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Projeto AEDES - Aeronave de Defesa Social
Autores:
Dino Lincoln Figueirôa Santos1
Felipe Augusto Saraiva da Silva2
Fernando de Souza Silva3
Gabriel Filipe de Azevedo Pereira4
Lucas Augusto Andrade de Oliveira5
Marina Pereira Farias do Amaral6
Resumo
Este artigo apresenta os designs de dez (10) protótipos de VANTs concebidos pelos alunos da
disciplina de Projeto de Produto V (Design Aeroespacial) do bacharelado em Design da UFRN
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Devido aos problemas de segurança pública
no campus universitário, sendo as principais vítimas mulheres, os alunos projetaram aeronaves
que patrulhassem a região com a missão primária de proteger alunas circulando em áreas que
considerem de risco. O projeto supracitado foi denominado de AEDES (Aeronave de Defesa
Social). A metodologia utilizada incluiu: estudos em ciência e tecnologia aeroespacial, visitas
técnicas, exploração do problema, concepção de sketches, desenho técnico, modelagem 3D,
testes em túnel de vento virtual (Flow Design), impressão de miniatura em 3D, testes em mini
túnel de vento e, por fim, concepção de modelo de isopor em escala. A duração total deste
processo foi de 4 meses. Como resultado, este documento apresenta os modelos AEDES
concebidos e uma análise técnica de cada um deles.
Palavras-chave: segurança pública; VANT; defesa; aeronave; design.
1 Doutor em Design. Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Cientista do
GPCTA – Grupo de Pesquisa em Ciência e Tecnologia Aeroespacial. 2 Acadêmico do 9º período do bacharelado em Design da UFRN. 3 Acadêmico do 9º período do bacharelado em Design da UFRN. 4 Acadêmico do 7º período do bacharelado em Engenharia Mecânica da UFRN. 5 Acadêmico do 9º período do bacharelado em Design da UFRN. 6 Acadêmica do 8º período do bacharelado em Design da UFRN.
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1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
A segurança pública enfrenta problemas em escala nacional. No Brasil, as Forças Armadas
corriqueiramente são acionadas para missões de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) devido a
sobrecarga enfrentada pelas Forças Auxiliares em muitos estados da federação. Só em 2016,
registraram-se 61 mil homicídios no Brasil, um número de mortes equivalente ao deixado pela
bomba atômica em Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial. O estado do Rio Grande do
Norte fica em segundo lugar no ranking de mortes violentas por 100 mil habitantes (56,9),
perdendo apenas para o estado de Sergipe (60) (G1, 2017).
A insegurança que afronta os brasileiros não é diferente nos grandes campi universitários. O
número de roubos próximo a Universidade de São Carlos aumentou quase 43% entre 2016 e
2017. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (doravante UFRN), foram registrados
21 assaltos em 2017 (LIMA, 2017). Os estudantes universitários apresentam-se como alvos
atraentes, uma vez que carregam objetos de valor que atraem meliantes, como smartphones ou
notebooks. As paradas de ônibus distribuídas pelo campus são o principal ponto de abordagem
dos bandidos (G1, 2015). Neste contexto, as principais vítimas são mulheres. Sua
vulnerabilidade tem se externado no número de aproximadamente 67% delas já terem sofrido
algum tipo de assédio sexual no ambiente universitário (INSTITUTO AVON et al. 2015).
Em face a estes problemas, alinhando-se com uma política da UFRN de enfrentamento à
violência contra a mulher, fora proposto aos alunos da disciplina de Projeto de Produto V (cujo
tema é Design Aeroespacial) o projeto de uma aeronave que ajude a proteger as alunas
circulando no campus universitário. O projeto fora batizado de AEDES (Aeronave de Defesa
Social). O mesmo tem o potencial de despertar o interesse dos estudantes por questões de
Defesa vindo eventualmente a fornecer no futuro capital humano qualificado para a BID7
(BRASIL, 2008).
