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Projecto “Aprender Xadrez”
Escola Básica Integrada da Vila do Topo Nuno Miguel Machado Pinheiro
Ano Lectivo 2010/2011
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1. Introdução
O Projecto “Aprender Xadrez” resulta de uma parceria inovadora entre a Escola
Básica Integrada da Vila do Topo, Associação de Xadrez da Região Autónoma dos
Açores, Direcção Regional do Desporto e Federação Portuguesa de Xadrez, visando
introduzir o xadrez como ferramenta pedagógica no processo de ensino-aprendizagem
dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico.
Eu, Nuno Miguel Machado Pinheiro, Professor do Quadro de Nomeação
Definitiva na Escola Básica Integrada da Vila do Topo, licenciado em ensino, pelo
Instituto Superior Politécnico de Viseu – Escola Superior de Educação de Viseu – Pólo
de Lamego – Variante Educação Física, apresento o seguinte documento relativo ao
Projecto “Aprender Xadrez”. Este Projecto tem os seguintes objectivos:
- iniciar todos os alunos dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico a prática do
xadrez, modalidade desportiva potenciadora do desenvolvimento de múltiplas
qualidades intelectuais, para além de facilitar e promover a integração social, com uma
implementação faseada;
- utilizar o xadrez como ferramenta didacto-pedagógica no desenvolvimento de
várias aptidões das crianças, incluindo o apoio a outras disciplinas do seu currículo de
aprendizagem; e
- promover e contribuir para uma sã prática desportiva.
Note-se ainda que, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento
escolar, auxilia ao desenvolvimento do sentimento de autoconfiança, visto que apresenta
uma situação na qual os alunos têm a oportunidade de descobrir uma actividade onde se
podem destacar, e paralelamente, progredir em outras disciplinas académicas.
Neste documento, no segundo ponto, apresento de uma forma clara e objectiva a
definição e a finalidade do xadrez como modalidade.
O terceiro ponto refere a abordagem educativa que se pretende implementar
neste projecto.
No quarto ponto, identifica-se os objectivos educativos do xadrez, de acordo
com os diferentes aspectos formativos.
O quinto ponto apresenta algumas competências que ter um professor de xadrez
deverá ter.
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Finalmente, o sexto ponto é a bibliografia, seguida de um anexo, onde se pode
ler notícias de um Projecto implementado por uma autarquia local.
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2. Xadrez: Definição e Finalidade
“O xadrez é um desporto intelectual, que se joga entre duas pessoas, ou equipas,
que dispõem de forças iguais, seja em quantidade seja em qualidade, denominadas peças
e que têm cor diferente, geralmente brancas e pretas.” (D’Agostini, 2002).
“As peças movimentam segundo leis convencionais e o jogo tem objectivo de,
após um número variável de movimentos, também chamados lances ou jogadas, ganhar
a partida ao adversário, o que se consegue levando o Rei contrário (o Rei, saibamos, é a
peça mais importante do xadrez) a uma posição especial, a que se denomina mate.”
(D’Agostini, 2002).
O objectivo, portanto, do jogo de xadrez é dar mate ao adversário. E o jogador
que consegue primeiro dar mate a seu rival primeiro é quem vence a partida
(D’Agostini, 2002).
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3. Delimitação da abordagem do Xadrez
É reconhecido que as crianças que praticam o xadrez, melhoram notavelmente a
sua capacidade de raciocínio, o que se reflecte num melhor rendimento escolar. O
xadrez contribui para o desenvolvimento intelectual, para a educação social e
desportiva, para atingir objectivos culturais e ampliar conhecimentos, para o
desenvolvimento pessoal e formação do carácter.
Durante a partida de xadrez a cada jogada está associado um acto de uma
reflexão, que precede a eleição do movimento. Este processo de reflexão requer atenção
(aplicação voluntária do pensamento à actividade que se realiza) e concentração
(capacidade de isolar-se voluntariamente do mundo exterior e centrar-se exclusivamente
na acção que se realiza). A prática do xadrez potencia estas capacidades que favorecem
um melhor rendimento escolar.
O xadrez é um estímulo poderoso da tenacidade, do espírito de luta e da
capacidade de sacrifício. A lógica que rege a sequência de jogadas de uma abertura ou
de uma combinação ou a precisão de alguns finais de partida tem muita relação com os
processos de raciocínio utilizados nas matemáticas.
O xadrez é claramente uma ferramenta educativa. Qualquer projecto, programa
ou plano de ensino-aprendizagem do xadrez deve ser encarado como um Projecto
Educativo.
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4. Objectivos educativos do xadrez, de acordo com os diferentes
aspectos formativos
A educação formal escolar em certos níveis etários tem evoluído condicionada
por uma sociedade que por vezes parece dar mais importância à informação do que à
formação. Todavia, nada serve ter pessoas perfeitamente formadas tecnologicamente, se
os seus conhecimentos não são acompanhados de uma sólida formação humana, que
permita ao indivíduo desenvolver-se harmoniosamente dentro de uma sociedade cada
vez mais complexa e exigente.
