primeiros documentos latino-

portugueses) ao XI, considerado uma época de transição, alguns termos portugueses

aparecem nos textos em latim, mas o português (ou mais precisamente o seu antecessor, o

galego-português) é essencialmente apenas falado na Lusitânia.

No século XI, com o início da reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-

português consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Os árabes são expulsos

para o sul da península, onde surgem os dialetos moçárabes, a partir do contato do árabe

com o latim. Em galego-português são escritos os primeiros documentos oficiais e textos

literários não latinos da região.

À medida que os cristãos avançam para o sul, os dialetos do norte interagem com os

dialetos moçárabes do sul, começando o processo de diferenciação do português em

relação ao galego-português. A separação entre o galego e o português se iniciará com a

independência de Portugal (1185) e se consolidará com a expulsão dos mouros em 1249 e

com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar o país. No século XIV surge a

prosa literária em português, com a Crônica Geral de Espanha (1344) e o Livro de

Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelona.

Muitos linguistas e intelectuais defendem a unidade linguística do galego-português

até a atualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o português modernos seriam

parte de um mesmo sistema linguístico, com diferentes normas escritas (situação similar à

existente entre o Brasil e Portugal, ou entre os Estados Unidos e a Inglaterra, onde algumas

palavras têm ortografias distintas). A posição oficial na Galiza, entretanto, é considerar o

português e o galego como línguas autônomas, embora compartilhando algumas

características. Outras informações sobre o galego moderno podem ser obtidas no Instituto

de Língua Galega da Universidade de Santiago de Compostela, organismo partidário de

uma ortografia galega bastante influenciada pelo castelhano, ou em uma página sobre o

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reintegracionismo, movimento que defende a adoção de uma ortografia próxima do galego-

português antigo e do português moderno.

Entre os séculos XIV e XVI, com a construção do império português de ultramar, a

língua portuguesa faz-se presente em várias regiões da Ásia, África e América, sofrendo

influências locais (presentes na língua atual em termos como jangada, de origem malaia, e

chá, de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o número de italianismos e

palavras eruditas de derivação grega, tornando o português mais complexo e maleável. O

fim desse período de consolidação da língua (ou de utilização do português arcaico) é

marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.

No século XVI, com o aparecimento das primeiras gramáticas que definem a

morfologia e a sintaxe, a língua entra na sua fase moderna: em Os Lusíadas, de Luis de

Camões (1572), o português já é, tanto na estrutura da frase quanto na morfologia, muito

próximo do atual. A partir daí, a língua terá mudanças menores: na fase em que Portugal foi

governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorpora palavras castelhanas

(como bobo e granizo); e a influência francesa no século XVIII (sentida principalmente em

Portugal) faz o português da metrópole afastar-se do falado nas colônias.

Nos séculos XIX e XX o vocabulário português recebe novas contribuições: surgem

termos de origem greco-latina para designar os avanços tecnológicos da época (como

automóvel e televisão) e termos técnicos em inglês em ramos como as ciências médicas e a

informática (por exemplo, check-up e software). O volume de novos termos estimula a

criação de uma comissão composta por representantes dos países de língua portuguesa,

em 1990, para uniformizar o vocabulário técnico e evitar o agravamento do fenômeno de

introdução de termos diferentes para os mesmos objetos.

O mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 170 e 210 milhões de

pessoas. O português, oitava língua mais falada do planeta (terceira entre as línguas

ocidentais, após o inglês e o castelhano), é a língua oficial em sete países: Angola (10,3

milhões de habitantes), Brasil (151 milhões), Cabo Verde (346 mil), Guiné Bissau (1 milhão),

Moçambique (15,3 milhões), Portugal (9,9 milhões) e São Tomé e Príncipe (126 mil).

O português é uma das línguas oficiais da União Européia (ex-CEE) desde 1986,

quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul

(Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português será ensinado como língua

estrangeira nos demais países que dele participam. Em 1994, é decidida a criação da

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que reunirá os países de língua oficial

portuguesa com o propósito de uniformizar e difundir a língua portuguesa e aumentar o

intercâmbio cultural entre os países membros.

Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresenta-se, como

qualquer língua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira

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mais ou menos acentuada quanto à pronúncia, a gramática e ao vocabulário. Tal

diferenciação, entretanto, não compromete a unidade do idioma: apesar da acidentada

história da sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a língua portuguesa

conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades.

1.2.1 História da língua Portuguesa no Brasil.

No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta em 1500), o

tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani)

foi usado como língua geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos

padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi

proibida por uma Provisão Real; mas, a essa altura, já estava sendo suplantado pelo

português em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos

jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Da língua

indígena o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju,

tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.

Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas

contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos propagou-

se também à Europa, veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria

(vocabulário ligado à religião e à cozinha afro-brasileiras), e do quimbundo angolano

(palavras como caçula, moleque e samba).

Um novo afastamento entre o português americano e o europeu aconteceu quando a

língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português

(principalmente por influência francesa) durante o século XVIII, mantendo-se fiel,

basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação

ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país

pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte,

ocasionando um ―re-aportuguesamento‖ intenso da língua falada nas grandes cidades.

Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de

imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas

modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as

regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.

No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português

aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento

unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter

formas diferentes nos dois países (comboio é trem, autocarro é ônibus, pedágio é

portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento

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romântico do início do século intensificaram a literatura nacional expressa na variedade

brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em

1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as

peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou

literariamente a norma brasileira.

A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da

portuguesa, o que surpreende em se tratando de um país tão vasto. A comparação das

variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva à conclusão de que aquelas

representam em conjunto um sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou

do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados

em algum dialeto do Brasil.

A insuficiência de informações rigorosamente científicas sobre as diferenças que

separam as variedades regionais existentes no Brasil não permite classificá-las em bases

semelhantes às que foram adotadas na classificação dos dialetos do português europeu.

Existe, em caráter provisório, uma proposta de classificação de conjunto que se baseia -

como no caso do português europeu - em diferenças de pronúncia (basicamente no grau de

abertura na pronúncia das vogais, como em pegar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e

na cadência da fala). Segundo essa proposta, é possível distinguir dois grupos de dialetos

brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades: amazônica e

nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense, mineira e sulina.

1.3. Concepções da linguagem

Desde os primórdios da humanidade, o homem usa os elementos comunicativos com

intuito de se manter caminhando sobre a terra. A partir dessa necessidade de sobrevivência,

esse homem ―criou‖ mecanismos para que pudesse estabelecer uma interligação com os

outros homens.

Assim, as relações mantidas entre os membros de uma sociedade fundamentam-se no

ato comunicativo que significa tornar comum aos demais indivíduos o que se pensa, sente

ou deseja.

As ilustrações abaixo podem representar elementos da

linguagem?

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

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42

x2 + 14x + 9 = 0

Para comunicar-se, o homem utiliza elementos diversos: sons, gestos, cores,

sensações...A essa capacidade humana, por meio da qual se manifesta algo aos

informantes de seu grupo, chamamos LINGUAGEM.

É notório ressaltar que é a partir da linguagem que o homem adquiri conhecimento do

mundo, desenvolve-se naturalmente por meio de suas experiências, vivencias comunitárias

e observações e ainda faz da aprendizagem algo significativo, haja vista que o ato de

apreender a ler e a escrever deve começar a partir de uma compreensão mais abrangente

do ato de ler o mundo, coisas que os seres humanos fazem antes de ler a palavra.

Dessa forma, você vive em mundo permeado pela linguagem (verbal, não verbal ou

mista), que nos norteia na decifração das diversas significações.

1.4 A linguagem: a língua, a fala e a escrita

Desde a antigüidade clássica, a origem da linguagem sempre foi elemento de

discussão e inquietação para o homem. Assim, saber como essa linguagem surgiu, como

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banto sudanês

camito semítico

dravídico australiano

munda polinésico

caucásico

indo europeu

uralo altaico

indo chinês

era utilizada, como foi transmitida de gerações em gerações tem sido um dos muitos

questionamentos feitos por lingüistas, filósofos e sábios. No entanto, afirmar-se com

exatidão qual seria a forma primária da linguagem, no sentido de oralidade, ainda é uma

incógnita.

Atualmente, os linguistas dividem as línguas existentes no mundo em quatro grandes

áreas separadas conforme a região geográfica do planeta que ocupem:

I. Línguas da África

II. Línguas da Ásia e Oceania

III. Línguas da Eurásia (Europa e Ásia)

IV. Línguas das Américas {Norte/Sul}.

Apresentação de conceitos acerca de linguagem, língua, dialeto:

Segundo Duböis at alii (1996, p. 387), linguagem é a ―capacidade especifica à

humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que

coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma

função simbólica e de um centro nervoso, geneticamente, especializado.‖

Esse sistema de signos vocais sempre é usado por uma determinada comunidade de

fala (grupo social ou comunidade linguística), a qual constitui uma língua particular. Assim, a

linguagem possui problemas que devem ser estudados a partir das diversas relações

desenvolvidas entre: a língua e sociedade, o sujeito e a linguagem, etc.

Conforme ressalta Campos (1998), a linguagem humana é o ato de comunicar

ideias, palavras, expressões, pensamentos, culturas e personalidades. Assim, é

pela maneira de comunicar ―a palavra‖, que o homem vive e consegue viver em

sociedade, pois é através da comunicação intermediada pelas várias formas de

LINGUAGEM, que ele se manifesta, se impõe, se transforma e muda o mundo ao

seu redor. Por isso, linguagem é necessária para a sobrevivência da humanidade,

porque ela é inata, imprescindível, indispensável, inerente a todo e qualquer

falante, o qual não possua nenhum problema físico-psicológico. Desta forma,

desde os princípios dos séculos o homem usa a linguagem para se manter

caminhando sobre a Terra, desenvolvendo mecanismos que facilitem e

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proporcionem um relacionamento vantajoso e algumas vezes harmônico como os

outros povos.

Ainda sobre a perspectiva linguística, temos a concepção de Sausurre (1991) que

define a linguagem como uma propriedade comum a todos os homem e

dependente de sua faculdade de simbolizar idéias e, apresenta dois elementos

básicos: a langue (língua) e a parole (fala)1. A língua é, portanto, uma parte da

linguagem, mas uma parte essencial. O pesquisador define língua como produto

social, coletivo, abstrato, inerente a uma comunidade e independente do indivíduo

enquanto a fala é a faculdade de falar, o ato inato, instintivo, como base biológica,

o ato individual, de vontade e inteligência, ato livre, concreto, ato de criação.

Dialeto: é variedade regional de uma língua, ou parte linguisticamente

determinada de uma região, diferenciada de outras regiões. Dialetos ou Patoás: é

um dialeto social reduzido a certos signos (fatos fonéticos ou regras combinatórias)

utilizado somente numa área reduzida e numa comunidade determinada, em geral,

―rural.‖ (Dubois, 1993, p. 562)

Leia o trecho abaixo e reflita acerca do papel do homem na comunidade.

O HOMEM É UM SER SOCIAL

―O homem, como um ser social, precisa se comunicar e viver em comunidade, que é onde

troca seus conhecimentos e suas experiências. Estes, por sua vez , irão levá-lo a assimilar e

compreender o mundo em que vive, dando-lhe meio para transformá-lo.‖

Ao acumular as experiências de sua comunidade, o homem vai construindo uma cultura

própria que é transmitida de geração para geração. Para transmitir sua cultura e para suprir sua

necessidade de buscar a melhor expressão de suas emoções, suas sensações e seus sentimentos,

o homem se viu diante de certos desafios: um deles foi o de criar e desenvolver uma maneira de

comunicar-se com seus semelhantes.

Distanciou-se, então, ainda mais dos outros animais, pois foi o único que conseguiu criar

símbolos e signos de vários tipos (linguísticos, picturais e gráficos), com o intuito de comunicar-se.

Nessa comunicação ele utiliza vários mecanismos de Linguagem. Mas, o que é linguagem?

(CARVALHO, R. S. e GOMES, I. N. C)

Segundo Duböis at alii (1996, p. 387), linguagem é a ―capacidade especifica à

humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), que

1 Dicotomia Langue vs. Parole.

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coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma

função simbólica e de um centro nervoso, geneticamente, especializado.‖

Esse sistema de signos vocais sempre é usado por uma determinada

comunidade de fala (grupo social ou comunidade linguística), a qual constitui uma

língua particular. Assim, a linguagem possui problemas que devem ser estudados

a partir das diversas relações desenvolvidas entre: a língua e sociedade, o sujeito

e a linguagem, etc.

Conforme ressalta Campos (1998:45), a linguagem humana é o ato de comunicar

ideias, palavras, expressões, pensamentos, culturas e personalidades. Assim, ―é

através da palavra‖, que o homem vive e consegue viver em sociedade, pois é

por meio do processo de comunicação, intermediado pelas várias formas de

LINGUAGEM, que o homem se manifesta, se impõe, se transforma e muda o

mundo ao seu redor. Por isso, a linguagem é necessária para a sobrevivência da

humanidade, porque ela é inata, imprescindível, indispensável, inerente a todo e

qualquer falante, o qual não possua nenhum problema físico-psicológico. Desta

forma, desde os princípios dos séculos o homem usa a linguagem para se manter

caminhando sobre a Terra, desenvolvendo mecanismos que facilitem e

proporcionem um relacionamento vantajoso e algumas vezes harmônico como os

outros povos.

Dentro do processo de comunicação a Linguagem é vista por Esteves (1997)

como uma forma de agir e interagir, isto é, usando a linguagem um falante

poderá não somente transmitir o que está pensado, mas também conseguir agir

sobre os outros falantes, modificando o comportamento desses.

Um dos princípios básicos do processo discursivo (visa evidenciar o princípio da

ocorrência da linguagem) está pautado no dialogismo – sem a existência de uma

outra pessoa, não pode ocorrer comunicação e interação -, sendo que inserido no

processo ‗comunicação‘, verificamos a existência de vários elementos

enunciativos (vários tipos de linguagem). Cada elemento enunciativo pode gerar

diversas e distintas formas de interação, por exemplo, a fala, os gestos, o

desenho, a pintura, a gravura, a dança, a música, o código Morse, o código de

trânsito, as cores manifestam comunicação.

Com base no que foi ressaltado anteriormente, temos a divisão clássica ou

tradicional da constituição da linguagem, ou seja, linguagem verbal, não-verbal

ou mista. Conforme essa visão podemos conceber que a linguagem verbal é

aquela que usa o verbo (palavra) no enunciado enquanto a linguagem não-verbal

seria aquela que utiliza as imagens (o não-verbo) para desenvolver uma

enunciação discursiva.

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De acordo com Geraldi (1987) a linguagem verbal está vinculada ao processo de

argumentação discursiva, isto é, toda vez que se usa a palavra, está se

trabalhando com o argumento verbal. Por isso, Geraldi concebe o processo de

argumentação da seguinte foram:

―Há argumentação toda vez que um locutor, por seu discurso, procura inferir sobre os julgamentos, as opiniões, as preferências de seu interlocutor (...) aquele que argumenta pretende interferir sobre as representações do outro com o alvo de modificá-lo‖

Ele criou o esquema abaixo:

Dentro da língua temos a língua oral ou falada e a língua escrita que apresentam

algumas características especificas que serão estudadas nos diversos textos,

posteriormente. Kato (1987: 41) diz que há dois pontos de partida na pedagogia de línguas:

a) a fala e a escrita, consideradas como dois códigos distintos e autônomos, de tal forma que aprender a ler e escrever é mesmo que aprender uma língua estrangeira; b) a escrita considerada como o retrato da fala padrão, de forma que se acredita que para se aprender ler e escrever é preciso aprender a fala padrão.

Há uma grande e nítida distinção entre os recursos usados dentro da linguagem oral e

da escrita, mas há também elementos constituivos que são comuns a ambas. Veja como Jô

Soares faz essa distinção com humor:

Exemplo:

Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como fala.

Pois é. U portuguêis é muito fáciu, porqui é um língua qui a genti iscrevi ixatamente cumu si fala.

Num é cumu inglêis qui dá até vontdi de ri quandu a genti discobri cumu é qui iscrevi algumas

palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão purexemplu . Qué coisa doida? Num bate

nada cum nada. Até nunespanhol qui parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom Qui minha língua é

o purtuguêis. Quem soubé falá sabi escrevê.

LINGUAGEM (VERBAL / NÃO-VERBAL) LÍNGUA FALADA OU ESCRITA

DIALETO

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NÍVEIS DE LINGUAGEM

O código que você usa para se comunicar é a língua portuguesa. Embora esse código

pareça sempre igual, você já deve ter percebido que, dependendo do assunto de que

tratamos, do local onde estamos, do interlocutor com quem falamos e também do meio que

utilizamos para nos comunicar, empregamos a língua de formas bastante diferentes.. Essa

pequena variação deve-se ao uso que cada indivíduo faz das palavras da

língua,combinando-as de modo diferente.Damos o nome de ―fala‖ à utilização particular,oral

ou escrita, que cada um faz da língua, ou seja, cada indivíduo do grupo social, ao utilizar o

código de comunicação que é a língua, estará praticando um ato da fala.

Observe que, ao contar uma anedota a um colega, você usa uma linguagem muito

diferente daquela que emprega quando vai falar com seu professor. Ao escrever uma carta,

sua linguagem também é diferente daquela que usa ao falar ao telefone.

E os exemplos poderiam se multiplicar: você utiliza um tipo de linguagem quando vai

visitar um parente num hospital e outro tipo ao comentar com seus amigos, o último show de

sua banda preferida.

Enfim, embora utilizemos um mesmo código - a língua portuguesa – para nossos atos

de comunicação, o uso que fazemos dele varia de acordo com alguns fatores. Esses vários

usos que fazemos da língua denominam-se níveis de linguagem.

É importante você perceber que não há um nível considerado ―o nível correto‖. O que

importa é a adequação da linguagem à situação. Por exemplo, num discurso de formatura

não utilizamos uma linguagem extremamente coloquial, repleta de gírias; devemos utilizar o

nível formal-culto, é como o próprio nome indica, o nível de fala utilizada, em situações

formais, pelas pessoas escolarizadas.é a linguagem que caracteriza-se por maior rigor no

uso do vocabulário e pela obediência às regras ditadas pela norma culta. Mas esse tipo de

linguagem pode ser empregado numa festa; em conversa com os amigos; sem problema

algum é a fala que a maioria das pessoas utiliza no dia-a-dia,sobretudo em situações

informais.

Sabemos, que a utilização da língua não se esgota nesses dois níveis de fala. Existem

ainda outros níveis.

Há também um nível de fala que chamamos de ―nível técnico ou profissional‖, como a

linguagem dos economistas, dos advogados, dos médicos,dos matemáticos,etc.

O texto abaixo está repleto de termos usados por pessoas ligadas ao ramo da

informática. Observe:

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GUERRA AO SPAM

Os spammers estão na mira do UOL. Quem usava um servidor próprio de e-mail para

enviar mensagens em massa via Speedy descobriu que a porta 25, usada pelo servidor

SMTP, foi bloqueada. Como resultado, só e-mail enviados via servidor UOL, vigiado pelo

provedor, chegam ao destinatário.

(O Estado de S. Paulo, 5 ago. 202. p. 112. Suplemento de Informática.)

Você observou que a linguagem utilizada torna o texto incompreensível para quem

não está habituada a utilizar a linguagem da informática.

Uma atividade que usa uma linguagem bastante específica, é o esporte. Quem não se

interessa por futebol, por exemplo, terá certa dificuldade para a compreensão precisa deste

texto:

Aos 38, Guilherme , que havia entrado no lugar do lateral-esquerdo Gilberto, cruzou e

encontrou Ânderson Lima sozinho na área, numa falha de marcação do lateral Diego.

Ânderson armou o chute e soltou uma bomba, empatando para o Grêmio.

Você já observou, que algumas expressões do futebol por sua grande popularidade

extrapolam o uso estritamente esportivo e passam a fazer parte do vocabulário normal das

pessoas em várias situações da vida. Acredito que você já tenha ouvido alguém dizer que

foi ―jogado para escanteio‖, isto quer dizer que seu namorado(a), amigo(a) lhe abandonou?,

a outra expressão é : ― ele driblou a crise ?‖ temos também, ― não entra de sola‖ , ― se me

derrubares é pênalti‖, e muitas outras que não devemos esquecer como ―os clichês, as

redundâncias ou impropriedades, como ―correr atrás do prejuízo‖ ou ―elo de ligação‖, tão

comuns nas linguagens utilizadas pelos comentaristas desse esporte.

(Lopes,Marcos Rogério > Palmeiras erra muito e pára no Grêmio.In:

O Estado de S.Paulo, l2 ago.2002. p. E8.)

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Agora, você irá estudar a linguagem matemática e suas

características.

Toda linguagem apresenta traços que a caracterizam, assim você deve estar

pensando: quais seriam os elementos textuais que comporiam a linguagem matemática? A

resposta para esse questionamento será dada a partir da leitura dos dois textos abaixo:

TEXTO 01- ATENTAR PARA A LINGUAGEM MATEMÁTICA2

Diariamente, convivemos com vários tipos de linguagem, tais como: corporal, de mímica, de

barras, cultas, inculta, artística, gráfica, cada uma com suas característica e sus modos de expressão.

A matemática também possui uma linguagem própria que se apresenta com seus termos, símbolos,

tabelas, gráficos entre outros. E um dos objetivos de ensino da matemática, segundo os Parâmetros

Nacionais (PCN‘s), é a aprendizagem dessa linguagem para se comunicar matematicamente.

Com toda linguagem, a linguagem matemática é um movimento na história das civilizações.

História época em que ela era prolixa e ambígua, por exemplo: Egito antigo, a variável (ou incógnita)

era ―ahá‖, que significava ―montão‖ (no sentido de muitos). Já os europeus e árabes escolheram a

palavra ―coisa‖ para designar quantidades desconhecidas. Euclides utilizava figuras (linguagem

geométricas) para estudar questões de aritmética ou álgebra; Diofanto, na Grécia antiga, escrevia

SS2x5Mu6, correspondente ao que hoje escrevemos 2x4+5x-6.

Até o século XVI, a linguagem matemática não utilizava a vírgula (decimal), nem os sinais de

vezes, maior, menor e igual. Também o ―x‖, era escrito AAAAAAA ou Aqqcc, sendo que indicador de

―quadrado‖ e c de ―cubo‖; assim como 2+3 era escrito 2 plus 3.

Com o objetivo de tornar-se mais precisa, a linguagem matemática evoluiu, pois tanto como a

palavra, muitas vezes, são ambíguas. No entanto, a história da matemática mostra-nos que não foi

sem dificuldades que os matemáticos conseguiram formas de traduzir questões de linguagem vulgar

para a linguagem matemática, e vice-versa.

Nas salas de aula, alunos e professores também enfrentam dificuldades para entender e para

explicar o significado da linguagem matemática repleta de símbolos próprios. Mas foi justamente o

simbolismo que internalizou a linguagem matemática, possibilitando que a matemática fosse

compreendida sem equívocos pelos matemáticos de qualquer país e que se tornasse uma

indispensável ferramenta para outras ciências.

2 LORENZATO, Sérgio. Para aprender matemática. São Paulo, autores associados, 2006.

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Nos dias atuais, a linguagem matemática caracteriza-se por ser resumida e precisa, além de

possuir expressões, regras, vocábulos e símbolos próprios. Exemplos disso são as fórmulas

matemáticas, que se tornam estigmas para muitos; elas são resultados de processos históricos e o

significado de cada um de seus símbolos precisa ser conhecido para que possam ser compreendidas

e empregadas corretamente. Cada fórmula representa uma síntese final de um processo e, por isso

mesmo, pode ser enigmática para aqueles que tentam começar seus estudos por ela, se tornando um

convite à memorização sem nexo. É o caso de a2

+ b2= c

2, que facilmente evoca ―Pitágoras‖ ou ―o

quadrado da hipotenusa e o quadrado dos catetos‖, mas que dificilmente nos remete à ideia básica

de que essa propriedade é válida para triângulos e somente para triângulos que possuam um ângulo

reto.

Sumariamente, pode-se dizer que a linguagem matemática escrita foi inicialmente influenciada

pela retórica, como mostra o exemplo seguinte, escrito há cerca de 5000 mil anos: ―somei a superfície

e o lado do meu quadrado e obtive 45‖. Atualmente, escrevemos isto assim: x2 + x = 45. Durante sua

evolução, a linguagem matemática também se utilizou da forma sincopada; nessa fase, o que, hoje,

escrevemos 6 + √10, era escrito 6.p.R.10 (lembre-se de que p vem de plus e R de raiz).

Atualmente, como simbólica, ela se apresenta bem resumida, mas conserva a precisão, como

mostra o exemplo seguinte: x є Q /0 x 1 (significando todos os infinitos números racionais que

sejam maiores que zero e simultaneamente menores que um).

Os símbolos mais frequentes, além dos números, são: vírgula, +, _, x, =, ≠, <,>,%, ( ), mas

existem muitos outros , tais como: √, ǝ , log, ʃ , sen, , , , , ∞, , , , !, cada um com seu preciso

significado.

A linguagem matemática também empresta da língua materna alguns termos, tais como: grupo,

anel, ideal, área, semelhante, áureo, enumerável, limite, imaginário, raiz. Cada vocábulo exprime uma

ideia bem definida, por exemplo: dois polígonos são semelhantes se tiverem às medidas dos lados

correspondentes proporcionais e os ângulos correspondentes congruentes. Note que o conceito de

semelhante de polígonos impõe claramente duas rígidas condições; já a linguagem popular, da qual

nos utilizamos diariamente, não exige vigor.

Essa diferença entre linguagem popular e linguagem matemática pode explicar, em parte, a

dificuldade que algumas pessoas têm para distinguir, por exemplo: perpendicular, de ortogonal;

superfície de área; poliedro, de polígono; trapézio, de quadrilátero; círculo, de circunferência; número,

de numeral, entre outros.

Ao lado da evolução da simbologia e dos termos utilizados para o registro, também evoluíram

as concepções, os nexos; assim, por exemplo, o ―x‖, inicialmente concebido como representante

apenas de um valor desconhecido, passou, séculos mais tarde, a representar também uma variável.

Desse modo, o estático foi substituído pelo movimento, como se fora uma foto substituída por um

filme.

Referente ao nexo, é importante lembrar que ele é fundamental ao raciocínio; sem ele, não

haverá compreensão e toda linguagem matemática se tornará inútil. Nós, professores, devemos

prestar atenção ao fato de que é possível fazer do simbólico mesmo sem conhecer o nexo

correspondente. É o caso das crianças que reconhecem um numeral, por exemplo: 7, meramente

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27

como uma marca relacionada à porta da sua casa ou apartamento ou à camisa do jogador preferido,

mas não conseguem relacionar o numeral com a quantidade de elementos ou unidades (sete), ou

com a posição em uma sequência ordenada (sétimo). Também é o caso dos alunos que empregam

corretamente uma fórmula, mas não sabem interpretar o resultado obtido.

Mesmo dentro da matemática, a linguagem se apresenta com diferentes nuanças. Tomemos,

por exemplo, o produto (a +b) (a+ b), isto é, (a + b)2, qual, quando alunos. Decoramos ser igual a (a

2

+ 2ab + b2), na linguagem simbólica algébrica; na linguagem retórica algébrica, (a + b)

2 seria assim

escrito: ―o quadrado da adição de dois números é igual ao quadrado do primeiro, mais duas vezes o

primeiro vezes o segundo, mais o quadrado do segundo‖. Particularizando, na linguagem simbólica

aritmética, teríamos (2 + 5)2 = 2

2 + 2.2.5 + 5

2. Esta mesma verdade seria apresentada pela linguagem

operacional aritmética assim:

Este exemplo mostra a versatilidade da linguagem matemática que apresenta uma mesma

propriedade vista por diferentes óticas. Essa riqueza e beleza matemática podem passar

despercebidamente a alguns alunos, levando a concluir que cada linguagem se refere

essencialmente a um distinto assunto (fatoração, produto, binômio, área).

Na sala de aula, tanto a apresentação como o uso da linguagem matemática deve ser

gradativo e respeitar estágio de evolução dos alunos. Isso significa aceitar que os alunos inicialmente

se exprimam através de sua linguagem para, depois, apresentar os termos já consagrados pela

linguagem matemática e, finalmente, os símbolos, matemáticos. Um exemplo dessa gradação são as

diferentes linguagens seguintes, referentes a um mesmo assunto: ―as três pontas dão meia roda‖, ―os

três ângulos juntos dão meia circunferência‖, ―a soma dos três ângulos dá 180º‖, ―a soma das

medidas dos ângulos internos de qualquer triângulo é 180º‖, ― + + =180º‖.

Sempre que nos deparamos com símbolos sem significado para nós, eles nos causam

sensações desagradáveis: que tal as palavras APИMETИKA e c, encontradas na escritura russa

e na esquimó, respectivamente?

a b

a b fig. 5

a2 ab ab b2

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28

O exemplo que se segue nos mostra a concretude presente na interpretação da noção de

ângulo, feita por uma criança de 09 anos quando indagada por outra sobre o que é ângulo: ‖é quando

as duas pontas se encontram e formam um bico‖.

Na revisão de assuntos numa 5ª série, quando à classe foi perguntado o que era preciso

lembrar para calcular a área de um triângulo, após trocas de opiniões, os alunos concordaram que a

fórmula b.h/2 ―esconde‖ muita coisa. Por exemplo: ―tem que saber tabuada, incluindo a de multiplicar

e dividir; tem que lembrar que é uma medida deitada e outra em pé e ainda ver a unidade de medida

antes de dar a resposta‖.

Há diferença entre linguagem oral e linguagem escrita da matemática. Por exemplo, elas

podem dificultar a escrita correta de ―uma dezena e oito unidades‖, expressão que, quando ouvida,

leva alguns alunos a escreverem ―108‖.

Ao lado das dificuldades que a linguagem matemática pode oferecer, existem também as

inerentes à própria língua materna, tanto pelo léxico como pela semântica, conforme ilustram os

exemplos seguintes: um professor explicou três vezes como calcular o menor múltiplo comum de dois

números, mas os alunos se mostram em dúvida até que um deles disse: ‖Entendi que pego os

múltiplos e separo o menor deles, mas o que quer dizer comum?‖. Outro exemplo é o do menino que

passava com pai no zoológico e pediu-lhe comprasse um dos bichos para ser levado para casa; a fim

de justificar a impossibilidade de atendimento do pedido, o pai lembrou ao filho que aquele animal

exigia uma especial alimentação; isto foi suficiente para a criança, com pureza e simplicidade, dizer:

‖então, vamos levar este‖, apontando para uma jaula na qual se lia ―não dê comida ao animal‖.

Quanto menor for a idade das crianças, maior deverá ser o cuidado com a linguagem

empregada em sala de aula: assim, se o objetivo for propiciar aos alunos a percepção da diferença

entre as noções de perímetro e de área, devemos realçar, para perímetro, as ideias de percorrer,

linha, adição, medida em m; e, para área, as idéias de varrer, superfície, multiplicação e medida em

m2. .

Enfim, a linguagem matemática devido às suas características atuais, é muito útil; no entanto,

ela pode tornar-se um forte complicador para a aprendizagem da matemática e, por isso, demanda

especial atenção do professor. Uma sugestão que pode auxiliar alunos e professores é a organização

de um glossário de termos e símbolos, conforme este forem aparecendo nos estudos.

TEXTO 02 - A LINGUAGEM MATEMÁTICA

A Matemática é uma das ciências mais antigas da humanidade, pois por meio de suas

descobertas e modelos de ensino-aprendizagem da matemática é que você tem acesso, hoje, a

diferentes conhecimentos adquiridos pelo homem nos primórdios da humanidade.

Dessa forma, essa ciência tem características especiais, entre as ciências compartilhadas

globalmente; essas características vêm do fato que muitos autores, como Koch (2002), a consideram

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29

como uma disciplina autônoma, por outros como SAVIANI3 a concebem enquanto linguagem

universal para o conhecimento científico.

O fato é que cresce o impacto de seus métodos gerais e precisos na formulação e obteção de

resultados em quase todas as ciências e na tecnologia, em geral. Tradicionalmente, a matemática

tem servido como ferramenta que permite chegar rapidamente a resultados científicos, de outra forma

difíceis e obscuros; mais recente e mais profunda a sua capacidade de fornecer diretamente uma

visão interna da própria natureza do fenômeno.

Não por acaso os filósofos e matemáticos sempre andaram muito próximos, afinal, ao longo

dos séculos, a matemática tem sido e continua sendo um instrumento científico indispensável para a

expansão do conhecimento do homem e suas atividades. E, se antes a matemática se aplicava mais

frequentemente à física e a engenharia, hoje suas possibilidades se estenderam irreversivelmente a

áreas como economia, administração, biologia, química, medicina e as ciências do meio ambiente.

Esse fato se deve em grande parte ao amadurecimento científico da matemática, ao advento dos

computadores, que possibilitaram o desenvolvimento e a aplicação de eficientes métodos de análise

e resolução Matemática.

Segundo Savianni (1985) a linguagem matemática não utiliza somente números, expressos,

frações para se comunicar, ela recorre ao auxílio de inúmeros recursos linguísticos para poder

desenvolver esse processo comunicativo, dessa forma, um recurso usado na linguagem produzida

pelo homem é denominada de simbólica.

Essa forma de expressão se manifesta por meio de raciocínio lógico, comparação,

memorização, relação com elementos contidos e/ou no mundo e nas proposições teóricas dos

cientistas.

Um claro exemplo deste fato está na Tabela de símbolos matemáticos, a qual refere-se a um

conjunto de símbolos comumente utilizados nas expressões. Uma vez que os matemáticos estão

familiarizados com estes símbolos, eles não são explicados de cada vez que são usados. Assim, a

tabela que se segue lista muitos símbolos comuns, conjuntamente com os seus nomes, pronúncias e

campo da matemática com que se relacionam. Adicionalmente, a segunda linha contém uma

definição informal e a terceira um curto exemplo.

Símbolos lógicos e a linguagem matemática

Ao longo dos anos, os matemáticos foram criando símbolos, com a finalidade de exprimir com

clareza e brevidade sua linguagem escrita.

