PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA · também divulgarem as mais novas piadinhas do nosso...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
RENDIMENTO ACADÊMICO E SUA RELAÇÃO COM OS
ESTILOS DE PERSONALIDADE DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
CARLA FERNANDA FERREIRA RODRIGUES
NATAL - RIO GRANDE DO NORTE
2010
i
CARLA FERNANDA FERREIRA RODRIGUES
RENDIMENTO ACADÊMICO E SUA RELAÇÃO COM OS
ESTILOS DE PERSONALIDADE DE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
Dissertação elaborada sob orientação do
Prof. Dr. João Carlos Alchieri e
apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Psicologia.
NATAL - RIO GRANDE DO NORTE
2010
ii
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Ferreira-Rodrigues, Carla Fernanda.
Rendimento acadêmico e sua relação com os estilos de personalidade de
estudantes universitários / Carla Fernanda Ferreira-Rodrigues. – 2010.
91 f.: il. -
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de
Pós-Graduação em Psicologia, Natal, 2010
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Alchieri.
1. Psicologia. 2. Personalidade - Avaliação. 3. Rendimento escolar. 4.
Avaliação de comportamento. I. Alchieri, João Carlos. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BSE-CCHLA CDU 159.9
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Este exemplar corresponde à redação final da dissertação de mestrado “Rendimento
Acadêmico e sua Relação com os Estilos de Personalidade de Estudantes Universitários”,
defendida por Carla Fernanda Ferreira Rodrigues sob a orientação do Prof. Dr. João Carlos
Alchieri e aprovada pela comissão examinadora.
Natal - RN, 18 de Outubro de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. João Carlos Alchieri (Orientador e Presidente da Banca)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Prof. Dr. Leandro S. Almeida (1º Examinador Externo)
Universidade do Minho (Braga-Portugal)
Profa. Dra. Marúcia Patta Bardagi (2ª Examinadora Externa)
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Natal-RN
2010
v
Dedico este trabalho:
Aos meus pais, Antonio Hosterno Rodrigues e Maria Ferreira
Rodrigues que sempre me incentivaram a seguir o caminho do
saber que me acompanham e apóiam em todos os momentos da
minha vida.
À minha irmã, Ilka Juliana, pelo companheirismo e por ter
colaborado diretamente no desenvolvimento desse estudo.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. João Carlos Alchieri, meu orientador querido, pela atenção que sempre
dispensou a mim, mesmo antes de me tornar sua orientanda, pelo carinho, amizade,
preocupação, atenção, pelos ensinamentos que ultrapassam o conhecimento da Ciência
Psicológica, pelos incentivos, pela alegria e muiiiiito bom humor que fizeram com que alguns
momentos mais tensos da dissertação fossem vistos de uma maneira mais leve. “João, muito
obrigada por tudo!”
Aos meus colegas integrantes do CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do LabPsi (sala do
João): Felipe Valentini, Márcia Santos, Maria Helena, Isabel Vasconcelos, Heloísa (Helô),
Hannia Roberta e Hugo Câmara por compartilharem conhecimento, alegria, companheirismo
e também, claro, por compartilharem os melhores vídeos do you tube, por ouvirem comigo e
também divulgarem as mais novas piadinhas do nosso mestre e seguirem comigo os 10
mandamentos dos orientandos do João.
Ao grupo das nove meninas (G9) aprovadas no mestrado de 2008.2 em Psicologia da UFRN:
Isabel Vasconcelos, Caroline Lemos, Raquel Diniz, Rachel Queiroz, Martha Emanuella, Ana
Vládia, Cinthia Guedes e Melina Sefora e aos mestrandos da turma de 2008.1 que embora no
início não tenham gostado da idéia de ter uma seleção de alunos no meio do ano acabaram
formando com o G9 uma única turma e desenvolvendo boas amizades.
À Cilene, secretária do mestrado, pela atenção e ajuda desde a época da seleção do mestrado.
Aos professores do PPG em Psicologia da UFRN por contribuírem com a minha formação
profissional, especialmente o Dr. Jorge Falcão, Dr. Zé Pinheiro, a Dra. Lívia Borges e o Dr.
João Alchieri, que são exemplos de profissionais e pesquisadores.
Se esse estudo tivesse direito a co-autoria, com certeza a co-autora seria a minha irmã Juliana,
que corrigiu a ortografia do meu projeto, mesmo tendo várias atividades na faculdade, coletou
dados comigo, digitou questionários, foi acordada de madrugada por mim quando achei que
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alguns questionários haviam desaparecido, prontamente viu que eles apenas não estavam
digitados e foi digitá-los deixando de fazer suas atividades para me enviar rapidamente. “Jú,
você é a melhor irmã que eu poderia ter!”
Aos meus pais Maria Ferreira Rodrigues e Antonio Hosterno Rodrigues, pela presença
constante em minha vida, mesmo quando eu estou há KM de distância, por tudo que fizeram
e fazem por mim.
Ao prof. Dr. Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida, diretor de Pesquisa da UNIVASF
que autorizou que esta pesquisa fosse desenvolvida nesta universidade e que fez o possível
para que todas as informações que eu precisava para o desenvolvimento do estudo fossem
conseguidas.
Ao prof. Dr. Leandro S. Almeida pela competência e exemplo de pesquisador, por todas as
vezes que entrei em contato por e-mail ter se mostrado disponível a me ajudar, me enviando
artigos, me incentivando, aceitando ser o meu leitor no seminário de dissertação do mestrado
e em participar da banca da minha defesa, mesmo de longe por videoconferência.
À Profa. Dra. Marúcia Patta Bardagi por gentilmente ter aceitado participar da minha banca
de defesa e pelas valiosas contribuições que deu ao trabalho.
Aos estudantes da UNIVASF, Ilka Juliana, Anisiano Alves e Rebecca Ferraz pela ajuda na
coleta dos dados.
Aos estudantes de Psicologia da UFRN, Igor Chacon, Jéssica e Ravenna Ribeiro pela ajuda na
digitação dos dados.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio
financeiro na forma de bolsa de estudos.
viii
Quando a gente entra no mestrado o pensamento principal é desenvolver um determinado
estudo, aprender mais, de certa forma crescer profissionalmente, mas não pensamos muitas
vezes nas pessoas que podem entrar na nossa vida graças a esse caminho profissional, e eu
conheci pessoas em Natal que eu vou levar para sempre em meu coração e no meu
pensamento, as quais também agradeço:
À Márcia pela grande amizade conquistada quase imediatamente quando entrei no mestrado.
À minha outra grande amiga do mestrado, Karine (e seu marido Vinícius) pela amizade e
super atenção.
À Adriana de Oliveira, pela atenção, carinho e gentileza. Por falar em Adriana, não posso
deixar de falar do menino mais lindo e querido que eu conheci em Natal, o Joãozinho, que fez
com que minhas orientações na casa do João fossem sempre alegres e divertidas (tudo bem
que o pai dele já é bem divertido, mas os meus encontros com o Joãozinho, adoro!).
Desenvolver uma pesquisa onde já se sabe quem você vai querer encontrar para aplicar os
instrumentos do estudo e ainda contar com a colaboração desses respondentes não é uma
tarefa fácil, é o aluno que falta no dia que você entra na turma dele e tem que voltar outro dia
para encontrá-lo, é o aluno que está desnivelado no curso e você tem que achar em qual turma
ele está ou qual a disciplina que ele está matriculado, é aquele que você procura e ninguém
conhece ou aqueles que você procura, procura e depois de meses alguém aparece e diz: “esse
daí você não vai encontrar pois ele abandonou/mudou/trancou o curso”. No entanto, isso não
impossibilitou o desenvolvimento do estudo. Por isso, agradeço imensamente a todos os
ix
alunos que participaram da minha pesquisa e aos alunos que me pararam nos corredores da
universidade para saber como andava a coleta, aos interessados nos resultados, a muitos que
sem eu pedir lembravam nomes de alguns estudantes que eu estava procurando e telefonavam,
mandavam e-mail ou quando me viam me mostrava nos corredores o aluno que eu estava
procurando... Poxa, foi cansativo, mas muito gratificante!
O carinho, amor, amizade, atenção, ajuda física e/ou mental de cada um de vocês foi
fundamental para que esse estudo pudesse ser realizado.
Muito Obrigada!
Carla Fernanda
iv
"O que quer que você possa fazer, ou sonha que possa
fazer, faça. Coragem contém genialidade, poder e
magia" Goethe.
“Que importa, que ao chegar eu nem pareça pássaro!
Que importa se ao chegar venha me rebentando, sem
aprumo e sem beleza! Fundamental é cumprir a missão e
cumpri-la até o fim!” Dom Helder Câmara.
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SUMÁRIO
Lista de Figuras xiii
Lista de Tabelas xiv
Resumo xv
Abstract xvi
Apresentação 1
I. Fundamentação Teórica 3
1. Desempenho Acadêmico em Estudantes Universitários 3
1.1. Fatores importantes no desempenho acadêmico 4
2. Personalidade 5
2.1. Algumas Teorias de Personalidade 6
2.2. A visão de Personalidade para Theodore Millon 8
2.2.1. Estilos de Personalidade 10
2.2.2. As tarefas evolutivas e as bipolaridades 10
2.2.3. A Estrutura da Personalidade para Millon 13
2.2.3.1. Metas Motivacionais 15
2.2.3.2. Modos Cognitivos 16
2.2.3.3. Condutas Interpessoais 18
3. Desempenho Acadêmico e Personalidade 20
Capítulo II – Objetivos 23
Capítulo III- Método 24
3.1. Delineamento 24
3.2. Participantes 24
3.3. Instrumentos 25
xi
3.4. Procedimentos 26
3.5. Análise dos dados 27
Capítulo IV – Resultados 29
4.1. Caracterização da Amostra 29
4.2. Estudantes de Medicina 31
4.3. Estudantes de Psicologia 36
4.4. Estudantes de Engenharia Civil 42
4.5. Estudantes de Administração 46
4.6. Estilos de personalidade de estudantes com maior e menor rendimento acadêmico
da amostra geral 52
4.6.1. Estilos de personalidade de estudantes com alto e baixo rendimento acadêmico
por sexo 52
4.7. Estilos de personalidade de estudantes de Medicina com maior e menor
rendimento acadêmico 54
4.8. Estilos de personalidade de estudantes de Psicologia com maiores e menores
rendimento acadêmico 54
4.9. Estilos de personalidade de estudantes com alto e baixo rendimento acadêmico do
curso de Engenharia Civil 55
4.10. Estilos de Personalidade de Estudantes com alto e baixo rendimento acadêmico
do curso de Administração 55
4.11. Relação entre cada estilo de personalidade, o desempenho acadêmico, os cursos
e a interação entre desempenho acadêmico x curso 56
Capítulo V – Discussão 66
Capítulo VI – Considerações Finais
xii
Capítulo VII - Referências
Apêndices
Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 89
Apêndice B - Questionário da Pesquisa 90
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Interação de médias entre o estilo de personalidade intuição, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................59
Figura 2. Interação de médias entre o estilo de personalidade reflexão, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................60
Figura 3. Interação de médias entre o estilo de personalidade sistematização, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................61
Figura 4. . Interação de médias entre o estilo de personalidade inovação, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................62
Figura 5. Interação de médias entre o estilo de personalidade discrepância, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................63
Figura 6. Interação de médias entre o estilo de personalidade retraimento, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................64
Figura 7. Interação de médias entre o estilo de personalidade segurança, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................65
Figura 8. Interação de médias entre o estilo de personalidade conformismo, os cursos e o
rendimento acadêmico..............................................................................................................66
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição das funções e etapas evolutivas para Millon............................................11
Tabela 2. Bipolaridades e Estilos de Personalidade..................................................................15
Tabela 3. Caracterização da amostra.........................................................................................30
Tabela 4. Distribuição da amostra por sexo e desempenho acadêmico em cada curso............31
Tabela 5. Distribuição da amostra de Medicina quanto ao sexo, estado civil, mudança de
cidade e com quem mora..........................................................................................................32
Tabela 6. Realização de outro curso universitário por estudantes de Medicina..............33
Tabela 7. Motivo para escolha do curso de Medicina...............................................................33
Tabela 8. Reprovação, percepção do desempenho acadêmico e satisfação com o curso de
Medicina....................................................................................................................................35
Tabela 9. Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Medicina....................................................................................................................................35
Tabela 10. Caracterização da amostra de Psicologia por sexo, estado civil, mudança de cidade
e com quem mora......................................................................................................................37
Tabela 11. Realização de outro curso universitário por estudantes de Psicologia....................38
Tabela 12. Motivo da escolha do curso de Psicologia em estudantes com alto e baixo
desempenho acadêmico.............................................................................................................38
Tabela 13. Reprovação, percepção do desempenho acadêmico e satisfação com o curso de
Psicologia..................................................................................................................................40
Tabela 14. Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Psicologia..................................................................................................................................41
Tabela 15. Tipo de Escola em que os estudantes de Psicologia cursaram o Ensino Médio.....41
Tabela 16. Caracterização da amostra de Engenharia Civil por sexo, estado civil, mudança de
cidade e com quem mora..................................................................................................43
Tabela 17. Realização de outro curso universitário por estudantes de Engenharia
Civil...........................................................................................................................................44
Tabela 18. Motivo para escolha do curso de Engenharia Civil................................................44
Tabela 19. Reprovação, percepção do desempenho acadêmico e satisfação com o curso de
Engenharia................................................................................................................................46
Tabela 20. Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Engenharia Civil.......................................................................................................................47
xv
Tabela 21. Caracterização dos estudantes de Administração por sexo, estado civil, mudança
de cidade e com quem mora......................................................................................................48
Tabela 22. Realização de outro curso universitário por estudantes de Administração.............49
Tabela 23. Motivo para escolha do curso de Administração....................................................50
Tabela 24. Reprovação, Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o curso de
Administração ...........................................................................................................................51
Tabela 25. Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Administração ...........................................................................................................................52
Tabela 26. Estilos de Personalidade em Estudantes com Maior e Menor Rendimento
Acadêmico da Amostra Geral...................................................................................................53
Tabela 27. Estilos de personalidade preponderantes de homens e mulheres universitários com
maior e menor rendimento acadêmico......................................................................................54
Tabela 28. Estilos de personalidade preponderantes de estudantes com maior e menor
rendimento acadêmico dos cursos de Medicina, Psicologia, Engenharia Civil e
Administração...........................................................................................................................56
Tabela 29. Resultados da Anova...............................................................................................57
xvi
RESUMO
Um dos desafios da Psicologia, principalmente para a área de avaliação psicológica e
educacional, consiste em compreender e predizer as diferenças individuais. Nesse contexto,
esta pesquisa teve como objetivo verificar os estilos de personalidade de estudantes com
maiores e menores índices de rendimento acadêmico. Participaram deste estudo 236
estudantes universitários da UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco) dos
campi de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, distribuídos uniformemente em quatro cursos
(Medicina, Psicologia, Administração e Engenharia Civil), sendo 10 alunos de cada semestre
(cinco com as maiores notas e cinco com as menores notas médias). Para analisar os estilos de
personalidade/características comportamentais, foi aplicado o Inventário Millon de Estilos de
Personalidade (MIPS), que é composto por 180 itens, respondidos através de uma escala
dicotômica de respostas (verdadeiro/falso). Foi elaborado e aplicado, também, um
questionário para melhor caracterização da amostra e com informações sobre a vida
acadêmica dos estudantes. Foram realizadas estatísticas descritivas e de tendência central para
fornecer informações sobre a amostra. Em seguida, foi realizado o teste de Mann-Withney na
amostra geral e em cada curso, além de uma ANOVA fatorial. Os resultados sugerem que a
população universitária é heterogênea e há diferenças significativas (p<0,05) entre os estilos
de personalidade de estudantes com maior e menor rendimento acadêmico, quando se analisa
a amostra geral e nos cursos das diferentes áreas do conhecimento. Os estudantes de Medicina
com maior rendimento possuem como estilos de personalidade preponderantes o
conformismo e a concordância e os estudantes de menor rendimento desse curso, os estilos
inovação e discrepância. Os estudantes de Psicologia com maior rendimento são mais
sistemáticos e os de menor rendimento pontuam significativamente mais na acomodação. Os
estudantes de Engenharia Civil dos dois grupos diferiram apenas no estilo de personalidade
intuição, sendo tal estilo mais característico dos estudantes de maior rendimento. Os alunos de
Administração com maior rendimento se destacam mais no estilo dúvida e os de menor
rendimento nos estilos individualismo, reflexão e discrepância. O estudo, embora
correlacional teve um caráter exploratório, uma vez que no Brasil ainda não há estudos acerca
dessa relação, além disso permitiu uma melhor compreensão sobre as características de ação
de estudantes com alto e baixo rendimento acadêmico. É necessário que novos estudos sejam
realizados e que sejam utilizados também nesses estudos instrumentos no modelo dos Cinco
Grandes Fatores de Personalidade, já que este é o modelo mais utilizado na compreensão da
influência da personalidade no desempenho de estudantes para que, assim, se possa discutir
melhor tal relação, bem como estabelecer comparações entre os estudos já existentes na área.
