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PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE INOVAÇÃO (ALI): EXPERIÊNCIAS E RESULTADOS DAS REGIÕES DE SOROCABA E SÃO CARLOS Alexandre Alvaro (UFSCar) [email protected] Nos últimos anos a inovação científica e tecnológica tem se estabelecido como um dos fatores mais importantes para garantir crescimento, competitividade e rentabilidade diferenciada às empresas. De fato, pode-se dizer que nos últimos anos houve uma mudança na escala e no alcance do apoio governamental à inovação no país. Paralelamente, o SEBRAE, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou o Programa de Agentes Locais de Inovação (ALI), que disponibiliza para as Empresa de Pequeno Porte (EPPs) assessoria especializada e gratuita para o desenvolvimento de inovações em produtos e processos nos setores da Indústria, Comércio e Serviços. Este artigo relata as experiências obtidas pelo orientador do Programa ALI do SEBRAE, nas regiões de Sorocaba (contendo as cidades de Cerquilho, Itapetininga, Itu, Salto, Sorocaba, Tietê, Tatuí, Votorantim) e São Carlos (contendo as cidades de Araras, Leme, Porto Ferreira, Rio Claro e São Carlos), realizado entre 2012 e 2014. Palavras-chave: Inovação, Agentes Locais de Inovação, Radar da Inovação, Experiência do Orientador do Programa. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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PROGRAMA AGENTES LOCAIS DE

INOVAÇÃO (ALI): EXPERIÊNCIAS E

RESULTADOS DAS REGIÕES DE

SOROCABA E SÃO CARLOS

Alexandre Alvaro (UFSCar)

[email protected]

Nos últimos anos a inovação científica e tecnológica tem se

estabelecido como um dos fatores mais importantes para garantir

crescimento, competitividade e rentabilidade diferenciada às empresas.

De fato, pode-se dizer que nos últimos anos houve uma mudança na

escala e no alcance do apoio governamental à inovação no país.

Paralelamente, o SEBRAE, em parceria com o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou o Programa

de Agentes Locais de Inovação (ALI), que disponibiliza para as

Empresa de Pequeno Porte (EPPs) assessoria especializada e gratuita

para o desenvolvimento de inovações em produtos e processos nos

setores da Indústria, Comércio e Serviços. Este artigo relata as

experiências obtidas pelo orientador do Programa ALI do SEBRAE,

nas regiões de Sorocaba (contendo as cidades de Cerquilho,

Itapetininga, Itu, Salto, Sorocaba, Tietê, Tatuí, Votorantim) e São

Carlos (contendo as cidades de Araras, Leme, Porto Ferreira, Rio

Claro e São Carlos), realizado entre 2012 e 2014.

Palavras-chave: Inovação, Agentes Locais de Inovação, Radar da

Inovação, Experiência do Orientador do Programa.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

A inovação é tida como a criação de valor a partir da aplicação de uma ideia. Tal aplicação

não precisa ser necessariamente original mas apenas uma nova maneira de se aplicar estas

ideias, sejam elas originais ou não. Caso a ideia aplicada seja original, a inovação pode ser

caracterizada como invenção. Observa-se que o universo das inovações é bem mais amplo do

que o de invenções, pois ideias originais podem ser aplicadas de inúmeras maneiras. No

amplo universo da inovação é que surgem oportunidades promissoras tanto para a academia

quanto para a indústria (JUNIOR, ALVARO; 2010).

Nos últimos anos a inovação científica e tecnológica tem se estabelecido como um dos fatores

mais importantes para garantir crescimento, competitividade e rentabilidade diferenciada às

empresas. São diversas as evidências da importância do tema e muitos estudos apoiam a visão

de que a inovação é fundamental para a sobrevivência em ambientes competitivos. Novos

processos e produtos, novos modelos de negócios, entrada em novos mercados, atração e

retenção de talentos ou ainda a valorização da imagem perante parceiros, clientes e

investidores, representam alguns dos resultados da inovação (CNI, 2010).