A disciplina é ministrada no bacharelado em design da UFRN e, durante um semestre, os alunos
ficaram imersos em ciência e tecnologia aeroespacial com o objetivo de projetar uma solução
para o problema de segurança pública supracitado. Em 2017, foram duas turmas com um total
de trinta e seis (36) alunos distribuídos em dez (10) equipes, cada qual com seu projeto. Os
requisitos estabelecidos pelo professor para o projeto de cada aeronave AEDES foram:
7 Base Industrial de Defesa – conjunto de empresas que participam do projeto, desenvolvimento e produção de
produtos de defesa.
Figura 1 - Modelo 3D do AEDES 2E LILITH desenvolvido por alunas de design da UFRN. Fonte: Os Autores
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Ser um VANT8;
Operar equipado com FLIR (Forward Looking Infrared) ou equipamento similar;
Ser acionado por alunas através de seus respectivos smartphones (aplicativo);
Dirigir-se e patrulhar a coordenada emitida pelo smartphone por um tempo
determinado;
Pode permanecer patrulhando em voo, alternando o turno com uma frota, ou decolar no
momento que for acionado, a critério do projetista;
Pode atuar em frota simultânea para cobrir o terreno ou não, a critério do projetista;
O projeto do aplicativo de acionamento em si seria desenvolvido noutra disciplina.
Desta feita, o objetivo geral da presente pesquisa foi: o emprego da metodologia de design na
concepção de aeronaves tipo VANT para proteção das alunas circulando no campus da UFRN.
Este artigo está organizado de modo que apresentam-se os objetivos e problemática da pesquisa,
seguidos de detalhamento da metodologia adotada para conceber as aeronaves. Como
resultados apresentam-se os projetos e uma breve análise técnica de cada um, além das
conclusões. Ao longo deste documento são apresentados os projetos AEDES que receberam,
cada um dos 10 (dez) projetos, uma nomenclatura de acordo com a equipe que o projetou (Vide
Figura 1 acima).
2. METODOLOGIA
Para que os alunos de design estivessem aptos a conceber os designs de aeronaves conforme a
problemática outrora exposta neste documento, seguiu-se a metodologia de dez (10) etapas
(Tabela 1). Estas etapas foram elaboradas com base em outras metodologias do seguimento
aeroespacial, como a SMAD (Space Missions Analysis and Design) (WERTZ & LARSON,
1999).
ETAPA ATIVIDADE
Etapa 1 Estudos em ciência e tecnologia aeroespacial
Etapa 2 Visitas técnicas
Etapa 3 Exploração do problema
Etapa 4 Propostas de solução (Sketches)
Etapa 5 Desenho técnico
Etapa 6 Modelagem 3D
Etapa 7 Flow Design (Túnel de vento virtual)
Etapa 8 Tunel de vento real
Etapa 9 Prototipagem em escala
Etapa 10 Exposição para especialistas
Tabela 1- Procedimentos metodológicos
8 Veículo Aéreo Não-Tripulado, por vezes nomeado como Drone
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A seguir, é explicitada cada uma destas etapas. No decorrer delas, é possível detalhar melhor
materiais e métodos aplicados.
2.1. Estudos em Ciência e Tecnologia Aeroespacial
Ensino de conhecimento de base sobre física: aerodinâmica, fluidos, pressão atmosférica,
pressão dinâmica, túnel de Venturi, princípio de Bernoulli, etc. (HOMA, 2012). Seguidos de
conteúdo sobre conhecimentos técnicos de aeronaves: aeródinos, aeróstatos, aerofólios, perfis
de asa, tipos estruturais, superfícies aerodinâmicas, superfícies de controle, efeitos
aeroelásticos, dispositivos hiper-sustentadores, sistemas de propulsão, alta velocidade, ondas
de choque, etc. (HOMA, 2011; SAINTIVE, 2012).
2.2. Visitas Técnicas
Após o aprendizado em sala de aula, os alunos realizaram visitas técnicas supervisionadas pelo
professor nas seguintes instituições:
PROTOLAB: Laboratório de Prototipagem da UFRN. Local onde eles posteriormente
iriam imprimir em 3D suas miniaturas dos protótipos para testes em túnel de vento.
