PROJECTO 02 Quarto Crescente BOLETIM - mapsalgarve.org · exterior originou o aparecimento de...
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O Projecto Quarto Crescente, do MAPS - Movimento
de Apoio à Problemática da Sida, foi um dos contemplados
da 2ª edição do Movimento Mais Para Todos no âmbito da
parceria da SIC Esperança com o LIDL Portugal, tendo como
objectivo proporcionar alojamento temporário a pessoas sem-
abrigo, com qualidade, conforto e dignidade, garantindo um
espaço com condições que proporcionem bem-estar e
harmonia.
O boletim n. 2 apresenta o projecto de decoração dos
espaços que serão intervencionados, criado pelas mentoras do
projecto Incondicional – Atelier de Criação e Decoração,
parceiro do Projecto Quarto Crescente.
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Nascidas em França e licenciadas na área das ciências
sociais, Dina Pires e Annabelle Gomes sempre tiveram uma
enorme paixão pela decoração. Foi em setembro de 2013 que
se conheceram num curso de decoração de interiores, em
Faro, o que veio reforçar a vontade de seguir essa área.
Dotadas de grande criatividade, força de vontade, espírito
inovador e em constante aprendizagem, juntas deram início a
um projecto, onde integraram mais tarde uma terceira pessoa
da área do restauro. O projecto Incondicional - Atelier de
Criação e Decoração propõe serviços de decoração, de criação
de mobiliário e peças, de restauro e transformação, de
workshops e de feng shui.
Para além desta vertente, têm outra no âmbito social,
onde pretende integrar pessoas com deficiências no processo
produtivo. A iniciar o projecto, foram convidadas para
colaborar com o MAPS a renovar a sua imagem. Abraçaram
sem hesitar mais uma iniciativa desta instituição, o Projecto
Quarto Crescente.
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O conceito de decoração de interiores do Projecto
Quarto Crescente, com uma influência no estilo nórdico,
pretende proporcionar um espaço acolhedor e tranquilizante,
com o uso do branco e de madeiras e tem por base os ícones
da cultura tradicional portuguesa, com inspiração no
artesanato de Bordallo Pinheiro, na calçada portuguesa, nas
janelas portuguesas, no azulejo português, entre outros.
O branco transmite a calma e reflecte a luz,
conferindo maior amplitude aos espaços pequenos e dando
coesão às divisões. De forma a tornar o espaço mais
acolhedor, o projecto de decoração incorpora tecidos quentes,
almofadas, têxteis e madeira natural, elementos essenciais
que proporcionam uma sensação de conforto, criando o
contraste pretendido.
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O projecto de decoração tem uma grande influência na
iconografia portuguesa, inspirando-se no artesanato, na
arquitectura e na expressão da cultura portuguesa, revelando
o seu valor no conhecimento histórico, sociológico, artístico e
reconhecendo a sua importância patrimonial.
Os sete espaços do projecto de decoração, estendendo-
se às zonas de acesso, serão decoradas e representadas pela
cerâmica da sardinha de Bordallo Pinheiro, pela cerâmica da
andorinha de Bordallo Pinheiro, pelo azulejo português e
pela janela tipicamente portuguesa.
A sardinha, com o seu figurativismo realista, insere-se
na tendência revivalista da indústria do artesanato português.
Contudo, a ligação da sardinha à cultura portuguesa e o seu
contributo para a economia é profundo e secular.
O primeiro exemplar evoca alguma da cerâmica de
Bordallo Pinheiro, marcando a quadra dos santos populares,
que decorre durante o mês de junho.
A sardinha original de Bordallo Pinheiro, pela sua
natureza clássica e tridimensional, transformou-se num
suporte para as festas populares e tem sido atribuído à
sardinha o estatuto de ícone da cidade de Lisboa.
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Em 1896, Bordallo Pinheiro registou a patente das suas
andorinhas de cerâmica, tendo vindo a transformar-se num
verdadeiro símbolo português. Usadas para decoração em
fachadas de casas, em Portugal e nos vários países onde
portugueses residiam, as andorinhas tornaram-se um símbolo
nacional de identificação cultural.