A agenda da política tecnológica brasileira tem experimentado mudanças expressivas nos

últimos anos, segundo a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas

Inovadoras (ANPEI, 2009). Foram instituídos mecanismos de apoio à inovação com o

objetivo de estabelecer uma cooperação mais efetiva entre instituições públicas e privadas.

Com estes mecanismos, as empresas se sentem incentivadas a realizar atividades de inovação

por causa dos riscos relativamente baixos e do custo reduzido de capital.

O fortalecimento dessa agenda refletiu-se, sobretudo, no esforço de integração da política

tecnológica a estratégias amplas do governo federal voltadas ao desenvolvimento industrial, e

na ampliação expressiva do volume de recursos públicos destinados ao financiamento das

atividades empresariais inovadoras. De fato, pode-se dizer que nos últimos anos houve uma

mudança na escala e no alcance do apoio governamental à inovação no país. Diversos

exemplo podem ser citados, como, a Lei do Bem, a Lei da Informática, o Programa Brasil

Maior, Inovar Auto, editais da FINEP, agências de fomento em nível estadual subsidiando a

P&DI nas empresas, como a FAPESP no estado de SP, dentre tantas outras iniciativas.

A longo prazo, a expectativa é que este apoio governamental se traduza em mudanças efetivas

no modo como a iniciativa privada investe em inovação, e que estas mudanças criem raízes

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profundas, de forma que não sejam apenas o efeito temporário da injeção de recursos

promovida pelo governo e seus incentivos.

Adicionalmente, o SEBRAE, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), criou o Programa de Agentes Locais de Inovação (ALI),

que disponibiliza para as Empresas de Pequeno Porte (EPPs) dos diversos Estados onde o

programa ocorre assessoria especializada e gratuita para o desenvolvimento de inovações em

produtos e processos nos setores da Indústria, Comércio e Serviços. Esta é uma iniciativa

inovadora no Brasil e que proporciona acesso as facetas da inovação e visa proporcionar

melhoraria de competitividade das EPPs, foco deste programa.

Neste sentido, este artigo apresentam as experiências obtidas pelo orientador do Programa

ALI do SEBRAE, nas regiões de Sorocaba (contendo as cidades de Cerquilho, Itapetininga,

Itu, Salto, Sorocaba, Tietê, Tatuí, Votorantim) e São Carlos (contendo as cidades de Araras,

Leme, Porto Ferreira, Rio Claro e São Carlos), realizado entre 2012 e 2014. A seção 2

apresenta bases conceituais sobre inovação e o programa ALI; a seção 3 apresenta a material e

método de condução desta pesquisa; a seção 4 realiza uma análise nos principais resultados

obtidos em campo pelos ALIs; e a seção 5 apresenta as conclusões deste artigo.

2. Referencial Teórico e o Programa ALI

Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2007), inovação é definida como: "... a implementação

de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou

um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios,

na organização do local de trabalho ou nas relações externas". Assim, espera-se que o

produto / processo deva ser novo ou substancialmente melhorado para gerar um diferencial

competitivo para o produto / processo da empresa.

Já Schumpeter (SCHUMPETER, 1985) propôs uma relação de vários tipos de inovações:

Introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente;

Inovação de processo que seja novidade para uma indústria;

Abertura de um novo mercado;

Desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria-prima ou outros insumos;

Mudanças na organização industrial.

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Com isso, a inovação está no cerne da mudança econômica. Nas palavras de Schumpeter

(SCHUMPETER, 1985), “... inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo,

enquanto inovações ‘incrementais’ preenchem continuamente o processo de mudança”.

Quando estamos analisando apenas os aspectos tecnológicos, fica fácil diferenciar uma

inovação incremental de uma inovação radical. Porém, quando analisamos simultaneamente

os aspectos tecnológicos e as características do modelo de negócio, surgem correlações que

possibilitam a identificação de 3 grupos diferentes de inovações: as radicais, as semi-radicais

e as incrementais. Segundo Davila et al. (Davila et al.; 2007), uma inovação radical só ocorre

quando há a introdução de uma nova tecnologia, simultaneamente com a implantação de um

novo modelo de negócio. Em contrapartida, caso tenhamos tecnologia e modelo de negócios

maduros, pode-se considerar a geração de uma inovação incremental.

