PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL 2010 · 6 Texto D – Equipe 4 Art. 4o A participação da...
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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 2010
Roteiro de Curso- I
Disciplina/Área PDE: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
IES: Universidade Estadual de Londrina.
NRE: Londrina.
Escola de implementação: Colégio Estadual Profª Célia Moraes de Oliveira.
Professora PDE: Anésia de Castro Marques.
Professora Orientadora: Dra. Edméia Ribeiro.
INTRODUÇÃO
Perante uma história marcada, a princípio, pelas opressões da escravidão
sofridas pelos africanos no Brasil, constata-se que foram criadas novas legislações
como: a implementação da Lei número 10.639/03, que inclui no currículo oficial a
obrigatoriedade da História e Cultura Afro Brasileira, seguidas das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnico-raciais e para o ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Assim podemos utilizar o recém
sancionado Estatuto da Igualdade Racial (2010) como instrumento didático, pois
passado mais de um século, são constantes as demandas de enfrentamentos e
conseqüentes reparações de perdas e danos causados pelo preconceito – tão presente
na sociedade contemporânea brasileira. Portanto levando em consideração a essas
questões, a escola como formadora de cidadãos conscientes, deve possibilitar ao
educando uma reflexão sobre nossa realidade social se posicionando para superação
dos preconceitos, onde igualdade de direitos superem as discriminações tão veladas
atualmente.
.
TEMA : “O projeto PDE e seus objetivos e o Estatuto de Igualdade Racial.”
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OBJETIVOS
Apresentar a proposta do projeto no programa PDE e mostrar a legislação que
compreende o Estatuto da Igualdade Racial.
Debater com a turma sobre a questão racial.
Discutir o Estatuto da Igualdade Racial.
ESTRATÉGIAS
Exposição oral do projeto.
Debate sobre o tema.
Leitura e discussão de trechos do Estatuto da Igualdade Racial.
ATIVIDADE
Apresentar a proposta do projeto do programa PDE.
Debater sobre a questão racial.
Discutir sobre a igualdade racial.
Separar os (as) alunos (as) em grupos para elaboração dos trabalhos.
RECURSOS
Aula expositiva;
Quadro/Giz.
Aula video: TV-pen-drive.
Trechos impressos das leis brasileiras sobre o racismo. (em anexo)
Câmera fotográfica.
DURAÇÃO
Tempo previsto: 01 encontro – 3 h/aula.
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REFERÊNCIA
BRASIL. Senado federal. Estatuto da Igualdade Racial. 2010. Disponível
em:<http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/180155>. Acesso em: 17 set. 2010.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica – História. Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, 2008.
ABREU, Martha, MATTOS, Hebe, DANTAS, Carolina Vianna. Em torno do passado
escravista: as ações afirmativas e os historiadores. Antíteses, Ahead of Print do vol.3,
nº 6, jul-dez. 2010. http:// www.uel.br/revistas/uel/index.php/antíteses.
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ANEXO I
Texto A – Equipe 1
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população
negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos
individuais,
coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância
étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência
baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto
anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos
humanos e
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
qualquer outro
campo da vida pública ou privada;
Texto B – Equipe 2
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição
de
bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que
acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas,
conforme
o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE),
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ou que adotam autodefinição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no
cumprimento de suas atribuições institucionais;
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da
igualdade de oportunidades.
Texto C - Equipe 3
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades,
reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da
pele, o direito à
participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas,
empresariais,
educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores
religiosos e
culturais.
Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos
direitos e
garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da
Igualdade
Racial adota como diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade
étnico-racial, a
valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasileira.
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Texto D – Equipe 4
Art. 4o A participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade,
na
vida econômica, social, política e cultural do País será promovida, prioritariamente, por
meio de:
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social;
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação afirmativa;
III - modificação das estruturas institucionais do Estado para o adequado
enfrentamento e a
superação das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da discriminação
étnica;
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o combate à discriminação étnica
e às
desigualdades étnicas em todas as suas manifestações individuais, institucionais e
estruturais;
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a
representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada;
Texto E – Equipe 5
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil
direcionadas à
promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades étnicas,
inclusive
mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no
acesso
aos recursos públicos;
VII - implementação de programas de ação afirmativa destinados ao enfrentamento das
desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde,
segurança, trabalho,
moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à
Justiça, e outros.
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Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa constituir-se-ão em políticas
públicas
destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas
discriminatórias
adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do
País.
Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é instituído o Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III.
