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PROJETO DE SERVIÇOS PARA EMPRESAS DE TURISMO NA INTERNET: ANÁLISE DE UMA PROPOSTA ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASOS Marcelo Pereira Barbosa Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto COPPEAD de Administração Mestrado em Administração Orientador: Kleber Fossati Figueiredo Ph.D em Administração de Empresas Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2003

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PROJETO DE SERVIÇOS PARA EMPRESAS DE TURISMO NA INTERNET:

ANÁLISE DE UMA PROPOSTA ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASOS

Marcelo Pereira Barbosa

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Instituto COPPEAD de Administração

Mestrado em Administração

Orientador: Kleber Fossati Figueiredo

Ph.D em Administração de Empresas

Rio de Janeiro, RJ - Brasil2003

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PROJETO DE SERVIÇOS PARA EMPRESAS DE TURISMO NA INTERNET:

ANÁLISE DE UMA PROPOSTA ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASOS

Marcelo Pereira Barbosa

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de

Administração – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de mestre.

Aprovada por:

___________________________________Prof. Kleber Fossati Figueiredo – Orientador

COPPEAD / UFRJ – Presidente da Banca

___________________________________Prof. César Gonçalves Neto

COPPEAD / UFRJ

___________________________________Prof. Valdecy Faria Leite

FACC / UFRJ

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

2003

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FICHA CATALOGRÁFICA

Barbosa, Marcelo Pereira.

Projeto de serviços para empresas de turismo na internet: análise deuma proposta através de um estudo de casos / Marcelo Pereira Barbosa. - Riode Janeiro: COPPEAD, 2003.

xiii, 130 f.: il.

Dissertação (Mestrado) – Instituto COPPEAD de Administração,Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003.

Orientador: Kleber Fossati Figueiredo

1. Projeto de Serviço. 2. Service Design. 3. Turismo. 4. Administração -Teses (Mestr. – UFRJ/COPPEAD). I. Figueiredo, Kleber Fossati (Orient.). II.Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração.III. Título.

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“Não existe uma coisa chamada indústriade serviços. O que existe são indústriascujos componentes de serviço são maioresou menores que os das outras indústrias”(Levitt, 1972)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Prof. Kleber Fossati Figueiredo, pela paciência,

pela luz, pelo incentivo e por acreditar a todo momento na realização desse

trabalho.

Aos funcionários do Coppead, que atuaram de forma tão prestativa e

atenciosa, agradeço pela ajuda.

Ao meu “amigo-irmão” Alessandro, agradeço pelas broncas nos momentos

certos, pelas infindáveis horas de incentivo e apoio nos momentos mais críticos

e por mostrar como uma amizade sólida é importante nas nossas vidas. Muito

de você está nesse trabalho.

O meu muito obrigado aos meus pais, irmãos, tias, tio e primos por estarem

sempre ao meu lado, dando puxões de orelhas quando eu os merecia, mas

também me oferecendo suporte, incentivo e carinho mesmo que às vezes sem

se utilizarem de palavras. Gostaria de agradecer em especial ao meu pai pelo

modelo de pessoa e profissional e à minha mãe pelo carinho e paciência nos

momentos finais.

Agradeço imensamente a Sica (Simone) pela paciência em ler e reler esse

trabalho diversas vezes e por fazer comentários pertinentes. Quando, em

momentos difíceis, não conseguia enxergar a saída para problemas, lá estava

ela me apoiando e ajudando para que esse trabalho se concretizasse.

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A minha gratidão aos executivos das duas empresas analisadas nesse estudo

por me atenderam e fornecerem informações vitais através de entrevistas e

relatos.

A Manuela, pelo incentivos e estímulos psicológicos recebidos nos últimos 5

anos.

Aos meus amigos de mestrado Murilo Oliveira, Renata Leitão e Fernando

Retumba, agradeço pelas dicas e ajudas em diversas etapas desse trabalho.

Agradeço a Martha Mendes do Departamento de Comunicação e Marketing da

ABAV-RJ pelas dicas e informações sobre o mercado de agências de turismo.

A todos que, anonimamente, se esforçaram por me ajudar a vencer mais esta

etapa estendo a minha gratidão.

A todos, o meu reconhecimento, a minha gratidão e a minha amizade.

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RESUMO

BARBOSA, Marcelo Pereira. Projeto de serviços para empresas de turismona internet: análise de uma proposta através de um estudo de casos.Orientador: Kleber Fossati Figueiredo. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2003.

Dissertação (Mestrado em Administração).

O presente trabalho teve como objetivo propor um modelo de projeto de

serviço para agência de turismo na internet e verificar a aderência desse

modelo com o estudo de dois casos. O modelo proposto baseou-se na revisão

de literatura de modelos de projeto de serviço para empresas no mundo real,

ou seja, empresas que não atuam no mundo virtual da internet, além do

levantamento de informações e características peculiares da prestação de

serviço via internet. O estudo dos casos foi baseado no modelo proposto e as

entrevistas foram elaboradas e realizadas a fim de identificar quais ações e

etapas as empresas realizavam mesmo que intuitivamente. Através das

análises dos casos verificou-se a aderência parcial do modelo à realidade das

empresas que prestam serviços de turismo na internet.

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ABSTRACT

BARBOSA, Marcelo Pereira. Projeto de serviços para empresas de turismona internet: análise de uma proposta através de um estudo de casos.Orientador: Kleber Fossati Figueiredo. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2003.

Dissertação (Mestrado em Administração).

The present work aimed to propose a model of a service design for a

tourist agency at the internet and to check the adherence of the model through

the study of two cases. The proposed model was based on the revision of the

literature of models of service design for companies at the real world, in other

words, companies that don’t act at the virtual world of the internet, besides the

survey of information and peculiar characteristics of the services given by

internet. The study of cases was based on the proposed model and the

interviews were planned and carried out in order to identify which actions and

stages the companies were doing even though in an intuitive manner. It was

verified through the analysis of the cases the partial adherence of the model to

the reality of the companies that offer services of tourism at the internet.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Transformação de especificações de performance em alternativas

conceituais........................................................................................................27

Quadro 2: Quadro-Resumo - Modelo de Projeto de serviço para agências de

turismo na internet............................................................................................68

Pág.

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LISTA DE FIGURAS

Figura1: Formas de contato entre empresas e consumidores......................... 1

Figura 2: Participação das formas de contato em serviços financeiros e

turismo.................................................................................................................2

Figura 3: Ciclo de transformação das necessidades dos consumidores em

especificações de projeto...................................................................................23

Figura 4: Casa da Qualidade para serviço de lavagem a seco de uma

lavanderia...........................................................................................................33

Figura 5: Diferenças entre agências tradicionais e super-lojas.........................48

Pág.

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 :Roteiro de Entrevistas....................................................................127

Anexo 2:Roteiro para Análise dos Sites........................................................130

Pág.

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Sumário

1 PROBLEMA..........................................................................................

1.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO......................................................................

1.3 OBJETIVOS ..........................................................................................

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO.....................................................................

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO...................................................................

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................

2.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................

2.2 O QUE É PROJETO DE SERVIÇO E SUA IMPORTÂNCIA................................

2.3 PRINCÍPIOS DE PROJETO DE SERVIÇOS ..................................................

2.4 PROJETO DE SERVIÇOS.........................................................................

2.4.1 MODELO DE MURDICK ET AL ..............................................................

2.4.2 MODELO DE RAMASWAMY .................................................................

2.5 SERVIÇOS VIA INTERNET .......................................................................

2.6 SERVIÇOS DE TURISMO NO MUNDO REAL X MUNDO VIRTUAL .....................

2.6.1 SERVIÇOS DE TURISMO NO MUNDO REAL.............................................

2.6.2 SERVIÇOS DE TURISMO VIA INTERNET .................................................

2.7 PROPOSTA DE MODELO DE PROJETO DE SERVIÇO PARA AGÊNCIAS DE TUR

NA INTERNET...............................................................................................

2.7.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES.....................................................

2.7.2 DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E PADRÕES DE PERFORMANCE.....................

2.7.3 ALTERNATIVAS DE PROJETO DE SERVIÇO ............................................

2.7.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.......................................................

2.7.5 RESUMO ..........................................................................................

3 METODOLOGIA ...................................................................................

3.1 TIPO DE PESQUISA ...............................................................................

3.2 MÉTODO DE PESQUISA..........................................................................

3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS................................................................

Pág.

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ISMO

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3.4 TRATAMENTO DOS DADOS......................................................................... 73

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO........................................................................... 73

4 DESCRIÇÃO DOS CASOS ...................................................................... 75

4.1 EMPRESA A ............................................................................................. 75

4.1.1 A EMPRESA.......................................................................................... 75

4.1.2 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES......................................................... 77

4.1.3 DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E PADRÕES DE PERFORMANCE......................... 81

4.1.4 ALTERNATIVAS DE PROJETO DE SERVIÇO ................................................ 85

4.1.5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO........................................................... 86

4.2 EMPRESA B ............................................................................................. 89

4.2.1 A EMPRESA.......................................................................................... 89

4.2.2 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES......................................................... 91

4.2.3 DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E PADRÕES DE PERFORMANCE......................... 99

4.2.4 ALTERNATIVAS DE PROJETO DE SERVIÇO .............................................. 101

4.2.5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO......................................................... 104

5 ANÁLISE DOS CASOS.......................................................................... 106

5.1 VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DO MODELO................................................. 106

5.1.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES....................................................... 106

5.1.2 DEFINIÇÃO DE ATRIBUTOS E PADRÕES DE PERFORMANCE ..................... 109

5.1.3 ALTERNATIVAS DE PROJETO DE SERVIÇO .............................................. 111

5.1.4 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO ......................................................... 113

6 RESUMO, CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES DEPESQUISAS FUTURAS ................................................................................ 115

6.1 RESUMO................................................................................................ 115

6.2 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................... 116

6.3 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS ..................................................... 119

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................... 120

ANEXOS ........................................................................................................ 127

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1 Problema

1.1 Introdução

Não resta dúvida de que a internet, mais precisamente a sua parte mais

'amigável' - a World Wide Web (WWW) -, vem provocando grandes mudanças

nos conceitos tradicionais de venda de produtos e de prestação de serviços.

Além disso, a internet se tornou o quarto canal de comunicação entre as

empresas de produtos ou de serviços e seus clientes (vide figura 1).

Figura1 – Formas de contato entre empresas e consumidores

Fonte: Forrester, 2000

Mas o que vem acontecendo nos Estados Unidos, segunda pesquisa realizada

pela Forrester Research Inc. em 2000, demonstra que esse quarto canal já

vem ultrapassando alguns dos canais tradicionais em vendas de alguns tipos

de serviços. Nessa pesquisa, os clientes tradicionais são aqueles que não

utilizam a internet para fazer compras nem solicitar serviços, e correspondem a

75% dos lares norte-americanos. Os consumidores on-line são aqueles que já

utilizam a internet para consumir bens e serviços e representam 25% dos lares

norte-americanos. Os consumidores recentes pela internet compõem um

subgrupo do anterior, e são aqueles que utilizaram a internet para solicitar

serviços ou comprar bens nos últimos 3 meses. Esses correspondem a 5%

dos lares norte-americanos (Forrester, 2000).

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Figura 2 – Participação das formas de contato em serviços financeiros e

turismo

Fonte: Forrester, 2000

Pode-se perceber na Figura 2 que no caso de serviços financeiros, a utilização

da internet quase que se iguala a do telefone no grupo de 'consumidores

recentes pela internet'. No caso de turismo, a utilização da internet já é bem

maior e ultrapassa o uso de catálogos e malas diretas, tanto para

'consumidores recentes pela internet' quanto para 'consumidores on-line'.

Essa movimentação em direção à Internet muda completamente o cenário

competitivo das empresas. Segundo Watson (1999), no mercado tradicional,

às vezes, é natural se aceitar um serviço de má qualidade para não ter que

andar dois ou mais quarteirões para procurar uma outra empresa. Mas no

mundo virtual da internet, as empresas estão tendo que se adaptar ao novo

paradigma: a concorrência está a um 'click' de distância.

Saba (1999) mostrou que uma previsão da Jupiter Communications - uma

empresa especializada em analisar o mercado da internet - indica que entre

1998 e 2003, a taxa de crescimento de consumidores on-line na América Latina

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será de 19%. Essa taxa é maior que a do Leste Europeu (pouco acima de 0%)

e da própria América do Norte (8%).

O Brasil vem mostrando ser um dos mercados mais promissores para essas

mudanças que vêm ocorrendo. A pesquisa realizada pela Jupiter ainda sugere

que, até 2003, cerca de 20 milhões de brasileiros estarão acessando a internet.

Uma outra empresa especializada em analisar o mercado de internet, a

Dataquest, têm uma visão mais conservadora e diz que serão cerca de 11

milhões de brasileiros conectados à grande rede. Mesmo considerando o

número mais conservador, pode-se perceber que é um mercado altamente

promissor: em 1999, a Amazon.com tinha 11 milhões de usuários registrados.

(Saba, 1999).

Através de pesquisas realizadas pela empresa E-Consulting, sabe-se que em

2002, 14,3 milhões de brasileiros eram usuários de internet sendo que desse

total cerca de 7,9 milhões foram classificados com usuários domésticos ativos.

A expectativa é que esse número suba para 17,5 milhões de usuários no Brasil

em 2003 e que os domésticos ativos passem para 10,9 milhões. A base total

instalada de microcomputadores no Brasil foi de 12,7 milhões em 2002 e

espera-se para 2003 que cresça para 14,2 milhões em 2003, demonstrando

existir um espaço para crescimento de usuários de internet ainda maior. O

relatório da E-Consulting mostra que foram transacionados, no Brasil em 2002,

US$ 5,1 bilhões em E-Commerce sendo que o varejo online foi responsável por

0,4 bilhões de dólares. A estimativa é que em 2003 os números sejam de 8,7

bilhões de dólares em E-Commerce e US$ 0,5 bilhões no varejo online. (E-

Consulting, 2003)

Como comparação a informação anterior, pode ser citado Angel (2003) que

informou que na última semana de novembro de 2002, 4 milhões de assinantes

da AOL (America On Line) nos Estados Unidos fizeram compras online,

gastando uma média de US$ 269 por pessoa. Os grandes motivos que os

clientes alegam para comprarem via internet são a conveniência e por não

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precisarem enfrentar as multidões nas lojas. Durante o mês de outubro de

2002 a AOL Time Warner recebeu cerca de 92,6 milhões de visitantes, não

sendo computados múltiplos acessos de um mesmo usuário. Nesse mesmo

período, o site da empresa Yahoo! recebeu 79,8 milhões de visitantes e o site

do governo dos Estados Unidos um pouco mais de 38,3 milhões.

Um outro exemplo do poder crescente da internet é dado por Delhagen (2003)

em seu relatório sobre as previsões para o mercado de varejo em 2003. Ela

cita que, passados 2 anos do esvaziamento da bolha da internet, as empresas

eBay e Amazon estão mostrando que esse novo canal de comunicação com os

clientes, eCommerce, veio para ficar. Em 2002, a eBay faturou 15 bilhões de

dólares americanos e a Amazon 4 bilhões, colocando ambas na lista dos 50

maiores varejistas dos Estados Unidos.

Mas apesar dessa movimentação toda em direção a internet e de mercados

altamente promissores como o brasileiro, não se tem nenhuma, ou talvez muito

pouca, informação sobre modelos de projeto de serviço para internet. Como

será visto no decorrer desse estudo, as propostas de projetos de serviços para

o mercado tradicional ainda são poucas e talvez isso explique a ausência de

projetos também para os serviços prestados via internet.

1.2 Relevância do Estudo

Segundo dados do IBGE (2001), cerca de 57% do PIB brasileiro de 2000

advém do mercado de serviços e o resultado do primeiro semestre de 2001

demonstrou que esse número permanecerá inalterado. A partir da

estabilização da moeda brasileira com o Plano Real, esse número vem

crescendo desde 1994, quando essa fatia era de 50%. Nota-se que é de vital

importância o entendimento e melhoramento do setor de serviços brasileiro

pois ele representa mais da metade do PIB desse país.

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Com o crescente aumento de novos usuários da internet, através de

provedores gratuitos e até de instituições financeiras, o mercado de e-

commerce brasileiro vem demonstrando ser altamente promissor. Como já foi

visto anteriormente, em 2002 já existiam 14,3 milhões de brasileiros usando a

internet, transacionando mais de US$ 5 bilhões e a expectativa para 2003 é de

um crescimento de 22% na quantidade de internautas, indo para 17,5 milhões,

e de mais de 70% no volume transacionado em E-Commerce, passando para

US$ 8,7 bilhões. (E-Consulting, 2003)

Reunindo o crescimento da participação do setor de serviços no PIB brasileiro,

com o crescente aumento de brasileiros acessando a internet, nota-se que se

torna importante a análise de modelos de projeto de serviço para esse novo

mercado que está surgindo.

Além disso, Haksever et al (2000) afirmam que a prestação de um serviço

envolve o cliente, o prestador do serviço, o sistema de entrega, a evidência

física que pode ser um produto que tangibilize o serviço prestado e o próprio

serviço em si. Fica claro que um evento, como a prestação de um serviço, com

tantos itens envolvidos não pode ser deixado a própria sorte. A prestação do

serviço bem como tudo que está associado a ela deve ser cuidadosamente

projetada, planejada e executada.

Para comprovar o que afirmam Harserver et al, Thomke (2003) mostra que o

Bank of America passou a projetar, planejar e executar a prestação de serviços

bancários da mesma forma que é realizado com os produtos na indústria de

bens de consumo. Foi criado um departamento de P&D (Projeto e

Desenvolvimento) que criou um processo de cinco estágios para conceber e

executar experimentos com novos serviços. A cada estágio os passos são

delineados em detalhes, assim como os resultados desejados, os fatores de

sucesso e as medidas de desempenho.

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Os cinco estágios são:

1. Avaliar idéias: conceber idéias, aprovar idéias e priorizar idéias

2. Planejar e projetar: alocar e definir escopo, concluir o projeto e

montar plano de lançamento

3. Implementar: desenvolver o plano de teste e implementar a idéia

4. Testar: monitorar o desempenho, relatar os resultados e aprimorar o

processo

5. Recomendar: concluir recomendação para lançamento do novo

serviço, analisar e aprovar recomendação e comunicar a

recomendação

O Bank of America decidiu utilizar 20 de suas 200 agências de Atlanta como

laboratórios de testes dos novos serviços. O período mínimo de teste era de

90 dias, e tudo que acontece dentro dessas agências é monitorado, registrado

e tabulado para verificação de possíveis falhas e melhorias que se façam

necessárias antes do lançamento definitivo do serviço para todas as agências

do banco espalhadas pelos Estados Unidos. Os resultados obtidos nas 20

agências são comparados com os das agências de controle – agências usadas

para comparação de resultados – e se o novo serviço demonstrasse que o

investimento necessário para o lançamento do novo serviço cobriria os custos,

o serviço era aprovado. (THOMKE, 2003)

Um exemplo foi a da instalação de televisores nas filas dos caixas. Percebeu-

se através de pesquisas que, depois de três minutos em na fila, há uma

defasagem entre o tempo de espera real e o percebido pelo cliente. Uma

espera de dois minutos na fila dos caixas, por exemplo, dá a sensação de ser

dois minutos. Mas uma espera de cinco pode parecer dez minutos. Através da

instalação de televisores nas filas, notou-se que o grau de superstimação da

espera caiu de 32% para 15% na agência de teste. Ou seja, antes da

instalação o tempo de espera médio era de 6,17 minutos mas os clientes

percebiam que, em média, havia se passado 8,16 minutos (diferença de 32%).

Após a instalação, o tempo real de espera era de 6,14 minutos, mas o

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percebido passou a ser de 7,04 minutos (diferença de 15%). Nesse mesmo

período, foram realizados os mesmos testes na agência de controle e

percebeu-se que a superstimação do tempo de espera subiu de 15% para

26%. (THOMKE, 2003)

Embora os resultados fossem animadores, faltava ainda avaliar se os

benefícios de instalação de televisores em todas as agências seriam

substanciais para justificar o investimento. Com base em estudos anteriores a

equipe de P&D sabia que para cada melhora de um ponto no índice de

satisfação do cliente acrescentava US$1,40 ao faturamento anual por domicílio.

Haveria um custo de US$ 22 mil para modernizar cada agência de teste e se

essa iniciativa fosse lançada em nível nacional, o custo por agência cairia para

US 10 mil. Qualquer agência com mais de alguns milhares de domicílios em

sua clientela poderia recuperar o investimento em menos de um ano. No início

de 2003, o Bank of America passou a testar o impacto de uma programação de

TV mais variada, avaliando diferentes intensidades de som e até mesmo a

inserção de publicidade. (THOMKE, 2003)

Já se mostrou a importância da internet e de um projeto de serviço. Faz-se

necessário demonstrar a importância dos serviços turísticos na atualidade.