Adicionalmente, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2007), a inovação pode ser dividida em

4 tipos:

1. Inovação de Produto: envolvem mudanças significativas nas potencialidades de

produtos e serviços;

2. Inovação de Processo: representam mudanças significativas nos métodos de

produção e de distribuição;

3. Inovação Organizacional: referem-se à implementação de novos métodos

organizacionais;

4. Inovação de Marketing: envolvem a implementação de novos métodos de

marketing, incluindo mudanças no “design” do produto e na embalagem, na promoção

do produto e sua colocação.

Considerando estas bases teóricas da inovação, há de se considerar algum método para a

medição da inovação em ambientes empresarias. Assim, para esta pesquisa foi adotada a

abordagem desenvolvida pela Bachmann & Associados – Determinação do Radar da

Inovação (BACHMANN, DESTEFANI; 2008), especificadamente para o Programa ALI. O

método, Radar da Inovação, foi elaborado a partir dos estudos de SAWHNEY et al. (2006) e

assim, adaptado para o contexto das micro e pequenas empresas no Brasil.

São abordadas durante o diagnóstico 13 dimensões de análise (SEBRAE, 2011), chamado de

Radar da Inovação, sendo elas: (1) Oferta (produtos e/ou serviços oferecidos pela empresa);

(2) Plataforma (conjunto de estrutura e capacidade para a produção ou execução dos

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serviços); (3) Marca (divulgação e propaganda do negócio); (4) Clientes (necessidades,

mercados e manifestação dos clientes); (5) Soluções (combinação de elementos para

solucionar problemas dos clientes); (6) Relacionamento (modo como o cliente interage com a

empresa); (7) Agregação de Valor (criação de mecanismos para captar valor); (8) Processos

(condução dos operações internas à empresa); (9) Organização (estrutura da empresa,

parcerias e responsabilidades dos colaboradores); (10) Cadeia de Fornecimento (logística do

negócio); (11) Presença (canais de distribuição e aquisição de produtos e/ou serviços); (12)

Rede (recursos utilizados para comunicação ágil entre a empresa e clientes); (13) Ambiência

Inovadora (interação da empresa com o mercado, investimentos em inovação e incentivo a

inovação entre os colaboradores). Neste caso, a utilização de uma ferramenta de diagnóstico é

essencial e o Radar da Inovação visa mensurar o nível de inovação das EPPs segundo as 13

dimensões supracitadas.

3. Material e Método

Este estudo possui a caracterização de um Action Research (ou pesquisa ação), na qual o

pesquisador, “utilizando a observação participante, interfere no objeto de estudo de forma

cooperativa com os participantes da ação para resolver um problema” (COUGHLAN,

COUGHLAN; 2002). O orientador dos ALIs das regiões de Sorocaba e São Carlos tinha

interação direta com os ALIs visando maximizar as ações adotadas nas EPPs.

Neste sentido, este trabalho irá seguir o processo do Action Research, que compõem as

seguintes atividades: (i) planejar; (ii) implementar; (iii) descrever; e (iv) avaliar.

Assim, as atividades de planejamento, implementação e descrição serão descritas abaixo

conforme metodologia desenvolvida pelo SEBRAE para o programa ALI (Figura 1), a saber:

Planejamento: (i) sensibilização e adesão dos empresários para aderirem ao

programa; (ii) diagnóstico com o objetivo de aferir a realidade da empresa face ao

desafio de se tornar inovadora aplicando os questionários definidos pelo SEBRAE,

visando (1) avaliar a empresa dentro dos critérios da excelência em gestão baseado no

MEG (Modelo de Excelência da Gestão) da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade) e

(2) questionário de 42 perguntas baseado nas 13 dimensões da ferramenta Radar da

Inovação; (iii) mensuração do grau de inovação em que a empresa se encontra

plotando as informações e metrificando-as utilizando a ferramenta do Radar da

Inovação como pilar desse processo;

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Implementação / descrição: (i) identificação das oportunidades de inovação através

do primeiro plano de ação; (ii) aproximação da empresa com uma instituição

provedora de soluções, visando as adaptações necessárias baseada no primeiro plano

de ação; (iii) acompanhamento do empresário de forma personalizada, durante todo o

processo de qualificação da empresa, obtendo os resultados do primeiro plano de ação

e realizando o segundo plano de ação; e (iv) encaminhamento de demandas

tecnológicas para instituições de ciência e tecnologia, como universidades e institutos

parceiros, bem como empresas de consultoria do mercado, visando a melhoria

contínua das EPPs.