Texto F – Equipe 6
Devemos nos lembrar que, em 1845, por ver que o Brasil não cumpria acordos, a
Inglaterra decreta o “Bill Aberdeen” - que dava a esse país o direito de aprisionar
navios negreiros, inclusive se estivessem em águas brasileiras, e o permitia julgar os
seus comandantes. E que, apesar disso os escravocratas não recuaram. Ao contrário,
o tráfico e os valores dos escravos aumentaram.
Foram 17 anos de lutas e perseguições entre a Lei do Ventre Livre e a Abolição. Os
escravocratas queriam manter o “status quo”. Enfim, a luta dos abolicionistas é
vitoriosa e em 13 de maio de 1888 a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel: os
negros estavam libertos. É bom lembrar que o Brasil foi o último país a acabar com a
escravidão.
Com a assinatura da Lei Áurea os negros alcançaram a liberdade, mas não obtiveram
direitos.
Não foi dado aos negros o direito à terra, à educação e nem sequer ao trabalho
remunerado.
Com a abolição, as oligarquias da época se sentiram ameaçadas, afinal, o país já era
de maioria negra. Porém, uma maioria que compunha as classes mais baixas. Assim, a
arma encontrada pelos escravocratas foi fortalecer o racismo.
De dominados os negros passaram a excluídos. Situação que permanece até os dias
de hoje.
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Texto G – Equipe 7
Devemos lembrar o 13 de maio de 1888 como uma data importante. A batalha dos
abolicionistas não foi em vão. A partir da liberdade, pequenas conquistas foram
avançando lentamente, passo a passo. Hoje já ultrapassamos mais de um século da
Lei Áurea, contudo, infelizmente a batalha entre os que defendem os princípios
abolicionistas e os escravocratas perdura.
Foi por defender o princípio da igualdade que, em 1951, tivemos a aprovação da Lei
Afonso Arinos e em 1988, a Constituição declara em seu artigo 5º, inciso XLII, que “a
prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei”. Em 1989 tivemos a Lei Caó que regulamenta o princípio
constitucional para combater o racismo. Em 1997, aprovamos, por unanimidade, a Lei
9.459, de minha autoria, que, entre outras coisas, define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor, condena o nazismo e considera a injúria também crime
inafiançável.
Também foi por essa premissa que aprovamos no Senado Federal, Projeto de Lei nº
309/2004, de nossa autoria, que define os crimes resultantes de discriminação e
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Matéria que cria um tipo genérico de
crime racial, descrevendo mais detalhadamente o aspecto objetivo da ação
discriminatória por acréscimo de outros verbos típicos, quais sejam, “negar”, “impedir”,
“interromper”, “constranger”, “restringir”, “dificultar” o exercício de direitos por parte da
pessoa discriminada.
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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 2010
Roteiro de Curso - II
Disciplina/Área PDE: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
IES: Universidade Estadual de Londrina.
NRE: Londrina.
Escola de implementação: Colégio Estadual Profª Célia Moraes de Oliveira.
Professora PDE: Anésia de Castro Marques.
Professora Orientadora: Dra. Edméia Ribeiro.
.
INTRODUÇÃO
. As novas formas no ensino de História estão relacionadas diretamente com o
desenvolvimento das pesquisas, que fundamentam a utilização de novas fontes, novos
personagens e a utilização dos meios de comunicação como objetos de estudo,
propiciando a visualização de dimensões pouco ou quase nunca exploradas pelos
historiadores. Desta maneira a utilização da Revista Raça Brasil, contempla as novas
fontes de pesquisa e de ensino na disciplina de História.
TEMA: “Apresentação da Revista Raça Brasil”.
OBJETIVO
Analisar a revista Raça Brasil.
Debater as matérias publicadas na revista.
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ESTRATEGIA
Reunir os (as) alunos (as) em grupos de trabalho, para analisar e discutir a
Revista.
ATIVIDADE
Os (as) alunos (as) deverão analisar a revista Raça Brasil e relatar oralmente
para os colegas quais foram as suas impressões.
Pesquisar na internet sobre o cartunista Maurício Pestana. (extraclasse)
RECURSOS
As revistas Raça Brasil, pelo menos duas para cada grupo de trabalho.
DURAÇÃO
Tempo previsto: 01 encontro – 3 h/aula.
FONTE
Revista Raça Brasil.
REFERÊNCIA
FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da História Ensinada. Papirus, São Paulo
1993.
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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 2010
Roteiro de Curso - III
Disciplina/Área PDE: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
IES: Universidade Estadual de Londrina.
NRE: Londrina.