Os serviços turísticos vem ocupando um espaço extremamente importante em

todos os países do mundo e em especial para aqueles que dependem sua

economia dessa atividade. Segundo o WTTC - World Travel & Tourism Council

(Conselho Mundial de Viagens e Turismo), que ainda não fechou o relatório de

2002 sobre a atividade de turismo no mundo, estima-se que a atividade de

turismo, em 2002, tenha movimentado cerca de 4,23 trilhões de dólares e

tenha gerado um pouco mais que 198,6 milhões de postos de trabalho em todo

o mundo. Em 1990, essa mesma atividade movimentou cerca de 2,8 trilhões

de dólares. Espera-se que em 2003 a movimentação de dinheiro nas

atividades de viagens e turismo cresça para 4,58 trilhões e que o nível de

emprego cresça, no mesmo período, em 1,5%, passando para um pouco mais

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de 201 milhões de empregos diretos e indiretos nessa indústria. A indústria de

turismo emprega cerca 7,8% da força de trabalho mundial. (WORLD TRAVEL

& TOURISM COUNCIL, 2003)

Já para o Brasil, o relatório do WTTC, prevê que o ano de 2002 tenha fechado

com uma movimentação de 40,9 bilhões de dólares americanos, representando

menos de 1% de todo o dinheiro gerado pela indústria de turismo no mundo. O

setor de turismo brasileiro deve ter fechado o ano com cerca de 5,41 milhões

de trabalhadores diretos e indiretos, perfazendo 7,2% de toda a força de

trabalho brasileira. Segundo o relatório, as projeções para 2012 são de uma

movimentação de US$ 70,9 milhões – crescimento de 5,4% ao ano – e 7,28

milhões de empregados no setor – crescimento de 3,2% ao ano. (WORLD

TRAVEL & TOURISM COUNCIL, 2003)

Segundo a mesma pesquisa realizada pelo WTTC (2003), o turismo, a partir de

1993, passou a ser o principal item de exportação mundial, superando os

derivados do petróleo, os automóveis e os eletrodomésticos.

Para complementar e mostrar como o mercado de serviços de turismo via

internet estava, já em 2000, em franco crescimento Peppers and Rogers Group

& PhoCusWright Inc. (2000), fornecem alguns números:

! as vendas nesse setor em 2000 ficaram próximas dos US$12,9 bilhões

enquanto que em 2001 ultrapassariam a quantia de US$20 bilhões

! o número de norte-americanos que compraram online em 2000 subiu

para 21 milhões, praticamente dobrando pelo segundo ano consecutivo

! desses 21 milhões, doze milhões usaram a internet como a sua forma

principal de compra de serviços turísticos, enquanto que dois anos antes

esse número era de 3,5 milhões

! desses 21 milhões, sete milhões compram serviços de turismo

exclusivamente pela internet

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9

! O percentual de 'viajantes online' que usualmente compravam seus

serviços turísticos pela internet cresceu de 10% em 1998 para 27% em

2000 – chegando a 13 milhões de indivíduos

! 44% das pessoas entrevistadas usavam um ou mais web sites de

turismo para procurar os serviços, enquanto em 1999 esse percentual

era só de 28%

Já em um estudo apresentado por Peppers and Rogers Group & PhoCusWright

Inc. (2002), mostra que em 2002 aproximadamente 26 milhões de residências

norte-americanas devem ter gasto cerca de US$22,6 bilhões em turismo de

lazer. Isso é 12% superior ao ano de 2002 e a expectativa é que no ano de

2007, 32% mais residências farão o mesmo gastando US$ 49,7 bilhões. É

importante ressaltar que não estão sendo contabilizadas as consultas, onde o

cliente pode usar mais de um canal para procurar um opção de serviço

turístico, e sim as vendas propriamente ditas. Segundo o estudo, mais de 60%

das residências dos Estado Unidos realizam buscas na internet para suas

viagens de lazer porque eles sabem que é onde encontrarão os melhores

preços.

Mas o próprio relatório adverte que o preço, apesar de estar direcionando o

sucesso da indústria de turismo online, deve ser encarado como uma

estratégia temporária. Para o longo prazo, as companhias devem investir na

estratégia de fidelidade através da internet. De acordo com o relatório, 65%

dos viajantes que compram pela internet não têm nenhuma lealdade a alguma

marca. Para combater isso, o relatório sugere que os consumidores devem ser

abordados por comunicações, via e-mail, personalizadas e com relevância para

os clientes, e com tecnologias tal como quiosques de companhias aéreas para

check-in avançado. (Peppers and Rogers Group & PhoCusWright Inc. ,2002)

Outro relatório revela que houve um aumento de 49% nas vendas online de

hotéis entre 2001 e 2002, totalizando em 2002 US$6,3 bilhões. A previsão e

de que as vendas online de hotéis devam saltar dos US$5 bilhões em 2001

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10

para US14,8 bilhões em 2007. Além disso, 57% das pessoas que compraram

algum serviço de turismo pela internet, fizeram reservas de hotel em 2002.

(Peppers and Rogers Group & PhoCusWright Inc., 2002)

Mas o cenário poderia ser ainda melhor se não fossem os recentes atentados

que vêem ocorrendo no mundo. Um exemplo disso foi o massacre que ocorreu

em um hotel em Israel em março de 2002 e é claro que não se podia deixar de

comentar o atentado das torres gêmeas (World Trade Center) em Nova York

em setembro de 2001. Segunda a Travel Industry Association of America (TIA)

os vôos para Nova York em setembro de 2001 diminuíram em 29% em relação

ao mesmo mês no ano de 2000. Além disso, os 305 mil empregos que

desapareceram na indústria de turismo de setembro de 2001 a março de 2002

representaram 35% de todos os empregos cortados nesse período. Todo o

setor foi afetado, desde o fechamento de pequenas agências de turismo até a

redução da força de trabalho nas empresas aéreas e fabricantes de aeronaves.

A partir do primeiro trimestre de 2002 já existia um movimento de recontratação

de funcionários mas os especialistas dizem que não chegará no patamar de

empregos de antes de 11 de setembro de 2001. (Tarlow, 2002)

1.3 Objetivos

Os objetivos desse estudo são, a partir da revisão de literatura de projeto de

serviço e das peculiaridades da prestação de serviços via internet, propor um

modelo de projeto de serviço para agências de turismo na internet e verificar,

através de estudos de casos, a aderência das práticas das empresas

estudadas a esse modelo proposto.

1.4 Delimitação do Estudo

Esse trabalho irá se limitar ao estudo de dois casos de empresas prestadoras

de serviço de turismo via internet, sendo uma totalmente virtual e a outra

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híbrida, possuindo uma loja virtual e lojas no ‘mundo real’. Serão discutidas

considerações feitas por outros estudiosos que possuam modelos de projetos

de serviços diferentes dos apresentados nesse trabalho mas que venham a

colaborar com os modelos utilizados na formação do modelo proposto. Os dois

modelos utilizados foram escolhidos por serem completos e complementares

entre si, ao mesmo tempo em que seus autores consideraram outros

estudiosos para a formação dos mesmos.

Além disso, o estudo não tem como objetivo traçar uma estratégia de sucesso

na arte de projeto de serviço, muito menos verificar qual é o nível de progresso

dos serviços projetados alcançado por esta prática.

1.5 Organização do Estudo

O presente estudo está organizado em 6 capítulos. O primeiro capítulo

apresenta os objetivos, as questões a serem respondidas, a delimitação e a

relevância do Estudo.

O segundo capítulo traz a revisão de literatura sobre o tema. Esse capítulo foi

dividido em 3 partes sendo que o objetivo da primeira parte é propiciar um

entendimento sobre o que caracteriza um projeto de serviço e descrever

modelos aplicados a serviços tradicionais. A segunda parte é uma análise do

mercado de serviços na internet e a terceira parte é a proposta de modelo de

projeto de serviço para agências de turismo na internet.

O terceiro capítulo trata da metodologia adotada, trazendo ainda o método de

pesquisa, o processo de coleta e análise dos dados e as limitações do estudo.

No quarto capítulo são apresentadas as descrições dos 2 casos usados nesse

estudo, contemplando uma breve descrição da empresa, e como cada empresa

realizada cada etapa do modelo proposto.

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12

O quinto capítulo apresenta as análises dos casos a luz das perguntas feitas no

primeiro capítulo.

No sexto e último capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho assim

como recomendações para estudos futuros.

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13

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Introdução

A revisão bibliográfica será dividida em três grandes blocos para a melhor

compreensão e identificação dos assuntos abordados.

O objetivo do primeiro bloco, que compreende do item 2.2 ao 2.4, é propiciar

um entendimento sobre o que caracteriza um projeto de serviço e mostrar

alguns modelos de projeto de serviço. Ele se inicia com uma breve explicação

do que é e quais são os principais objetivos de um projeto de serviço. No item

'importância do projeto de serviços' serão vistos, além da importância de se

fazer um bom projeto de serviço, as diferenças entre projetos de inovação de

serviços já existentes e projetos de novos serviços.

Antes de entrar nos modelos de projetos de serviços, que são o cerne do

primeiro grande bloco, será dada uma breve explicação sobre o que é um

pacote de serviço (service package). Esse item se torna importante para o

entendimento de que produtos e serviços são coisas que, na maioria das

vezes, não podem ser dissociados e são oferecidos em conjunto, o que é

denominado pacote de serviços.

O bloco termina com dois modelos de projeto de serviço: Murdick et al (1990) e

Ramaswamy (1996).

Já o segundo bloco é uma análise do mercado de serviços na internet, sendo

levantados especificidades e possíveis problemas na prestação de serviços via

internet. Além disso, se analisou as diferenças entre empresas prestadoras de

serviços de turismo tradicionais e via internet para se obter uma comparação

entre elas.

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O terceiro bloco é a combinação dos dois primeiros. Nele foi proposto, a partir

dos dois primeiros, um modelo de projeto de serviço para agências de turismo

que oferecem seus serviços via internet que posteriormente foi utilizado para a

análise dos casos.

2.2 O que é projeto de serviço e sua importância

Os consumidores quando compram bens ou serviços na realidade estão

procurando soluções para problemas, satisfazendo suas necessidades ou

querendo benefícios dos quais eles gostem. Consequentemente, uma

empresa criará valor para esses consumidores criando soluções, satisfações

ou benefícios. O processo que faz tudo isso é chamado de 'serviço'. Para se

alcançar seus objetivos, um serviço deve ser um processo muito claro e

planejado, ou seja, ele deve ser projetado e não pode ser deixado a sua própria

sorte. O projeto de um serviço afeta tanto os custos, qualidade e imagem do

mesmo como da própria empresa (Haksever et al, 2000).

Por outro lado, o projeto de um serviço pode ser definido como sendo uma

metodologia sistemática e analítica de construção de processos que darão

confiança na entrega de serviços esperados a um nível de qualidade

satisfatório e com um custo razoável (Ramaswamy, 1996).

Em uma terceira visão, Haksever et al (2000) afirmam que o projeto de um

serviço é um passo importante para criação de valor e satisfação do

consumidor. Eles vão mais além e alertam que o projeto de um serviço não é

uma coisa única e estanque, é um processo contínuo já que as necessidades

dos consumidores mudam rapidamente e novas necessidades estão sempre

surgindo.

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15

Já Murdick et al (1990) definem como projeto de serviço o processo de criação

de um novo padrão de relações entre atividades, idéias e entidades físicas.

Apesar de todos os negócios serem baseados no projeto de seus serviços

finais, nem todos possuem procedimentos formalizados do processo de projeto

dos mesmos.

Mas Blumberg (1991) adverte que o problema é que o produto sempre foi

considerado como mais importante do que o serviço, principalmente porque "o

serviço é, em geral, não muito lucrativo, pois necessita de mão-de-obra

intensiva e não tem economia de escala" (p. 3). Qualquer negócio é sempre

pensado em termos do produto, e as finanças e sistemas de contabilidade

tendem a medir o retorno, os custos e o lucro pela linha de produto. Isso é

verdade não só para as empresas mais voltadas para linhas de produtos, como

para as de serviços também. Por exemplo, churrascaria e comida italiana são

termos usados para diferenciar os restaurantes, mas se baseiam no produto

que é oferecido e não nos serviços. É importante salientar que os gerentes de

empresas não estão devidamente treinados a ter uma abordagem diferente

sobre os serviços, mas o projeto de serviços deve ser levado a sério por essas

empresas.

Murdick et al (1990) afirmam que, o começo de todo novo negócio passa

basicamente pelo surgimento de uma idéia para um novo serviço que será

produzido e vendido para a geração de lucro. O que o projeto de um serviço

faz é formalizar a resposta da empresa aos concorrentes, consumidores e às

mudanças legais do mercado. Ultimamente, as empresas têm criado grupos

multifuncionais (pessoas das áreas de marketing, operações, engenharia,

finanças, atendimento aos consumidores e suprimentos) para projetar novos

serviços. Essa nova abordagem tem dado bons resultados e empresas como

Ford e Marriott têm adotado grupos multifuncionais para a criação de novos

serviços.

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Como citam os mesmos autores, a rede Marriott de hotéis é um excelente

exemplo do porque se fazer um bem planejado e estruturado projeto de

serviços. Antes de entrar no mercado de hotéis econômicos, para atender aos

executivos que estão sempre em viagens, ela se preocupou em criar vários

grupos de funcionários para obter a maior quantidade de informações sobre o

mercado, os concorrentes e dos consumidores. A partir daí ela se baseou

nessas informações para, dentro do seu modelo de projeto de serviço, lançar

um novo serviço. A rede de hotéis se tornou um grande sucesso, pois a rede

Marriott tinha o conhecimento de qual serviço ela precisava oferecer, para

quem, aonde e como deveria fazê-lo.

Mas nem sempre um projeto de serviço é bem feito e pode gerar

conseqüências desastrosas. O caso da People Express, companhia aérea

americana, descreve bem o que pode ocorrer quando um dos fatores

determinantes de um bom projeto de serviço não é bem entendido ou

executado pelos gerentes de uma empresa de serviços (Davidow e Uttal,

1999).

A People Express era totalmente voltada para o segmento de viajantes com

orçamentos limitados - estudantes, mochileiros, pessoas em férias - e que não

se importavam em ter menos serviços extras em troca de tarifas bem abaixo do

mercado. Eles não se importavam em levar o seu próprio lanche ou pagarem

por um lanche a bordo; de levar a sua própria bagagem ou pagar US$3 para

que ela fosse despachada; e de comprar o bilhete a bordo em vez de comprá-

lo com antecedência.

O grande problema da People Express foi sair do seu segmento de mercado,

ou seja, perder o foco. Para suprir os horários ociosos - normalmente durante

a semana, já que os mochileiros e estudantes utilizavam os seus serviços com

mais freqüência nos finais de semana - ela começou a focar nos executivos

em viagem de negócios. Mas os executivos não estavam dispostos a horários

e portões inconvenientes e nem de pagar a mais para despacharem suas

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bagagens, para ter refeições a bordo e de ter que esperar até o último minuto

para comprar suas passagens. Com isso os executivos passaram a não mais

usar a companhia e por ter comprado muito aviões para suprir esse novo

segmento, acabou sofrendo um prejuízo de US$300 milhões em 1986 e foi

comprada pela Texas Air. O erro inicial, na avaliação das necessidades dos

clientes e em não focar nesses clientes, fez com que todo o projeto de serviço

tenha ido na direção errada possibilitando um situação desastrosa de projeto

de serviço.

2.3 Princípios de Projeto de serviços

Antes de falar especificamente sobre projeto de serviços, vale ressaltar os

princípios básicos que, independente da unicidade de cada tipo de serviço,

podem e devem ser usados no momento de se projetar um serviço, se o

objetivo for o de criar valor e gerar satisfação para o cliente. (Haksever et al,

2000)

1. Conhecer seu cliente: esse é o princípio mais importante pois pressupõe

conhecer o seu consumidor e suas necessidades. Uma empresa não pode

servir a todos os clientes potenciais e por isso, precisa determinar quem ela

deseja para ser seus clientes.

2. Determinar quais das necessidades dos clientes devem ser satisfeitas: os

clientes possuem diversas necessidades, mas as empresas precisam se

focar em uma ou em um grupo pequeno delas que elas tenham

competência de atender e gerar lucro para as mesmas. O serviço que

atender a mais importante e básica necessidade dos clientes, será o serviço

básico. Existem serviços suplementares que são projetados para suprir

necessidades que não sejam comuns a todos os clientes. Existem oito

grupos de serviços suplementares:

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• Informação: os clientes necessitam de informação sobre o serviço

que está recebendo, principalmente quando o usa pela primeira vez;

• Consultoria: é a entrega de informações de uma forma mais

personalizada;

• Tirada de Pedido: pode incluir obter e armazenar informações dos

clientes, realizar reservas e providenciar confirmações da mesma, e

providenciar a tangibilização física do serviço, como por exemplo, um

bilhete aéreo;

• Segurança: pode incluir a oferta de cofres em hotéis para guarda de

bens valiosos, o transporte seguro das bagagens por parte de uma

companhia aérea ou a guarda de um automóvel em

estacionamentos;

• Exceções: serviços oferecidos a clientes para suprir necessidades

especiais tal como uma alimentação sem sal em um vôo;

• Hospitalidade: envolve providenciar um ambiente agradável ao

cliente e tratá-lo com cortesia;

• Cobrança: deve informar de forma clara e precisa todos os custos do

serviço em questão;

• Pagamento: a empresa deve projetar o seu sistema de pagamento

para torná-lo fácil e conveniente para o cliente.

Nem todos os serviços suplementares existiram ou serão relevantes em

todos os serviços. Mas o mais importante é entender que o foco se a

empresa falhar na entrega do serviço básico, não sobreviverá por muito

tempo. O esforço das empresas é em projetar com cuidado o serviço

básico pois é ele que suprirá as necessidade básicas dos clientes. A

determinação dos serviços básico e suplementares levará ao ‘conceito de

serviço’, que pode ser explicado como sendo o resultado a ser alcançado

para satisfazer o cliente.

3. Desenvolver uma estratégia de serviço e posicionar o serviço para garantir

vantagem competitiva: o serviço deve ser posicionado para dar ao mesmo

um lugar único na mente do consumidor em relação aos serviços oferecidos

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pelos concorrentes. A estratégia de serviços deve suportar e complementar

a estratégia geral da empresa.

4. Projetar o serviço, o sistema de entrega, os pré-requisitos de recursos

humanos e produtos tangíveis simultaneamente: todos os itens do serviço

devem ser projetados e desenvolvidos ao mesmo tempo. Para isso é

necessário um grande trabalho de equipe multi-funcional.

5. Desenhar o processo de prestação do serviço a partir da visão do

cliente/funcionário: como quase todos os serviços são basicamente

processos, desenhar o processo de prestação de serviço deve receber

especial atenção. Mas desenhar o processo a partir da visão do

cliente/funcionário não implica em não se atentar para o que a empresa

deseja. A idéia é ter um equilíbrio entre o que o cliente ou funcionário

necessitam e o que a empresa procura.

6. Diminuir a “passagem de mão-em-mão do cliente”: para evitar problemas

causados por falta de comunicação ou interpretação, um único funcionário

ou departamento deve ser responsável pela prestação do serviço do início

ao fim.

7. Projetar as operações de retaguarda para dar suporte as operações de

frente: praticamente tudo que é feito na retaguarda tem impacto direto nas

operações de frente de qualquer empresa, logo é importante levar em

consideração essa dependência entre ambas quando o serviço é projetado.

8. Incorporar a aquisição de dados no projeto do serviço: uma empresa de

serviços precisa de dados para monitorar e medir a satisfação dos clientes,

para mensurar a performance, para melhorar a qualidade do serviço

prestado e para as tomadas de decisões gerenciais.

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9. Determinar o nível de contato e participação do cliente: o nível de

envolvimento do cliente no processo de entrega do serviço determinará o

tipo e a natureza das habilidades e informações que o cliente necessitará

para participar desse processo. A empresa deve determinar essas

necessidades e providenciar as informações necessárias para uma eficiente

e eficaz participação do cliente na entrega do serviço.

10. Possibilitar flexibilidade e robustez ao sistema: sempre existirão clientes

cujas necessidades gerarão situações que não foram antecipadas pelos

projetistas do serviço. Também sempre existirão falhas causados por

fatores externos tais como desastres naturais e falhas do vendedor. Os

serviços devem ser capazes de responderem a essas situações não

planejadas. Para isso, regras e processos flexíveis deverão ser criados.

11. Incorporar a fidelidade dos clientes e funcionários ao sistema: a fidelidade

dos clientes está relacionada de maneira indireta a fidelidade dos

funcionários de um empresa. Claro que outros mecanismos podem ser

usados para gerar fidelidade dos clientes tal como os programas de

milhagens das companhias aéreas. A satisfação dos funcionários é

importante para a fidelização dos mesmos e para isso alguns ingredientes

são necessários: salários justos, cesta de benefícios, tratamento respeitoso

e um agradável ambiente de trabalho. Um outro componente importante na

satisfação dos funcionários é o empowerment, ou seja, poder resolver

rapidamente e eficientemente os problemas dos clientes sem a necessidade

de autorização da gerência.

12. Melhorar continuamente: modificações em projetos de serviços são

relativamente simples de serem implementadas e geralmente custam

menos que modificações em produtos. Isso dá aos serviços uma

vantagem, porque eles podem ser modificados e melhorados a medida que

as necessidades dos clientes forem mudando, assim como forem mudando

as condições competitivas do mercado.

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2.4 Projeto de serviços

Projeto de produtos vem sendo estudado e desenvolvido durante anos e pode

ser descrito com precisão. Ao contrário, o projeto de serviços não tem recebido

a mesma atenção, provavelmente, pela falsa interpretação de que os serviços

são mais simples do que os produtos manufaturados. Nesse ponto, como

salientam Murdick et al (1990), surge uma questão: será que existe alguma

razão plausível que explique porque o projeto de serviços não pode receber a

mesma abordagem formalizada e estruturada que o projeto de produtos?

A seguir serão mostrados dois modelos de projeto de serviços que demonstram

que os projetos de serviços podem e devem ser apresentados de uma forma

padronizada e formalizada.