Com tempo, o conjunto de símbolos foi se ampliando e a matemática adquiriu uma linguagem

própria, de caráter universal.

Hoje, pessoas do mundo todo, independentemente de sua nacionalidade, utilizam os mesmos

símbolos matemáticos. Por exemplo, a sentença:

3 SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo, Cortez 1985.

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Agora, você irá por em prática os conteúdos discutidos nos

itens anteriores.

Atividades sobre os textos: Atentar para a

linguagem matemática e a linguagem matemática.

1) Explique em no máximo quatro parágrafos o significado e a importância dos números

amigos?

2) Retire dos dois textos vocábulos ou expressões que caracterizem a linguagem

matemática.

3) Redija dois textos explicativos sobre uma equação matemática, sendo que o primeiro

seja direcionado a um leitor proficiente, com uma linguagem culta, porém sem

rebuscamento, para um leitor sem conhecimento cientifico, um leitor comum e o

segundo a um leitor de textos científicos (um especialista na área).

4) Explique a idéia principal do texto 01 e do 02.

5) Quais são as dificuldades do professor quanto ao ensino e aprendizagem da

matemática?

Vou pensar

6) O que caracteriza a linguagem matemática.

Agora, você irá estudar a linguagem literária e não literária

e como distinguir uma da outra.

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1.5. Linguagem literária e não – literária

A linguagem literária é rica em figuras (palavras de sentido figurado), comparações,

em que as palavras adquirem sentidos mais amplos do que geralmente possuem.

Na linguagem literária há uma preocupação na escolha e disposição das palavras, que

acabam dando vida e beleza a um texto.

Na linguagem literária conta muito a escolha do tema e a originalidade de expressão.

A linguagem não - literária é objetiva, preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a

palavra num sentido utilitário, sem preocupação artística. Geralmente, recorre à ordem

direta (sujeito, verbo, complementos).

Observe a linguagem nos textos a seguir:

Ex.: Texto 01 No hospital da cidade de Marabá, em plena

Amazônia, uma menina da qual se conhece apenas o primeiro nome, Rosália, dá entrada na emergência. Ela está em coma, tem vestes rasgadas, o rosto dilacerado [...] Rosália tem apenas 13 anos. Ela havia sido aliciada por dois homens a entrar clandestinamente no garimpo de Serra Pelada. Em troca de algum dinheiro, iria manter relações sexuais com dois garimpeiros. Isso fora o combinado.

Mas os fatos se sucederam de forma diferentes. Ao entrar no garimpo – onde até então não era permitida oficialmente a entrada de mulheres –, Rosália foi forçada a manter relações sexuais com mais de 30 homens, num só dia. Completamente desfigurada, em coma e com violenta hemorragia interna, ela foi lavada às pressas para o hospital de Marabá. Não houve jeito. Quatro horas depois, a pequena adolescente morria, deixando atrás de si mais do que a história de uma criança prostituída e sexualmente violentada na Amazônia brasileira.

A história de Rosália, uma menina das ruas de marabá, registrada pelo posto policial da cidade, no fundo é idêntica à de dezenas de milhares de outras meninas e meninos do Brasil entregues à prostituição. Com maior ou menor grau de violência, suas histórias constituem um dos aspectos mais cruéis e dolorosos da geração de rua do país, uma das mais comuns brutalidades a que está exposta essa infância marginaliza.

REPORTAGEM especial, Revista Afinal, São Paulo, 13 out. 1987. p. 32.

Ex.: Texto 02 Pequena crônica policial

Mário Quintana

Jazia no chão, sem vida, E estava toda pintada ! Nem a morte lhe emprestara A sua grave beleza ..... Com fria curiosidade, Vinha gente a espiar-lhe a cara, As fundas marcas da idade, Das canseiras, da bebida ..... Triste da mulher perdida Que um marinheiro esfaqueara ! Vieram uns homens de branco, Foi levada ao necrotério; E quando abriam, na mesa O seu corpo sem mistério, Que linda e alegre menina

Você deve ter notado que os textos acima tratam do mesmo tema, porém os autores

utilizam linguagens diferentes. Qual o tipo de linguagem é usada em cada exemplo? Antes

de prosseguir a leitura, anote no espaço abaixo o seu entendimento.

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ANOTAÇÕES

AGORA OBSERVE:

No texto 1, o autor preocupou-se relatar um crime contra uma

adolescente, usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupação

artística.

No texto 2, o autor trata do mesmo tema, mas com preocupação literária,

artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com sua maneira própria de

se expressar, utiliza uma linguagem lírica e serve-se ainda de eufemismos que

acabam por atenuar a figura trágica da vítima, fortalecendo o lirismo (Jazia no

chão, sem vida,/ E estava toda pintada !/ Nem a morte lhe emprestara/ A sua

grave beleza).

Atividades

A partir dos textos I e II, abaixo, produza dois textos expondo as suas opiniões sobre o

amor, sendo que você deverá escrevê-los em duas modalidades: a primeira literária e a

segunda não literária.

TEXTO I

TERNURA

(Vinicius de Moraes)

Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

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Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.

E posso te dizer que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta, muito quieta

E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o

olhar

[ extático da aurora.

Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa",

Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.

TEXTO II

ONDE ESTÁ O AMOR?

Estamos à procura do amor e não o encontramos! Afinal, onde

está mesmo o amor? O amor é muito fácil de ser encontrado, pois reside

nas coisas mais simples que possamos imaginar. No sorriso de uma

criança, lá está o amor. No cantar dos passarinhos, lá está o amor. Na

beleza da natureza, lá está o amor. Na música, lá está amor. Na

solidariedade com o próximo, lá está o amor. Na partilha do dízimo, lá

esta o amor. No perdão, lá está o amor. No cuidar dos idosos, dos

doentes, dos deficientes, dos meninos de rua, lá está o amor. Na

preocupação com o avanço da prostituição infantil, lá está o amor. Na

erradicação do analfabetismo, lá está o amor. Na visita aos hospitais,

aos asilos, aos orfanatos, aos presídios, aos cemitérios, lá está o amor.

Nas religiões, lá está o amor. No combate aos vícios mortais, lá está o

amor. Na sinceridade das pessoas, lá está o amor. Na família – por

excelência – é o lugar propicio onde o amor deve estar

permanentemente. Viram como é fácil encontrar o amor ? Agora, que o

amor já foi encontrado, é só colocá-lo em prática. Basta acreditar na sua

força divina que as coisas boas que nós esperamos, começam a

acontecer naturalmente. E por que não vamos sempre ao encontro do

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34

amor ? Porque somos egoístas, mesquinhos. Preferimos ignorar o amor

que existe, e assim deixamos de espalhar o bem em favor de uma vida

melhor para todos.

Podemos fazer o que quiser, mas se não tivermos amor no

coração, de nada adianta. O amor não suporta briga, confusão, calúnia,

inveja, perseguição. O amor é paciente, compassivo, misericordioso.

Mas nada neste mundo é mais rejeitado do que o amor! Em razão disso,

vemos a humanidade mergulhada n o sofrimento, na angústia, na

penúria. Apesar de ser incompreendido, o amor não se curva diante das

adversidades, das atrocidades, das injustiças, da própria morte. Quando

nascemos, a nossa inocência se transforma no amor mais puro que

existe, pois somos obra de deus. Ninguém nasce embrutecido,

predestinado para matar, para roubar. Depois, aos poucos, começa um

duelo sem fim para sufocar o amor. E o amor resiste, não se entrega.

Sabe que a batalha é árdua, mas a vitória acontecerá fatalmente. O

amor trabalha incessantemente pela conversão dos maus, dos

perversos, na esperança, na esperança de transformá-los para

ganharem o Reino dos Céus.

Não precisamos olhar apenas para o Oriente médio – região

dominada pelo terror – para ver o que estão fazendo com o amor. Em

muitas famílias não é diferente, onde o amor também está em crise, não

encontrando espaço para amor, mas mesmo assim não desiste jamais

de sua missão, até implantar a paz, o entendimento, a reconciliação.

Este é o papel do amor! Perdemos muito tempo nesta vida sem valorizar

o amor. Quando nos dermos conta, estamos doentes, alquebrados, sem

forças para desfrutar das belezas desta terra, que ao longo da nossa

existência o amor nos preparou com tanto carinho e que não soubemos

aproveitar. Jogamos tudo fora! Fomos simplesmente estúpidos,

ignorantes, pensando que o poder, a prepotência, a arrogância, a

ganância, o dinheiro, a posição social, superassem o amor, a humildade.

Apesar dos pesares, de uma coisa podemos ter absoluta certeza: o amor

sofre, mas será sempre imbatível, vitorioso. Podem os sanguinários, os

carrascos, os torturadores, os fanáticos, os ―homens-bombas‖ fazerem o

que quiserem, mas o amor triunfará, pois é próprio Jesus cristo que

transformará este mundo de horror, de medo, de incertezas, num mundo

verdadeiramente repleto de amor e muita paz. Isso é possível, sim!

Façamos a nossa pare já, para começarmos a colher os resultados de

um novo advento que está a caminho!

Ferrari, Hugo Antonio. Onde está o amor ?. In: O Liberal. Belém, 04/09/2006.

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35

1.6. Funções de linguagem

Veremos a seguir, as seis funções básicas da linguagem. Entretanto, como afirma o

linguista Roman Jakobson, ―dificilmente lograríamos (...) encontrar mensagens verbais que

preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas

diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de

uma mensagem depende basicamente da função predominante‖. (JAKOBSON, Roman.

Linguística e comunicação. São Paulo, Cultrix, s.d.).

Isto é, em uma mesma mensagem verbal podemos reconhecer sempre mais de uma

função. Por outro lado, em toda mensagem prevalece uma das seis funções.

Atenção ao esquema sobre funções na próxima página. Ele

pode ajudar você a compreender melhor às funções da

linguagem.

a) FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA: O objetivo do emissor é influenciar o

comportamento do receptor levando a adquirir o produto. Sua intenção de comunicação

é persuadir o ouvinte ou leitor, fazendo-o mudar de ideia, provocando uma mudança em

seu comportamento, é uma função muito presente em nosso cotidiano.

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36

Ex.: propagandas de televisão, jornais, revistas e outdoor.

Apesar de não possuir nenhuma chamada escrita, a imagem em si carrega a mensagem,

apelativa ao espectador (o esquilo matando a sede com coca-cola, no deserto)

b) FUNÇÃO REFERENCIAL OU DENOTATIVA: É mais a comum das funções da

linguagem, que se volta para informação, para o próprio contexto. A intenção é transmitir

ao receptor dados da realidade de uma forma direta e objetiva, com palavras

empregadas em seu sentido denotativo. Quando isso ocorre, fica caracterizada a função

referencial ou denotativa.

Na função referencial, normalmente prevalece o texto escrito em terceira pessoa, como

nos casos de trabalhos científicos e noticiários jornalísticos. Isso significa que o texto

estará concentrado no referente, ou seja, naquilo de que se fala (a terceira pessoa

gramatical).

IMPORTANTE: O texto possui caráter inteiramente

informativo, é racional, desprovido de qualquer carga

subjetiva, percebe-se que por parte do produtor textual

não há preocupação com a reação do destinatário.

Ex.: Reportagens de textos (jornais e revistas).

No dia-a-dia, filhos de camponeses fazem uma matemática peculiar, ligada às

necessidades reais. Durante o plantio, desenvolvem noções de geometria ao traçar e dividir

canteiros. Fazem estatística e cálculo ao contar e separar sementes. Finanças, ao

estabelecer preços para a produção. Lidam com volume e proporção ao estipular

quantidades de adubo. Observam regularidades no crescimento e no formato das plantas.

Tudo ao seu modo, com linguagem própria e pouca formalidade.

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Na escola, essas crianças costumam levar um choque. A Matemática que lhes é

imposta mais parece grego. Trata dos mesmos temas, mas despreza a informação que vem

de casa. Tudo em nome do cumprimento de um currículo ultrapassado, abstrato, baseado

numa formalização proposta há mais de 2000 anos. O resultado não poderia ser outro. O

aluno cria aversão à disciplina, não vê utilidade no que é ensinado e, claro, vai mal.

Se você conhece esse fracasso, não se culpe — nem responsabilize o estudante.

"O equívoco é do modelo, não das pessoas", afirma o professor Luiz Márcio Imenes,

engenheiro civil, mestre em Educação Matemática e autor de livros didáticos. Segundo ele,

os erros são históricos. O principal deles: gastar 95% do tempo das aulas fazendo

continhas. "O ensino deve estar voltado à resolução de problemas", enfatiza. Felizmente,

muita gente boa está mudando esse quadro.

Há pelo menos duas décadas, educadores de todo o mundo, organizados no

chamado Movimento de Educação Matemática, criam estratégias, propõem currículos com

enfoques diferentes para os conteúdos, pedem a reintegração da geometria ao programa e,

sobretudo, a adoção de uma abordagem ligada ao cotidiano e vinculada às demais áreas do

conhecimento. Essa aproximação se consegue com o alinhamento da didática a idéias

como a do Programa Etnomatemática, formulado por Ubiratan D’Ambrósio, professor

emérito da Universidade Estadual de Campinas e professor de pós-graduação na

Universidade de São Paulo (USP), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na

Universidade Estadual Paulista.

Para D’Ambrósio, a sabedoria da criança do campo (ou da favela, ou de um bairro

rico) nunca pode ser desprezada. "Quando respeita esse conhecimento, o professor cria

vínculo, faz um pacto com o aluno e ergue uma ponte entre a realidade cultural e o ensino

formal, preparando o terreno para a formação do espírito científico", compara.

c) FUNÇÃO EMOTIVA: Expressa emoções, as reações de surpresa, ódio, impaciência,

decepção e sentimento do emissor (eu), também é usado o pronome e verbos na

primeira pessoa (eu, me, mim, comigo, meu minha).

Ex.:

―Vivi momentos de uma intensa beleza à noite, quando fazia passeios à proa do navio. (...) Numa

dessas noites, assisti pela primeira vez na vida a um espetáculo quase irreal, que muitos velhos

marujos ainda não tiveram a felicidade de ver: um arco-íris de lua. Em plena lua cheia, chovendo

ao sul, um fantástico arco-íris no céu...‖. (KLINK, Amyr. Cem dias entre o céu e o mar. 25 ed. Rio

de janeiro, José Olympio, 1985, p. 15.)

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d) FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: É a função presente no ato de falar sobre a linguagem,

ocorre metalinguagem quando se dá uma definição ou quando se explica ou se pede

explicação sobre o conteúdo da mensagem. Por extensão, fala-se em metalinguagem

quando um filme tem por tema o próprio cinema, uma peça teatral tem por tema o teatro.

Ex.:

“– Como é isso, seu Alexandre? – perguntou o cego. – A cascavel meteu o rabo entre as pernas?

Cascavel não tem pernas.

– Está claro que não tem – respondeu Alexandre. – Quando a gente diz que uma criatura mete o

rabo entre as pernas, quer dizer que ela se encolhe, capionga4, percebe?‖ (RAMOS, Graciliano.

O estribo de prata. In Alexandre e outros heróis Editora Record – Rio de Janeiro, 1981, p. 41)

e) FUNÇÃO FÁTICA: Em alguns casos percebe-se que a preocupação do emissor é

manter o contato com o destinatário, prolongando uma comunicação ou então testando o

canal de comunicação com frases do tipo ―vejam bem‖ ou ―folha...‖ ou ―compreende?‖.

Essa preocupação com o contato caracteriza a função fática da linguagem.

Ex.: ―- Olá! Como Vai? – perguntou o homem de olhos empapuçados.‖ (Graciliano Ramos).

f) FUNÇÃO POÉTICA: Quando a intenção do emissor está voltada para a própria

mensagem, quer na seleção e na combinação das palavras quer na estrutura da

mensagem, ocorre a função poética. Como afirma Roman Jakobson, a função poética

―coloca em evidência o lado palpável, material dos signos‖.

Ao selecionar e combinar de maneira particular e especial às palavras, o poeta procura

obter alguns elementos fundamentais da linguagem poética:

- o ritmo;

- a sonoridade;

- o belo e inusitado das imagens.

Ex.:

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estão

Atravancando o meu caminho

Eles passarão

Eu passarinho!

(Mário Quintana)

4 Capionga: indivíduo que tem defeito em uma das vistas.

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Atividades

1) Tanto a imagem como a poesia possuem um slogan mundialmente famoso: ―beba Coca-

Cola‖. Baseado em ambos, responda às seguintes questões:

a) Comente as funções da linguagem predominantes tanto na figura quanto no poema.

b) Você concordaria com a afirmação de que o poema ―Beba Coca-cola‖ é uma

―antipropaganda‖? Justifique sua resposta.

2) Aula de Matemática

Pra que dividir sem raciocinar Na vida é sempre bom multiplicar E por A mais B Eu quero demonstrar Que gosto imensamente de você Por uma fração infinitesimal, Você criou um caso de cálculo integral E para resolver este problema Eu tenho um teorema banal Quando dois meios se encontram desaparece a fração

E se achamos a unidade Está resolvida a questão Prá finalizar, vamos recordar Que menos por menos dá mais amor Se vão as paralelas Ao infinito se encontrar Por que demoram tanto os corações a se integrar? Se infinitamente, incomensuravelmente, Eu estou perdidamente apaixonado por você

Antonio Carlos Jobim / Marino Pinto

No poema de Jobim predomina quais funções de linguagem:

a) referencial e metalinguística;

b) poética e emotiva;

c) poética, conativa e apelativa;

d) metalinguística, emotiva e fática;

e) fática, poética e denotativa.

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RESUMO

A língua portuguesa tem sua origem no tronco lingüístico latino, porém ao longo dos

séculos, passou por várias transformações, findando o uso do português arcaico durante o

século XVI, com o advento do que é considerada a fase moderna na língua.

O ―português‖ vai ser trazido para o Brasil durante essa fase, onde vai sofrer

influências de línguas nativas (o principal é o tupi) e das línguas de escravos negros (ioruba

e quimbundo), dando início a um caminho divergente aquele seguido pelo português

lusitano.

Sobre seu significado e importância, como língua, o português serve como principal

instrumento de comunicação das sociedades que o utilizam. A habilidade ímpar do ser

humano em decifrar signos faz da linguagem (escrita e falada) o meio supremo para a

interação entre indivíduos. No caso da língua portuguesa, esta tem diversidades grandes

especialmente no que concerne a seus níveis e funções.

Essas diferenças podem ser percebidas a partir do tipo de linguagem utilizada,

sendo esta literária ou não literária. A primeira é cheia de significações e comparações, e as

palavras adquirem um sentido mais abrangente. A segunda é um texto objetivo, utilitário.

Também existem as funções da linguagem, onde estão presentes as mensagens do

texto, e que abrangem a diversidade de signos que um texto pode ter. São elas: conativa,

denotativa, emotiva, metalingüística, fática e poética.

Quanto a relação entre linguagem e matemática, são analisadas as inferência e

interferências entre língua portuguesa e linguagem matemática, seja como forma de

trabalhar a comunicação dentro da sala de aula entre aluno e professor de matemática, seja

utilizando a linguagem da matemática para reavaliar a engenharia da produção de textos.

2. CONCEPÇÕES DE LEITURA

Ao final desta unidade, você estará apto a:

- Explanar as concepções de leitura e métodos;

- Compreender os processos de leitura;

- Utilizar com habilidade os recursos discursivos em situações práticas.

- Estabelecer comparação entre as várias formas de leitura.

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Oi! Tudo bem com você?

Hoje, começamos uma nova unidade e iremos

trabalhar o processo de leitura.

2.1. O que é ler?

Ler não é uma atividade simples como muitos pensam. Ler não é somente reconhecer

e valorizar as letras, as sílabas, as palavras de um texto. Pelo contrário, ler é muito mais que

isso. Ler é ver, é decodificar, é inferir, predizer, é levantar hipóteses, é confirmá-las ou negá-

las, é manipular pistas linguísticas do texto, é deduzir. Leitura, portanto, é uma atividade

bastante complexa, porque nela se envolvem, interativamente, vários tipos de

conhecimentos e de habilidades. A leitura exige muito trabalho intelectual do leitor, por isso

dizemos que a compreensão de um texto depende do desempenho intelectual do mesmo,

que passa a ter papel ativo durante esta atividade, interagindo com o seu interlocutor

(escritor), constantemente, na tentativa de reconstruir o sentido do texto que está lendo.

Kleiman (1989) nos alerta de que o ato de ler deve ultrapassar a mera decodificação,

extração de informações do material escrito em si, pois se escrever é externar, materializar

o pensamento para o trabalho dos interlocutores na produção conjunta do sentido do texto,

ler passa a ser a atividade de construção desta significação (o leitor ativa seus

conhecimentos prévios e testa-os para a confirmação), ou seja, o leitor atribui sentido à

materialidade produzida, opera com pistas e constrói hipóteses de acordo com suas

experiências anteriores de leitura.

2.2. Afinal o que é leitura?

A etimologia da palavra leitura se familiariza com o verbo ―colher‖ no sentido de

juntar os frutos no cesto. O verbo no latim ‖legere‖ que originou a palavra ler em português

significa reunir, juntar, colher, apanhar. Desse modo, assemelha-se a pelo menos um dos

sentidos do grego que é o de ―contar‖, na dupla acepção de ―somar‖ e ―narrar‖.

Mas como uma palavra não é definida apenas pela sua etimologia, faz-se

necessárias explicações no campo semântico para a formação de uma ideia mais completa.

O que é leitura? É uma pergunta com alto grau de complexidade, o que envolve uma

infinidade de possibilidades de respostas.

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Para conceituar leitura, não basta consultar num dicionário o significado da palavra;

visto que ler envolve várias coisas como: práticas e experiências do leitor (o que chamamos

de conhecimento prévio). Assim ler é considerar aquilo que envolve o mundo do leitor.

O conceito de leitura é polissêmico, isto é, possui vários sentidos. E entre os

numerosos sentidos a leitura como decodificação dos signos linguísticos é um dos sentidos

mais restritos que existe. Em resumo, é comum associar a leitura a um processo de

decodificação de textos, frases, palavras, em sons ou sequências de sons.

A leitura, no seu sentido amplo é ―a atribuição de sentidos‖. O que nos mostra que ler

nem sempre está ligado aos domínios do código linguístico, visto que se pode dar sentido

tanto a um texto escrito como a um oral.

Podemos ler qualquer manifestação da linguagem. A leitura é acompanhada pela

diversidade da linguagem, essa está presente na poesia, nas obras artísticas, nos animais,

nos jornais, na expressão corporal e gestual, nas pichações, nas latinhas de refrigerante

Podemos ler as mais variadas situações do cotidiano, um ambiente, uma pessoa; desde que

esses elementos façam algum sentido para nós. A leitura de um texto escrito também

funciona assim. Se o texto for interessante e se ligar as nossas experiências, o ato de ler vai

além da decifração dos sinais e deixa de ser um gesto puramente mecânico.

Ler se torna um processo complexo, visto que os problemas que o envolvem são os

mais variados, de ordem semânticos, culturais, filosóficos e inclusive, fonéticos.

A leitura é muito importante na vida das pessoas, porquanto é através dela que o

leitor adquire conhecimento. A leitura é sinônimo de entretenimento, diversão e também

uma fonte de prazer. Quando estamos sozinhos ou até mesmo solitários, a leitura também é

sinônimo de companheirismo. É a leitura que transmite as informações necessárias para o

cotidiano como escrever um recado, ler as instruções de um eletrodoméstico, ler um livro de

poesia, enfim, ter acesso ao mundo letrado. Quem lê bastante apresenta um vocabulário

mais rico, compreende melhor a estrutura gramatical e as normas ortográficas da língua

portuguesa. Além disso, os bons leitores têm melhores chances de escrever bem, já que a

leitura fornece a matéria-prima para a escrita.

Ler também é uma forma de libertar-se, de olhar o mundo por um novo ângulo, de

conquistar autonomia.

―Uma vez alfabetizada, a maioria das pessoas se limita à leitura com fins

eminentemente pragmáticos, mesmo suspeitando que ler significa interar-se com o mundo,

sendo também uma forma de conquistar autonomia, de deixar de ler pelos olhos de outrem‖.

(Martins, 1988, p. 23)

Um bom livro, uma boa leitura molda a nossa vida e influencia fortemente o nosso

comportamento e nossa forma de ver o mundo. E não é exagero dizer que aqueles que

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43

adquirem conhecimentos têm mais oportunidades de se lançar a este mundo tão competitivo

e excludente.

2.3. Concepções de leitura e métodos

Analisaremos agora as concepções de leitura, além dos diversos métodos para a

leitura e compreensão de um texto.

a) CONCEPÇÃO CLÁSSICA

A leitura consiste em emprestar voz às palavras, identificando todas as letras,

pronunciando corretamente todas as sílabas e as palavras. Isso equivale dizer que ler

consiste em dominar perfeitamente os mecanismos de base, que caracterizam a

combinatória do bê-á-bá. (Daniel Coste, 1874:40)

Admitindo-se tal concepção, acredita-se que, durante a leitura, os olhos percorrem

linearmente o enunciado, em um movimento uniforme e contínuo, da esquerda para a direita

identificando cada elemento da escrita. A compreensão seria a última etapa desse processo.

b) CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA

Estudos de Fisiologia e de Psicologia da Percepção já comprovaram que nem sempre

ler é um processo linear e contínuo, já que os olhos param e voltam atrás. Isso ocorre

porque os olhos são guiados pela busca de sentido. Estudos referentes à leitura,

desenvolvidos em diferentes áreas do conhecimento, confirmam que a leitura é uma

atividade de reconstrução de sentido, guiada pelo processo de compreensão. A

compreensão de sentido permeia todo o processo de leitura. Neste caso, a compreensão é

a base e não a consequência da leitura.

Para Lajolo (1982: 59), ler não é decifrar, como se o sentido de um texto fosse um jogo

de adivinhações. Ler é ser capaz de atribuir um significado ao texto, partindo do próprio

texto, de tal modo que cada leitor consiga relacioná-lo a todos os outros significados, seja

capaz de reconhecer nele o tipo de leitura que o autor pretendia e possa, depois, dono da

própria vontade, entregar-se à leitura ou rebelar-se contra ela.

c) OUTRAS CONCEPÇÕES TEXTO/LEITURA

―Um texto quer que alguém o ajude a funcionar‖. (Umberto Eco)

―A leitura do mundo sempre precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a

continuidade da leitura daquela‖. (Paulo Freire)

―Ler é está atento e observar o mundo que nos cerca‖ (Anita Andreatti)

Portanto, a leitura é um processo cognitivo (mental) que opera com a memória, com o

conhecimento e com a capacidade do leitor de fazer inferência.

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A leitura exige muito trabalho intelectual do leitor, por isso dizemos que a compreensão

de um texto depende do desempenho intelectual do leitor que passa a ter um papel ativo,

durante a leitura. Ele interage com o seu interlocutor (escritor) constantemente, na tentativa

de (re)construir o sentido do texto.

2.4. Leitura como processo de interação entre leitor e texto

A atividade de leitura consiste na interação à distância entre o leitor e o autor. O leitor

constrói, e não apenas recebe, um significado global para o texto; ele procura pistas ,

formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões. Porém, não há reciprocidade

com a ação do autor, que busca, essencialmente, a adesão do leitor, apresentando para

isso, da melhor maneira possível, os melhores argumentos, a evidência mais convincente de

forma mais clara possível, organizando e deixando nos textos pistas formais a fim de facilitar

a consecução de seu objetivo.

Mediante a leitura estabelece-se uma relação entre leitor e autor que tem sido definida

como de responsabilidade mútua. Decorre disso que ir ao texto com ideias preconcebidas,

inalteráveis, com crenças imutáveis, dificulta a compreensão quando estas não

correspondem àquelas que o autor apresenta, pois nesse caso o leitor nem sequer

consegue reconstruir o quadro referencial através das pistas formais.

O autor deve ser informativo, claro e relevante. Deve deixar pistas suficientes no seu

texto a fim de possibilitar ao leitor a reconstrução do caminho que ele percorreu. Já o leitor

deve acreditar que o autor tem algo relevante a dizer no texto, e que dirá de forma clara e

coerentemente.

Abaixo, você verá um exemplo de interatividade:

Leitura como processo cognitivo e interativo

Leitura é um ato de interação (entre aquele que lê e aquele que escrevi).

Leitura enquanto ato cognitivo = é atribuição, compreensão de sentidos envolve o sistema cognitivo.

Leitura = concepção (memória; estabelece relações, cria oportunidades, dá pistas, dicas, etc.)

Leitura = concepção (leitura de mundo – ideologia; a leitura de mundo antecede a palavra).

Leitura = aparato teórico metodológico (sentido acadêmico)

Leitura = aprendizagem do código escrito (decodificar, alfabetizar, soletrar, ler em voz alta, etc)

POESIA MATEMÁTICA (Millôr Fernandes)

As folhas tantas

Do livro de matemática

Um quociente apaixonou-se

Um dia

Doidamente

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa sexta potenciação

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

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Por uma incógnita

Olhou-a com o seu olhar inumerável

E viu-a do ápice a base

Uma figura impar

Olhos rombóides, boca trapezóide

Corpo octogonal, seios esferóides

Fez da sua vida

Uma vida

Paralela à dela

Até que se encontraram

No infinito

―Quem és tu?‖ indagou ele

Com ânsia radical

Eu sou a soma dos quadrados dos catetos

Mas pode me chamar de Hipotenusa

E de falarem descobriram que eram

O que, em aritmética, corresponde às almas

irmãs,

Primos entre si.

E assim se amaram

Retas, curvas, círculos e linhas senoidais

Nos jardins da quarta dimensão

Escandalizaram os ortodoxos das formulas

euclidianas

E os exegetas do universo finito

Romperam convenções newtonianas e

pitagóricas

E enfim, resolveram se casar

Constituir um lar

Em uma perpendicular

Convidaram os padrinhos

O Poliedro e a Bissetriz

E fizeram planos, equações e diagramas para o

futuro

Sonhando com a felicidade

Integral

E diferencial

E se casaram e tiveram uma secante e três

cones

Muitos engraçadinhos.

Atividades

Você não sabe o que paródia? Não acredito! Espere

um momento irei lhe ajudar auxiliado pelo meu

amigo Aurélio.

Bem, ele diz que paródia é uma versão cômica de

uma situação literária. Agora que você sabe o

significado de paródia, mãos a obra!

Segundo Massoud Moisés (1985:388), paródia é o nome que se dá a toda

composição literária que imita o tema ou a forma de uma obra séria, quer explorando

aspectos cômicos, quer expondo aspectos satíricos. Seu objetivo é ridicularizar um estilo ou

uma tendência dominante.

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Entre paráfrase, paródia e estilização os limites são assim estabelecidos: a paráfrase

caracteriza-se com um desvio mínimo, a paródia como desvio total e a estilização como um

desvio tolerável. (Sant‘Anna, 1985:38).

A seguir um exemplo de paródia de Oswald de Andrade (1981:41)

CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Coimbra, julho de 1843 Gonçalves Dias. In Primeiros Cantos, 1846

Trad. do texto de Goethe: Manuel Bandeira

CANTO DO REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade. In Pau-Brasil, 1925

1) Com base na Poesia Matemática, desenvolva uma paródia.

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AGORA VOCÊ LERÁ SOBRE O PROCESSO DE LEITURA

2.5. Compreendendo o processo de leitura em suas várias dimensões

Frank Smith (1986) psicolinguísta norte-americano, estudando a leitura, mostra que

gradativamente os pesquisadores da linguagem passam a considerá-la como um processo,

no qual o leitor participa com uma aptidão que não depende basicamente de sua

capacidade de decifrar sinais, mais de sua capacidade de dar sentido a eles, compreendê-

los e do que está sendo lido. Mesmo em se tratando da escrita, esse procedimento está

mais ligado a experiência pessoal, a vivência de cada um do que ao conhecimento

sistemático da língua.

Desta feita, a leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual for) e começa antes do

contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero codificador passivo

ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convive

passa a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a

um texto implica sempre levar em conta a situação de um texto e de seu leitor. E a noção de

texto aqui também é ampliada, não mais fica restrita ao que está escrito, mais se abre para

englobar diferentes linguagens.

Considerando as colocações acima, a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com

o objeto lido - seja escrito, sonoro, seja em gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse

diálogo é referenciado por um tempo e um espaço; uma -situação; desenvolvido de acordo

com os desafios e as respostas que o objeto apresenta, em função de expectativas e

necessidades, do prazer das descobertas e do reconhecimento de vivências do leitor.

Também o sustenta a intermediação de outro(s) leitor (es). Aliás, o papel do educador na

intermediação do objeto lido com o leitor é cada vez mais repensado; se, os discentes lerem

para/e ou pelo educando, ele passará a ler com, certamente ocorrerá o intercâmbio da

leitura favorecendo, a ambos, trazendo novos elementos para um e outro.

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Assim, o significado da palavra "leitura", em todos estes sentidos, depende de tudo

que está ocorrendo - não somente do está sendo lido, mas do porquê de um determinado

leitor estar lendo.

O mundo da leitura tem muitas facetas. Ler é uma atividade voluntária inserida num

projeto individual e/ou coletivo. Na diversidade de situações sociais com que se defronta, o

leitor deve mobilizar estratégias adequadas, de acordo com sua intencionalidade no ler.

Ironicamente, a única estratégia ensinada pela escola - a oralização de escrita revela-se

pouco eficaz em todas as situações de leitura do mundo contemporâneo. É importante

tentar então precisar a que correspondem estas diferentes situações de leitura.

José Juvêncio Barbosa (1992) distingue, nas situações possíveis, seis grandes grupos:

leitura de informação, leitura de consulta, leitura para ação, leitura de reflexão, leitura de

distração e leitura da linguagem poética.

a) LEITURA DE INFORMAÇÃO - é a situação de comunicação por excelência, que

aparece cada vez mais que uma mensagem é visada a fim de, complementar uma

lacuna no nosso conhecimento sobre aspectos da vida cotidiana, por exemplo. É a

leitura informativa dos jornais, revistas, instruções diversas, coletas de dados para fins

utilitários, normas, regimentos, etc. Atividade do leitor aqui é tomar conhecimento do

conteúdo da mensagem, sem preocupação de registro duradoura da informação. Esse

tipo de mensagem requer uma leitura rápida e precisa' sem qualquer envolvimento

afetivo pessoal.

