Profissões Que Resistem Ao Tempo - Jornal Do Commercio

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    Pro䔀ssões que resistem aotempoDeterminados ofícios estão se tornando raridade no Recife

    Publicado em 02/08/2015, às 00h07

           

    Mariana Mesquita

    GALERIA DE IMAGENS José Fonseca é relojoeiro há mais de 60 anos

    Enquanto a pressa, o plástico e as novas tecnologias ocupamespaço no cotidiano das pessoas, algumas pro䔀ssões,teimosamente, resistem. Talvez porque, como lamenta oencadernador Francisco Ruas, de 66 anos, não se tenha maisidade para começar de novo. Ou porque, como festeja o técnicoem a䔀nação de pianos Joab Batista, de 38 anos, a escassez deconcorrência gera 䔀las de espera pelo atendimento.

    Certos lugares parecem funcionar como “portais” para a volta notempo. Caso da Rua da Conceição, no bairro da Boa Vista, polode brechós e mobiliário antigo onde o técnico em eletrônicaAderaldo Ponce Leon, 54, guarda dezenas de vitrolas,

    gravadores de 䔀ta cassete e televisões. Ou os mercados daEncruzilhada e de Casa Amarela, onde se consertam ferroselétricos, panelas de pressão, sapatos, bolsas e outros artigos.“Herdei o negócio do meu pai. Este box tem mais de 40 anos e afreguesia vem desde esse tempo, passando de avó para 䔀lha ede 䔀lha, para neta”, descreve Jaciel Santos, 35, que ocupa o

     

           

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    número 116 do mercado da Encruzilhada e sempre recebeclientes buscando uma solução mais em conta do que compraruma peça nova. Para trocar uma resistência, ele cobra R$ 15.Para consertar uma panela, entre R$ 5 e R$ 20.

    Outro ponto tradicional é o Beco do Veado, nome popular daTravessa de São Pedro – uma ruazinha que liga o Pátio de SãoPedro à Rua Direita, no bairro de São José. Lá, se concentram amaioria dos amoladores de faca, tesoura e alicate do Recife eadjacências. “Vai amolar, freguesa?”, se esgoelam diante da

    mulherada que frequenta o vuco-vuco. São cerca de 20pro䔀ssionais se amontoando no espaço estreito e cobrando apartir de R$ 4 para deixar as peças a䔀adas como novas. Háserviço para todos. “Antes vinha muita tesoura de cortar tecido,mas a quantidade de alfaiates e costureiras caiu muito, e amaioria das tesouras hoje são chinesas, descartáveis”, lamentaRogério Ru䔀no, 33. Seu colega Pedro Eduardo Nascimento, o“Dudu”, de 21 anos, começou aos 13 a trabalhar no Beco doVeado e comemora o fato de que “os salões de beleza precisamde amoladores”. O carro-chefe de ambos são os alicates, “quetoda mulher precisa ter na bolsa”, além das máquinas de cortarcabelo.

    CRISE ECONÔMICA E COMPETIÇÃO CHINESA

    Os amoladores Rogério e Dudu não têm medo da concorrência,mas da escassez de freguesia. “A procura já foi muito melhor. Acondição 䔀nanceira das pessoas piorou demais nos últimostempos”, constata Rogério. O sapateiro Carlos Alberto Silva, 58,concorda com eles. “Caiu muito a procura nos últimos meses”,reclama Carlos Alberto, que desde seus 12 anos se dedica aoofício de fabricar e consertar calçados, e está estabelecido háquatro décadas no box externo 12 do mercado da Encruzilhada.

    Ele não sabe calcular o quanto ganha com os pequenos reparosque custam a partir de R$ 5, mas diz que consertar representavantagem. “Vale muito a pena, por R$ 45 você troca o solado de

    um sapato de couro que custa R$ 400, e ele 䔀ca novo”, apregoa.O sapateiro acredita que a pro䔀ssão não se acabará tão cedo.Mesmo seus dois 䔀lhos tendo preferido seguir outros caminhos,há muitos aprendizes do ofício de fazer um bom calçado. Elepara e toma fôlego, antes de assumir seu absoluto desprezopelas peças descartáveis que têm sido vendidas “por aí”.

    O mesmo desdém pelo “material fuleiro” é declarado peloempalhador Severino Ramos, de 55 anos. “O plástico estámatando a arte”, avalia, desiludido. “Só quem sabe o que é bomopta por uma cadeira como estas que eu restauro”, contaSeverino, exibindo um modelo Gerdau de balanço, com encostoe assento de palha da índia trançada manualmente. Morador dacomunidade Lemos Torres, anteriormente conhecida como Ilha

    das Cobras, seu Severino criou 䔀lhos e netos a partir dessetrabalho e também ensinou o ofício à meninada da área. Hoje,se divide entre os serviços de empalhador e a fabricação evenda de carrocinhas de zinco, e ainda toma conta de um 䔀teiroque fornece bolo, pipoca, biscoito e cafezinho aos passantes.

    Mesmo assim, diz ele, o apurado não está dando para pagar ascontas. “A crise afetou tudo quanto é comércio”, tenta seconformar. A ele resta o orgulho de ser referência neste tipo detrabalho na região de Casa Forte. “Vem gente de longe trazer aspeças”, destaca. Ele pinta, enverniza, faz pequenos restauros demarcenaria e é especialista em vime, palhinha e “䔀o-macarrão”,material multicolorido comum nas varandas das avós recifenses

    até os anos 1970. Faça chuva ou sol, Severino pode serencontrado trabalhando na avenida Flor de Santana, 219.