Palavras chave: desempenho acadêmico; sucesso acadêmico; comportamento; MIPS;
Theodore Millon.
xvii
ABSTRACT
One of the Psychology challenges, especially among the assessment and educational areas, is
to understand and predict individual differences. In this context, this research aimed to verify
the personality styles of students with high and low academic performance. The study
included 236 university students from Petrolina-PE and Juazeiro-BA campus of the
UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco). They were uniformly
distributed in four disciplines (medicine, psychology, administration and civil engineering),
10 students from each semester (five highest scores average students and five lowest scores
average students) took place of the sample. The Millon Index Personality Styles (MIPS) was
applied to analyze the personality/behavioral styles of the students. The MIPS is a 180
dichotomous (true/false) item scale. It was also developed and applied a questionnaire about
the students’ characteristics and their academic information. Descriptive and central tendency
statistics analysis (mean, standard deviation, frequency and percentage) were done to provide
sample information. Then we performed a Mann-Whitney test in the overall sample and in
each course and a factorial ANOVA. The results suggest that the university population is
heterogeneous and there are significant differences (p <0.05) between the personality styles of
students with high and low academic performance, when analyzing the overall sample and in
courses of different areas of knowledge. Students of Medicine who have higher performance
as personality styles prevalent the conformism and compliance, while students with lower
income in this course, the styles are: innovation and discrepancy. Psychology students with
higher income are more systematic and lower income students to score significantly on
accommodation. The civil engineering students of the two groups differed only in personality
style intuition, being such a style more characteristic of higher income students. Students of
Management with higher yield stand out more in the style of the doubt and lower yields in
these styles: individual, reflection and discrepancy. This study is correlational, but had an
exploratory nature because there are no studies about this relationship in Brazil. Therefore, it
provided a better understanding of the action characteristics of students with high and low
academic performance. Further studies using the Big Five Personality Factors instruments are
required because it is the most used model in understanding the influence of personality on
students’ performance. This way, the relation between personality and academic performance
will be better discussed. Otherwise, it will be possible to compare with the existing studies in
the area.
Key-words: academic achievement; academic success; behavior; MIPS; Theodore Millon
1
______________________________________________________APRESENTAÇÃO
Atualmente, o Brasil passa por um processo de investimento na educação com a
expansão e criação de novas universidades (MEC, 2008). Com o aumento do número de
universitários, observa-se que esta população possui cada vez mais características
bastante heterogêneas como: classe social, gênero, objetivos, expectativas, trajetória
acadêmica anterior, faixa etária, situação de trabalho, dentre outras (Almeida, 2007;
Almeida & Cruz, sd; Teixeira, 2002). Com isso, é importante que as instituições de
ensino superior estejam preparadas tanto em termos de tecnologia e novos espaços para
fornecer ao aluno, como também, que conheçam mais sobre o estudante universitário.
Dessa forma, poderão realmente promover, durante o processo de formação, o
desenvolvimento cognitivo, vocacional, pessoal, social e cultural de seus alunos
(Schleich, Polydoro, & Santos, 2006).
Com essa maior valorização do ensino no país surgem problemas e
preocupações acerca da educação e uma destas preocupações, Vendramini et.al. (2004)
afirmam ser o desempenho acadêmico dos estudantes. Nesse sentido, um dos desafios
da Psicologia, principalmente a educacional, está em compreender e predizer as
diferenças individuais acerca do desempenho acadêmico (Rothstein, Paunonen, Rush, &
King, 1994).
Deve-se destacar que avaliar é fundamental em qualquer processo,
especialmente no processo educativo, em que a avaliação pode ser um instrumento para
alcançar mudanças no ensino, objetivando a melhoria da sua qualidade, poder reordenar
recursos (Mello et al., 2001), bem como para se conhecer melhor os estudantes, suas
características e necessidades. Assim, tendo em vista a necessidade de se conhecer um
2
pouco mais acerca do desempenho acadêmico e verificando o crescente aumento de
estudos sobre o papel da personalidade no rendimento acadêmico é que a pesquisa que
ora se apresenta foi desenvolvida.
Como principal relevância destaca-se a contribuição com os estudos acerca da
relação entre desempenho acadêmico (em universitários) e características de
personalidade, proporcionando uma análise das características de ação de tais sujeitos,
através de um modelo de avaliação da Personalidade (proposta de Theodore Millon) que
enfatiza não apenas os aspectos biológicos, mas também a interação do sujeito com seu
ambiente e suas experiências de aprendizagem.
O capítulo I da presente dissertação corresponde a fundamentação teórica, nele é
abordado o tema desempenho acadêmico, mostrando o que a literatura aponta como
fatores importantes no rendimento acadêmico dos estudantes, posteriormente é
apresentada a personalidade, cita algumas teorias que abordam o tema com maior
destaque para a teoria de Theodore Millon, uma vez que esta é a visão de personalidade
adotada no estudo. Por fim, é apresentado o que se tem na literatura científica acerca da
relação entre desempenho acadêmico e personalidade.
A segunda parte da dissertação corresponde ao desenvolvimento da presente
pesquisa. Assim, são detalhados no capítulo II os objetivos e no capítulo III o método.
No capítulo IV são apresentados os resultados e no capítulo V a discussão. No capítulo
VI são apresentadas as considerações finais, as possíveis limitações do estudo, suas
contribuições e a possibilidade de estudos futuros.
3
_______________________________Capítulo I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. Desempenho Acadêmico em Estudantes Universitários
Com a entrada no ensino superior, o jovem adquire novas amizades e novas
responsabilidades lhes são atribuídas, tanto pelo contexto social quanto familiar, e é
geralmente nesta etapa da vida que este começa, também, a desenvolver sua autonomia
na sociedade. O ingresso na universidade é acompanhado por uma série de mudanças e
exigências que os estudantes têm que ultrapassar a nível intelectual, acadêmico e social.
A permanência na instituição de ensino requer uma adequada integração e adaptação,
decorrente de uma boa interação do aluno com a universidade, em que se incluem
determinados níveis de realização acadêmica e certos níveis de satisfação pessoal e
interpessoal (Almeida, Vasconcelos, & Mendes, 2008).
A adaptação acadêmica é decisiva nas primeiras semanas do aluno na
universidade. Muitos estudantes, com a entrada na universidade, precisam separar-se da
família e dos amigos para cursar a faculdade em outra cidade, gerir de forma autônoma
o dinheiro, o tempo e os estudos, exigindo, assim, respostas adaptativas e adequadas
como forma de poderem vivenciar satisfação e sucesso acadêmico (Almeida, Soares,
Guisande, & Paisana, 2007).
Dependendo do curso, a concorrência para ingressar na universidade é acirrada,
no entanto o insucesso e a evasão no ensino superior chamam atenção (Almeida, Soares,
& Ferreira, 2002). O insucesso acadêmico compreende o não atingir de metas
(reprovação, repetência, notas baixas, abandono da universidade), em um determinado
período estabelecido pela instituição de ensino. Há, ainda, outro tipo de insucesso
acadêmico, mas difícil de ser mensurado, que se refere à adequação dos conteúdos
4
ensinados na universidade com as aspirações dos alunos e as necessidades do mercado
de trabalho (Martins, 2004; Monteiro, Almeida, & Castro, 2009).
1.1. Fatores importantes no desempenho acadêmico
Pesquisadores têm buscado determinar os fatores que predizem o sucesso
acadêmico dos estudantes em diferentes níveis e em diferentes populações. Nos estudos
envolvendo alunos de ensino superior têm-se encontrado que há preditores
significativos de sucesso relacionados a vários fatores demográficos e experiência
escolar anterior a realização acadêmica (Convertino, Marschark, Sapere, Sarchet, &
Zupan, 2009).
O desempenho acadêmico pode ser influenciado por: 1) questões individuais
(intrínsecas ao aluno) que compreendem fatores psicológicos (Maudal, Bucher, &
Mauger, 1974), a forma como se deu o percurso escolar do aluno, os índices de
desempenho escolar (notas), a renda familiar, contatos pessoais; 2) questões
pedagógicas/didáticas representadas pela relação entre docentes e alunos, nível de
atratividade do curso, forma como os conteúdos são transmitidos; 3) questões
institucionais, como a freqüência do aluno, o grau de integração/participação,
equipamentos e serviços disponíveis na universidade e, por fim 4) fatores ambientais
(externos) como a mudança de cidade, transição para novas culturas (Correia,
Gonçalves, & Pile, 2004; Martins, 2004).
Para Almeida e Soares et al. (2007), as dificuldades de aprendizagem e os níveis
diferenciados de rendimento acadêmico aparecem associados: (1) à falta de
conhecimentos-base para o curso; (2) à relação mais distante e escassa com os
professores; (3) a um raciocínio dogmático e rígido, pouco adequado à apropriação de
modelos explicativos mais controversos e complexos; (4) à falta de métodos de estudo
5
pautados pelo exercício da autonomia e auto-regulação; (5) a pouca clareza do projeto
vocacional e à baixa autoconfiança com claras implicações nos níveis de motivação; (6)
ao fraco domínio das novas tecnologias e outros recursos de suporte à aprendizagem
(domínio de línguas estrangeiras, fracas capacidades de leitura e escrita, etc); e (7) à
gestão deficiente do tempo de estudo, conduzindo, por vezes, o estudante a uma prática
de “estudo sazonal” nos momentos de avaliação.
Nesse contexto, observa-se que o desempenho acadêmico pode ser influenciado
por uma série de fatores, mas ainda são necessárias mais investigações para explorar os
atributos de sucesso dos alunos de graduação, bem como o potencial de contribuição
para um perfil psicológico mais efetivo no processo de seleção (McLaughlin, Moutray,
& Muldoon, 2008).
Neste estudo, procurou-se levantar algumas questões que podem influenciar no
rendimento acadêmico e focalizar, principalmente, a relação entre as características de
personalidade e os maiores e menores índices de rendimento acadêmico de
universitários a partir de suas notas médias.
2. Personalidade
A personalidade é um dos temas que gera mais interesse por parte de estudantes,
pesquisadores e profissionais da Psicologia. Este é, também, um dos conceitos mais
antigos da ciência psicológica e visa compreender as ações do comportamento humano
(Alchieri, 2004; Alchieri, Cervo, & Núñez, 2005; Guzzo, Pinho, & Carvalho, 2002).
Segundo Alchieri et al. (2005), a personalidade permite compreender o que
diferencia as pessoas entre si, o que lhes é singular. Além disso, enquadra as pessoas em
seus comportamentos, sentimentos, atos e escolhas abrangendo aspectos em comum
6
com os demais membros de sua cultura. Desse modo, os instrumentos para a avaliação
da personalidade devem ser apropriados para descrever tal funcionamento (Church &
Lonner, 1998).
A personalidade possui um conceito muito vasto que pode envolver todos os
aspectos da vida humana. Há uma grande quantidade de posicionamentos, definições e
concepções que podem gerar discordância e confusão acerca do que é esse construto
psicológico (Ferreira & Pereira, 2002). O termo “personalidade” vem da palavra latina
persona, que significa máscara utilizada pelos atores no teatro, referindo-se à aparência
externa, a forma como as pessoas se mostram para as outras pessoas (Schultz & Schultz,
2004). Com o passar do tempo, além do termo fazer referência às características
externas e visíveis do ser humano passou, também, a incluir características mais
internas, ocultas e estáveis que dão conta da forma de atuar e sentir do indivíduo
(Casullo, 2000).
2.1. Algumas Teorias de Personalidade
Diversas teorias foram formuladas no intuito de definir, explicar o que vem a ser
a personalidade humana, sendo que algumas tiveram bastante destaque na área, como a
teoria dos traços, as teorias fatoriais e, mais recentemente, o estudo do modelo dos
Cinco Grandes Fatores (CGF) de Personalidade.
Gordon Allport foi um dos responsáveis por trazer a personalidade para o centro
da Psicologia e formulou uma teoria de desenvolvimento da personalidade na qual os
traços têm um papel importante. Para ele, os traços de personalidade são predisposições
a responder igualmente ou de modo semelhante a tipos diferentes de estímulos. Ele se
opôs à ênfase científica tradicional que propunha a formação de leis gerais para serem
aplicadas universalmente, uma vez que, para ele, a personalidade não é universal ou
7
geral, mas particular e específica de cada indivíduo (Allport, 1931; Pervin & John,
2004; Schultz & Schultz, 2004).
Allport acreditava que as diferenças de personalidade são de natureza qualitativa
ao invés de quantitativa, o que tornaria difícil o desenvolvimento de uma medida de
personalidade com base na correlação de testes e critérios objetivos (Allport & Allport,
1921).
Raymond Cattell, por sua vez, queria, ao estudar a personalidade, mostrar uma
forma de predizer o que uma pessoa faria ou como iria se comportar em resposta a uma
dada situação. A característica principal da abordagem de Cattell era a forma de tratar
os seus dados, submetendo-os a análise fatorial. Para ele, somente quando conhecemos
os traços de alguém podemos predizer como essa pessoa se comporta (Schultz &
Schultz, 2004).
Como afirma Nunes (2005), os conceitos e métodos apresentados por Cattell
foram essenciais para o desenvolvimento da avaliação da personalidade. Foi a partir da
reanálise de muitos conjuntos de dados levantados pelo autor que foram obtidas as
primeiras evidências de um modelo mais simples que poderia ser utilizado para explicar
a personalidade humana: o modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF).
O modelo dos CGF desenvolveu-se a partir de pesquisas realizadas na área de
teorias fatoriais e das teorias dos traços de personalidade, sendo que as últimas
contribuíram para o desenvolvimento da sua base teórica. As teorias fatoriais, contudo
contribuíram sob o aspecto instrumental e metodológico e, de uma forma gradual, para
uma solução de cinco fatores. Esse processo deu-se a partir do avanço das técnicas
fatoriais e da computação, da elaboração de métodos mais sofisticados de localização e
8
extração de fatores que acabaram dando respaldo a essa forma de compreensão da
personalidade (Nunes, 2005; Nunes 2007).
De acordo com Nunes (2005), embora o modelo dos CGF tenha se desenvolvido
através de metodologias empiricistas, os CGF tem-se mostrado capaz de explicar os
resultados obtidos em testes criados a partir de diversos modelos teóricos de
personalidade, como foi observado na adaptação do Inventário Millon de Estilos de
Personalidade (MIPS) para o Brasil por Alchieri (2004).
Um ponto comum frente à avaliação da personalidade é a relação direta quanto à
teoria dos traços e a linguagem, uma vez que as teorias fatoriais se caracterizam pelo
uso de expressões hierarquizadas quanto à definição de ações comportamentais (Nunes,
2000). As teorias denominadas de fatoriais de personalidade visam descrever um
número considerável de expressões comportamentais através de um número mínimo de
fatores (Alchieri, 2004).
McCrae e Costa (1997) verificaram em estudos transculturais utilizando a versão
adaptada do NEO-PI-R (instrumento criado no modelo dos CGF e amplamente
utilizado) em línguas diferentes que, em todas as versões, o instrumento mostrou a
replicabilidade do modelo dos Cinco Grandes Fatores. Com isso, foi proposta a hipótese
da universalidade dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade.
Como observado na breve exposição acima, nota-se que os conceitos de
personalidade vão de encontro com a visão, o posicionamento de cada autor. Assim,
optou-se, nesse estudo, em abordar a proposta de personalidade de Theodore Millon que
a seguir será apresentada.
2.2. A visão de Personalidade para Theodore Millon
9
Theodore Millon é professor do Departamento de Psicologia da Universidade de
Miami e do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Harvard, além de dirigir o
Instituto de Estudos em Personologia e Psicopatologia.
A obra de Millon começou a ter um maior destaque a partir de 1969 com a
publicação de seu livro Modern Pychopathology onde propôs uma nova classificação
das desordens emocionais baseada no DSM-II, mas com descrições e conceitos
inovadores, que, de acordo com Choca (1999), iam desde a criação de padrões de
personalidade com severidade mediana até a utilização de um esquema lógico e
coerente do qual fariam parte os transtornos. Depois disso, Millon influenciou bastante
o desenvolvimento de novos sistemas psiquiátricos que foi dando lugar ao DSM-III, ao
DSM-III-R e depois ao DSM-IV (López & Casullo, 2000).
A personalidade, para este teórico, é entendida como um padrão complexo de
características que estão inter-relacionadas, geralmente constantes e não conscientes que
se expressam de maneira quase automática no dia a dia das condutas humanas. Tais
características emergem a partir de predisposições biológicas e experiências de
aprendizagem e em função delas se organizam formas relativamente estáveis, que
Millon chama de Estilos, de pensar, perceber, sentir, enfrentar situações e manter
relação com outros indivíduos e objetos do mundo cultural (Casulo, 2000).
Millon acredita que cada pessoa é resultado de uma história única. Seu conceito
de personalidade propõe que necessidades, motivos, mecanismos, traços, defesas, são
partes que se integram para formar a história definitiva do individuo. Assim, a
personalidade pode ser entendida como um estilo distinto de funcionamento adaptativo
que o indivíduo exibe com seus vínculos habituais (Cassulo, 2000).
10
Segundo Strack (1999), a personalidade normal e anormal para Millon encontra-
se dentro de um continuum sem uma demarcação clara de separação entre os dois. A
principal diferença é que os indivíduos normais possuem uma flexibilidade adaptativa
em resposta ao ambiente que são eficazes em ambientes previsíveis, já as pessoas que
apresentam distúrbios são rígidas e possuem comportamentos mal-adaptativos.
Millon integrou à suas ideias diferentes modelos teóricos de personalidade em
um sistema que abrange os planos biológico, psicológico, social e cultural, estando estes
em constante interação. Desta forma, Millon desenvolveu uma teoria de aprendizagem
biopsicossocial (Aiken, 1997; Alchieri et al., 2005; Bloom, 2008).
2.2.1. Estilos de Personalidade
Ao invés de definir a personalidade a partir de traços, Millon define tal construto
psicológico em Estilos. Os Estilos de Personalidade são padrões de condutas,
sentimentos e pensamentos que caracterizam um individuo em relação a outro (Millon,
1999). São basicamente resultado de experiências de aprendizagem que se desenvolvem
em contextos familiares e escolares, como também de uma série de eventos vitais aos
quais os indivíduos estão expostos desde que nasceram (Casullo, 2000). Desse modo, os
estilos de personalidade são características funcionais e amplamente flexíveis pela
aprendizagem.