Figura 1. Fluxo do Acompanhamento do Programa ALI.

Fonte. SEBRAE (2011).

A próxima seção irá apresentar a atividade avaliar do Action Research com o objetivo de

identificar os impactos gerados nas EPPs com base na metodologia aplicada durante os dois

anos do programa ALI.

4. Análise e Discussão de Resultados

As EPPs sensibilizadas e que aderiram ao programa atuam em segmentos diversos. Neste

estudo, compõe a amostra 570 empresas dos mais variados segmentos; sendo 390 EPPs

atendidas por 15 ALIs na região de Sorocaba e 180 EPPs atendidas por 8 ALIs da região de

São Carlos. As Figuras 2 e 3 apresentam o percentual dos segmentos de empresas que fizeram

parte do estudo por região de trabalho. Os segmentos que tiveram menos de 1,0% de empresas

atendidas não foram consideradas no estudo.

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Como pode ser visto, os segmentos de atuação das EPPs tem forte influencia de sua região.

Sorocaba é conhecida como uma região de forte atuação no segmento metal mecânico e têxtil

(1ª e 3ª das EPPs mais atendidas) e São Carlos nos segmentos metal mecânico e TIC (1ª e 2ª

das EPPs mais atendidas).

Todas as 570 empresas tiveram o diagnóstico do radar da inovação (R0), devolutiva 1 com

plano de ação 1, implementação da ação, novamente um diagnóstico do radar da inovação

(R1) e posterior devolutiva 2 com plano de ação 2. A seguir serão apresentados os resultados

obtidos após a devolutiva 2 com plano de ação 2 visando identificar o nível da inovação das

EPPS por segmento analisado.

Figura 2. Segmento das EPPs atendidas na região de Sorocaba.

Fonte: próprio autor.

Figura 3. Segmento das EPPs atendidas na região de São Carlos.

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Fonte: próprio autor.

O Radar da Inovação possuí 42 questões divididas em 13 dimensões. Cada questão tem a

possibilidade de score de 1, 3 ou 5. É uma escala com somente três possibilidades de

pontuação, justificadas por meio da coleta de evidências. O score 3 é o índice mínimo para

considerarmos uma postura inovadora das empresas.

Tabela 1. Segmentos pesquisados em Sorocaba.

Dimensões/ Segmentos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 Média por Dimensão

Oferta 2,6 3,0 2,6 2,6 3,0 2,6 3,0 2,5 2,2 2,2 3,0 2,0 1,4 2,5

Plataforma 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0

Marca 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 2,5 2,5 3,0 3,0 2,0 4,0 2,9

Clientes 3,0 3,0 1,7 2,3 3,0 1,7 3,0 2,0 2,6 2,3 2,3 2,0 3,0 2,4

Soluções 2,0 3,0 2,0 1,0 2,5 2,0 1,0 1,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 1,9

Relacionamento 5,0 1,0 4,0 2,0 5,0 3,0 1,0 1,8 3,6 2,0 4,0 1,0 3,0 2,8

Agregação de valor 2,0 1,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,1

Processos 2,3 2,3 2,0 2,0 2,5 2,0 2,3 1,8 1,2 1,7 2,3 2,0 1,7 2,0

Organização 1,5 2,0 2,5 1,0 2,0 2,5 1,5 1,0 2,0 1,5 1,5 2,0 2,5 1,8

Cadeia de fornecimento 3,0 3,0 1,0 1,0 3,0 1,0 1,0 1,0 2,2 1,0 3,0 2,6 3,0 1,9

Presença 3,0 2,0 2,0 1,0 3,0 2,0 1,0 1,0 1,5 1,0 1,0 2,0 2,0 1,7

Rede 1,0 3,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 3,0 1,0 1,3

Ambiência inovadora 2,0 2,0 1,8 1,8 3,0 1,8 2,0 1,8 1,8 1,5 2,5 2,0 2,5 2,0

Média do Segmento 2,7 2,6 2,3 1,9 3,0 2,2 2,0 1,8 2,2 1,9 2,4 2,2 2,5

Fonte: próprio autor.