2.4.1 Modelo de Murdick et al

Segundo Murdick et al (1990) o projeto de um serviço é dividido em quatro

partes bens distintas: reunir informação, desenvolver alternativas conceituais,

projetar e testar protótipos e desenvolver o projeto e definir especificações

finais.

2.4.1.1 Reunir informação

As informações mais importantes para o projeto de um serviço são as

especificações de performance que são obtidas junto à gerência ou junto ao

departamento de marketing. A reunião dessas informações é responsabilidade

do departamento que criará o novo serviço e as mesmas são, normalmente,

obtidas junto aos consumidores. As especificações de performance

determinam que tipo de coisas, e em que grau, o serviço atenderá os

consumidores. Um exemplo de especificação de performance é quando um

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consumidor determina que precisa de um transporte urbano para três pessoas

que viaje a uma velocidade de pelo menos 45 km/h.

Jones (1996) também concorda que, na grande maioria dos casos, as idéias

surgem do departamento de marketing e vendas. Mas alerta que esse

departamento tende a adaptar novas idéias sugeridas por outros

departamentos, não necessariamente criar novas idéias.

Pesquisas de mercado, segundo Blumberg (1991), sugerem que a forma e a

funcionalidade de um serviço estão primeiramente relacionadas ao que os

consumidores, no presente momento, acham que será a performance do

produto no futuro, em termos de dimensão de tempo, tais como:

! Tempo de espera para obter o serviço

! Tempo de prestação do serviço

Essas pesquisas de mercado sugerem que são essas percepções de tempo e

as específicas dimensões do tempo que são as mais importantes. Estudos

mostram que a percepção de tempo é mais importante que outros fatores tais

como preço, reputação e qualidade. Em suma, a percepção do serviço está

diretamente relacionada ao que os consumidores acreditam que, no futuro,

será a performance do serviço segundo os parâmetros de tempo estipulados.

Mas para isso, torna-se extremamente necessário procurar, identificar e medir

as dimensões críticas de tempo como são percebidas pelo consumidor. O

ponto de partida é definir o mercado, isolar a variável tempo e determinar os

requisitos do serviço. "É crucial que essas dimensões de tempo sejam

medidas através dos olhos dos consumidores" (p. 22). Freqüentemente, a

performance do serviço em relação ao tempo, medida pelo prestador do

serviço, é consideravelmente diferente do que é percebido pelo usuário do

serviço. Como exemplo pode ser citado o caso de manutenção e reparo de

equipamentos onde, a empresa prestadora vê como crítico o tempo decorrido

entre o momento da chamada do consumidor e o início da prestação do

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serviço, enquanto que o consumidor tende a medir o tempo do momento em

que o equipamento falha até o conserto total do mesmo (Blumberg, 1991).

Murdick et al (1990) afirmam que, para alguns serviços, as especificações de

performance podem se confundir com as especificações de projeto. As

especificações de projeto determinam que tipo de serviço irá ao encontro das

especificações de performance. Utilizando o mesmo exemplo anterior de

transporte urbano, um ônibus, um táxi e um carro de aluguel seriam

alternativas possíveis para resolver as especificações de performance.

Para um melhor entendimento das relações entre necessidades dos

consumidores, especificações de performance e especificações de projeto, se

faz necessário a utilização do gráfico exposto na Figura 3.

Figura 3 – Ciclo de transformação das necessidades dos consumidores em

especificações de projeto

Fonte: Murdick et al, 1990

Consumidor

Marketing

Processamentodo serviço

Projeto deserviços

Marketing

Necessidades dosconsumidores

Especificações dePerformance

Especificações deProjeto

Serviço

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Através da Figura 3, nota-se que o departamento de marketing é responsável

por descobrir as necessidades dos consumidores e passá-las para área de

projeto de serviços através de especificações de performance. Já essa área

converte essas especificações de performance em especificações de projeto e

as passa para a área que irá processar o serviço. Em algumas empresas, o

departamento de marketing aparece de novo entre a área de processamento

do serviço e o consumidor (Murdick et al,1990).

Quando se conhece as necessidades dos seus clientes a empresa pode focá-

las sem perder tempo com clientes que não se enquadrem no perfil já pré

determinado. Isso ocorre porque clientes de um mesmo segmento possuem

necessidades semelhantes e a empresa passa a minimizar custos quando está

focalizada em um segmento. Um bom exemplo, descrito por Davidow e Uttal

(1999), é o do Hospital Shouldice, próximo a Toronto, Canadá. Esse hospital

só aceita pacientes que tenham problemas de hérnias e mesmo assim só os

que não tenham histórico de problemas cardíacos, não tenham sofrido alguma

cirurgia nos últimos doze meses ou que não pesem mais do que o Shouldice

recomenda.

Por estar totalmente focalizado em um segmento, ele otimizou suas operações,

lotou sua admissão e como conseqüência obteve um belo retorno. Após

centenas de operações de hérnia por ano, os médicos tornam-se mais

eficientes e produtivos. Como andar faz bem para os pacientes operados de

hérnia, o hospital economizou em cadeiras de roda, macas, ajudantes e

elevadores especiais. Também economizou em televisores e banheiros, pois

estes foram colocados em pontos centrais dos andares para que obrigassem

os pacientes a irem andando até eles. Será que o Shouldice não poderia

ampliar os serviços oferecidos? Poderia, mas deveria redesenhar

completamente os seus sistemas físicos e social e elevar seus preços às

alturas. Os gerentes do hospital chegaram a pensar em oferecer cirurgias

oftalmológicas, de varizes e hemorróidas por terem procedimentos muito

semelhantes aos da cirurgia de hérnia. Mas chegaram a conclusão que muito

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semelhantes não é o suficiente e decidiram focar no segmento que eles

possuem o maior conhecimento e que servem com maior eficiência (Davidow e

Uttal, 1999).

Mas não só as informações das necessidades dos consumidores obtidas junto

ao departamento de marketing se fazem importantes. Outras informações

como tecnologia, disponibilidade de mão-de-obra e tipos de equipamentos

devem ser levantadas e devem ser armazenadas para serem utilizadas no

projeto do serviço. Essas informações irão auxiliar a área de operações para

projetar melhor os serviços a serem oferecidos. O caso a seguir exemplifica

muito bem isso. (Murdick et al,1990).

A rede Marriott de hotéis se mostra como uma ótima acumuladora de

informação, principalmente dos seus competidores, para a criação de novos

serviços. Como já foi mostrado anteriormente nesse trabalho, quando a alta

gerência da rede Marriott estava estudando a possibilidade de entrar no

mercado de hotéis econômicos, foram criados times de funcionários de várias

áreas tais como marketing, finanças, recursos humanos e operações, que eram

mandados a campo para testar os produtos e serviços de cerca de 400

competidores. Eles tinham que avaliar a qualidade das camas, tamanho dos

quartos, espessura das paredes, os restaurantes além de analisarem os

serviços de reservas, atendimento ao cliente e a política dos hotéis. Além

disso os gerentes desses hotéis eram entrevistados sobre a operação e a

política de preços. Como resultado disso tudo, a rede Marriott lançou no

mercado a sua cadeia de hotéis econômicos baseada num projeto

extremamente eficiente e condizente com as necessidades de seus

consumidores, sendo muito bem aceita pelos mesmos (Murdick et al,1990).

Um outro exemplo de empresa que entende bem o que os consumidores

desejam é a IKEA, empresa de móveis e decoração. Segundo Normann e

Ramírez (1993), IKEA fornece carrinhos, serviço de baby-sitter e playgrounds

para as crianças, e cadeira de rodas para os mais idosos, além de ter

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lanchonetes e restaurantes para que seus clientes possam comer algo durante

a sua estada nas lojas. O objetivo é manter um ar familiar e caseiro para que o

cliente se sinta bem.

Os clientes que entram numa loja IKEA recebem uma fita métrica, canetas e

papéis para que possam, eles mesmos, fazer suas escolhas sem a

interferência de algum vendedor. Todos os produtos são dispostos como se

estivessem em uma casa de verdade, ou seja, em um mesmo lugar, os clientes

encontrarão todos os produtos de uma sala, um quarto ou uma cozinha. Além

disso, todos os produtos possuem etiquetas informando os dados necessários,

tais como dimensões, cores disponíveis, materiais usados e preço; tudo para

que os clientes não só comprem mas que interajam e ajudem a criar valor

(Normann e Ramírez, 1993).

Percebe-se que o conhecimento dos consumidores se torna peça fundamental

em um bom projeto de serviço. Esse não conhecimento pode ser traduzido

pelo Gap1 no conhecido modelo dos Gaps, descrito por Parasuraman, Zeithaml

e Berry (1985). O gap1 descreve a falha que pode existir entre as expectativas

do consumidor em relação ao serviço e a percepção que os gerentes têm

dessas expectativas. Em essência, os gerentes nem sempre podem perceber

que características podem denotar alta qualidade para os consumidores ou que

características um serviço deve ter para satisfazer as necessidades desses

consumidores e em que níveis de performance essas características devem ter

para que o serviço seja percebido como de alta qualidade.

2.4.1.2 Desenvolver alternativas conceituais

Essa segunda etapa do modelo de Murdick et al (1990) define que as

especificações de performance sejam transformadas em alternativas para o

novo serviço. Nesse ponto essas alternativas são chamadas de conceituais

pois ainda não foram implementadas e nem definidas em detalhes, sendo,

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essencialmente, idéias. Alguns exemplos podem ser dados, através do quadro

1, para demonstrar como as especificações de performance podem ser

transformadas em alternativas.

Quadro 1 – Transformação de especificações de performance em alternativas

conceituaisServiço Especificações de performance Alternativas

Cinema A espera na fila não pode exceder 5

minutos

1. Múltiplos guichês

2. Compra de entradas

antecipadamente por telefone

Transporte

público

Transportar passageiros

rapidamente no perímetro urbano

1. Taxi

2. Vans

Fonte: Murdick et al, 1990

Uma falha que normalmente ocorre nessa etapa pode ser descrita pelo Gap2

do modelo de Gaps. Essa falha ocorre pela dificuldade de transformar a

percepção dos gerentes sobre as expectativas dos consumidores em

especificações de qualidade de serviço. Isso faz com que as alternativas não

sejam bem explicitadas e consequentemente o projeto de serviço será mal

executado (Parasuraman, Zeithaml e Berry 1985). Ou seja, a informação foi

recolhida (etapa 1) mas não foi utilizada.

A fase de desenvolvimento de alternativas conceituais é onde a criatividade é

necessária. Pode ser o momento de quebra de paradigmas, de desvincular do

ortodoxo, do tradicional e da rotina tão comum nas grandes organizações.

Nessa fase os custos de mudar, rearranjar e testar todo tipo de novas idéias

ainda não pesam em praticamente nada (Murdick et al, 1990).

Um bom exemplo é a BrainReserve, uma empresa de consultoria em

marketing, que vive de analisar e gerenciar novas idéias. O conceito da

BrainReserve é estar em dia com praticamente tudo que circula nos Estados

Unidos. Os funcionários passam todos os dias lendo mais de 150 publicações,

desde jornais até revistas científicas, passando por revistas femininas,

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masculinas e de culinária. Além disso, passam centenas de horas assistindo a

peças de teatro, shows, concertos, cinema, televisão, visitando museus e, é

claro, na internet. O objetivo é conhecer ao máximo o que está acontecendo e

avaliar padrões que possam estar se formando no público americano. A partir

disso, as idéias são agrupadas em tendências de acordo com: o tipo de pessoa

que usará o produto/serviço, que estilo de vida cada grupo de consumidores

tem, e para que ocasião aquele produto/serviço servirá (Popcorn, 1996).

Mas, segundo Murdick et al (1990), a fase de geração de alternativas deve ter

uma data para acabar. Isso ocorre porque os pesquisadores e criadores

tendem a ser perfeccionistas e continuarão a pesquisar para encontrar o

melhor projeto para um determinado serviço, ultrapassando o ponto máximo de

praticidade. Se o tempo não for delimitado, existirão tantas idéias que ficará

impossível desenvolvê-las e avaliá-las com os recursos de que a empresa

dispõe.

As alternativas devem ser apresentadas de uma maneira formal e devem ser

avaliadas por um comitê que deverá ter experiência suficiente para determinar

se essas alternativas se tornarão sucessos ou fracassos. As alternativas

devem ser avaliadas à exaustão e deverão sobrar, ao final de todo o processo,

entre três e quatro (Murdick et al, 1990).

2.4.1.3 Projetar e testar protótipos

Após selecionar a melhor alternativa de serviço dentre as conceituais criadas,

um protótipo do serviço é projetado e testado. Em alguns casos, como em

transportes públicos, onde a criação de uma nova rota de ônibus ou a adição

de novos ônibus à uma linha já existente não são alternativas caras, a criação

de protótipos do serviço se mostra valiosa. Mas em outros como a criação de

protótipos de um cinema, de uma rede de processamento de informação ou de

um sistema de entregas, se torna extremamente dispendiosa. Felizmente,

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29

existem algumas técnicas tais como simulação em computadores que auxiliam

na visualização da operação de um determinado sistema proposto, como por

exemplo de um cinema. Existe ainda o caso de organizações que possuem

várias unidades instaladas (como é o caso do McDonald's) onde diferentes

protótipos de serviços podem ser testados (Murdick et al, 1990).

Segundo Harkesever et al (2000) essa é a etapa onde a descrição dos detalhes

e das características específicas do serviço é desenvolvida para demonstrar

que o mesmo se diferencia dos serviços dos concorrentes. Além disso, o

serviço precisa passar por testes e o autor sugere que os mesmos

correspondam aos testes de protótipos utilizados na indústria. Apesar de não

envolverem a oferta do serviço ao público em geral, eles devem ser realizados

internamente. Se possível, serviços e os projetos dos mesmos devem ser

testados sob condições reais com o uso de consumidores. Quando não for

possível, o serviço deve ser oferecido aos funcionários e seus familiares.

2.4.1.4 Desenvolver o projeto e definir especificações finais

Segundo Murdick et al (1990), um dos últimos passos no processo de criação

de um serviço é o detalhamento das especificações do serviço. Isso serve

para que esse serviço possa ser replicado em diversos outros locais e

empresas. A pessoa responsável por "reconstruir" esse serviço é equivalente

ao gerente de manufatura nas empresas de produtos.

Se bens tangíveis fizerem parte do pacote de serviço, serão necessários

projetos e maquetes para acompanhar as especificações. Por exemplo, no

caso de um novo complexo de salas de cinema seriam necessários:

! Uma lista das principais características do serviço tais como tempo de

operação das salas, ambiente das salas, procedimentos da equipe de

operação das salas, etc.

! Um layout do empreendimento

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! Uma maquete do empreendimento

É importante notar que o projeto de um serviço só irá lidar com os itens com os

quais os consumidores terão algum contato. Isto quer dizer que o projeto do

serviço não irá detalhar que tipo de projetor será usado numa nova sala de

cinema ou se essa nova sala faz parte de uma cadeia de salas de cinema ou

como os filmes serão selecionados para serem exibidos. Os consumidores

estão interessados em experiências do tipo: a conveniência da localização, o

conforto e a aparência da sala, o preço da entrada e serviços auxiliares tais

como climatização e controle de níveis de ruídos (Murdick et al, 1990).

2.4.2 Modelo de Ramaswamy

O modelo de projeto de um serviço de Ramaswamy (1996) também se divide

em quatro estágios, mas com características um pouco diferentes do modelo

de Murdick et al (1990). Os quatro estágios são: definição dos atributos do

projeto, especificações de padrões de performance, geração e avaliação de

conceitos de projeto e desenvolvimento dos detalhes do projeto.

Segundo Ramaswamy, esses quatro estágios do projeto do serviço são a

primeira parte do processo do serviço. As outras quatro etapas compreendem

o gerenciamento do serviço e não serão abordadas nesse trabalho por não

estarem relacionadas ao projeto de serviço. Cada estágio do modelo deve ser

encarado como uma fase onde várias atividades acontecem, e não como uma

única atividade. Quando condições mercadológicas e/ou tecnológicas mudam

ou quando ocorrem mudanças impostas por competidores ou consumidores, o

ciclo de vida do serviço pode ter chegado ao fim, e novos projetos de serviços

se fazem necessários.

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2.4.2.1 Definição dos atributos do projeto

Esse estágio começa com a determinação dos consumidores desse novo

serviço. Após isso se faz necessário o perfeito entendimento das

necessidades desses consumidores. Esse entendimento é crítico para o

sucesso do projeto do serviço, e serviços que forem apresentados ao mercado

sem esse perfeito entendimento das expectativas dos consumidores estão

fadados a falharem. Essas necessidades devem ser obtidas através de

encontros diretos com os consumidores (Ramaswamy, 1996).

Contudo, Gianesi e Corrêa (1994) alertam para o fato de que as necessidades

de um cliente são menos mensuráveis do que as suas expectativas. Quando

indagado em alguma pesquisa, o que o consumidor expõe são as suas

expectativas em relação a um serviço e não suas necessidades. A

determinação das necessidades pode envolver um certo grau de julgamento de

valor por parte do prestador do serviço, o que poderá acarretar em erros de

avaliação. O prestador do serviço irá achar que sabe o que os clientes

necessitam, quando, em muitos casos, nem os próprios clientes sabem ao

certo.

Então, as necessidades de um cliente constituem um fator básico que irá

orientar as suas expectativas na busca de uma determinada solução, e essa,

por sua vez, poderá ser resolvida de diversas formas. Entretanto, é importante

ressaltar que as necessidades de um consumidor, por si só, não irão

determinar o tipo de serviço que uma pessoa procura, e sim o que esse cliente

deseja. Por exemplo, quase todos os bancos de varejo podem oferecer a seus

clientes serviços que eles necessitam, mas nem todos os clientes acham que

são tratados da maneira que mais lhe agrada (Grönroos, 1995).

Após serem coletadas as necessidades dos consumidores e serem priorizadas

em ordem de importância, elas devem ser traduzidas em atributos do projeto

do serviço. Esses atributos especificam os elementos técnicos que devem

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existir em um serviço para satisfazer as necessidades dos clientes. Por

exemplo, considere um cliente de restaurante que afirme que ele não gostaria

de sentir fome após terminar a sua refeição. Para satisfazer esse desejo, o

restaurante deveria fornecer uma quantidade de comida suficiente para que

esse cliente não sinta fome. Nesse caso, a quantidade de comida é o atributo

que satisfaz a necessidade do consumidor (Ramaswamy, 1996).

Com isso, Ramaswamy (1996) afirma que todos os atributos de um projeto de

serviço devem ser quantificáveis, para que possa ser avaliada a eficiência do

projeto em satisfazer uma determinada necessidade. Por exemplo, ainda

usando o caso anterior do restaurante, a quantidade de comida pode ser

medida em unidades de peso como gramas ou quilos, entretanto nem todos os

atributos possuem uma escala bem definida. Por exemplo, o atributo 'grau de

profissionalismo' que irá medir as atitudes tomadas por um prestador de

serviço. Será necessário a criação de uma escala para quantificar esse

atributo e provavelmente serão usados profissionais experientes no ramo para

a criação de tal escala.

Lee (1991) sugere uma forma simples, mas eficiente, de se criar essa escala.

Usando o exemplo anterior de 'grau de profissionalismo', seriam criados

primeiro os dois extremos da escala, por exemplo, grau 0 e grau 10. Para a

criação desses extremos deveriam ser levadas em consideração informações

do prestador do serviço que determinariam que características o 'grau de

profissionalismo' deveria ter para receber grau 0 ou grau 10. Usando uma

escala linear ou não, os outros graus intermediários seriam formados. Lee

sugere que seja usada a experiência do gerente que irá criar essa escala, ou

seja, o feeling do gerente vai contar na confecção da escala.

Ramaswamy (1996) indica que para cada necessidade que se mostre

importante, um ou mais atributos do projeto do serviço devem ser definidos.

Pode ocorrer, também, que um atributo pode satisfazer a mais de uma

necessidade e a associação entre essa necessidade e o atributo é medida pelo

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grau de correlação entre eles. A técnica conhecida como 'Desdobramento da

Função Qualidade' (Quality Function Deployment - QFD) utiliza uma matriz

chamada de 'Casa da Qualidade' para representar as necessidades, os

atributos e suas associações. As necessidades são listadas em forma de

linhas na matriz. Uma coluna é criada para cada atributo e a correlação entre o

atributo e a necessidade é representado nas células da matriz por valores

ponderados ou por símbolos especiais. Os atributos mais importantes, que são

aqueles que estão fortemente correlacionados à maior quantidade de

necessidades, são então identificados na matriz. A qualidade do projeto é

julgada pela performance do serviço nesses atributos. Segue na próxima

página uma 'Casa de Qualidade' para um serviço de Lavagem a Seco de uma

lavanderia (Figura 4).

Figura 4 – Casa da Qualidade para serviço de lavagem a seco de uma

lavanderia

Fonte: Haksever et al, 2000

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As necessidades dos consumidores se encontram do lado esquerdo do quadro.