2.2.2. As tarefas evolutivas e as bipolaridades
As tarefas evolutivas são movimentos necessários para adaptação do organismo
e aplicáveis em um sistema biopsicossocial, onde se manifestam as expressões
características das metas de existência, das funções de sobrevivência, as etapas
neuropsicológicas e as tarefas evolutivas (Alchieri, 2004; Cassulo, 2000). Em cada
fase é observada uma ação (em uma bipolaridade) ao qual possibilita que o sistema siga
11
funcionando na constância, ou não, a partir das modificações que ocorrem no meio e da
interação com os outros indivíduos (ver tabela 1) (Alchieri, 2004; Cassulo, 2000).
Tabela 1
Descrição das funções e etapas evolutivas para Millon
Fase Funções de
Sobrevivência
Etapa
Neuropsicológica Tarefa Evolutiva
Existência
Obter prazer
Evitar a dor
Apego Sensorial
Desenvolver confiança
nos demais
Adaptação
Ativa: Modificar habitat
Passiva: acomodação
Autonomia sensório-
motriz
Adquirir confiança
adaptativa
Replicação
Valorizar a prole
Valorizar o individual
Identidade segundo
gênero
Assimilar os papéis
sexuais
Abstração
Razão
Sentimentos
Integração intracortical
Equilibrar razões e
sentimentos
2.2.2.1. As metas de existência
Os sistemas precisam existir e conservar sua existência, desse modo, essa meta
reflete uma questão básica: “ser ou não ser”. Quando se fala em seres humanos o que
sustenta e preserva a vida corresponde a termos como o prazer e a dor, em poder
reconhecer e buscar experiências emocionais e afetivas, tanto positivas como negativas.
Assim, a saúde psíquica é guiada pelo equilíbrio entre o prazer e o desprazer e a
tolerância a frustração (Casullo, 2000; Millon 1997).
2.2.2.2. Modos de Adaptação
As pessoas precisam se acomodar ao meio em que vivem. Algumas são mais
passivas e tendem a conservar a segurança e a proteção, buscam o estabelecimento de
raízes e não tem interesse em modificar o meio em que vivem. O estilo contrário busca
12
mudar seu meio, intervindo para transformar seu habitat e não se acomodando. Millon
propõe nesta polaridade (passividade/ativo) a estruturação de um estilo de personalidade
para responder as demandas vinculadas a aceitação do que o destino oferece ou tomar
iniciativas para modificar a própria vida (Casullo, 2000).
2.2.2.3. Estratégias de Replicação
Os sujeitos estruturam, através das experiências de aprendizagem, diversos
estilos de personalidade voltados para o cuidado dos filhos ou auto-proteção. Esta
polaridade (si mesmo/outros) relaciona-se à realização pessoal através do compromisso
social ou em centrar-se em si mesmo (Casullo, 2000).
2.2.2.4. Processos Cognitivos e a Capacidade de Abstração
Neste nível de análise, pretende-se verificar como o indivíduo representa e
simboliza tanto o mundo interno quanto o externo, como ele processa as informações,
sua combinação e organização. É a possibilidade de sentir, avaliar, planejar, formar
juízos de valor de maneira autônoma e independente assim como de construir o seu
projeto de vida. Desse modo, os indivíduos irão se diferenciar em extrovertidos ou
introvertidos, sensitivos ou intuitivos, racionais ou afetivos, sistemáticos ou inovadores
(Casullo, 2000).
2.2.2.5. Condutas Interpessoais
De acordo com Casullo (2000), quando Millon decidiu criar o MIPS (Inventário
Millon de Estilos de Personalidade) para avaliar os estilos de personalidade, ele
acrescentou outra dimensão relacionada aos vínculos psicossociais que as pessoas
estabelecem. Uma das polaridades propostas relaciona-se ao
retraimento/comunicatividade, tendo em vista que algumas pessoas buscam poucos
compromissos interpessoais, sendo despreocupados com as relações interpessoais e
13
outras pessoas já necessitam estar com outros e muitas vezes se aborrecem quando estão
sozinhas. Outros sujeitos, com relação aos seus vínculos, são mais seguros e outros
inseguros, são cautelosos e indecisos enquanto outros são mais persuasivos, tem altos
níveis de assertividade.
Outra polaridade mostra a possibilidade de vincular-se através da discrepância
ou conformismo. Os primeiros são mais impulsivos e autônomos enquanto os outros
mais ordenados, perfeccionistas, respeitando as tradições e a autoridade.
A quarta polaridade é relacionada ao sentimento/controle. Existem pessoas mais
tímidas por um lado e na outra polaridade pessoas mais manipuladoras e controladoras
como, por exemplo, alguns líderes eficazes embora intransigentes.
Por fim, há a polaridade relacionada aos vínculos com os demais em termos de
insatisfação ou concordância. Quanto à insatisfação, seriam pessoas ressentidas e
ambivalentes que se queixam muito e no outro pólo estão aquelas mais amáveis e
cordiais.
2.2.3. A Estrutura da Personalidade para Millon
Para Millon (1997), a personalidade se estrutura a partir de três áreas,
denominadas: Metas Motivacionais, Modos Cognitivos e as Relações Interpessoais.
As Metas Motivacionais indicam que a conduta é induzida, potencializada e
dirigida por propósitos e metas específicos (Millon, 1997). Neste grupo, encontram-se
as idéias evolucionistas. A polaridade original prazer-dor se denomina dentro da ideia
de personalidade normal, “abertura/preservação”. A bipolaridade atividade/passividade
passa a denominar-se “modificação/acomodação” e a bipolaridade si mesmo/outros,
“individualismo/proteção” (López, 2000).
14
O segundo passo da sequência é chamado de Modos Cognitivos em alusão a
maneira como as pessoas buscam, ordenam, internalizam e transformam as informações
sobre o seu entorno e sobre si mesmas (Millon, 1997). Nessa seqüência, nota-se a
influência da teoria de Jung. Millon acredita que a cognição é a fonte primária da qual o
indivíduo dispõe para obter informação, bem como os meios através dos quais essa
informação é processada e transformada. A partir dessa perspectiva, as fontes de
informação podem ser internas ou externas, dando lugar a bipolaridade
“introversão/extroversão”, tangíveis ou intangíveis representando a bipolaridade
“sensação/intuição” e por fim, os meios de transformar as informações podem ser
intelectuais ou afetivos que dá lugar a bipolaridade “reflexão/afetividade”, assimilados
ou imaginativos dando lugar a “sistematização/inovação” (López, 2000).
A terceira e última fase da sequência denomina-se Condutas Interpessoais e
contemplam os diferentes modos como as pessoas se relacionam e negociam com os
demais nos grupos sociais em que participam e de acordo com as metas que lhes
motivam e suas cognições (Millon, 1997). As relações interpessoais descrevem dez
estilos ou condutas interpessoais e são basicamente os mesmos que medem outros
instrumentos (MAPI, MBHI e PACL) construídos por Millon e estão empiricamente
relacionados com desordens de personalidade (López, 2000).
Como dito acima, para avaliar as Metas Motivacionais, os Modos Cognitivos e
as Condutas Interpessoais, Millon criou o Inventário Millon de Estilos de Personalidade
(MIPS) e dentro desses três grupos incluiu estilos de personalidade que atuam em uma
bipolaridade, como pode ser visto na tabela abaixo.
15
Tabela 2
Bipolaridades e Estilos de Personalidade
Metas Motivacionais Modos Cognitivos Condutas Interpessoais
Abertura
Preservação
Extroversão
Introversão
Retraimento
Comunicatividade
Modificação
Acomodação
Sensação
Intuição
Dúvida
Segurança
Individualismo
Proteção
Reflexão
Afetividade
Discrepância
Conformismo
Sistematização
Inovação
Submissão
Controle
Insatisfação
Concordância
Millon (1997) descreve e define as características de cada fator encontrado em
seu modelo de estilos de personalidade, como pode ser visto a seguir:
2.2.3.1. Metas Motivacionais
Abertura: as pessoas que têm uma pontuação elevada nesta escala tendem a ver
o lado bom das coisas, são otimistas quanto às possibilidades que o futuro lhes oferece e
enfrentam com equanimidade os altos e baixos da existência.
Preservação: as pessoas com uma alta pontuação nesta escala se concentram
nos problemas apresentados pela vida e os agravam. Como pensam que seu passado tem
sido desafortunado, parecem estar esperando que algo de errado aconteça e consideram
provável que as coisas vão piorar. Preocupações e decepções de pouca importância
conseguem transtorná-las com facilidade.
16
Modificação: as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala tomam sua
vida em suas mãos e fazem com que as coisas aconteçam ao invés de manterem-se
passivamente na espera. Ocupam-se diligentemente em modificar o seu redor e influem
nos acontecimentos, a fim de que estes satisfaçam suas necessidades e desejos.
Acomodação: pessoas com expressiva pontuação nesta escala põem muito
pouco empenho em dirigir e modificar suas vidas. Reagem frente às situações
acomodando-se às circunstâncias criadas pelos outros, parecem condescendentes, são
incapazes de abandonar sua indolência, não têm iniciativa e fazem muito pouco para
obterem os resultados que desejam.
Individualismo: pontuação elevada nesta escala demonstra uma pessoa que está
orientada a satisfazer suas próprias necessidades e desejos, procura realizar-se
plenamente em primeiro lugar, se preocupa muito pouco com o efeito que pode ter sua
conduta sobre os demais, e tende a ser mais independente e egocêntrica.
Proteção: as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala estão motivadas
para satisfazerem, em primeiro lugar, as necessidades dos demais, para ocuparem-se do
bem-estar e dos desejos de outras pessoas antes mesmo que os seus próprios.
Consideram-se protetoras, capazes de antepor os cuidados dos demais ao de si mesma.
2.2.3.2. Modos Cognitivos
Extroversão: pessoas com uma pontuação elevada nesta escala recorrem aos
demais a procura de estimulação e alento. Seus amigos e colegas são para elas fontes de
ideias e orientação, de inspiração e energia; os ajudam a manter alta sua auto-estima e as
confortam com sua presença.
Introversão: elevados escores nesta escala indicam se tratar de pessoas que
preferem utilizar seus próprios pensamentos e sentimentos como recursos. Sua principal
17
fonte de inspiração e estimulação não são os demais, mas, sim, elas mesmas.
Diferentemente dos extrovertidos, os introvertidos experimentam uma serenidade e
comodidade mantendo-se distantes das fontes externas, e são propensos a seguir seus
próprios impulsos.
Sensação: indivíduos com altos escores nesta escala derivam seus
conhecimentos do tangível e concreto. Confiam na experiência direta e nos fenômenos
observáveis mais que no uso da inferência e da abstração. O prático e o “real”, o literal
ou factível, é o que faz se sentirem cômodas e lhes inspiram confiança.
Intuição: as pessoas que apresentam uma pontuação elevada nesta escala
preferem o simbólico e desconhecido ao concreto e observável. Não relacionam o
intangível, desfrutam das experiências mais misteriosas e das fontes mais especulativas
de conhecimento.
Reflexão: nesta escala, as pessoas com altos escores demonstram processar os
conhecimentos por meio da lógica e do pensamento analítico. Suas decisões se baseiam
em julgamentos desapaixonados, impessoais e “objetivos”, e não em emoções
subjetivas.
Afetividade: as pessoas que têm uma pontuação elevada na escala formam seus
julgamentos, tomando em consideração suas próprias reações afetivas frente às
circunstâncias, avaliando subjetivamente as consequências que teriam seus atos nos
demais e guiando-se por seus valores e metas pessoais.
Sistematização: pessoas com elevada pontuação nesta escala são muito
organizadas e previsíveis em sua maneira de abordar as expectativas da vida.
Transformam os conhecimentos novos, adequando-os ao já conhecido e são cuidadosas,
18
quando não perfeccionistas, inclusive ao se ocuparem de pequenos detalhes.
Consideram-se organizadas, minuciosas e eficientes.
Inovação: aquelas pessoas que apresentam altos escores nesta escala tendem a
ser criativas e assumir riscos. Estão prontas a modificar e reordenar qualquer coisa com
que se deparem. Não se conformam com a rotina e o previsível, e transformam o que
lhes é dado em novidade.
2.2.3.3. Condutas Interpessoais
Retraimento: pontuações elevadas nesta escala indicam pessoas que se
caracterizam por sua falta de motivação e sua indiferença social. Tendem a ser
silenciosas, passivas e reticentes em participar. É provável que os demais a considerem
caladas, aborrecidas, incapazes de fazer amigos, apáticas e desligadas de tudo.
Comunicatividade: as pessoas que obtêm uma elevada pontuação nesta escala
buscam estimulação, excitação e atenção. Reagem com vivacidade diante de situações
que presenciam, porém seu interesse passa rapidamente. Frequentadoras de círculos
sociais, brilhantes e simpáticas, também podem se mostrar exigentes e manipuladoras.
Vacilação: as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala são, em geral,
tímidas e experimentam nervosismos em situações sociais. Desejam intensamente
agradar e serem aceitas, porém temem que os demais a rechacem. Sensíveis e emotivas,
são, ao mesmo tempo, desconfiadas, solitárias e propensas a se isolarem.
Firmeza: para as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala
interpretam-se os resultados indicando que tendem a crer que são mais competentes e
talentosas que os demais. São ambiciosas, egocêntricas e seguras de si mesmo, sem
maiores dificuldades em expressar suas ideias e pontos de vista. É provável que os
demais as vejam como arrogantes.
19
Discrepância: as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala tendem a
atuar de modo independente e não conformista. Em geral, se negam a acatar normas
tradicionais, manifestando audácia que pode ser tomada como imprudência.
Conformismo: pontuação elevada nesta escala expressa indicadores de que as
pessoas têm como possibilidade a honradez e o autodomínio. Sua relação com a
autoridade é respeitosa e cooperativa, tendendo a atuar com formalidade e boas
maneiras nas situações sociais. É improvável que deixem transparecer sua personalidade
ou que ajam espontaneamente.
Submissão: as pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala estão mais
habituadas ao sofrimento que ao prazer. São submissas e tendem a se rebaixar diante
dos outros. Sua conduta, que condena ao fracasso qualquer esforço que se faça para
ajudá-las, determina a perda de oportunidades de serem recompensadas e as impede
reiteradamente de conseguirem sucesso, ainda que tenham capacidade para tal.
Controle: escores altos nesta escala demonstram as pessoas como sendo
enérgicas, em geral, dominantes e socialmente agressivas. Tendem a se perceberem
como destemidas e competitivas. Para elas, a gentileza e as demonstrações de afeto são
sinais de fraqueza e, portanto, as evitam, mostrando-se obstinadas e ambiciosas.
Insatisfação: As pessoas que obtêm pontuação elevada nesta escala tendem a
ser passivo-agressivas e mal humoradas, e, em geral, se sentem insatisfeitas. Seus
estados de ânimo e sua conduta são muito variáveis. Às vezes são sociáveis e amistosas
com os demais, porém, em outras ocasiões, se mostram irritáveis, hostis, e expressam
sua crença de que são incompreendidas e pouco estimadas.
Concordância: As pessoas cujos escores são altos nesta escala tendem a ser
muito simpáticas socialmente, mostrando-se receptivas e maleáveis em sua relação com
20
os demais, com os quais estabelecem vínculos afetivos e lealdade muito fortes. No
entanto, ocultam seus sentimentos negativos, em especial quando estes sentimentos
possam parecer censuráveis às pessoas a quem desejam agradar.
Além das 12 escalas citadas acima que avaliam 24 estilos de personalidade, o
MIPS possui indicadores de validade: a Impressão Positiva (identifica sujeitos que
tenham intenção de causar uma impressão demasiadamente favorável ao responder o
teste), a Impressão Negativa (identifica as pessoas cujas respostas tendem a ser
relacionada com uma auto-percepção generalizadamente negativa de si mesmo) e a
consistência (o ponto de corte que Millon propõe considerar o sujeito como
respondendo a uma impressão positiva ou negativa diferencia-se de acordo com o nível
de escolaridade. Para escolaridade alta, o ponto de corte para impressão positiva e
impressão negativa é de cinco pontos ou mais em cada uma das escalas, quanto que para
uma escolaridade baixa fica em quatro ou mais para impressão positiva e seis ou mais
para impressão negativa) (Alchieri, 2004; Millon, 1997).
Atualmente, pode-se notar que há um consenso em analisar o aspecto humano
em sua totalidade e de forma integrada, assim, as novas teorias de personalidade têm
procurado ampliar suas visões para incluir os elementos relevantes desse sistema global
(Font, 2002) e a teoria de personalidade de Millon é uma destas.
3. Desempenho Acadêmico e Personalidade
Embora o desempenho acadêmico tenha sido o critério de validade dos testes de
capacidade por mais de um século (Cronbach, 1949 citado por Chamorro-Premuzic &
Furnham, 2003), um número crescente de estudos indicaram recentemente que as
diferenças individuais no desempenho também podem ser explicadas por traços de
21
personalidade (Busato, Prins, Elshfora, & Hamaker, 2000; Chamorro-Premuzic &
Furnham, 2003a, 2003b, 2004; Furnham, Chamorro-Premuzic, & McDougall, 2003).
De acordo com Poropat (2009), as pesquisas iniciais acerca da relação entre
personalidade e desempenho acadêmico, em geral, apresentaram conclusões
equivocadas, principalmente devido ao uso de bases teóricas e metodologias variáveis
(ver De Raad & Schouwenburg, 1996; Flemming, 1932; Harris, 1940; Margrain, 1978).
Estudos vêm sendo desenvolvidos no intuito de conhecer um pouco mais sobre o
desempenho acadêmico, mas talvez o mais freqüente seja relacionando o desempenho
com a inteligência. Porém, Poropat (2009), argumenta que a relação entre personalidade
e desempenho acadêmico que, muitas vezes, é estabelecida como mútua com a
inteligência, é insustentável. Em vez disso, alguns fatores de personalidade parecem
fazer parte de um conjunto de fatores que contribuem para o desempenho uma vez que
podem afetar na disposição dos alunos de executarem de uma determinada forma os
seus estudos.