A Tabela 1 apresenta a pontuação em cada uma das dimensões do Radar, que é a média da

pontuação entre as questões da dimensão por segmento das empresa da região de Sorocaba.

Os segmentos são: S1: Metal-Mecânico; S2: Alimentício; S3: Têxtil; S4: Marcenaria; S5:

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Engenharia Civil; S6: Gráfico; S7: Automação Industrial; S8: Serralheria; S9:

Eletroeletrônica; S10: Usinagem; S11: Moveleiro; S12: Plástico; e S13: Manutenção

Industrial.

Ainda, a Tabela 1 apresenta a média da pontuação por segmento bem como a média de

pontuação por dimensão do Radar da Inovação.

Como pode ser visto, apenas 4 segmentos obtiveram médias acima de 2,5, são os segmentos:

metal mecânico; alimentício, engenharia civil; e manutenção industrial. A maior média do

segmento foi do segmento engenharia civil (3,0). Um dos fatores que contribuiu para que este

segmento se destacasse frente aos outros foi a melhoria de processos como aquisição de novas

máquinas, substituição de insumos nocivos ao meio-ambiente por insumos não nocivos e

implantação de uma política de reciclagem de resíduos.

A seguir a Tabela 2 apresenta as pontuações por segmento das empresas da região de São

Carlos. Os segmentos são: S1: Metal-Mecânico; S2: TIC (Tecnologia da Informação e

Comunicação); S3: Alimentício; S4: Padaria e Confeitaria; S5: Farmácia de Manipulação; S6:

Têxtil; S7: Química; S8: Gráfico; S9: Engenharia Civil; S10: Eletroeletrônico; S11: Plástico;

e S12: Moveleiro.

Tabela 2. Segmentos pesquisados em São Carlos.

Dimensões/ Segmentos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 Média

por Dimensão

Oferta 2,6 3,0 2,6 2,2 2,6 2,6 2,6 2,6 2,2 2,2 3,0 3,0 2,6

Plataforma 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0

Marca 3,0 3,0 3,0 4,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

Clientes 3,0 3,0 1,7 1,7 2,3 1,7 3,0 2,3 3,7 2,3 2,3 3,0 2,5

Soluções 2,0 2,5 2,0 3,0 1,0 2,0 2,0 1,0 2,0 2,0 2,0 3,0 2,0

Relacionamento 5,0 5,0 4,0 4,0 2,0 4,0 5,0 2,0 4,0 2,0 4,0 1,0 3,5

Agregação de valor 2,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 2,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,3

Processos 2,5 3,0 2,0 1,7 2,0 2,7 2,3 1,7 1,3 1,7 2,3 2,3 2,1

Organização 2,0 2,0 2,5 1,0 1,0 2,5 1,5 2,0 2,0 1,5 1,5 2,0 1,8

Cadeia de fornecimento 3,0 2,5 1,0 1,0 1,0 3,0 3,0 3,0 3,0 1,0 3,0 3,0 2,3

Presença 3,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 2,0 1,9

Rede 1,5 2,0 1,0 3,0 1,0 3,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 3,0 1,6

Ambiência inovadora 2,0 3,0 1,8 1,5 1,8 1,8 2,0 2,8 1,8 1,5 2,5 2,0 2,0

Média do segmento 2,8 3,0 2,3 2,4 1,9 2,6 2,7 2,3 2,5 1,9 2,4 2,6

Fonte: próprio autor.