A lavanderia em questão tentará de todas as formas alcançar os anseios dos

seus clientes, mas pode-se perceber que os itens não possuem o mesmo grau

de importância. O item mais importante, no exemplo acima, é que a roupa

deve estar completamente limpa, e por isso, recebeu o número 1 ao seu lado,

indicando que é o primeiro item na ordem de importância para os

consumidores. Na parte superior aparecem os requisitos técnicos ou de

operação, e eles representam o que a empresa, no caso a lavanderia, deve

fazer para alcançar os requisitos dos consumidores. No meio do quadro,

aparece uma matriz que mostra a relação entre as necessidades dos clientes e

os requisitos técnicos da empresa. Por exemplo, para que a lavanderia atenda

ao item 'roupa totalmente limpa', os requisitos técnicos seriam 'solvente de

limpeza', 'filtros de limpeza', 'sem ferrugem nas linhas de passagem das

roupas' e 'boa manutenção dos equipamentos'. Cada célula no telhado da

'Casa de Qualidade' representam a inter-relação dos requisitos técnicos, ou

seja, se um requisito afeta positivamente ou negativamente o outro. Quando a

célula está vazia é porque não existe inter-relação nenhuma. A parte lateral e

inferior indicam que a 'Casa de Qualidade' se preocupa também com os

concorrentes, sendo avaliados tanto nos requisitos técnicos como nos

requisitos dos consumidores. Como esse exemplo demonstrou o QFD é uma

ferramenta extremamente poderosa na confecção de um projeto de serviço que

tentará criar e oferecer valor agregado aos seus consumidores (Haksever et al,

2000).

2.4.2.2 Especificações de padrões de performance

Nesse estágio, são especificados os padrões de performance que cada atributo

deverá satisfazer. Mas para isso deverão ser identificados quais são os níveis

de performance desejados pelos consumidores para cada atributo, e os

padrões de performance deverão, dentro do possível, se igualarem aos

primeiros. Apesar disso, problemas tecnológicos e econômicos tornam

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praticamente impossível de se projetar um serviço que atenda a esses

padrões. Nesse caso, os padrões do projeto devem se comprometer a ser algo

que esteja entre os padrões desejados e o mínimo padrão aceitável, que se

iguala aos serviços prestados pelos concorrentes (Ramaswamy, 1996).

Mas nesse ponto surge uma pergunta crucial: como devem ser especificados

os padrões do projeto para que se encaixem perfeitamente a cada atributo? A

resposta depende da relação entre performance e satisfação do consumidor

para cada atributo. Com certeza, os consumidores ficarão mais satisfeitos se a

performance atingir o padrão desejado por ele. Se qualquer pequeno desvio

da performance em relação ao nível desejável para um atributo causar grandes

quedas na satisfação, então os padrões do projeto deverão ser colocados o

mais perto possível dos padrões desejados pelos clientes. Mas, se por um

outro lado, os consumidores forem bastante tolerantes quanto a desvios da

performance em relação aos padrões desejáveis, então os padrões do projeto

poderão se situar perto do nível mínimo aceitável (Ramaswamy, 1996).

Heskett (1986) dá um exemplo interessante que corrobora a visão de

Ramaswamy. Uma grande empresa aérea, ao invés de perguntar aos seus

consumidores o que eles esperavam do serviço, resolveu medir o serviço atual

que eles estavam recebendo e depois pediu que eles o avaliassem.

Relacionando essas duas medidas, a companhia aérea pode ajustar o nível de

serviço para que fosse ao encontro da maioria das percepções dos clientes do

que seria um serviço aceitável.

Então, percebe-se que estimar a relação entre performance e satisfação para

cada atributo se torna extremamente importante para a definição dos padrões

do projeto. Isso pode ser feito através do método chamado 'Análise conjunta'

(conjoint analysis). Nesse método, é pedido aos consumidores que avaliem

numericamente a sua satisfação total com um serviço quando deparados com

combinações hipotéticas dos atributos em vários níveis de performance

predefinidos. O coeficiente angular da reta da relação entre a performance e a

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satisfação para cada atributo é conseguido através de regressão linear

(Ramaswamy, 1996).

2.4.2.3 Geração e avaliação de conceitos de projeto

O objetivo desse estágio é começar a projetar o serviço a partir dos atributos e

padrões de performance desenvolvidos nos dois primeiros estágios. As

atividades que devem ser realizadas para a geração do serviço devem ser

definidas no nível mais aprofundado usando para isso uma técnica chamada

FAST (Functional Analysis System Technique). Nessa técnica, cada função é

representada por uma caixa descrita por uma frase simples do tipo, 'entre com

o pedido no sistema'. Cada caixa é conectada às outras que estão a sua

direita ou a sua esquerda. As caixas que estão a direita de uma atividade

qualquer respondem à pergunta 'Porque essa atividade deve ser realizada?',

enquanto que as caixas que estiverem a esquerda responderão 'como ela deve

ser realizada?'. Por esse motivo, essas atividades aumentam o seu nível de

detalhes da direita para a esquerda (Ramaswamy, 1996).

Após as atividades serem identificadas, os processos são construídos

colocando as atividades relevantes em ordem seqüencial. Nesse ponto, é

importante definir os limites de cada processo e as relações entre os mesmos

para obter um visão geral do serviço em questão. Ramaswamy (1996) afirma

que, se for possível, todos os processos devem começar e terminar com os

consumidores. Os processos devem ser devidamente documentados

utilizando-se diagramas para demonstrar como os mesmos interagem para

fornecer o serviço.

O autor diz que quando se tem uma definição geral da estrutura do serviço,

soluções de projetos de serviços podem ser criadas. Essas soluções são

chamadas de conceitos de projeto, e são idéias inovadoras de projeto. A

ênfase no exercício de geração de conceitos, que é realizada através de

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esforços em grupo tal como brainstorming, deve propiciar quantas soluções

forem possíveis, sem se preocupar, nesse momento, com a viabilidade das

mesmas. Talvez centenas de soluções sejam geradas na fase inicial. Ao

término dessa fase, o grupo deve discutir os conceitos, e os que se mostrarem

irrelevantes ou inviáveis devem ser descartados. Deve restar um número

reduzido de conceitos - algo entre 8 e 10 - que será levado a análises mais

detalhadas. O processo desenvolvido por Stuart Pugh, em 1991, é uma

excelente ferramenta para avaliar e selecionar conceitos. O método é

designado para criar um perfeito entendimento dos conceitos através de

discussões durante o processo de avaliação para assegurar que o conceito

final que será selecionado foi cuidadosamente esmiuçado e totalmente

compreendido. (Ramaswamy, 1996)

2.4.2.4 Desenvolvimento dos detalhes do projeto

Nesse estágio, cada processo delineado no estágio anterior é projetado em

detalhes de acordo com o conceito selecionado. As especificações de projeto

dos dois primeiros estágios (itens 2.4.2.1 e 2.4.2.2) são transcritos para o

processo de modo a estabelecer os requisitos de performance para cada

processo. Alternativas de projeto são geradas e avaliadas para cada processo

e as alternativas que vão ao encontro dos padrões de performance são

selecionadas. As funções associadas a cada processo também devem ser

desenvolvidas em detalhes (Ramaswamy, 1996).

O autor afirma que existem várias alternativas diferentes para se projetar os

detalhes de um serviço que se encaixe ao conceito escolhido. Cada alternativa

é uma tecnologia ou um mix de tecnologias pelas quais o serviço pode ser

oferecido. Baseado na limitação da tecnologia, a performance que pode ser

oferecida por cada alternativa irá variar, como também variarão os custos de

implementação e operação. O objetivo do estágio de detalhamento do projeto

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é de selecionar a alternativa que irá proporcionar a mais alto nível de

performance a um custo aceitável.

Mas nesse ponto existe um problema. Segundo Ramaswamy (1996), não é tão

óbvio assim qual é o mais alto nível de performance de uma alternativa de

projeto. A razão para isso é que a performance de uma alternativa dependerá,

essencialmente, das características de operação sob as quais o projeto irá

operar. Por exemplo, o tempo que será gasto para preparar e entregar uma

refeição a um consumidor dependerá, substancialmente, da quantidade de

pedidos que estiverem na frente e da taxa de chegada dos consumidores no

restaurante. Portanto, deve-se procurar uma alternativa de projeto que se

encaixe aos padrões de performance de toda a gama de características de

operação nas quais é esperado que o projeto opere. Isso é chamado de

estabilidade da performance de uma alternativa. Claramente, um projeto que é

menos sensível às características de operação terá mais chances de suprir os

requisitos de performance numa ampla gama de condições. São ditos que

esses projetos possuem uma boa robustez, e por isso, são os mais preferidos.

Nesse estágio, várias alternativas são criadas para cada processo que compõe

o serviço. A performance de cada alternativa de projeto é avaliada levando em

consideração seus atributos e, para cada um desses é atribuída uma

performance média baseada na gama de características de operação sob as

quais o serviço irá operar. Isso é feito através da especificação das funções de

performance, que representam a relação entre a performance média do atributo

e as características de operação. As alternativas que possuírem uma

performance média condizente com os padrões de projeto são comparadas

entre si, levando-se em conta os custos e a facilidade de implementação do

projeto. As alternativas que se mostrarem mais robustas e se enquadrarem

dentro do critério de custos são selecionadas para análises posteriores

(Ramaswamy, 1996).

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O próximo passo é testar a sensibilidade das alternativas selecionadas a

variações aleatórias. Todo serviço está sujeito a variações que podem ocorrer

sem serem previstas e, a alternativa de projeto cuja performance seja robusta

em relação as características de operação, na média, deve ter uma certa

sensibilidade a variações. Ramaswamy (1996) afirma que a alternativa de

desenho que for selecionada para implementação não só deve satisfazer, na

média, os padrões, como deve ter pouca variação em torno dessa média.

A robustez de cada alternativa em relação as variações de performance é

testada através de simulação do serviço e prevendo a performance de cada

alternativa. O efeito das variações é obtido, na simulação, pela distribuição

probabilística para a performance de cada alternativa. O resultado da

simulação ajuda a identificar potenciais pontos de falhas para cada alternativa

de projeto. A partir dos resultados da simulação e das funções de performance

deverão ser feitas modificações em cada alternativa para se reduzir as

variações de performance. Baseado nas modificação, a alternativa que possuir

a performance mais estável, confiável e previsível dentro da gama de

características de operações e condições ambientais inconstantes deverá ser

escolhida para futura implementação (Ramaswamy, 1996).

2.5 Serviços via internet

Nessa parte do trabalho serão apresentadas características de serviços que se

utilizam da internet, dando uma visão geral da prestação de serviços na web.

Vale ressaltar que por ser um assunto novo, aspectos apresentados aqui

possuem grande volatilidade e podem não representar, totalmente, a realidade

atual.

Desde os meados da década de 90, cada empresa se sente obrigada a

competir em dois mundos distintos: um mundo físico que pode ser visto e

tocado e um mundo virtual onde se trafega informações. Para se distinguir do

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mundo real ou marketplace, esse mundo de informação está sendo chamado

de marketspace (Rayport e Sviokla, 1995; Brännback, 1997). Alguns exemplos

para ilustrar essa distinção podem ser dados. Quando um consumidor usa

uma secretária eletrônica para armazenar as suas mensagens telefônicas, ele

está usando objetos feitos e vendidos no mundo físico, mas quando ele adquire

um serviço de secretária eletrônica da sua operadora local de telefone, está

usando o marketspace - um domínio virtual onde produtos e serviços só

existem em forma de informação digital e que podem ser enviados através de

canais especiais. Companhias aéreas vendem passagens aéreas tanto no

mundo real quanto no virtual. Bancos oferecem serviços aos seus clientes

tanto nas agências, ou seja, no marketplace, quanto no mundo virtual, através

de serviços eletrônicos on-line (Rayport e Sviokla, 1995).

Os executivos, segundo Rayport e Sviokla (1995), devem prestar atenção em

como suas empresas criam valor nos dois mundos, principalmente porque os

processos de criação de valor são diferentes para cada um. Através do

entendimento das diferenças e similaridades entre esses dois processos de

criação de valor, os gerentes podem ver mais claramente as estratégias que

suas empresas devem adotar.

Brännback (1997) adverte que as mudanças influenciadas pelo advento da

internet mexeram até com consagrados modelos como o dos 4 P's de Kotler.

As interações tradicionais que ocorrem, no marketplace, entre o vendedor

'físico' e o comprador 'físico' foram eliminadas. Tudo, agora, é diferente:

! o conteúdo da transação passa a ser a informação;

! o contexto em que essa transação ocorre é eletrônico, e

! a infra-estrutura que permite essa transação ocorrer é diferente.

Compradores atuais e potenciais são apresentados de uma maneira diferente.

Consumidores aprendem sobre produtos e serviços diferentemente, os

compram diferentemente e obviamente a sua lealdade à eles é expressada

diferentemente. Os produtos e serviços são entregues de forma diferenciada

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pois distribuição pode não implicar em uma localização física. Conteúdo pode

não necessariamente ser um produto ou serviço e valor da marca pode

rapidamente evaporar-se: produto vira praça que por sua vez pode virar

promoção. Em outras palavras, o modelo antigo dos 4P's de Kotler, mais

conhecido como marketing mix, mudou. (Brännback, 1997)

O comércio eletrônico apresenta oportunidades sem precedentes para a

criação de valor para os consumidores ao mesmo tempo em que tem

possibilidades ilimitadas de falhar. É reconhecido que os serviços eletrônicos

têm o potencial de definir novas indústrias e redefinir as existentes, ao mesmo

passo que esses serviços impulsionaram a criação de um novo paradigma para

a gerência de operação de serviços que tirará proveito dos avanços

tecnológicos do século XXI (Heim e Sinha, 2000).

Um exemplo de criação de valor para os consumidores é o caso da

Amazon.com. Em 1994, Jeffrey Bezos criou o site na internet, oferecendo mais

de 2,5 milhões de títulos de livros, que podem ser facilmente comprados por

preços mais baixos que na maioria das livrarias. A Amazon acrescentou ainda

recursos inovadores como a sugestão de outros livros com base no pedido

efetuado, aviso aos clientes sobre novos livros de seu autor predileto e

resenhas de livros feitas por críticos profissionais e leitores (Kotler, 1999).

Enquanto algumas empresas estão usando o comércio eletrônico para

automatizar e facilitar o processo de vendas, a Web pode também ajudar a

criar todo um novo serviço para os consumidores. Um exemplo é a PHH

Vehicle Managment Services, uma empresa de gerenciamento de frotas de

veículos baseada em Maryland, EUA. O core business dessa empresa é

ajudar as 5.200 empresas-cliente ao redor do mundo a comprar, manter e

rastrear suas frotas de veículos. A PHH acumulou uma grande quantidade de

informação sobre os motoristas das empresas-cliente e seus hábitos de gastos

- informações valiosas para as empresas que desejam rastrear os gastos,

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reduzir custos e prestar atenção a tendências sobre a segurança dos

motoristas. (Kaydo, 1999)

Já no fim dos anos 90, os clientes norte-americanos da PHH podiam se

conectar a extranets particulares e obter informações sobre suas empresas.

Eles podiam obter um sumário geral dos dados ou um relatório completo de

cada motorista de sua frota. Antes de a PHH disponibilizar essa informação

on-line, seus clientes não tinham como obter essa informação e se eles

necessitassem dela e pedissem a um consultor da PHH, ele teria que gerar um

relatório que provavelmente levaria semanas. Além de estar prestando um

novo serviço a seus clientes a PHH reduziu seus custos internos em cerca de

30% e aumentou seu retorno em 20%. (Kaydo, 1999)

A redução de custos na prestação de serviços aos seus consumidores fez com

que a PHH pudesse entrar em um mercado que antes era inviável

financeiramente para ela: o de empresas com frotas inferiores a 100 veículos.

As extranets também ajudaram a PHH a fazer vendas cruzadas a seus clientes

- antes do site ser lançado cerca de 50% dos clientes compravam mais de um

serviço, agora 70% já compram múltiplos serviços. A PHH passou a poder dar

informações gerais sobre o mercado de empresas de frotas de veículos, e seus

vendedores passaram a atuar mais como consultores, auxiliando seus clientes

dando informações sobre boas práticas de gerenciamento de suas frotas

(Kaydo, 1999).

Além da agilidade que a internet criou na interação com clientes e fornecedores

e da possibilidade de aumento do share-of-wallet 1 dos seus clientes, vendendo

mais para os mesmos clientes, a internet fez mudar alguns hábitos das

1 share-of-wallet é um anglicismo para explicar a participação de uma empresa no ‘bolso’ do

cliente, ou seja, obter uma participação maior do dinheiro que esse cliente gasta com os

produtos ou serviços que esse tipo de empresa oferece. Exemplo: se um cliente afirma gastar

R$6.000 em pacotes turísticos por ano e em determinada empresa ele gasta R$3.000, essa

empresa possui 50% de share-of-wallet desse cliente.

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43

pessoas. É interessante perceber que antigamente as pessoas podiam

esperar até semanas para receber um relatório de vendas ou algo parecido,

mas com a internet, essas mesmas pessoas passaram a ficar 'mais exigentes'

e não esperam, às vezes, minutos para receber um e-mail de resposta sobre

alguma pergunta feita a uma empresa. Um exemplo dessa nova tendência de

prestação de serviços instantâneos é a empresa Igocorp.com. Ela desenvolve

ferramentas para comércio eletrônico e acessórios para executivos que estão

sempre em constante movimentação. Um de seus produtos é o Face-Time que

é um mensageiro instantâneo que facilita a vida de seus clientes, fazendo com

esses necessitem de centrais de atendimentos menores do que as usuais.

Isso ocorre porque coloca os consumidores para fazer funções por conta

própria, ou seja, uma espécie de self-service eletrônico (Watson, 1999).

Por exemplo, um consumidor pode entrar na página da Cisco System Inc. e

apertar um ícone na tela que diz 'fale comigo agora'. Uma nova janela irá se

abrir e será perguntado ao consumidor como ele deseja ser contatado: por

telefone, por e-mail, através de chat, ou através de um canal de voz pela

internet. Se o consumidor escolhe ser contatado por telefone, um

representante da empresa irá ligar para ele em questão de segundos. Além

disso, o representante que será contatado para prestar o auxílio ao consumidor

será escolhido de acordo com as suas habilidades pois a sistema informará

aonde o consumidor teve problemas na página. Então, através do envio de um

pequeno arquivo, do tipo applet, ao computador do consumidor o

representante da Cisco pode, ao mesmo tempo que fala com esse consumidor,

guiá-lo através da página, ajudando-o a solucionar o seu problema. Quando o

consumidor sair da internet esse arquivo (applet) desaparecerá do seu micro

(Watson, 1999).

Um outro exemplo de prestação de serviço on-line é o da Sony. Para resolver

os problemas relacionados as expectativas elevadas e crescentes quanto à

rapidez e à adequação das respostas a perguntas e reclamações feitas por

seus consumidores de laptop, a empresa já os vende com o SOS (Sony Online

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System). A idéia é simples. Caso o cliente, que adquiriu um laptop Sony,

esteja com algum problema com o mesmo, basta clicar no ícone SOS na tela

que o computador se conecta ao centro de serviços da empresa. A partir daí o

cliente não faz mais nada, pois um atendente, com a permissão do cliente,

literalmente estará 'dentro' do micro analisando e resolvendo o problema, seja

ele qual for (Kotler, 1999).

Passando de uma visão geral de prestação de serviço via internet, onde

percebe-se uma mudança de conceitos e crenças, no próximo item há um

afunilamento do assunto com uma comparação entre serviços de turismo via

internet e turismo no mundo real.

2.6 Serviços de turismo no mundo real x mundo virtual

Nessa etapa do estudo serão evidenciadas as diferenças entre os serviços de

turismo oferecidos no mundo real – através de lojas e escritórios – e mundo

virtual – via internet. Será possível notar, nessa parte do trabalho, que existe

uma 'evolução' das empresas prestadoras de serviços de turismo,

principalmente as agências. Elas migraram de agências comuns, para

superlojas (megastore) de turismo e atualmente são superlojas de turismo no

mundo virtual da Web.

2.6.1 Serviços de turismo no mundo real

O setor de turismo oferece uma gama diversificada de serviços, onde se

destaca o transporte aéreo ou terrestre de passageiros, acomodação em

hotéis, locação de automóveis, dentre outros. Para colocar em contato os

clientes finais com esses serviços existem as agências. No Brasil as agências

se dividem em duas categorias distintas que determinam o âmbito legal de

suas operações: agências de viagens e agências de viagens e turismo.

(Andrade, 1992)

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As agências de viagens, conhecidas internacionalmente como travel agency,

prestam serviços diretamente aos usuários em território brasileiro ou em países

limítrofes. Já as agências de viagens e turismo, conhecidas internacionalmente

de Wholesale Tour Operators, são as antigamente denominadas operadoras

turísticas. Elas prestam serviços tanto aos usuários quanto às agências de

viagens, tanto no Brasil quanto no exterior. Podem atuar com câmbio e

remeter moeda estrangeira ao exterior para efetuar pagamento de serviços

turísticos sob sua responsabilidade. (Andrade, 1992)

Para se ter uma noção do tamanho do mercado de agências de turismo no

Brasil, em pesquisa realizada pela Embratur em 2002, existiam, até 2001,

9.903 agências cadastradas na Embratur, empregando mais de 34.000

funcionários. Além disso, essa pesquisa demonstrou que, em 2001, em 7,7%

das viagens domésticas realizadas no Brasil foram utilizados os serviços de

agências de turismo, contra 5,4% no ano de 1998. (EMBRATUR, 2003)

A partir do entendimento das definições de agências e de como está o mercado

de turismo brasileiro, pode-se passar para a análise do setor de agências de

viagens em si, analisando as tendências mundiais e brasileiras do setor.