Escola de implementação: Colégio Estadual Profª Célia Moraes de Oliveira.
Professora PDE: Anésia de Castro Marques.
Professora Orientadora: Dra. Edméia Ribeiro.
.
INTRODUÇÃO
A charge como objeto de investigação, pode ser explorada de forma que vá
além de uma caricatura do cotidiano e tenha nas suas nuances mensagens que
remetam a reflexões e revejam posicionamentos e (pré) conceitos, manifestando no
censo crítico uma avidez maior do que se possa imaginar que exista nessas
mensagens. No entanto justifica-se, então, o uso da imagem, neste caso a charge,
como recurso metodológico no ensino de História.
TEMA: “As charges de Maurício Pestana”
OBJETIVOS
Analisar uma das charges do cartunista Maurício Pestana.
Problematizar a condição dos afro descendentes no Brasil, através das charges,
bem como sua interpretação, análise crítica e conteúdo temático.
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ESTRATÉGIA
Apresentar a seção de Humor da Revista Raça Brasil que enfatiza a charge do
cartunista.
Analise das charges pelos grupos; redigindo suas observações.
Debate e discussão das charges.
ATIVIDADE
Os (as) alunos (as) deverão analisar as charges de Maurício Pestana, uma por
grupo.
Apresentar oralmente as análises das charges.
O grupo deverá produzir um texto de acordo com o trabalho realizado com as
charges.
RECURSOS
Quadro/Giz.
Charges impressas
Papel almaço.
DURAÇÃO
Tempo previsto: 01 encontro – 4 h/aula.
REFERÊNCIA
Diretrizes Curriculares da Educação Básica – História. Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, 2008.
CARDOSO, Luiz Muricy. O Escravo que aterrorizou a Bahia. Revista Raça Brasil.
Edição nº148 de 2010. racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/148/artigo188974-1.asp.
Acessado em 29-07-2011.
RODRIGUES, Marla. O homem mais velho do mundo. Revista Raça Brasil. Edição
nº156, julho de 2011, p.60.
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.ANEXO III
A) Roteiro para Análise das Charges.
* Tema para a charge.
* Relatar qual a crítica social o cartunista enfatiza.
* Tipos de personagens que a charge apresenta.
* A mensagem implícita do autor.
B) Charges de Maurício Pestana na Revista Raça Brasil: Seção de Humor.
Revista Raça Brasil, nº144, p.82.
Revista Raça Brasil,nº 124,p. 97.
14
Revista Raça Brasil,nº 134,p. 80.
Revista Raça Brasil,nº 122,p. 98.
Revista Raça Brasil,nº 152,p.82.
15
Revista Raça Brasil,nº 129,p. 97.
Revista Raça Brasil,nº 151,p. 82.
Revista Raça Brasil,nº 153,p.82.
16
Revista Raça Brasil,nº 147,p.82.
Revista Raça Brasil,nº 131,p.97.
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C) Matéria da Revista Raça Brasil.
(sugestão de trabalho).
Seção: Raízes.
O Escravo que aterrorizou a Bahia
Lucas de Feira foi um insólito personagem de sua época. Fugitivo negro, cometeu crimes
atrozes durante o Brasil Colônia e entrou para o folclore da região sertaneja
Por Luiz Muricy Cardoso
Feira de Santana é a cidade mais populosa da Bahia, depois da capital, Salvador. Chamada
carinhosamente de Princesa do Sertão, boa parte de sua economia está baseada na criação de
gado. Por volta do século XIX, as culturas do fumo e do algodão eram, além da pecuária, suas
principais atividades econômicas. Ao contrário do Recôncavo – assim chamado por rodear a
Baía de Todos os Santos – cujo solo de massapê se prestava à cultura da cana-de-açúcar, tão
estreitamente vinculada à atividade escravocrata, a cidade está numa região de transição entre
o litoral e o sertão (agreste). Foi nesse cenário um tanto inóspito, caracterizado pela vegetação
de caatinga entremeada de trechos úmidos – os brejos – que nasceu Lucas Evangelista dos
Santos, em 1807. Ele se tornaria famoso entre os escravos que se revoltaram contra sua
condição e que fugiram dos engenhos da região (a rebeldia escrava na forma de contestação
de massa foi uma constante no Brasil Colônia). Diferentemente de Zumbi e outros que a
história reverencia como heróis, Lucas Evangelista – chamado de Lucas de Feira (ou da feira)
– não é tão conhecido pela historiografi a, muito menos tratado como personagem heroico.