Dessa forma, algumas caracteríticas de personalidade, podem desempenhar um
papel importante na relação com o (in) sucesso acadêmico (Colom, Escorial, Shih, &
Privado, 2007; Furnham, & Chamorro-Premuzic, 2004; Petrides, Chamorro-Premuzic,
Frederickson, & Furnham, 2005; Robbins, Spense, & Clark, 1991).
Pesquisadores indicam que a característica de personalidade que mais prediz o
desempenho acadêmico é a conscienciosidade (Busato et al., 2000; Chamorro-Premuzic
& Furnham, 2003a,2003b; De Raad, 1996; O'Connor & Paunonen, 2007), que é um
traço de personalidade que se refere a realização, esforço e organização do indivíduo e
que pode levar a uma maior realização acadêmica. A importância da consciência no
contexto educativo indica que ser organizado, disciplinado e motivado para ter sucesso
22
gera efeitos benéficos sobre os hábitos de estudos dos alunos, afetando seu nível de
esforço e comprometimento com o curso.
A influência dos outros cinco grandes fatores de personalidade (extroversão,
socialização, neuroticismo, abertura) no desempenho acadêmico é menos clara. Por
exemplo, alguns autores têm argumentado que o neuroticismo elevado é prejudicial para
o desempenho acadêmico porque aumenta as chances dos alunos terem ansiedade nas
atividades escolares, que por sua vez pode prejudicar o desempenho nas provas (Busato
et al., 2000; Chamorro-Premuzic & Furnham, 2003a, 2003b). No entanto, outros
pesquisadores sugerem que os níveis mais elevados de preocupação e perfeccionismo
que caracteriza os indivíduos neuróticos podem levar a uma melhor preparação e
conseqüentemente um melhor desempenho acadêmico (Bratko, Chamorro-Premuzic, &
Saks, 2006).
O traço de personalidade extroversão também foi associado de forma
inconsistente com os indicadores de desempenho acadêmico, alguns mostrando relação
positiva (Furnham & Medhurst, 1995; Chamorro-Premuzic & Furnham, 2003a) e outro
mostrando uma relação negativa (Chamorro-Premuzic & Furnham, 2003b).
De acordo com Maudal, et al. (1974), a análise da personalidade poderia ser
obtida no início do curso, para, assim, fornecer à instituição de ensino informações
valiosas (como variáveis que possam prever o desempenho acadêmico, desistências e
transferências) sobre os estudantes, desde a entrada destes na universidade. Porém,
ainda são escassos os estudos que tratam da relação ou efeito de determinadas
características de personalidade sobre o desempenho acadêmico.
23
_____________________________________________Capítulo II - OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Este estudo teve como objetivo verificar comportamentos mais ou menos
adequados quanto ao rendimento de estudantes universitários.
2.2. Objetivos Específicos
1) Verificar quais são os estilos de personalidade dos estudantes com maiores
índices de rendimento acadêmico;
2) Verificar quais são os estilos de personalidade dos estudantes com os menores
índices de rendimento acadêmico;
3) Verificar quais são os estilos de personalidade preponderantes nos estudantes
com maiores e menores rendimento acadêmico do sexo feminino e masculino.
4) Verificar quais são os estilos preponderantes de personalidade nos estudantes
dos cursos de Administração, Engenharia Civil, Medicina e Psicologia.
24
_________________________________________________Capítulo III - MÉTODO
3.1. DELINEAMENTO
A presente pesquisa foi constituída por um estudo correlacional, no qual foram
avaliados os estilos de personalidade (variável consequente) de estudantes universitários
da UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco), localizada nos campi
de Petrolina-PE e Juazeiro-BA, com os maiores e menores índices de rendimento
acadêmico dos cursos de Administração, Engenharia Civil, Medicina e Psicologia
(variáveis antecedentes).
Inicialmente, o objetivo era desenvolver a pesquisa em todos os treze cursos da
universidade, porém quando a coleta de dados teve início, nos cursos de Psicologia e
Administração, verificou-se a dificuldade para encontrar todos os alunos selecionados,
por isso, optou-se por selecionar apenas mais dois cursos, um da área de exatas
(Engenharia Civil) e outro de saúde (Medicina). A escolha da universidade se deu por
conveniência.
3.2. PARTICIPANTES
Participaram deste estudo 236 estudantes universitários, distribuídos
uniformemente em quatro cursos, sendo dez alunos de cada semestre (cinco com as
maiores e cinco com as menores notas médias). O intuito foi avaliar as cinco maiores
médias e as cinco menores médias de cada semestre. No entanto, optou-se por
selecionar o dobro de alunos (dez maiores e dez menores notas de cada turma),
pensando em imprevistos que pudessem acontecer. Por exemplo: muitos alunos
abandonam o curso e não regularizam seu desligamento junto a universidade, porém os
25
pesquisadores só tinham como obter essa informação ao entrar nas salas de aula e
procurar o aluno, então, para não haver um desequilíbrio entre a quantidade de
questionários com as maiores e menores notas, optou-se por selecionar um número
maior de alunos e depois, com os questionários respondidos, fazer o corte, ou seja,
analisar apenas as cinco maiores e as cinco menores médias de cada turma.
3.3. INSTRUMENTOS
Para analisar os estilos de personalidade, foi utilizado o Inventário Millon de
Estilos de Personalidade (MIPS), adaptado para o contexto brasileiro por Alchieri
(2004). Na adaptação e validação do instrumento para o Brasil uma parte da amostra foi
composta por estudantes universitários.
O MIPS é composto por 180 itens, destes, 165 itens pertencem a 24 escalas que
medem os estilos de personalidade (abertura, preservação, modificação, acomodação,
individualismo, proteção, extroversão, introversão, sensação, intuição, reflexão,
afetividade, sistematização, inovação, retraimento, comunicatividade, vacilação,
segurança, discrepância, conformismo, submissão, controle, insatisfação e
concordância), cinco itens da escala de consistência, dez itens pertencem à escala de
impressão positiva e dez itens a escala de impressão negativa.
Foi elaborado e administrado, também, um questionário para melhor
caracterização da amostra e para verificar a influência de outros fatores no rendimento
acadêmico, tais como: sexo, idade, estado civil, classe social, tipo de escola em que
estudou o ensino fundamental e o ensino médio, motivo para escolha do curso, com
quem reside, mudança de cidade para cursar a faculdade e etc. O questionário pode ser
visualizado no apêndice b.
26
3.4. PROCEDIMENTOS
Primeiramente, o projeto de pesquisa foi submetido ao comitê de ética da UFRN
(protocolo 69/2009). Em seguida, entrou-se em contato com a UNIVASF para
apresentação do projeto e exposição do interesse que o mesmo fosse realizado na
instituição de ensino. Esta, então, forneceu uma planilha do Excel (Microsoft Office
Excel 2007) com os nomes de todos os alunos matriculados e seus respectivos
Coeficientes de Rendimento Acadêmico (CRA).
De cada turma foram selecionados vinte alunos, dez com as maiores notas
médias da turma e dez com as menores notas médias (lembrando que na análise final só
foram utilizadas as cinco maiores e cinco menores notas de cada turma). O critério
utilizado para indicar se o aluno participaria da pesquisa e entraria no grupo de maior ou
menor desempenho acadêmico foi o CRA, por isso, foram selecionados alunos a partir
do segundo semestre letivo, visto que somente a partir desse semestre os alunos
começam a ter um CRA, que corresponde à média das notas em todas as disciplinas
cursadas pelo aluno até aquele momento.
Os pesquisadores, previamente treinados e orientados para não intervirem nas
respostas dos participantes, entravam na sala de aula após autorização do professor da
disciplina, esclareciam o objetivo da pesquisa e solicitavam a colaboração dos
estudantes. Uma vez que apenas alguns alunos de cada turma foram selecionados para
participar do estudo, os pesquisadores informavam que uma parte da turma responderia
a um questionário e a outra parte da turma responderia a outro questionário (para não
gerar sentimentos de exclusão entre os não selecionados). Em seguida, liam os nomes
dos selecionados, entregavam os questionários da pesquisa e depois distribuíam o outro
questionário, que não fez parte desta pesquisa, para os demais alunos.
27
Deve-se destacar que mesmo quando os pesquisadores não encontravam um
aluno ao entrar na turma de origem deste, o nome do aluno era anotado para,
posteriormente, ser procurado pelos pesquisadores. O aluno só era excluído da amostra
caso ele tivesse desistido do curso ou se recusasse a participar do estudo.
Os pesquisadores explicavam detalhadamente a forma de responder e preencher
a folha de respostas dos instrumentos, deixando claro que os participantes deveriam
escolher a resposta que melhor representasse o seu comportamento. Foi enfatizada a
ausência de respostas corretas ou incorretas, garantindo ao respondente o anonimato de
suas respostas.
Durante todo o processo da pesquisa, foram obedecidos os princípios éticos
referentes à pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a Resolução 196/96 do
Ministério da Saúde, que garante ao participante a confidencialidade das informações
fornecidas, a manutenção de sua privacidade, o direito de interromper a entrevista em
qualquer momento de sua realização e o seu consentimento livre e esclarecido.
3.5. ANÁLISE DOS DADOS
Foram realizadas estatísticas descritivas e de tendência central (média, desvio-
padrão, freqüência e porcentagem) para fornecer informações sobre a amostra e sobre o
questionário construído. Em seguida, as notas dos estudantes de cada curso foram
transformadas para escore Z. Com isso, os 50% maiores escores foram considerados
como grupo 1 (maior rendimento) e os 50% menores escores como grupo 2 (menor
rendimento).
Como a amostra do estudo não apresentou uma distribuição normal, foram
realizados testes não-paramétricos. Dessa maneira, foi realizado o teste de Mann-
28
Withney, a fim de comparar se estudantes com maior rendimento acadêmico possuem
estilos de personalidade diferente dos estudantes com menores índices de rendimento
acadêmico na amostra geral e por curso. Com relação ao sexo, analisaram-se os grupos
(alto e baixo) separadamente, ou seja, primeiro foi verificado se havia diferença
significativa entre os estilos de personalidade de homens e mulheres do grupo com alto
rendimento e depois a mesma análise foi realizada com o grupo de baixo rendimento.
Por fim, foi realizada uma ANOVA fatorial para analisar a influencia de cada
estilo de personalidade no rendimento acadêmico de cada curso e na interação entre o
curso e o desempenho. Tais análises foram realizadas através do SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences) na versão 18.
29
____________________________________________Capítulo IV - RESULTADOS
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos na pesquisa. Para tanto,
será apresentada inicialmente a descrição da amostra geral, as estatísticas descritivas do
questionário construído por curso e, por fim, as estatísticas inferenciais.
4.1. Caracterização da Amostra
Participaram desse estudo 236 estudantes universitários, sendo 119 (50,4%)
pertencentes ao grupo com as maiores notas e 117 (49,6%) pertencentes ao grupo com
os menores escores médios, dos cursos de Administração (33,90%), Psicologia
(27,54%), Medicina (21,61%) e Engenharia Civil (16,95%). Houve uma diferença na
quantidade de participantes de cada curso, pois na universidade onde o estudo foi
desenvolvido, havia cursos como Engenharia Civil que em alguns anos só houve uma
entrada anual de alunos, havendo, consequentemente, menos turmas. Porém, em todos
os cursos havia alunos no início (a partir do segundo semestre) até quase o fim do curso
(oitavo semestre). A amostra foi composta ainda por 91,35% de estudantes solteiros,
que estão no primeiro curso (62,03%), sendo 56,4% dos participantes do sexo
masculino como pode ser melhor visualizado na tabela 3.
30
Tabela 3
Caracterização da amostra
Como pode ser observado na tabela abaixo o mesmo número de alunos no grupo
com as maiores notas também é encontrado no grupo com as menores notas, já que foi
selecionada a mesma quantidade de alunos nos dois grupos. No entanto, nos cursos de
Medicina e Psicologia há um aluno a mais no grupo com as maiores notas, pois havia
dois alunos com o mesmo CRA (Coeficiente de Rendimento Acadêmico) na posição
cinco (5° lugar), então, nessa turma ao invés de selecionar apenas as cinco maiores
notas foi necessário incluir as notas de seis alunos, já que dois alunos tinham notas
médias iguais.
Em todos os cursos houve uma disparidade com relação à quantidade de
participantes de cada sexo, isso corresponde à própria característica de cada curso.
Freqüência Porcentagem
Desempenho
acadêmico
Maiores Notas 119 50,4
Menores Notas 117 49,6
Total 236 100
Sexo
Feminino 103 43,6
Masculino 133 56,4
Total 236 100
Curso
Medicina 51 21,61
Psicologia 65 27,54
Engenharia Civil 40 16,95
Administração 80 33,90
Total 236 100
Estado Civil
Casado 22 8,27
Solteiro 243 91,35
Separado/Divorciado 1 0,38
Total 266 100
Primeiro Curso
Universitário
Sim 165 62,03
Não 101 37,97
266 100
31
Tabela 4
Distribuição da amostra por sexo e desempenho acadêmico em cada curso
4.2. Estudantes de Medicina
4.2.1. Participantes
Participaram da pesquisa 51 estudantes do curso de Medicina, com idade média
de 22 anos (DP= 3,24), sendo a mínima 18 e a máxima de 35 anos. No grupo com as
notas mais altas, 57,7%, eram do sexo feminino, predominantemente solteiros (88,5%),
61,5% mudaram de cidade para cursar a faculdade, 46,2% moram com familiares e
46,2% com amigos/colegas. No grupo de notas mais baixas, 80% eram do sexo
masculino, solteiros (96%), 88% mudaram de cidade para cursar a faculdade, sendo que
48% moram com amigos/colegas.
Com isso, observou-se que as mulheres do curso de Medicina se destacam mais
por suas notas mais altas (teste exato de Fisher p= 0,009) e que os estudantes que
saíram de casa para cursar a faculdade, neste curso, tendem a tirar as menores notas
(teste exato de Fisher p= 0,05). No entanto, os dois grupos, no geral, são formados por
estudantes solteiros (teste exato de Fisher p=0,610). Também não houve diferença
estatisticamente significativa (Teste exato de Fisher p=0,144) com relação as pessoas
com quem os estudantes moram (familiares, amigos, sozinhos). (ver tabela 5).
Medicina Psicologia
Engenharia
Civil Administração Total
Desempenho
acadêmico
Maiores Notas 26 33 20 40 119
Menores Notas 25 32 20 40 117
Total 51 65 40 80 236
Sexo
Feminino 20 47 7 29 103
Masculino 31 18 33 51 133
Total 51 65 40 80 236
32
Tabela 5
Distribuição da amostra de Medicina quanto ao sexo, estado civil, mudança de cidade e
com quem mora
Medicina
Maiores Notas Menores Notas
Sexo
Feminino N 15 5
% 57,7 20
Masculino N 11 20
% 42,3 80
Total N 26 25
% 100 100
Estado civil
Casado N 3 1
% 11,5 4
Solteiro N 23 24
% 88,5 96
Total N 26 25
% 100 100
Mudança de cidade
Sim N 16 22
% 61,5 88
Não N 10 3
% 38,5 12
Total N 26 25
% 100 100
Com quem mora
Familiares N 12 6
% 46,2 24
Sozinho N 2 7
% 7,7 28
Amigos/Colegas N 12 12
% 46,2 48
Total N 26 25
% 100 100
4.2.2. Realização de outro curso universitário por estudantes de Medicina
No questionário, foi perguntado aos estudantes se era a primeira vez que os
mesmos cursavam uma faculdade e, caso já tivessem feito outro curso universitário se o
havia concluído.
Como pode ser observado na tabela 6, no grupo com maior rendimento
acadêmico, 53,8% dos estudantes estavam no primeiro curso universitário e no grupo
com menor rendimento 48% dos estudantes, havendo assim um equilíbrio entre os dois
33
grupos (teste exato de Fisher p=0,78). Dos alunos que começaram a cursar outro curso
universitário antes de Medicina, 91,7% do grupo com maior rendimento não chegaram a
concluí-lo, ao passo que no grupo com as menores notas médias esse valor foi de
61,5%.
Tabela 6
Realização de outro curso universitário por estudantes de Medicina
4.2.3. Motivo da Escolha do Curso de Medicina
Os estudantes dos dois grupos apontam como motivo principal para escolha do
curso de Medicina a possibilidade de realização pessoal, em seguida aparece o mercado
de trabalho como pode ser visto na tabela 7.
Tabela 7
Motivo para escolha do curso de Medicina
Medicina
Maior Rendimento Menor Rendimento
Primeiro curso
universitário
Sim N 14 12
% 53,8 48,0
Não N 12 13
% 46,2 52,0
Total N 26 25
% 100 100
Conclusão de outro
curso
universitário
Sim N 0 3
% 0 23,1
Não, desisti antes de
terminar
N 11 8
% 91,7 61,5
Não especificou N 1 2
% 8,3 15,4
Total N 12 13
% 100 100
Medicina
Maior
Rendimento
Menor
Rendimento
Motivo da escolha do
curso atual
Mercado de Trabalho
N 3 4
% 11,5 16
Possibilidade de realização pessoal
N 20 19
% 77 76
Influência de familiares
N 2 0
% 7,7 0
Remuneração salarial
N 0 1
% 0 4
Proporcionar embasamento teórico
no meu trabalho
N 1 0
% 3,8 0
Total
N 26 25
% 100 100
34
4.2.4. Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o Curso de Medicina
Os estudantes com as maiores notas avaliam que possuem um “bom desempenho
acadêmico” (69,2%), a maioria dos estudantes com as menores notas também avaliam
seu desempenho acadêmico como “bom” (52%). Com isso, verifica-se que,
independente de pertencerem ao grupo das maiores ou das menores notas, os estudantes
de Medicina avaliam positivamente o seu desempenho acadêmico. A segunda maior
porcentagem nos dois grupos corresponde a uma avaliação de desempenho “muito
bom” (grupo com as maiores notas) e “regular” (grupo com as menores notas). Neste
curso a média do CRA dos alunos foi de 7,96 (DP=0,78) com nota mínima de 5,83 e
máxima de 9,10. O ponto de corte foi 7,37, ou seja, acima desse valor correspondem às
maiores notas do curso e abaixo deste, as menores notas.