Uma tendência que vem acontecendo no mercado norte-americano de

agências de viagens é a adoção de comissões fixas, ou fee como são

chamadas internacionalmente, ao invés do comissionamento variável como

vinha ocorrendo tradicionalmente. (GOOD, 1999)

Essa tendência traz a tona um problema para os agentes de turismo e os

consumidores que estavam acostumados com o serviço gratuito por parte das

agências de viagens e turismo. As agências sempre foram remuneradas pelos

fornecedores dos serviços, ou seja, pelas companhias aéreas, redes de hotéis,

locadoras de veículos entre outros. A partir da adoção do comissionamento

fixo, e pago pelos consumidores, houve grandes mudanças nesse setor. Essas

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mudanças abalaram as estruturas das relações entre clientes e agências e

trouxeram a tona a necessidade de tornar mais claras e explicitas as

especificações dos serviços prestados pelas agências de viagens.

(HENDERSON, 1998)

A queda das comissões pagas pelas companhias aéreas às agências de

viagens foi um dos fatores que aceleraram a adoção de fees. Entre as 50

companhias aéreas constantes do Air Transport World's annual study, realizado

pela revista norte americana Air Transport World, as quantias pagas pelas

companhias aéreas em comissões às agências de viagens caiu 7% no primeiro

semestre do ano de 1998. Isso ocorreu apesar das receitas vindas dos

passageiros terem crescido 3,3% no mesmo período. Em conseqüência disso

o percentual de comissionamento das agências caiu de 8,5% no primeiro

semestre de 1997 para 7,6% no mesmo período no ano de 1998.

(HENDERSON, 1998)

No Brasil, a prática de redução das comissões também vem acontecendo

desde 2000 e em alguns Estados, como Rio e São Paulo, as comissões já

estão entre 6% e 7%, quando anteriormente ficavam entre 9% e 10%. No Rio

de Janeiro, a redução no comissionamento fez com que as agências

buscassem um novo posicionamento no mercado e repensassem a forma de

remuneração. A cobrança de taxas de serviço foi o caminho mais lógico a ser

seguido, mas elas já começam a enfrentar o descontentamento dos clientes,

que outrora, estavam acostumados a não pagarem nada pelos serviços pois

sabiam que as agências tiravam o seu lucro das comissões. A empresa aérea

Gol afirma que a redução do comissionamento não se justifica até porque a

empresa, mesmo possuindo outros canais de vendas fortes, como internet e

0300, não sobreviveria sem as agências. (MASSARI, 2003)

Para tentar reverter essa situação surgiram nos Estados Unidos e em alguns

países da Europa, algumas empresas híbridas, cujo conceito é o de oferecer

tudo que o consumidor precise em um só lugar. Essas megastores de turismo

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começaram a surgir em 1994 com a abertura da primeira loja da rede

Travelfest, na cidade de Austin, Texas, Estados Unidos. Até 1999, já existiam

outras lojas nesse conceito espalhadas pelos Estados Unidos tais como

Willowbee & Kent, Sansonite World of Travel and Voyagers The Travel Store.

(HANOVER, 1999)

O conceito dessas superlojas é basicamente simples: suprir o máximo de

necessidades possíveis de um futuro viajante. São lojas que têm entre 270 e

1.000 m2 e oferecem entre 4.000 e 8.000 SKUs (Storage Keeping Unit), que

podem ser produtos ou serviços diferentes oferecidos por essas lojas. No

interior dessas superlojas, os clientes encontrarão roupas para todo tipo de

clima, material para vários esportes (tênis, golfe, mergulho entre outros), malas,

livros e revistas relacionados a viagens e a destinos mais procurados no

mundo, mapas, vídeos e até poderão fazer reservas de passagens aéreas,

hotéis e aluguéis de veículos. Algumas dessas empresas tiveram um retorno

das vendas na base de 30/70, ou seja, 30% das vendas vinham de comissões

líquidas de viagens e 70% das vendas de mercadorias afins. (HANOVER,

1999)

No ano de 1997, somente quatro anos após a sua inauguração, a rede

Travelfest já havia criado o seu próprio nicho de varejo de turismo com ênfase

no serviço prestado ao cliente. Nesse ano as vendas alcançaram 23,7 milhões

de dólares, representando cerca de 29,5% de aumento em relação ao ano

anterior. Segundo o seu CEO, Gary Hoover: "Nós queremos ser, para os

nossos clientes, o único ponto de recursos para turismo, não somente vender-

lhes uma passagem e mandá-los embora". (REDA, 1998)

Na verdade o que essas empresas viram foi um deslocamento no bolsão de

lucros do segmento. Com a mudança da estrutura de lucros do setor, que

começava a demonstrar que os lucros provenientes das comissões iriam

diminuir, essas empresas deslocaram a sua atividade para agregar mais

produtos e serviços, criando um novo bolsão de lucros. O conceito de bolsões

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de lucro é simples. As empresas devem analisar o seu mercado e descobrir

onde se concentram esses bolsões e onde eles não estão presentes. Por

muitos anos esses bolsões se localizavam, na indústria do turismo, nas

comissões pagas pelos fornecedores (hotéis, companhias aéreas entre outras).

Mas com a constante redução dessas comissões, esses bolsões se

deslocaram e foram para os acessórios (malas, roupas, equipamentos etc.).

Essas empresas perceberam isso e se adaptaram à nova estrutura da indústria

de turismo. (GADISH & GILBERT, 1998).

Esse mesmo efeito pode ser analisado a partir do conceito de Abell (1979). Na

figura 5 nota-se que, apesar dos clientes continuarem sendo os mesmos,

houve um aumento dos produtos e/ou serviços oferecidos, aumentando assim

a abrangência do negócio dessas empresas.

Figura 5 – Diferenças entre agências tradicionais e super-lojas

Fonte: Abell e Hammond, 1979

clientes

Produtos/serviços

Pessoa física

Pessoa jurídica

Passag.

Aéreas,

reservas de

hotéis etc.

Acessórios

(malas,

roupas etc.)

Agências tradicionais

Super-lojas de turismo

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2.6.2 Serviços de turismo via internet

Com um mercado cada vez mais saturado, onde as empresas se viram

obrigadas a reavaliar os seus conceitos e surgiram as mega-lojas de turismo, o

advento da internet propiciou uma nova forma de oferta de serviços turísticos,

com o surgimento de um novo mercado praticamente desconhecido para as

empresas, onde as regras ainda não estavam claras e entendidas.

No ano de 1997 foram agendados cerca de 900 milhões de dólares em

reservas pela internet. Apesar desse valor representar apenas 1% do mercado

de viagens nesse ano, a previsão é de que as vendas, via internet, no ano

2002 chegassem a cifra de 11,3 bilhões. A preocupação das agências de

viagens é que isso se tornasse uma briga de apenas dois competidores:

Travelocity (Sabre) e Expedia (Microsoft). (CRONIN, 1998)

Um exemplo desse avanço das companhias aéreas em direção à internet é a

British Airways. Em 1999, cerca de 1% das vendas de passagens aéreas

vinham através da internet. Mas os altos executivos da empresa esperam que

até o ano 2003, cerca de 50% de todas as suas vendas passem a serem feitas

pela internet. Para isso eles estão investindo dezenas de milhões de dólares

em tecnologia de informação, marketing e despesas relacionadas a essas

áreas. (MACHLIS, 1999).

Já em 2000, as vendas online de bilhetes aéreos entre as dez maiores

companhias do setor nos Estados Unidos quase duplicaram, batendo US$ 5

bilhões, contra US$ 2,6 bilhões em 1999. De acordo com um estudo da

empresa de pesquisas PhoCusWright, a Southwest Airlines foi a mais bem-

sucedida vendedora de passagens aéreas pela web: nada menos do que 26%

de sua receita foi gerada por meio de vendas online – o equivalente a US$ 1,4

bilhão. No entanto, as vendas pela Internet representaram menos de 10% das

receitas para a maioria das demais companhias aéreas em 2000. (IDG NOW!,

2003)

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50

O estudo alerta as agências de viagem que a crescente migração da clientela

para a web pode prejudicar seus negócios. As comissões das companhias

aéreas para as agências já são bem menores do que há uma década, mas

mesmo assim algumas companhias podem evitar esse custo e ganhar

competitividade realizando vendas diretas ao consumidor pela Internet. (IDG

NOW!, 2003)

Em outro estudo da empresa PhoCusWright (2003), publicado em fevereiro de

2003, indica que a venda online de turismo nos EUA se tornou mercado de

aproximadamente US$ 30 bilhões por ano.

No Brasil, ainda existem poucas pesquisas e estudos para avaliar o grau de

utilização da internet por parte de empresas de turismo. Em estudo realizado

pela ABAV1 em 1999 verificou que 71,4% das agências no Brasil estavam fora

da Internet e apenas 17,9% comercializavam algum tipo de produto via

Internet. No entanto, já naquela época, 22,4% disserem ter acesso a Internet e

28% de que a utilização da web era imprescindível para o seu negócio.2

A utilização de Tecnologia de Informação (TI), aliás, é uma conseqüência

natural para o setor de agências de viagens. Esse setor é centrado na

comunicação e processamento de informação. A natureza padronizada dos

produtos e serviços, tais como assentos em aviões e quartos de hotéis,

oferecidos pelas agências de viagens e a facilidade de como os serviços

podem ser descritos são atributos que favorecem o comércio eletrônico. Além

disso, a tecnologia favoreceu que diversas possibilidades de prestar o mesmo

serviço fossem oferecidas aos consumidores, pela combinação dos produtos e

serviços oferecidos pelas agências. Isso fez com que houvesse essa

crescente preocupação com o futuro das agências frente a evolução da TI.

(LEWIS, SEMEIJN & TALALAYEVSKY, 1998)

1 Associação Brasileira de Agências de Viagem2 Pesquisa realizada pela ABAV Nacional em julho de 1999 com 10.541 agências em todo o

país. Informação obtida com o Departamento de Comunicação e Marketing da ABAV-RJ.

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51

Para as empresas que prestam serviço via internet uma das formas de manter

uma “parte real” da operação é disponibilizar canais de contato entre clientes e

funcionários. A Biztravel.com, em contraste com o que faziam os seus

competidores, colocava de forma destacada seu telefone toll-free em seu

website, facilitava o uso de e-mails e chats, e se orgulhava de seu alto padrão

de serviço – incluindo tempos de espera curtos ou inexistentes, e funcionários

bem treinados e capazes, que poderiam responder perguntas e solucionar

problemas (HAMPTON, 2000).

Segundo Daly (2000), a diferenciação para as empresas de internet deve ser o

serviço prestado ao cliente. Para ele, o serviço começa assim que o cliente

entra na sua página da internet. Para o visitante a página da empresa é mais

uma que provavelmente não conterá a informação que ele precisa e por isso o

usuário passa só alguns segundos em uma página antes de decidir se ela vale

o seu tempo de pesquisar mais a fundo ou procurar uma das mais de 10

milhões que se encontram à sua disposição.

Para que isso não aconteça a revista eletrônica BizRevolution (2003) afirma

que as empresas devem se preocupar com as 7 maneiras de se perder um

cliente na internet. São elas:

! Fazer um web site de difícil navegação;

! Oferecer apenas uma forma de pagamento;

! Usar softwares de comércio eletrônico de segunda categoria;

! Apresentar páginas confusas;

! Colocar o seu web site em um servidor lento;

! Fornecer informações insuficientes sobre os seus produtos/

serviços;

! Manter um web site que "foi atualizado pela última vez em Janeiro

de 1999".

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52

O que é mencionado pela BizRevolution (2003) vem ao encontro com as

determinações que a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (2003) entende

ser as melhores práticas no varejo online. Essas determinações não

pretendem esgotar o assunto mas foram geradas a partir da mescla de dados

obtidos, não apenas junto aos grandes varejistas virtuais brasileiros, como

também junto àqueles que também praticam o comércio off-line,

compartilhando seus sucessos e dificuldades, tentando gerar um ambiente de

fidelidade, cujo fundamental propósito é otimizar o processo de aquisição on-

line. Essas melhores práticas seriam:

1. Identificação do comerciante: o site deverá indicar razão social, endereço,

telefone e número do CNPJ da empresa, visando uma melhor identificação

e contato, obtendo dessa forma, maior credibilidade junto ao consumidor.

2. Identificação exata dos produtos e/ou serviços oferecidos: oferta e

apresentação dos produtos e/ou serviços, assegurando informações

corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas

características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia,

prazos de validade e origem, entre outros dados, de acordo com o art. 31

do Código de Defesa do Consumidor (CDC). Além disso garantir fidelidade

entre as fotografias do site e o produto efetivamente comercializado. Não

sendo o caso, explicitar texto que faça alusão sobre as diferenças de

dimensão, tamanho e outras características.

3. Condições explícitas de pagamento: deverá constar, de forma clara e direta,

o preço exato, bem como as condições e formas de pagamento possíveis.

4. Compromisso de entrega: a empresa se compromete a entregar no prazo

prometido, em endereço predeterminado, com os valores de remessa

previamente especificados. É recomendável que se eventualmente não for

cumprido o prazo prometido, o consumidor poderá cancelar o pedido ou se

negar a recebê-lo.

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53

5. Responsabilidade do fornecedor por vícios e defeitos de um produto: a

adoção desse preceito servirá para consagrar uma prática usual. Apesar

dessa responsabilidade ser comum ao varejista e fabricante, é em relação

ao primeiro que geralmente são dirigidas as reclamações.

6. Desistência da compra: criação de mecanismos entre o comércio e o

consumidor para o exercício do direito de arrependimento de compra, como

já é praticado no comércio tradicional. No que tange à aquisição de bens

incorpóreos (como softwares, jogos, músicas, filmes, etc), “baixados” da

rede, nota-se a impossibilidade física da aplicação do preceito acima,

sugerindo-se a adoção de acesso ou uso temporário, através, por exemplo,

de uma senha.

7. Utilização objetiva dos dados pessoais dos clientes: tais dados deverão ser

utilizados exclusivamente por ocasião da compra ou para confecção de

cadastros objetivando futuras compras. Não perder de vista que, a exemplo

do que acontece no mundo offline, as relações comerciais eletrônicas

também podem gerar litígios. Consequentemente, o arquivamento de logs1

e contratos, assim como outras manifestações de vontade, em especial no

caso do varejista, poderão se afigurar como um bom recurso no sentido de

evitar fraudes e gerar provas em eventuais litígios.

8. Utilização criteriosa de cookies2: o emprego desse recurso deverá ser

racional e limitado, uma vez que sua utilização desmedida poderá implicar

em violação aos seus direitos de intimidade e privacidade.

1 logs são arquivos com todas as interações feitas por cada cliente em um determinado site na

internet: as páginas acessadas, o tempo gasto em cada uma, o que foi consultado, que

informações foram inseridas em formulários, etc.2 aplicativos que são colocados no site da empresa para rastrear e armazenar informações de

tudo que o internauta fez durante a sua visita ao site

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9. Segurança quanto ao envio de dados: essa prática visa estabelecer um

ambiente de total confiança entre o consumidor e o fornecedor,

mencionando como os seus dados serão enviados à loja (criptografia), além

da efetiva responsabilização das empresas intermediárias, transmissoras e

armazenadoras de dados, coadjuvantes desse processo.

10. Tratamento dispensado aos dados do cartão de crédito: refere-se à

imediata destruição dos dados após a transação, reforçando dessa forma a

idéia de reduzir-se ao máximo a intervenção humana nos processos de

cobrança através de cartão de crédito.

11. Certificação digital: recomenda-se menção à entidade certificadora.

12. Serviço de atendimento ao consumidor: deverá ser estabelecido, através de

e-mail ou telefone, um canal de atendimento ao consumidor.

13. Racional utilização de e-mail marketing: a utilização de e-mails para

comunicação publicitária e/ou promocional, a exemplo dos cookies, também

deverá ser criteriosa, ressalte-se que a prática indiscriminada do envio de e-

mail marketing pode interferir na imagem comercial da empresa e sua

relação com o consumidor final.

Complementando o que foi visto anteriormente, Daly (2000) afirma que as

empresas devem mudar os seus focos de aquisição de clientes para retenção

de clientes. Os sites na internet devem utilizar as avaliações feitas pelos

usuários para construir com eficiência e reter a sua base de clientes mais

rentáveis e dar menos atenção aos clientes menos rentáveis.

Não é de se estranhar então que no centro do CRM (Customer Relationship

Management) das empresas de turismo mais modernas esteja a internet. As

agências de turismo e fornecedores (companhias aéreas, hotéis, empresas de

aluguel de automóveis e operadores de cruzeiros e excursões) estão usando a

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Web, desde 2000, para oferecer melhores serviços aos clientes,

personalização e fidelização. Algumas empresas apresentaram resultados

satisfatórios enquanto outras ainda estão medindo a eficácia dos seus

programas (Peppers and Rogers Group & PhoCusWright Inc., 2000).

E, para esse mercado, apareceram algumas empresas que prometendo

rastrear o comportamento dos consumidores de internet. Essas empresas

diziam que o objetivo do rastreamento é saber tanto sobre os interesses e as

preferências dos consumidores que, o produto/serviço que será disponibilizado

no site ou oferecido por e-mail será àquele que o cliente realmente está

precisando (GREBB, 2000).

Em um mundo virtual, onde se dirigir à próxima loja é simplesmente apertar um

botão do mouse, essa flexibilidade é vital. Uma empresa virtual chamada

Netperception.com começou a usar essa tecnologia de rastreamento do

comportamento de clientes e observou bons resultados. Grebb (2000) afirma

que a empresa começou a vender produtos a seus clientes que não pareciam

estar relacionados às suas compras anteriores, mas que pessoas com

características similares tinham gostado. Em um caso, foi oferecido a um

cliente que havia comprado uma camiseta de US$28, um aparelho para retirar

o cheiro de cigarro de ambientes no valor de US$ 130. Essa oferta foi feita

baseada nas características desse cliente e nas preferências das pessoas que

tinham comprada essa camisa. No final o cliente acabou comprando o

aparelho.

Empresas de turismo na internet e no mundo real utilizaram e ainda utilizam

ferramentas similares para aumentar seus lucros. A Rosenbluth Travel e a

Biztravel.com se tornaram especialistas em coletar e analisar dados dos

clientes sobre os padrões de viagens, e utilizar esses dados para negociar

descontos junto a companhias aéreas, hotéis e agências de aluguel de carros

(HAMPTON, 2000). Infelizmente, em decorrência dos atentados de 11 de

setembro nos EUA e a conseqüente estagnação da economia a Rosenbluth

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56

Travel encerrou a operação da Biztravel.com em 21 de setembro de 2001

(DISABATINO, 2002).

Além de todo esse avanço em conhecer o cliente online, Peppers and Rogers

Group & PhoCusWright Inc. (2000) afirmam que de todos os segmentos o de

turismo é um dos líderes do e-commerce, ou mercado eletrônico. Os

fornecedores de turismo migraram os seus sistemas de reservas para a

internet. Os GDS (Global Distribution Systems), que conectam fornecedores

com agências de turismo e outros fornecedores, já adaptaram seus sistemas

para a internet. A automação do processo de viagens é uma evolução natural,

considerando que os GDS (Sabre, Worldspan, Galileo e Amadeus) já eram um

espaço de mercado virtual. Isso ocorre porque essas empresas já se

utilizavam de um marketspace (espaço virtual) para fazer suas transações, pois

as agências que quisessem reservar uma passagem aérea deveriam se

conectar com um dos sistemas e navegar para achar a melhor opção para os

seus clientes.

2.7 Proposta de modelo de Projeto de serviço para agênciasde turismo na internet

O intuito desse item é, a partir dos dois modelos estudados até aqui – Murdick

et al e Ramaswamy – e com as informações obtidas sobre a internet e como

ela está mudando a indústria do turismo mundial, propor um modelo e

posteriormente confrontá-lo com duas agências de turismo que se utilizam da

internet para oferecer seus serviços.

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57

2.7.1 Levantamento de informações

Ramaswamy (1996) menciona que o primeiro passo para se desenhar um

projeto de serviço é a determinação de quem serão os consumidores desse

novo serviço que será criado, ou seja, é a escolha do público-alvo.

Logo após, tanto Murdick et al (1990) quanto Ramaswamy (1996) citam a

importância de se conhecer bem esse público-alvo e as suas necessidades

antes de se começar a se desenhar um novo serviço.

O que Ramaswamy (1996) e Murdick et al (1990) citam vêm ao encontro do

que diz o primeiro e o segundo princípios de projeto de serviços mencionado

por Hakserver et al (2000): conhecer o cliente e suas necessidades é

importante para determinar a quem a empresa irá servir, além de determinar

quais necessidades desses clientes devem ser satisfeitas.

Na internet o conhecimento dos seus consumidores e suas necessidades se

mostra ainda mais relevante. A empresa prestadora de serviço pela internet

deve se preocupar em mostrar ao consumidor suas vantagens em relação aos

concorrentes e o quanto ela poderá agregar com o conhecimento que adquire

dele. Segundo Daly (2000), na internet, o serviço começa assim que o cliente

entra no site da empresa prestadora do serviço. Se ele achar que a empresa

não tem o que ele procura, ele passará para o site dos concorrentes em

questão de segundos.

Esse maior conhecimento dos clientes e de suas necessidades poderá gerar

uma maior fidelidade dos mesmos a empresa. A décimo primeiro princípio de

projeto de serviços de Hakserver et al (2000) menciona exatamente a

importância da fidelização dos clientes e a relaciona a fidelidade dos

funcionários. Mas um estudo apresentado por Peppers and Rogers Group &

PhoCusWright Inc. (2002) afirma que 65% dos viajantes que adquirem

produtos de turismo via internet não possuem qualquer lealdade a qualquer

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58

marca. Isso provavelmente é decorrência do pouco ou quase nenhum contato

entre cliente e funcionários do prestador de serviço pela internet.