O Xadrez reitera-se num instrumento formativo de primeira ordem, já que faz
desenvolver capacidades intelectuais que ajudam a fomentar conhecimentos do mundo
actual e contribui para a formação integral da pessoa.
Os objectivos educativos que se pretendem alcançar com o ensino/aprendizagem
do xadrez podem classificar-se em três grandes grupos, atendendo aos diferentes
aspectos formativos sobre os quais incidem:
• Desenvolvimento intelectual;
• Educação social e desportiva; e
• Desenvolvimento pessoal e formação do carácter.
Concretizando cada um destes aspectos em:
Desenvolvimento intelectual e cognitivo
1) Desenvolver a atenção e o poder de concentração;
2) Aumentar a percepção, discriminação, análise-síntese e orientação espacio-
temporal;
3) Potencializar a capacidade de raciocínio lógico-matemático;
4) Interpretar e utilizar correctamente códigos e nomenclaturas (associados às
linguagens do xadrez); e
5) Desenvolver a criatividade e a imaginação.
Educação social e desportiva
1) Respeitar regras, leis das competições e normas de comportamento;
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2) Valorizar e respeitar o silêncio com fonte de concentração;
3) Fomentar o desenvolvimento de relações interpessoais equilibradas e
construtivas; e
4) Aceitar desportivamente o resultado das partidas, comportando-se
correctamente perante a vitória ou a derrota.
Desenvolvimento pessoal e formação do carácter
1) Analisar sistematicamente os problemas, utilizando procedimentos adequados
para obter a informação, seleccioná-la, organizá-la e utilizá-la;
2) Expressar de forma organizada contestações, conclusões e soluções de
problemas;
3) Valorizar com antecipação as vantagens e inconvenientes de uma decisão, e
planificar antecipadamente as respostas a possíveis situações; e
4) Responsabilizar-se pelos próprios actos, reconhecendo os acertos e os erros
cometidos e assumindo as consequências positivas ou negativas das decisões tomadas
(no xadrez não é possível invocar desculpas exteriores às próprias opções que o
praticante toma durante o jogo, perante as consequências negativas de uma decisão
erradamente tomada);
5) Desenvolver a auto-estima e a capacidade de superação, valorizando o próprio
progresso na aprendizagem e adquirindo um nível adequado de autoconfiança;
6) Aumentar o controlo emocional e a impulsividade, evitando acções
irreflectidas;
7) Estimular a perseverança na abordagem de tarefas e resolução de problemas;
8) Analisar as questões e as novas situações de diferentes pontos de vista,
incluindo as perspectivas do adversário;
9) Fomentar iniciativas dentro do grupo com intenções de crítica construtiva;
10) Ter satisfação pessoal com os processos de raciocínio e de actividade
mental, enquanto se envolve na prática do jogo; e
11) Orientar os tempos de ócio para actividades construtivas e criativas.
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5. O Professor de Xadrez
Quando o professor de xadrez ensina as regras básicas aos seus alunos e os
coloca a jogar, está também a colocá-los numa linha de delicado equilíbrio.
Inicialmente o aluno passa por forma de jogar egocêntrico, elaborando planos e
combinações que poderiam ser realizadas se o seu oponente não fizesse lances. Aos
poucos, vai percebendo que o lado oposto procura obstruir a realização dos seus planos.
Ele começa a temê-lo, mas não muda de atitude, continua a jogar do mesmo modo
egocêntrico, simplesmente desejando que o adversário não seja capaz de invadir o seu
plano e vencer a partida.
Atinge-se assim um ponto crítico e delicado: o espírito de competição
desenvolve-se. Como evoluir? Neste ponto a interferência do professor é muito
importante para controlar esta força, pois se for descurada poderá ter consequências
perigosas.
O espírito de competição exagerado pode levar à concentração de todas as
energias numa só actividade limitada, negligenciando a evolução homogénea da
personalidade. Pode levar, também, a um grande desapontamento que, por sua vez, pode
deixar marcas profundas no carácter da criança, como falta de autoconfiança,
acomodação, etc.
Por todos estes factores, o professor deve motivar o aluno a jogar xadrez por
prazer, mais do que para vencer a qualquer custo. Ele deve mostrar aos seus alunos a
riqueza das variantes e linhas de abertura, a criatividade do meio jogo e a lógica do
final. Em poucas palavras, deve ensiná-lo a explorar a beleza do xadrez, ao invés de
valorizar a efémera glória da vitória.
Usando as palavras de Tigran Petrossian, Grande Mestre Internacional e
Campeão do Mundo de 1963 a 1969: "Uma tendência notável no xadrez moderno é a
predominância do elemento desportivo sobre o criativo. O facto de hoje em dia o
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resultado ser mais importante que o conteúdo é nossa infelicidade, uma infelicidade
que o público indiscriminadamente aplaude. Eu não posso imaginar que um jogador,
genuinamente amante do jogo, possa sentir prazer apenas com o número de pontos
marcados, não importa quão impressionante seja o total”. (PAIZES, 1974).
Estas considerações levam à seguinte questão: como deveria ser o professor
ideal de xadrez?