Car-Kará Aerodesign: Equipe de competição SAE 9 em Aerodesign. Ao visitar a
oficina do Car-Kará, foi possível observar materiais, motores e demais tecnologias
aplicadas ao projeto de pequenas aeronaves, como VANTs. Posteriormente integrantes
deste grupo (em sua maioria estudantes de engenharia mecânica) integraram-se aos
projetos AEDES auxiliando a produção dos protótipos.
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI): O primeiro centro de
lançamento de foguetes do Brasil também possui projetos de VANTs como o
SpaceVANT (Figura 2). A visita à hangares de montagem de foguetes, áreas de
lançamento e demais estruturas do CLBI ampliaram sobremaneira os conhecimentos
dos alunos sobre tecnologia aeroespacial.
Centro de Vocação Tecnológica Espacial (CVT): Infraestrutura mantida pela
Agência Espacial Brasileira dentro do território do CLBI com diversos hangares
9 Society of Automative Engineers, entidade que regula as competições de Aerodesign.
Figura 2 - Conhecendo o SpaceVANT do CLBI. Fonte: Os Autores
5
temáticos para ensino de tecnologias aeroespaciais como satélites, propulsores, rovers,
e etc.
ALA 10 - Base Aérea de Natal: Visita supervisionada pelos militares ao Esquadrão
Gavião (1º/11º GAv)10 e Esquadrão Joker (2º/5º GAv)11, com suas aeronaves H-50
Esquilo e A-29, respectivamente (Figura 3). Diversas explanações sobre a estrutura das
aeronaves, cockpit, instrumentação, armamentos, funcionamento geral, materiais
aplicados e motores foram fundamentais para a consolidação do conteúdo em
conhecimentos técnicos vistos em sala de aula.
Em sequência às visitas técnicas (que duraram 3 semanas), os alunos retornaram à sala de aula
para começar criar soluções de aeronaves para o problema de insegurança enfrentado pelas
alunas, objetivo do projeto.
2.3. Exploração do problema
Utilização de métodos comuns no design para levantar informações sobre o problema abordado
(insegurança das alunas), o local (UFRN), e a tecnologia (VANT) a ser empregada. Durante
esta etapa fora possível aos alunos entender a dimensão do problema abordado. O campus
central da UFRN é o maior de todo o Norte-Nordeste em extensão territorial. Apesar das 2.150
câmeras de segurança espalhadas, 360 profissionais de segurança contratados e 5 viaturas para
patrulhamento ostensivo, é impossível a plena proteção dos 43.000 estudantes que espalham-
se por 123 hectares de território acadêmico (LIMA, 2017). Sendo a maior parte deste vasto
território a céu aberto e com esta dificuldade para suprir as crescentes necessidades de
segurança dos alunos, em especial mulheres, o AEDES revelou-se uma ideia ainda mais
eficiente. Uma vez que VANTs tem sido cada vez mais aplicados pra segurança pública
(GALVÃO, 2017).
2.4. Propostas de solução (Sketches)
Os sketches são rascunhos de projeto comentados. Eles viabilizam que as ideias saiam do
campo abstrato, possam ser visualizadas, criticadas e alteradas pelos demais projetistas da
equipe. É o modo mais barato, em tempo e recursos, de modificar o projeto em sua etapa inicial
de concepção. Somente após aprender sobre tecnologia aeroespacial e explorar o problema a
10 Primeiro Esquadrão do Décimo Primeiro Grupo de Aviação da Força Aérea Brasileira 11 Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação da Força Aérea Brasileira
Figura 3- Visita técnica ao Esquadrão Joker (ALA 10). Fonte: Os Autores
6
ser enfrentado que os alunos começaram, com maior conhecimento de causa, a propor soluções.
Como explicitado na Figura 4.