Isso pelo fato de que Lucas, violento, foi um bandido que espalhou terror pelas plagas
sertanejas atacando homens de negócio, fazendeiros, caixeiros viajantes e vaqueiros.
UM HOMEM PERTINAZ
Carpinteiro de formação, Lucas de Feira reuniu um bando de oito
criminosos, assaltando também feiras livres, matando e seviciando.
A história tem se omitido sistematicamente a respeito dele. Porém,
recentemente, a Universidade Estadual de Feira de Santana realizou
um seminário para trazer informações sobre esse personagem. A
professora Zélia Lima de Jesus escreveu a obra . A médica Nina
Rodrigues, refletindo o preconceito dominante da época, credita o
fato de Lucas ter sido mestiço a sua “superior inteligência”. Outras
informações dão conta de que ele veio de uma linhagem nobre e, se
tivesse nascido na África seria considerado rei. “Como hoje é uma
figura muito badalada por causa dos movimentos reivindicatórios
afrodescendentes, é possível que estejam comparando Lucas a Zumbi. Esse sim tinha
antecedentes reais”, comenta Franklin Machado, da Universidade Estadual de Feira de
Santana.
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BANDIDO CRUEL
Lucas nasceu escravo – de propriedade do padre José Alves
Franco – em Belém, perto de Cachoeira, contígua a São Félix,
na fazenda Saco do Limão. Segundo as descrições da época era
“alto, espadaúdo, tinha rosto comprido, barba e olhos grandes”.
O historiador Melo Moraes Filho creditava a ele as qualidades
da gratidão e da caridade, porém, que ninguém se engane com
esse perfil. Lucas de Feira era um homem que muitas vezes
tratava suas vítimas com requintes de perversidade. Chegou a
pregar o lábio de um capturado a uma árvore, prometendo se
vingar caso ainda o encontrasse ali em seu retorno. Numa
ocasião, atacou uma família, ferindo o filho, matando o pai,
seviciando a filha. Chegou a crucificar num pé de manda caru
uma virgem que se recusou a submenter-se ao estupro. Há quem
diga que Lucas formou um bando de até 30 homens, mas o mais
comum é encontrar referências de 3 a 8 componentes em sua
quadrilha. O escravo começou sua atividade criminosa com
cerca de 20 anos, e nela permaneceu até 1848, quando foi preso. Seu final de vida foi sofrido.
Durante o cerco que resultou em sua prisão, foi ferido no braço esquerdo e teve que amputá-
lo. “Ele foi traído por um coiteiro chamado Cazumbá, que revelou seus principais
esconderijos”, diz Franklin. Conta-se que um escravo, tendo enfiado diversos espinhos no
braço amputado, saiu às ruas exibindo-o como troféu sobre o bandido “que causou mal a tanta
gente”. Entre homicídios e tentativas, roubos e estupros, alguns calculam – não sem
contestação – cerca de 150 os crimes de Lucas de Feira, que foi enforcado em 25 de setembro
de 1849 e morreu pedindo perdão pelos seus crimes. Sua vida foi cantada nos versos do
poema ABC de Lucas, do oficial de justiça Souza Velho, que narra a vida do escravo sob o
ponto de vista dos senhores.
Certamente Lucas nao foi um revolucionário ou herói dos escravos – na sua sanha bandida
não fazia distinção se atacava ricos, pobres, negros ou brancos, escravos ou libertos. “É um
personagem bem pouco conhecido de nossa historiografia, até mesmo entre os baianos. É
possível ainda que muitos dos crimes atribuidos a Lucas tenham sido praticados por outros
escravos que se passavam por ele. Existem algumas obras que ajudam a desvendar o mito.
Entre elas, Lucas, o salteador, de Alberto Silva; Lucas, o demônio negro, romance de Sabino
de Campos; A Flor dos Romances Trágicos, de Câmara Cascudo; A Verdadeira História de
Lucas de Feira e o espetáculo músicoteatral Escravo Lucas, o Cristo Exu da Bahia, ambos de
minha autoria”, afirma o professor Franklin Machado.
( CARDOSO, Luiz Muricy. O Escravo que aterrorizou a Bahia. Revista Raça Brasil. Edição nº148
de 2010. racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/148/artigo188974-1.asp. Acessado em 29-07-2011.)