Como pode ser visto, apenas 3 segmentos obtiveram médias acima de 2,5, são os segmentos:

metal mecânico; TIC; e química. A maior média do segmento foi do segmento TIC (3,0). Um

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dos fatores que contribuiu é a padronização dos processos relacionado ao desenvolvimento do

produto bem como o relacionamento e bom atendimento aos seus clientes buscando captar as

necessidades de seus clientes e identificar novos mercados para seus produtos.

Nas duas regiões (Tabela 3 e Tabela 4), a dimensão Plataforma obteve nota máxima em todos

os segmentos. Esta dimensão retrata a capacidade de produzir vários produtos ou versões

dentro do mesmo ambiente da empresa. Por outro lado, de forma geral, apresenta uma

fraqueza na dimensão Processos, que reflete que as empresas ainda precisam melhorar

aspectos como layout de produção, eliminar desperdícios para ganhar eficiência e

produtividade.

Já a dimensão Cadeia de Fornecimento obteve pontuação diferente entre as regiões de

Sorocaba e São Carlos, onde grande parte do grupo abordado apresentou soluções para

reduzir custo de estoque e de transporte de produtos e matérias primas. São Carlos obteve

notas maiores nesta dimensão pois está mais longe de seus fornecedores e, com isso, as

empresas precisam automatizar ainda mais a logística de sua matéria prima, controle de

estoque e entrega do produto final.

As dimensões Rede, Agregação de Valor e Presença foram as dimensões piores avaliadas em

ambas as regiões. Estas dimensões consideram: a geração de relacionamento entre parceiros e

clientes; abertura de novos canais de venda bem como nova relação com distribuidores /

representantes para levar os produtos a novos mercados; e falar / ouvir mais seus clientes

como forma de ganhar eficiência em seu negócio. Neste sentido, visualiza-se que as empresas

estão acomodadas com os clientes e canais de venda existentes e não estão buscando novas

alternativas para maximizar suas vendas bem como melhorar a forma de atendimento a seus

clientes. Como foi observado pelos ALIs, as empresas acabam por se acomodar com os canais

/ pontos de vendas existentes uma vez que a complexidade em inovar em modelo de negócios,

o que envolve mudança cultural de seus clientes, acaba por ser deixado de lado.

Paralelamente, as empresas buscam fazer todas as atividades de seus negócios ao invés de

abrir frentes diversas de distribuidores e representantes de vendas visando complementar as

ações e estratégias de vendas.

Na dimensão Clientes, na qual examina a capacidade da empresa em buscar manifestações

dos consumidores, pode-se verifica que apenas 23,5% das empresas de Sorocaba e 31,2% das

empresas de São Carlos tem uma sistemática para colher informações sobre as necessidades

dos clientes. Essa sistemática é uma pesquisa de satisfação de clientes formalizada, capaz de

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gerar um índice de satisfação. Estas empresas identificaram, ao menos, uma necessidade não

atendida dos seus clientes nos últimos três anos, captadas de forma esporádica ou intuitiva. O

restante das empresas não identificou nenhuma necessidade não atendida dos seus

consumidores. Levanta-se a questão se não existe a possibilidade de criar algo novo para

fidelizar o cliente ou diferenciar a empresa da concorrência.

Na dimensão Relacionamento, as EPPs devem buscar facilidades e amenidades oferecidas

pela empresa para melhorar seu relacionamento com clientes. Conforme relatado pelos ALIs,

nos últimos três anos a maioria das empresas não desenvolveu nenhuma nova facilidade ou

recurso para melhorar o relacionamento com clientes, sejam eles cartões de aniversários,

brindes, sala de espera, cafezinho, catálogos, mostruários ou qualquer outro tipo de recurso.

Na dimensão Ambiência Inovadora verifica se a empresa absorveu algum conhecimento ou

tecnologia de fornecedores ou clientes nos últimos três anos. Dessa forma pontua 5 quem tem

por prática buscar conhecimentos ou tecnologias de fornecedores ou clientes e pontua 3 quem

absorveu algum tipo de conhecimento ou tecnologia de fornecedores ou clientes nos últimos

três anos. Dentre as empresas analisadas, 13,8% de Sorocaba e 16,4% de São Carlos

obtiveram score 5 e 26,2% de Sorocaba e 35,6% de São Carlos obtiveram score 3, mas

observa-se que a maioria dessas evidenciou participar de treinamentos oferecidos por

fornecedores, e não por parte dos clientes, o que mostra a busca por aperfeiçoamento em

ferramentas e tecnologias disponibilizadas pelos fornecedores.