Figura 4 - Sketch do AEDES 2E LILITH. Fonte: Os Autores
2.5. Desenho Técnico
Após uma predefinição da estrutura da aeronave, material proposto, modelo de propulsão e tipo
de voo (VTOL/STOL/CTOL)12, os alunos conceberam desenhos técnicos precisos seguindo as
normas ABNT (Figura 5).
Figura 5 - Desenho técnico do AEDES 1D MANTA REY sob normas ABNT. Fonte: Os Autores
2.6. Modelagem 3D
12 Vertical Take-Off And Landing (VTOL), Short Take-Off and Landing (STOL) e Conventional Take-Off and
Landing (CTOL).
7
Com as dimensões e formas bem definidas pelo desenho técnico, cada equipe começou a
modelar em 3D o design da sua aeronave (Figura 6). O software utilizado dependia da expertise
de cada equipe, os utilizados foram o Blender, o Autodesk Fusion 360 ou o Solidworks.
Figura 6 - Render 3D do AEDES 1A HÓRUS. Fonte: Os Autores
2.7. Flow Design (Túnel de Vento Virtual)
Com o uso do software gratuito para uso educacional, Autodesk Flow Design, foi possível
simular as aeronaves (modelos 3D) num túnel de vento virtual. Com estas projeções eram
verificadas as zonas de baixa pressão, alta pressão e até os turbilhonamentos (Figura 7).
Conforme as zonas de baixa pressão se destacavam, era tangível saber se a sustentação da
aeronave (centro de pressão) estava se concentrando numa área próxima do centro de gravidade
ou não. Permitindo ainda no modelo virtual 3D as eventuais correções de design.
Figura 7 - Ensaio do AEDES 2A RACHEL no Flow Design. Fonte: Os Autores
8
2.8. Túnel de Vento Real
Após as correções no design, quando cabíveis, as equipes de alunos imprimiram o modelo
fisicamente em 3D utilizando uma máquina VOID3D com cartuchos de ABS, na infraestrutura
do PROTOLAB13. Levando os modelos para ensaio num mini-túnel de vento que eles próprios
construíram com sucata e material doado (exaustor de parede e fitas LED). Basicamente
replicaram as aulas sobre o túnel de Venturi. O túnel de vento comportava modelos de uma
largura (envergadura) de até 14 cm por um comprimento de 40 cm (Vide Figura 8).
Figura 8- Mini-tunel de vento em construção pelos alunos. Fonte: Os Autores
Figura 9- Modelo do AEDES 2A RACHEL em ensaio no mini-tunel de vento. Fonte: Os Autores
Com o uso de uma máquina digital Cannon EOS 1200D apoiada por um tripé não-profissional
foi possível capturar imagens a 60fps que facilitavam acompanhar em câmera lenta o fluido de
ar passando pelo modelo (Figura 9). Confirmando, ou não, o previsto no Flow Design. Em
alguns casos, novas correções de design eram necessárias para a próxima etapa.
13 Laboratório de Prototipagem da UFRN
9
2.9. Prototipagem em Escala
Etapa após etapa o design de cada protótipo foi se aperfeiçoando. Por limitações de tempo e
recursos da disciplina, a concepção dos protótipos parou nestes últimos modelos em escala,
esculpidos em isopor por intermédio de um cortador elétrico, estiletes, e lixa (Figura 10).
Processo também conhecido como “Mock-up” (MACARRÃO, 2007).
Figura 10 - Aluna usando o cortador elétrico de isopor supervisionada por técnicos. Fonte: Os Autores
As longarinas e demais estruturas eram simuladas com palitos de churrasco. Soldas, simuladas
com cola de isopor. O peso do motor com peças metálicas como parafusos ou moedas cravadas
no modelo, para o correto posicionamento do centro de gravidade. Os modelos de isopor têm a
característica e estarem balanceados, próximos do que seriam o modelo final da aeronave
(Figura 11). Portanto, quando arremessados os modelos realizaram um voo planado. Exceto os
modelos VTOL de propulsão crítica, que não permitiam voo planado sem um ajuste eletrônico
da motorização, não realizaram o planeio por razão óbvia: os modelos ainda não tinham o
motor, apenas o peso simulando eles na estrutura.