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Seção Gente:
Perfil
O homem mais velho do mundo
Deraldo Magno Santos nasceu na manhã do dia 2 de novembro de 1894, no bairro da Vitória, no centro da
capital baiana, da relação entre Maria Magna Santos e de Luís de Souza
por Marla Rodrigues | fotos Mauricio Requião
BAIANO DE SALVADOR, 116 ANOS DE IDADE
“Seo” Deraldo passou a infância saltando de cima do cais da praia do Porto da Barra. Era o dia todo no
mar, mesmo que, ao chegar em casa, levasse uma baita surra da mãe com cipó caboclo – “E doía demais”,
relembra. Na adolescência, era um pé de valsa e adorava dançar nas festas que seu pai, músico, promovia
em sua própria casa. Também foi muito galanteador, característica que conserva até hoje. Mais tarde, com
os caminhos tortuosos da vida, perambulou pelas ruas de Salvador, dormiu embaixo de marquises até ir
parar no quartel do Exército, onde se tornou um excelente cozinheiro. Alguns o chamam até hoje de
Capitão Magno.
Atualmente, mora no asilo São Lázaro, na mesma cidade que, ao longo dos anos, cresceu com ele. “Seo”
Deraldo chegou até lá pelas mãos de Terezinha Correia da Luz, presidente do local, que o encontrou na rua.
“Sou muito feliz aqui, com meus amigos e minha mãe”, assume. A mãe em questão é Terezinha, pessoa
pela qual ele tem verdadeira adoração. Saudável a ponto de surpreender os médicos – não toma nenhum
tipo de remédio –, este bom baiano não usa bengala nem óculos, sabe ler e ainda faz tudo sozinho. Como a
maioria dos idosos, costuma dormir cedo, porém, de olhos abertos. Estranho? Ele garante que não. “Mas
sonho, sempre”... A memória, às vezes falha, não compromete em nada o seu raciocínio de homem
simples, que viu e viveu muita coisa.
Sobre seus 116 anos, costuma brincar que ainda não morreu porque nasceu no dia de finados. “Os defuntos
não gostam de mim”, diz. E, se depender dele, muitos anos de vida ainda virão. “Quero viver mais 50
anos.” Segundo o Guinnes Book – o Livro dos Recordes, o homem mais velho do mundo atualmente é o
japonês Jirouemon Kimura, de 114 anos (ele herdou o posto em abril, com a morte do americano Walter
Breuning, que tinha a mesma idade). No caso de “Seo” Deraldo – que tem certidão de nascimento
comprovando sua longevidade – até agora ninguém se interessou em inscrevê-lo no famoso livro dos
20
recordes.
"QUERIA TER UMA MULHER PARA
GOSTAR MUITO, QUE GOSTE DE
CAPRICHAR COM AS COISAS DE
CASA E QUE NÃO SEJA CIUMENTA,
PORQUE A PESSOA QUE AMA NÃO
TEM CIÚME, NÉ?
No RG, a ausência do nome paterno. O pai de “Seo” Deraldo não o registrou, mas conviveu com
ele normalmente
(Revista Raça Brasil. Edição nº 156, julho de 2011. p.60)
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INTRODUÇÃO
Diante de um novo momento perante a práxis do ensino de História, nos remete
à reflexão em concomitância com o que propõem as Diretrizes em relação à
historiografia: que se deve contemplar novos sujeitos e novos eventos. Sendo assim é
necessário que nossos educandos (as) reelaborem os seus conhecimentos sobre a
História do nosso país elaborando uma charge crítica sobre o preconceito racial.
TEMA: “A charge como crítica social.”
OBJETIVOS
Elaboração de charges para problematizar a condição dos afros descendentes
no Brasil.
Apresentação destas charges em forma de exposição mural.
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 2010
Roteiro de Curso - IV
Disciplina/Área PDE: História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
IES: Universidade Estadual de Londrina.
NRE: Londrina.
Escola de implementação: Colégio Estadual Profª Célia Moraes de Oliveira.
Professora PDE: Anésia de Castro Marques.
Professora Orientadora: Dra. Edméia Ribeiro.
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ESTRATÉGIA
Elaboração de charges pelos grupos.
Montar um painel na escola apresentando a questão racial mostrado nas
charges de Maurício Pestana ao lado das produzidas pelos alunos (as).
ATIVIDADE
Os (as) alunos (as) deverão em grupo construir uma charge Crítica sobre
preconceito racial.
Montagem da exposição com as charges produzidas pelos alunos, juntamente
com as escolhidas por eles(as) de autoria de Maurício Pestana.
RECURSOS
Papel especial para confecção da charge.
Câmera fotográfica.
DURAÇÃO
Tempo previsto: 01 encontro – 4 h/aula.
REFERÊNCIA
Diretrizes Curriculares da Educação Básica – História. Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, 2008.