Exemplo:

SOMOS AMAZÔNIDAS Por João Augusto de Oliveira*

Nada contra culturas e valores outros; muito pelo contrário, se possível fosse, deveríamos

conhecê-las todas.

No entanto, temos que primeiro conhecer, exaltar e gostar das coisas que esta nossa

portentosa Amazônia nos oferece, como que um presente dos céus.

Devemos não só apreciar, mas difundir as qualidades e variedades de nossos alimentos,

representados pelos inigualáveis frutos, peixes, mariscos, carnes, quelônios, etc. Nossas

verdadeiras ―especiarias‖, como o açaí, a bacaba, o tucumã, o bacuri, o cupuaçu, a pupunha, o

piquiá, a mandioca, esta nos oferecendo a substancial farinha (de diversos tipos), subprodutos

como o tucupi, a croeira e o polvilho. E, ainda, o tacacá, a maniçoba e o pato no tucupi.

Por que não assumir os hábitos gostosos e puros da vida cabocla, mesmo não nos

distanciando do atual, do moderno, já que muitos consideram ser caboclo um atraso ?

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Vamos nos posicionar contra esta postura preconceituosa existente contra nós. Até as

lendas e estórias da Amazônia, são tratadas pejorativamente. De outras ―paragens‖, vem com o

nome pomposo, solene e respeitável de mito. Aqui são estórias ―pra boi dormir‖.

Até o nosso açaizeiro foi homenageado no maranhão, com o município de Açailândia. E

nós aqui? nos lembramos tão pouco da nossa história ......

Sabemos, sim, que muitas homenagens prestamos para figuras que nada tem a ver

conosco, com exceções. Não fora nossos compositores, cantores, artistas, historiadores,

jornalistas e escritores, a memória do Pará e da Amazônia estariam muito pior. Por isso,

lamentamos a todo instante esta conduta de desamor pelas nossas coisas, e proclamamos o

orgulho de ser caboclos.

Enquanto nós não apercebemos de onde estamos, o que representamos e o que somos,

―levas‖ de estrangeiros se ―embrenham‖ pela Amazônia às vezes de forma ilegal estudando,

pesquisando, passeando, admirando as coisas fantásticas que temos.

Em uma reunião, alguém começar a narrar uma daquelas estórias ―fantásticas‖, como a da

matinta pereira, boto, cobra d‘água, cobra grande, etc, ou coisas da região, é o melhor ―remédio‖

para desmanchar ―roda‖, pois começam a sair de ―fininho‖, com desculpas das mais

esfarrapadas.

Mas se o papo versa sobre chimarrão ou saci pererê, olha! Aparece tanta gente para

dissertar sobre os pampas, que causaria inveja a qualquer gaúcho.

Sabem quantos de nós se ―atreve‖ a dizer que gosta de mingau, ou que com ele foi ―criado‖

? e que quando criança comeu chibé ? nenhum. Salvo as honrosas exceções, claro.

Vamos nos assumir, com orgulho, porque o mundo sempre esteve de ―olho‖ na gente, e

muitos dariam tudo para estar em nossos lugares.

*O autor é membro da Academia Paraense de Jornalismo

b) LEITURA DE CONSULTA - É utilizada todas as vezes que procuramos uma informação

pontual num conjunto complexo de informações: dicionário, enciclopédia, guias de

endereços, catálogos etc. Muitas vezes a leitura de informação pode tornar esse

aspecto, desde que procuremos uma informação precisa, sem dar importância para o.

restante do conteúdo da notícia ou da informação. É um tipo de leitura muito particular,

que exige uma exploração visual específica e seletiva, dissociada da compreensão

global do texto. Toda a atenção perceptiva obedece à intenção de localizar informação

visada.

Ex.: Atlas, enciclopédias, dicionários.

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c) LEITURA PARA AÇÃO - É extremamente frequente e mecânica; antecede,

orienta ou modifica um comportamento ou ação; necessariamente, não exige

uma formulação mental, bastando que o leitor coordene leitura e ação. Como a

compreensão da mensagem deve se traduzir numa atuação, trata-se de uma

leitura rápida seletiva, de lançar os olhos. É a leitura de placa de sinalização, e

avisos, de instrução. É também a leitura de cartazes de rua, das receitas de bolo,

dos manuais técnicos de montagem etc.

Ex.: Placas de Trânsito, ou placas de advertência.

d) LEITURA DE REFLEXÃO - É uma leitura mais densa, caracterizada por momentos de

apreensão do conteúdo do texto e momento de pausa na leitura. O ato de ler toma uma

forma silenciosa, integral, com retornos constantes para retomada de ideias já

desenvolvidas. É uma leitura de "estagio, normalmente relacionada ao trabalho

intelectual e aos estudos superiores: teses, obras filosóficas, literárias, etc‖.

Ex.:

―Muitos pensam que a pesquisa científica é uma atividade puramente racional, na qual o

objetivismo lógico é o único mecanismo capaz de gerar conhecimento. Como resultado,

os cientistas são vistos como insensíveis e limitados, um grupo de pessoas que

corrompe a beleza da Natureza ao analisá-la matematicamente. Essa generalização,

como a maioria das generalizações, me parece profundamente injusta, já que ela não

incorpora a motivação mais importante do cientista, o seu fascínio pela Natureza e seus

mistérios. Que outro motivo justificaria a dedicação de toda uma vida ao estudo dos

fenômenos naturais, senão uma profunda veneração pela sua beleza? A ciência vai

muito além da sua mera prática. Por trás das fórmulas complicadas, das tabelas de

dados experimentais e da linguagem técnica, encontra-se uma pessoa tentando

transcender as barreiras imediatas da vida diária, guiada por um insaciável desejo de

adquirir um nível mais profundo de conhecimento e de realização própria. Sob esse

prisma, o processo criativo científico não é assim tão diferente do processo criativo nas

artes, isto é, um veículo de autodescoberta que se manifesta ao tentarmos capturar

nossa essência e lugar no universo.‖

(GLEISER, Marcelo. A dança do universo. São Paulo: Cia. das Letras, p. 17)

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51

e) LEITURA DE DISTRAÇÃO - Contrariamente à leitura de reflexão ou de busca de

informação, o objetivo aqui é o relaxamento, a aventura, o passar o tempo. É a leitura

que coloca em jogo uma disponibilidade afetiva, emocional e encontra certa resistência,

herdada de uma sólida tradição escolar, por se tratar de uma leitura sem objetivos

culturais ou educativos. É a leitura do puro prazer, mais exige do leitor um domínio

perfeito do ato de ler; o leitor não deve despender esforço algum para sua efetivação.

Ela pode tomar a forma da leitura para espantar o tédio das salas de espera, dos

percursos das viagens e etc. É a leitura desinteressada.

Ex.:

Quadrinhos geralmente são considerados como leituras voltadas somente para a

distração, como os da turma da Mônica

(de Maurício de Souza).

A série de livros ―Comédias da vida privada‖, de Luís Fernando Veríssimo, se enquadra

na literatura de humor, sendo esta considerada como leitura de distração.

f) LEITURA DA LINGUAGEM POÉTICA - É aquela em que o leitor, além de visar o

conteúdo veiculado pelo texto, busca se deleitar com a sonoridade das palavras. É, por

exemplo, a leitura da poesia cujo prazer do conteúdo está ligado também ao prazer da

forma, a dimensão musical das palavras ou do texto. Uma primeira leitura em silêncio

permite ao leitor elaborar o conteúdo que orienta a entonação, ritmo e sonoridade. O ato

de ler toma uma forma; lenta a fim de tomar possível seja uma vocalização efetiva seja

uma pronúncia interior acentuada.

Ex.:

Poema em linha reta

Fernando Pessoa

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

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52

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida

Retirado de ―O Guardador de rebanhos e outros poemas‖, Cultrix, 1993, p.193)

Você tem como herança também o hábito de distinguir, nas diversas situações de

leituras, aquelas consideradas mais "nobres", vistos como as que atendem as verdadeiras

finalidades do ler, daquelas consideradas suspeitas por seu caráter utilitário ou alienante ou

não consideradas nem mesmo como leitura.

É preciso ter presente, entretanto, que a leitura é sempre uma elaboração da

informação, variando somente a intenção que o leitor deposita numa situação e noutra. É

em uma função do que o leitor projeta que ele seleciona as informações mais adequadas

para concretizar o seu projeto, quer se trate de um jornal, poema, legenda de um filme, tese,

revistas, ou receitas de cozinha, ler é uma atividade que se inscreve num interior do projeto;

é por isso que a leitura é flexível, múltipla, sem uma hierarquia preestabelecida que defina

uma leitura melhor de que as outras. Aprender a ler é aprender a explorar um texto, lenta ou

rapidamente, dependendo da intenção do leitor.

Uma situação de aprendizagem privada da relação que a leitura tem com o projeto ou

intenção do leitor deixa de lado a característica fundamental da leitura: a intencionalidade do

leitor.

Atividades

1) De acordo com a visão de Juvêncio Barbosa (1992) no texto ―compreendendo o

processo de leitura em suas várias formas‖, há seis grandes grupos de diferentes

situações de leitura. Explique e exemplifique pelo menos três desses grupos, utilizando

como base, além do material utilizado em sala, outras referências bibliográficas..

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53

2) Que tipo de leitura está ocorrendo quando um professor de matemática está preparando

uma aula? Justifique sua resposta utilizando outras referências bibliográficas além do

material utilizado em sala de aula.

Texto complementar

A VIDA EM SOCIEDADE

Na vida em sociedade, dependemos uns dos outros para viver e também para evoluir, seja

do ponto de vista material ou espiritual. Assim, quem vive em sociedade – como você – não

pode isolar-se, alienar-se: precisa estar bem integrado no mundo.

Para isso, o primeiro passo é informar-se, entender o mundo em que vivemos. Só depois de

entendê-lo é que poderemos opinar sobre as coisas e tentar mudar o que você acha errado.

Mas o mundo é tão complexo e há tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo! Por isso,

para entendê-lo, precisamos observar tudo o que ocorre à nossa volta e, principalmente ler,

ler de tudo:

a. Textos informativos em jornais e revistas (eles nos dizem como o mundo é);

b. Textos opinativos, neles estão expressos opiniões sobre o que acontece no mundo;

c. E também textos ficcionais, como romances e poemas, que são fruto da imaginação

humano (eles nos apresentam um mundo fictício, imaginário, mas que nos faz refletir sobre

o mundo real).

Lendo todos os tipos de texto, nos informamos e nos educamos a ter nossas próprias idéias

e opiniões sobre o mundo. Com o hábito da leitura, desenvolvemos também a capacidade

de produzir nossos próprios textos. Assim, ficará mais fácil transmitir nossas idéias e

opiniões para os leitores ou ouvintes.

Quem não tem ideia, quem não tem opinião, não tem o que falar!

Você irá ler, agora, um texto do jornalista Gilberto Dimenstein.

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PAZ SOCIAL

Está provado que a violência só gera mais violência. A rua serve para a criança

como uma escola preparatória. Do menino marginal esculpisse o adulto marginal,

talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de

vida:

Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto

abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em

que todos são, em menor ou maior escala, vítimas. São vítimas de uma sociedade

que não consegue garantir um mínimo de paz social.

Paz social significa poder andar na rua sem sei' incomodado por pivetes. Isso

porque num país civilizado não existe pivete. Existem crianças desenvolvendo suas

potencialidades. Paz é não tel medo de seqüestradores. E nunca desejar comprar

uma arma para se defender ou querer se refugiar em Miami. É não considerar

normal a idéia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança.

Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a

rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre o garoto que está dentro

do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender

chiclete ou pedir esmola.E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país

de Terceiro Mundo.

(DIMENSTEIN

5, Gilberto. O cidadão de papel - o Infância, a adolescência e os Direitos 'Humanos no Brasil. 16a

edição. São Paulo Ática, 1999 p 53)

5 Gilberto Dimenstein

Um dos jornalistas brasileiros de maior renome internacional. Formado na Fundação Cásper

Líbero, atua como colunista da Folha de S.Paulo e é integrante do Conselho Editorial do jornal. Foi diretor da sucursal de Brasília, chefe da Agência de Notícias e tem passagens pelo Jornal do Brasil, Correio Brasiliense, pela Revista Visão e pelo jornal Última Hora. Hoje atua também como comentarista da rádio CBN.

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Sobre o texto

Você diria que o texto "Paz social" é Informativo, opinativo ou fruto da fantasia humana? Por quê? 2.6. Conceituação de texto

É muito importante, para compreender o processo

de leitura, a compreensão do que vem a ser o

objeto lido, ou seja, o texto. Mas, o que vem a ser

um texto? Você sabe?

O termo “texto” tem sido conceituado de maneiras

diversas. Ele pode ser tomado em duas acepções: o

sentido lato e o restrito. a) Em sentido lato: texto é toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser

humano - um romance, um poema, um filme, uma pintura, uma escultura - isto é,

qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos. Em se

tratando de linguagem verbal, tem se o discurso, atividade comunicativa de um locutor,

numa situação de comunicação determinada.

b) Em sentido estrito: qualquer passagem falada ou escrita, capaz de formar um todo

significativo independente de sua extensão (Koch, 1996) unidade linguística básica, já

que as pessoas têm para dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas.

São textos (Val, 1991).

2.7. Textualidade:

Textualidade é o conjunto de características que faz de uma seqüência

lingüística um texto e não um amontoado aleatório de frases ou palavras. A

seqüência é percebida como um texto quando aquele que a recebe é capaz de

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56

compreendê-la como uma unidade significativa global. Essa unidade é garantida.

Através dos fatores pragmáticos (unidade sócio-comunicativa), semânticos

(coerência) e formais (coesão), como veremos a seguir:

2.7.1. Sócio-comunicativa:

Antes de qualquer coisa, um texto é uma unidade de linguagem em uso, cumprindo

uma função identificável num dado jogo de atuação sócio-comunicativa. Tem um

papel determinante em sua produção e recepção de uma série de fatores

pragmáticos. Eles são cinco: intencionalidade, aceitabilidade, situcionalidade,

informatividade e intertextualidade.

a) A INTENCIONALIDADE (emissor): concerne ao empenho do produtor em construir um

discurso coerente. Coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa

determinada situação sócio comunicativa. A meta pode ser: informar, ou impressionar,

ou alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender etc. E é ela que vai orientar a confecção

do texto.

b) A ACEITABILIDADE (receptor): que concerne à expectativa do recebedor de que o

conjunto de ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e

relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do

produtor.

c) A SITUCIONALIDADE (contexto): que diz respeito aos elementos responsáveis pela

pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do

texto à situação sócio comunicativa. Por exemplo, as placas de trânsito que são mais

apropriadas à situação específica que são usadas, do que um longo texto explicativo e

persuasivo que os motoristas sequer tivessem tempo de ler.

d) A INFORMATIVIDADE: O interesse do recebedor pelo texto vai depender do grau de

informatividade de que o último é portador. Um discurso menos previsível, por exemplo,

é mais informativo, porque a sua recepção, embora mais trabalhosa, resulta mais

interessante, mais envolvente. Entretanto, se o texto se mostrar inteiramente - inusitado,

tenderá a ser rejeitado pelo recebedor, que não conseguirá processá-lo. Assim, o ideal é

o texto se manter num nível mediano de informatividade, no qual se alternam

ocorrências de processamento imediato, que falam do conhecido, com ocorrência de

processamento mais trabalhoso, que trabalham a novidade.

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57

e) A INTERTEXTUALIDADE: Concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto

depende do conhecimento de outro(s) texto(s). De fato, "um discurso não vem ao mundo

numa inocente solicitude, mas constrói-se através de um já dito em relação a qual ele

toma posição. Inúmeros textos só fazem sentido quando entendidos em relação a outros

textos, que funcionam como seu contexto, isso é verdade tanto para a fala coloquial em

que se retomam conversas anteriores, quanto para os pronunciamentos políticos ou o

noticiário dos jornais, que requerem o conhecimento de discursos e notícias já

divulgadas, que são tomados como ponto de partida ou são respondidos‖.

2.7.2. Semântica:

A segunda propriedade básica do texto é o fato de ele construir uma unidade

semântica. A unidade semântica constitui um todo significativo, ou seja, a relação textual

existente entre as unidades lexicais proporciona as orações mantenham entre si uma lógica

que irá se manifestar desde o vocábulo até parágrafo desenvolvendo entre um paralelismo

formal, estrutural, sequencial de enredo.

Para tanto é necessário que se estabeleça também o processo da coesão e coerência

textuais.

A COERÊNCIA, fator responsável pelo sentido do texto, resulta da configuração que

assumem os conceitos e relações subjacentes à superfície textual. É considerado o fator

fundamental da textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Um discurso é

aceito como coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o

conhecimento de mundo do recebedor. Essa questão é fundamental. O texto não significa

exclusivamente por si mesmo. Seu sentido é construído não só pelo produtor como também

pelo recebedor, que precisa deter os conhecimentos necessários à sua interpretação. O

produtor do discurso não ignora essa participação do interlocutor e conta com ela. É fácil

verificar que grande parte dos conhecimentos necessários à compreensão dos textos não

vem explícita, mas fica dependente da capacidade de pressuposição e inferência do

recebedor.

2.7.3 Formal:

Finalmente o texto se caracteriza por sua unidade formal material. Seus constituintes

linguísticos devem se mostrar reconhecivelmente integrados, de modo a permitir que ele

seja percebido como um todo coeso. COESÃO, portanto, é o modo como os

componentes da superfície textual (as palavras e frases que compõem o texto) encontram-

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58

se conectados entre si numa seqüência linear, por meio de dependências de ordem

gramatical.

EXEMPLO:

O HOMEM PRODUTOR DE TEXTOS6

Algumas pessoas vivem dizendo: "Xi, não consigo escrever nada..." ou Minha maior dificuldade

é produzir texto... Também, a gente faz só uma redação por mês na escola!‖. O que elas não

percebem é que, ao falar essas coisas, estão produzindo texto‖.

No seu dia-o-dia, você produz textos o tempo todo: conversando com familiares enquanto toma

o café da manhã; com seus colegas ao chegar à escola; com seus professores durante as aulas;

mais tarde, ao fazer uma tarefa escolar; com seus amigos e amigas, quando fala sobre música, um

filme, um jogo, uma brincadeira, um problema pessoal!...

E mais: produzimos textos antes mesmo de aprendermos a língua escrita. Porque, como você já

percebeu os textos podem ser orais ou escritos. Não seria exagero afirmar que a maior parte dos

textos que produzimos são orais. Numa sociedade como a nossa, que valoriza muito a palavra

escrita, chegamos até a nos esquecer disso.

Atividades pense e responda

1) Algumas sociedades são ágrafas, ou seja, não têm a escrita. Você conhece algum povo

ágrafo? Esse povo produz textos?

2) Pense na sua história e na história da humanidade. O que veio primeiro: a fala ou a

escrita?

3) Por que a maior parte das sociedades valoriza tanto a palavra escrita? Dê a sua

opinião, escrevendo um pequeno texto expositivo.

4) Em que situações do seu dia-a-dia você produz textos orais? E textos escritos?

6 NICOLA, José de. & TERRA, Ernani. Práticas de linguagem: literatura e produção de textos, Vol. I.

São Paulo: Scipione, 2000.

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59

2.8. TIPOLOGIA TEXTUAL

Após você ter estudado o conceito de texto e ter

uma noção do que vem a ser textualidade,

finalmente posso lhe mostrar os tipos de texto

presentes na língua.

Há três tipos básicos de texto: descrição,

narração e dissertação. Resumidamente, é

possível definir esses tipos assim:

a) Descrição: é a caracterização de pessoas, lugares, objetos.

b) Narração: é o relato de fatos que envolvem personagens e que acontece num

determinado tempo e espaço.

c) Dissertação: é a forma de expressar opinião a cerca um assunto.

Detalhadamente, essas tipologias caracterizam-se da seguinte forma:

a) A descrição é a expressão verbal das sensações, ou seja, para descrever algo ou

alguém é necessário usar os sentidos (visão, audição, olfato, paladar, e tato), assim

você percebe a realidade e interpreta por meio da linguagem verbal. Portanto, é

muito importante despertar os sentidos e a imaginação para descrever de maneira

eficiente.

A descrição é também a reeducação dos nossos sentidos, das possibilidades de

percepção. É desenvolver a sensibilidade de aprender as características mais

marcantes e de estabelecer comparações, sensibilidades e imaginação. Leia a

descrição do conceito de aritmética no exemplo abaixo:

Ex.:

Aritmética Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A aritmética é um ramo (ou o antecessor) da matemática que lida com as

propriedades elementares de certas operações sobre numerais.

As operações aritméticas tradicionais são a adição, a subtracção, a

multiplicação e a divisão, embora operações mais avançadas (tais como as

manipulações de percentagens, raiz quadrada, exponenciação e funções

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60

logarítmicas) também sejam por vezes incluídas neste ramo. A aritmética desenrola-

se em obediência a uma ordem de operações.

A aritmética de números naturais, inteiros, racionais (na forma de fracções) e

reais é tipicamente estudada por crianças da escola, que aprendem algoritmos

manuais para a aritmética. Na vida adulta, no entanto, muitas pessoas preferem

utilizar ferramentas como calculadoras, computadores ou o ábaco para realizar

cálculos aritméticos.

O termo aritmética também é usado em referência à teoria dos números. Isto

inclui as propriedades dos inteiros relacionados com a primalidade, a divisibilidade e

a solução de equações em inteiros, bem como a pesquisa moderna que tem surgido

deste estudo. É neste contexto que se pode encontrar coisas como o teorema

fundamental da aritmética e funções aritméticas.

Retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Aritm%C3%A9tica

b) Narrar é contar histórias, inventar tramas, mistérios personagens, fatos. Você pode

narrar o que sonhou ou vivenciou na realidade ou na imaginação. Narrando, você

torna-se o senhor de tudo que compõe esse universo fascinante que é o ―contar‖.

Contar e ouvir histórias são atividades humanas muito antigas. Sherazade conseguiu

salvar da fúria de um rei que matava todas as suas esposas no dia seguinte à noite

de núpcias, contando histórias que despertavam no homem um fascínio tão grande

que ele necessitava ouvir o desfecho que Sherazade só revelava no dia seguinte.

Dessa maneira, ela conseguiu adiar a sua morte por muito tempo até chegou o

momento em que o rei já estava apaixonado por ela e não poderia mais matá-la. Leia

o exemplo de narração abaixo:

Ex.:

Primeira aventura de Alexandre Graciliano Ramos Naquela noite de lua cheia estavam acocorados os vizinhos na sala pequena de Alexandre:

seu Libório, cantador de emboladas, o cego preto Firmino e Mestre Gaudêncio curandeiro,

que rezava contra mordedura de cobras. Das Dores benzedeira de quebranto e afilhada do

casal, agachava-se na esteira cochichando com Cesária.

— Vou contar aos senhores... principiou Alexandre amarrando o cigarro de palha.

Os amigos abriram os ouvidos e Das Dores interrompeu o cochicho:

— Conte, meu padrinho.

Alexandre acendeu o cigarro ao candeeiro de folha, escanchou-se .na rede e perguntou:

— Os senhores já sabem porque é que eu tenho um olho torto?

Mestre Gaudêncio respondeu que não sabia e acomodou-se num cepo que servia de cadeira.

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61

— Pois eu digo, continuou Alexandre. Mas talvez nem possa escorrer tudo hoje, porque essa

história nasce de outra, e é preciso encaixar as coisas direito. Querem ouvir? Se não querem,

sejam francos: não gosto de cacetear ninguém.

Seu Libório cantador e o cego preto Firmino juraram que estavam atentos. E Alexandre abriu

a torneira:

— Meu pai, homem de boa família, possuía fortuna grossa, como não ignoram. A nossa

fazenda ia de ribeira a ribeira, o gado não tinha conta e dinheiro lá em casa era cama de gato.

Não era,Cesária?

— Era, Alexandre, concordou Cesária. Quando os escravos se forraram, foi um desmantelo,

mas ainda sobraram alguns baús com moedas de ouro. Sumiu-se tudo.

Suspirou e apontou desgostosa a mala de couro cru onde seu Libório se sentava:

— Hoje é isto. Você se lembra do nosso casamento, Alexandre?

— Sem dúvida, gritou o marido. Uma festa que durou sete dias. Agora não se faz festa como

aquela. Mas o casamento foi depois. É bom não atrapalhar.

— Está certo, resmungou mestre Gaudêncio curandeiro. É bom não atrapalhar.

— Então escutem, prosseguiu Alexandre. Um domingo eu estava no copiar, esgaravatando

unhas com a faca de ponta, quando meu pai chegou e disse:

— "Xandu, você nos seus passeios não achou roteiro da égua pampa?" E eu respondi: —

"Não achei, nhor não." — "Pois dê umas voltas por aí, tornou meu pai Veja se encontra a

égua." — "Nhor sim." Peguei um cabresto e saí de casa antes do almoço, andei, virei, mexi,

procurando rastos nos caminhos e nas veredas. A égua pampa era um animal que não tinha

agüentado ferro no quarto nem sela no lombo. Devia estar braba, metida nas brenhas, com

medo de gente. Difícil topar na catinga um bicho assim". Entretido, esqueci o almoço e à

tardinha descansei no bebedouro, vendo o gado enterrar os pés na lama. Apareceram bois,

cavalos e miunça, mas da égua pampa nem sinal. Anoiteceu, um pedaço de lua branqueou

os xiquexiques e os mandacarus, e eu. me estirei na ribanceira do rio, de papo para. o ar,

olhando o céu, fui-me amadornando devagarinho, peguei no sono, com o pensamento em

Cesária. Não sei quanto tempo dormi, sonhando com Cesária. Acordei numa escuridão

medonha. Nem pedaço de lua nem estrelas, só se via o carreiro de Sant'lago. E tudo calado,

tão calado que se ouvia perfeitamente uma formiga mexer nos garranchos e uma folha cair.

Bacuraus doidos faziam às vezes um barulho grande, e os olhos deles brilhavam como

brasas. Vinha de novo a escuridão, os talos secos buliam,as folhinhas das catingueiras

voavam. Tive desejo de. voltar para casa, mas o corpo morrinhento não me ajudou. Continuei

deitado, de barriga para cima, espiando o carreiro de Sant'lago. e prestando atenção ao

trabalho das formigas. De repente. conheci que bebiam água ali perto. Virei-me, estirei o

pescoço e avistei lá embaixo dois vultos malhados, um grande e um pequeno, junto da cerca

do bebedouro. A princípio não pude vê-los direito, mas firmando a vista consegui distingui-las

por causa das malhas brancas. — "Vão ver que é a égua pampa, foi o que eu disse. Não é

senão ela. Deu cria no mato e só vem ao bebedouro de noite." Muito ruim o animal aparecer

.àquela hora. Se fosse de dia e eu tivesse uma corda, podia laçá-lo num instante. Mas

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desprevenido, no escuro, levantei-me azuretado, com o cabresto na mão, procurando meio

de sair daquela dificuldade. A égua ia escapar, na certa. Foi aí que a idéia me chegou.

— Que foi que o senhor fez? Perguntou Das Dores curiosa.

Alexandre chupou o cigarro, o olho torto arregalado, fixo na parede. Voltou para Das Dores o

olho bom e explicou-se:

— Fiz tenção de saltar no lombo do bicho e largar-me com ele na catinga. Era o jeito. Se não

saltasse, adeus égua pampa. E que história ia contar a meu pai? Hein? Que história ia contar

a meu pai, Das Dores?

A benzedeira de quebranto não deu palpite, e Alexandre mentalmente pulou nas costas do

animal:

— Foi o que eu fiz. Ainda bem não me tinha resolvido, já estava escanchado. Um desespero,

seu Libório, carreira como aquela só se vendo. Nunca houve outra igual. O vento zumbia nas

minhas orelhas, zumbia como corda de viola. E eu então... Eu então pensava, na tropelia

desembestada: — "A cria, miúda, naturalmente ficou atrás e se perde, que não pode

acompanhar a mãe, mas esta amanhã está ferrada e arreada." Passei o cabresto no focinho

da bicha e, os calcanhares presos nos vazios, deitei-me, grudei-me com ela, mas antes levei

muita pancada de galho e muito arranhão de espinho rasga-beiço. Fui cair numa touceira

cheia de espetos, um deles esfolou-me a cara, e nem senti a ferida: num aperto tão grande

não ia ocupar-me com semelhante ninharia. Botei-me para fora dali, a custo, bem maltratado.

Não sabia a natureza do estrago, mas pareceu-me que devia estar com a roupa em tiras e o

rosto lanhado. Foi o que me pareceu. Escapulindo-se do espinheiro, a diaba ganhou de novo

a catinga, saltando bancos de macambira e derrubando paus, como se tivesse azougue nas

veias. Fazia um barulhão com as ventas, eu estava espantado, porque nunca tinha ouvido

égua soprar daquele jeito. Afinal subjuguei-a, quebrei-lhe as forças e, com puxavantes de

cabresto, murros na cabeça e pancadas nos queixos, levei-a. para a estrada. Ai ela

compreendeu que não valia a pena teimar e entregou os pontos. Acreditam vossemecês que

era um vivente de bom coração? Pois era. Com tão pouco ensino, deu para esquipar. E eu,

notando que a infeliz estava disposta a aprender, puxei por ela, que acabou na pisada baixa e

num galopezinho macio em cima da mão. Saibam os amigos que .nunca me desoriento.

Depois de termos comido um bando de léguas naquele pretume de meter o dedo no olho,

andando para aqui e para acolá, num rolo do inferno, percebi que estávamos perto do

bebedouro. Sim senhores. Zoada tão grande, um despotismo de quem quer derrubar o

mundo — e agora a pobre se arrastava quase no lugar da saída, num chouto cansado. Tomei

o caminho de casa. O céu se desenferrujou, o sol estava com vontade de aparecer. Um galo

cantou, houve nos ramos um rebuliço de penas. Quando entrei no pátio .da fazenda, meu pai

e os negros iam começando o ofício de Nossa Senhora. Apeei-me, fui ao curral, amarrei o

animal no mourão, cheguei-me à casa, sentei-me no copiar. A reza acabou lá dentro, e ouvi a

fala de meu pai: — "Vocês não viram por aí o Xandu?" — "Estou aqui, nhor sim, respondi cá

de fora" — "Homem, você me dá cabelos brancos, disse meu pai abrindo a porta. Desde

ontem sumido!" — "Vossemecê não me mandou procurar a égua pampa?" —"Mandei, tornou

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o velho. Mas não mandei que você dormisse no mato, criatura dos meus pecados. E achou

roteiro dela?" — "Roteiro não achei, mas vim montado num bicho. Talvez seja a égua

pampa., porque tem malhas. Não sei, nhor não, só se vendo. O que sei é que é bom de

verdade: com umas voltas que deu ficou pisando baixo, meio a galope. E parece que deu

cria: estava com outro pequeno." Aí a barra apareceu, o dia clareou. Meu pai, minha mãe, os

escravos e meu irmão mais novo, que depois vestiu farda e chegou a tenente de polícia,

foram ver a égua pampa. Foram, mas não entraram no curral: ficaram na porteira, olhando

uns para os outros, lesos, de boca aberta. E eu também me admirei, pois não.

Alexandre levantou-se, deu uns passos e esfregou as mãos, parou em frente de mestre

Gaudêncio, falando alto, gesticulando:

— Tive medo, vi que tinha feito uma doidice. Vossemecês adivinham o que estava amarrado

no mourão? Uma onça-pintada, enorme, da altura de um cavalo. Foi por causa das pintas

brancas que eu, no escuro, tomei aquela desgraçada pela égua pampa.

Texto extraído do livro “Alexandre e outros heróis”, Editora Record –

Rio de Janeiro, 1981, pág. 11.

c) Dissertar é opinar, é ter uma postura crítica perante o mundo, é refletir e discutir

sobre questões impostas pela vida em sociedade. A dissertação é composta de um

tema (assunto), que será analisado e discutido por argumentos que defendem

uma tese (idéia a ser discutida). A condição básica para se elaborar uma boa

dissertação é o conhecimento do assunto a ser abordado, pois sem esse

conhecimento fica muito mais difícil arranjar argumentos que convençam o leitor da

sua tese, já que a dissertação é também um texto persuasivo, ou seja, que tem a

intenção de convencer o leitor de algo.

Preste atenção!

A dissertação apresenta normalmente três partes: introdução, desenvolvimento e

conclusão.

a) introdução - breve comentário do tema; esboço das idéias que serão discutidas no

desenvolvimento;

b) desenvolvimento - parte mais longa do texto na qual as idéias serão expostas e

discutidas; argumentação;

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c) conclusão – parte final do texto; idéias e argumentos apresentados na introdução e no

desenvolvimento amarram-se e formam um resumo coerente.

Ex.:

HISTORIA DA MATEMÁTICA

Por volta dos séculos IX e VIII A.C., a matemática engatinhava na Babilônia. Os babilônios e os egípcios

já tinham uma álgebra e uma geometria, mas somente o que bastasse para as suas necessidades práticas, e

não de uma ciência organizada. Na Babilônia, a matemática era cultivada entre os escribas responsáveis pelos

tesouros reais.

Apesar de todo material algébrico que tinham os babilônios e egípcios, só podemos encarar a matemática

como ciência, no sentido moderno da palavra, a partir dos séculos VI e V A.C., na Grécia. A matemática grega se

distingue da babilônica e egípcia pela maneira de encará-la.

Os gregos fizeram-na uma ciência propriamente dita sem a preocupação de suas aplicações práticas. Do

ponto de vista de estrutura, a matemática grega se distingue da anterior, por ter levado em conta problemas

relacionados com processos infinitos, movimento e continuidade. As diversas tentativas dos gregos de

resolverem tais problemas fizeram com que aparecesse o método axiomático-dedutivo.

O método axiomático-dedutivo consiste em admitir como verdadeiras certas preposições (mais ou menos

evidentes) e a partir delas, por meio de um encadeamento lógico, chegar a proposições mais gerais.

As dificuldades com que os gregos depararam ao estudar os problemas relativos a processos infinitos

(sobretudo problemas sobre números irracionais) talvez sejam as causas que os desviaram da álgebra,

encaminhando-os em direção à geometria.