Lasker escreveu no seu manual: “el camino a recorrer hacia esta enseñanza
requiere buenos profesores, unos maestros de ajedrez que sean al mismo tiempo unos
genios de la docencia.” (LASKER, 1997, p. 350).
Palavras de sabedoria de alguém que deseja formar não apenas um forte jogador,
mas também um bom cidadão de uma sociedade melhor.
Contudo, como essa combinação perfeita é difícil de encontrar, o que é
prioritário? Um professor de xadrez que seja um bom educador ou um forte jogador?
Acreditamos que um bom educador que não seja um forte jogador, poderá
atrapalhar a evolução do aluno, enquanto um forte jogador que seja um péssimo
educador poderá danificar o carácter da criança.
Por isso defendemos que o xadrez nas escolas seja ministrado por pessoas que
possuam tanto o suporte pedagógico, como os conteúdos específicos do xadrez.
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6. Desenvolvimento do Projecto
6.1. Cronograma
O Projecto “Aprender Xadrez” terá um apoio principal da Escola Básica
Integrada da Vila do Topo, no entanto será integrado no Clube de Xadrez da Vila do
Topo.
Este projecto iniciará no início do dia 01 de Outubro de 2009 e terminará em 25
de Junho de 2010.
6.2. Número de aulas
O número de treinos previsto para a realização do Projecto: “Aprender Xadrez”
corresponde a dois treinos semanais, podendo realizar-se três, no caso de haver vários
alunos com diferentes níveis de aprendizagem.
6.3. Local das aulas
As aulas ocorrerão num espaço físico na Escola Básica Integrada da Vila do
Topo, na sala n.º 4 e n.º 5.
6.4. População Alvo
Este Projecto tem como principal objectivo, iniciar todos os alunos dos 1.º, 2.º e
3.º Ciclos do Ensino Básico na prática do xadrez, modalidade desportiva potenciadora
do desenvolvimento de múltiplas qualidades intelectuais, além de facilitar e promover a
integração social, com uma implementação faseada, idades compreendidas entre os 10 e
os 16 anos de idade.
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6.5. Orçamento
O orçamento para o desenvolvimento do Projecto: “Aprender Xadrez” durante
os meses de Outubro de 2009 a Junho de 2010 terá o apoio da Escola Básica Integrada
da Vila do Topo, onde poderá colaborar em tabuleiros, peças, formação do
monitor/professor, em informações úteis à promoção da modalidade de xadrez nos
custos das fotocópias para publicidade, realização de fichas de aprendizagem para os
alunos e em informações para os Encarregados de Educação.
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7. Conteúdos de Aprendizagem de Xadrez
O Projecto: “Aprender Xadrez” abordará os seguintes conteúdos:
1. Xadrez: definição e finalidade.
2. Elementos do Xadrez: Tabuleiro e Peças.
3. O Tabuleiro.
4. As Peças. Posição Inicial das Peças.
5. Movimentos das Peças:
5.1. O Bispo.
5.2. A Torre.
5.3. A Dama.
5.4. O Rei.
5.5. O Peão.
5.6. O Cavalo.
6. Valor Comparativo das Peças.
7. Limite e Modificação no Movimento das Peças.
8. Captura das Peças.
9. Xeque e Xeque-Mate.
9.1. Como Proceder o Rei em Xeque.
9.2. Significação do Xeque-Mate.
10. Movimentos Extraordinários.
10.1. Roque.
10.2. Tomar “en Passant”.
10.3. Promoção do Peão.
11. Empate
11.1. Empate por Xeque Perpétuo.
12. Notações.
12.1. Como reproduzir uma jogada.
12.2. Sistema Algébrico.
12.3. Anotação de uma posição pelo Sistema Algébrico.
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13. Finais.
13.1. Mates Elementares.
13.1.1. Dama.
13.1.2. Torre.
14. Elementos de Combinação.
14.1. Princípio do Rei em Perigo.
14.2. Princípio da Peça Imóvel.
15. Aberturas.
15.1. Generalidades.
15.2. Teoria das Aberturas.
15.3. Conceitos Fundamentais nas Aberturas: o Desenvolvimento e o
Centro.
15.4. O Desenvolvimento.
15.4.1. Lances de Peões nas Aberturas.
15.4.2. Casas ideias para as peças.
15.4.3. Normas no Desenvolvimento das Peças.
16. O Centro.
16.1. Vantagens do Domínio do Centro.
16.2. Importância do Peão Central.
17. O Meio-Jogo.
17.1. Como explorar uma Posição Restringidas.
17.2. Condições para um Ataque.
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8. Bibliografia
D’Agostini, Orfeu (2002). Xadrez Básico. Rio de Janeiro: Ediouro.
Packman, Ludek (1991). Fundamentos do Xadrez-Aberturas. Lisboa: Editorial
Presença.
Federação Portuguesa de Xadrez (www.fpx.pt)
Associação de Xadrez do Porto (www.axp.pt)
Borges, Jorge (2007). Poemas Escolhidos. Dom Quixote.
Vila do Topo, 04 de Outubro de 2010
Professor Responsável pelo
Clube de Xadrez da Escola Básica Integrada da Vila do Topo
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(Nuno Miguel Machado Pinheiro)
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9. Anexos
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