Todos os estudantes do grupo com maior rendimento disseram estar satisfeitos
com o curso escolhido e apenas um estudante (4%), do grupo de menor rendimento, não
está satisfeito com o curso. Nenhum aluno do grupo com as maiores notas do curso de
Medicina foi reprovado em disciplinas ao longo do curso. No entanto, 24% dos
estudantes com as menores notas afirmaram já terem sido reprovados em pelo menos
uma disciplina (ver tabela 8).
35
Tabela 8
Reprovação, Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o curso de
Medicina
Medicina
Maiores Notas Menores Notas
Desempenho
acadêmico
Muito ruim N 0 0
% 0 0
Ruim N 1 3
% 3,8 12
Regular N 3 9
% 11,5 36
Bom N 18 13
% 69,2 52
Muito Bom N 4 0
% 15,4 0
Total N 26 25
% 100 100
Satisfeito Curso
Sim N 26 24
% 100 96
Não N 0 1
% 0 4
Total N 26 25
% 100 100
Reprovado
Sim N 0 6
% 0 24
Não N 26 19
% 100 76
Total N 26 25
% 100 100
4.2.5. Trabalho e Preparação para o Mercado de Trabalho
Tabela 9
Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Medicina
Medicina
Maior Rendimento Menor Rendimento
Trabalha
Sim N 2 1
% 7,7 4
Não N 24 24
% 92,3 96
Total N 26 25
% 100 100
Preparado Mercado
Sim N 3 5
% 11,5 20
Não N 22 20
% 84,6 80
Não respondeu N 1 0
% 3,8 0
Total N 26 25
% 100 100
36
Como observado na tabela acima, os dois grupos apresentaram características
semelhantes, a maioria dos estudantes de Medicina não trabalha e não se sente
preparada para o mercado de trabalho.
4.2.6. Tipo de escola em que os estudantes de Medicina cursaram o ensino médio
A maioria dos estudantes com as maiores notas cursou o ensino médio (88,5%)
em escolas particulares, como também os estudantes com as notas mais baixas (88%).
4.3. Estudantes de Psicologia
4.3.1. Participantes
Quanto ao curso de Psicologia, participaram desta pesquisa 65 estudantes com
idade média de 23 anos (DP=6,53), sendo a mínima 18 e máxima de 50 anos. Dos
estudantes do grupo com as maiores notas, 78,8% são do sexo feminino, solteiros
(90,9%), 54,5% mudaram de cidade para cursar a faculdade e 54,5% moram com
familiares (irmãos, pais, tios, dentre outros).
Os estudantes do grupo com menor rendimento acadêmico, por sua vez, são,
predominantemente, do sexo feminino (65,6%), solteiros (93,8%), 71,9% não mudaram
de cidade para cursar a faculdade e moram basicamente com familiares (78,1%).
Nota-se que nos dois grupos a maioria dos estudantes é do sexo feminino, isso
pode ser justificado uma vez que o curso de Psicologia é tradicionalmente formado por
um número maior de mulheres. Por outro lado, os estudantes de Psicologia que
mudaram cidade ao entrar na faculdade tendem a pertencer ao grupo que tira as notas
mais altas (teste exato de Fisher p=0,04), ver tabela 10.
37
Tabela 10
Caracterização da amostra de Psicologia por sexo, estado civil, mudança de cidade e
com quem mora
Psicologia
Maior Rendimento Menor Rendimento
Sexo
Feminino N 26 21
% 78,8 65,6
Masculino N 7 11
% 21,2 34,4
Total N 33 32
% 100 100
Estado civil
Casado N 3 2
% 9,1 6,3
Solteiro N 30 30
% 90,9 93,7
Total N 33 32
% 100 100
Mudança de cidade
Sim N 18 9
% 54,5 28,1
Não N 15 23
% 45,5 71,9
Total N 33 32
% 100 100
Com quem mora
Familiares N 18 25
% 54,5 78,1
Sozinho N 3 0
% 9,1 0
Amigos/Colegas N 12 7
% 36,4 21,9
Total N 33 32
% 100 100
4.3.2. Realização de outro curso universitário por estudantes de Psicologia
Como pode ser visualizado na tabela 11, a maioria dos estudantes de Psicologia
dos dois grupos está cursando a faculdade pela primeira vez. Dos alunos que já
cursaram outro curso, 50% dos que tiram as maiores notas chegaram a concluí-lo,
enquanto no grupo de insucesso apenas 14,25% terminaram o outro curso.
38
Tabela 11
Realização de outro curso universitário por estudantes de Psicologia
Psicologia
Maior Rendimento Menor Rendimento
Primeiro curso
Sim N 25 25
% 75,8 78,1
Não N 8 7
% 24,2 21,9
Total N 33 32
% 100 100
Concluiu curso
Sim N 4 1
% 50 14,25
Não, desisti antes de terminar N 3 5
% 37,5 71,5
Não especificou N 1 1
% 12,5 14,25
Total N 8 7
% 100 100
4.3.3. Motivo da Escolha do Curso de Psicologia
Os estudantes do grupo com as notas mais altas indicaram como fator principal
para escolha do curso de Psicologia a possibilidade de realização pessoal. No entanto,
os estudantes do grupo de menor desempenho indicaram a influência de familiares
como fator predominante.
Tabela 12
Motivo da escolha do curso de Psicologia em estudantes com alto e baixo desempenho
acadêmico
Psicologia
Maior
Rendimento
Menor
Rendimento
Motivo da escolha do
curso atual
Mercado de Trabalho
N 1 1
% 3,03 3,1
Possibilidade de realização
pessoal
N 27 0
% 81,8 0
Influência de familiares
N 2 24
% 6,06 75,0
Qualidade do curso
N 1 0
% 3,03 0
Resultado da Orientação
vocacional
N 0 3
% 0 9,4
Mercado de Trabalho e
Realização Pessoal
N 1 0
% 3,03 0
Oportunidade de Trabalhar com
Pesquisas
N 0 1
% 0 3,1
Não especificou N 1 3
39
% 3,03 9,4
Total N 33 32
% 100 100
4.3.4. Percepção do Desempenho Acadêmico, da Satisfação com o Curso e
Reprovação no curso de Psicologia
Como pode ser visto na tabela 13, os estudantes de Psicologia do grupo com as
maiores notas avaliam o seu desempenho no curso basicamente como “bom” (48,5%) e
“muito bom” (48,5%) e os estudantes do grupo de menor rendimento avaliam como
“bom” (56,3%), em seguida aparece a avaliação “regular” (28,1%), demonstrando,
assim, que independente do grupo ao qual pertençam, estes avaliam positivamente o seu
rendimento escolar, assim como há uma convergência entre a percepção dos alunos de
Psicologia quanto ao seu rendimento acadêmico e o critério objetivo da nota. Os alunos
de Psicologia apresentaram um CRA médio de 8,14 (DP=0,89) com nota mínima de
6,27 e máxima de 9,40. O ponto de corte foi de 8,43 de nota média, acima desse valor
estavam 50% da amostra no curso de Psicologia, ou seja, pertencentes ao grupo de
maior rendimento e abaixo desse valor corresponde ao grupo de menor rendimento no
curso.
Os alunos dos dois grupos avaliam-se satisfeitos com o curso sendo que a
prevalência da satisfação é maior no grupo de maiores notas. Quanto à reprovação,
apenas 3% do grupo com maior rendimento afirmaram terem sido reprovados em
alguma disciplina do curso, enquanto no grupo de menor rendimento 81,3% dos
estudantes já foram reprovados.
40
Tabela 13
Reprovação, Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o curso de
Psicologia
Psicologia
Maior Rendimento Menor Rendimento
Desempenho acadêmico
Muito ruim N 0 0
% 0 0
Ruim N 0 2
% 0 6,3
Regular N 0 9
% 0 28,1
Bom N 16 18
% 48,5 56,3
Muito Bom N 16 1
% 48,5 3,1
Não especificou N 1 2
% 3 6,3
Total N 33 32
% 100 100
Satisfeito Curso
Sim N 32 26
% 97 81,3
Não N 0 3
% 0 9,4
Não respondeu N 1 3
% 3 9,4
Total N 33 32
% 100 100
Reprovado
Sim N 1 26
% 3 81,3
Não N 31 5
% 94 15,6
Não respondeu N 1 1
% 3 3,1
Total N 33 32
% 100 100
4.3.5. Trabalho e Preparação para o Mercado de Trabalho
A maioria dos estudantes dos dois grupos (ver tabela 14) não trabalha e não se
sente preparado para o mercado de trabalho.
41
Tabela 14
Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Psicologia
Psicologia
Maior Rendimento Menor Rendimento
Trabalha
Sim N 3 2
% 9,1 6,3
Não N 29 29
% 87,9 90,6
Não respondeu N 1 1
% 3 3,1
Total N 33 32
% 100 100
Sente-se preparado
para o mercado de
trabalho?
Sim N 12 10
% 36,4 31,3
Não N 20 21
% 60,6 65,6
Não respondeu N 1 1
% 3 3,1
Total N 33 32
% 100 100
4.3.6. Tipo de escola que os estudantes de Psicologia cursaram o ensino médio
Em doze questionários (em um universo de 65) do curso de Psicologia, faltou a
página com a pergunta sobre o tipo de escola em que o aluno estudou o ensino médio.
Nos demais questionários, foi verificado que grande parte dos estudantes do grupo com
maior rendimento acadêmico cursou o ensino médio em escola da rede privada (42,4%),
sendo o mesmo observado dentre os alunos com menor rendimento (71,9%) como
apresentado na tabela abaixo.
42
Tabela 15
Tipo de Escola em que os estudantes de Psicologia cursaram o Ensino Médio
Psicologia
Maior Rendimento Menor Rendimento
Ensino médio
Todo em escola
pública
N 8 4
% 24,2 12,5
Toda em escola
particular
N 14 23
% 42,4 71,9
Parte em escola
pública e parte em
escola particular
N 3 1
% 9,1 3,1
Não tinha a
pergunta no
questionário
N 8 4
% 24,2 12,5
Total
N 33 32
% 100 100
4.4. Estudantes de Engenharia Civil
4.4.1. Participantes
Participaram desse estudo 40 estudantes do curso de Engenharia Civil, com
idade média de 23 anos (DP= 3,65). A idade variou de 18 a 35 anos. Como pode ser
visto na tabela 16, os estudantes do grupo com maior desempenho acadêmico são em
sua maioria do sexo masculino (80%), solteiros (85%), não mudaram de cidade para
cursar a faculdade (65%) e moram com familiares (85%). Os estudantes do grupo com
as notas mais baixas são também em grande parte do sexo masculino (85%), solteiros
(90%), mudaram de cidade para cursar a faculdade (55%) e moram com familiares
(65%). Foi realizado o teste qui-quadrado, porém não foi encontrada diferença
estatisticamente significativa (p≤0,05) nas questões acima.
43
Tabela 16
Caracterização da amostra de Engenharia Civil por sexo, estado civil, mudança de
cidade e com quem mora
Engenharia civil
Maior Rendimento Menor Rendimento
Sexo
Feminino N 4 3
% 20 15
Masculino N 16 17
% 80 85
Total N 20 20
% 100 100
Estado civil
Casado N 3 2
% 15 10
Solteiro N 17 18
% 85 90
Total N 20 20
% 100 100
Mudança de cidade
Sim N 7 11
% 35 55
Não N 13 9
% 65 45
Total N 20 20
% 100 100
Com quem mora
Familiares N 17 13
% 85 65
Sozinho N 1 2
% 5 10
Amigos/Colegas N 2 5
% 10 25
Total N 20 20
% 100 100
4.4.2. Realização de outro curso universitário por estudantes de Engenharia Civil
Como observado na tabela 17, os estudantes de Engenharia Civil, em sua
maioria, estão no primeiro curso universitário, sendo que, dos alunos do primeiro grupo
(maior rendimento) que já tinham cursado outra faculdade, 57,2% chegaram a concluir
outro curso superior, enquanto no segundo grupo esse valor foi de 42,8%.
44
Tabela 17
Realização de outro curso universitário por estudantes de Engenharia Civil
Engenharia Civil
Maior Rendimento Menor Rendimento
Primeiro curso
Sim N 13 13
% 65 65
Não N 7 7
% 35 35
Total N 20 20
% 100 100
Concluiu curso
Sim N 4 3
% 57,2 42,8
Não N 3 4
% 42,8 57,2
Total N 7 7
% 100 100
4.4.3. Motivo da escolha do curso de Engenharia Civil
Na tabela 18, observa-se que os estudantes dos dois grupos indicaram como
motivo principal para escolha do curso de engenharia a possibilidade de realização
pessoal e o mercado de trabalho. Observa-se, ainda, que no grupo com menor
rendimento, houve um equilíbrio maior entre o motivo da escolha “possibilidade de
realização pessoal” (40%) e o “mercado de trabalho” (35%).
Tabela 18
Motivo para escolha do curso de Engenharia Civil
Engenharia Civil
Maior Rendimento Menor Rendimento
Motivo da
escolha do curso
atual
Mercado de
Trabalho
N 5 7
% 25 35
Prestígio social da
profissão
N 0 1
% 0 5
Possibilidade de
realização pessoal
N 10 8
% 50 40
Influência de
familiares
N 0 2
% 0 10
Resultado da
Orientação
vocacional
N 1 2
% 5 10
Passou no
vestibular e
resolveu cursar
N 1 0
% 5 0
Fez o vestibular
por fazer
N 1 0
% 5 0
Não especificou N 2 0
45
% 10 0
Total N 20 20
% 100 100
4.4.4. Percepção do desempenho acadêmico e satisfação com o curso
Os estudantes do grupo de maior rendimento acadêmico consideram-se em sua
maioria (90%) com um rendimento “bom”, enquanto 50% dos estudantes com baixo
rendimento consideram “regular” (50%), seguido de “bom” (25%) e “ruim” (20%),
demonstrando que a percepção do seu rendimento acadêmico se aproxima ao valor real
(notas). A média das notas dos alunos de Engenharia Civil foi de 6,51 (DP=1,45) com
nota mínima de 3,20 e máxima de 8,59. O ponto de corte foi de 6,79, acima desse valor
considerou-se grupo 1 (maior rendimento) e abaixo desse valor grupo 2 (menor
rendimento).
Os estudantes com as maiores notas do curso mostraram-se satisfeitos (100%)
com o curso enquanto no grupo com as menores notas esse percentual foi de 85%,
demonstrando, assim, que, independente das notas que o aluno tira, a satisfação com o
curso é elevada.
O curso de engenharia é caracterizado por um grande número de reprovações.
Nesse estudo, foi verificado que 45% do grupo com maior rendimento já reprovou
alguma disciplina ao longo do curso, enquanto no grupo de menor rendimento esse
percentual foi de 95%, como mostrado na tabela 19.
46
Tabela 19
Reprovação, Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o curso de
Engenharia
Engenharia Civil
Maior Rendimento Menor Rendimento
Desempenho
acadêmico
Muito ruim N 0 1
% 0 5
Ruim N 0 4
% 0 20
Regular N 1 10
% 5 50
Bom N 18 5
% 90 25
Muito Bom N 1 0
% 5 0
Total N 20 20
% 100 100
Satisfeito Curso
Sim N 20 17
% 100 85
Não N 0 3
% 0 15
Total N 20 20
% 100 100
Reprovado
Sim N 9 19
% 45 95
Não N 11 1
% 55 5
Total N 20 20
% 100 100
4.4.5. Trabalho e preparação para o mercado de trabalho
Os estudantes de Engenharia Civil com as maiores notas afirmam em sua
maioria que não trabalham (60%) e que se sentem preparados para o mercado de
trabalho (60%). Houve um equilíbrio entre os estudantes com as menores notas que não
trabalham (50%) e que se consideram preparados para o mercado de trabalho (50%)
(ver tabela 20).
47
Tabela 20
Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Engenharia Civil
Engenharia Civil
Maior Rendimento Menor Rendimento
Trabalha
Sim N 8 10
% 40 50
Não N 12 10
% 60 50
Total N 20 20
% 100 100
Preparação para o
mercado de trabalho
Sim N 12 10
% 60 50
Não N 8 10
% 40 50
Total N 20 20
% 100 100
4.4.6. Tipo de escola em que os estudantes de Engenharia Civil cursaram o ensino
médio
A maioria dos estudantes dos dois grupos fez sua formação no ensino médio em
escolas da rede privada, sendo que o grupo de menor rendimento teve um percentual um
pouco maior (80%), comparando-se ao grupo de maior rendimento (70%).
4.5. Estudantes de Administração
4.5.1. Participantes
Participaram deste estudo 80 estudantes do curso de Administração com idade
média de 22 anos (DP=4,29), idade mínima de 18 e máxima de 48 anos. Enquanto no
grupo com maior rendimento houve um equilíbrio entre o sexo feminino (52,5%) e
masculino (47,5%), no grupo com menor rendimento houve um predomínio de
estudantes do sexo masculino (80%). As mulheres, portanto, destacam-se mais por
tirarem as maiores notas escolares, enquanto os homens se destacam mais no grupo com
as menores notas (teste exato de Fisher p=0,01). Os estudantes dos dois grupos são
48
basicamente solteiros, não mudaram de cidade para cursar a faculdade e moram com
familiares. Na tabela abaixo, verifica-se melhor a caracterização dos estudantes de
Administração.