Realmente, é na geometria que os gregos se destacam, culminando com a obra de Euclides, intitulada

"Os Elementos".

Sucedendo Euclides, encontramos os trabalhos de Arquimedes e de Apolônio de Perga. Arquimedes

desenvolve a geometria, introduzindo um novo método, denominado "método de exaustão", que seria um

verdadeiro germe do qual mais tarde iria brotar um importante ramo de matemática (teoria dos limites).

Apolônio de Perga, contemporâneo de Arquimedes, dá início aos estudos das denominadas curvas

cônicas: a elipse, a parábola, e a hipérbole, que desempenham, na matemática atual, papel muito importante.

No tempo de Apolônio e Arquimedes, a Grécia já deixara de ser o centro cultural do mundo. Este, por

meio das conquistas de Alexandre, tinha-se transferido para a cidade de Alexandria. Depois de Apolônio e

Arquimedes, a matemática grega entra no seu ocaso.

A 10 de dezembro de 641, cai a cidade de Alexandria sob a verde bandeira de Alá. Os exércitos árabes,

então empenhados na chamada Guerra Santa, ocupam e destroem a cidade, e com ela todas as obras dos

gregos. A ciência dos gregos entra em eclipse.

Mas a cultura helênica era bem forte para sucumbir de um só golpe; daí por diante a matemática entra

num estado latente.

Os árabes, na sua arremetida, conquistam a Índia encontrando lá um outro tipo de cultura matemática: a

Álgebra e a Aritmética.

Os hindus introduzem um símbolo completamente novo no sistema de numeração até então conhecido: o

ZERO. Isto causa uma verdadeira revolução na "arte de calcular".

Dá-se início à propagação da cultura dos hindus por meio dos árabes. Estes levam à Europa os

denominados "Algarismos arábicos", de invenção dos hindus. Um dos maiores propagadores da matemática

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65

nesse tempo foi, sem dúvida, o árabe Mohamed Ibn Musa Alchwarizmi, de cujo nome resultaram em nossa

língua as palavras algarismos e Algoritmo.

Alehwrizmi propaga a sua obra, "Aldschebr Walmakabala", que ao pé da letra seria: restauração e

confonto. (É dessa obra que se origina o nome Álgebra). A matemática, que se achava em estado latente,

começa a se despertar.

No ano 1202, o matemático italiano Leonardo de Pisa, cognominado de "Fibonacci" ressuscita a

Matemática na sua obra intitulada "Leber abaci" na qual descreve a "arte de calcular" (Aritmética e Álgebra).

Nesse livro Leonardo apresenta soluções de equações do 1º, 2º e 3º graus.

Nessa época a Álgebra começa a tomar o seu aspecto formal. Um monge alemão. Jordanus Nemorarius

já começa a utilizar letras para significar um número qualquer, e ademais introduz os sinais de + (mais) e -

(menos) sob a forma das letras p (plus = mais) e m (minus = menos).

Outro matemático alemão, Michael Stifel, passa a utilizar os sinais de mais (+) e menos (-), como nós os

utilizamos atualmente. É a álgebra que nasce e se põe em franco desenvolvimento. Tal desenvolvimento é

finalmente consolidado na obra do matemático francês, François Viete, denominada "Algebra Speciosa".

Nela os símbolos alfabéticos têm uma significação geral, podendo designar números, segmentos de retas,

entes geométricos etc.

No século XVII, a matemática toma nova forma, destacando-se de início René Descartes e Pierre Fermat.

A grande descoberta de R. Descartes foi sem dúvida a "Geometria Analítica" que, em síntese, consiste

nas aplicações de métodos algébricos à geometria.

Pierre Fermat era um advogado que nas horas de lazer se ocupava com a matemática.

Desenvolveu a teoria dos números primos e resolveu o importante problema do traçado de uma tangente

a uma curva plana qualquer, lançando assim, sementes para o que mais tarde se iria chamar, em matemática,

teoria dos máximos e mínimos.

Vemos assim no século XVII começar a germinar um dos mais importantes ramos da matemática,

conhecido como Análise Matemática.

Ainda surgem, nessa época, problemas de Física: o estudo do movimento de um corpo, já anteriormente

estudados por Galileu Galilei. Tais problemas dão origens a um dos primeiros descendentes da Análise: o

Cálculo Diferencial.

O Cálculo Diferencial aparece pela primeira vez nas mãos de Isaac Newton (1643-1727), sob o nome de

"cálculo das fluxões", sendo mais tarde redescoberto independentemente pelo matemático alemão Gottfried

Wihelm Leibniz. A Geometria Analítica e o Cálculo dão um grande impulso à matemática.

Seduzidos por essas novas teorias, os matemáticos dos séculos XVII e XVIII, corajosa e

despreocupadamente se lançam a elaborar novas teorias analíticas. Mas nesse ímpeto, eles se deixaram levar

mais pela intuição do que por uma atitude racional no desenvolvimento da ciência.

Não tardaram as consequências de tais procedimentos, começando por aparecer contradições. Um

exemplo clássico disso é o caso das somas infinitas, como a soma abaixo:

S = 3 - 3 + 3 - 3 + 3...........

supondo que se tenha um nº infinito de termos.

Se agruparmos as parcelas vizinhas teremos:

S = (3 - 3) + (3 - 3) + ...........= 0 + 0 +.........= 0

Se agruparmos as parcelas vizinhas, mas a partir da 2ª, não agrupando a primeira:

S = 3 + ( - 3 + 3) + ( - 3 + 3) + ...........= 3 + 0 + 0 + ......... = 3

O que conduz a resultados contraditórios.

Esse "descuido" ao trabalhar com séries infinitas era bem característicos dos matemáticos daquela época,

que se acharam então num "beco sem saída'.

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66

Tais fatos levaram, no ocaso do século XVIII, a uma atitude crítica de revisão dos fatos fundamentais da

matemática. Pode-se afirmar que tal revisão foi a "pedra angular" da matemática. Essa revisão se inicia na

Análise, com o matemático francês Louis Cauchy (1789 - 1857), professor catedrático na Faculdade de Ciências

de Paris.

Cauchy realizou notáveis trabalhos, deixando mais de 500 obras escritas, das quais destacamos duas na

Análise: "Notas sobre o desenvolvimento de funções em séries" e "Lições sobre aplicação do cálculo à

geometria".

Paralelamente, surgem geometrias diferentes da de Euclides, as denominadas Geometrias não

euclidianas.

Por volta de 1900, o método axiomático e a Geometria sofrem a influência dessa atitude de revisão crítica,

levada a efeito por muitos matemáticos, dentre os quais destacamos D. Hilbert, com sua obra "Fundamentos da

Geometria" ("Grudlagen der Geometrie" título do original), publicada em 1901. A Álgebra e a Aritmética tomam

novos impulsos.

Um problema que preocupava os matemáticos era o da possibilidade ou não da solução de equações

algébricas por meio de fórmulas que aparecessem com radicais.

Já se sabia que em equações do 2º e 3º graus isto era possível; daí surgiu a seguinte questão: será que

as equações do 4º graus em diante admitem soluções por meio de radicais?

Em trabalhos publicados por volta de 1770, Lagrange (1736 - 1813) e Vandermonde (1735-96) iniciaram

estudos sistemáticos dos métodos de resolução. À medida em que as pesquisas se desenvolviam no sentido de

achar tal tipo de resolução, ia se evidenciando que isso não era possível.

No primeiro terço do século XIX, Niels Abel (1802-29) e Evariste de Galois (1811-32) resolvem o

problema, demonstrando que as equações do quarto e quinto grau em diante não podiam ser resolvidas por

radicais.

O trabalho de Galois, somente publicado em 1846, deu origem a chamada "teoria dos grupos" e à

denominada "Álgebra Moderna", dando também grande impulso à teoria dos números.

Com respeito à teoria dos números não nos podemos esquecer das obras de R. Dedekind e Gorg Cantor.

R. Dedekind define os números irracionais pela famosa noção de "Corte". Georg Cantor dá início à chamada

Teoria dos conjuntos, e de maneira arrojada aborda a noção de infinito, revolucionando-a.

A partir do século XIX a matemática começa então a se ramificar em diversas disciplinas, que ficam cada

vez mais abstratas.

Atualmente se desenvolvem tais teorias abstratas, que se subdividem em outras disciplinas.

Os entendidos afirmam que estamos em plena "idade de ouro" da Matemática, e que nestes últimos

cinquenta anos tem se criado tantas disciplinas, novas matemáticas, como se haviam criado nos séculos

anteriores.

Esta arremetida em direção ao "Abstrato", ainda que não pareça nada prática, tem por finalidade levar

adiante a "Ciência".

A história tem mostrado que aquilo que nos parece pura abstração, pura fantasia matemática, mais tarde

se revela como um verdadeiro celeiro de aplicações práticas.

FONTE: “LISA - BIBLIOTECA DA MATEMÁTICA MODERNA : OLIVEIRA, ANTÔNIO MARMO DE.‖

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67

IMPORTANTE:

Todo texto apresenta características próprias formais e

estruturais, mas geralmente nos vestibulares avaliam o aluno

considerando os seguintes pontos:

interpretação dos fatos e dos dados;

relação entre os fatos;

argumentação;

adequação do tema e ao tipo de texto;

coerência;

coesão;

clareza;

respeito às regras gramaticais ditadas pelo padrão culto

da língua.

Vamos exercitar agora o que

você aprendeu.

1) Utilizando como referência o texto a seguir, construa uma narração e uma dissertação

envolvendo o tópico ―A importância da linguagem no ensino de matemática‖.

COMUNICAÇÃO NA SALA DE AULA

A comunicação é um elemento importante na vida dos seres humanos. Esta

afirmação, válida em termos genéricos, ganha especial destaque no contexto educativo.

Ensinar e aprender são atos eminentemente comunicativos, que envolvem agentes, entres

os quais, destacam-se professores e alunos. Além de a comunicação ser um meio mediante

o qual se ensina e aprende, é também uma finalidade desse mesmo ensino, uma vez que se

espera que os alunos adquiram competências comunicativas que, no caso da Matemática,

se aliam a outras competências como a resolução de problemas ou o raciocínio.

Segundo Menezes (2000b), a comunicação na aula de matemática assume, ainda,

uma importância suplementar uma vez que esta disciplina dispõe de uma linguagem própria,

permitindo comunicar idéias com precisão, clareza e economia.

Desta forma, torna-se necessário promover atividades que estimulem e impliquem a

comunicação oral e escrita, levando o aluno a verbalizar os seus raciocínios, a explicar, a

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68

discutir, a confrontar processos e resultados. O professor, como principal, como principal

responsável pela organização do discurso da aula, tem aí um papel fundamental, o de

colocar questões e proporcionar situações que favoreçam a ligação da Matemática com a

realidade, estimulando a discussão e a partilha de idéias.

Nas práticas dos professores a linguagem desempenha um papel importante, pois

(...) ela é uma realidade central e dominante nas escolas e nas aulas. A importância do

estudo dos discursos da aula de Matemática advém do relevo que a linguagem assume na

interação comunicativa.

(...) Trabalhar a partir das representações dos alunos não consiste em fazê-las

expressarem-se, para desvalorizá-las imediatamente. O importante é dar-lhes regularmente

direitos na aula, interessar-se por elas, tentar compreender suas raízes e sua forma de

coerências, não se surpreender se elas surgirem novamente, quando as julgávamos

ultrapassadas. Para isso, deve-se abrir um espaço de discussão, não censurar

imediatamente as analogias falaciosas, as explicações animistas ou antropomórficas e os

raciocínios espontâneos, sob pretexto de que levam a conclusões errôneas.

(PERRENOUND, 2000, p. 28).

Bachelard (1996) apud PERRENOUND, sustenta que o professor que trabalha a

partir das representações dos alunos tenta reencontrar a memória do tempo em que ainda

não sabia, colocar-se no lugar dos aprendizes, lembrar-se de que, se não compreendem,

não é por falta de vontade, mas porque o que é evidente para o especialista parece opaco e

arbitrário para os aprendizes. De nada adianta explicar cem vezes a técnica de desconto a

um aluno que não compreende o principio da numeração em diferentes bases.

Portanto, é importante trabalhar a partir das concepções dos alunos, dialogar com

eles, ajudá-los a fundamentar suas representações prévias, a incorporar novos elementos

às já existentes, reorganizando-as se necessário.

A oralidade, na escola, assume papel de mediação necessária para a superação do

senso comum em busca de conhecimento argumentado. Ela permite e/ou instiga o aluno à

elaboração do pensamento, ampliando sua competência lingüística, construindo novos

sentidos e elaborando novas formas de socialização (escrita e leitura). Aliar oralidade à

escrita é uma forma inteligente de promover o desenvolvimento da criança

(ALLEMBRANDT, apud GONÇALVES & RIOS, 1997).

A formulação de perguntas ocupa um lugar de destaque no discurso da aula de

Matemática, sendo aplicadas em situações diversificadas e com vários intuitos. A arte de

questionar tem sido muito usada nas escolas como um meio ao qual o professor deve e

pode recorrer para aumentar e melhorar a participação dos alunos. E os benefícios do

questionamento são apontados por alguns investigadores (...) o questionamento permite ao

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69

professor detectar dificuldades de aprendizagem, ter feedback sobre aprendizagens

anteriores, motivar o aluno e ajuda-lo a pensar.

(...) há dois objetivos que o professor pode ter em vista ao orientar seus alunos para

uma indagação ou uma sugestão: primeiro, auxilia-lo a resolver o problema que lhe é

apresentado; segundo, desenvolver no estudante a capacidade de resolver futuros

problemas por si próprio. (...)

O que a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer sozinha

amanhã.

Portanto, o único tipo positivo de aprendizado é aquele que caminha à frente do

desenvolvimento, servindo-lhe de guia; deve voltar-se não tanto para as funções já

maduras, mas principalmente para as funções em amadurecimento. Continua sendo

necessário determinar o limiar mínimo em que, digamos, o aprendizado da aritmética possa

ter início, uma vez que este exige grau mínimo de maturidade das funções. Mas devemos

considerar, também, o limiar superior; o aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não

para o passado (...).

O modelo proposto (...) para a resolução de problemas é fundamentado em quatro

passos: compreensão; elaboração do plano; execução do plano e avaliação. Para que a sua

implementação seja bem sucedida, deve estar apoiada, em todas as fases, num adequado

questionamento do professor. Eis algumas das muitas perguntas sugeridas (...): Qual é a

incógnita? Quais são os dados? Trata-se de um problema plausível? Conhece algum

problema com a mesma incógnita? Utilizou todos os dados? È possível verificar o resultado?

É possível utilizar o resultado ou o método em algum outro problema? Estas perguntas têm,

num certo sentido, o efeito de conduzirem o aluno, ajudando-o (...) de uma forma discreta,

mas estruturada.

É importante lembrar que decodificando a simbologia matemática através da

linguagem verbal, o aluno terá maior facilidade de entender um determinado conceito e,

tendo esta compreensão, muitas vezes, ele poderá preferir o uso de notações que

representam conceitos, uma vez que o uso destas permitem (sic) comunicar idéias com

precisão, clareza e economia.

ZUCHI, Ivanete. A importância da linguagem no ensino da Matemática (Comunicação na aula de Matemática).

In: Educação Matemática em Revista, nº. 16. ano 11, pp. 53-55.

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70

2.9. Polissemia e ambigüidade

Seu nome é Cartesiano, certo?

Mas cartesiano não é o nome de um gráfico

matemático?

Isso mesmo!

Sim, mas ele também possui outros significados.

Além de pertencer à linguagem matemática você

pode chamar de cartesiano um indivíduo que siga a

doutrina filosófica de Descartes. Ou utilizar como

meu nome. Ou seja, o termo “cartesiano”, possui

diversas acepções.

A capacidade de uma palavra possuir vários

significados, é chamada de polissemia. Atente

para a conceituação deste elemento lingüístico.

2.9.1 Polissemia

O autor Perini (1995, pp. 250-251), em sua Gramática descritiva do português, faz

alusão à polissemia como sendo uma propriedade essencial à sobrevivência de uma língua:

A polissemia é uma propriedade fundamental das línguas humanas,

que sem ela não poderiam funcionar eficientemente. Seria impraticável dar

um nome separado a cada ―coisa‖, incluindo aquelas que nunca vimos. Ao

nos depararmos com um objeto nunca visto – digamos um novo modelo de

bicicleta – ficaríamos sem recursos para dominá-lo. Mas não é assim que a

linguagem e a mente trabalham. Ao encontrar um objeto novo, tentamos

imediatamente ―reconhecê-lo‖, encaixando-o em alguma categoria já

existente na memória (e na língua). Ao vermos um animal desconhecido, em

geral tendemos a chamá-lo pelo nome de um animal já conhecido; assim,

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71

chamamos formiga aos representantes de milhares de espécies diferentes de

insetos; e assim uma criança diz ―cocó‖ ao ver pela primeira vez um avestruz.

A polissemia confere às línguas humanas a flexibilidade de que elas precisam

para exprimirem todos os inumeráveis aspectos da realidade.

Consequentemente, a maioria das palavras são polissêmicas em algum grau.

Palavras não polissêmicas são raras e frequentemente são criações

artificiais, como os termos técnicos das ciências: fonema, hidrogênio,

pâncreas, etc. nestes casos, a polissemia é realmente um inconveniente; mas

o discurso científico, em sua procura de univocidade semântica, difere

enormemente da fala normal das pessoas. Nesta, a polissemia é

indispensável. (p. 22)

Em sua gramática, Perini atribui à polissemia um papel essencial no processo de

renovação do vocabulário de uma língua – ela garante a necessária economia e a

flexibilidade para expressar a multiplicidade de significados necessários à comunicação

humana. Podemos até mesmo ampliar seu comentário, lembrando que, também na

linguagem científica, inúmeros termos têm origem em extensões metafóricas de expressões

do uso comum, como buraco negro (na física), paciente (na medicina), etc.

2.9.1.1. Significante e significado

A lingüística, além da parte sonora, está carregada de um significado, uma

idéia. Portanto, o signo lingüístico constitui-se de duas partes: o Significante que é o

lado material (os sons da língua falada ou as letras na língua escrita), e o Significado

que é o lado imaterial, ou seja, a idéia que é transmitida pelos fonemas (sons ou

pelas letras).

a) ―Comprei uma geladeira nova!‖

b) ―Minha namorada está uma geladeira comigo!‖

Note que o mesmo signo (geladeira) tem dois significados diferentes

dependendo do contexto em que aparece na frase ―a‖, geladeira significa um móvel

destinado a manter seu interior em baixa temperatura, na frase ―b‖, geladeira pode

significar frieza, desprezo, ausência de sentimentos. Deduzimos então, que o

significante ―geladeira‖ tem mais de um significado. No caso ―a‖, signo está

empregado em sentido denotativo.

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Exemplos ilustrativos simples de significante e significado:

Ex1.:

Ele ocupa um alto posto na empresa

Abasteci meu carro no posto da esquina.

Aqui, vemos que na primeira frase o vocábulo posto significa cargo hierárquico

dentro de uma empresa, enquanto no segundo exemplo, o mesmo vocábulo possui

o significado de lugar onde se abastece veículos, o que indica dois significados

diferentes para a mesma palavra, dependendo do contexto.

Ex2:

Os convites eram de graça.

Os fiéis agradecem a graça recebida.

Fenômeno similar acontece à palavra graça, que na primeira frase significa

gratuitamente, grátis, enquanto na segunda tem o sentido de pedido ou desejo

realizado.

Ex3:

Não dá para comparar água com vinho. (ser possível)

Quem dá aos pobres, empresta a Deus. (fazer doação de algo)

Dá pena ver o estado daquele homem. (provocar)

Deu com a cara na porta. (bater)

Ela deu uma boa explicação. (apresentar)

A palavra dá pode possuir diversos significados como podemos ver acima: o

primeiro exemplo vem no sentido de impossibilidade. O segundo carrega o sentido

de doar, ceder. A terceira frase traz a idéia de provocar. O quarto exemplo possui o

significado de bater e a última frase traz a palavra no sentido de apresentação. Isso

mostra que, dependendo do contexto, um vocábulo pode possuir não só dois, mas

diversos significados.

Ex4:

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O carro cortou a rua rapidamente.

Vagner se cortou com a faca.

Podemos observar que a palavra cortou possui um significado diferente para cada

frase. Na primeira está no sentido de passar, enquanto na segunda carrega o

significado de ferir-se.

Ex5:

O molho do macarrão estava horrível.

O molho de chaves caiu no bueiro.

A palavra molho também possui mais de um significado. No primeiro exemplo,

aparece com o sentido de tempero de macarrão, enquanto na segunda frase refere-

se a conjunto de chaves.

2.9.2. Ambiguidades

Ambigüidade é a característica das sentenças que apresentam mais de um

sentido. Um bom teste para saber se uma sentença tem mais de um sentido

consiste em propor para ela duas reformulações diferentes, inventando em seguida

uma situação em que a primeira reformulação é verdadeira e a segunda é falsa.

Tomemos como exemplo a manchete abaixo do jornal Folha de São Paulo, de

17/10/96.

Ladrões inovam no ataque a mulheres em carros.

Primeira reformulação: Os ladrões descobrem novas maneiras de atacar mulheres

motoristas.

Segunda reformulação: Ladrões que atacam de carro descobrem novas maneiras

de atacar mulheres.

Imagine que essa frase fosse usada em 1940, quando pouquíssimas

mulheres dirigiam. A primeira reformulação seria falsa, a segunda poderia ser

verdadeira. Pode-se concluir então que a manchete em questão é ambígua.

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Os fatores lingüísticos da ambigüidade são muitos. Alguns, porém são mais

freqüentes:

A sentença aceita duas análises sintáticas diferentes:

Ex:

Ambulante vende clandestino no centro (FSP, 02/08/98)

[―Ambulante vende clandestinamente...‖ / ―Clandestino é vendido no centro‖]

Um mesmo pronome aceita dois antecedentes:

Ex:

Duquesa de York diz que nobreza quer manchar sua imagem (Hoje em Dia –

BH, 20/01/96).

[―...manchar a imagem da duquesa...‖/ ―... manchar a imagem da nobreza‖]

Uma mesma palavra tem dois sentidos diferentes.

Um mesmo operador se aplica de duas maneiras diferentes aos demais

conteúdos da sentença:

Ex:

Palmeiras só empata com Bahia pelo Brasileiro-96 (FSP, 11/08/96)

[―O palmeiras não vai além do empate...‖ / ―A única ocasião em que o palmeiras

empatou com o Bahia até hoje foi durante o campeonato brasileiro de ‗96‘‖]

Uma mesma seqüência de palavras pode ser ou não interpretada como uma

frase feita.

Ex.:

A – O Senhor Guimarães caiu das nuvens.

B – Ficou surpreso com alguma coisa?

A – Não, caiu das nuvens mesmo. O avião em que ele voava sofreu uma pane.

Além dos fatores que chamamos aqui de lingüísticos, a ambigüidade aparece

freqüentemente quando usamos as sentenças de maneira indireta (por exemplo:

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75

para fazer ironia). Todos nós já passamos pela situação de não saber se

determinada coisa nos foi dita ―sem indiretas‖ ou ironicamente.

Atividade

1) Primeiro faça a leitura deste texto, de Paulo Leminski:

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida

regular como um paradigma da 1ª conjugação.

Entre uma oração subordinada e um adjetivo adverbial,

ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético

de nos torturar com um aposto. Casou-se com uma regência.

Foi feliz.

Era possessivo como um pronome.

E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os EUA.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas

expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.

Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski7

7 Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná. Em

1964, já em São Paulo, SP, publica poemas na revista "Invenção", porta voz da poesia concreta

paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento "Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo Leminski foi um estudioso da língua e cultura

japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.

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76

Como podemos observar, a presença da polissemia está contida no texto de

Paulo Leminski. Construa com suas palavras um comentário crítico identificando a

ambigüidade.

2) Veja estes títulos de jornais, e compare em seguida com o conteúdo da matéria.

Analise

a) quais são as interpretações sugeridas pelo título

b) quais dessas interpretações prevalecem.

PELÉ CRITÍCA FUTEBOL MOVIDO POR DINHEIRO

Budapeste (APF) – O dinheiro destruiu a beleza, o atrativo e o lado espetacular do

futebol, pois os patrocinadores de hoje só exigem eficiência e gols, Pelé comentou ontem

em Budapeste.

―Os jogadores de hoje já não jogam por prazer. Não tem nada a ver com Puskas, a estrela

dos anos ‗50‘ que eu considero meu mestre ...‖

[A Tarde, Salvador, 16/09/94

TIME PEGA FLAMENGO SEM CINCO TITULARES

da reportagem local

O São Paulo não terá cinco titulares contra o flamengo amanhã, no Morumbi. Axel, Pedro

Luís, Djair e Belletti, suspensos, e Aristizábal, na seleção colombiana. ―Temos bons

reservas, mas o time sentirá falta de entrosamento‖, disse o técnico Parreira, que ainda não

definiu os substitutos.

[Folha de São Paulo, 1996.]

AGROTÓXICOS plantação de fumo será investigada

SAÚDE APURA CAUSAS DE SUICÍDIOS NO SUL

Carlos Alberto de Souza

Da Agência Folha em Porto Alegre

O ministério da saúde deve realizar um Inquérito epidemiológico para apurar as causas das

mortes por suicídio na região do Vale do Rio Pardo (RS).

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Há suspeita de que a contaminação por agrotóxicos organofosforados esteja associada a 21

suicídios ocorridos em 95 em Venâncio Aires, uma das cidades do Vale, a maioria delas

envolvendo agricultores que plantavam fumo.

Folha de São Paulo, 1996

São muitas as piadas que tiram proveito da ambigüidade. Quando isso acontece, rimos geralmente da personagem que, contrariando todas as evidencias, e contrariando o bom-senso, escolheu a interpretação menos apropriada.

3) Vejas as piadas transcritas a seguir, e procure explicar quais são as duas

interpretações em jogo.

1. Indivíduo A – Não deixe sua cadela entrar em minha casa. Ela está cheia de pulgas.

Indivíduo B – Diana, não entre nessa casa. Ela está cheia de pulgas.

2. Individuo A – A primeira coisa que faço quando acordo de manhã é tocar a campainha para

chamar a criadagem.

Indivíduo B – Você tem criados?

Indivíduo A – Não, mas tenho a campainha.

3. A mulher entra numa loja de roupas femininas, chama o vendedor e pergunta:

- Senhor, posso experimentar este vestido na vitrine ?

O vendedor responde:

- será que a senhora não preferiria experimentar no provador?

4. Qual dos alunos sabe onde está Deus? Perguntou o professor.

- No banheiro de casa! Responde o Joãozinho, levantando o dedo.

- No banheiro de sua casa, Joãozinho???

- É sim professor! Todos os dias a mamãe bate na porta do banheiro e pergunta:

- Meu Deus, você ainda está aí?

5. O oxigênio, disse o professor, é essencial à vida! Não pode haver vida sem ele; o oxigênio foi

descoberto há pouco mais de um século.

- Puxa! Disse Carlinhos – e como é que o pessoal se virava antes de sua descoberta?

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2.10. Por que alguns leitores têm dificuldades de compreender textos?

Pesquisas realizadas por Amaral & Patrocínio (1998) no âmbito .do aprendizado da

leitura diagnosticaram que a incompreensão de textos por parte de alguns leitores podem

ser basicamente decorrente de três erros: a extrapolação, a redução e a contradição. O

primeiro como o próprio nome indica é um erro provocado pelo distanciamento do contexto,

o leitor acaba por acrescentar idéias que não correspondem àquela apresentada pelo texto.

Ao extrapolar os limites elo texto, o leitor faz outras associações, evoca outros elementos,

que são criados a partir elo que foi lido. São deflagradas a imaginação e a memória. O texto

é abandonado. A extrapolação é concebida como um exercício de criatividade inadequada

porque leva o leitor a perder ele vista o contexto em questão. Geralmente, o processo de

extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações analógicas:uma idéia

lembra outra semelhante. É o que popularmente chamam de "viajar no texto". Reconhecer

os momentos. de extrapolação, sejam analógicos ou lógicos, significa conquistar maior

lucidez, maior capacidade de compreensão objetiva do texto, do contexto que está em

questão. Essa clareza é necessária e criadora: significa, inclusive, uma liberdade maior de

imaginação e de raciocínio, porque os "vôos" para fora elos textos tornam-se conscientes,

por opção, serão realizados por um projeto intencional e não mais por incapacidade de

reconhecer os limites de texto, nem por incapacidade de distinguir as próprias idéias

apresentadas por um texto lido. O leitor procurará não expandir o sentido do texto para fora

dos limites deste.

O segundo é o que chamamos de redução ou particularização indevidas. Neste caso,

ao invés de o leitor sair do contexto, ao invés de acrescentar outros elementos ao sentido do

texto, ele faz o inverso: concentra-se apenas numa parte; num detalhe, num aspecto do

texto dissociando-o do contexto. A redução consiste em privilegiar um elemento ou uma

relação, que é verdadeiro mais não é suficiente diante do conjunto, ou então que se torna

falso parque passa a ser descontextualizado. O leitor prende-se, deste modo, a um aspecto

menos relevante em relação. ao conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações

principais, ou antes, quebrando este conjunto, fracionando indevidamente esse aspecto,

isolando-a do contexto. Ao reconhecer os processos de redução, a leitor poderá reduzir as

informações, condensando-as e restringindo-se ao que é fundamental, ao núcleo

informativo, vindo a perceber a tema em questão.

O terceiro erro, segundo os estudiosos é o mais grave numa interpretação de texto; a

contradição é provocada por uma leitura desatenta do texto, pela não percepção de algumas

relações, pela incompreensão de um raciocínio pelo esquecimento de uma idéia, pela perda

de uma passagem no decorrer da leitura, pela inferência de uma, conclusão contraria àquela

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apresentada pelo texto etc. Como esse erra tende a ser mais facilmente reconhecida, por'

apresentar idéias apostas às idéias expressas pelos textos, as testes de interpretação

muitas vezes são organizadas Com uma espécie de armadilha: uma alternativa apresenta

muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras do texto, mas com um sentido

contrário. Um leitor desatento e/ou ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, par

ser a mais "parecida" com o texto.

Marcuschi(2001) apresenta alguns exemplos para ilustrar a forma como o leitor

estabelece a contradição em sua leitura.

A obtenção de informações através da linguagem não se faz pela compreensão de.

cada elemento individual, ou seja, a. decodificação de um texto não se dá exclusivamente

pela simples soma de seus elementos. Além disso, o significado não é computado somente.

através dos elementos explícitos no texto. Geralmente, a informação literal de um texto não

exprime tudo o que o autor quer comunicar.

No processo da comunicação através da linguagem, é necessário que o leitor (ou

ouvinte) acrescente ao texto uma série de conhecimentos que já possui, de forma a poder

estabelecer uma ligação ou uma ponte entre os elementos lingüísticos realmente presentes,

integrando as informações e dando coerência ao enunciado. É como se o leitor estivesse a

todo tempo lendo nas entrelinhas. Para entender a linguagem, é preciso inferir diversas

informações que não estão mencionadas explicitamente, mas que são absolutamente

imprescindíveis para o entendimento da mensagem.

A compreensão da linguagem é, então, um verdadeiro jogo entre aquilo que está

explicito no texto - que é em parte percebido, em parte previsto – e entre aquilo que o leitor

insere no texto por conta própria, a partir de inferências que faz, baseado no seu

conhecimento extralingüístico.

O estabelecimento de inferência, bem como as formulações de previsões são

processos que fazem parte de linguagem em geral, e, portanto, estão presentes tanto na

compreensão da fala quantos da escrita (Fulgêncio: 1952, 28). No entanto, sem perder de

vista essa observação, estamos considerando Somente o ponto de vista do leitor, nesse

aspecto, evidentemente, desenvolve o mesmo trabalho do ouvinte.

O estabelecimento de inferências pode ser observado nos seguintes exemplos:

1. Diálogo

A: - Me empresta um vestido,

B: Aonde você vai?

Esse diálogo só tem coerência se inserimos Ulna ponte entre as duas sentenças, que

e a inferência baseada no conhecimento da função da roupa. E só essa inferência de que

"A" vai usar a roupa para sair para algum lugar é que permitirá a coesão à lógica do diálogo.

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É a capacidade que o leitor tem de fazer inferências que permite ao escritor não

colocar no texto toda a informação necessária a.sua compreensão, Quando alguém diz que

"Áustria está trabalhando", seu interlocutor pressupõe a informação de que "Áustria trabalha

';e possivelmente deve saber qual o local do trabalho. Daí poder concluir que‖ Áustria está

na Universidade Federal do Pará", como mostram esses exemplos, o processo de

estabelecimento de inferências tem como conseqüência a geração de conhecimentos novos

com bases nas informações do texto e nos conhecimentos já possuídos anteriormente. Essa

informação adicional, elaborada pelo leitor, passa igualmente a fazer parte do seu conjunto

de conhecimentos; como acontece com as informações transmitidas literalmente no texto. A.

capacidade inferencial é de tal falha inerente à compreensão da linguagem que o leitor,

quando memoriza as informações recebidas, incorpora a esse elenco também a informação

inferida, sem nem mesmo perceber que essa informação não estava explícita no texto.

Portanto, não é possível ler um texto valendo-se apenas de informação visual (IV).

Assim, defende-se a leitura enquanto processo ativo de constatação de sentido e o

leitor enquanto sujeito ativo, que contribui, para esta reconstrução com sua inteligência e

seu saber prévio, sujeito capaz de desdobrar os níveis de significação literal, desvelar

sentidos ocultos, descobrir as potencialidades dos signos. Enfim, o leitor é visto como

alguém capaz de criar significados surpreendentes, significados autorizados pelo texto.

2.11. Para melhor entender um texto: conceitos básicos de pragmática

Você já passou por uma situação em que reconhece e compreende as palavras de um

texto, mas se mostra incapaz de perceber satisfatoriamente o sentido do texto como um

todo. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o texto nem sempre fornece todas as

informações possíveis. Há elementos implícitos que precisam ser recuperados pelo

ouvinte/leitor para a produção do sentido. A partir de elementos presentes no texto,

estabelecemos relações com as informações implícitas.Por isso, o leitor/ouvinte precisa

estabelecer relações dos mais diversos tipos entre os elementos do texto e o contexto, de

forma a interpretá-lo adequadamente. Algumas atividades são realizadas com esse objetivo.