Figura 11- AEDES 2A RACHEL em escala e balanceado. Fonte: Os Autores
10
2.10. Exposição para Especialistas
Como última etapa as 10 equipes realizaram conjuntamente uma exposição de seus protótipos
ao lado de um banner expositivo para diversos especialistas (Figura 12). Em particular, aqueles
das instituições as quais eles visitaram para aprender sobre tecnologia aeroespacial como a ALA
10 e o CLBI. Professores de diversos departamentos da UFRN e outras universidades, com
expertise no seguimento aeroespacial, também prestigiaram os projetos dos alunos realizando
suas colocações de elogios e correções para cada protótipo apresentado 14 . Nesta mesma
exposição ficou em exibição o túnel de vento construído pelos alunos, além de demonstrações
de planeio dos modelos sendo arremessados.
Figura 12 - Alunas exibindo seu protótipo AEDES 2D MIGA em exposição. Fonte: Cícero Oliveira
O tempo total de percurso destas etapas foi de 4 meses. A seguir, apresentam-se em maiores
detalhes os resultados da aplicação desta metodologia.
3. RESULTADOS
Esta seção apresenta resumidamente uma análise técnica individual de cada modelo AEDES.
Os VANTs concebidos pelos alunos de design caracterizaram de forma diferente quanto a
sistemas de propulsão, aerodinâmica, materiais propostos. Os modelos a seguir representam
apenas protótipos para ilustrar a ideia criada, portanto não possuem motor ou sistema de
navegação (por limitações da disciplina). As imagens das aeronaves em voo são resultado da
modelagem 3D virtual.
A nomenclatura adotada para os projetos é composta pela identificação da turma (1 ou 2),
equipe na turma (A, B, C, etc.) seguido do nome dado pela mesma à sua aeronave, conforme é
possível observar a análise técnica de cada AEDES abaixo (Vide Quadro 1). Para esta análise
considera-se: motor, tipo e comentários técnicos. Quanto ao tipo de aeronave, convém destacar
que os alunos-projetistas adotaram VTOL ou STOL.
14 Opiniões destes especialistas disponível em vídeo no documentário online: https://youtu.be/F8ghfQRhvgw
11
Quadro 1- Projetos AEDES. Fonte: Os Autores
3.1. AEDES 1A – HÓRUS
Motores (3): Elétricos. Tipo: VTOL. Asas recuadas para melhorar a visibilidade da câmera
FLIR no intradorso. Testes no túnel de vento mostraram que sua fuselagem curva oferece
sustentação, permitindo asas menores (Facilitando armazenamento). Transição do ângulo dos
motores de ponta de asa, alternando o voo convencional (maior autonomia) (Figura 13).
Autores(as): Bárbara Rangel, Matheus Salabert e Raphaella Dominik.
Figura 13- AEDES 1A HÓRUS. Fonte: Os Autores
3.2. AEDES 1B – VANDA
Motor (1): Convencional 4 tempos. Tipo: STOL. Redesign do drone militar MQ-9 Reaper,
removendo os sistemas de armas e redimensionando para drone de patrulha conforme as
especificações do AEDES (Figura 14). Autores: Emerson José Azevedo, Michael Starllone e
Wallker Medeiros.
12
Figura 14 - AEDES 1B VANDA. Fonte: Os Autores
3.3. AEDES 1C - ORCA
Motores (3): Elétricos. Tipo: VTOL. Dois rotores nas asas para pouso, decolagem e voo pairado
com rotor de cauda para estabilidade do eixo longitudinal. Cada bloco de rotor muda de ângulo
permitindo voo convencional com sustentação das asas (Figura 15). Autores(as): Johann
Carlos, Fábio Pinheiro e Giuliana Nunes.