Tabela 21
Caracterização dos estudantes de Administração por sexo, estado civil, mudança de
cidade e com quem mora
Administração
Maior Rendimento Menor Rendimento
Sexo
Feminino N 21 8
% 52,5 20
Masculino N 19 32
% 47,5 80
Total N 40 40
% 100 100
Estado civil
Casado N 2 3
% 5 7,5
Solteiro N 38 36
% 95 90
Separado N 0 1
% 0 2,5
Total N 40 40
% 100 100
Mudança de cidade
Sim N 11 9
% 27,5 22,5
Não N
29 31
% 72,5 77,5
Total N 40 40
% 100 100
Com quem mora
Familiares N 31 31
% 77,5 77,5
Sozinho N 3 6
% 7,5 15
Amigos/Colegas N 6 2
% 15 5
Não respondeu N 0 1
% 0 2,5
Total N 40 40
% 100 100
4.5.2. Realização de outro curso universitário por estudantes de Administração
Os estudantes do grupo que se destacam tirando as maiores notas do curso, em
sua maioria (60%), não estão no primeiro curso universitário, ao passo que no grupo que
49
tira as menores notas, 40% não estão cursando pela primeira vez a universidade. Dos
alunos que já cursaram outra faculdade, apenas 8% do grupo com as maiores notas e
6,25% do grupo com menores notas chegaram a concluir outro curso universitário,
como pode ser observado na tabela 22.
Tabela 22
Realização de outro curso universitário por estudantes de Administração
Administração
Maior Rendimento Menor Rendimento
Primeiro curso
Sim N 16 24
% 40 60
Não N 24 16
% 60 40
Total N 40 40
% 100 100
Concluiu curso
Sim N 2 1
% 8,3 6,25
Não N 12 9
% 50 56,25
Não especificou N 10 6
% 41,7 37,5
Total N 24 16
% 100 100
4.5.3. Motivo da escolha do curso de Administração
O motivo principal apontado pelos estudantes com os maiores índices de
rendimento acadêmico para escolha do curso foi a possibilidade de realização pessoal
(50%), seguido do mercado de trabalho (12,5%). Os estudantes com os menores índices
de rendimento acadêmico também apontaram estes como os principais motivos,
entretanto, o mercado de trabalho (32,5%) pesou mais na hora da escolha do curso como
pode ser visualizado na tabela 23.
50
Tabela 23
Motivo para escolha do curso de Administração
Administração
Maior Rendimento Menor Rendimento
Motivo da
escolha do curso
atual
Mercado de Trabalho
N 5 13
% 12,5 32,5
Prestígio social da
profissão
N 0 1
% 0 2,5
Possibilidade de
realização pessoal
N 20 10
% 50 25
Influência de familiares
N 2 2
% 5 5
Qualidade do curso
N 3 5
% 7,5 12,5
Seguiu o resultado da
Orientação vocacional
N 1 1
% 2,5 2,5
Horário do curso
N 3 4
% 7,5 10
Baixa concorrência no
vestibular
N 0 1
% 0 2,5
Aumento da qualificação
profissional
N 1 0
% 2,5 0
Proporcionar
embasamento teórico no
meu trabalho
N 1 0
% 2,5 0
Não especificou
N 4 3
% 10 7,5
Total N 40 40
% 100 100
4.5.4. Percepção do desempenho acadêmico, da satisfação com o curso e
reprovação no curso de Administração
Os estudantes com as maiores notas avaliam seu desempenho, em sua maioria,
como “bom” (62,5%), estão satisfeitos com o curso (95%) e nunca reprovaram em
disciplinas da faculdade (75%), ao passo que os alunos do grupo com menores notas
avaliam seu rendimento acadêmico como regular (37,5%), seguido de “bom” (35%), se
consideram satisfeitos com o curso (77,5%) e já foram reprovados (92,5%) em
disciplinas ao longo do curso (ver tabela 24).
51
Tabela 24
Reprovação, Percepção do Desempenho Acadêmico e Satisfação com o curso de
Administração
Administração
Maior Rendimento Menor Rendimento
Desempenho
acadêmico
Muito ruim N 1 6
% 2,5 15
Ruim N 0 4
% 0 10
Regular N 6 15
% 15 37,5
Bom N 25 14
% 62,5 35
Muito Bom N 6 1
% 15 2,5
Não especificou N 2 0
% 5 0
Total N 40 40
% 100 100
Satisfeito com o
Curso
Sim N 38 31
% 95 77,5
Não N 0 9
% 0 22,5
Não respondeu N 2 0
% 5 0
Total N 40 40
% 100 100
Reprovado
Sim N 7 37
% 17,5 92,5
Não N 30 3
% 75 7,5
Não respondeu N 3 0
% 7,5 0
Total N 40 40
% 100 100
4.5.5. Trabalho e Preparação para o Mercado de Trabalho
Como observado na tabela 25, 52,5% dos alunos com maior rendimento
acadêmico do curso de Administração trabalham, mas este valor não foi tão elevado
como no grupo de menor rendimento acadêmico no qual 80% dos estudantes afirmaram
já trabalhar. Um dado interessante é que os estudantes com as menores notas se
52
consideram mais preparados para o mercado de trabalho (80%) se comparados aos
estudantes que tiram as notas mais altas (57,5%).
Tabela 25
Situação ocupacional e preparação para o mercado de trabalho de estudantes de
Administração
Administração
Maiores Notas Menores Notas
Trabalha
Sim N 21 32
% 52,5 80
Não N 17 8
% 42,5 20
Não respondeu N 2 0
% 5 0
Total N 40 40
% 100 100
Preparado Mercado
Sim N 23 32
% 57,5 80
Não N 15 7
% 37,5 17,5
Não respondeu N 2 1
% 5 2,5
Total N 40 40
% 100 100
4.5.6. Tipo de escola em que os estudantes de Administração cursaram o ensino
médio
A maioria dos estudantes do grupo com maior rendimento acadêmico (55%)
estudou o ensino médio em escolas da rede privada, o mesmo foi encontrado no grupo
com as menores notas (55%), porém, nesse grupo o percentual de alunos que cursaram o
ensino médio em escola pública (27,5%) é bem maior que o de estudantes no grupo de
maior rendimento (12,5%).
4.6. Estilos de personalidade de estudantes com maior e menor rendimento
acadêmico da amostra geral
53
Foram analisadas as médias nos estilos de personalidade do grupo com maior e
menor rendimento acadêmico e verificado uma diferença estatisticamente significativa
(ρ < 0,05) no teste de Mann-Whitney entre os grupos nos estilos: acomodação
(U=7563,500; Z= -2,043; ρ=0,004), extroversão (U=7162,500; Z=-2,667; ρ=0,008),
reflexão (U= 7426,000; Z=-2,26; ρ=0,024), inovação (U=7220,500; Z=-2,591; ρ=0,010)
e discrepância (U=7351,500; Z=-2,38; ρ=0,017), em que os estudantes com menor
rendimento acadêmico pontuaram significativamente mais; e no estilo dúvida (U=
7432,500; Z=-2,25; ρ=0,024) no qual os estudantes com alto rendimento acadêmico se
destacaram significativamente comparando-se ao grupo de menor desempenho.
Tabela 26
Estilos de Personalidade em Estudantes com Maior e Menor Rendimento Acadêmico da
Amostra Geral
Maior Rendimento Menor Rendimento
Amostra Geral
Dúvida
(U= 7432,500; Z=-2,25; ρ=0,024)
Acomodação (U=7563,500; Z= -2,043; ρ=0,004)
Extroversão (U=7162,500; z=-2,667; ρ=0,008)
Reflexão (U= 7426,000; Z=-2,26; ρ=0,024)
Inovação (U=7220,500; Z=-2,591; ρ=0,010)
Discrepância (U=7351,500; Z=-2,38; ρ=0,017)
4.6.1. Estilos de personalidade de estudantes com maior e menor rendimento
acadêmico por sexo
Em relação ao sexo da amostra geral com maior rendimento acadêmico, o teste
de Mann-Whithey mostrou diferenças significativas (p<0,05) favorável ao sexo
masculino nos estilos de personalidade abertura (U=1094,000; Z=-2,51; ρ=0,012) e
reflexão (U= 990,000; Z=-3,12; ρ=0,02) e favorável ao sexo feminino no estilo
54
proteção (U=1118,000; Z=-2,36; ρ=0,018) e afetividade (U=1183,500; Z=-1,98;
ρ=0,04).
Foram comparados também os estilos de personalidade dos universitários do
sexo feminino e masculino com os menores índices de rendimento acadêmico, sendo
encontradas diferenças favoráveis ao sexo masculino nos estilos individualismo
(U=1248,500; Z=-1,97; ρ=0,48), sensação (U=1199,500; Z=-2,24; ρ=0,025), reflexão
(U=989,500; Z=-3,38; ρ=0,001) e conformismo (U=1023,500; Z=-3,20; ρ=0,001), ao
passo que os estilos afetividade (U=1197,000;Z=-2,25; ρ=0,024) e concordância
(U=1114,500; Z=-2,70; ρ=0,007) foram favoráveis ao sexo feminino (ver tabela 27).
Tabela 27
Estilos de personalidade preponderantes de homens e mulheres universitários com
maior e menor rendimento acadêmico
Maior Rendimento Menor Rendimento
Homem Mulher Homem Mulher
Abertura (U=1094,000; Z=-2,51;
ρ=0,012)
Afetividade (U=1183,500; Z=-1,98;
ρ=0,04)
Individualismo (U=1248,500;Z=-1,97; ρ=0,48)
Afetividade (U=1197,000; Z=-2,25;
ρ=0,024)
Reflexão (U= 990,000; Z=-3,12;
ρ=0,02)
Proteção (U=1118,000; Z=-2,36;
ρ=0,018)
Sensação (U=1199,500; Z=-2,24;
ρ=0,025)
Concordância (U=1114,500; Z=-2,70;
ρ=0,007)
Os resultados mostrados acima correspondem ao grupo com maior e menor
rendimento acadêmico na amostra geral (incluindo todos os cursos). Assim, tendo em
vista que diferenças no rendimento acadêmico podem ser observadas nas diferentes
áreas do conhecimento, a seguir serão apresentados os resultados por curso.
55
4.7. Estilos de personalidade de estudantes de Medicina com maiores e menores
índices de rendimento acadêmico
Foram analisadas as médias nos estilos de personalidade dos grupos com maior e
menor rendimento e verificada uma diferença estatisticamente significativa (ρ<0,05) no
teste de Mann-Whitney (bi-caudal) entre os grupos nos estilos: inovação (U=175,500;
Z=-2,82; ρ= 0,005) e discrepância (U=308,000; Z=-2,37; ρ= 0,018), apresentando os
estudantes do grupo com menor rendimento acadêmico pontuação mais elevada nestes
estilos. Houve também diferença significativa entre os grupos nos estilos: conformismo
(U=215,500; Z=-2,067; ρ= 0,039) e concordância (U=217,500; Z=-2,029; ρ= 0,042)
nos quais os estudantes com os escores mais altos pontuaram mais. Os estilos de
personalidade mais característicos de ambos os grupos e em cada curso pode ser melhor
visualizado posteriormente na tabela 28.
4.8. Estilos de personalidade de estudantes de Psicologia com maiores e menores
índices de rendimento acadêmico
Foi verificada uma diferença estatisticamente significativa (ρ<0,05) (teste de
Mann-Whitney bi-caudal) entre os grupos nos estilos: acomodação (U=351,500; Z= -
2,32; ρ=0,01) e sistematização (U=345,500; Z=-2,39; ρ=0,009). Após a análise do teste
U, foi observado, a partir das médias nesses dois estilos, que a acomodação é um estilo
de personalidade significativamente mais preponderante no grupo com menor
rendimento, enquanto a sistematização é significativamente maior nos estudantes do
grupo com alto rendimento.
56
4.9. Estilos de personalidade de estudantes de Engenharia Civil com maiores e
menores índices de rendimento acadêmico
Foram analisadas as médias nos estilos de personalidade do grupo com maior e
menor rendimento no curso de Engenharia Civil e verificado uma diferença
estatisticamente significativa (ρ<0,05 e significância exata “1-tailed sig.” no teste de
Mann-Whitney) entre os grupos apenas no estilo de personalidade intuição (U=115,500;
Z= -2,28; ρ=0,02), sendo o grupo com as maiores notas o que pontuou mais
(significativamente).
4.10. Estilos de personalidade de estudantes de Administração com maiores e
menores índices de rendimento acadêmico
Os estudantes do curso de Administração com as melhores notas médias
pontuam mais no estilo dúvida (U=497,000; Z=-2,91; ρ=0,04) diferindo estatisticamente
daqueles que tiram as menores notas, enquanto o grupo de menor rendimento pontuou
mais no estilo individualismo (U=564,000; Z=-2,27 ρ=0,023), reflexão (U=569,500;
Z=-2,22; ρ=0,026) e discrepância (U=541,500; Z=-2,49; ρ=0,013).
Tabela 28
Estilos de personalidade preponderantes de estudantes com maior e menor rendimento
acadêmico dos cursos de Medicina, Psicologia, Engenharia Civil e Administração
Curso Maior Rendimento Menor Rendimento
Medicina Conformismo
Concordância
Inovação
Discrepância
Psicologia Sistematização Acomodação
Engenharia Civil Intuição -
Administração Dúvida
Individualismo
Reflexão
Discrepância
57
4.11. Relação entre cada estilo de personalidade, com o desempenho acadêmico, os
cursos e a interação entre desempenho acadêmico e curso
Foi analisada a relação entre cada estilo de personalidade com os grupos (maior
e menor rendimento acadêmico), como também a relação de cada estilo com o curso e a
relação de cada estilo com a interação entre o curso e os maiores/menores escores de
rendimento acadêmico através de uma ANOVA fatorial (ver tabela 29).
Tabela 29
Resultados da ANOVA
F DF Sig. Eta2 Parcial
Abertura (R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 0,03 1 0,85 0,00 Curso 1,58 3 0,19 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,79 3 0,49 0,01
Preservação (R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 0,16 1 0,68 0,00 Curso 0,56 3 0,63 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,32 3 0,81 0,01
Modificação
(R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 1,94 1 0,16 0,01
Curso 0,98 3 0,40 0,01 Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,87 3 0,45 0,01
Acomodação
(R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 3,25 1 0,07 0,02
Curso 0,54 3 0,65 0,00 Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,50 3 0,67 0,01
Individualismo
(R2 = 0,04)
Maior_Menor_Rendimento 2,53 1 0,11 0,01
Curso 0,81 3 0,48 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,36 3 0,25 0,02
Proteção
(R2 = 0,02)
Maior_Menor_Rendimento 0,23 1 0,63 0,00
Curso 0,76 3 0,52 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,30 3 0,82 0,00
Extroversão
(R2 = 0,06)
Maior_Menor_Rendimento 1,05 1 0,30 0,00
Curso 1,41 3 0,24 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,33 3 0,80 0,00
Introversão (R2 = 0,04)
Maior_Menor_Rendimento 0,34 1 0,56 0,00 Curso 0,52 3 0,66 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,17 3 0,32 0,01
Intuição (R2 = 0,07)
Maior_Menor_Rendimento 0,38 1 0,53 0,00 Curso 1,89 3 0,13 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 3,85 3 0,01 0,05
Reflexão
(R2 = 0,08)
Maior_Menor_Rendimento 2,26 1 0,13 0,01
Curso 3,90 3 0,01 0,05 Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,21 3 0,30 0,01
Afetividade
(R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 0,81 1 0,37 0,00
Curso 1,01 3 0,39 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,14 3 0,33 0,01
Sistematização
(R2 = 0,08)
Maior_Menor_Rendimento 11,61 1 0,01 0,05
Curso 1,30 3 0,27 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,74 3 0,53 0,01
Inovação
(R2 = 0,06)
Maior_Menor_Rendimento 6,25 1 0,01 0,03
Curso 0,39 3 0,76 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 2,12 3 0,09 0,02
Retraimento
(R2 = 0,05)
Maior_Menor_Rendimento 3,78 1 0,05 0,01
Curso 0,45 3 0,71 0,01
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,45 3 0,71 0,01
Comunicatividade (R2 = 0,05)
Maior_Menor_Rendimento 0,35 1 0,55 0,00 Curso 2,13 3 0,09 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,82 3 0,47 0,01
Dúvida Maior_Menor_Rendimento 0,39 1 0,53 0,01
58
(R2 = 0,03) Curso 1,19 3 0,31 0,02
Maior_Menor_Rendimento * Curso 2,21 3 0,08 0,03
Segurança
(R2 = 0,05)
Maior_Menor_Rendimento 0,04 1 0,84 0,01
Curso 2,63 3 0,05 0,03
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,62 3 0,18 0,02
Discrepância
(R2 = 0,06)
Maior_Menor_Rendimento 10,30 1 0,01 0,04
Curso 0,13 3 0,94 0,00 Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,69 3 0,55 0,00
Conformismo
(R2 = 0,01)
Maior_Menor_Rendimento 6,16 1 0,01 0,02
Curso 8,49 3 0,00 0,10
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,79 3 0,49 0,01
Submissão
(R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 1,33 1 0,24 0,01
Curso 0,21 3 0,88 0,00
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,60 3 0,18 0,02
Controle
(R2 = 0,03)
Maior_Menor_Rendimento 1,33 1 0,24 0,00
Curso 0,21 3 0,88 0,00
Maior_Menor_Rendimento * Curso 1,60 3 0,18 0,02
Insatisfação (R2 = 0,02)
Maior_Menor_Rendimento 2,67 1 0,10 0,01 Curso 0,21 3 0,88 0,00
Maior_Menor_Rendimento * Curso 0,12 3 0,95 0,00
Concordância (R2 = 0,05)
Maior_Menor_Rendimento ,753 1 0,38 0,00 Curso ,339 3 0,79 0,00
Maior_Menor_Rendimento * Curso 2,605 3 0,05 0,03
Obs. Em negrito os valores de significâncias aceitos para definir diferenças entre as médias
Como pode ser visualizado na tabela 29, o estilo de personalidade intuição
diferencia a interação entre o curso e o desempenho (alto e baixo). Na figura 1, nota-se
que neste estilo os estudantes de Engenharia Civil pontuam de maneira diferente dos
outros cursos, quanto maior a intuição mais os alunos de Engenharia Civil tendem ao
grupo de melhor rendimento acadêmico.