Entre elas estão as produções de pressuposições, inferências, implicaturas, como podemos

ver abaixo:

a) Pressuposição - É o conteúdo que fica à margem da discussão, é o conteúdo

implícito.Assim, a frase "Pedro parou de fumar" veicula a pressuposição de que Pedro

fumava antes; "Pedro passou a trabalhar à noite" contém a pressuposição de que antes ele

trabalhava de dia, mas contém também a pressuposição de que ele não trabalhava.

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A pressuposição é marcada lingüisticamente pela presença dos verbos parar de

passar a, dependendo da ênfase colocada em passar a ou em à noite.

b) Inferências - são informações previsíveis que não precisam ser explicitadas no

momento da produção do texto; são também chamadas de subentendidos. O exemplo

seguinte ajuda a entender esta noção: "Maria foi ao cinema e assistiu a um filme sobre

dinossauros‖. Lendo esta frase, você recupera, os conhecimentos relativos ao ato de Ir ao

Cinema: no cinema existem cadeiras, tela, bilheteria; há uma pessoa que vende bilhetes,

outra que os recolhe na entrada; a sala fica escura durante a projeção, etc. Enfim, isto não

precisa ser dito explicitamente. Se assim não fosse, que extensão teriam nossos textos para

fornecer, sempre que necessário; todas estas informações? Daí a importância das

inferências na interação verbal. Se quiséssemos dizer que Maria não conseguiu ver o filme

até o final, isto teria que ser explicitado, porque, normalmente, a pessoa vê o filme inteiro.

Além disso, não precisaríamos dizer que ela voltou do cinema, porque também é uma

informação óbvia. .Implicatura - É sentido derivado, que atribuímos a um enunciado depois

de constatar que seu sentido literal é irrelevante para a situação. Se Perguntarmos: "Qual é

a função de Pedro no jornal?" E ouvimos "Pedro é o filho do chefe", podemos depreender

dessa resposta que Pedro não tem função nenhuma que Pedro não faz nada ou que Pedro

não precisa fazer nada.

Atividade

Neste sentido, a atividade feita a partir do texto ―SABOR E SABER:

MATEMÁTICA E VIDA‖ terá o objetivo de mostrar o trabalho mental desenvolvido

por você durante o processamento do texto. Durante o preenchimento das lacunas,

você (enquanto leitor) movimentará os olhos (idas e vindas) e deverá, por meio de

seu conhecimento, inferir termos desconhecidos por meio dos índices textuais da

predição, fazendo continuamente a auto-avaliação de suas escolhas (coloque-se na

posição de escritor e leitor), para recuperar a coerência perdida do texto.

1) Das 14 palavras dadas apenas 10 enquadram-se coesa e coerentemente ao contexto;

principalmente- inferior - grupo - científico - isto é - quando - assim - conhecimento -

atividade - também - entanto - superior - matemático - contudo.

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2) Descreva alguns pressupostos contidos na frase abaixo:

"O mundo necessita de solidariedade"

3) O que a autora deixou subtendido no último parágrafo do texto?

SABOR E SABER: MATEMÁTICA É VIDA

Olga Guimarães Germano Pedagoga Professora do CAP/UERJ Como a numeração escrita existe não só dentro da escola,mas

também fora dela, as crianças têm oportunidade de

elaborar conhecimentos acerca deste sistema de

representação muito antes de ingressar na primeira série

Produto cultural, objeto de uso cotidiano, o sistema de

numeração se oferece à indagação infantil

desde as páginas dos livros, a listagem de preços,

os calendários as regras, as notas da padaria,

os endereços das casas .....

Lerner e Sadovsky

Sábio, em suas raízes etimológicas, significa ―aquele

que degusta‖. Ser sábio não é ter acumulado

conhecimento num grau superlativo;

é haver desenvolvido a capacidade erótica de sentir

o gosto da vida. Sapiência é ―nada de poder, uma

pitadinha de saber e o máximo possível de sabor‖.

Roland Barthes

A nossa vida é permeada pela matemática _________________ acordados,

geralmente o nosso primeiro ato é ler as horas. Vivemos fazendo cálculos. Quantas medidas

de café preciso colocar? Quanto tempo levo para chegar à escola? Quantas pessoas vêm à

festa?

De quantos salgadinhos vou precisar? Quanto vou gastar? Quanto mede o seu

terreno? Qual a temperatura? Quem é maior?

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E vamos nos perdendo nas contas dos quantos e quanto.

A vida é um desafio e os desafios matemáticos são parte de nossa vida.

Ensinar matemática também é um desafio, _________________ para quem viveu,

como aluno, a Matemática da regras, mecanismos, do estudar-para-passar. Quem de nós

não tem a história para contar sobre os medos, as noites de insônia para decorar a tabuada,

as fórmulas ou os teoremas ?

Lembro-me bem do sofrimento à época do exame de admissão, em que me preparava

para o Instituto de Educação. Saber de cor e salteado a definição: ―Dez unidades de uma

ordem formam uma unidade de ordem imediatamente _________________ .‖ O que isso

significava, no _______________ só vim a descobrir, mais tarde ...... resolvia todas as

contas e os exercícios de ―componha‖ e ―..... componha‖.

Hoje, com as pesquisas, já se tem uma visão de que saber Matemática implica fazer

matemática, ______________, (re)construir conceitos que a humanidade levou milênios

para construir. A memorização é apenas uma parte da compreensão. ...... utilizamos, na

vida, para guardar o que tem significado para nós, como o telefone da pessoa amada, um

poema, uma receita, uma letra de música. Ela é importante em todas as áreas do

_______________, pois favorece a rapidez, a economia de tempo e raciocínio, mas é o fim

do caminho, não o início.

Temos discutido, em nossa escola, como fica a memorização quando dela se precisa,

onde ficam as técnicas e se, na era dos computadores, é necessário chegar-se ao

algoritmo. Não temos respostas: também estamos construindo esse conhecimento.

Fala-se muito em ambiente alfabetizador e matematizador. Muitos professores vêm

estudando e avançando em relação a práticas sociais de leitura e escrita, transformando o

seu ______________ pedagógico e confirmando o que os pesquisadores têm de aberto

acerca dessas aprendizagens ______________ em relação aos conhecimentos

matemáticos, talvez pelo pouco acesso a materiais escritos sobre as pesquisas há pouco

divulgadas, esses mesmos professores ainda se sintam inseguros e recorram aos livros

didáticos e aos exercícios mimeografados, contrariando o que Piaget coloca como

conhecimento lógico ______________ estabelecimento de relações que o sujeito cria em

interação com os objetos.

________________, o ambiente matematizador é aquele que provoca o pensamento,

propiciando a troca de conhecimentos e o debate de idéias, levando o aluno a levantar

hipóteses, elaborar estratégias, explicá-las, isto é, falar como fez, que caminhos percorreu

(metacognição), confronta-las, voltar atrás e até mudar de opinião. E todas essas ações

ocorrem em relação a diferentes materiais, como por exemplo:

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jogos (boliche, varetas, baralhos, dominós, trilhas, dardos, etc), acompanhados ou

não de dados;

jogos, usando somente dados (dois ou três), convencionais ou inventados pelo

professor;

calendários diversos;

álbuns de figurinhas;

balança, fita métrica;

régua, compasso;

diferentes registros: tabelas gráficos, etc.;

volantes de Quina, Mega Sena e outros;

dobraduras;

folhetos de preços;

figuras planas e espaciais;

botões, palitos, chapinhas, semente, fichas coloridas.

E no meio de tudo, os números, escritos em suas mais diversas representações, em

seus diferentes usos sociais: datas, endereços, medidas, códigos, preços, sempre como

objeto de reflexão.

O jogo em _____________ aproxima as pessoas e desenvolve a autonomia, que deve

ser um dos objetivos de toda a escola, além de discutir a ética. Dividindo idéias, multiplica-

se o conhecimento. È o lúdico na sala de aula, mas não é a brincadeira e é preciso que isso

fique bem claro para o professor e para os alunos. Nunca deve ser usado para ―pré-encher‖

o tempo; ao contrário, tem de ser planejado pelo professor de acordo com seus objetivos de

ensino e deve regularmente, de forma a dar chance a todos, e a cada um, de construir seus

conhecimentos. Há que se ter regras de conduta, organizadas e compartilhadas pela turma,

além das regras específicas de cada jogo. ―A concepção de Vigotsky‖ sobre as relações

entre desenvolvimento e aprendizado, e particularmente sobre a zona de desenvolvimento e

a relação do indivíduo com seu ambiente sociocultural e com sua situação de organismo,

que não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie‖

(Oliveira, 1993).

O que vamos apresentar a seguir é um jogo, o ―jogo do compra-e-vende‖.

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SABER O SABOR DO SABER

Pensando num projeto voltado á área de Matemática, planejamos a criação de um

supermercado, o que certamente viria ―recheado‖ de atividades significativas e saborosas.

Saborosas porque provocam aprendizagem, e aprender tem de ser gostoso, tanto quanto

ensinar. Nem um nem outro podem ser ações sofridas.

Com o objetivo de avançar no raciocínio lógico-matemático, nos conceitos das quatro

operações e no uso das cédulas e moedas do nosso sistema monetário, criamos o projeto

de um shopping. O CAP/shopping, nome escolhido por votação pelos alunos da série,

ocupava uma sala de escola, onde ―funcionavam‖ uma papelaria, um salão de cabeleireiro e

um supermercado, no qual vou me deter.

Uma estante, algumas carteiras empilhadas duas a duas, outras em fila formando

corredores e pronto: como num passe de mágica, a sala se transformara. Para dar suporte

financeiro a ―clientes especiais‖, pensamos em um Banco, que se resumia a uma caixa de

papelão com divisórias para guardar as cédulas (mimeografadas e coloridas por eles como

as originais) e uns potes com as moedas verdadeiras, separadas pelos valores.

Visitamos um mercado do bairro para compreender sua organização e seu

funcionamento. Fizemos levantamento de preços em mercados próximos ás casas das

crianças e organizamos várias listas para facilitar o acesso de todos. Nas paredes, muitos

cartazes de propaganda e de promoções criados por eles.

Quantos textos diferentes estavam sendo trabalhados!

O sucesso do shopping correu o mundo – o nosso mundo, a escola – e o que fora

planejado para as turmas de Classes de Alfabetização foi aproveitado por professores de

outras séries, havendo um cronograma para seu uso. Íamos às compras duas ou três vezes

por semana, com tempo suficiente para que todos pudessem comprar, vender, fazer troco

em cálculos mentais e exercitar a sua lógica. Não estávamos preocupados com os

resultados, nem com sua utilização do algoritmo, pois o que experimentávamos transcendia

as questões de certo e errado.

Bem, cada criança tinha um talão com dez cheques mimeografados. Como eles eram

ainda pequenos, antes de irmos ao mercado, preenchíamos o cheque em sala, com a

quantia de depósito e retirada igual para todos. Nesse preenchimento, muitas discussões e

aprendizagens: escrita da quantia, com números e letras, colocação da data e assinatura de

seu nome em uma situação de uso social. Como o movimento de troca é sempre

incentivado, quem já sabia preencher ajudava os outros.

O mundo necessita de solidariedade. Nesses pequenos atos é que ela vai se

constituindo. Entende-se, inclusive, que as pessoas são diferentes e têm saberes diferentes,

mas que todas têm o mesmo valor. ―As crianças que se entusiasmam explicando suas

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próprias idéias irão, a longo prazo, muito mais longe do que aquelas que podem somente

seguir as regras de alguém e reagir diante de problemas não familiares, dizendo: Eu não sei

como fazer porque ainda não aprendi isso na escola‖. (Kamii, 1993)

Não gostava de aprender nem de ensinar Matemática e não sou especialista na área,

mas percebi que, se há tempo já trabalhava de forma mais atraente e produtiva em Língua

Portuguesa, investindo no saber de cada aluno e fazendo avançar, por que em Matemática,

ainda trabalhava empiricamente, misturando .... práticas com novas práticas ? Faltava-me a

fundamentação teórica e fui em busca disso. Comecei a estudar as pesquisas na área e

trocava experiências com colegas, discutíamos e fui ousando desmitificar o ensino da

matemática, passando a agir de forma mais consciente e consistente. Teoria e prática, uma

realimentando a outra. Também eu construía o meu conhecimento.

Nesse sentido, fico sempre imaginando que o governo deveria investir muito mais nos

cursos de formação de professores, em cursos de atualização também, como uma das

saídas prováveis para a formação de cidadãos críticos, pensantes e autônomos e,

consequentemente, para a excelência da educação, devolvendo à sociedade uma escola

pública, gratuita de qualidade.

BIBLIOGRAFIA

KAMII, Constance. A criança e o número. Campinas, Papirus, 1992.

_______________. Aritmética: novas perspectivas. Campinas, Papirus, 1993.

OLIVEIRA, Marta Khol. Vigotsky – Aprendizado e desenvolvimento sócio-histórico. São

Paulo, Scipione, 1993.

PARRA, Cecília & SAIZ, Irma . Didática da matemática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996.

RESUMO

A linguagem é um processo, no qual o leitor participa com uma aptidão que não depende

basicamente de sua capacidade de decifrar sinais, mais de sua capacidade de dar sentido a eles,

compreendê-los, interpreta-los. Mesmo em se tratando da escrita, esse procedimento está mais ligado a

experiência pessoal, a vivência de cada um do que ao conhecimento sistemático da língua. Assim, o

processo de leitura não se restringe somente ao texto, mas vai além, partindo do leitor, que assume um

papel interativo, deixando de ser mero codificador ou receptor passivo.

A própria noção de texto é ampliada, não mais fica restringida ao que está escrito, mais engloba

uma diversidade maior de linguagens. Ele pode ser tomado em duas acepções: Em sentido lato, onde

assume-se como qualquer manifestação de capacidade de expressão humana, e em sentido estrito,

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onde qualquer construção falada ou escrita, capaz de formar um todo significativo, pode ser considerada

um texto.

Textualidade é o conjunto de características que dá a unidade significativa global ao texto. Essa

unidade é garantida, através dos fatores pragmáticos (unidade sócio comunicativo) semânticos

(coerência) e formais (coesão).Já sobre os tipos de texto, considera-se básicos a descrição

(característica de pessoas, lugares, objetos), narração (relato de fatos que envolvem personagens, numa

delimitação espaço-temporal) e dissertação (expressão de opinião).

Você sabe como planejar o discurso para a arte da

oratória com eficácia e segurança?

Não se desespere! Porque, nessa unidade, iremos

estudar a arte da oratória; dessa forma, você

aprenderá a construir uma boa oratória.

3. A ARTE DA ORATÓRIA E OS ELEMENTOS DO DISCURSO

3.1. Pela fala transmutamos o significado em sentidos8

É pela atividade da fala que se dá o exercício da ação na e pela linguagem – ação

comunicativa que se configura pelas formas da língua. Em outras palavras, é pela linguagem

que conseguimos verbalizar (léxico) nosso pensamento por meio da fala. Logo é

impossível dissociar a linguagem do pensamento.

É pela fala que o homem ―toma a palavra”. Ou seja, a cada ato de fala estamos

criando novas representações da língua, assim temos que saber interagir com o outro para

haver o processo de discursivização (negociação das idéias).

A fala, portanto não deve ser considerada um sistema objetivo, em terceira

pessoa, mas como um empreendimento individual (cf. Gusdorf, p. 35). Sendo, portanto,

caracterizada como um processo de mão dupla-recíproco.

Tomar a palavra implica saber devolvê-la, pois se assim não o for não teremos o

princípio da interatividade entre os sujeitos envolvidos no ato de comunicação.

Marco Túlio Cícero (Marcus Tullius Cícero) nascido em Arpino, em 106 a.C., foi um

filósofo, orador, escritor, advogado e político romano.

Cícero nasceu numa antiga família do Lácio. O pai proporcionou aos dois filhos, Marco, o

mais velho, e Quinto, uma educação muito completa, sendo Marco Túlio entregue aos cuidados do

8 GUSDORF, Georges. A palavra: função – comunicação – expressão. Lisboa: Edições 70, 1952, pp. 35-94.

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célebre senador e jurista romano Múcio Cévola. Viveu, durante as guerras civis num período

especialmente turbulento da história de Roma.

Cícero é, com Demóstenes, o melhor expoente da oratória clássica. Pela sua voz, postura,

gênio, paixão e capacidade de improvisação está dotado para o exercício da eloqüência. São famosos

os seus discursos contra Verres, em prol da Lei Manilia, contra Catilina, em favor de Milão e de

Marcelo e contra Marco António. É autor de diversos tratados filosóficos sobre o Estado, o bem, o

conhecimento, a velhice, o dever, a amizade, etc., que transmitem a tradição do pensamento grego.

As suas próprias idéias sobre a arte da oratória, assim como uma história desta, expressam-se em

tratados escritos de forma dialogada, como De Oratore, Brutus, Orator, etc. Até nós chegam quase

um milhar de cartas de Cícero sobre temas variados que constituem um valioso conjunto documental.

Cícero desenvolve a prosa latina até a levar à sua perfeição, do mesmo modo que Virgílio e Horácio

o fazem com a poesia.

CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM E DA FALA

A linguagem é caracterizada por trazer consigo designação, precisão, decisão:

simultaneamente consciência e conhecimento da realidade humana; já a fala caracteriza-se

por ser a essência do mundo. Ou seja, ―a cada frase orienta-nos num mundo que atrás não

nos é dado tal qual, de forma definitiva, mas que aparece construído palavra por palavra,

com a expressão mais insignificante a dar o seu contributo para a obra de reconstrução

permanente‖.. (Gusdorf, p. 37).

Daí se dizer que são as palavras que fazem as coisas e os seres, que definem em

relações segundo as quais se constitui a ordem do mundo (cf. Gusdorf, p. 38). Estar no

mundo, significa estar em contato com uma gama de palavras que colocam cada coisa no

seu lugar, no contexto situacional que lhe é próprio. A ordem social é definida por um código

de designação corretas, onde qualquer discordância se apresenta com um sinal de

desequilíbrio. A linguagem, portanto põe as coisas em perspectiva segundo o significado de

cada uma.

A língua pela atividade de fala é dinâmica, logo falar é transmutar significados

em sentidos – a cada uso condensamos o sentido dos vocábulos. Falar é flexibilizar os

sentidos, descongelar o vocabulário e colocá-lo no fluxo de uma nova ordenação, com

fito de estruturar os conteúdos num dado contexto, para se criar novas unidades

significativas.

Em síntese, falar é designar adequadamente os conhecimentos do mundo

biosocial de acordo com o modelo contextual. Logo, cabe a cada um assumir por sua

conta e risco a sua linhagem, pela procura da palavra adequada.

Se falar é designar, o discurso “não é mais do que um testemunho do ser, pelo

que cabe a cada um fazer com que esse testemunho seja autêntico”. Não são as

palavras que mentem, mas sim o homem. (cf. Gusdorf, p. 43)

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Assim, a palavra manifesta seu poder sobre a realidade humana. Por meio dela

o homem dá significado a si e às coisas.

Demóstenes de Atenas (384 a.C. - 322 a.C.) foi um orador e político grego. Com vinte e sete

anos iniciou sua carreira de orador e logo conseguiu destaque.

Sua vida como orador e político foi dedicada à defesa de Atenas que se via ameaçada por Filipe

II da Macedônia. Contra o líder macedônio Demóstenes escreveu inúmeros discursos que ficaram

conhecidos como Filípicas. O objetivo era conclamar os cidadãos atenienses e arregimentar forças

contra a Macedônia antes que fosse tarde demais. Em 338 a.C., Demóstenes participou da batalha de

Queronéia — na qual Atenas foi derrotada pela Macedônia e marcou o início do domínio de Filipe e

depois de Alexandre, o Grande, sobre a Grécia.

O SUJEITO E SUAS AÇÕES LINGÜÍSTICAS

O sujeito e suas ações lingüísticas – aqui o trabalho do sujeito se constitui no fio

condutor da reflexão. Uma das características da linguagem é a reflexividade, isto é, o poder

de remeter a si mesma.

As ações lingüísticas que praticamos nas interações em que nos demandam

esta reflexão, pois compreender a fala do outro e fazer-se compreender pelo outro tem

a fórmula do diálogo: quando compreendermos o outro, fazemos corresponder à sua

palavra uma série de palavras nossas quando nos fazemos compreender pelo outro,

sabemos que as nossas palavras eles fazem corresponder uma série de palavras

suas. (Bakhtin, 1977).

Melhor dizendo, ―falo para me dirigir ao outro, para me fazer compreender. A fala

aqui é como traço de união‖ no dizer de Gusdorf (p. 47). Mas para que o outro me

compreenda, é preciso que a minha linguagem seja a sua – que ela dê ao outro,

precedência sobre mim, que seja mais inteligível quanto ela é ainda por cima denominador

comum. Ou seja, preciso despojar-me de mim para colocar-me no lugar do outro para que

ambos possam ser construtores conhecimento.

Se entendermos a linguagem como um mero código, e a compreensão como

decodificação mecânica, a reflexão pode ser dispensada; se a entendermos como

uma sistematização aberta de recursos expressivos cuja concretude significativa se

dá na singularidade dos acontecimentos interativos, a compreensão já não é mera

decodificação e a reflexão sobre os próprios recursos utilizados é uma constante em

cada processo.

Como as ações lingüísticas se dão na relação entre eu e tu, a interação verbal funciona

como um jogo. Dado que a fala se realiza entre os homens, as ações que com ela

praticamos incidem sempre sobre o outro, pois através deles representamos e

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90

apresentamos a nossos interlocutores uma certa construção da realidade e com isso

interferimos sobre seus julgamentos, opiniões, referências.

Armand Jean Du Pleiss, Cardeal de Richelieu, duque e político francês (Paris, 1585 - idem,

1642) e primeiro-ministro de Luís XIII de 1628 a 1642; foi arquiteto do absolutismo real na

França e da liderança francesa na Europa. Foi consagrado Bispo de Luçon em 1607. Seu poder de

oração o consagrou orador do clero nos Estados Gerais de 1614, passando a fazer parte do conselho

da regente Maria de Médici por volta de 1616. Tornou-se cardeal em 1622. Foi temporariamente

excluído após a ascensão ao poder de Luís XIII, mas em 1624 já contava com a confiança do rei,

entrando no Conselho do rei, de que rapidamente se tornou a personagem principal. Pelo resto de suas

vidas, os dois trabalharam juntos. Foi tão reconhecido, que se tornou um dos personagens principais

do romance ―Os três mosqueteiros‖, de Alexandre Dumas.

Portanto, “a tarefa de tomar a palavra exige de nós que passemos da

materialidade das palavras ao seu significado em valor. A nossa liberdade concreta

afirma-se à medida de nossa capacidade de promover em conjunto a expressão e a

comunicação na linguagem que nos manifesta”. (Gusdorf, p. 54).

Assim, a verdadeira comunicação é realização de unidade, ou seja, unidade de

cada um com o outro, mas conjuntamente unidade de cada um consigo próprio, modificação

da vida pessoal no encontro com outrem. Eu não comunico enquanto não fizer esforços para

libertar o sentido profundo do meu ser.

Se for verdade que a língua fornece o quadro para o exercício da fala, deve-se

reconhecer também que a língua apenas existe na fala que a assume e a promove. A

linguagem instituída define um campo de compreensão. A comunicação é a relação que se

estabelece entre dois sujeitos situados nesse campo, fornecendo-lhes um domínio comum

de referência, pano de fundo relativamente ao qual a sua relação momentânea se destaca

em primeiro plano.

A EXPRESSÃO E A AUTENTICIDADE DA COMUNICAÇÃO

A função expressiva da fala humana está em equilíbrio com sua função

comunicativa; ela comanda certos aspectos essenciais da nossa experiência. Ao evocar o

sujeito desprende-se, desvela-se, ―tira o véu‖, para que a comunicação seja edificada e,

assim, garante seu ponto de vista sobre o objeto.

Segundo Turazza, expressar-se por meio da fala é ―tirar a venda‖. O conhecimento

lingüístico deve ser compartilhado pelo outro, pois ao descobrir a pessoa do outro eu,

também me descubro no outro.

A função da comunicação é a revelação das pessoas, daí se dizer, portanto que a

fala é a evocação que se encontra em equilíbrio com a invocação. Melhor dizendo, é o grau

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91

de dialogismo entre os homens – nascemos num mundo de discursos preexistentes e os

sistemas de referências (ou de universos discursivos) que eles revelam são incorporados

pelo falante, constituindo o material concreto da consciência do sujeito.

Neste sentido, “falar, escrever, exprimir-se, é fazer obra, é ultrapassar a crise,

recomeçar a viver, mesmo quando só se acredite fazer reviver o sofrimento. A

expressão tem valor de exorcismo porque consagra a resolução de não renunciar”.

(Gusdorf, p. 64).

Ou seja, não deixar aprisionar-se por um universo lingüístico estabilizado – próprio

dos espaços das ciências matemáticas, das ciências da natureza, das tecnologias industriais

... Mas se permitir conhecer um lugar não estabilizado logicamente, próprio dos espaços

sócio-históricos, dos rituais ideológicos, dos discursos filosóficos, dos enunciados políticos,

da expressão cultural e estética, etc.

O primeiro tipo constitui em uma linguagem desvalorizada porque é próprio da comunidade

reduzir o valor ao estado de objeto; linguagem cerceada, que se tornou simples

denominador comum – aqui o indivíduo não se desvela, mas se oculta; não há crítica nem

reflexão, ao contrário, do universo lingüístico discursivo não estabilizado em que o homem

convive com ambigüidades equívocas, contradições. E é no contexto destas construções

que se produzem as ideologias enquanto elaborações sistemáticas das experiências, das

necessidades, das aspirações, selecionando, hierarquizando, estruturando seus

componentes.

Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, Holguín, 13 de Agosto de 1926), famoso por seus discursos com horas de duração, é o presidente da República de Cuba e uma das personalidades políticas internacionais mais conhecidas, carismáticas e polêmicas. Para seus defensores, Castro representa o herói da revolução social e a garantia de repartição equitável da riqueza no país, devido a sua política socialista. Seus adversários, internos e externos, no entanto, consideram-no o líder de regime ditatorial baseado numa política de partido único e numa polícia repressiva de estado, no que diz respeito à liberdade de expressão e à aplicação de penas duras a presos políticos.

“A fala é, para o homem o começo da sua existência, a afirmação

da sua pessoa na ordem social e na ordem moral. Antes da fala

existe apenas o silêncio da vida orgânica, que não é, aliás, um

silêncio de morte, porque toda vida é comunicação e mesmo

desde antes do nascimento o embrião encontra-se incluído no

ciclo biológico materno.” (Gusdorf, p. 81)

É pela fala/discurso que se cria o cenário para vida humana. Construir o cenário é

agir/transformar o mundo. A fala é neste caso, a afirmação do homem como pessoa que

atua em diferentes papéis sociais.

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ELOQÜÊNCIA

Na eloqüência desaparece o grau de reciprocidade. Ela é assimétrica, não tem troca

nem reflexão. Só um detém o uso da palavra e, devido a situação privilegiada, exerce sobre

a massa um poder de fascinação temível, fortalecido pelas receitas de uma técnica milenar.

A eloqüência ocorre na oratória e, pressupõe um orador que fala para um ―homem

da multidão‖ que é logo enfraquecido, manobrável pelo jogo de palavras do orador que é

visto como um encenador da sua própria consciência, logo, o que diz e como diz é suspeito.

Pode haver oradores honestos, mas a arte da arte da oratória é desonesta.

José Carlos do Patrocínio, nascido em 1854, no Rio de janeiro, filho de um cônego e uma

escrava, José do Patrocínio era farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político.

Lutava pela abolição. Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade

Brasileira Contra a Escravidão. Em 1883 articula a Confederação Abolicionista,

congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redige e assina,

juntamente com André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, Patrocínio não se limita a

escrever: também prepara e auxilia a fuga de escravos e coordena campanhas de angariação

de fundos para adquirir alforrias pela promoção de espetáculo ao vivo, comícios em teatros,

manifestações em praça pública etc. Em Setembro de 1887, à frente do periódico ― A Cidade

do Rio‖, intensifica a sua atuação política. Foi nele que Patrocínio saudou, após uma década

de intensa militância, a 13 de Maio de 1888, o advento da Abolição.

Ei! Ei! Preste bastante atenção. A partir da

próxima página. Você vai aprender os

fundamentos da oratória e a melhor maneira

de colocá-la em prática.

3.2. Princípios gerais de oratória

De acordo com Polito (2000) para se fazer uma boa oratória é necessário que

você fique atento para os seguintes passos:

Escolha do assunto – de preferência optar por um assunto que o auditório ainda não

tenha ouvido falar (assunto atual);

Determine os objetivos – ao falar você tem alguns objetivos a alcançar, bem como:

a) informar;

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b) persuadir e motivar, ou seja, canalizar o trabalho para a obtenção de argumentos,

provas, análise de objeções e de pontos que possam ser refutados;

c) entreter – presença do espírito de humor e ironia. Informações que não exigem

grande esforço de entendimento do público (tocar a emoção dos ouvintes);

d) promover-se – transmitir informações que de modo sutil ressaltem seus princípios

morais, honestidade e interesse pelo próximo.

Conheça os ouvintes, pois a apresentação do orador deverá estar de acordo com o

auditório. Assim, é necessário que ao se preparar à apresentação o orador entre em

sintonia com a platéia, pois, só conseguirá sensibilizá-la. Em outras palavras falar o que

ela deseja ouvir; o orador precisa ainda conhecer o mecanismo de escuta-la e não

simplesmente ouvi-la.

Verifique o local e as circunstâncias da apresentação; alguns cuidados com o local e

com as circunstâncias que cercam a apresentação ajudam a indicar o melhor caminho

para alcançar um bom resultado diante do público. Polito (idem) elenca a importância de

se considerar os seguintes itens abaixo:

a) O tamanho do auditório – uma platéia mais numerosa exigirá do orador mais

gesticulação e intensidade de voz;

b) O local – verificar as condições de acesso, abrangência e acomodação das pessoas

previstas para o encontro são fatores que poderão influenciar na receptividade dos

ouvintes;

c) Os recursos disponíveis – todo o material, utensílios e instalações, tudo deve estar

em perfeitas condições e locais apropriados;

d) O apoio da apresentação – diz respeito ao pessoal da assistência técnica e

informações;

e) as últimas observações – confirmar se o programa inicialmente não foi alterado;

nome, cargo, hierarquia das pessoas a serem mencionadas ou se haverá alguma

alteração, de última hora;

Faça a pesquisa e escolha das informações.

Após os procedimentos anteriores, a pesquisa completará o levantamento das

informações. Para a pesquisa são necessários os critérios abaixo:

Comece a pesquisa e a montagem pelo assunto central;

Não censure, todas as informações poderão ser úteis;

Recorra aos próprios conhecimentos;

Converse com outros especialistas;

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94

3.3. Para trabalhar a oratória

a) Deve buscar

O dom da palavra;

Persuadir;

Esclarecer idéias e conceitos.

b) Onde aplicar

Vida particular;

Vida profissional;

Vida na política

c) Por meio da palavra, você pode:

Criar amigos ou inimigos;

Induzir alguém a comprar um determinado produto ou faze-lo desistir;

Simpatizar com as nossas idéias;

Tomar determinadas atitudes;

Informar com precisão (corretamente);

Defender;

Comunicar idéias;

Realizar discursivos políticos;

Falar em um jantar, homenagem, recepção ou despedida.

IMPORTANTE: A oratória é muito valiosa tanto para

o triunfo social quanto para promover o próprio

trabalho.

3.4. Caminhos para a prática da oratória

a) ATIVIDADES DE EXPRESSÃO CORPORAL:

Expresse a fala com segurança e determinação;

Ritme a fala com a respiração;

Fique sempre atento para que não sature o público;

Procure ser sintético, considerando sua fala, isto é, fale muito com poucas

palavras;

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95

Projete a voz com um volume audível ao público;

Realize leituras,

Amplie seu vocabulário desenvolvendo discursos sobre diversos assuntos;

Pronuncie as palavras com clareza, dando destaque as que terminam com ―s‖ e

―r‖;

Eleve o tom da voz nas palavras enfáticas;

Procure sempre falar com desembaraço e adquira um vocabulário fluente e

preciso.

b) CUIDADOS EM EMPREGAR VÍCIOS DE LINGUAGEM, COMO:

Apresentar argumentos sem tranqüilidade;

Repetição contínua de frases como ―entendeu?‖, ―né?‖, ―compreendeu?‖, ―tá‖ e

―percebeu?‖;

Confundir o ―l‖ com o ―r‖;

Discursar sem modulação de voz;

Excessos de arcaísmos, estrangeirismos e gírias;

Utilizar palavras irônicas;

Falar com gracejos ao longo do discurso;

Falar ao mesmo tempo ou interromper uma pessoa;

Pausar por um tempo excessivo o discurso;

Omitir os encontros consonantais;

Aproximar-se dos rostos dos ouvintes ao discursar.

3.5. Orientações sobre como apresentar tipos de discursos

a) AGRADECIMENTOS AO ORADOR: observar que esse momento é quando você

está assistindo palestras ou conferências, tendo que, no final do evento em

questão, comentar o desempenho do orador e agradecer sua presença.

Procure abreviar o tempo do discurso – 30 a 60 segundos é o ideal;

Faça referências somente à fala do orador;

Mantenha atenção ao discurso do orador para saber quais pontos foram

abordados por ele;

Elogie a clareza, a precisão, etc. do discurso do orador;

Agradeça pelos momentos que passaram pelas informações úteis que

compartilharam pelas notícias de interesse grupal, etc.

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b) AGRADECIMENTOS A UMA HOMENAGEM: atente a essas regras,

principalmente se você é um homenageado em determinado evento, por

determinado grupo ou categoria da sociedade.