    Nem todos, porém, se incomodam com a concorrência dosmateriais importados de preço mais baixo e qualidade inferior.

     Josiel Pereira Bezerra, o “Déo”, de 56 anos, começou comosapateiro aos 14 e, atualmente, especializou-se em consertar

     

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    bolsas e mochilas. Ocupando há duas décadas o box 40 domercado de Casa Amarela, Déo diz que o movimento se mantémnormalmente. Ele remenda uma média de 60 bolsas porsemana. “Bolsa chinesa vem sempre com defeito, e eles trazempra eu consertar”, ironiza, sorrindo.

    NOVAS TECNOLOGIAS E REINVENÇÕES

    Seu José Fonseca, de 81 anos, troca pilha de relógio digital eentende até do funcionamento da câmera de última geraçãocarregada pela fotógrafa que registrava esta matéria para o JC.Sua especialidade, porém, são os delicados mecanismos dosrelógios antigos. Trabalhando num vão de escadaria no número53 do Largo da Encruzilhada, bem próximo ao mercado, ele sededica ao ofício desde adolescente. Aprendeu com o irmão eensinou aos 䔀lhos, embora estes tenham seguido outros rumos.

    Observador e de fala suave, seu Fonseca é conhecidíssimo nobairro e pretende continuar na ativa enquanto viver. “Tem poucagente que entende deste serviço. É uma pro䔀ssão antiga, não seise vai perdurar no futuro. Imagino que talvez mais uns cemanos”, especula.

    Seu Chico, encadernador desde os 18 anos, sofre com a

    decadência observada em seu ramo nos últimos 20 anos. “É umserviço artesanal que passa por sérias di䔀culdades. A salvaçãoeram as teses e monogra䔀as, mas agora tem faculdadeaceitando que os trabalhos sejam entregues com encadernaçãoem espiral ou até mesmo, em CD”, descreve. Ex-professor doLiceu de Artes e Ofícios, onde ensinava os truques daencadernação aos adolescentes, seu Chico atende seus clientesna Rua Siqueira Campos, 279, sala 414.

    Segundo ele, até conseguir material decente está se tornandomais complicado. “Antigamente, se usava couro, com gravaçãoem letras douradas e prateadas. Depois, percaline, depoisoutros materiais sintéticos. Agora, as fábricas estão fechando e ocusto da matéria-prima, subindo”, relata.

    Aderaldo viveu um momento de desespero parecido a partir dosanos 1990, quando os CDs suplantaram os long-plays e muitosequipamentos de som foram aposentados ou jogados fora.Depois de guardar por mais de uma década várias vitrolascompletas, além de sucatas eletrônicas variadas, ele viu ademanda aumentar nos últimos tempos. “A procura estágrande”, comemora. “O pessoal voltou a curtir e a procurar vinilpara comprar”, relata, exibindo o estoque de LPs. Instalado nonúmero 28 da Rua da Conceição, ele vende toca-discos etambém realiza consertos que custam em média R$ 70,colocando os aparelhos dos clientes para funcionar de novo.

    O apelo do artesanal é o trunfo do funcionário público RobertoAndrade, de 60 anos. Há quase duas décadas ele utiliza suashoras vagas para fazer um dinheiro extra como calígrafo,chegando a sobrescritar mil convites de casamento por mês.“Comecei por acaso, porque uma amiga gostou de minha letra.Em seguida, fui a São Paulo receber treinamento especializado ecomprar material para trabalhar”, relembra.

    Descrevendo a atividade como “uma terapia”, Roberto crioupágina no Facebook e não teme a concorrência das etiquetasadesivas impressas que têm sido utilizadas pelas noivas,ultimamente. “A escrita manual dá um resultado maisso䔀sticado e tenho muito cuidado com o material que utilizo,com canetas de pena e tintas importadas da Europa”, descreve.

    A certeza de ter um nicho permanente, numa cidade em que amúsica clássica ainda é exercida com força, também tranquilizao a䔀nador de pianos Joab Batista. Funcionário há mais de 30anos da empresa Pianoforte Pernambuco, ele conta que o Recifeé a cidade onde mais se consertam pianos no Nordeste, e que

     

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    pro䔀ssionais tempo raridade piano vinil

    há 䔀las esperando por seus serviços. “Anualmente, faço umaespecialização na empresa Yamaha, da qual sou técnicocredenciado. Mas aprendi este ofício com o avô do atual donoda empresa, pois não existe curso de mecânica de piano noBrasil”, explica.

    Na ampla o䔀cina localizada na Rua da Regeneração, 433, noArruda, peças com mais de cem anos são minuciosamenterestauradas. “Pode-se dedicar até quatro meses ao conserto deum piano”, conta, reverente, enquanto dedilha um antigo

    teclado de mar䔀m. “Enquanto existir a 䔀gura do pianista, queatravés do instrumento acústico expressa sua sensibilidade deuma forma que não é possível fazer no teclado eletrônico,minha pro䔀ssão vai continuar existindo”, conclui.

    PALAVRAS-CHAVE

     

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