59
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o I
ntu
ição
22
20
18
16
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 1. Interação de médias entre o estilo de personalidade intuição, os cursos e o
rendimento acadêmico
O fator reflexão, por sua vez, diferenciou os cursos (ver tabela 29). Na figura 2,
verifica-se que os alunos dos quatro cursos obtiveram pontuações médias diferentes,
nesse estilo, destacando-se o curso de Administração em que quanto maior os índices de
reflexão os alunos tendem a um menor rendimento acadêmico. No entanto, menores
índices de reflexão, no curso de Psicologia, correspondem a alunos com menor
rendimento acadêmico.
60
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o R
efle
xão
26
24
22
20
18
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 2. Interação de médias entre o estilo de personalidade reflexão, os cursos e o
rendimento acadêmico
A sistematização proporciona a visualização da diferença entre o sucesso e
insucesso acadêmico bem como nos cursos. Como visualizado na figura 3, há uma
grande variação entre as médias dos estudantes de cada curso nesse estilo, porém, em
todos se verifica que à medida que a pontuação no estilo de personalidade
sistematização diminui, os alunos tendem ao menor rendimento acadêmico.
61
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o S
iste
mati
zaçã
o38
36
34
32
30
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 3. Interação de médias entre o estilo de personalidade sistematização, os cursos e
o rendimento acadêmico
O estilo inovação e discrepância diferencia os estudantes com maior e menor
rendimento. Através da figura 4, observa-se que os estudantes de Administração,
Medicina e Psicologia com maiores índices de inovação tendem a fazer parte do grupo
de menor rendimento, ao passo que, apresentando maiores pontuações na escala de
discrepância, os alunos tendem a pertencer ao grupo de menor rendimento (ver figura
5).
62
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o I
no
va
ção
30
28
26
24
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 4. Interação de médias entre o estilo de personalidade inovação, os cursos e o
rendimento acadêmico
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o D
iscrep
ân
cia
24
22
20
18
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
63
Figura 5. Interação de médias entre o estilo de personalidade discrepância, os cursos e o
rendimento acadêmico
O estilo de personalidade retraimento diferenciou alunos com maior e menor
rendimento, como pode ser visto na figura 6, ou seja, em todos os cursos, quanto mais
os alunos pontuaram nesta escala, mais tenderam a fazer parte do grupo de menor
rendimento.
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o R
etra
imen
to
21
20
19
18
17
16
15
Engenharia
Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 6. Interação de médias entre o estilo de personalidade retraimento, os cursos e o
rendimento acadêmico
No estilo segurança, os estudantes de cada curso pontuam de maneira diferente
significativamente. Como pode ser observado na figura 7, estudantes de Administração
e Medicina à medida que aumentam a pontuação nesse estilo tendem a pertencer ao
64
grupo de menor rendimento, o inverso é observado nos estudantes de Psicologia. O
estilo segurança parece influenciar pouco nos estudantes de Engenharia Civil.
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o S
egu
ran
ça
40
38
36
34
32
30
Engenharia Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 7. Interação de médias entre o estilo de personalidade segurança, os cursos e o
rendimento acadêmico
O conformismo explica as diferenças entre os cursos e sua interação entre
maior/menor rendimento acadêmico integrado ao curso (ver tabela 29). Os estudantes de
cada curso possuem médias nesse estilo bem distintas e quando diminui a pontuação
nesse estilo tendem a fazer parte do grupo de menor rendimento acadêmico como
visualizado na figura 8.
65
Rendimento Acadêmico
Menor RendimentoMaior Rendimento
Méd
ias
no E
stil
o C
on
form
ism
o
45
42,5
40
37,5
35
Engenharia Civil
Administração
Psicologia
Medicina
Curso
Figura 8. Interação de médias entre o estilo de personalidade conformismo, os cursos e
o rendimento acadêmico
66
________________________________________________Capítulo V- DISCUSSÃO
As características e necessidades dos estudantes brasileiros têm sido pouco
focalizadas nos estudos (Bardagi, Lassance, & Paradiso, 2003), sendo que, na maioria
das vezes, estes têm servido apenas como participantes de pesquisas (Suehiro, 2004).
Diante dessa evidência e tendo em vista o aumento e a expansão das universidades
brasileiras (MEC, 2008), bem como a crescente preocupação acerca do desempenho
acadêmico (Vendramini et al., 2004) por parte de pais, professores e do governo é que
este estudo foi desenvolvido.
Como dito anteriormente, o desempenho acadêmico é um fenômeno
determinado por inúmeros fatores (Correia et al., 2004; Martins, 2004; Almeida, &
Soares et al., 2007). Nesse sentido, e verificando-se que nos últimos anos tem crescido o
número de estudos relacionando o desempenho acadêmico com a personalidade é que se
buscou neste estudo focalizar essa possível relação. Para tanto, verificou-se os estilos de
personalidade de estudantes que se destacam tirando as maiores notas e os estilos de
personalidade daqueles universitários que se destacam tirando as menores notas.
Inicialmente, encontrou-se que a amostra no geral é predominantemente formada
por universitários jovens, solteiros, que moram com a família e que não trabalham,
demonstrando assim que tal grupo corresponde ao típico universitário brasileiro como
apontado por Lisboa (2002). Contudo, os estudantes universitários também
demonstraram ser um grupo heterogêneo (Teixeira, 2002), principalmente quando se
analisa e compara alunos de diferentes cursos, assim, devem-se analisar nos estudos as
particularidades de cada curso e sexo, além de se fazer algumas ponderações em
resultados que possam ser encontrados. Por exemplo, o fato dos estudantes do grupo
67
que tira as maiores notas e do grupo que tira as menores notas do curso de Psicologia
ser basicamente formado por mulheres e no de Engenharia Civil formado por homens,
apenas reflete a característica de predominância de um dos sexos nesses cursos. Nos
cursos de Medicina e Administração, entretanto, há um equilíbrio maior quanto ao sexo
dos estudantes, podendo assim, ser verificado que as mulheres se destacam
significativamente mais (p≤0,05) por tirarem as maiores notas nesses cursos do que os
homens.
Alguns autores afirmam que fatores ambientais, como a mudança de cidade para
cursar a faculdade, podem influenciar o desempenho acadêmico dos alunos (Correia et
al., 2004; Martins, 2004). No entanto, essa possível relação não ficou clara neste estudo,
enquanto não houve diferença significativa entre os estudantes com maior e menor
rendimento que mudaram de cidade para cursar a faculdade nos cursos de
Administração e Engenharia Civil, houve diferença estatisticamente significativa
(p≤0,05) entre os grupos no curso de Medicina, em que os alunos que mudaram de
cidade pertencem mais ao grupo de menor rendimento acadêmico e no curso de
Psicologia onde os estudantes que mudaram de cidade pertencem mais ao grupo de
maior rendimento.
A maioria dos estudantes de todos os cursos e de ambos os grupos estão no
primeiro curso universitário (60,2% de toda a amostra), exceto os estudantes de
Administração do grupo com maior rendimento acadêmico que em grande parte (60%)
já cursaram outra faculdade. Mesmo havendo um predomínio de estudantes no primeiro
curso universitário, deve-se atentar para aqueles que não estão cursando a faculdade
pela primeira vez, além dos altos índices de alunos que começaram e não concluíram
outro curso universitário. Muitas vezes estes estudantes abandonam a universidade por
68
possuírem poucas informações sobre o curso escolhido e a atividade profissional
(Magalhães & Redivo, 1998), gerando com isso, gastos tanto para o governo que fica
com vagas ociosas nas universidades, quanto para os pais, que investem na saída do
filho de casa para estudar em outra cidade e/ou investem em uma universidade
particular para os filhos estudarem.
Segundo Teixeira (2002), o momento da escolha do curso universitário é
caracterizado como o primeiro momento em que o adolescente esboça o seu projeto de
vida. É nesse momento que os jovens se confrontam com a sua identidade, de quem ele
é e o que pretende ser. Neste estudo, o motivo predominante para a escolha do curso
universitário, de modo geral, foi a realização pessoal, exceto para os alunos do grupo de
baixo rendimento dos cursos de Psicologia que indicaram como motivo principal a
influência de familiares (75%), do curso de Administração, influenciados pelo mercado
de trabalho (32%) e de Engenharia Civil que embora tenha predominado a escolha pela
realização pessoal (40%), a segunda maior porcentagem, quase equivalente a primeira,
foi a opção pelo mercado de trabalho (35%). No estudo realizado por Sbardelini (1997
citado por Teixeira, 2002) com universitários da Universidade Federal do Paraná a
realização pessoal também foi apontada como o critério principal na hora da escolha do
curso, porém para os alunos re-optantes o mercado de trabalho e a remuneração
financeira foram mais importantes. Nesse sentido, fica o questionamento: Será que o
fato dos estudantes que modificaram seus objetivos pessoais na hora da escolha do
curso para atender a influência de familiares e pensando no mercado de trabalho pode
influenciar ou justificar o baixo rendimento acadêmico de tais alunos? Desse modo,
sugere-se que em estudos futuros, esse aspecto seja melhor investigado.
69
Uma série de fatores pode influenciar a percepção dos estudantes acerca da
satisfação com o curso escolhido. Em um estudo com universitários, Bardagi et al.
(2003) evidenciaram que o motivo principal para a satisfação com o curso foi a
identificação pessoal na área, pois, uma escolha profissional comprometida em termos
vocacionais gera uma avaliação mais positiva das possibilidades, minimiza as
dificuldades que surgem e promove um maior bem-estar psicológico. Assim, os bons
índices de satisfação com o curso pelos estudantes do presente estudo podem ser
justificados uma vez que a realização pessoal foi apontada pelos estudantes,
principalmente os de maior rendimento acadêmico, como principal motivo para a
escolha do curso.
Para os alunos progredirem de uma série escolar para outra, estes precisam obter
uma nota mínima, estabelecida pela escola, nas provas escolares, o mesmo se aplica no
ensino superior ou em um concurso público, por exemplo. Por isso, neste estudo foi
avaliado o rendimento acadêmico dos estudantes a partir das notas. Foi questionado
também aos participantes como estes percebem o seu desempenho acadêmico, uma vez
que a satisfação com o desempenho acadêmico pode não corresponder ao valor de suas
notas escolares. Os estudantes de ambos os grupos e cursos avaliam positivamente o seu
rendimento acadêmico, havendo uma convergência entre a percepção e o critério da
nota, pois os alunos no geral avaliam como “bom” o seu desempenho acadêmico, mas
em seguida nos grupos de menor rendimento indicam como “regular” e nos grupos de
maior rendimento indicam como “bom” e “muito bom”.
Os estudantes universitários que participaram do estudo confirmam o dado de
que a universidade pública no Brasil é constituída, em sua maioria, dependendo do
curso, por estudantes oriundos de escolas privadas, o que agrava a disparidade entre os
70
dois níveis de ensino, pois a realidade do sistema educacional público e privado é
bastante diferente. Ademais, ao entrar na universidade o jovem passa por uma série de
mudanças no contexto familiar e social, exigindo uma maior adaptação para lidar com
essa essas mudanças (Almeida, & Soares et al., 2007). Em relação a todos os cursos, os
estudantes de Psicologia com alto rendimento foram os que menos estudaram em
escolas particulares (42,4%). Observou-se, também, que os estudantes de todos os
cursos com menor desempenho acadêmico estudaram mais em escolas privadas do que
os estudantes com maior rendimento, evidenciando que a transição para universidade
realmente pode gerar algum impacto no desempenho dos estudantes, especialmente para
aqueles em início de curso.
Nos estudos envolvendo o papel da personalidade no sucesso acadêmico tem
predominado uma perspectiva descritiva baseada nos traços. Assim, os estudos acerca
dessa relação vem utilizando os instrumentos de avaliação decorrentes do modelo dos
cinco grandes fatores de personalidade, que tem levado a conclusões consistentes
especialmente quando se utiliza as notas escolares (Poropat, 2009). Neste estudo,
contudo, optou-se em utilizar a proposta de personalidade de Theodore Millon, uma vez
que tal teoria abrange os planos psicológico, biológico, social e cultural, estando estes
em permanente interação (Alchieri, 2004). Além disso, os estilos de personalidade na
teoria de Millon correspondem a características funcionais, amplamente flexíveis pela
aprendizagem, podendo assim proporcionar uma visão melhor do comportamento dos
sujeitos.
Alguns resultados do estudo acerca da relação entre desempenho e personalidade
não puderam ser comparados a outros estudos encontrados na literatura, justamente por
ter sido utilizado um modelo de avaliação da personalidade que não se baseia apenas em
71
cinco fatores, mas que possui 24 fatores para representar a ação comportamental das
pessoas.
Analisando os estilos de personalidade que mais se destacam no grupo de menor
rendimento acadêmico (acomodação, extroversão, reflexão, inovação e discrepância) se
comparados aos estudantes com maior rendimento acadêmico da amostra geral,
verifica-se que o fato de tirarem notas baixas não necessariamente pode indicar, por
exemplo, uma dificuldade na aprendizagem, mas uma característica própria de ação
destes sujeitos de não gostarem de rotina, de se negarem a acatar normas tradicionais, de
serem pessoas que se empenham pouco para obter os resultados que desejam, enquanto
os estudantes do grupo de sucesso acadêmico (diferiu no estilo dúvida) desejam agradar
e serem aceitos, porém temem que os demais a rechacem, demonstrando uma
característica mais voltada para a forma como se mostram as outras pessoas.
De Raad e Schouwenburg (1996), argumentaram que os estudantes que pontuam
alto na escala de extroversão tem melhor desempenho acadêmico em função dos
maiores niveis de energia, juntamente com uma atitude positiva que leva a um desejo
para aprender e compreender. Por outro lado, Eysenck (1992, citado por De Raad &
Schouwenburg, 1996) sugeriu que esses alunos estariam mais propensos a exercer
outras atividades que estudar e que esta conduziria a niveis mais baixos de desempenho.
Porém, De Raad e Schouwenburg (1996) não especificaram qual destes efeitos é mais
provável de afetar o desempenho acadêmico. No presente estudo, a extroversão foi mais
significativa entre os estudantes com baixo rendimento acadêmico da amostra geral.
As mulheres da amostra geral com sucesso acadêmico se destacaram no estilo
proteção, com isso, estão motivadas para satisfazerem, em primeiro lugar, as
necessidades dos demais e os desejos de outras pessoas antes mesmo que os seus
72
próprios e afetividade. Enquanto os homens se destacaram na abertura, ou seja, tendem
a ver o lado bom das coisas, são otimistas quanto às possibilidades que o futuro lhes
oferece, outro estudo também mostrou que a abertura à experiência tem sido associada
ao desempenho acadêmico, presumindo que pontuações elevadas neste traço
correspondam a criatividade, curiosidade, flexibilidade, pensamento crítico e a
originalidade (Poropat, 2009). Os homens diferiram das mulheres também no estilo
reflexão demonstrando que processam os conhecimentos por meio da lógica e do
pensamento analítico. Suas decisões se baseiam em julgamentos desapaixonados,
impessoais e “objetivos”.
As mulheres com baixo rendimento acadêmico também se diferenciaram dos
homens em alguns estilos de personalidade, sendo a afetividade e a concordância os
estilos em que mais se destacam em relação aos homens deste grupo. Assim, as
mulheres com baixo rendimento tendem a ser muito simpáticas socialmente, porém,
tendem a ocultar seus sentimentos negativos (concordância). Os homens por sua vez
são mais individualistas, ou seja, orientados a satisfazerem suas próprias necessidades e
desejos, procurando realizar-se plenamente em primeiro lugar. São ambiciosos,
egocêntricos e seguros de si mesmo, sem maiores dificuldades em expressar suas ideias
e pontos de vista e, por fim, os homens se destacam também pelo conformismo, ou seja,
a possibilidade, a honradez e o autodomínio. É improvável que deixem transparecer sua
personalidade ou que ajam espontaneamente.
Dessa maneira, encontrou-se que homens e mulheres possuem características de
ação comportamental diferentes mesmo quando pertencem ao mesmo grupo (maior ou
menor rendimento acadêmico). Chama atenção que os homens do grupo com sucesso
acadêmico tendem a ver o lado bom das coisas, a raciocinar por meio da lógica e da
73
objetividade o que pode levar a um melhor desempenho acadêmico em termos de notas,
enquanto os homens com baixo rendimento se destacam na forma de se relacionar com
os demais, achando que são mais competentes que os outros, não deixando transparecer
sua personalidade, sendo egocêntricos e, como afirma De Raad e Schouwenburg (1996),
a socialização, ou seja, uma boa interação com as demais pessoas pode ter um impacto
positivo sobre o desempenho acadêmico, pois facilita a cooperação no processo de
aprendizagem.
Os estudantes de Psicologia do grupo com as menores notas tendem a apresentar
um estilo de ação comportamental de maior acomodação, ou seja, pouco se empenham
em dirigir e modificar suas vidas, reagindo frente as situações de maneira a acomodar-se
às circunstâncias criadas pelos outros, fazendo pouco para obterem os resultados que
desejam se comparadas ao grupo de estudantes que tiram as maiores notas médias no
curso de Psicologia. Essa acomodação, característica dos estudantes desse curso com
insucesso acadêmico, pode influenciar na motivação para estudar para as provas e
realização de atividades, consequentemente fazendo com que tirem notas menores.