Expresse sua divida ao grupo que homenageando ou presenteando,

procurando compartilhar com o todo grupo;

Agradeça novamente;

Ao brindar faça uma referência e espontaneamente devolva a homenagem ao

auditório, falando palavras claras e breves de amizade, carinho e afeto;

Agradeça novamente e sente-se.

E seu eu não for o homenageado, mas estiver fazendo

uma homenagem?

Uma homenagem, de forma simplificada, pode seguir os seguintes passos9:

Conquiste a simpatia e a benevolência do publico;

Faça um histórico das atividades ligadas à vida do homenageado;

Fale das qualidades do homenageado, revele seu nome e o motivo da

homenagem;

Encerre com mensagem de otimismo, desejando ao homenageado muitas

conquistas e realizações

3.6. Orientações sobre os tipos de discurso

a) DISCURSOS INFORMATIVOS – EXPOSIÇÃO

Coordene suas próprias idéias – estabeleça o plano de exposição;

Procure inteirar-se do assunto

Utilize-se de dados expressivos para o público;

Analise descritivamente cada item da sua exposição;

Lembre-se que o público não conhece profundamente o assunto quanto você;

Ao descrever o desconhecimento, compare-o a elementos familiares ao

auditório.

9 Retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 178.

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b) DISCURSOS PERSUASIVOS

Ao iniciar o assunto, não seja hostil e comece com observações de assentimento

geral;

Prove seu ponto de vista com exemplos conhecidos do público;

Emocione o auditório com determinação nas palavras;

Concilie apelo comovente e causa legítima;

Inicie com um conteúdo sério em sua fala e encerre com algo que deixe o

público persuadido.

c) DEBATES

Procure responder as perguntas com cuidado;

Ouça a pergunta e apanhe cuidadosamente a intenção e o conteúdo do que foi

perguntado. Nem todas as perguntas contêm a indagação que parecem conter.

Uma forma de avaliar a intenção de uma pergunta é conhecer sua audiência;

Responda a pergunta que lhe foi feita, para não desrespeitar a platéia;

Apresente fatos diretamente e resumidamente;

Responda perguntas controvertidas com convicção de sua opinião, não tente

divergir;

Atenda ao maior número de pessoas possível. Não deixe que alguém

monopolize o período de perguntas e respostas.

3.7. Cuidados com a voz

A voz depende do sistema nervos que ordena, coordena, dá sentido aos sons

produzidos pelo organismo e às condições emocionais.

Comumente você associa vozes mais graves a seriedade, responsabilidade, tristeza

ou amargura. As vozes agudas expressam euforia, nervosismo, infantilidade. Vozes débeis

transmitem a sensação de insegurança ou timidez.

A voz rouca e grave é considerada defeituosa pela classe médica, mas é usada com

sucesso pelos sedutores. A voz nasal é usada para dar um clima intimista.

Um bom uso da voz pode facilitar a capacidade de expressão da pessoa, que pode

por meio de sua fala e com uma boa voz, realizar-se profissionalmente.

Os textos seguintes foram classificados de acordo com os tons de vozes:

a) TOM GRAVE E SOLENE: voz grave, baixa e vagarosa

Ex.: Um discurso em um ritual fúnebre, como um velório.

b) TOM DE CONVERSAÇÃO FORMAL: tom natural, voz modulada em velocidade.

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Ex.: o discurso de uma exposição em uma aula de matemática

―O futuro deve ser uma fronteira aberta a invenção do homem. É isso que eu entendo

por uma sociedade aberta.‖ (Celso Furtado)

c) TOM EMOCIONAL: Exige que a voz seja mais alta e mais rápida.

Ex.: discursos de generais

―Soldados ! Do alto desta pirâmide, 40 séculos os contemplam‖. (Napoleão

Bonaparte)

―Independência ou morte‖ (D. Pedro I)

3.8. Elementos importantes na formação de um orador

b) A VOZ10: O aparelho fonador é uma adaptação de partes dos parelhos digestório

e respiratório. Portanto, quando você fala, não apenas ele, mas todo o organismo

passa a funcionar e a expressar, por meio da voz, seu comportamento físico e

emocional. Por isso, a voz identifica o que ocorre no nosso interior. Ela se revela

se estamos alegres, tristes, apressados, calmos, nervosos, hesitantes, convictos.

Para usar a voz de maneira correta e apropriada na comunicação, é preciso

conhecer bem suas características e seu funcionamento.

c) A RESPIRAÇÃO11: A boa voz depende fundamentalmente de uma respiração

adequada. Sem respirar bem não é possível falar bem.

A respiração é constituída de duas fases distintas: a inspiração e a expiração.

Na inspiração, os pulmões se enchem de ar, as costelas se elevam, o diafragma (um

músculo localizado embaixo dos pulmões) desce, e a caixa torácica se alarga. Na expiração

ocorre o inverso. O diafragma sobe, as costelas descem, e o ar que sai dos pulmões, como

conseqüência deste processo, é usado na fonação.

10 Texto retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 42.

11 Texto retirado de: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. pp.

43-44.

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99

A respiração correta para falar é realizada com a região abdominal, como faem as

pessoas quando estão dormindo. Veja a seguir um exercício para treinar e melhorar a

respiração:

fique em pé, distribuindo naturalmente o peso do corpo sobre as duas pernas, e

com a postura um pouco relaxada;

posicione a cabeça como se estivesse equilibrando um pequeno livro;

coloque as mão sobre o abdômen, sem forçar – elas servem apenas para que você

se conscientize do procedimento correto ao respirar (na produção da fala, o

abdômen devera estar o mais relaxado possível; observe como durante o processo

de inspiração o abdômen se eleva);

Atenção: a caixa torácica deverá ficar

praticamente imóvel. Se ela se expandir, a inspiração

para falar não estará correta.

Expire com os lábios levemente cerrados, produzindo um fluxo de ar contínuo, e

observe como o abdômen se contrai;

Repita este exercício várias vezes até desenvolver a respiração na região

abdominal e usar corretamente o diafragma;

Depois de conseguir o domínio da técnica da respiração, repita o exercício e, ao

expirar, pronuncie as vogais a,e,i,o,u, uma de cada vez.

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100

Procure praticar essa técnica para que possa usá-la naturalmente ao falar.

d) DICÇÃO: é a qualidade suprema da voz falada. No discurso as palavras devem

ser pronunciadas de forma clara, precisa, completa e compreensível. Deverão ser

observadas rigorosamente a regras de acentuação, uma vez que a não

observância delas poderá expor o orador ao ridículo, contribuindo ainda para em

entendimento imperfeito da idéia, do assunto exposto. A respiração destaca-se

nesse processo, o qual compreende a Inspiração, a pausa e a expiração. O orador

não deve respirar no meio das palavras ou deixar os pulmões se esvaziarem

demais.

ATENÇÃO:

1) É comum notar-se que a maioria daqueles que usam a palavra em público suprime o

final de determinadas palavras compridas e de pronúncia complexa. Eis um defeito que

empobrece um discurso, tira-lhe o brilho e provoca observações entre o auditório.

2) Somos julgados pela forma como pronunciamos as palavras. Uma boa dicção pode ser

um ―cartão de visitas‖, a imagem de uma pessoa bem preparada, ou seja, pode

aumentar a credibilidade do orador, pois a boa pronúncia, sem atropelos durante a fala,

é um indicativo de domínio do assunto tratado pelo orador.

a) TIMBRE: Qualidade distinta da voz no que diz respeito às alturas (Volume) e

intensidade (Energia)...

Não fale de boca fechada;

Não fale com o nariz;

Não fale com o fundo da garganta

Não fale com a flor dos lábios.

b) INTENSIDADE OU VOLUME: É o grau de energia da pronúncia, ou seja, a força da

voz; é a potência com que o som é produzido. O volume ideal de voz é aquele

ajustado ao ambiente onde será realizado o discurso. O orador não deve usar um

volume elevado se estiver falando em um lugar pequeno para poucas pessoas,

nem reduzido se estiver diante de uma platéia considerável em um ambiente

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101

grande e se microfone. É importante atentar para o local onde será realizada a

oratória e utilizar a intensidade da fala de acordo com o mesmo.

IMPORTANTE: Cada pessoa possui uma velocidade no seu discurso

que depende de diversos fatores como respiração, articulação das

idéias, nível de dificuldade de pronuncia e dicção. É interessante para o

orador que encontre seu nível de velocidade do discurso e o harmonize

com o volume de sua fala, de forma a tornar o discurso mais

interessante, sem fazer com que o espectador peca o interesse por

uma fala muito lenta e/ou baixa ou sinta-se irritado com um discurso

muito alto e/ou rápido.

c) ENTONAÇÃO: é a música ou o ―colorido‖ da linguagem. É a ênfase da voz em

certos vocábulos, onde a pronúncia ganha relevo ou certo destaque. Esse elemento

contribui decisivamente para o êxito de um discurso. Sabemos que uma voz tediosa

e pouco interessante cansa o público. O ato de baixar e levantar o tom de voz faz

com que o discurso seja agradável ao público. A ênfase da voz quando usada de

uma forma apropriada transmite, ao ouvinte a idéia exata do que se deseja

comunicar. Muitos discursos são interpretados erroneamente porque o orador não

coloca ênfase em suas palavras e deixa a interpretação a critério do ouvinte.

Vamos fazer um pequeno exercício agora. Analise a

frase a seguir

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Observe como o sentido da mensagem seria

modificado se o destaque fosse dado a palavras

diferentes

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leia as frases ditas pelo cartesiano, mudando o volume de

voz nas palavras destacadas e faça pausas expressivas

antes e depois de pronunciá-las.

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

Os livros chegaram de navio antes da inauguração da bienal

ATENÇÃO:

1) Pronunciar uma palavra com maior ou menor intensidade serve para destacá-la dentro

de uma frase. Apesar de este recurso ser utilizado com mais freqüência em palavras, é

possível pronunciar com maior veemência uma frase inteira para destacar a mesma no

contexto de uma mensagem que se queira passar.

2) O recurso de se pronunciar uma palavra pausadamente, sílaba por sílaba, também serve

como ferramenta para destacar uma palavra ou uma frase. No caso da frase, este

recurso é ainda mais eficiente que o anterior.

3) Uma boa forma de se destacar uma palavra dentro de uma frase é o de utilizar pausas

antes e depois da palavra que se deseja enfatizar. Uma pausa na fala antes, e outra logo

em seguida à palavra em questão faz com que a mesma seja destacada de forma

natural.

IMPORTANTE:

O SOTAQUE

Segundo o Dicionário Aurélio, o sotaque é ―a pronúncia característica de um

indivíduo de uma determinada região‖. E de fato a pronúncia da língua carregada de

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103

elementos de influencia da região ao qual o falante pertence é chamada de ―sotaque‖.

Porém algo é importante ressaltar: todos nós carregamos um sotaque, pois todos temos

maneiras singulares de expressar-nos através de nossa língua mãe, formas estas que

variam de acordo com as influências lingüísticas das regiões as quais pertencemos. Mas

não conseguimos perceber essas singularidades em nosso modo de falar.

Por estarmos habituados não só pela nossa fala, mas pela dos indivíduos ao

nosso redor, temos a tendência de carregar nossa forma de falar como a forma ―correta‖ e a

de outras regiões como ―errado‖, ou ―carregada de sotaque‖. Esse típico comportamento

etnocêntrico12 advém do fato de não termos consciência de nossa cultura, de utilizarmos

nossos hábitos como referência, sem a empatia necessária para nos colocar no lugar do

outro e ver como este outro, esse diferente nos enxerga. No caso da língua, para nós o

outro possui o sotaque, enquanto para o outro somo nós que carregamos sotaque. Para um

nordestino, o sulista tem sotaque, e vice-versa, para o sulista, é o nordestino que possui

uma forma diferente de utilizar a língua.

Tendo em vista essas diferenças, nos defrontamos então com o seguinte

problema: é válido mudar o modo de falar porque uma determina situação exige, porque

convivemos com pessoas que possuem um modo de falar diferente? Essa questão não

possui uma resposta do tipo sim ou não, pois o falante da língua e neste caso nós, deve

pensar em uma série de fatores antes de chegar a uma resposta. Assim, abaixo é listado

uma série de questões para se refletir sobre o uso do sotaque:

1) Quando o sotaque deve ser eliminado: alguns fatores devem ser pensados antes de

se pensar em eliminar o sotaque:

A compreensão da pronúncia: nestes casos o sotaque às vezes é modifica

bastante a língua, havendo a impressão de que o falante está utilizando outra língua.

Neste caso, muito provavelmente o sotaque deverá ser mudado para haver uma

maior facilidade da comunicação.

O efeito da avaliação dos ouvintes: pelos motivos acima avaliados, pode haver

problemas por parte do ouvinte em aceitar uma forma diferente de falar, podendo

incorrer em diversas conseqüências como, por exemplo, a zombaria, o que pode

dificultar a comunicação. Se for este o caso talvez seja melhor modificar o sotaque.

A possibilidade de resistência dos ouvintes: pode ocorres quando ouvintes

entenderem que o sotaque do orador é uma forma de prepotência, arrogância.

Exemplo: caso o orador pertença a regiões mais ―badaladas pela moda‖, ou

12

Etnocentrismo: tendência do ser humano julgar os valores de outras sociedades e culturas diferentes

através das referências de sua própria sociedade, tomando seus valores e costumes culturais como o ideal, o que

é correto.

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104

privilegiadas de alguma forma, pode sofrer algum tipo de resistência de ouvintes que

pertençam a regiões não tão privilegiadas, independente do que se tenha a falar.

2) Apesar de a mudança ser importante em determinadas situações, deve-se tomar

cuidado para que, ao modificar a forma de falar, o discurso não saia forçado,

comprometendo a naturalidade e a espontaneidade da comunicação.

3) Apesar de haver essa possibilidade de mudanças, se o orador não sentir-se

confortável com elas, independente de qualquer consideração, então talvez o melhor

caminho seja manter seus regionalismos, de forma a tornar a comunicação sempre

mais fluida.

d) TOM DA VOZ: é responsável pela dinamização do discurso. Deve ser dinâmico,

claro e seguro.

e) GESTOS: indica em parte as idéias. Os gestos devem ser:

Natural: se ajusta as idéias e as palavras do orador;

Fácil: espontâneo, não planejada;

Usada moderadamente: cada gesto deve ter um significado. Não repita o

mesmo gesto duas vezes.

f) POSTURA: refere-se a atitude que você tem em frente ao outro. Também retrata

a posição corporal assumida em uma palestra ou no dia-a-dia, envolve os pés,

as mãos, o corpo, a cabeça etc.

a) sente-se comodamente na cadeira, com o busto ereto para deixar os pulmões

completamente livres;

b) evite dobrar os braços e fechar as mãos, dificultando a circulação do sangue.

Deixe os braço soltos e as mãos abertas para que a tensão possa esvair-se

pela ponta dos dedos.

c) ao levantar-se para falar, respire profundamente e ande com calma,

respirando normalmente, balançando lentamente os braços. Não deixe para

arrumar a roupa ou os cabelos nesta ocasião;

d) inspire bastante ar e solte-o levemente pela boca. Assuma a posição correta

do orador.

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105

Alguns conselhos para posicionar-se corretamente:

sinta os pés firmes no chão, não muito afastados um do outro e com os joelhos levemente flexionados, as mãos caídas naturalmente ao lado do corpo, punhos fechados, mas não crispados;

mantenha o busto bem posto, ombros para trás, cabeça erguida permitindo ampla ventilação dos pulmões para bem falar;

relaxe todos os músculos, principalmente os do maxilar, o que dá uma sensação de bem estar;

deixe a boca levemente aberta como se fosse pronunciar letra ―A‖, enquanto olha calmamente toda a platéia (sem fixar o olhar em alguém em especial) durante alguns segundos;

evite toda a atividade que distraia o público, como colocar os pés sobre uma cadeira ou balançar-se para frente e para trás ou de lado;

mostre-se relaxado.

IMPORTANTE:

COMO USAR BEM O MICROFONE

Ao aprender a usar corretamente o microfone, você aproveitará o eu potencial e o

transformará em um ótimo colaborador para sua voz e para sua comunicação.

Cada tipo de microfone tem sua sensibilidade e requer uma distância apropriada da

boca para ser bem aproveitado. De maneira geral, não deixe o microfone muito baixo,

porque dessa forma ele não captará convenientemente o som da usa voz. Por outro lado, se

o deixar muito próximo da boca, além de estourar o som, ele poderá se transformar em

obstáculo entre você e o público, impedindo que os ouvintes vejam seu semblante.

Como eu disse, cada microfone deve ser usado a uma distância apropriada, mas

como orientação geral, sugiro que seja mantido a uns 10 centímetros da boca. A partir

desse ponto, você irá se aproximar ou se afastar, de acordo com a sua sensibilidade.

A melhor altura do microfone é um pouco abaixo da boca, mais ou menos na direção

do queixo.

O grande segredo para o bom uso do microfone é falar sempre olhando sobre ele.

Assim, se você se dirigir às pessoas que estão no fundo da sala, à sua frente, posicione-se

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106

naturalmente diante do pedestal, olhando sobre o microfone. Se falar com os ouvintes que

estão em uma das extremidades da sala, bastará um leve giro do corpo para que o

microfone fique entre você e a parte do público a quem deseja dirigir as palavras. E assim,

sempre posicionado para falar olhando sobre o microfone, estará se valendo

convenientemente desse extraordinário recurso da comunicação, sem que a platéia note

qualquer intenção de você estar usando alguma técnica. Na verdade, quando a técnica é

bem utilizada, o público nem percebe que existe microfone no ambiente.

RETIRADO DE: Polito, Reinaldo. Seja um ótimo orador. São Paulo: Saraiva, 2005. pp. 67-68.

Atividade

1) Tendo como base seus conhecimentos dos capítulos anteriores, o que você aprendeu

sobre oratória e utilizando como referência um dos textos sobre a linguagem

matemática, realize um seminário que aborde a questão da linguagem e matemática.

Este seminário deverá ser realizado em grupo (cada grupo composto de 4 a 5

integrantes). A avaliação da oratória, dos vários tipos de discurso, etc, será realizada

através deste seminário.

2) O ―r‖ no final de vocábulos é uma das letras mais suprimidas na hora da fala. Tendo isso

em mente e o que você aprendeu sobre dicção, faça a atividade abaixo como forma de

melhorar sua pronúncia.

A tabela abaixo é formada por duas colunas a da

direita com substantivos e a da esquerda com verbos,

ambos terminados em ar, er, ir, or.

SUBSTANTIVOS VERBOS

AR AR

Mar Caçar

Lar Dar

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107

Colar Viajar

Bar Doar

Lugar Tramar

ER ER

Lazer Fazer

Repórter Vencer

Ester Cozer

Mulher Comer

Colher Colher

IR IR

Emir Rugir

Elixir Sair

Vizir Erigir

Samir Tingir

Jurandir Cerzir

OR OR

Cobertor Repor

Ventilador Decompor

Televisor Por

Flor Expor

Amor Impor

Pronuncie as palavras desta relação em pares, na

ordem em que está, depois alterne a posição dos

substantivos e verbos dentro da mesma terminação

sempre acrescentando novos.,

Pronuncie em voz alta o substantivo e em seguida o

verbo, cinco vezes cada par. Por exemplo: mar-caçar,

cinco vezes, depois lar-dar cinco vezes e assim por

diante.

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108

Repita esta operação até conseguir repetir o “r” final

dos verbos com a mesma naturalidade que com que

fala você fala o “r” final dos substantivos.

RESUMO

É pela fala que exercitamos a linguagem, sendo esta ação a comunicação, que se

constrói pelas formas da língua. Ou seja, é pelo ato da fala que verbalizamos nosso

pensamento. Sendo assim a dissociação entre linguagem e pensamento faz-se impossível.

A linguagem e fala ao mesmo tempo são diferentes e complementam-se. A primeira

caracteriza-se por abranger designação, precisão, decisão: é objetiva em relação à

realidade humana; já a segunda traz consigo a essência do mundo. Em outras palavras, a

―fala‖ concebe ao ser humano construir um universo de significados diversos, próprio a

partir de cada palavra utilizada, fugindo a um mundo já pré-concebido. A função expressiva

e a função comunicativa da fala humana estão em equilíbrio. Através da expressão, o

sujeito realiza a comunicação, garantindo assim seu ponto de vista sobre o objeto lido,

interpretado, re-significado.

Para seguir a atividade da fala, como oratória, alguns elementos fazem-se extremamente

importantes: informar; persuadir e motivar (argumentação para se alcançar o

convencimento); entreter (discurso e postura marcados por forte presença do espírito);

promover-se (informar de maneira que, sutilmente, o orador ressalte seus princípios

morais, honestidade e interesse)

Meus parabéns, agora você está pronto para fazer sua

apresentação, utilizando-se da arte da oratória com

qualidade e técnica!

Você sabe como produzir textos de referência e

textos dentro da redação oficial?

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

109

Não se preocupe! Agora, iremos estudar os vários

tipos de documentos de referência e oficiais; por

isso, preste bem atenção nos conceitos, pois este é

um assunto muito importante para sua futura

profissão! 4. DOCUMENTOS INFORMATIVO-REFERENCIAIS E OFICIAIS

Ao final desta unidade, você estará apto a:

- Identificar e classificar os documentos oficiais;

- Elaborar documentos oficiais dentro das normas técnicas;

- Propiciar aos discentes a habilidade para a produção e/ou elaboração de textos

técnicos e informativos, utilizando com precisão a linguagem técnica, clara e

objetiva.

Começaremos pelos textos informativo-referenciais.

Estes textos podem ser três tipos: fichamento,

resumo e resenha. Preste atenção à sua construção.

4.1. Fichamento

É um recurso de memória imprescindível – sobretudo na elaboração de projetos de

monografias (trabalhos de pesquisa, como aqueles realizados para a conclusão de cursos

de nível superior). É usado também em seminários e aulas expositivas. Para monografia,

usa-se o fichamento após a leitura reflexiva e crítica de um texto, respondendo os itens

abaixo e anotando, em cada informação, a página do documento lido e o nome do autor.

Aconselha-se utilizar, frases e palavras próprias, cuidando-se, porém, de reproduzir com

fidelidade o significado do que o autor expressa. Anote apenas o que for essencial. As fichas

padronizadas para este tipo de documentação medem 22,5x15,5 cm, normalmente; você

pode, contudo, escolher outro tamanho que melhor lhe convenha.

(Veja modelo abaixo. Tema: Metodologia do Ensino; Delimitação ou Assunto enfocado:

Educação Pré-escolar; Pontos-chaves explorados: Conceito, objetivos, características,

etc.)

Ficha do documento Metodologia Educação Pré-escolar

SOUZA, Paulo N.P – Piaget e a Pré-escola, SP, Pioneira, 1983, 180 p. Sumário: Este livro contém: -

Importância da Ed. Pré-escolar (p9) - Objetivos (p.15)

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110

Ficha do documento Metodologia

Educação Pré-escolar - Justificativa -

A educação pré-escolar é necessária pelos seguintes motivos: - a criança de 4 a 6 anos

precisa de estimulação para que se desenvolva. (Paulo N.P. Souza, Piaget e a pré-escola – p.9)

- No mundo atual a mulher é chamada a colaborar no trabalho fora de casa e precisa

deixar a criança na escola. (Gilda Rizzo – Ed. Pré-escolar – p.9)

Daqui para baixo começa o fichamento da obra

Ficha 1 Metodologia do Ensino - Conceito* -

Método é o meio que se usa para fazer com que o homem se relacione de forma mais adequada com o mundo natural e com o mundo cultural.

Método de Ensino: ação educativa da transformação consciente e racional, socioeconômica e política da sociedade.

Ficha 2 Metodologia - Caracterização do Método do Ensino* -

Finalidade de atingir um projeto preestabelecido - > processo ordenado, uma integração do pensamento e da ação.

Reação (imprescindível exigindo planejamento e replanejamento)

Ficha 3 Metodologia - Importância do Método -

Transmissão e assimilação cognitiva de forma coerente;

Organização de acordo com a realidade do educando.

Ficha 4 Metodologia - Objetivos do Método -

Motivar e orientar o educando para assimilação do saber veiculado no processo escolar e na relação com os meios: natural, cultural, socioeconômico, etc

Ficha 5 Metodologia - Determinantes para Escolha do Método -

A realidade vital da escola (educando e educador) assim como a realidade sócio cultural em que está inserida.

Não há necessidade de seguir dogmaticamente a definição geral do método.

Ficha 6 Metodologia - Problema -

Um dos problemas da metodologia é o planejamento preestabelecido sem que se conheça a realidade da classe, ou seja, seu meio cultural. O planejamento deve ser reciclado de acordo com o educando.

Variedades de fórmulas didático- metodológicas;

Situações didáticas transmitidas sem qualquer conexão com o mundo social.

Ficha 7 Metodologia - Contextualização -

"Toda situação didática ...a met. contextualizada nasce e renasce da própria situação didática (...) envolvendo a totalidade das contradições e problemas do mundo real (p.89). A contextualização da metodologia se apoia "numa" perspectiva histórica e na dialética dos fatos fenômenos educativos (p.90) e no exame de fatores empíricos científicos e sociais que caracterizam a ação docente."

Ficha 8 Metodologia - Subsídios -

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111

a) os resultados das pesquisas no campo da psicologia da aprendizagem (p.89); b) a lógica presente na estruturação da matéria de conhecimento (conteúdo curricular); c) a finalidade formativa da educação (categoria funcional) d) as diferentes realidades do processo E-A.

Ficha 9 Metodologia Método de Ensino - Valor e Limites - Subsídios

O método de ensino tem valor relativo e se constitui apenas num instrumento de relação entre o sujeito e o objeto da educação ... O método de ensino é limitado por condições subjetivas (do educador/educando) e objetivas (matéria, ambiente escolar, etc ...) p.90

Ficha 10 Metodologia - Papel -

Espera-se que a Metodologia: a) evite a rotina pedagógica e a superficialidade do processo E-A. (p.90) b) trabalhe a realidade educativa de forma totalizante; c) desvele a essência da realidade sócio-educativa, identificando suas causas e contradições; d) assegure uma postura crítica e criativa (p.95) do futuro educador, principalmente quando ...

Ficha 10 Metodologia - Papel -

Cont. ... o sistema social está em contradição com o pressuposto epistemológico da teoria de conhecimento que sustenta sua metodologia (p.94) a) facilite a assimilação crítica da matéria de ensino pelo aluno e o confronto desta com as

necessidades da clientela escolar (p.90)

Ficha 11 Metodologia - Contradição -

Contradições objetivas e subjetivas (vetor principal do processo de ensino e do processo de aprendizagem que conduz à praxes pedagógica

a contradição é, sem dúvida, o elemento gerador que leva a ação didática. Contradição (no ensino) é o que se manifesta entre as tarefas propostas ao aluno durante o processo de ensino e o nível real dos seus conhecimentos, hábitos e atitudes.

Método da "contradição" é aquele que a) possibilita ao prof. E ao aluno uma postura consciente e crítica frente ao "contraste entre o tipo de sociedade e de cultura representado pelo aluno (p.92) b) possibilita ao aluno o desenvolvimento .

Ficha 11 Metodologia - Contradição -

Da "capacidade de uma visão prospectiva da realidade e a produção de uma atitude criadora e consciente participação na evolução das relações sociais."

IMPORTANTE!!! Leia o texto do começo ao fim, localizando e anotando à margem ou em papel à parte, para fins de fichamentos, os dados acima em negrito. Utilize quantas fichas forem necessárias. (*)Conceito = "é ", o que significa "consiste em"; Características = o que marca mais em si; Importante = porque, na medida que, visto que ...; Objetivos: para que, visa ª.., busca a; Determinantes = é o que determina, o que leva em conta, o que leva em consideração.

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112

Atividade

1) Execute um fichamento do texto ―Matemática e os caminhos da arte‖ de Manoel

Teixeira.

Matemática e os caminhos da arte

Manoel L. C. Teixeira

De abril a maio de 1996 aconteceu no MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de

Janeiro – a exposição Matemática Realidade e Estética produzida pelo Instituto de

Investigação Científica de Matemática Discreta da Universidade de Bonn na Alemanha. Na

exposição foram mostradas réplicas de obras de artes de artistas famosos feitas no

computador, comparando-se essas imagens que são o resultado direto do desenvolvimento

algorítmico, com diversas reproduções da moderna arte construtivista.

Em 1907 nasceu uma nova tendência nas artes plásticas, como reporta o Jornal do

Brasil.

Nova tela de Picasso lança arte cubista

Em julho de 1907, o pintor espanhol Pablo Picasso concluiu a tela lês Demoiselles

d‘Ávignon que rompe completamente com o impressionismo, estilo que ele adotava até

então e que nada tem em comum com as escolas já conhecidas de artes plásticas. O novo

estilo é, então chamado de cubismo e adotado por outros artistas, como Georges Braque e

André Lhote, que planejam uma exposição em Paris. O que surpreende no quadro, o qual

retrata cinco mulheres nuas, é a decomposição das formas humanas naturais em traços de

aparência geométrica e o rompimento com as leis da perspectiva. Ao contemplar-se a tela,

percebe-se que as figuras retratadas aparecem como se fossem observadas sob vários

ângulos ao mesmo tempo.

Assim como na arte cubista, lidamos no dia-a-dia com as linhas, as retas e os

planos. Podemos numa sala de aula de matemática criar um clima de interação com os

alunos, fazendo-os vivenciar o processo de criação artística.

Essa ação poderia romper com o preconceito de que a genialidade na pintura ou nas

artes em geral é um dom que poucos humanos são capazes de desenvolver. Acreditamos

que se houvesse, de fato, propostas de implementação de ateliês nas escolas,

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113

estimularíamos a auto-estima, a liberdade criativa e o exercício de uma profissão. Alem de

estarmos contribuindo para minorar o preconceito em relação à vida e à profissão artística,

conheceríamos mais detalhadamente a história das grandes tendências da arte mundial.

A idéia de uma escola com ateliês é mais abrangente e de difícil realização a curto

prazo. Podemos propor para a nossa sala de aula mudanças que sejam possíveis na

atualidade. O ateliê de Matemática vem ao encontro dos nossos planos de mudanças no

ensino dessa matéria. Estamos recriando a Didática Especial da Matemática, disciplina que,

por longos anos, viveu deitada em berço esplendido. Não está na ordem do dia das

discussões de educadores matemáticos a sua inserção em debates e pesquisas visando

possíveis mudanças. Isso parece estar longe de ocorrer e alguns fatores podem ter gerado

essa situação. O primeiro diz respeito ao fato dessa disciplina ter sua origem nas

Faculdades de Educação. Ela já existia mesmo antes da reforma do ensino de 1969 que

criou as essas Faculdades. Ela é do tempo das Faculdades de Filosofia, às quais as

disciplinas pedagógicas, o curso de pedagogia e a licenciatura de matemática estavam

vinculados. Outro fator é que poucas Faculdades no Brasil fazem pesquisa em ensino. Elas

estão preocupadas em dar aulas e exercer a oratória da teoria transformadora, respaldada

em uma prática extremamente conservadora e arcaica voltada para a famosa transmissão

do conhecimento e com todos os outros males do ensino tradicional. Por incrível que

pareça, são os educadores matemáticos oriundos dos Institutos de Matemática que estão

levando adiante no Brasil a pesquisa no ensino dessa disciplina. A questão da urgência de

mudanças, a diminuição nos níveis de rejeição por parte dos alunos em relação à

matemática, a grande massa de excluídos do mercado de trabalho, questões de estima

pessoal e traumas irreversíveis são para nós motivos suficientes para propormos a

Matemática e o Caminho das Artes como mais uma opção para mudarmos o atual estado do

ensino da matemática.

Um pouco da História da Educação Matemática no Brasil

São poucos os Educadores Matemáticos com título de doutor nas Faculdades de

educação do País. Com raras exceções, eles existem em maior número nos Institutos de

matemática. Os matemáticos puros, em sua maioria doutores, apesar de existirem em

pequeno número na sua área do conhecimento, em determinado momento optaram pela

educação matemática. Foram esses matemáticos que iniciaram em todo o país a volta dos

encontros, congressos, etc. e também, com sua sensibilidade para as questões da

educação, vêm ajudando a sedimentar o campo da Educação Matemática no Brasil.

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114

É preciso ter muita sensibilidade e acreditar na educação como uma das forças de

transformação e desenvolvimento da sociedade para abraçar essa causa, de pouca

credibilidade junto aos governadores e à população como um todo.

Precisamos produzir novas propostas para o ensino a fim de mudarmos esse quadro

tão adverso. Nos últimos anos a educação Matemática tem conseguido apontar alguns

caminhos nesse sentido. As tendências pedagógicas começaram a aflorar dentro e fora da

escola, na chamada educação informal. Temos como exemplo a etnomatemática, programa

que se propõe a pesquisar a matemática feita por outros grupos sociais que não os

institucionalizados pelos diversos sistemas de ensino.

Nosso trabalho de pesquisa tem como ponto de referência a tendência

pedagógica representada pela etnomatemática. O grupo social a ser explorado é o dos

artistas plásticos interessados em fazer os transversionamentos entre a matemática e as

artes.

A matemática Concreta: uma arte possível

O professor que participou do movimento da educação Matemática no país, e que

continua a acompanha-lo, tem conhecimento sobre os matemáticos, psicólogos, filósofos e

outros profissionais que contribuíram para o desenvolvimento dessa área emergente. Zolton

Dienes é, certamente, um desses matemáticos e tem uma coleção de livros editados sobre

assuntos que vão desde a educação infantil até o ensino médio. Ele é muito conhecido

pelos blocos lógicos, os quais tornaram-se ponto de referência quando o assunto é material

concreto. Visitando a obra de Jean Piaget, podemos construir caixas e mais caixas de jogos

e materiais concretos, para abrilhantar as aulas de matemática em qualquer nível de ensino.

A arte de Lygia Clark foi mostrada no MAM – Museu de Arte moderna do Rio de

Janeiro – no segundo semestre de 2000 em uma exposição chamada Objetos Sensoriais. O

público manipula as obras, experimentando muitas outras formas de contato com objetos,

assim como os matemáticos que, utilizando sua criatividade, criam objetos, jogos com os

quais os alunos interagem para aprenderem a lidar com a matemática de forma lúdica.