Figura 15 - AEDES 1C ORCA. Fonte: Os Autores
3.4. AEDES 1D - MANTA REY
Motores (3): Elétricos. Tipo: VTOL. Com suas luzes e voo pairado demonstra presença e
proteção. Permitindo não só que a vítima o visualize mas também o potencial agressor,
inibindo-o. Com previsão de curta autonomia (25 min), deve operar em frota e decolar somente
quando acionado (Figura 16). Autoras: Gabriela Flor, Larissa Alves, Luísa Castim e Marina
Amaral.
Figura 16 - AEDES 1D MANTA REY. Fonte: Os Autores
13
3.5. AEDES 2A - RACHEL
Motor (1): Elétrico. Tipo: STOL. Com um motor que mistura um "fan" com um estrato-reator,
confunde-se com uma aeronave a jato. O diedro negativo das asas permite com as wingtips
sirvam de trem de pouso tipo "ski". Modelos futuros podem ser VTOL (Figura 17). Autores(as):
Fernando Souza, Felipe Augusto, Marcelo Lago e Raquel Barth.
Figura 17- AEDES 2A RACHEL. Fonte: Os Autores
3.6. AEDES 2B - BOTO
Motor (1): Convencional 4 tempos. Tipo: STOL. Projeto de VANT de grande autonomia. Seu
corpo cilíndrico permite o armazenamento de combustível suficiente para 12 horas de voo. Asas
enflechadas para estabilidade direcional ao corpo alongado (Figura 18). Autoras: Adrielle
Barbosa, Andrieny de Paula, Beatriz Cruz e Luiza Saad.
Figura 18 - AEDES 2B BOTO. Fonte: Os Autores
3.7. AEDES 2C – TAC
Motores (2): Elétricos. Tipo: VTOL. Proposta diferenciada de decolagem e pouso vertical com
a cauda da aeronave baseada no solo (posição vertical como um foguete). Transição para voo
convencional após decolagem (Figura 19). Autores(as): Andressa Kaynara, Camilla dos Santos
e Thiago Barbosa.
14
Figura 19 - AEDES 2C TAC. Fonte: Os Autores
3.8. AEDES 2D – MIGA
Motores (1): Elétrico. Tipo: STOL. Proposta de fuselagem apropriando-se da aerodinâmica de
uma "gota". Asas elípticas para menor resistência e cauda alongada para maior controle com
superfícies pequenas (Figura 20). Autoras: Amannda Cavalcante, Clara Wanderley, Luiza
Albuquerque e Maíra Araújo.
Figura 20 - AEDES 2D MIGA. Fonte: Os Autores
3.9. AEDES 2E – LILITH
Motor (1): Elétrico. Tipo: STOL. Asas recuadas e câmera no nariz para ampliar o raio de
visibilidade. Formato em delta para encurtar a envergadura e facilitar o armazenamento.
Mínima área frontal e uso de winglets para reduzir arrasto (Figura 21). Autoras: Clara
Vasconcelos, Juciara Rodrigues, Laura Dias e Luiza Fonseca.
Figura 21- AEDES 2E LILITH. Fonte: Os Autores
15
3.10. AEDES 1F - BLACK MANTA
Motor (1): Elétrico. Tipo: STOL. Design baseado em formas naturais pelo uso da biomimética,
utilizando a mecânica dos fluidos de arrais ou peixes batóides. Inspirado nos modelos RQ11-
Raven e RQ-170 Sentinel. Estrutura monocoque (Figura 22). Autores(as): André Victor, Jéssica
Almeida, Marcos Paulo e Renatta Pereira.
Figura 22- AEDES 2F BLACK MANTA. Fonte: Os Autores
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta seção apresentam-se algumas considerações sobre os resultados supracitados e algumas
notas conclusivas.
Algumas práticas comuns aos designers foram observadas nas concepções dos projetos, como
o uso da biomimética que inspira o projetista com base em tecnologias existentes na natureza
(BENYOUS, 2012). O AEDES 2D MIGA é visivelmente inspirado na aerodinâmica de uma
gota d’água. Já os AEDES 1D MANTA REY e AEDES 2F BLACK MANTA são inspirados
na fluidez das arraias.