Fazendo parte do imaginário popular português, as
andorinhas são hoje um ícone do folclore nacional e um
elemento decorativo que o revivalismo trouxe de volta às
casas portuguesas. Podem ser pintadas à mão, com tintas
frias, ou com acabamento vidrado, em várias cores. Além das
andorinhas de cor única, existem ainda as andorinhas
pintadas à mão, com motivos alternativos.
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Criada em 1891, a representação da andorinha
popularizou-se ao longo do século XX no artesanato
português.
Inicialmente para alpendres e exteriores, Bordallo
Pinheiro entusiasmou-se e utilizou bandos de andorinhas em
interiores, peças de cerâmica e azulejos. Não tardou que as
andorinhas se tornassem peças de eleição na decoração, por
dentro e por fora.
Dando continuidade ao objecto simbólico e decorativo
que este ícone ocupa na cultura portuguesa, a andorinha é
hoje recriada, ganhando novos valores e simulando outros
voos.
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O azulejo é, normalmente, utilizado em grande
número como elemento associado à arquitectura em
revestimento de superfícies interiores ou exteriores ou como
elemento decorativo isolado.
Com diferentes características entre si, este material
tornou-se um elemento de construção divulgado em
diferentes países, assumindo-se em Portugal como um
importante suporte para a expressão artística nacional ao
longo de mais de cinco séculos.
Nele se reflecte, além da luz, o repertório do
imaginário português, a sua preferência pela descrição
realista, a sua atracção pelo intercâmbio cultural.
O azulejo é considerado, hoje, como uma das
produções mais originais da cultura portuguesa, onde se dá a
conhecer, como num extenso livro ilustrado de grande
riqueza cromática, não só a história, mas também a
mentalidade e o gosto de cada época.
Antigamente, o azulejo era um material exclusivo de
áreas molhadas, como cozinhas, casas de banho e áreas que
continham instalações hidráulicas. Porém, actualmente é
muito usado como elemento decorativo e estético em
detalhes de construção e decoração.
Amplamente utilizado em fachadas que preservam
tradição e história, as cores que compõem a estampa do
azulejo português, tomaram conta das paredes, dos móveis e
de objectos de decoração, como almofadas, quadros e vasos.
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A janela, duma forma geral, tem uma história longa e
fascinante. Foi desenvolvida em resposta à disponibilidade de
recursos, à evolução do design e da tecnologia e às exigências
e necessidades de quem as utiliza.
Tradicionalmente, a janela confere ao edifício o seu
carácter. A entrada de luz e a possibilidade de ver para o
exterior originou o aparecimento de correntes estilísticas que
permitiram a articulação da forma e da decoração. Esta
expressão estilística, passou a ser um instrumento de
detecção de gostos de certas comunidades ao longo do tempo.
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A forma da janela tem vindo a sofrer alterações ao
longo dos tempos. Na realidade este processo não foi
unicamente afectado de preocupações funcionais. As
preferências sociais e estéticas desempenharam papéis
significantes na determinação do resultado final do tipo de
janela.
A janela de estilo tradicional português inunda as
fachadas dos edifícios, de norte a sul, enchendo-as de cor,
padrão, linhas, arquitectura, história e tradição.
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São dois livros
Minhas janelas
Náufragas no seu remar
Cada uma tem um peixinho
Nadando no grande mar
Minha porta é só silêncio
Paisagem
Noite
e
Luar
Lagos s(em) brilho de estrelas
Que acordam à noite
A sonhar.
Autor desconhecido
Agradecimentos Associados, Funcionários, Utentes e Voluntários do MAPS Câmara Municipal de Lagoa Câmara Municipal de Faro Incondicional – Atelier de Criação e Decoração Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária LIDL Portugal Movimento Mais Para Todos SIC Esperança
Projecto Quarto Crescente | Boletim N. 2 Direcção Movimento de Apoio à Problemática da Sida
Gestão e Coordenação Movimento de Apoio à Problemática da Sida | Incondicional – Atelier de Criação e Decoração
Produção de Conteúdos Anabelle Gomes | Dina Pires | Elsa Morais Cardoso | Fábio Simão | Lígia Costa | Osvaldo Coutinho
Local e Data Faro, julho de 2016