Neste sentido, pode-se concluir com esta análise que os segmentos estudados nas regiões de

Sorocaba e São Carlos se diferenciam em alguns pontos críticos. Dentre as empresas e

segmentos analisados, a região de Sorocaba possui 7 dimensões com média abaixo de 2,0 na

pontuação por segmentos (Rede, Agregação de Valor, Presença, Organização, Clientes,

Relacionamento e Cadeia de Fornecimento). Apenas 2 dimensões foram maiores que 3,0 na

média da pontuação (considerada marco para uma postura inovadora nas empresas), que são:

Plataforma e Marca. Sendo assim, os empresários de Sorocaba precisam se atentar mais às

inovações ao redor de seus respectivos negócios uma vez que concorrentes diretos / indiretos

estão a cada dia surgindo e competindo no mercado de forma mais eficiente, oferecendo

produtos / serviços mais barata, com maior qualidade e entregando mais rapidamente. Como a

inovação está relacionada a mudança, os empresários de Sorocaba precisam iniciar a

implantação de mudanças de forma incremental visando absorver as inovações geradas nas 13

dimensões do radar da inovação.

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Já São Carlos possuí 4 dimensões abaixo de 2,0 na média de pontuação (Rede, Agregação de

Valor, Presença e Organização). Ainda possuem 4 dimensões acima de 3,0 (Plataforma,

Marca, Oferta e Relacionamento). Embora as empresas tenham muito a melhorar, os índices

mostram que as empresas da região de São Carlos estão mais antenadas para os impactos das

inovações em seus negócios. Um ponto ressaltados por diversos ALIs é a presença de

universidades consolidadas na região como a UFSCar e a USP. Estas universidades causam

um impacto direto na mão de obra qualificada e na busca por inovações das empresas daquela

região.

Um ponto relevante a ser observado é que mesmo realizando o diagnóstico dos problemas das

empresas e entregando a devolutiva aos empresários, os ALIs notaram pouca receptividade

dos empresários e isto se deve a:

Falta de amadurecimento dos empresários em diversos aspectos, principalmente a

receptividade às inovações, mudança de cultura e de posicionamento;

Falta de comprometimento para executar as ações propostas pelo ALI por acreditarem

que pode não ter resultados imediatos em seus negócios;

Falta de estrutura física e de gestão adequadas.

5. Conclusões e Trabalhos Futuros

Este artigo apresentou a experiência do Programa ALI das regiões de Sorocaba e São Carlos,

o qual ocorreu de 2012 a 2014. Foram analisadas 570 empresas e os resultados mostraram que

as EPPs ainda estão engatinhando quando se fala em inovação. Ainda é necessário um maior

engajamento e visão dos empresários como forma de garantir a sustentabilidade de seu

negócio no mercado frente a constante competitividade.

O Radar da Inovação é uma ferramenta de diagnóstico que permite a análise de ambientes

empresariais, especificadamente EPPs, sob a ótica da Gestão da Inovação a partir de 13

dimensões. Além disso, direciona os gestores à identificar em quais pontos precisam

aprimorar o ambiente empresarial e direcionar ações para o desenvolvimento da empresa.

Com este trabalho, espera-se que os gestores das EPPs analisadas possam ter maior acesso as

facetas da inovação e o impacto que isso pode trazer em seus respectivos negócios, através da

ferramenta de diagnóstico utilizada no programa, o Radar da Inovação. Com isso, espera-se

que as empresas tenham condições aumentar sua competitividade, produtividade e qualidade

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

13

dos serviços prestados / produtos comercializados frente a grande concorrência dos mais

diversos segmentos abordados neste programa.

Agradecimentos

Agradeço ao CNPq e SEBRAE pelo apoio durante o projeto.

REFERÊNCIAS

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