Esses matemáticos não são por acaso artistas como a Lygia Clark? Quando poderemos

experimentar a criatividade possibilitada pelo conhecimento matemático, com o intuito de

transformar a condição do estudante? Os alunos criando as suas obras de arte, juntamente

com os professores, os quais podem passar pelo prazer de criar jogos e quadros, fariam a

ligação entre a arte e a matemática.

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115

A arte de Hélio Oiticica

O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) tinha sua sede em um casarão

antigo e muito charmoso na rua Luís de Camões,68 no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Por lá passaram cientistas e professores famosos que fizeram a matemática florescer no

Brasil, como ramo do conhecimento de importância vital para o desenvolvimento e

sedimentação do saber científico desde o início da era moderna até os dias de hoje.

Naquele casarão do século passado os sábios matemáticos pesquisavam as áreas de

Análise real, Análise funcional, equações Diferenciais, Geometria Diferencial, Topologia e

muitas outras.

O movimento modernista de 22 aconteceu em uma época de grandes avanços nas

áreas técnica e científica. Na revolução industrial, que estava em andamento, a invenção de

máquinas para substituir os trabalhadores nas fábricas e produzir bens materiais,

garantindo, assim, o lucro do investidor. A lei era minimizar os custos e maximizar os

ganhos.

O movimento modernista no Brasil, assim como a Revolução Industrial iniciada no

início do século passado na Europa, foi o berço de transformações sociais e culturais que

marcaram a sociedade e continuam se desdobrando em novos movimentos e

manifestações.

Atualmente o IMPA não existe mais na Luís de Camões, com suas salas de aulas e

boxes onde trabalhavam os pesquisadores. O local entrou em reforma e agora abriga o

Centro de Arte Hélio Oiticica, inaugurado em setembro 1996.

Grande parte dos trabalhos desse grande artista brasileiro ficou em exposição nos

anos de 1996 e 1997. Sua obras, assim como o cubismo, o construtivismo e o

abstracionismo, têm suas bases na matemática. Os labirintos, os parangolés e outros

objetos são criados com a intenção de fazer o público interagir com a produção artística. O

dentro, o fora, a fronteira, o ato de rolar em superfícies sem sair dela são de contingências

de uma arte que se propõe a abolir padrões preestabelecidos ou ideais de uma obra.

Nos movimentos das artes plásticas que tem sua origem na matemática, o modelo

mais usado é o geométrico. Podemos dizer que o abstracionismo tem uma relação estreita

com a matemática através da linguagem, se diferenciando, desse modo, do cubismo e do

construtivismo. Alguém que contempla a pintura abstrata pode reagir com estupefação ou

criticar a obra, dizendo que ela não faz sentido, chegando a afirmar que esse tipo de arte

pode ser feito por qualquer um e que é uma bobagem sem nada de excepcional. A análise

de tais imagens, depende do momento pelo qual se está passando e do ângulo do qual ela

é observada. O deciframento da pintura ou da linguagem artística é análogo ao modelo

lógico usado na Matemática. Esse modelo se sustenta pela linguagem formal, termos

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116

primitivos, axiomas, definições, teoremas e etc. A linguagem matemática é muito abstrata,

cada um dos seus símbolos traz inúmera facetas que não podem ser totalmente afastadas

da realidade para se entender o abstracionismo utópico matemático e o abstracionismo

concreto da arte.

Os diálogos platônicos são exemplos do uso, em estado embrionário, dessa lógica

utópica. As argumentações do mestre, feitas de modo convincente com o uso de falas bem

elaboradas e um encadeamento lógico perfeito, devem ser ouvidas atentamente para se

chegar a alguma conclusão. Essa é a verdade inquestionável dita por alguém a quem

supostamente é conferido o poder do saber, ao discípulo resta a contemplação da oratória

do mestre. O mestre formula e também responde as perguntas.

Como Lygia Clark, Helio Oiticica tem sua arte valorizada pela presença dinâmica do

público. A contemplação é substituída pela interação, suas obras apontam os diversos

caminhos matemáticos que podemos experimentar. A roupagem usada por atores, no caso

da obra de Helio Oiticica, nos remete a questões topológicas. Vestindo mangas, coletes,

camisas e panos coloridos, vamos dos parangolés aos conteúdos topológicos. Nos labirintos

percorridos no Centro de Arte Helio oiticica, estamos sempre na parte, no deserto, estamos

sempre no todo. Essas comparações nos remetem à questão abordada no texto? Geometria

e Topologia, qual arte produzir ou levar ao cidadão?

“Todo homem é um artista”

Essa frase cunhada por Joseph Beuys, mas que, segundo o artista plástico Nuno

Ramos, Helio Oiticica assinaria em baixo. Como podemos tomar aquela afirmação ao pé da

letra, se as condições dessa realidade ser deslumbrada está longe de acontecer? Nossa

participação no processo de formação de professores e alunos nos direciona para a tarefa

de construir um saber que possa considerar os pares arte e ciência, linguagem artística e

matemática, diálogo e ação, contemplação e concretude, entre outros, sendo todos esses

pares os alicerces do homem em transformação.

Todos podem ser artistas? Alguns são gênios da pintura e das artes em geral e

outros não. A relação entre a parte e o todo é estabelecida pela diferença, pela

desigualdade. A diferenciação entre gênios e não gênios é fortalecida por relação de poder,

assim como o mercado e os leiloes de obras de arte, com toda as implicações sociais e

históricas que marcaram a produção artística. Nessa mesma perspectiva, podemos associar

ao fazer matemático a produção dos gênios e não gênios. A quem interessa manter essa

relação de desigualdade? Chegamos a um estado de ruptura dessas relações arcaicas que

privilegiam determinadas classes sociais em detrimento de ouras. O nosso olhar e atuação

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

117

sobre essas questões poderá fazer com que acreditemos aos poucos que ―todo homem é

um artista‖.

O sentido da arte matemática

Pesquisa bibliográfica sobre a historia da arte e sobre os principais movimentos

artísticos. Pesquisas em jornais e revistas sobre o tema do trabalho. Entrevistas com artistas

plásticos, professores e estudantes sobre o estado da arte e as concepções de arte e

matemática. Visitas a museus e análise de obras dos mais diversos movimentos artísticos.

Apresentação de uma proposta didática de utilização da arte no ensino da matemática.

Estes são alguns ingredientes que o educador matemático deve utilizar para se sentir, de

fato, um professor pesquisador.

As linguagens musical, poética, alfabética, ideográfica ... São tantas as

possibilidades de expressão do ser humano que, a cada instante, nos surpreendemos com

as vinculações diretas ao seu modo de produção. No fazer de cada individuo está a

representação da sua relação com a sociedade, a cultura e a história dos motivos da sua

produção artística, poética, etc.

Produzimos porque vivemos em sua sociedade, somos regidos pelos

acontecimentos da nossa contemporaneidade. Procuramos dar sentido às nossas

indagações, nossos problemas e nossas alegrias. Enfim, a todas as formas de nos

situarmos no mundo.

São as linguagens que permitem o desenvolvimento dos processos de comunicação

entre os povos. Essas tentativas de diálogo são conhecidas há milênios. A linguagem

numérica existe desde os primórdios da civilização, mas o entendimento teórico do que

significa o número 7 é de difícil compreensão para muitos. A evolução que ocorreu desde a

antiguidade no conceito de número natural é sem dúvida muito importante, mas, desde o

início do século XX, não houve mudanças nesse conceito. Achamos que é o momento de se

pensar nas possibilidades de modificarmos um pouco a concepção do número. Precisamos

utilizar a linguagem ideográfica e abordar as questões do conhecimento e da associação

desta linguagem com outras, produzidas por diferentes povos e culturas. É nas relações

entre as partes e o todo, a arte e a matemática, a poesia e a ideografia, que poderemos

construir alternativas para a arte de fazer matemática.

Conclusão

É possível se fazer transversionamentos na linguagem matemática e na linguagem

artística? Esse é o nosso questionamento. A arte matemática é a raiz de várias escolas das

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118

artes plásticas. A Etnomatemática é o referencial teórico, as relações entre a cultura

matemática e a cultura artística possibilitarão a criação de quadros, objetos, ou jogos no

Ateliê de matemática, construindo uma prática pedagógica crítica e transformadora.

4.2. Resumo

É um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a

suas idéias principais. Em princípio, o resumo é uma paráfrase e pode-se dizer que dele não

devem fazer parte comentários e que engloba duas fases: a compreensão do texto e a

elaboração de um novo. A compreensão implica análise do texto e checagem das

informações colhidas com aquilo que já se conhece. (Medeiros, 2000).

* CONCEPÇÕES DE RESUMO

RESUMO é a ―apresentação concisa das idéias de um texto‖ (Norma NBR 6028, da

Associação Brasileira de Normas Técnicas).

RESUMO é uma apresentação sintética e seletiva das idéias de um texto, ressaltando

a progressão e a articulação delas. Nele devem aparecer as principais idéias do autor do

texto.

CARACTERÍSTICAS:

COERÊNCIA: As idéias apresentadas devem ser coerentes e não contraditórias

COESÃO: Os elementos da frase devem estabelecer os nexos entre as partes do texto

IMPORTANTE:

– O RESUMO deve considerar o contexto, transmitindo uma informação de forma clara e

eficaz. Se o autor objetiva alcançar o entendimento e a compreensão do leitor.

– O RESUMO se relaciona com outros textos (hipertextos): existe um texto anterior que dá

origem ao RESUMO. Esse texto será apresentado como uma paráfrase, propondo uma

problematização.

REDAÇÃO DE RESUMO: CARACTERÍSTICAS FORMAIS

Sendo um TEXTO CONCISO, o resumo deve ser redigido:

Em linguagem objetiva, suprimindo palavras desnecessárias (adjetivos e advérbios)

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119

Evitando a repetição de frases inteiras do texto original (a serem sintetizadas e não

transcritas).

Respeitando a ordem em que as idéias ou fatos são apresentados.

Assim, são suas características formais:

Extensão: de 8 a 15 linhas

Um só parágrafo

3ª pessoa singular, 3ª pessoa plural, 1ª pessoa singular.

Frases pouco extensas

Terminologia específica

Ordem direta das frases

Linguagem denotativa

O QUE DEVE INFORMAR O RESUMO?

Tratando-se do resumo de uma pesquisa iniciada, em andamento ou concluída, ele deve

informar:

A natureza da pesquisa realizada

Os resultados parciais ou finais

As conclusões ou novos direcionamentos.

ENFIM, PARA QUE SERVE UM RESUMO?

partilhar um saber – uma referência

fornecer informação

apresentar provas ou evidências

explicitar seus objetivos

explicitar sua metodologia

apontar para uma conclusão

COMO PARTILHAR O SABER?

Partindo de uma informação do conhecimento da comunidade. Isso ocorre na introdução,

quando o autor negocia com o leitor, estabelecendo o nível do entendimento para, então,

expor informações novas. Essas devem deixar claras suas referências, isto é, o tema a ser

resumido. Devem situar o leitor com relação à área de estudo.

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120

NORMAS TÉCNICAS DO RESUMO

Papel tamanho A4, (210mm x 297mm).

Margens:

superior: 3cm,

esquerda: 3cm,

direita: 2,5cm,

inferior: 2,5cm.

Fonte: Times New Roman, tamanho 12.

Recuo do Parágrafo: 2cm. (1a linha)

Nomes: Autor, nome completo, um espaço abaixo do título, justificado sem parágrafo

(recuo), identificado (formação, e-mail) por uma nota de rodapé.

Orientador, logo após o autor, na linha seguinte, justificado, sem parágrafo (recuo) ,

titularidade precedendo o nome e identificado (instituição e outras informações) por nota de

rodapé. Deixar um espaço (enter) entre o nome do Orientador e o início do texto. Após o

final do texto (máximo 1 página) depois de 1 espaço ( enter ) listar palavras chave

(sugestão: 3).

Agora, veremos como construir o resumo de um

texto passo a passo, conforme LUFT.

1º. Passo: Vamos realizar a leitura do texto.

Leia o texto, com objetivo de estabelecer uma interação leitor-texto, sem marcar nada, a fim

de que não se perca a idéia em geral.

O homem e a natureza

A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não

fosse perigosamente pretensiosa.

Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas

que situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no

equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança

que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio

entre seres e coisas. A aquisição de características como a linguagem, raciocínio lógico,

memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um

ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins.

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121

Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo

conhecido deve prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das

pessoas com poder decisório no mundo.

Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir.

Rio de Janeiro, Difel, 1977.

2º. Passo: Vamos analisar o texto.

A partir de elementos observados no texto, exponha seu ponto de vista pessoal,

demonstrando compreensão do enredo. Tenha sempre em mãos um dicionário para que

possa procurar o significado das palavras desconhecidas, resolvendo os problemas de

vocabulário.

O homem e a natureza

A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse

perigosamente pretensiosa.

Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam

corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele

uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi feito

para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição de

características como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática, noção de tempo e

capacidade de acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas

mais bem dotado para determinados fins.

Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve prestar-

lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo.

Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.

1. Ingênua: em que não há malícia; simples; inocente.

2. Pretensiosa: que tem vaidade exagerada; convencida; presunçosa.

3. Homo Sapiens: Palavras da língua latina que significam ―homem racional‖. As ―doutrinas‖ de que

fala o texto referem-se à teoria da evolução.

4. Incidem: caem; incorrem.

5. Equívoco: erro; engano.

6. Permuta: troca

7. Pragmática: aquilo que é prático, útil.

8. Confere: dá, concede, outorga.

9. Vassalagem: sujeição; submissão.

3º. Passo: Vamos destacar as partes mais importantes do texto para realizar a análise.

Grife apenas a idéia central do texto e as partes que são relacionadas à essa idéia central.

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122

O homem e a natureza

A idéia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse

perigosamente pretensiosa.

Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que

situam corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no

equívoco de fazer dele uma espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança

que nada na natureza foi feito para alguma coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio

entre seres e coisas. A aquisição de características como a linguagem, raciocínio lógico,

memória pragmática, noção de tempo e capacidade de acumular não fizeram do homem um

ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para determinados fins.

Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve

prestar-lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder

decisório no mundo.

Lisboa. Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.

4º. Passo: Vamos realizar a elaboração do esquema. Você precisa ter uma visualização do

plano das idéias desenvolvidas pelo texto.

Para elaborar seu esquema, baseie-se nas frases ou palavras grifadas na etapa anterior.

Esquema:

1. Idéia central: Dizer que a natureza existe para servir o homem é ingênuo e pretensioso.

2. Justificativa: - Homem: ponto mais alto da evolução

- Equívoco: homem é finalidade da criação

- Na natureza existe permuta e equilíbrio entre os seres.

3. Conclusão: As características específicas do homem não o fazem um ser

superior de quem a natureza deva ser dependente.

5º. Passo: produção escrita do resumo.

Produza um rascunho do resumo, sempre baseando-se no esquema. Releia o texto,

eliminado ou acrescentando palavras, de maneira a alcançar um texto claro e conciso.

Reescreva-o, observando os seguintes aspectos:

1. A existência de uma idéia central;

2. Relação lógica entre as partes;

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123

3. Frases curtas, claras e precisas;

4. Correção gramatical.

Rascunho

É ingênuo e pretensioso pensar que a natureza existe para servir o homem. Embora seja o

ponto mais alto da evolução. O homem não constitui a finalidade da criação, pois na

natureza o que existe é permuta e equilíbrio entre os seres. Por isso, mesmo dotado de

características específicas, o homem não é um ser superior de quem a natureza deva ser

dependente.

Texto definitivo

É extremamente ingênuo, além de pretensioso imaginar que a natureza exista para servir o

homem. Embora o mesmo seja o ponto mais alto da evolução, não constitui a finalidade da

criação, já que natureza o que existe, na natureza, é permuta e equilíbrio entre os seres. Por

isso, mesmo dotado de características específicas e incomuns, o homem não é deve

considerar-se superior, a quem a natureza deva ser dependente.

Atividade

2) Com base no texto ―FAZ DE CONTA: UMA BANCA DE REVISTAS NA SALA DE

AULA‖, faça um resumo acerca das idéias principais nele discutidas.

FAZ DE CONTA: UMA BANCA DE REVISTAS NA SALA DE AULA

Cristina Maria Rocha Clemente Ribeiro

Professora de Matemática e Ciências do CAP/UERJ

Pense em seu dia-a-dia, com todos seus afazeres, desde que você acorda: onde você

―vive‖ a Matemática? Ela está presente em quase todas essas situações que você pensou,

não é? Na escola, no entanto, a Matemática tem sido desvinculada desse cotidiano, sendo

considerada mais um saber escolar. Em conversas, os alunos poderão relatar diversas

situações de suas vidas em que a Matemática está presente: nos jogos com seus colegas,

nas compras de mercado de suas casas, na leitura das horas etc.

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124

Como, então ensinar matemática na escola? Como aproximar a Matemática vivida e a

escola? E como mostrar a importância desse aspecto da matemática sem esquecer os

outros?

Nas primeiras séries do ensino fundamental devemos ter como objetivo a formação de

conceitos básicos da Matemática: o número, as operações, a forma/espaço e as medidas.

Uma das estratégias escolhidas e utilizadas na segunda série de 1997, no CAP, para atingir

alguns desses objetivos foi esse projeto, em que, através da realidade do cotidiano, como a

compra e venda de revistas num jornaleiro transformada em faz-de-conta, os alunos

pudessem pensar diferentes estratégias de cálculo, fazer estimativas e desenvolver a

capacidade para resolver problemas.

O projeto Faz-de-conta foi apresentado aos alunos e surgiram outras idéias por eles

propostas. Combinamos que todos trariam moedas para o caixa dos jornaleiros. Comprei as

revistas a partir das preferências da maioria da turma e recolhemos, entre as pessoas,

revistas usadas, mas atuais. Escrevemos para a revista Ciência Hoje das Crianças, pedindo

uma doação de revistas para compor a banca com maior variedade, no que fomos

prontamente atendidos.

O projeto tem acontecido duas vezes por semana: caixas de papelão são ―a nossa

banca‖. Metade da turma fica trabalhando na banca; são sorteados dois ―jornaleiros‖, para

garantir a total interação na resolução dos cálculos (mental e por escrito, se necessário). A

outra metade da turma fica resolvendo problemas, em dupla, criados a partir do próprio

desenvolvimento dos trabalhos da banca.

VOCÊ SE BANCA?

Durante a realização das atividades, os alunos têm tido a oportunidade de pensar

sobre as quantidades, os valores das moedas (R$ 0,01 a R$ 1,00) e os conceitos das

operações: adição,subtração, multiplicação e divisão.

Um dia desses, observei Bruno escolhendo duas revistas, uma de R$ 1,30 e outra de

R$ 2,50. E perguntei:

- Quanto você tem Bruno?

Bruno contou as moedas e respondeu:

- Quatro reais e setenta centavos.

- Você pode pagar, calcular o que sobra pra você e me explicar?

- Sim. Um real mais dois, três reais, trinta centavos mais cinqüenta dá oitenta. Então

vou gastar três reais e oitenta.

- E vai sobrar quanto?

- Se eu gastar três e oitenta, pra chegar a quatro reais faltam vinte centavos ... mais

setenta, fico com noventa centavos.

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125

Nessa situação-problema, Bruno pôde usar suas estratégias de cálculo mental para

chegar a uma solução sem o uso do algoritmo. Teve também a oportunidade de refletir

sobre os conhecimentos que já tinha, utiliza-los no trabalho de cálculo mental e avançar

nessa construção, proporcionando assim uma melhor interação com esse objeto de

conhecimento, a Matemática.

Vejamos outra situação, com outras intervenções da professora.

João Pedro escolheu duas revistas, cada um de R$ 1,30. Sem se preocupar com

quanto iria gastar, entregou todo o seu dinheiro para os ―jornaleiros‖. Nesse momento,

perguntei:

- João Pedro, quanto você precisa pagar?

- Não sei.

- É tudo o que você tem? Já cotou?

- Não. Vou contar agora ....

- Você precisa entregar tudo para os ―jornaleiros‖?

- Não. Vou pagar .... Um mais um, dois reais; trinta mais trinta, sessenta centavos.

Então só vou dar dois e sessenta.

- E quanto você tem? Vai sobrar?

João Pedro conta as moedas e diz:

- três reais e vinte. Vai sobrar.

- Quanto?

- Dois e sessenta para chegar a três, são quarenta centavos; mais vinte, dá sessenta

centavos.

Os ―jornaleiros‖ têm a função de contar e conferir se o total pago pela criança é a

soma dos preços das revistas compradas, já que não há a necessidade de ―dar o troco‖.

Nas situações descritas acima, a professora fez as intervenções antes de os

jornaleiros receberem as moedas. ―O aluno deve ser capaz não só de repetir ou refazer,

mas também de re-significar em situações novas, de adaptar, de transferir seus

conhecimentos para resolver novos problemas‖ (Roland Chamay)

BIBLIOGRAFIA Carraher, T.N. Aprender pensando. São Paulo, vozes, 1984.

Carretero, M. Construtivismo e educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997.

Coll, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre, Artes Médicas,

1997.

Dante, l. R. Didática da resolução de problemas de Matemática, São Paulo, Àtica, 1991.

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126

4.3. Resenha (do latim: ―resignare‖: relatar minuciosamente). Resenha ou recensão

constitui trabalho de síntese, análise resumida e arrolamento de produções científicas.

AS RESENHAS PODEM SER:

DESCRITIVAS: apresentadas sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador;

CRÍTICAS: formulam julgamento sobre o texto, contendo apreciações, notas e correlações

estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.

PARA FAZER UMA RESENHA CRÍTICA RECOMENDA-SE SEGUIR OS SEGUINTES

PASSOS:

Faça uma leitura atenta;

Faça um resumo da obra como um todo, apresentando o fio do raciocínio lógico do

autor;

Acrescente à análise da obra um juízo crítico (imparcial, sem juízo de valor pessoal) do

conteúdo e da exposição da obra;

Não use o mesmo critério de crítica para todas as obras lidas. Uma obra científica é

diferente de uma obra de arte. Cada uma delas privilegia um aspecto da realidade e

exprime as impressões do autor sobre sua visão dessa realidade;

Observe que o escopo da crítica é servir aos direitos e interesses da verdade. Caso

você detecte algum erro na obra ou discorde do ponto de vista do autor, não basta

mostrar a verdade. É preciso buscar, por meio de exemplos, comprovações.

IMPORTANTE:

Na resenha crítica é preciso conciliar a função crítica com a síntese requerida pela

natureza da resenha. Em geral, a crítica costuma deter-se em apenas alguns aspectos da

obra, ou seja, aqueles mais relevantes.

QUALIDADES DA RESENHA CRÍTICA Justiça no apreciar - mostrar tanto os aspectos positivos como as deficiências do

trabalho.

Apreciação segundo as exigências da verdade.

Clareza na exposição.

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127

Precisão nos termos e na síntese.

Fidedignidade ao texto analisado.

IMPORTANTE:

A referência bibliográfica sempre precederá o texto resenhado.

TÉCNICAS PARA RESENHAR UM ARTIGO OU UM LIVRO

Faça uma leitura atenta (enquanto se lê, anote os tópicos importantes, o

desenvolvimento geral do assunto, as obras citadas com mais freqüência, as provas

aduzidas, as conclusões).

A leitura da obra deve ser completa: não basta percorrer o índice. Não seja nem prolixo

nem minucioso demais.

Faça uma breve anotação - muitas vezes uma palavra evocativa é suficiente. As

transcrições longas demais demandam muito tempo.

A RESENHA CRÍTICA DE UM TEXTO DEVE CONTER (CONFORME A ABNT)

RESPECTIVAMENTE:

Referência bibliográfica: autor, título, local da edição, editora, data da publicação, número de páginas;

Credenciais do autor: dados relevantes sobre o autor (nacionalidade, formação universitária, títulos, livro ou artigo publicado).

Resumo da obra: apresentação sucinta das idéias principais da obra e do ponto de vista do autor. (De que trata o texto? Qual sua característica principal?). Descrição do conteúdo dos capítulos ou parte da obra.

Conclusões da autoria: indicação das conclusões a que o autor chegou.

Quadro de referências do autor: indicação do modelo teórico.(Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico utilizado? Qual o método utilizado?)

Crítica do resenhista: apreciação e julgamentos do resenhador sobre o conteúdo, forma e as contribuições do autor sobre o tema.(Qual a contribuição da obra? As idéias são originais? Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Como é a linguagem adotada no texto? Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes? Como situa a obra em relação às correntes científicas, filosóficas, econômicas, históricas etc?).

Indicações do resenhista: A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a especialistas, estudantes, grande público etc?

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128

FINALIDADES DE UMA RESENHA:

Iniciar o universitário na produção científica;

Treinar o aluno para a pesquisa e elaboração de trabalhos monográficos.

A seguir, vou mostrar a você um esquema explicativo

de como elaborar uma resenha passo-a-passo

(segundo Elizabeth Teixeira).

Passo 1

Leitura Dirigida

Momento 1: leia o texto sem marcar nada. Para identificar a idéia/mensagem central. Não sublinhe, não marque o texto, não anote nada, simplesmente leia do início ao fim. Ao final pergunte-se; qual é a idéia/mensagem principal do texto / E as secundárias ? do que trata o texto ? se você não conseguir responder a essas perguntas, leia de novo. Se responder, passe para o segundo momento.

Momento 2: leia para destacar os trechos significativos e representativos da idéia central e informações complementares. Agora sublinhe, marque, faça os destaques dos parágrafos significativos.

Passo 2

A resenha

Momento 1: faça uma folha de rosto para o seu fichamento. Momento 2: Comece escrevendo a bibliografia do texto segundo as normas da ABNT. Momento 3: Comece fazendo um resumo, sintetizando o conteúdo do texto. Exemplo: O texto trata do tema meio ambiente. O autor defende a idéia que ............... Segundo o autor ............. Para o autor ........... O autor também refere que ............. . Momento 4: Faça as transcrições para o seu fichamento dos trechos que marcou, que sublinhou. Após cada trecho coloque o número da página entre parênteses. Exemplo: O autor refere que: ―o meio ambiente deve ser preservado‖ (p. 34), ―a natureza precisa de cuidados tanto quanto os seres humanos‖ (p. 35).... Momento 5: faça agora os seus comentários sobre o que entendeu, como entendeu o texto. Escreva sua opinião, seu entendimento sobre as idéias contidas no texto. Exemplo; A meu ver o texto ............ Entendo que o meio ambiente deve ..............Acredito que a natureza ............ Penso

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias Cientificas.

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129

A seguir, um exemplo de resenha:

LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1992. Cap. 2.

Considerando LUCKESI (1992),a educação pode ser discutida em sua conexão com

a sociedade a partir de três dimensões, que passaremos a tratar a seguir. Cada dimensão

tem características específicas e o autor garante que ainda estão presentes no atual

contexto educacional. Concordamos com essa afirmativa, pois temos presenciado as três

posturas em diversos ambientes de ensino.

A primeira dimensão é apresentada pelo autor com a denominação de Redentora.

Nessa dimensão a escola é ativa em relação à sociedade (escola sociedade). Essa ação

da escola é para integrar os elementos à sua estrutura, ao todo social. Nessa perspectiva,

caberá à educação: adaptar o individuo ao meio; reforçar os laços sociais; configurar e

manter o corpo social; curar as mazelas sociais; recuperar a harmonia perdida; restaurar o

equilíbrio; reordenar o social; regenerar os que estão à margem da sociedade.

Entendemos que tais atribuições dadas à educação colocam-se na posição de

salvadora e realmente redentora dessa sociedade conturbada e confusa. O alvo dessa

educação são as crianças. O principal mentor intelectual é Comênio e sua obra sobre a

didática. Tais características são evidentes na educação tradicional e na escolanovista.

3) Agora, faça um fichamento do texto ―Sabor e saber: a matemática é vida”, e logo em

seguida, faça uma resenha crítica do mesmo, utilizando como instrumento de trabalho

o que foi aprendido nesta unidade.

A partir de agora, vou mostrar a você os documentos

oficiais, que servirão como meios de comunicação

utilizados em situações que exijam certo grau de

formalidade.

4.4. Correspondência e atos oficiais

CONCEITO: Redação oficial é o meio pelo qual se procura estabelecer relações de serviço

na administração pública. Para que tais relações obtenham efetividade, traçam-se normas

de linguagem e padronização no uso de fórmulas e estética para as comunicações escritas.

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130

A linguagem é burocrática; o código verbal é o mesmo e as palavras são as mesmas,

mas a redação se reveste de certas formalidades que são peculiares ao meio. A redação

oficial tem como objetivo racionalizar. o trabalho e diminuir o custo.

Por isso, procura disciplinar o uso de expressões e fórmulas, aconselhando

determinados fechos em lugar de outros que se apresentam demasiadamente prolixos e

melosos. Você deve evitar, portanto:

Para os devidos fins.

- De ordem superior.

- Chamo a atenção de V. Sa.

- Reporto-me ao seu oficio em referência.

- O assunto em epígrafe.

A preocupação principal deveria ser com uma linguagem sóbria e clara, isenta de

pleonasmos, circunlóquios, juízos de valor, repetições, chavões, clichês, frases forçadas e

sem nenhum proveito.

A prática não se constitui em aprendizado seguro para redigir com eficiência, ou seja,

alcançar o objetivo previamente estabelecido, visto que ela pode contribuir para a fixação de

formas inadequadas de comunicação. Há necessidade de procurar continuamente novos

caminhos, aplainar os já trilhados para se alcançar eficácia na correspondência oficial ou

particular.

Como sua preocupação principal é com a objetividade e a precisão da comunicação, é

considerada, em sentido amplo, como redação técnica.Na redação literária, há o

aproveitamento artístico da linguagem, exploram-se conotações e a criatividade do escritor;

na redação oficial (redação técnica), a linguagem assume caráter pragmático, utilitário.

Na redação oficial, as palavras têm significados precisos, caracterizadores de idéias

ou fatos. De um lado, a ausência de preocupação com a precisão vocabular, na maioria das

vezes, gera equívocos, conflitos, prejuízos; de outro lado, o uso do código fechado favorece

uma comunicação clara e objetiva.

Para racionalizar o trabalho e aumentar a eficácia, são estabelecidas fórmulas e

determinam-se regras de elaboração do texto e para sua apresentação gráfica.

PRINCÍPIOS DE REDAÇÃO OFICIAL

São os seguintes os princípios de redação oficial, conforme estabelecido João Bosco

Medeiros (2003):

1. Adoção de formatos padronizados.

2. Uso da datilografia, ou digitação.

3. Emprego da ortografia oficial.

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131

4. Clareza, precisão e sobriedade de linguagem.

5. Imparcialidade e cortesia.

6. Concisão na elucidação do assunto.

7. Transcrição dos dispositivos da legislação citados.

8. Margem esquerda de 20 espaços e direita de 10 espaços.

9. Parágrafos com entrada de 05 (cinco) espaços.

10. Espaço interlinear de 11/2para o texto.

11. Espaço simples (um) para citações ou transcrições.

12. Espaço duplo entre parágrafos.

13. Numeração dos parágrafos: não são numerados o primeiro e o fecho.

14. Cabeçalho ou timbre é a dizer impresso na folha a ser usada para a digitação da

mensagem.

15. Uso de diplomacia, mas sem chegar ao servilismo.

16. Inferior para superior redige: Solicitamos seja enviado ou providenciado.

17. Superior para inferior: solicito envie ou providencie.

18. A ementa deve ser clara e concisa; localiza-se no alto, à direita.

19. Toda referência elementos constantes de outros documentos deve ser feita

citando-se a página ou folha onde se encontra.

EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO

A Instrução Normativa n° 4, de 6-3-1992 estabelece que o emprego dos pronomes de

tratamento deve obedecer aos seguintes princípios:

"Vossa Excelência‖, em comunicações dirigidas às seguintes autoridades, listadas

abaixo:

a) do Poder Executivo:

Presidente da República;

Vice-Presidente da República;

Ministros de Estado;

Secretário-Geral da Presidência da República;

Consultor-Geral da República;

Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;

Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;

Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;

Secretários da Presidência da República;

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132

Procurador-Geral da República;

Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;

Chefes de Estado-Maior das Três Armas;

Oficiais-Generais das Forças Armadas;

Embaixadores;

Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministérios;

Secretários de Estado dos Governos Estaduais;

Prefeitos Municipais;

b) do Poder Legislativo:

Presidente, vice-presidente e membros da Câmara dos Deputados e do Senado

Federal;

Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União;

Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Estaduais;

Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas Estaduais;

Presidentes das Câmaras Municipais;

c) do Poder Judiciário:

Presidente e Membros do Supremo Tribunal FederaI;

Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;

Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;

Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;

Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;

Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho;

Juizes e Desembargadores;

Auditores da Justiça Militar.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é

Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal;

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo

respectivo:

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133

Senhor Senador,

Senhor Juiz,

Senhor Ministro,

Senhor Governador,

No envelope, o endereçamento das comunicações Vossa Excelência obedecerá à

seguinte forma:

Excelentíssimo Senhor

Jarbas Passarinho

Ministro da Justiça

70.064-000 Brasília/DF

dirigi das às autoridades tratadas por

Excelentíssimo Senhor

Senador João Guimarães

Senado Federal

70.160-000 Brasília/DF

Excelentíssimo Senhor

Antônio Pinheiro

Juiz de Direito da 10a Vara Cível

Rua ABC, n° 123

01010-000. São Paulo/SP

Fica abolido o uso do tratamento Digníssimo às autoridades arroladas acima. A

dignidade é um pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo

desnecessária a sua repetida evocação.

Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para os particulares. O

vocativo adequado é Senhor seguido do cargo do destinatário:

Senhor Chefe da Divisão de Serviços Gerais.

No envelope deve constar:

Ao Senhor

Paulo Antunes

Rua ABC, n° 123

70.123-000 Curitiba/PR

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134

Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo

ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para

particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Não

deve ser usado indiscriminadamente. Seu emprego deve restringir-se apenas às

comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso

universitário de doutorado. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada

formalidade às comunicações.

Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada, por força da tradição,

em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor.

Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica,

são:

Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:

Santíssimo Padre.

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos

Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:

Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e

Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores,

Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para os sacerdotes, os

clérigos e demais religiosos.