Parte desse entendimento das necessidades de seus consumidores pode

ocorrer a partir da análise constante das buscas que os clientes realizam no

site da empresa e pelo histórico de compras. As informações podem ser

obtidas através de cookies e se mostram valiosas para o conhecimento do

consumidor. Elas são: páginas acessadas no site, o tempo de permanência

em cada página e os assuntos de maior interesse. Para se relacionar o

consumidor às informações rastreadas através dos cookies faz-se necessário

que o mesmo se identifique ao entrar no site através de um nome de usuário e

uma senha. Com isso, a empresa consegue obter um perfil psicográfico do

consumidor, que é uma informação muito mais rica do que simplesmente

avaliar seus clientes através do seu volume de vendas e dados demográficos.

Ou seja, uma empresa na internet tem condições de coletar muito mais

informações dos clientes que a mesma empresa utilizando-se de lojas

tradicionais. Mas mais do que isso, as empresas precisam usar essas

informações coletadas para conhecer as necessidades de seus consumidores

e transformá-las em atributos, o que será discutido no próximo item. (KOTLER,

1999; KAYDO, 1999; GREBB, 2000; HAMPTON, 2000)

Mas as informações obtidas através de cookies devem ser usadas com

moderação e somente para fins de conhecimento do perfil de utilização do

cliente. Deve-se evitar o uso de cookies para monitoramento do cliente e

comercialização dessas informações para outras empresas. (CÂMARA

BRASILEIRA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO, 2003)

Os contatos realizados pela empresa com o consumidor, sejam eles através de

telefone, e-mail ou pesquisas também são fontes de informação do cliente.

Esse contato pode ser receptivo, onde o cliente procura a empresa para algum

esclarecimento ou reclamação, ou ativo, onde é a própria empresa que busca

esse contato.

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59

Além da escolha e conhecimento do público-alvo, Murdick et al (1990) afirma

que outras informações são importantes nessa etapa: tecnologia a ser

empregada na prestação do serviço, pessoas envolvidas na prestação do

serviço e concorrência.

A tecnologia na prestação de serviços de turismo na internet é fundamental

para reter o cliente no site. O prestador deste serviço deve oferecer uma

tecnologia que possibilite que o cliente obtenha todas as informações de uma

forma simples e clara, navegue com facilidade entre as opções de prestação do

serviço, tenha a possibilidade de entrar em contato com a empresa para sanar

dúvidas sobre os serviços oferecidos, possa escolher entre várias opções de

forma de pagamento e compre com segurança e comodidade, de forma rápida.

(BIZREVOLUTION, 2003; HAKSERVER ET AL, 2000; CÂMARA BRASILEIRA

DE COMÉRCIO ELETRÔNICO, 2003)

Na maioria dos serviços, as pessoas são o maior determinante da qualidade.

Existem várias visões sobre a forma mais efetiva de incentivá-las a oferecerem

um serviço de alta qualidade. Uma delas considera que o meio mais efetivo

para melhorar a qualidade do serviço é uma supervisão crescente. Uma outra,

advoga por maiores gastos em treinamento, maior exercício de discernimento e

maior autonomia de decisão aos empregados da linha de frente. Enquanto a

segunda parece mais atraente do ponto de vista da qualidade da rotina de

trabalho, ambas as teorias têm sua aplicabilidade, normalmente com

ingredientes do mesmo processo de fornecimento de serviço de alto

desempenho. Mesmo na internet, onde o contato entre consumidor e

funcionário se restringe ao mundo virtual, a boa preparação dessas pessoas se

faz necessária pois no caso de uma solicitação mais personalizada ou na

solução de um problema mais complexo a qualidade do serviço estará nas

mãos do funcionário que deverá não só suprir as necessidades do cliente como

deixá-lo confiante que mesmo sem um ‘contato físico’ o funcionário poderá

ajudá-lo. (HESKETT ETAL, 1990; HAKSERVER ET AL, 2000)

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60

A análise constante da concorrência se faz necessária, principalmente na

internet, por causa da grande facilidade em se pesquisar diversas empresas ao

mesmo tempo, o que facilita a avaliação da relação ‘custo x benefício’ de todas.

A internet abre um novo canal aos consumidores de serviços turísticos,

facilitando em vários aspectos a aquisição dos mesmos, mas em contra-partida

aumenta a gama de concorrentes, pois a localização física do fornecedor não é

mais um impeditivo. Qualquer agência no mundo passa a oferecer serviços

turísticos a todos os internautas, fazendo com que o constante monitoramento

da concorrência seja necessário para se antecipar a futuros problemas.

(MURDICK ET AL, 1990; BRÄNBACK, 1997; HEIM E SINHA, 2000)

A união de todas essas informações servirá para auxiliar em um melhor projeto

prestação de serviço na internet.

2.7.2 Definição de atributos e padrões de performance

Após o conhecimento dos consumidores e suas necessidades faz-se

necessário definir quais são os atributos que são importantes no projeto do

serviço que será criado e disponibilizado via internet. Nessa fase, como

citaram Murdick et al (1990) e Ramaswamy (1996), se faz a tradução das

necessidades dos consumidores em atributos do novo serviço.

Ramaswamy (1996) também afirma que um atributo pode satisfazer a mais de

uma necessidade e eles podem se relacionar entre si podendo existir algum

grau de dependência entre eles.

Esse modelo não pretende, em momento nenhum, esgotar todos os atributos

de um bom projeto de serviço para agências de turismo na internet. A

descrição de alguns deles demonstra a diferença entre o mundo real e o virtual,

mas cada empresa deverá relacionar os atributos que mais se adequam às

necessidades de seus consumidores.

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61

Esses atributos poderão variar de empresa para empresa pois os

consumidores e suas necessidades são diferentes entre elas. Cada empresa

precisa levantar, a partir do conhecimento profundo de seus clientes, quais

atributos se mostram importantes para o perfeito entendimento das

necessidades dos consumidores e posterior criação do serviço (MURDICK ET

AL, 1990). Mas na internet, alguns atributos se mostraram relevantes e devem

ser levados em consideração na hora do projeto de serviço. São eles: a

velocidade de resposta, quantidade e qualidade das informações, a segurança

e a qualidade do site da empresa. (WATSON, 1999; BIZREVOLUTION, 2003;

CÂMARA BRASILIERA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO, 2003)

A velocidade de resposta é um fator crítico na internet. O consumidor que está

disposto a esperar por 2 dias um retorno telefônico de uma empresa não

virtual, não espera minutos para receber uma resposta por e-mail, como

descreveu Watson (1999). A agilidade nos contatos com os consumidores é

muito importante no mundo virtual e deve ser levado em conta na criação de

um novo serviço de turismo na internet.

Quando o consumidor escolhe a internet como o canal de pesquisa e compra

de serviços de turismo, tem a exata noção de que o contato visual e físico é

praticamente nulo. Por isso faz-se necessário que os sites possuam uma

gama de informações tal que supra a grande maioria das dúvidas possíveis

dos consumidores para que eles não se sintam ‘perdidos’ sem saber o que

procurar, onde procurar e como comprar. Mas é importante lembrar que o

consumidor espera encontrar tudo em um só lugar e as empresas que

pretendem prestar um bom serviço de turismo pela internet devem estar

atentas a isso. A própria internet possui uma variedade imensa de informações

relacionadas ao turismo, sejam sites dos governos, organizações internacionais

e nacionais de turismo, agências de turismo espalhadas ao redor do mundo ou

de empresas especializadas em gerar conteúdo e turismo (DALY, 2000;

ALDRICH, 2000).

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62

A segurança é outro atributo importante na prestação de serviços na internet.

Ainda existe uma preocupação muito grande por parte dos consumidores em

adquirir produtos e serviços via internet pela fragilidade dos sistemas de

segurança em proteger seus dados pessoais e transacionais. No mercado

tradicional isso é bem menos complexo pois as transações ocorrem

diretamente ao prestador do serviço sem que circule por meio eletrônico. Por

causa disso, as empresas devem se preocupar em controlar o acesso a

informações dos seus clientes através de números de identificação e senhas.

Uma outra maneira é a utilização da criptografia, técnica de permite transformar

as informações em cifras que somente a empresa pode compreender

(ALDRICH, 2000; HAKSERVER ET AL, 2000; CÂMARA BRASILIERA DE

COMÉRCIO ELETRÔNICO, 2003).

Outro atributo que deve ser levado em consideração é a qualidade do site da

empresa. No mundo virtual os consumidores se tornam muito mais exigentes,

como mencionou Watson (1999) e se o consumidor perceber que o site da

empresa é muito ‘poluído’ – contendo informação em demasia, com textos

muito extensos e letras pequenas – ou que a navegação é complexa – para se

chegar na informação que se busca é necessário passar por diversas páginas

– ele irá procurar um outro prestador do mesmo serviço em questões de

segundos sem precisar sair de casa. Como já foi visto anteriormente, a internet

proporciona essa concorrência mais acirrada pois não se limita a fronteiras

geográficas.

Como mencionaram a BizRevolution (2003) e a Câmara Brasileira de Comércio

Eletrônico (2003), o site deve ser claro, conter textos em língua portuguesa e

de fácil entendimento mas com todas as informações necessárias, proporcionar

uma boa navegabilidade – onde o consumidor, intuitivamente, pode encontrar o

que procura sem muito esforço –, possuir uma sessão de perguntas

freqüentes com as dúvidas mais comuns dos internautas, oferecer mais de

uma alternativa para a prestação de um mesmo serviço turístico e de forma de

pagamento e ser o mais transparente possível na compra do serviço,

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63

informando o porque de tudo que é solicitado e quão seguro será essa

transação.

Depois de identificados os atributos passa-se a etapa onde são determinados

os padrões de performance para cada um deles.

É difícil de se determinar quais são os padrões adequados de performance e

cada empresa deve avaliar caso a caso. Por exemplo o atributo ‘velocidade’,

pode ter um nível de performance que irá variar muito de serviço para serviço,

mesmo em se tratando de serviços de turismo. O consumidor pode esperar até

24 horas para receber uma informação sobre um pacote turístico completo

(bilhetes aéreos, translado, seguro-viagem, reserva de hotéis e aluguel de

automóvel) como pode exigir uma resposta automática para uma reserva de

um bilhete aéreo.

Mas nem por isso a definição dos padrões de performance não se fazem

necessários ou menos importantes. A determinação dos mesmos é importante

para se avaliar o quão distante a empresa está do padrão exigido pelo

consumidor e qual é a sensibilidade do consumidor às variações de

performance (RAMASWAMY, 1996).

A determinação dos padrões de performance vai depender, como mostrou

Ramaswamy (1996) da relação entre performance e satisfação do consumidor

para cada atributo. Se um pequeno desvio na performance em relação ao nível

desejado pelo consumidor para um atributo causar uma queda substancial na

satisfação, então os padrões de performance do projeto de serviço deverão

estar posicionados o mais perto possível dos níveis desejados pelo cliente. O

mesmo ocorre para o oposto quando variações na performance de um atributo

geram pouca influência na satisfação dos clientes para com o serviço. Nesse

caso, os padrões de performance podem estar situados próximos ao nível

mínimo aceitável.

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64

No exemplo anterior, de velocidade de resposta, se um cliente demonstra que

o nível de performance esperado para um determinado serviço é de 2 a 4 horas

e sinaliza que um atraso de 30 minutos causará um grande desconforto, o

padrão de performance deve ser colocado entre 2 e 3 horas para se evitar

qualquer atraso. Mas se o cliente indica que um atraso de 2 horas causará um

desconforto mínimo, o padrão de performance poderá ser colocado entre 3

horas e 4 horas, bem próximo do limite máximo. No primeiro caso, qualquer

esforço para se atender a solicitação do cliente no menor tempo possível irá

aumentar consideravelmente a satisfação do mesmo com o serviço prestado.

Já no segundo caso o esforço de se atender rapidamente pode gerar um

aumento muito pequeno ou até mesmo nenhum na satisfação do cliente, já que

a sua tolerância, nesse atributo, é muito grande. Pode-se usar como exemplo

a caso do Bank of America que um tempo de espera na fila dos caixas superior

a três minutos causavam um desconforto tão grande que a percepção do

cliente era de que mais tempo havia se passado. (THOMKE, 2003)

2.7.3 Alternativas de projeto de serviço

Após levantar as informações e definir os atributos e padrões de performance

dos mesmos, passa-se para a fase de criar alternativas para a prestação do

serviço turístico na internet.

Essa é a etapa da criação, onde o projeto começará a tomar forma e onde as

alternativas levantadas serão avaliadas para a escolha das melhores. Segundo

Murdick et al (1990), essa fase deve ser restrita no tempo, ou seja, deve ter

uma data de término para que não se perca tempo demais na fase criativa

ultrapassando o limite da praticidade.

Esse processo de geração de alternativas deve seguir um padrão formal e as

mesmas devem ser avaliadas por um grupo de pessoas com capacidade para

julgar se elas terão êxito ou não, antes de serem disponibilizadas aos

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consumidores. A apresentação formal é necessária para que haja um padrão

entre elas, facilitando a avaliação e a comparação entre as mesmas. Além

disso, essas alternativas devem ser monitoradas continuamente e alteradas,

caso necessário, ou até mesmo retiradas do site em situações onde a empresa

perceba que não estão obtendo o retorno esperado (MURDICK ET AL, 1990;

RAMASWAMY, 1996).

2.7.4 Desenvolvimento do projeto

Logo após a criação de diversas alternativas, tanto Murdick et al (1990) quanto

Ramaswamy (1996) sugerem que as alternativas sejam testadas para se

escolher a melhor.

No turismo pela internet, isso é um pouco diferente, pois as empresas podem

ofertar mais de uma alternativa de serviço sem que isso implique em custos

altos. Existem diversas combinações possíveis entre categorias de hotéis, tipo

de transporte utilizado, categorias de automóveis e serviços extras, e as

empresas podem oferecer uma gama maior de alternativas para que um grupo

maior de consumidores seja atingido (LEWIS, SEMEIJN, TALALAYEVSKY,

1998). Segundo Ramaswamy (1996) e Murdick et al (1990), o intuito é avaliar

e selecionar as alternativas mais prováveis e que atenderão a maioria das

expectativas de performance dos consumidores, mas sem se restringir a uma

única solução final.

Ramaswamy (1996), Murdick et al (1990) e Thomke (2003) sugerem que testes

ou pesquisas devam ser realizados para se identificar a possível aceitação de

um grupo de consumidores ao novo serviço turístico que será criado e

disponibilizado pela internet ou através de grupos de controle onde as

alternativas são oferecidas para diversos consumidores em grupos diferentes

para se avaliar as que sofrem maior aderência por parte dos mesmos. A

internet favorece esse tipo de pesquisa pela grande interatividade entre

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66

empresas prestadoras de serviços turísticos pela internet e seus consumidores

e essas empresas devem criar pesquisas para se avaliar o grau de aceitação

de cada alternativa e levantando possíveis alterações no serviço a partir de

sugestões dos clientes.

Além disso, como foi visto anteriormente, a internet propicia que as diversas

alternativas possam ser testadas em tempo real, facilitando a análise de

aceitação de cada uma por parte dos consumidores e auxiliando na alteração

das mesmas para se adequarem melhor às necessidades dos clientes. Os

softwares de rastreamento, que se utilizam de cookies, podem ser de grande

auxílio nesse tipo de análise identificando que público está procurando que

alternativa e a partir disso a empresa pode fazer uma ‘sintonia fina’ no serviço.

Nesses testes deve-se prestar atenção na tolerância dos consumidores às

variações nos padrões de performance. Como já foi mencionado no item

anterior, os atributos que aparecerem como sendo muito sensíveis às

variações de performance – atributos onde o consumidor indica que sentirá um

desconforto grande em conseqüência de pequenos problemas – devem ser

avaliados com mais cuidado. As alternativas que possuírem a menor

quantidade de atributos sensíveis a essas variações de performance serão as

melhores e seguirão para a próxima etapa de detalhamento das especificações

(RAMASWAMY, 1996; THOMKE, 2003).

Segundo Murdick et al (1996), nessa etapa também ocorre o detalhamento das

especificações das alternativas escolhidas. Essa fase possui uma grande

relevância pois servirá para que esses serviços possam ser replicados no

futuro. É a criação de uma espécie de manual, demonstrando como o serviço

foi montado, quais são os atributos importantes, quais os padrões de

performance de cada atributo e tudo que for importante para uma futura

utilização desse mesmo serviço. Tudo que esses serviços contiverem e que

tiverem alguma forma de contato com os consumidores deverá ser detalhado

nessa etapa. Se bens tangíveis fizerem parte do serviço, deverão ser descritos

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67

aqui como por exemplo, que tipo de transporte foi utilizado, qual categoria de

hotel, quais as melhores formas de pagamento, os tempos gastos em cada

etapa do serviço, entre outros.

2.7.5 Resumo

Todo o esforço despendido nesse capítulo teve por objetivo a tentativa de

criação de um modelo de projeto de serviço para agências de turismo na

internet, apresentado durante o item 2.6. Esta tentativa gerou o quadro-resumo

(Quadro 2), no qual estão sumarizadas as quarto etapas de um modelo de

projeto de serviço para agência de turismo na internet.

Esse quadro-resumo foi usado para nortear o roteiro de entrevistas, a

descrição dos casos e a análise dos mesmos.

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Quadro 2 – Quadro-ResumoModelo de Projeto de serviço para agências de turismo na internet

2. Definição de atributos epadrões de performance• Quais são os atributos que irão

satisfazer as necessidades dos

consumidores?

• Como esses atributos se

relacionam entre si?

• Alguns atributos importantes para

a internet:

• Velocidade de resposta

• Informação

• Segurança

• Qualidade do site

• Como são determinados os

padrões de performance?

1. Levantamento deinformações• Qual é o público-alvo desse

serviço?

• Quem são esses consumidores?

A empresa conhece essas

pessoas?

• Dados demográficos

• Dados psicográficos

• Quais são as suas

necessidades?

• Qual é a tecnologia empregada

na prestação desse serviço?

• Como é o treinamento das

pessoas envolvidas na prestação

do serviço? Qual o papel delas?

• A empresa conhece a sua

concorrência direta e indireta?

Fonte: o autor

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Quadro 2 – Quadro-ResumoModelo de Projeto de serviço para agências de turismo na internet

(continuação)

3. Alternativas de projetode serviço• Como são geradas as diversas

alternativas para a prestação de

um serviço?

• Como é o processo de avaliação

das alternativas?

• Quem cria e quem avalia as

alternativas para se saber se elas

serão um sucesso ou um

fracasso?

• A criação e a avaliação das

alternativas seguem um processo

estruturado?

• É um processo formal?

• Existe uma delimitação do tempo

de duração dessa etapa?

4. Desenvolvimento doprojeto• É realizado algum teste das

alternativas?

• Quantas alternativas são

escolhidas para a prestação de um

serviço de turismo na internet?

• São realizadas pesquisas para se

avaliar a aderência do público às

alternativas? E grupos de teste?

• As informações dos

consumidores são usadas para

modificação nos serviços criados?

• São avaliadas a sensibilidade dos

atributos para a escolha das

melhores alternativas?

• É realizado o detalhamento das

alternativas escolhidas?

Fonte: o autor

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3 Metodologia

3.1 Tipo de pesquisa

Baseando-se na taxionomia de tipos de pesquisa, sugerida por Vergara (1998),

uma pesquisa pode ser definida quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins, a presente pesquisa pretende ser exploratória, uma vez que

procura trazer à luz da análise conhecimentos que ainda foram pouco

acumulados e sistematizados sobre modelos de projetos de serviços

proporcionados via internet. O assunto internet, em si, já é um campo de

estudo onde não se conhece muito devido ao pouco tempo de seu surgimento

e menor ainda o tempo decorrente da sua grande popularização.

Quanto aos meios, a pesquisa poderá ser classificada como telematizada,

bibliográfica e de estudo de casos. Será telematizada pelo uso intenso que se

fará da internet. Será bibliográfica pois também se fará uso de outros meios,

em menor volume, tais como: artigos publicados em jornais e revistas.

A pesquisa também é um estudo de casos, pelo fato de restringir a uma

amostra muito pequena de empresas analisadas: duas. De acordo com

Vergara (1998), uma pesquisa de estudo de caso se restringe ao estudo de

poucas unidades de um grande universo, tendo um caráter de profundidade e

detalhamento.

3.2 Método de pesquisa

Conforme mencionado no capítulo introdutório, o método de pesquisa adotado

foi o de estudo de casos.

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71

Segundo Simon (1969) o estudo de casos é o método mais adequado quando

se deseja obter uma riqueza de detalhes muito grande sobre o tema em

questão. Alguns anos mais tarde Bonoma e Wong (1983) definiram o estudo

de caso como a descrição de uma situação vivida por uma determinada

empresa. Uma das principais diferenças do estudo de casos para os demais

métodos de pesquisa é o fato de que um caso não é aleatoriamente escolhido.

Ao contrário, é deliberadamente selecionado de acordo com as perguntas de

pesquisa enunciadas pelo pesquisador.

Yin (1989) define o estudo de casos como uma investigação empírica de um

fenômeno contemporâneo em seu contexto real, onde a distinção entre o

fenômeno e o contexto não está totalmente definida e para a qual se utilizam

fontes de informações múltiplas.