Os estudantes de Psicologia do grupo de maior rendimento, por sua vez,
destacam-se por apresentar um estilo de personalidade mais preponderante de
sistematização, tais indivíduos são muito organizados e previsíveis na maneira de
abordar as experiências da vida. Transformam os conhecimentos novos, adequando-os
aos já conhecidos e são cuidadosos quando não perfeccionistas. Consideram-se
organizados, minuciosos e eficientes se comparados ao grupo de estudantes com
insucesso acadêmico. As características do fator de personalidade realização (no modelo
dos CGF) caracterizado por aquelas pessoas que são organizadas, confiáveis,
trabalhadoras, decididas, escrupulosas e perseverantes (Nunes & Hutz, 2007)
74
corresponde as características do estilo de personalidade sistematização na proposta de
Millon, sendo um traço que se relaciona com um bom desempenho acadêmico de
acordo com meta-análises realizadas (Poropat, 2009) e como encontrado no presente
estudo no curso de Psicologia.
O curso de Engenharia Civil embora seja o que tem a maior variação nas notas
escolares dos alunos, foi o que menos apresentou diferença entre os alunos dos dois
grupos, apenas o estilo intuição é mais característico do grupo com alto rendimento. São
pessoas que tendem a desfrutar das experiências mais misteriosas e das fontes mais
especulativas de conhecimento. São estudantes que usam mais a inferência e a
abstração, podendo tal característica os ajudar na resolução de cálculos e proporcionar,
consequentemente, melhores notas nas provas.
No curso de Administração, os estudantes com melhor rendimento acadêmico
tendem a ser mais tímidos e experimentar nervosismos em situações sociais, desejarem
agradar e serem aceitos, porém temem que os demais os rechacem. São sensíveis e
emotivos e ao mesmo tempo desconfiados (estilo de personalidade dúvida). Os
estudantes do grupo de menor rendimento acadêmico, por sua vez, são mais
individualistas, estando orientados a satisfazer suas próprias necessidades e desejos,
procurando realizar-se primeiramente, preocupando-se muito pouco com o efeito que
pode ter sua conduta sobre os demais, tendendo a ser mais independentes e
egocêntricos. Outra característica desse grupo foi a reflexão, demonstrando processar o
conhecimento por meio da lógica e do pensamento analítico. Por fim, tendem a atuar de
modo independente e não conformista (discrepância), em geral, negam-se a acatar as
normas tradicionais, manifestando audácia que pode ser tomada como imprudência.
Como mostrado anteriormente, bons índices de socialização e interação com os colegas,
75
tende a trazer benefícios para o rendimento dos alunos (De Raad & Schouwenburg,
1996), porém os estudantes de Administração com baixo rendimento tendem a
apresentar uma menor caractéristica de socialização, sendo mais individualistas e
atuando de maneira independente.
Com esse estudo pode-se compreender melhor quais são as características
comportamentais preponderantes de estudantes universitários com alto e baixo
rendimento acadêmico. Embora estudos internacionais demonstrem que a extroversão
favoreça o desempenho dos alunos (De Raad & Schouwenburg, 1996), na amostra geral
desse estudo o oposto foi verificado: essa característica de personalidade foi mais
significativa no grupo com menor desempenho. Os estudantes de Medicina com alto
rendimento seguem mais as normas sociais e o que ditam seus superiores, enquanto os
estudantes desse curso com menor rendimento não gostam de rotina, preferem estar
sempre inovando. Os estudantes de Psicologia com sucesso acadêmico por sua vez são
mais sistemáticos, organizados apresentando caracteríticas da conscienciosidade que é
o maior preditor de desempenho descrito nas pesquisas (Poropat, 2009; Chamorro-
Premuzic & Furnhan, 2004) enquanto o grupo com insucesso de Psicologia tendem a ser
mais acomodados, empenhando-se pouco em dirigir sua própria vida, podendo tal
caracterítica justificar suas menores notas. Os estudantes de Administração com baixo
rendimento se caracterizam como um grupo mais individualista e independente sendo
que os estudos apontam que a socialização relaciona-se mais com o bom desempenho.
Através da análise de variância percebeu-se também que em alguns estilos de
personalidade, os estudantes de todos os cursos apresentaram-se de maneira homogênea
(embora com médias distintas em cada estilo), ou seja, quando aumentava a média em
um estilo, os estudantes de todos os cursos tendiam ao insucesso também, como
76
também alguns estilos conseguem demonstrar diferença entre estudantes com alto e
baixo rendimento e/ou com relação ao curso e/ou na interação entre desempenho e curso
(extroversão, intuição, reflexão, sistematização, inovação, discrepância, conformismo).
Embora tenha-se encontrado resultados interesssantes quanto as características
de personalidade de estudantes com maiores e menore índices de rendimento acadêmico
os resultados aqui encontrados não foram conclusivos, evidenciou-se diferenças
estatísticas significativas entre os grupos, mas tais diferenças sofrem influência do curso
e do sexo, devendo desse modo tomar cuidado com possíveis generalizações para outros
cursos e regiões do país. Dessa forma, pode-se afirmar que há uma relação entre
personalidade e desempenho acadêmico que ainda não é clara, denotando a necessidade
eminente de novos estudos sobre a temática.
77
____________________________Capítulo VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo tem como objetivo analisar a pesquisa desenvolvida, apontando
suas limitações, principais contribuições, possíveis aplicações dos resultados, bem como
sugestões de estudos futuros.
6.1. Principais contribuições e aplicabilidade da pesquisa
Acredita-se que os objetivos da presente dissertação foram alcançados e, com
isso, podem-se considerar como principais contribuições os resultados aqui obtidos,
tendo em vista que contribuem de maneira significativa para a construção do
conhecimento científico na área.
Esta pesquisa contribuiu com os estudos sobre o papel da personalidade no
desempenho acadêmico de estudantes universitários, já que no contexto brasileiro não
há estudos sobre essa relação. Além disso, foi um estudo que adotou um critério pouco
utilizado no país que é a seleção dos participantes a partir de suas notas acadêmicas,
uma vez que é difícil ter acesso a essa informação e mesmo quando se consegue as
notas é demorado e complicado encontrar todos os alunos selecionados, especialmente
aqueles com as menores notas, pois estes faltam mais as aulas, geralmente estão
desnivelados no curso - cursando disciplinas em vários semestres - bem como em
função das diferenças de padrões de avaliação (notas, conceitos, formas de avaliação
diferente nas diferentes áreas do conhecimento).
O estudo poderá servir aos profissionais e estudantes de Psicologia da
universidade que o estudo foi realizado a fim de que possam desenvolver atividades
78
e/ou programas voltados aos alunos com baixo rendimento, fazendo com que tais alunos
percebam que algumas características de seu comportamento podem influenciar
negativamente em seu rendimento. Isto não quer dizer que determinada característica de
ação comportamental desses sujeitos seja boa ou ruim, mas que no contexto acadêmico
pensar ou agir de uma determinada forma pode não ser tão positivo para um bom
rendimento acadêmico.
6.2. Limitações da Pesquisa
Por mais que o pesquisador se esforce para que os seus estudos tenham
relevância acadêmica e prática, não se deve esquecer nem deixar de destacar as
limitações que podem ser encontradas nas pesquisas.
Estudar a população universitária é primordial para se conhecer suas
necessidades e peculiaridades, no entanto, nesse estudo ficaram algumas lacunas sobre a
vida acadêmica dos estudantes. Como foram elaboradas questões fechadas, não houve
como explorar melhor, por exemplo, o motivo para o aluno ter começado outro curso
universitário e não o ter concluído, a não verificação da renda dos estudantes em valor
absoluto, dentre outras questões que poderiam ter sido mais exploradas e esclarecidas
caso tivesse sido utilizada algumas questões abertas, aliando uma metodologia
qualitativa e quantitativa.
Outra limitação da pesquisa parece ter sido a utilização de uma teoria para
avaliar a personalidade (Teoria de Millon) que embora proporcione uma boa
compreensão das características de ação dos sujeitos, não é utilizada nos estudos que
relacionam a personalidade e o desempenho acadêmico, limitando assim comparações
entre os resultados desse estudo e de outros estudos já realizados da mesma natureza.
79
6.3. Possibilidades de pesquisas futuras
Como possibilidade de pesquisas futuras destaca-se a necessidade de se
conhecer mais acerca dos fatores relacionados ao desempenho acadêmico em
universitários, além da relação entre desempenho acadêmico e personalidade, que ainda
não tem sido investigada no contexto brasileiro.
Ademais, é importante contar com a realização de estudos que considerem além
de amostras nordestinas, outros contextos brasileiros, outros cursos, bem como
averiguar se os resultados obtidos nesta dissertação seriam confirmados ou refutados em
outros estudos.
Destaca-se, ainda, a necessidade de estudos sobre o papel da personalidade no
desempenho acadêmico dos estudantes utilizando-se o modelo dos Cinco Grandes
Fatores de Personalidade para que se possa comparar melhor essa relação com os
estudos já existentes em outros países.
Acredita-se que os objetivos propostos neste estudo foram atingidos. Estudar o
desempenho acadêmico dos estudantes é uma temática relevante e atual, porém, abarcar
todas as variáveis envolvidas neste fenômeno não é viável em uma única pesquisa
principalmente em um período curto como no caso do mestrado. Nesse sentido, mais
pesquisas precisam ser desenvolvidas, para que possam proporcionar um constante
avanço na explicação desta temática.
80
___________________________________________Capítulo VII - REFERÊNCIAS
Aiken, L. R. (1997). MIPS: Millon Index of Personality Styles. Journal of
Psychoeducational Assessment, 15(4), 380-382.
Alchieri, J. C. (2004). Modelo dos estilos de personalidade de Millon: adaptação do
inventário Millon de estilos de personalidade. Tese de Doutorado não-publicada,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Alchieri, J. C., Cervo, C. S., & Núñez, J. C. (2005). Avaliação de estilos de
personalidade segundo a proposta de Theodore Millon. Psico, 36 (2), 175-179.
Allport, F. H., & Allport, G. W. (1921). Peronality traits: Their classification and
measurement. The Journal of Abnormal Psychology and Social Psychology, 16 (1), 6-
40. doi: 10.1037/h0069790
Almeida, L. S. (2007). Transição, adaptação acadêmica e êxito escolar no ensino
superior. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educación, 14 (2), 203-215.
Almeida, L. S., & Cruz, J. F. A. (sd). Transição e adaptação académica: reflexões em
torno dos alunos do 1º ano da Universidade do Minho.
Almeida, L. S., Vasconcelos, R., & Mendes, T. (2008). O abandono dos estudantes no
ensino superior: um estudo na universidade do Minho. Revista Galego-Portuguesa de
Psicoloxía e Educación, 16, 109-117.
81
Almeida, L. S., Soares, A. P. C., & Ferreira, J. A. (2002). Questionário de Vivências
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89
APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este é um convite para você participar da pesquisa “Rendimento Acadêmico e sua relação com os
Estilos de Personalidade de Estudantes Universitários”, que é coordenado pelo Prof. Dr. João Carlos
Alchieri e a estudante de mestrado Carla Fernanda Ferreira Rodrigues.
Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu
consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.
Essa pesquisa procura verificar comportamentos mais ou menos adequados quanto ao rendimento de
estudantes universitários. Além disso, esta pesquisa objetiva colaborar para a ampliação dos estudos já
existentes na área de psicologia da aprendizagem, psicologia da educação e avaliação psicológica.
Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: aplicação de um
questionário sócio-demográfico, que incluirá questões sobre idade, curso, semestre que cursa na
faculdade, nível de escolaridade dos pais, dentre outras e um inventário para avaliação das suas
características comportamentais (Inventário Millon de Estilos de Personalidade).
Os riscos envolvidos com sua participação são mínimos, já que os instrumentos de coleta de dados
corresponderão apenas a questionários e haverá a manutenção do sigilo absoluto das informações
coletadas e da identidade de todos os participantes. Caso sinta-se mobilizado ou desgastado
emocionalmente no decorrer da entrevista, serão realizadas intervenções psicológicas, imediatamente,
pela própria psicóloga e mestranda em psicologia Carla Fernanda Ferreira Rodrigues. Lembramos que
você tem o direito de recusar-se a responder às perguntas que ocasionem constrangimento de
alguma natureza.
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: estará participando de um espaço para
reflexão acerca do seu comportamento, bem como estará contribuindo para a discussão científica do tema.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento.
Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não
identificar os voluntários.
Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso
solicite e seja comprovado que decorreu de sua participação em qualquer fase desta pesquisa. Em
qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá
direito a indenização.
Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá
perguntar ao Prof. Dr. João Carlos Alchieri ou a mestranda Carla Fernanda Ferreira Rodrigues, no
endereço: Laboratório de Psicologia, s/n, Lagoa Nova/Campus Universitário, CEP 59078-970, Natal/RN,
pelos telefones: 3215.3592, ramal 230 ou 88821304 ou pelos e-mails: [email protected] ou
[email protected]. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao
Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço: Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova, CP
1666, CEP 59072-970, Natal/RN, pelo telefone 3215.3125 ou pelo e-mail: [email protected].
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios
envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Sucesso e Insucesso Acadêmico e
sua relação com as características comportamentais”.
Participante da pesquisa:
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, ______________________________________, de forma
livre e esclarecida, autorizo e manifesto interesse em participar da pesquisa.
Assinatura do participante da pesquisa _____________________________________________
Local e data: ____________________________________________________________________
Pesquisador responsável:
Assinatura do pesquisador ___________________________________________________________
90
AAPPÊÊNNDDIICCEE BB QQuueessttiioonnáárriioo SSóócciioo--DDeemmooggrrááffiiccoo
NÚMERO DO CARTÃO DE RESPOSTA ________________
NNoommee ((ooppcciioonnaall))::____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PPeerrííooddoo ddee iinnggrreessssoo nnaa uunniivveerrssiiddaaddee:: ______________________SSeemmeessttrree qquuee ccuurrssaa aattuuaallmmeennttee::____________________________________
Gostaríamos que você fornecesse algumas informações a seu respeito. Não será necessário se identificar,
apenas pedimos que responda com sinceridade a todas as perguntas.
1) Qual sua idade? ________anos
2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
3. Curso: ______________________
4. Você entrou na universidade com que idade? _____anos
5. Mudou-se de cidade para cursar a faculdade? ( ) Sim ( ) Não
6. Com quem você mora?
( ) Familiares
( ) Sozinho
( ) com Amigos/colegas
( ) outros, Especifique: _____________
77.. EEssttaaddoo CCiivviill:: (( )) CCaassaaddoo (( )) SSoolltteeiirroo
(( )) SSeeppaarraaddoo//DDiivvoorrcciiaaddoo (( )) VViiúúvvoo
( ) outro, Especifique: _____________
8. Qual a escolaridade do seu pai?
1. ( ) Analfabeto
2. ( ) 1º Grau incompleto
3. ( ) 1º Grau completo
4. ( ) 2º Grau incompleto
5. ( ) 2º Grau completo
6. ( ) Ensino Superior incompleto
7. ( ) Ensino Superior completo
8. ( ) Pós-graduação
9. Qual a escolaridade da sua mãe?
1. ( ) Analfabeto
2. ( ) 1º Grau incompleto
3. ( ) 1º Grau completo
4. ( ) 2º Grau incompleto
5. ( ) 2º Grau completo
6. ( ) Ensino Superior incompleto
7. ( ) Ensino Superior completo
8. ( ) Pós-graduação
10. Este é o seu primeiro curso universitário?
( ) Sim ( ) Não
ATENÇÃO! RESPONDA AS QUESTÕES 11 A 13 APENAS SE JÁ TIVER CURSADO OU
CONCLUÍDO OUTRO CURSO UNIVERSITÁRIO.
91
11. Caso já tenha começado ou concluído outro curso universitário, escreva o nome do
curso:_______________
12. Você chegou a concluir este curso?
( ) Sim ( ) Não, desisti antes de terminar
14. Qual o motivo predominante na escolha do seu curso universitário atual?
1. ( ) Mercado de trabalho
2. ( ) Prestígio social da profissão
3. ( ) Baixa concorrência no vestibular
4. ( ) Possibilidade de realização pessoal
5. ( ) Influência de familiares
6. ( ) Qualidade do curso
7. ( )Segui o resultado da Orientação vocacional
8. ( ) Outros motivos, especifique: __________________
_______________________________________________
15. Com relação ao seu desempenho acadêmico na universidade você se considera:
( ) Muito ruim ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito Bom
16. Você já foi reprovado em alguma disciplina da universidade? ( ) Sim ( ) Não
18. Você trabalha?
( ) Sim Horas semanais:________ ( ) Não
19. Caso trabalhe, há quanto tempo você trabalha?______
_______________________________________________
20. Você se sente preparado para o mercado de trabalho?
( ) Sim ( ) Não
2233.. VVooccêê eessttáá ssaattiissffeeiittoo ccoomm oo ccuurrssoo qquuee vvooccêê eessccoollhheeuu??
( ) Sim ( ) Não
24. Você estudou o ensino fundamental I e II:
( ) Todo em escola pública
( ) Todo em escola particular
( ) Parte em escola pública, parte em escola particular
25. Você estudou o ensino médio:
( ) Todo em escola pública
( ) Todo em escola particular
( ) Parte em escola pública, parte em escola particular
26. Classe Social
( ) Baixa ( )Média Baixa ( ) Média ( ) Média Alta ( )Alta
OObbrriiggaaddoo ppoorr ssuuaa ccoollaabboorraaççããoo!!