FECHOS PARA COMUNICAÇÕES

A Instrução Normativa NQ4, de 6-3-1992, estabelece também normas para fechos de

comunicações:

"O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de marcar o fim

do texto, a de saudar o destinatário. Os modelos, para fecho que vinham sendo utilizados

foram regulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de julho de 1937, que estabelecia

cerca de quinze padrões diferentes. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, esta IN

estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de

comunicação oficial‖:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:

Respeitosamente,

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135

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:

Atenciosamente,

―Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras,

que atendem a rito e tradição próprios."

IDENTIFICAÇÃO. DO SIGNATÁRIO

(QUEM ASSINA A CORRESPONDÊNCIA) –

Segundo a Instrução Normativa nº. 4, somente as comunicações assinadas pelo

Presidente da República não precisam trazer o nome e o cargo; as demais devem trazer o

nome e o cargo da autoridade que as expede, sob a assinatura. Exemplos:

(espaço para assinatura)

FULANODETAL

Ministro da Justiça

(espaço para assinatura)

FULANO DE TAL

Diretor do Departamento de Serviços Gerais da

Secretaria da Administração Federal

NORMAS GERAIS

A Instrução Normativa nº. 4 estabelece ainda que na redação dos atos e

comunicações oficiais devem ser evitados:

1. repetições de palavras e utilização de palavras cognatas, como:

- designação, designada; .

- compete, competente;

2. uso de palavra ou expressão de sentido duplo;

3. utilização de expressões locais ou regionais;

4. uso de palavras ou expressões estrangeiras, exceto se indispensáveis (em razão do

uso consagrado, ou que não tenham exata tradução). Nesses casos, as palavras ou

expressões devem ser sublinhadas, grafadas em itálico ou negrito, ou entre aspas.

Exemplos:

- ad referendum, ad referendum, ad referendum, "ad referendum";

- royalties. royalties, roya1ties, "royalties".

Se for necessário fazer remissão a texto legal, deve-se observar que a referência

seja completa, com número da lei, data não abreviada. Exemplo:

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136

Lei n2 6.515, de 26 de dezembro de 1977.

Nas referências posteriores, indicam-se apenas o número e o ano:

Lei n2 6.515, de 1977; ou Lei n2 6.515/77.

4.5. Requerimento

É uma petição uma autoridade para que se faça justiça ou se dê o que a lei concede

ou autoriza a pedir.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O REQUERIMENTO

Observe-se que o requerimento é redigido num só parágrafo e que a redação é curta e

objetiva.

O fecho ocorre em novo parágrafo.

Chama-se requerente (requeredor) quem faz o requerimento, o pedido, a solicitação.

Redige-se o requerimento sempre na terceira pessoa; deve-se, pois, evitar o uso dos

pronomes eu ou nós.

Na invocação deve constar o título funcional da pessoa a quem é endereçado o pedido;

não se menciona, porém, o nome nem se utiliza nenhuma fórmula de saudação

O tratamento adequado é:

Ilmo. Sr. V.Sa. (mais comum)

Exmo. Sr. V. Exa. (altos dignitários)

Os juízes de Direito costumam exigir o tratamento por extenso.

Usa-se, normalmente a expressão ―nestes termos‖ (todos os termos do requerimento

incluídos, com ênfase no fecho). Também aparece ―nesses termos‖ (ênfase no todo).

Já se usam também as fórmulas:

Neste termos ou simplificando

pede deferimento Pede deferimento

Considera-se inadequada a abreviação: N.T.

P.D

Aparecem: E. (espera) e A. (aguarda).

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

137

Se houver menção de rua, deve-se dizer: residente, morador ou sito ―na rua‖ tal e não ―à

rua‖ tal.

Não existe um modelo específico de requerimento a

ser seguido. Você verá dois: um padrão e o utilizado

pela UEPA

MODELO 1

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

138

MODELO II

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ CCSE – PROTOC. Nº. _________

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ ASSUNTO: _________________

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO Data:___/___/___ Hora: _______

REQUERIMENTO ESCOLAR

Ilustríssimo(a) Sr(a) ( ) Direção do CCSE

( ) Coordenador (a) do Curso

( ) Coordenador (a) do Núcleo de Atendimento ao Usuário (Sec. Acadêmica)

( ) Coordenador (a) da Especialização ( ) Mestrado

( ) Chefe do Deptº. de _______________________

( ) professor (a): ____________________________

( ) COAF/CCSE

Nome: ____________________________________________________________________

Curso:___________________________ Nº. de matrícula:__________________________

Série: ___________ Turma: ____________ Turno: ___________ Bloco: ______________

Endereço: _________________________________________ Fone: _________________

Vem requerer a V. Sª., nos termos do Estatuto e regimento geral da UEPA, que se digne a

conceder, o citado abaixo:

Categoria: ( ) Aluno ( ) Militar ( ) Visitante Civil ( ) Ex-Aluno concluído no _____semestre/

_______ ( ) Desistente / jubilado no _____ semestre / _________

( ) Declaração de matrícula ( ) Exame Médico

( ) Declaração de aprovação escolar ( ) Guia de transferência ____ via

( ) Declaração de Conduta escolar/idoneidade ( ) Histórico Escolar

( ) declaração de freqüência ( ) aulas ( ) provas ( ) Prorrogação de exercício domiciliar

( ) Ficha individual atualizada ( ) Reabertura de Matrícula

( ) Contagem de créditos em disciplina ( ) Reconsideração de despacho/parecer

( ) Colação de grau na Secretaria ( ) Solicitação de alojamento

( ) Cancelamento de curso, sem retorno ( ) Solicitação de vaga

( ) Documentos ( ) empréstimo ( ) devolução ( ) Trancamento de Matrícula

( ) Diploma de curso ____ via ( ) utilização do espaço físico do CCSE/UEPA

( ) Exercício domiciliar ( ) Visita médica ( ) hospitalar ( ) domiciliar

( ) Abono de faltas ( ) Outros (especificar) ________________

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

139

ESCLARECIMENTO / JUSTIFICATIVAS

Belém, de de 20 Assinatura do requerente

Observações: CCSE – PROTOCOL. Nº. ___________

ASSUNTO: ______________________

Data ____/____/____ Hora: _________

Recebido por _____________________

Atividade

1) Conforme os modelos expostos no item acima, redija um requerimento à coordenação

de matemática, solicitando prova de segunda chamada para a primeira avaliação da

disciplina Comunicação e Docência.

4.6. Ofício

É o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades e titulares

de unidades do Distrito federal ou ainda destes para com a Administração federal e

empresas privadas.

ESTRUTURA

designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

denominação do ato - OFÍCIO;

numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;

vocativo - Senhor e o cargo do destinatário, seguido de vírgula;

texto - exposição do assunto;

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

140

fecho - Atenciosamente, seguido de vírgula;

assinatura;

nome;

cargo;

destinatário - tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/ estado.

IMPORTANTE:

01. Se o ofício tiver mais de uma folha, numerar as subseqüentes com algarismos

arábicos, no canto superior direito, a partir do número dois.

02. O destinatário deve figurar sempre no canto inferior esquerdo da primeira página.

(modelo retirado do Manual de Comunicação Oficial do Governo do Distrito Federal)

Exemplo:

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

| |

<- 1

OFÍCIO | <- 2

No ........ - GAB/SEA Brasília, .......de................... de...... . | <- 3

Senhora Superintendente, | <- 4

Esta Secretaria tem acompanhado e avaliado sistematicamente as necessidades de capacitação dos Recursos Humanos dos Quadros de Pessoal da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Distrito Federal, constatando que é imprescindível neste momento a implementação de um programa que contribua significativamente para a valorização do servidor, visando re-estimulá-lo para o exercício de suas funções.

Ao ensejo do início das ações desse Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos, especificamente no que se refere ao treinamento e aperfeiçoamento dos servidores, fazemos algumas sugestões visando colaborar para o pleno êxito do projeto. Mediante avaliação situacional dos órgãos e entidades da administração, bem como o que consta dos relatórios de auditoria do controle interno e externo, conclui-se que existe uma grande necessidade de capacitação dos servidores dos diversos Quadros de Pessoal que compõem a Administração Pública do Distrito Federal, uma vez que os treinamentos até então realizados não obtiveram pleno êxito por não estarem voltados diretamente para as atribuições dos servidores.

Assim sendo, sugere-se que a Identificação das Necessidades de Treinamento, voltadas para a área de Recursos Humanos, que está sendo realizada sob coordenação desse Instituto, considere as dificuldades inerentes ao desempenho de cada função, no sentido de se obter subsídios para a capacitação dos servidores de todas as carreiras, conforme especificidade das atribuições.

Alguns projetos de ordem prioritária, devido às mudanças ocorridas no âmbito do Quadro de Pessoal do Governo do Distrito Federal, poderão ser implantados de forma emergencial, como uma Política de Desenvolvimento Gerencial, através da definição e implementação de estratégias gerenciais, que busquem uma prática de ação dinâmica e eficaz entre as diversas áreas das instituições, considerando os diferentes níveis hierárquicos. Sugere-se, ainda, a

| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |

<- 5

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

141

elaboração de um projeto para o treinamento introdutório dos servidores recém-nomeados, com o objetivo de proporcionar a esses servidores um processo de ambientação, integração e acesso às informações necessárias ao bom desempenho de suas funções.

Desta forma, gostaríamos de contar com o apoio de Vossa Senhoria, no sentido de desenvolver, implantar e implementar os programas e projetos para a Administração Pública do Distrito Federal, conforme Programa de Valorização do Servidor, estabelecido no Plano de Governo do Distrito Federal.

| |

Atenciosamente, | <- 6

Assinatura

Nome por extenso

Cargo

| |

<- 7,8,9

Senhora

Nome por extenso

Cargo

NESTA

4.7. Memorando

É ―uma forma de correspondência entre autoridades de um mesmo órgão ou entre

diretores e chefes ou vice-versa. Serve para comunicações internas sobre assuntos

rotineiros. Caracteriza-se, portanto, pela simplicidade, concisão e clareza. Pode ser

considerado um ofício em miniatura‖ (Medeiros, 2000: 294).

ESTRUTURA designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

denominação do ato - MEMORANDO;

numeração / ano, sigla do órgão emissor, local e data, na mesma direção do número;

destinatário - PARA, seguido de dois pontos;

texto - exposição do assunto;

fecho - Atenciosamente, seguido de vírgula;

assinatura;

nome;

cargo.

IMPORTANTE:

I. O memorando pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível hierárquico

diferente.

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

142

EXEMPLO:

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS

|

|

|

<- 1

MEMORANDO

No ...... - DESEP Brasília, .... de ............ de ...... .

|

|

<- 2

<- 3

PARA: ASTEC | <- 4

ASSUNTO: Informe

Comunicamos a Vossa Senhoria que, após estudo e análise do documento PLANEJAMENTO

E EXECUÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO elaborado por essa Assessoria, a nova sistemática

de trabalho será aplicada em caráter experimental, em atendimento à sua solicitação.

Cada unidade orgânica que compõe este Departamento recebeu um exemplar do documento

para acompanhar e avaliar sua aplicação.

Este Departamento necessita de um prazo de três meses, ou seja, agosto, setembro e

outubro, para proceder à validação do material e apresentar sugestões para sua reformulação

e implantação definitiva.

|

|

|

|

|

|

|

|

|

|

|

|

<- 5

Atenciosamente, | <- 6

Assinatura

Nome por extenso

Cargo

|

|

|

<-

7,8,9

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

143

Atividade 5) A partir do que você aprendeu sobre memorando, escreva um como se você fosse o

coordenador do seu curso, para o reitor de sua universidade, comunicando a implantação

de um fictício novo programa didático para curso.

4.8. Ata

É ―um resumo escrito do que se disse ou se fez em circunstâncias mais ou menos

solenes.‖ (Medeiros: 2000 p.262)

A ata é um registro em que se relata o que se passou numa reunião, assembléia ou

convenção. Há os seguintes tipos de ata: a ordinária e a extraordinária.

A ata ordinária é a que resulta de reuniões estabelecidas em estatutos, ou

convocadas com regularidade. A extraordinária ocorre fora das datas costumeiramente

previstas.

A ata deve ser assinada pelos participantes da reunião em alguns casos (conforme o

estatuto da empresa), pelo presidente ou secretário, sempre. Para sua lavratura, devem ser

observadas as seguintes normas:

1. Lavrar a ata em livro próprio ou em folhas soltas. Deve ser lavrada de tal modo que

impossibilite a introdução de modificações.

2. Sintetizar de maneira clara e precisa as ocorrências verificadas.

3. na ata do dia, são consignadas as retificações feitas à anterior.

4. O texto será digitado ou manuscrito, mas sem rasuras.

5. O texto será compacto, sem parágrafos ou com parágrafos numerados, mas se fará uso

de alíneas.

6. se manuscrito, nos casos de erros constatados no momento de redigi-la, emprega-se a

partícula corretiva ―digo‖.

7. Quando o erro for notado após a redação de toda a ata, recorre-se à expressão: ―em

tempo‖, que é colocada após todo o escrito, seguindo-se então o texto emendado: Em

tempo: na linha onde se lê ―bota‖, leia-se ―pata‖.

8. Os números são grafados por extenso.

9. Quando ocorrem emendas à ata ou alguma contestação oportuna, a ata só será

assinada após aprovadas as correções.

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

144

10. Há um tipo de ata que se refere a atos rotineiros e cuja redação tem procedimento

padronizado. Nesse caso, há um formulário a ser preenchido.

11. A ata é redigida por um secretário efetivo. No caso de sua ausência, nomeia-se outro

secretário (ad hoc) designado para essa ocasião.

Devem constar de uma ata:

1. Dia, mês, ano e hora da reunião (por extenso)

2. Local reunião.

3. Pessoas presentes (com suas respectivas qualificações)

4. Declarações do presidente e secretário.

5. ordem do dia.

6. Fecho.

7. Assinaturas de presidente, secretário, participantes.

ESTRUTURA:

Localizadores temporais: dia, mês, ano e hora da reunião (escrito por extenso).

Espaço da reunião: local (sede da instituição, rua, número, cidade)

Nome e sobrenome das pessoas, com respectivas qualificações.

Declarações do presidente e do Secretário.

Assuntos tratados (ordem do dia).

Fecho.

Assinatura do presidente, secretário e participantes da reunião.

Exemplos de livro de atas

1 – Termo de Abertura

Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 (um) a 100 9cem),

por mim rubricadas, e se destina ao registro das Atas das reuniões da Diretoria da

Sociedade _________________, com sede, nesta capital, na rua

________________________________, nº. ___________. A minha rubrica é a seguinte:

_______________________________________________.

Porto Alegre, ________________________________________________.

Presidente _______________________________________________.

(Assinatura)

(Nome em letra de forma)

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145

2 – Termo de Encerramento

Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 (um) a 100

(cem), que rubricadas pelo Presidente __________________________, se destina ao

registro das Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade ___________________,

conforme se lê no Termo de Abertura.

Porto Alegre, ________________________________________.

Presidente ___________________________________________.

(Assinatura)

(Nome em letra de forma)

3 – Modelos de Ata

MODELO 1

EMPRESA XMLC

CGC Nº. ...............

Ata da Assembléia geral Ordinária realizada no dia ........ de ................. de 20....... .

Aos ............ dias do mês de ...................... de 20 ........ às 15 h, na sede social da

companhia, na Rua ......................., nº. ..............., São Paulo, SP, reuniram-se em

Assembléia geral Ordinária os Acionistas da XMLC representando a totalidade do capital

Social com direito a voto, conforme consta do Livro de Presença de Acionistas. Assumiu a

presidência, na forma dos estatutos Sociais, o Diretor – Presidente, que convidou para

secretariá-lo o Sr. ............................... . Instalada a Assembléia Geral Ordinária, o Sr.

Presidente informou que a Administração da Companhia estava representada por sua

pessoa, justificando a ausência do Conselho Fiscal por ser o mesmo de funcionamento não

permanente e não se achar em exercício. Em seguida, mandou proceder à leitura dos

seguintes documentos: Relatório da Diretoria, Balanço Geral e demonstrações Financeiras,

referentes ao exercício social encerrado em ............... de ............ de 20 ......., publicados no

Diário Oficial do estado de São Paulo, no dia .............. de ....................... de 20 .......... . O

representante Acionista Z propôs a seguinte Ordem do Dia: (a) aprovação das

Demonstrações Financeiras relativas ao exercício social findo em ............... de

.......................... de 20..........; (b) fixação dos honorários da Diretoria; (c) aprovação da

correção da expressão monetária do capital Social, mediante aumento do valor nominal das

ações; (d) destinação dos lucros acumulados no fim do período. Dando início aos trabalhos,

o Sr. Presidente colocou em discussão e, em seguida, em votação: o relatório da Diretoria, o

balanço geral e as Demonstrações Financeiras referentes ao exercício encerrado em ..........

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

146

de .................. de 20 ........., verificando-se sua integral aprovação, por unanimidade.

Colocada em discussão e votação, foi a proposta aprovada por unanimidade. Nada mais

havendo a tratar e ninguém querendo fazer uso da palavra, o Sr. Presidente interrompeu os

trabalhos para a lavratura da presente ata, que foi lida e aprovada, sendo assinada por

todos os presentes. Presidente ..........................; Secretário ............................; Acionistas:

............................ .

MODELO 2

.......................... dias do mês de .................... do ano de ..............., nesta cidade, na Avenida

............................, sob a Presidência do Sr. ........................................................., tendo como

Secretário o Sr......................................................, presentes os Srs.

...................................................... e .............................................., realizou-se a 15a sessão

ordinária do ano. Lida pelo Sr. Secretário, a Ata da sessão anterior foi aprovada sem

restrições. O expediente constou da leitura de cartas, ofícios e pareceres recebidos,

respectivamente, de .........., ............ e ........... Na ordem do dia, foi unanimente aprovado o

Parecer no ......................................................... .

A seguir, o Sr. Presidente declarou encerrada a sessão e convocou os presentes para a

próxima reunião, no dia .................., às ................ horas. Eu,

........................................................ Secretário, lavrei a presente Ata, que assino com o

Sr. Presidente e demais participantes.

Assinaturas:

Atividade

1) Com base no que você aprendeu sobre ata, monte um grupo, imagine que seu grupo

seja o conselho de diretoria, onde deve haver o diretor, os supervisores dos

respectivos níveis (ensino infantil, fundamental e médio) e o pedagogo. Elabore uma

ata respectiva a uma reunião deste conselho, onde você deve mostrar os resultados

da reunião para projetos e objetivos para o ano letivo do suposto colégio.

4.9. Procuração

É instrumento pelo qual uma pessoa recebe de outra poderes para, em nome

dela, praticar atos ou administrar haveres.

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147

ESTRUTURA:

denominação do ato - PROCURAÇÃO;

texto

qualificação do outorgante e do outorgado;

objeto da procuração e substabelecimento quando for o caso;

local e data;

assinatura;

nome.

IMPORTANTE:

01. A procuração pode ser por instrumento particular, se passada de próprio punho ou

digitada, e por instrumento público, se lavrada em cartório.

02. Deixa de haver exemplificação de procuração por instrumento público por ser específica

de cartório.

03. A assinatura deve ser reconhecida em cartório.

EXEMPLO:

PROCURAÇÃO

Por este instrumento particular de procuração, eu, ....................................................., portador

da Carteira de Identidade no ................................, CPF no ........................................., residente

............................................................., na cidade ......................................., nomeio e constituo

meu bastante procurador o Sr. ......................................................................, portador da

Carteira de Identidade no .................................., CPF no ....................................... e residente

....................................................., na .................................................... para o fim específico de

................................................................, estando, para tal fim, autorizado a assinar recibos e

documentos e a praticar todos os atos necessários ao fiel desempenho deste mandato.

Brasília, ........ de ...................... de .......... .

Assinatura

Nome por extenso

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

148

Atividade 1) Faça uma procuração, de parcos poderes, encaminhada à coordenação de matemática,

para que um procurador possa matricular você no ano letivo corrente. (o procurador

pode ser um colega ou um parente).

4.10. Currículo

É o conjunto de informações sobre as atividades realizadas durante toda a sua vida.

Envolve dados pessoais, profissionais e acadêmicos. Assim, não há uma única forma de

fazer um currículo, há diversas maneiras; desde os preestabelecidos, como o currículo

Lattes, até os profissionais feitos por empresas. O currículo deve ser um panorama de suas

qualificações, aperfeiçoamento, gostos e características, às vezes, dependendo da empresa

e dos objetivos: não pode ser longo demais, nem muito sucinto.

O que geralmente se recomenda, é que o informante tenha mais de um e adapte ao

perfil da empresa com a instituição.

IMPORTANTE:

Tenha sempre um currículo completo e um resumido.

Geralmente empresas pedem (solicitam) currículos mais informativos, sucintos, porém,

direcionais. Já Instituições ou Centros Acadêmicos exigem currículos mais completos.

Um outro dado relevante na leitura de um currículo está pautado nos princípios da

clareza, objetividade, verdade e sedução.

Sim, verdade e sedução também são importantes, pois se um informante diz em seu

currículo que fala/domina bem a língua inglesa, sendo assim, um falante proeficiente,

poderá ocorrer um feito: na hora da entrevista, ser abordado com perguntas em inglês. Por

isso, não passe esse mico, apresentando em seu currículo coisas coisas que não sabe

fazer.

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

149

Dessa mesma forma, um currículo também tem que ser sedutor, no sentido de seduzir

pelas qualificações encontradas.

Não adianta folhas de papel perfumadas, papel multicolorido, não importa tais coisas e

sim suas habilidades e se você está preparado para cargos, se é responsável e está

disposto/preparado a aprender.

Importantíssimo: Um currículo deve ser bem redigido.

Ex.:

MODELO 1

Currículo Profissional Resumido (uma lauda)

1- Dados pessoais – Eu sou Adriano Henrique Pessoa, solteiro, 26 anos, formado em

Engenharia Computacional, e faço jornalismo na USP.

2- Experiências profissionais – Trabalhei sete anos na FITEL, como gerente de produção e

tenho desenvolvido minhas habilidades nas seguintes empresas, exercendo os

seguintes cargos:

Em 2006 (atualmente) coordenei na FIAT .....

3- Cursos e Eventos

4- Formação acadêmica

Assinatura

Local e data

MODELO 2

Currículo Profissional Resumido (só entra o mais atual)

1- Dados Pessoas

Nome:

Sexo:

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

150

Nacionalidade: Naturalidade:

Telefone: E-mail:

2- Formação Acadêmica

Curso: Licenciatura Plena em matemática (cursando)

Instituição: Universidade do Estado do Pará (UEPA)

Início: 2006 Término: Cursando

3- Formação Profissional

Empresa/Instituição

Segmento: área industrial, comércio, etc.

Cargo/Função:

Entrada: dd/mm/aaaa Saída: dd/mm/aaaa

4- Cursos realizados

5- Eventos Participados

- Curso:.....

Carga Horária

Local

Período

- Evento ......

Carga Horária

Local

Período

MODELO 3

Currículo Profissional Completo

DADOS PESSOAIS

Nome: : Adriano Henrique Corrêa

Sexo: : Masculino

Nacionalidade: : brasileira

Estado Civil: : Solteiro

Bairro: : São José

Cidade: : São Caetano do Sul-SP

País: : Brasil

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151

Telefone: : 42388096

Celular: : 91129632

Fax: : 42324505

Data de Nascimento: : 02/03/1975

Trabalhando atualmente: : Não

Faixa Salarial Atual: : A combinar

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

Empresa: : Equiparium Indústria e Comércio Ltda

Segmento: : Indústria

Porte: : Pequena - até 200 funcionários

Origem: : Nacional

Cargo: : 1/2 Oficial Ferramenteiro

Nível do Cargo: : Operacional

Área de Atuação: : Industrial

Data de Entrada: : 07/04/1995

Data de Saída: : 24/05/2002

Atividades Desenvolvidas: :

Auxílio ao ferramenteiro na construção e manutenção de estampos;

Construção de dispositivos; Operação de diversas máquinas no setor

de ferramentaria e usinagem; Construção e manutenção de moldes

plásticos.

Empresa: : Madalinco Indústria e Comércio Ltda

Segmento: : Mineração, Metalurgia e Siderurgia

Porte: : Média - entre 200 e 700 funcionários

Origem: : Nacional

Cargo: : Ajustador Mecânico

Nível do Cargo: : Operacional

Área de Atuação: : Industrial

Data de Entrada: : 10/08/1989

Data de Saída: : 10/01/1994

Atividades Desenvolvidas: :

Auxílio ao ferramenteiro na construção e menutenção de estampos;

Construção de dispositivos; Operação de diversas máquinas no setor

de ferramentaria e usinagem.

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

152

FORMAÇÃO ACADÊMICA

2º Grau / Técnico:

Curso: : Administração de Empresas

Instituição: : E.E.P.S.G "Maria Trujilo Torloni

Ano de Início: : 1991

Ano de Término: : 1994

IDIOMAS

Outros Cursos: :

Ajustador Mecânico - SENAI; Automobilística - SENAI; Mecânica de

Aviões - Escola de Mecânica Aeronáutica; Mecânica de Automóvel -

SENAI; Mecânica Diesel.

Minicurrículo: :

Tenho conhecimento no setor de metalúrgia e usinagem, tendo

operado diversas máquinas dentro deles, como: prensas, tornos,

fresas, retífica, plaina, injetora. Auxílio, criação e manutenção de

moldes plásticos e estampos. Construção de dispositivos

Existe uma variante do currículo, chamado ―currículo lattes‖, bastante utilizado no

universo acadêmico (como em universidades e centros de pesquisa). Esta variante se

assemelha bastante ao currículo comum, porém sua ênfase maior deve ser na experiência

acadêmica do candidato, geralmente voltada para as áreas de ensino e pesquisa.

Este currículo possui um modelo único, e só pode ser feito através de um ―software‖

especial, chamado ―Lattes‖, que está ligado à base de currículos do CNPQ (...), instituição

federal que organiza os subsídios à pesquisa no Brasil. Este programa de computador pode

ser acessado dentro da página do CNPQ na internet: www.cnpq.br.

4.11. Carta comercial

É um documento utilizado para transmitir ou trocar informações de uma empresa

para outra.

Universidade Estadual do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação

153

Mas eu não sei como escrever uma carta comercial

Não se preocupe. É só observar o exemplo a seguir.

Timbre 5 espaços (5x1) Índice e número DPV/25 3 espaços (3x1) Local e data São Paulo, 27 de julho de 1998 5 espaços (5x1) Referência Ref.: Notícia sobre o lançamento do livro “Manual da secretária” 3 espaços (3x1) Invocação Sr. Vieira: 2 espaços (2x1) Meus dois livros – Técnicas da redação e correspondência – receberam de sua

parte atenção ímpar e você fez publicar em sua gazeta recensão das mais agradáveis. Já, agora, estou enviando-lhe um exemplar do meu mais recente lançamento – manual da secretária – para não exigir-lhe elogios, mas como gratidão pelas sugestões que você sempre me apresenta. 2 espaços (2x1) Falemos um pouquinho do livro 2 espaços (2x1) Diferencia-se dos textos convencionais sobretudo porque foge á exposição de um receituário que atenderia a situações específicas, mas deixaria a secretária em apuros diante de situações novas. A abordagem de meu texto valoriza a prática argumentativa, o uso do raciocínio, da reflexão.

Cumprimento Final Envio-lhe abraço, na esperança de revê-lo brevemente. 2 espaços (2x1) Atenciosamente 3 espaços (3x1)

Departamento de Matemática, Estatística e Informática Licenciatura em Matemática Modalidade a Distância

154

Assinatura João Bosco Medeiros 3 espaços (3x1) Anexos Anexos: press-release e livro manual da secretária. Iniciais JBM/MS 3 espaços (3x1)

Atividade 1) Baseado no exemplo acima, imagine-se sendo um editor de livros didáticos,

pretendendo que a crítica de determinado jornal fale de um livro de Matemática

publicado pela sua editora. Escreva uma carta comercial a este crítico, indicando o

produto e dizendo por que ele deveria falar de seu produto.

4.12. Exposição de motivos Definição

Exposição de Motivos é a correspondência por meio da qual os secretários e autoridades de

nível hierárquico equivalente expõem assuntos da Administração do Distrito Federal para

serem solucionados por atos do Governador.

Estrutura

1. designação do órgão, dentro de sua respectiva ordem hierárquica;

2. denominação do ato - EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS;

3. numeração/ano, sigla do órgão emissor, local e data na mesma direção do número;

4. vocativo - Excelentíssimo Senhor Governador, seguido de vírgula;

5. texto:

5.1. apresentação do assunto;

5.2. alegações e fundamentos;

5.3. parecer conclusivo sobre o assunto focalizado;

6. fecho - Respeitosamente, seguido de vírgula;

7. assinatura;

8. nome;

9. cargo;

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155

10. destinatário - tratamento, nome, cargo, instituição e cidade/ estado.

Observações

1. Se a exposição de motivos tiver mais de uma folha, numerar as subseqüentes com

algarismos arábicos, no canto superior direito, a partir da número dois.

2. Entende-se por autoridade de nível hierárquico equivalente: Vice-Governador,

Secretários, Procurador-Geral e Chefe da Casa Militar.

3. Quando a exposição de motivos tratar de assuntos que envolvam mais de uma

Secretaria, esta deverá ser assinada pelos Secretários envolvidos.

4. Além do caráter informativo, a exposição de motivos pode propor medidas ou submeter

projeto de ato normativo à apreciação da autoridade competente.

5. O destinatário deve figurar sempre no canto inferior esquerdo da primeira página.

Ex.:

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

| |

<- 1

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS | <- 2

No............. - GAB/SEA Brasília, .........de..................de........ . | <- 3

Excelentíssimo Senhor Governador, | <- 4

Submeto a Vossa Excelência a minuta de Decreto, em anexo, que institui no âmbito do Distrito Federal o Sistema Integrado de Controle de Processos - SICOP. O sistema, objeto da proposição, tem por finalidade assegurar o desenvolvimento das atividades a seguir elencadas:

1 Cadastro e controle das informações de processos protocolados junto aos órgãos integrantes do Complexo Administrativo do Distrito Federal.

2 Atualização imediata da informação acerca do cadastramento e tramitação de processos.

3 Descentralização do cadastramento e tramitação de processos em relação ao Sistema de Comunicação Administrativa/SEA, para os respectivos setoriais onde se

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encontrem.

4 Agilidade e precisão relativas às informações sobre processos.

Vale ressaltar que o Sistema Integrado de Controle de Processos, através da Subsecretaria de Modernização e Organização Administrativa desta Secretaria, já se encontra devidamente implantado e em pleno funcionamento, carecendo, todavia, do instrumento jurídico competente para que lhe seja conferida a legitimidade necessária. Releva observar que a presente minuta encontra-se em conformidade com os demais atos da espécie, não existindo óbices legais que impeçam sua edição. Destarte, submeto à superior consideração de Vossa Excelência a minuta de ato que consubstancia a proposta em epígrafe.

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Respeitosamente, | <- 6

Assinatura Nome por extenso

Cargo

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<- 7,8,9

Excelentíssimo Senhor Nome por extenso Cargo NESTA

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4.13. Abaixo-assinado

É documento subscrito coletivamente e contendo pedido, reivindicação,

manifestação de protesto ou solidariedade.

MODELO DE ABAIXO-ASSINADO

Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito de Manaus Os abaixo-assinados, brasileiros, residentes e domiciliados na rua das Flores, bairro da paz, nesta cidade de Manaus, solicitam de V.Exª, a instalação de coletores seletivos de lixo, a fim de atender ao projeto comunitário de reciclagem de plásticos, alumínio e vidros.

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Na certeza de sermos atendidos, encaminhamos esse documento em três folhas numeradas e assinadas por todos os moradores, e em duas vias que serão protocoladas em seu Gabinete. Nomeamos o morador José de Jesus Silva, fone 200-0101, como nosso representante, caso V.Exª necessite de outras informações. Manaus, ...de......de 2004

Nome identidade endereço Rubrica

José de Jesus Silva 0X0.0X0 Seseg/AM Rua das Flores, 01

Maria da Dores Souza 001.999 SESEG/AM Rua das flores, 03

Etc. Etc. Etc.

RESUMO

A instrumentalização da língua, a partir de sua flexibilidade, serve à criação de diversos

tipos de texto e voltados às mais variadas situações:

O fichamento é um recurso utilizado na elaboração de projetos de monografias. É usado

também em seminários e aulas expositivas.

O resumo é um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um

texto a suas idéias principais.

A resenha é um trabalho de síntese, análise resumida e arrolamento de produções

científicas. Pode ser descritiva ou crítica;

A Redação oficial é o canal para se estabelecer relações de serviço na administração

pública, cuja eficiência vem através de normas de padronização para as mensagens

escritas.

O requerimento é uma petição a autoridades para que se faça justiça ou se dê o que a

lei concede ou autoriza a pedir.

O ofício é o meio de comunicação utilizado entre dirigentes de órgãos e entidades e

titulares de unidades do Distrito federal ou ainda destes para com a Administração

federal e empresas privadas.

O Memorando é um tipo de correspondência entre autoridades de um mesmo órgão.

Serve a comunicações internas sobre assuntos rotineiros.

A ata é um resumo escrito das ações em circunstâncias mais ou menos solenes. É um

tipo de registro, que pode ser dividido em ordinária e extraordinária.

A procuração é o meio pelo qual uma pessoa recebe de outra, poderes para, em nome

dela, praticar atos ou administrar haveres.

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O currículo é um conjunto de informações que monta o perfil de um individuo

A carta comercial é um documento utilizado para transmitir ou trocar informações de

uma empresa para outra.

A exposição de motivos é a correspondência pela qual secretários e autoridades de

nível hierárquico equivalente expõem assuntos da Administração do Distrito Federal

para serem solucionados por atos do Governador.

O abaixo-assinado é um documento subscrito coletivamente e contendo pedido,

reivindicação ou manifestação de protesto ou solidariedade.

Foi um prazer trabalhar com você. Espero que

tenha aprendido bastante sobre a linguagem e

a comunicação. Até breve.

REFERÊNCIA

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BLIKSTEIN, I.. Técnicas de Comunicação Escrita. 6ª edição. São Paulo, Ática, 1998.

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