O mesmo autor ainda afirma que o estudo de casos é a abordagem preferida

quando as perguntas do tipo "como" ou "por quê" são colocadas, quando o

pesquisador tem pouco ou nenhum controle sobre os eventos ou ainda quando

o foco do estudo é um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto atual.

A internet é um fenômeno mais do que contemporâneo o que justifica mais

uma vez a escolha desse método de pesquisa.

A falta de conhecimento desse método fez com que outros pesquisadores o

considerassem pouco estruturado, fácil e pouco acadêmico. Para defender

essa metodologia, Campomar (1991) afirmou que, por ser um método menos

estruturado, sua aplicação se torna mais difícil e, portanto exige uma dedicação

acadêmica maior. O autor rebate as críticas dos quantitativistas alertando para

o fato de que a precisão requerida nos métodos quantitativos é necessária não

apenas no tratamento dos dados, mas principalmente na sua coleta. E que,

por essa razão, pesquisas quantitativas também estão sujeitas a um uso

inadequado por parte do pesquisador.

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O estudo de casos, por ser menos estruturado, possui uma vantagem sobre os

demais métodos de pesquisa, que é a liberdade para buscar informações.

Essas podem ser colhidas através de documentos, entrevistas, observações e

várias outras fontes que talvez tivessem que ser descartadas se utilizadas

outras metodologias de estudo.

3.3 Coleta e análise de dados

Foram realizados dois estudos de caso e as empresas foram selecionadas por

conveniência. Algumas empresas foram contatas e as duas escolhidas foram

as que se mostram interessadas em participar do estudo. Também procurou-

se entrevistar empresas com características diferentes – uma totalmente virtual

e outra híbrida, possuindo atuação no mundo real e no virtual. Como ambas as

empresas solicitaram que não fossem identificadas, simplesmente serão

chamadas de empresa A e empresa B. A empresa A é uma empresa que só

está presente no mundo virtual, ou seja, a sua atuação está limitada a internet

não possuindo lojas ou representantes no “mundo real”. Já a empresa B atua

tanto no mundo real, através da sua rede de lojas, quanto no mundo virtual,

através da sua loja virtual na internet.

Todas as informações foram obtidas através de entrevistas em profundidade,

realizadas entre os meses de agosto e outubro de 2002, e análise dos sites das

empresas escolhidas. Todas as entrevistas foram gravadas e os executivos

entrevistados tinham ligação direta com a operação do site onde ocorre a

prestação do serviço da empresa ou participou ativamente da criação do

mesmo.

A maioria dos estudos de casos se baseia em roteiros de entrevistas para

orientar o pesquisador na coleta de dados. Nessa pesquisa foi usado esse

recurso de utilização de roteiros (vide Anexos 1 e 2) para que as entrevistas e

análises dos sites fossem guiadas através dos mesmos. Esse roteiro também

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foi importante para que ambas as empresas fossem abordadas nos mesmos

aspectos e atributos. Os roteiros se basearam no modelo proposto no sub-

capítulo 2.6.

A análise dos dados seguiu por comparação entre as informações obtidas nas

empresas e o modelo de prestação de serviços na internet sugerido no item

2.6.

3.4 Tratamento dos dados

Para se fazer o tratamento dos dados coletados através das entrevistas e

análise dos sites foram utilizados métodos qualitativos. Em uma primeira etapa

foi feita a organização dos dados para se obter a descrição dos 2 (dois) casos

escolhidos.

Em uma segunda etapa, foram realizadas as análises dos dois casos a luz das

perguntas do item 1.3 - Questões a serem respondidas. Dessa forma, as

informações extraídas dos casos foram agrupadas de acordo com cada

pergunta da pesquisa. Já nessa etapa se procurou confrontar as informações

obtidas nas empresas com a teoria vista na revisão bibliográfica. Nessa

análise se buscou entender o porque do distanciamento entre a teoria e a

prática.

3.5 Limitações do método

Qualquer pesquisa que se propõe a estudar com seriedade um determinado

tema encontrará limitações no que diz respeito ao método utilizado.

O estudo de casos, por ser mais exploratório do que um estudo estatístico,

possui as seguintes limitações: baixo rigor científico, viés do pesquisador e

baixo grau de generalização (não se pode generalizar uma situação a partir de

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um pequeno número de casos). Dessa forma, a escolha desse método requer

um trade-off entre generalização e consistência de dados.

Por isso, o presente estudo não pretende, em nenhum momento, gerar

generalizações, e sim trilhar caminhos para que se possa compreender um

pouco mais sobre um assunto tão novo como o de projeto de serviço para

empresas prestadores de serviços de turismo via internet.

Além disso, praticamente toda a literatura utilizado na revisão bibliográfica é de

origem estrangeira o que pode gerar algumas distorções por não contemplarem

características regionais do Brasil.

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4 Descrição dos Casos

Neste capítulo, serão descritos os casos estudados no presente estudo onde

se procura relatar as experiências das duas empresas no que tange a

prestação de serviços turísticos via internet.

Cada um dos dois casos foi divido em 5 partes. A primeira parte contém a

descrição sumarizada da empresa no tocante a informações tais como

histórico, quantidade de funcionários, participação acionária, faturamento, entre

outras. Vale lembrar que as empresas solicitaram que não fossem

identificadas e por isso essas informações estão expressas de forma genérica.

Nas outras quatro partes, os casos serão descritos levando-se em conta os

quatro itens do modelo proposto de projeto de serviço para agências de turismo

que prestam seus serviços pela internet, sendo eles: Levantamento de

Informações, Definição de atributos e padrões de performance, Alternativas de

projeto de serviço e Desenvolvimento do projeto.

4.1 Empresa A

4.1.1 A empresa

A empresa A é uma empresa de capital estrangeiro e totalmente virtual, não

possuindo lojas ou escritórios para atendimento direto ao público consumidor.

Foi fundada no final da década de 90, quando seu sócio-fundador percebeu

que existia um mercado a ser atendido por um serviço eficiente de viagens pela

internet, principalmente para o mercado da América Latina. Por causa disso

ele se associou a um grupo de amigos para criar a empresa A e já no seu

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lançamento, a empresa se preocupou em criar portais na internet em diversos

países das Américas e Europa.

A empresa é um portal de comércio eletrônico B2B (business-to-business) e

B2C (business-to-consumer) e o seu faturamento advém de comissões sobre a

venda de serviços relacionados a viagens e comissão sobre veiculação de

anúncios.

No início dos anos 2000, a empresa A recebeu sua primeira rodada de

investimentos, com valores na casa das dezenas de milhões de dólares. Esse

aporte de capital foi feito por grandes bancos e empresas internacionais de

investimento. Além disso, a companhia tem como investidor estratégico um

grande grupo que é operador e proprietário de hotéis em vários países do

mundo e sócio-proprietário de uma das maiores agências de viagens do

mundo.

Como a empresa A está em fase de expansão no Brasil e no mundo,

possuindo algumas operações com dificuldades financeiras e outras em

situação melhor, as informações apresentadas aqui serão relativas ao grupo ao

qual a empresa A pertence e não somente a operação no Brasil. Em alguns

casos específicos, informações da operação do Brasil poderão ser citadas.

Em 2002, a empresa A atendeu em todo mundo a centenas de milhares de

usuários e tem um faturamento na casa de dezenas de milhões de dólares ao

ano. A filial da empresa A no Brasil participa com uma grande parcela desse

faturamento e isso se deu principalmente pelas crises financeiras em outros

países da América do Sul e pelos atentados ocorridos nos Estados Unidos no

final do ano de 2001. A operação no Brasil emprega menos de 100

funcionários e a grande maioria está na área de operação, ou seja, no

atendimento aos clientes finais através da central de atendimento.

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A empresa A sempre buscou oferecer a seus clientes uma solução completa

para todas as necessidades de viagem e para isso dá acesso a centenas de

companhias aéreas, dezenas de milhares de hotéis, às principais companhias

de aluguel de carros, e a centenas de pacotes turísticos para lugares de todo o

mundo.

4.1.2 Levantamento de informações

Quando a empresa decidiu ser totalmente virtual, segundo a gerente de

marketing, já se sabia que o público seria bem restrito pela dificuldade de

acesso à internet por parte do público brasileiro.

Segundo a gerente de marketing, boa parte do público de internet no Brasil é

composta por pessoas muito jovens com idade até 25 anos, que é basicamente

o público de recém-formados na faculdade. Essa fatia da população brasileira

ou ainda não tem uma vida financeira própria – o indivíduo ainda não tem um

emprego estável e/ou não ganha dinheiro suficiente para decidir o que vai fazer

com o mesmo – ou ele faz parte ainda de um núcleo onde ele precisa

compartilhar e ele não é o decisor final. Por essa razão esse público foi

descartado pela empresa A e não foi trabalhado.

O público do segmento de lazer, constituído pelos clientes pessoa física, foi

escolhido principalmente pela idade e deveriam ser pessoas que fizessem uso

freqüente da internet para que se sentissem confortáveis o bastante para

realizar compras de serviços de turismo através da web. Como já foi dito

anteriormente, a própria internet já segmenta pelo poder aquisitivo e por isso o

intuito era descobrir os internautas mais propensos a fazer esse tipo de compra

e, além disso, os que teriam a possibilidade de ter o tíquete mais alto, ou seja,

os clientes que fariam as maiores compras.

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Uma característica do público que a empresa A trabalha, ressaltada pela

gerente de marketing, é a busca por privacidade. “Os clientes de internet

pressupõem que terão um maior afastamento e por isso demandam uma

privacidade bem maior de nós”, comenta a gerente. E continua dizendo ”é

complicado estarmos fazendo pesquisas online ou e-mail marketing, pois

podemos estar sendo muito invasivos. Mas é interessante notar que essa

mesma pessoa aceitaria com mais facilidade o recebimento de malas diretas

tradicionais, que chegam através dos correios, ou participar de pesquisas

realizadas por empresas tradicionais”. O levantamento de novas informações

sobre os clientes não acontece nem quando um cliente procura a central de

atendimento para dirimir dúvidas ou obter maiores explicações sobre os

serviços. Os funcionários só checam as informações necessárias, tais como

nome completo e endereço, caso haja a necessidade de envio de

documentação para a residência do cliente, pois caso contrário nem isso é

feito.

Além do público do segmento de lazer existem os clientes corporativos que são

atendidos pela empresa A. São empresas que fazem acordo com a empresa A

para que ela se torne a agência dessas empresas e com isso elas só

comprarão com a empresa A, mas em contra-partida demandam maiores

descontos e facilidades. Poder-se-ía pensar que isso geraria um lucro menor

já que a empresa A diminuiria a sua margem de lucro, mas não é o que ocorre

pois o seu poder de barganha também aumenta junto aos fornecedores,

obtendo também descontos maiores e mais facilidades de pagamento.

O segmento corporativo da empresa A é o que gera o maior volume de dinheiro

não só diretamente mas também indiretamente. Diretamente porque o volume

de serviços comprados é maior e consequentemente o volume de dinheiro

também o será, e indiretamente porque os executivos das empresas atendidas

pela empresa A também tiram férias e em sua maioria possuem famílias. A

empresa A faz promoções especiais para esses funcionários para tentar vender

outros serviços não ligados a trabalho e sim de lazer. Possibilitando um

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aumento do volume de dinheiro gerado por esses acordos. A empresa A se

utiliza não só de e-mails para fazer a divulgação dessas ofertas especiais mas

também fixa cartazes em diversos pontos da empresa e, mediante aprovação

da mesma, usa a intranet.

Já quando se trata de concorrência, a empresa A considera como seus

concorrentes os outros sites de turismo, as agências tradicionais e outras

empresas do segmento de turismo tais como companhias aéreas, operadoras,

redes de hotéis entre outros. Mas é interessante notar que apesar de serem

concorrentes também são fornecedores, pois para vender e montar serviços, a

empresa A precisa das redes de hotéis, das companhias aéreas, empresas de

aluguel de automóveis, entre outros.

Por causa dessa teia complexa, onde os concorrentes também são

fornecedores, há a necessidade de um monitoramento constante do que está

acontecendo no mercado e o que essas outras empresas estão oferecendo.

Para isso existe um departamento, o de Trade Marketing, que cuida desse

monitoramento além de cuidar das negociações com os parceiros.

No início de sua operação no Brasil, a empresa A entrou em contato com todas

as grandes operadoras que trabalham com os diversos destinos no Brasil e no

mundo. Durante essa primeira fase, a empresa A começou a avaliar os

serviços oferecidos por essas empresas, analisando a forma de operação, os

funcionários, a confiabilidade e o preço. Após essa fase inicial, a empresa A

definiu quais seriam os melhores fornecedores por possuir uma combinação de

variáveis que melhor se ajustavam ao negócio da empresa e a seus clientes –

seja por preço, por melhores condições de pagamento, por qualidade de

serviço ou por confiabilidade. Atualmente, a empresa trabalha com um número

menor de fornecedores, sem perder na qualidade e na quantidade de oferta à

seus clientes. Além disso, a quantidade reduzida de fornecedores facilita

enormemente a operação.

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Por possuir um contato mais direto com alguns desses fornecedores, os novos

serviços oferecidos por eles podem ser incorporados aos serviços da empresa

A quase que instantaneamente. Se um determinado concorrente lança um

pacote com uma tarifa especial com uma companhia aérea o departamento de

Trade Marketing tentará a mesma negociação. Além disso, esse

departamento é responsável por avaliar novas oportunidades. Se, por

exemplo, uma companhia aérea possuir rotas deficitárias o pessoal de Trade

Marketing irá propor soluções que sejam vantajosas tanto para a empresa A

quanto para essa companhia aérea, criando um novo pacote para essa rota.

Além disso, essa equipe tem a incumbência de negociar tarifas, condições de

pagamento, preços, margens e bonificações com os fornecedores.

Existem também os parceiros que não são empresas ligadas ao segmento de

turismo, mas que podem gerar benefícios mútuos. A empresa A costuma fazer

parcerias com empresas de cartão de crédito, de TV por assinatura, entre

outras para oferecer condições especiais para os clientes dessas empresas e

aumentar assim a sua penetração no mercado. Além disso, existem parcerias

na internet, onde a empresa A se torna o canal de turismo de outros sites

importantes, aumentando a sua exposição, gerando assim um fluxo maior de

clientes em seu próprio site.

As pessoas envolvidas na prestação do serviço parecem possuir um papel

importante na empresa A. Durante o processo de escolha de um serviço por

parte do cliente, os funcionários da empresa A são treinados para perguntar,

seja através de e-mail ou telefone, o que o cliente está buscando nessa compra

– conforto, agilidade, flexibilidade, etc. A partir dessa seqüência de perguntas

eles conseguem oferecer o melhor serviço para o cliente. Apesar disso, não

existe um programa estruturado de treinamento dessas pessoas e isso acaba

ocorrendo durante a operação diária.

Por ser uma empresa totalmente virtual, com a sua operação se passando

quase que totalmente através da internet, a tecnologia empregada se torna um

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ponto crítico. As interações com os clientes são poucas e se limitam a contatos

telefônicos, troca de e-mails e entrega de passagens aéreas e vouchers de

reservas de hotéis, automóveis, etc. Por isso a tecnologia deve seja

suficientemente robusta para permitir que o cliente possa interagir sozinho com

o site, caso decida não ter nenhum contato com algum funcionário da empresa,

na escolha e compra do serviço desejado.

Para ter acesso a todos os serviços da empresa A, o cliente deve ser

cadastrado no site, tendo que informar nome, sobrenome, cidade onde mora,

País, CEP, CPF, data de nascimento, sexo, estado civil, se tem filhos e

quantos, e-mail e criar um nome de usuário e uma senha.

Dependendo do que o cliente necessita, não há a necessidade de contato

telefônico como, por exemplo, a compra de um bilhete aéreo. O cliente entra

no site, escolhe a origem, o destino, as datas de ida e volta, os horários, a

companhia aérea e continua a compra. Em seguida ele informa o seu nome de

usuário, a sua senha, a forma de pagamento (cartão de crédito, cheque,

depósito bancário ou outra forma de pagamento), a forma de recebimento do

bilhete aéreo (entrega regular, entrega expressa ou retirada do bilhete no

escritório da empresa A) e finaliza a operação. Essa operação não é uma

simples reserva e sim uma confirmação de compra de um lugar na aeronave,

pois durante todo o processo um sistema mundial de reservas de bilhetes

aéreos é consultado para a verificação da existência ou não de assentos para o

vôo escolhido. A tecnologia empregada nessa operação é muito importante

para o sucesso da empresa já que falhas, atrasos na confirmação ou

informações erradas podem causar grandes problemas.

4.1.3 Definição de atributos e padrões de performance

A criação de um novo serviço por parte da empresa A não segue um processo

estruturado onde são levados em consideração os atributos mais importantes

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que possam vir a satisfazer as necessidades dos clientes. Na verdade, como

não há um levantamento formal das necessidades dos clientes, o processo de

definição de atributos também fica prejudicado. Apesar disso, alguns atributos

foram citados como importantes no projeto de um novo serviço, mais pela

intuição do que por uma metodologia.

O atributo informação recebe uma atenção especial na prestação do serviço

pela empresa A. No início de suas operações no Brasil e no mundo, havia um

grande enfoque tanto na área de e-commerce quanto na de conteúdo e

informação. Com o passar do tempo, a empresa A deixou de investir na área

de informação e passou a colocar todos os seus esforços na área de e-

commerce. Nos primeiros anos foram produzidas mais de mil matérias

exclusivas que eram disponibilizadas aos clientes por uma equipe própria de

jornalistas. Além disso, a empresa adquiriu os direitos de publicação de um

guia turístico estrangeiro que foi traduzido por uma equipe interna de

profissionais, editado e disponibilizado através do site da empresa.

Isso gerou uma base de informações sobre roteiros turísticos e destinos

bastante grande e fez com que a empresa A se sentisse confortável e deixasse

de investir nessa área, pois os destinos mais procurados no mundo já estavam

contemplados nessa base. Isso não significa que novas matérias não sejam

produzidas, mas o enfoque deixou de ser informação e e-commerce para ser

basicamente e-commerce, fonte de geração de receita da companhia.

Além disso, no início dos anos 2000, a empresa firmou uma parceria com uma

grande companhia de telefonia celular no Brasil, tornando-se um dos primeiros

portais de viagens a oferecer o serviço de acesso à Internet sem fio, que

permite aos assinantes checar facilmente horários e situação de vôos por meio

de celulares com tecnologia WAP, com informações em tempo real.

Para serviços mais complexos, como a compra de cruzeiros ou pacotes

turísticos, o cliente pode entrar em contato com a central de atendimento ao

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cliente e pedir maiores explicações, tirar dúvidas e acrescentar novos serviços

ao já montado. Nesse caso a informação não fica restrita somente ao site mas

irá depender dos funcionários de atendimento.

Outro atributo é a qualidade do site da empresa A. O mesmo começa dando

destaque ao sistema de busca rápida de tarifas de passagens aéreas, seguido

de pacotes e as passagens que estão em oferta. A oferta de serviços é grande

sendo separada em segmentos que vão de vôos e pacotes até resorts e

serviços para grupos. A sazonalidade influencia nas alterações do site já que,

dependendo da época do ano, é dado um destaque especial para serviços

voltados para Carnaval, Páscoa, Natal, Ano Novo, entre outros.

Existe uma seção lateral, sem muito destaque, onde o cliente pode fazer

conversão de moedas, ver mapas, uma seção de matérias, ver informações

sobre o clima em diversos lugares e até um shopping eletrônico. O site possui

letras pequenas e existem na página inicial ofertas de bilhetes aéreos em

promoção e alguns pacotes turísticos em destaque. Por possuir um campo de

busca, pode-se obter a informação desejada em poucos segundos.

Para a compra de serviços mais complexos, como pacotes e cruzeiros, é feita

uma reserva e não uma compra final já que os fornecedores precisam ser

contatados para se avaliar se ainda existe vaga para aquele pacote ou

cruzeiro, por exemplo, que o cliente quer adquirir. Após a confirmação com os

fornecedores o cliente é informado que a sua reserva foi aceita e ele procede

com a compra. Os fornecedores são avisados que o cliente comprou o pacote

ou outro serviço para que seja providenciada a emissão dos comprovantes –

voucher. Todos os documentos e comprovantes são encaminhados à empresa

A que entrega ao cliente final da forma que o cliente escolheu para recebê-los.

Já o processo de compra de um bilhete aéreo começa com a escolha do

itinerário (origem, o destino ou múltiplos destinos), quantos bilhetes se deseja,

tipo de busca (se a busca se dará pelo preço, pela data ou pelo horário), as

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datas de ida e de retorno, os horários pretendidos, a preferência por classe de

assentos (econômica, executiva ou primeira classe), preferência por alguma

companhia aérea e o sistema irá trazer as opções. Dependendo do trecho

pesquisado são oferecidas muitas opções, de diversas companhias aéreas e

com diferenças grandes de preço.

Um ponto importante, notado no site, foi o aparecimento de palavras ou frases

escritas em outras línguas que não o português. Segundo a gerente de

marketing, por fazer parte de um grupo internacional, a empresa A acaba

utilizando os mesmos sistemas e ocorre de alguma informação aparecer em

outra língua que não o português por falta de atenção na tradução do texto.

Tal fato acontece em mais de uma página no site.

A segurança é um atributo que pesa na escolha do prestador de serviços

turísticos na internet. A empresa A se preocupa bastante com a segurança dos

dados transacionais de seus clientes pois qualquer falha pode gerar uma

descrença muito grande em seus sistemas de proteção e ocasionar uma perda

em massa de clientes por temor de verem seus números de cartões de créditos

e senhas sendo utilizados por outras pessoas.