Quanto a configuração do voo das aeronaves, apesar de 40 % (quarenta porcento) dos modelos
serem VTOL, os projetos AEDES 2A RACHEL e AEDES 2E LILITH seguiram linha de
raciocínio modular progressiva de desenvolvimento, como o caça F-35. Esta aeronave da
Lockheed Martin começou pela versão STOL (versão Alpha) e depois de amadurecido o projeto
chegaram à versão VTOL (a partir da versão Bravo). Porém a intenção inicial sempre foi
conceber um modelo de decolagem vertical. Ou seja, com o eventual desenvolvimento destes
projetos, a maioria dos projetos AEDES adeririam a uma característica de voo VTOL,
eliminando a necessidade de pistas de decolagem.
Como versão final, as aeronaves deveriam ser controladas por uma estação remota, com pelo
menos 1 (um) operador treinado. Mesmo que o voo das mesmas seja automático ou semi-
automático.
Convém destacar que os AEDES aqui apresentados para enfrentamento à violência contra a
mulher no amplo campus da UFRN são perfeitamente desdobráveis para outras missões. É
possível desenvolvê-los e adaptá-los a outros campi universitários ou mesmo, fugindo da
atuação no meio acadêmico, o patrulhamento de áreas em cidades que a defesa social tenha
identificado como “áreas quentes” no que se refere a criminalidade.
16
Este leque multimissão é amplo. Com os problemas de vigilância da vasta fronteira brasileira o
eventual desenvolvimento de algum dos designs apresentados nesta pesquisa poderia ser uma
resposta de baixo custo para questões de soberania nacional. Existe ainda possibilidade de
atendimento à operações de patrulhamento de grandes eventos, entorno de estádios, praias
densamente povoadas (vigilância e salvamento), shows, presídios, etc.
Figura 23- Alunos expondo o AEDES 2A RACHEL no Campus Future. Fonte: Campus Party
Como frutos da presente pesquisa, um dos designs foi selecionado para o Campus Future. Um
programa da Campus Party que seleciona projetos acadêmicos inovadores para lhes
proporcionar destaque perante a mídia e a sociedade. O AEDES 2A RACHEL, selecionado
dentre centenas de propostas, ficou em exposição durante a Campus Party Natal que dos dias
11 a 14 de abril de 2018 recebeu cerca de 60 mil visitantes (Figura 23 acima).
Por fim, é possível considerar que os projetos AEDES concebidos por estudantes universitários
de design revelaram propostas tangíveis de tecnologia aeroespacial aplicada à soluções de
problemas sociais e de segurança nacional. O que vem de encontro ao Programa Nacional de
Defesa, que visa nacionalizar o máximo possível os produtos de defesa bem como o capital
humano da Base Industrial de Defesa (BRASIL, 2008). Para isso, é preciso despertar a vocação
de nossos universitários que serão os futuros agentes de inovação para esta indústria, como tem
sido feito no presente programa.
5. DESDOBRAMENTOS
Por limitações de tempo e recursos da disciplina não foi possível avançar nas etapas seguintes
do desenvolvimento. Portanto, ficam como sugestões de desdobramentos ao presente projeto:
desenvolvimento estrutural dos protótipos em fibra de vidro e fibra de carbono;
desenvolvimento de superfícies de controle atuadas por servo-motores; projeto da estação de
controle AEDES; instalação sistema de telecomunicações; instalação e testes de sistemas de
propulsão; desenvolvimento e instalação de sistemas autônomos de controle.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam prestar os devidos agradecimentos pelo apoio à realização desta pesquisa
ao(à): Força Aérea Brasileira, Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, ALA 10,
17
Esquadrão Gavião (1º/11º GAv), Esquadrão Joker (2º/5º GAv), AEROLAB, PROTOLAB e ao
Prof. Daniel Diniz (Vice-reitor da UFRN).
REFERÊNCIAS
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