Além disso, o atributo segurança pode estar envolvido com a tangibilização da

compra. Um serviço que é oferecido comumente por agências de turismo no

mundo real é o pacote turístico, mas, segundo a gerente de marketing da

empresa A, na internet existem restrições. Por ser uma junção de vários

serviços, há a necessidade de se lidar com vários fornecedores – hotéis,

companhias aéreas, empresas de aluguel de automóveis, entre outros – e,

segundo a gerente de marketing da empresa A, o usuário da internet, na

compra desse tipo de serviço, ainda teme que ele possa chegar no hotel e não

ter reserva em seu nome ou não haver carro disponível para ele. Além da

segurança envolvida na transação para que o cliente se sinta confortável com o

que está adquirindo, a empresa procura tangibilizar o serviço enviando todos

os documentos necessários e comprobatórios da compra realizada.

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Outro atributo é a velocidade de resposta. Como a empresa A está na internet

a agilidade é um dos pontos mais críticos para a prestação de serviços. No

início o padrão de performance para a velocidade de resposta a uma

solicitação de um cliente era de até 24 horas, ou seja, em até 24 horas algum

funcionário da empresa deveria fazer o primeiro contato com o cliente.

Atualmente, esse tempo de resposta está em 4 horas, pois o cliente aceita que

uma empresa tradicional de turismo leve 24 horas para ter uma primeira

resposta, mas na internet ele espera uma maior agilidade e não tolera uma

demora tão grande. Esse foi o único atributo que a empresa A determinou um

padrão de performance.

4.1.4 Alternativas de projeto de serviço

O processo de criação de alternativas para a um projeto de serviço novo, por

parte da empresa A, é bem engessado não prevalecendo a técnica de

brainstorming, onde alternativas pouco convencionais poderiam surgir. As

alternativas seguem sempre um mesmo modelo, sendo oferecidos

praticamente sempre os mesmos itens, variando basicamente na qualificação

do hotel, classe de assento nos vôos, tipo de transporte utilizado entre outros.

O que acaba ocorrendo é que a geração de alternativas se dá em função do

tipo de serviço que será oferecido. Para serviços que serão criados para

destinos que possuem um fluxo de turistas muito grande são geradas mais

alternativas. Normalmente são criadas de 3 a 5 para os destinos mais

procurados e de 1 a 3 para os menos procurados ou mais exóticos.

O processo de geração dessas alternativas não possui um tempo delimitado

por alguma metodologia. Segundo a gerente de marketing, a internet, por

exigir velocidade e constante mudança das ofertas, sempre obrigou a empresa

a delimitar o seu processo de criação das alternativas.

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Além disso, um outro ponto crítico citado e que influencia muito na delimitação

do tempo para a criação de alternativas para um novo serviço de turismo é a

sazonalidade. O turismo, por ser um segmento que depende muito das épocas

do ano, está sujeito a ter serviços que são criados e oferecidos em

determinados meses e que em outros não poderão ser comercializados. Um

exemplo disso são os cruzeiros. Só existe uma época do ano em que há

roteiros de cruzeiros na América do Sul – de novembro a março. Por conta

disso, não há como comercializar esses serviços em outras épocas do ano e

por isso são retirados do site.

Mas mesmo o processo sendo engessado na criação de alternativas, há um

constante monitoramento do mercado para se avaliar novas oportunidades que

antes não estavam sendo exploradas. Alguns fatores podem influenciar para

que novos serviços passem a ser demandados como, por exemplo, o

aparecimento constante de determinados países nas mídias impressa e

televisiva. Isso começa a gerar uma demanda por parte dos clientes e a

empresa A passa a oferecer esses novos destinos em seus pacotes. O grande

problema desse tipo de novos destinos é a pequena quantidade de

fornecedores que trabalhem com eles e por conta disso os valores acabam

sendo altos. É realizada uma análise de trade-off da inclusão desses novos

destinos para se avaliar se o preço do novo serviço não ficará proibitivo.

A avaliação das alternativas é feita pela área de Marketing em conjunto com a

de Trade Marketing e não segue um processo formal, com padronização das

alternativas. Como já foi visto anteriormente, as alternativas já são muito

parecidas e não requerem uma avaliação muito criteriosa.

4.1.5 Desenvolvimento do projeto

Como já foi dito anteriormente não há a escolha de uma prestação de serviço

que melhor se adapte ao perfil dos clientes da empresa A. Como o custo de

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oferecer diversas alternativas é baixo, praticamente todas as alternativas

possíveis para a prestação de cada serviço são oferecidas. Normalmente, no

máximo 5 opções para os destinos mais procurados são oferecidas no site bem

como no máximo 3 para os destinos de menor procura.

Mas além dessas opções pré-montadas há uma grande flexibilidade do cliente

escolher em que data quer viajar, que classe no vôo deseja, que carro pretende

alugar ou que tipo de hotel necessita para se hospedar. O que pode acontecer

é, em casos específicos, haver uma personalização do serviço mediante a

inclusão de novos itens ao pacote já montado, mas não há uma modificação do

pacote ofertado no site da empresa. Isso faz com que o processo de criação

de um novo serviço acabe acontecendo em tempo real, ou seja, na frente do

próprio cliente. Quando um cliente entra em contato com a empresa A para

adquirir uma passagem aérea para um determinado destino, os funcionários

são instruídos a perguntar quanto tempo a pessoa irá passar nessa cidade, se

já tem reserva em algum hotel, se gostaria de alugar um automóvel, se está

viajando a trabalho ou de férias ou se está viajando sozinho ou acompanhado.

Isso tudo para poder agregar novos serviços àquele que ele veio procurar em

primeiro lugar e aumentarão a satisfação do cliente, pois o mesmo resolverá

tudo em um só lugar e o valor gasto por esse cliente com a empresa A tem a

tendência de ser maior. Ou seja, existe a possibilidade de se alterar as

opções pré-formatadas pela grande interatividade da internet e pelas próprias

características do turismo.

Poder-se-ia pensar que o custo de oferecer várias alternativas seria zero, pois

em um site de internet é possível disponibilizar as diversas alternativas para um

mesmo pacote e deixar o cliente escolher. Mas a empresa A incorre em custos

operacionais que são: negociar com os fornecedores os diversos itens de cada

serviço, atualizar o site com informações para as várias opções e treinar os

seus funcionários para poderem explicar e vender todas as alternativas

possíveis.

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Vale ressaltar também que a segmentação de serviços para os diversos

públicos atendidos pela empresa A não foi feita antes da criação da empresa e

sim durante a fase inicial de operação da mesma. Com a maior interação com

seus clientes, seja através de pesquisas, do contato telefônico, dos e-mails

com sugestões, dúvidas e críticas, ou da verificação das páginas do site que

são mais visitadas pelos clientes, a empresa foi percebendo que certos pacotes

e serviços eram muito complexos para serem vendidos através da internet e

não colocou esforços em vendê-los. Em contra-partida, os roteiros mais

comuns e conhecidos do grande público passaram a ter bastante foco no site e

a apresentar mais possibilidades de datas de saída e mais opcionais durante a

viagem. Toda essa etapa foi feita a posteriori, ou seja, na fase de

desenvolvimento do projeto, pois as alternativas já tinham sido escolhidas e

disponibilizadas no site.

Após a compra por parte de algum cliente, a empresa A envia através de e-

mail, um questionário para avaliar a experiência que ele teve com a empresa.

As perguntas se limitam a entender se o atendimento esteve adequado, se o

que foi entregue foi o solicitado pelo cliente, se o que foi comprado com a

empresa A era tudo o que ele queria ou se ele comprou uma parte em outra

empresa e porque, se o preço estava adequado e se tudo estava dentro das

expectativas do cliente. Ou seja, não avalia o serviço em si mas sim a relação

do cliente com a empresa durante o processo de compra do mesmo.

Além disso, como foi visto anteriormente, a empresa A, para não ferir a

privacidade de seus consumidores, se utiliza de poucas pesquisas, feitas sem

regularidade, para avaliação dos serviços oferecidos. Mas apesar de realizar

essas pesquisas, a empresa A não utiliza os dados individuais dos seus

clientes para personalizar ou melhorar o serviço prestado. A gerente de

marketing afirmou que “o cliente poderia se sentir ferido em sua privacidade se

percebesse que os seus dados de viagens passadas poderiam estar sendo

usados para oferecer novos serviços”. O que a empresa A faz é utilizar os

dados consolidados das pesquisas, mas nunca identifica o que cada usuário

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respondeu para garantir que as suas respostas não serão ligadas aos seus

dados pessoais.

A empresa A, por achar o serviço turístico algo altamente subjetivo, acredita

que não pode se basear no que os clientes falam nas pesquisas para mudar ou

criar novos serviços. Como exemplo foi citado que um determinado cliente

procurou o site da empresa para avaliar ofertas de Carnaval em cidades da

costa brasileira. Esse cliente acabou achando uma oferta muito boa de um

pacote para Orlando, nos Estados Unidos, e acabou mudando completamente

de planos. Segundo a gerente de marketing, se a empresa fosse se guiar por

pesquisas para mudar ou criar novos serviços poderia não ser o mais

adequado já que os clientes nem sempre compram o que foram procurar.

Após a escolha das alternativas a empresa não faz um detalhamento das

mesmas para utilização futura. O que a empresa A possui é uma ferramenta

chamada Pronta-Referência que é uma espécie de manual de tudo que eles

precisam para cada item de um novo serviço. Esse manual contém todas as

informações necessárias para a prestação daquele determinado tipo de item,

como por exemplo, o que é necessário para se fazer uma reserva em um hotel,

e pode ser replicado toda vez que esse tipo de item for necessário em um

determinado serviço mas não há o detalhamento dos serviços.

4.2 Empresa B

4.2.1 A empresa

A empresa B não é totalmente virtual, pois possui lojas e escritórios em várias

localidades do Brasil. No início dos anos 2000 lançou o seu site na internet – a

loja virtual, como é chamado – para oferecer serviços de turismo. Além de

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possuir uma grande rede de agências de turismo, a empresa B também é uma

operadora.

A empresa B surgiu na década de 70 com o intuito de criar serviços de turismo

para o público brasileiro. É uma empresa totalmente brasileira e possui

dezenas de lojas e escritórios em diversas cidades brasileiras estando presente

em quase todas as capitais do país, além de possuir a loja virtual para vendas

na internet. Cerca de meio milhão de clientes utilizam algum serviço da

empresa B a cada ano e a empresa faturou em 2002 algumas centenas de

milhões de reais, sendo que a loja virtual faturou algumas centenas de milhões

de reais.

A empresa sempre procurou ser pioneira no turismo nacional: foi uma das

primeiras empresas nesse setor a utilizar uma rede integrada de

computadores, interligando assim todo o território nacional; foi uma das

primeiras a fretar aeronaves inteiras, sendo ainda hoje uma das maiores neste

segmento; e foi também uma das primeiras a ouvir as sugestões e

observações dos clientes, com a criação do SAC (Serviço de Atendimento ao

Cliente).

A empresa B possui uma equipe formada por mais de 1.000 pessoas entre

funcionários, colaboradores e representantes locais para oferecer seus

serviços a seus clientes. A loja virtual tem menos de 10 funcionários.

No final do ano de 2002, a Loja Virtual representou menos de 0,5% do

faturamento total da empresa B, mas vem crescendo gradativamente ao longo

dos últimos anos. Esse valor, apesar de baixo, é expressivo pois o volume de

vendas é alto e como o custo de manter o site e a equipe responsável é

pequeno, o lucro é considerado satisfatório com uma margem bem acima das

lojas tradicionais que a empresa possui. O volume de vendas da loja virtual é

equivalente ao de uma loja tradicional que se localize dentro de um shopping

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center, como a empresa possui, só que o custo para operar o site é muito

menor do que a de uma loja tradicional.

Como a empresa B é uma empresa tradicional e possui uma filial no mundo

virtual, ela optou por fazer parcerias com outros sites para vender seus

serviços ao invés de investir um capital muito alto na loja virtual. A estratégia é

investir sempre menos do que se ganha para continuar tendo lucro. Segundo o

Gerente de Novos Negócios, as outras empresas on-line têm a obrigação de

investirem muito pois o negócio delas é totalmente na internet, mas a empresa

B não, pois a loja virtual é só mais uma das dezenas de lojas que eles

possuem, e necessita dar lucro como as outras.

O mix de serviços da empresa B é selecionado em um universo enorme de

possibilidades, operando com mais de 600 hotéis no Brasil e exterior e com

todas as principais companhias aéreas e de locação de veículos no mundo.

Em algumas cidades turísticas ela possui exclusividade na operação com

alguns hotéis, o que representa um diferencial importante na oferta de alguns

serviços turísticos.

Além disso, a empresa B possui uma frota exclusiva de ônibus de última

geração para os roteiros rodoviários e translados que se façam necessários em

alguns pacotes, além de fretar e utilizar somente aviões das principais

companhias aéreas internacionais e brasileiras, procurando, assim, oferecer o

máximo de segurança, conforto e qualidade para os seus clientes.

4.2.2 Levantamento de informações

Como a empresa B começou como uma empresa tradicional, no mundo real, o

público não é restrito pois não depende somente da internet. A empresa se

posiciona como sendo focada na classe média brasileira. Não possui serviços

muito caros com hotéis de luxo e assentos em primeira classe nos aviões, mas

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também não foca nas classes mais baixas. Dentro desse segmento atende a

todas as pessoas que queiram se utilizar de algum serviço de turismo variando

de pacotes rodoviários até cruzeiros.

De qualquer forma para cada tipo de serviço que é oferecido existe um público-

alvo a ser atingido e isso é levado em conta na criação de cada um dos

serviços da empresa.

Além disso a empresa B se empenha em conhecer cada vez mais as

necessidades desse público. Apesar de serem realizadas pesquisas de forma

estruturada e com regularidade, a bagagem de anos de experiência em turismo

auxilia no levantamento das necessidades desse público. O público é dividido,

criando sub-grupos, levando-se em consideração a faixa etária, o nível de

renda entre outros atributos.

É interessante notar que, no caso da empresa B, o público que freqüenta a loja

virtual não é muito diferente do que aquele que procura as lojas. Uma

pesquisa realizada pela empresa, revelou que mais de 50% do público que

freqüenta as lojas de shopping em uma determinada capital brasileira freqüenta

também a loja virtual. Ou seja, esse público vai ao site para ver os serviços

oferecidos, escolher o que gostaria de comprar, mas decide ir até uma loja

tradicional para finalizar a compra. Esses clientes acabam utilizando a loja

virtual como ‘vitrine’ ao invés de mais um ponto de venda. Mas a empresa não

está preocupada em transformar esses prospects1 em clientes virtuais.

Segundo o Gerente de Novos Negócios “é muito mais importante para nós que

o cliente entre no site e deixe o seu e-mail ou seu endereço para que depois

possamos enviar uma mala-direta ou um e-mail informando dos novos

serviços, oferecendo a ele as lojas tradicionais ou loja virtual para ele efetivar a

compra”. Por considerar a loja virtual como uma vitrine, não é necessário se

1 clientes potenciais, ou seja, pessoas que ainda não são clientes mas que podem vir a ser.

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cadastrar e criar nome de usuário e senha para fazer buscas no site da

empresa.

Existe também o público corporativo que é atendido de forma diferenciada pela

empresa B. As empresas fecham acordos com a empresa B para que tudo que

seja relacionado a turismo seja feito através dela. Com isso, os funcionários

podem não só ter um acesso facilitado para planejar as suas viagens de

negócios como também as viagens de lazer. Mas diferentemente da empresa

A, esse público é praticamente atendido pelas lojas convencionais e não é feito

nenhum trabalho de utilização de intranet ou maior divulgação da loja virtual

junto aos funcionários das empresas.

Até pouco tempo atrás, a empresa era muito focada no mercado brasileiro

possuindo modestos serviços para os clientes que queriam ir para o exterior.

Com a saída de empresas, por motivo de falência, a empresa sentiu a

necessidade de oferecer novos serviços para suprir uma fatia do mercado que

ficou sem opções de serviços para o exterior. Como esse é um mundo novo

para a empresa B, ela está tendo que se preparar e conhecer melhor esses

novos serviços e o público que irá comprá-los. O departamento de marketing

está realizando pesquisas para conhecer esse público e quais são as suas

preferências e necessidades e assim oferecer os melhores serviços.

Uma outra preocupação recente da empresa B é a de separar os seus clientes

pessoa-física – que não é o público corporativo – em grupos que receberão

tratamentos diferenciados e ofertas especiais. Por exemplo, os clientes azuis

são os que possuem uma freqüência maior de compra e por isso receberão

mais benefícios e facilidades nos próximos serviços comprados. Mas para isso

teve que contratar uma empresa que realizou um enorme trabalho de unir

todas as informações que estavam armazenadas em diversos sistemas, e até

em papel, em um único sistema. Após essa etapa inicial foi feita a

categorização dos clientes, de acordo com os seus históricos (freqüência e

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valor total gasto), e a separação em grupos que serão trabalhados

distintamente.

Quando o tópico é concorrência, a empresa B considera que os serviços

oferecidos pela internet para reservas de hotéis e vendas de bilhetes aéreos

são extremamente eficientes e são concorrentes fortes no meio online. Só que

para a oferta de pacotes, que é o forte da empresa B, os seus dirigentes se

consideram sem concorrentes.

A empresa B considera que os concorrentes são fornecedores e parceiros e

vende os seus serviços através dessas outras empresas. A própria empresa A,

segundo o Gerente de Novos Negócios, é parceira da empresa B e vende

diversos serviços da mesma.

Segundo esse gerente “a idéia é não concorrer com as outras empresas,

tradicionais ou virtuais, e sim somar com elas para oferecer mais para os

clientes”. Foi criada uma estratégia em que se o cliente optar por não comprar

diretamente com a empresa B através da sua loja virtual e optar por comprar

em outras empresas na internet, na verdade poderá estar comprando da

empresa B indiretamente, pois diversos serviços dessa empresa são oferecidos

em vários sites. E todas as vendas desses serviços que vêem de outros sites

são contados como da loja virtual da empresa B.

Apesar de sempre procurar não perder receita com a concorrência,

transformando-a em parceira, a empresa B não se descuida e possui um

processo semi-estruturado de mapeamento e acompanhamento da

concorrência. Esse processo é diário tanto para as concorrentes tradicionais

quanto para as virtuais. A análise da concorrência se baseia: no preço

oferecido por essas empresas comparando-se com a empresa B através de

anúncios em jornais e/ou revistas ou através de contato telefônico, nos serviços

oferecidos e na qualidade do atendimento através de contato telefônico ou dos

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sistemas on-line no caso das empresas que atuam na internet para se avaliar

tempo de resposta.

O processo é semi-estruturado por não existir um único departamento fazendo

esse monitoramento da concorrência. Esse trabalho é dividido entre as áreas

de vendas, marketing e operacional. Além disso, não há o armazenamento

dessa informação em nenhum sistema ou arquivo físico para consultas futuras.

Segundo o gerente de novos negócios, por atuar nacionalmente, tanto na

internet quanto com lojas tradicionais, as ações das concorrentes podem

divergir de região para região e por isso não há uma centralização dessa

análise em um único departamento.

Também são levadas em consideração outras informações tais como

tecnologia a ser empregada, pessoal e logística. Na criação de um novo

serviço, por parte da empresa B, essas informações são de grande valia

porque poder-se-ia incorrer no erro de oferecer um serviço que não seria

possível de entregar. Como exemplo pode ser citada a oferta de um serviço

rodoviário que está incluso buscar os passageiros em um determinado ponto

da cidade de origem. Deve-se avaliar que tipo de ônibus será necessário,

quantos passageiros serão transportados, se o ônibus consegue passar por

todas as ruas do trajeto e deve-se fazer o trajeto antes para se evitar

problemas no dia da viagem. Esse processo é estruturado e em muitos dos

casos a experiência de décadas de operação de turismo ajuda na hora da

criação desse novo serviço.

Está para ser lançado, ainda no primeiro semestre de 2003 no site da empresa,

um cadastro para que o cliente possa deixar as suas preferências em relação a

turismo: esportes preferidos; se gosta de praia, montanha, neve; hotéis (3, 4 ou

5 estrelas, resorts); viagem em grupo, em família, individual ou casal; viagens

nacionais ou internacionais; e que tipo de roteiros (aéreo, marítimo ou

rodoviário). Mas isso é uma preocupação nova na empresa B, já anteriormente

estava muito focada no mercado brasileiro, obtendo um grande conhecimento

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através de experiências acumuladas durante décadas. Com a falência de

grandes empresas do mercado brasileiro abriu-se um lacuna para atender os

consumidores interessados no mercado internacional, mas a empresa possui

pouca experiência no mesmo.

Da mesma forma que muitos serviços são criados a partir de informações

provenientes das pesquisas que são realizadas ao término de cada serviço

prestado, espera-se que vá funcionar da mesma forma com a criação desse

cadastro no site. Um exemplo é um recém roteiro para a Polinésia Francesa.

Como apareceram vários clientes informando que gostam de roteiros de praia,

em países exóticos a empresa B avaliou algumas alternativas e esse roteiro foi

o que mais se adequaria ao seu público.

Em relação a tecnologia empregada na prestação de serviços via internet,

quando a empresa B começou a oferecer os seus serviços na web, há alguns

anos atrás, o modelo era baseado em dois tipos de tecnologia usada na

operação: um módulo de e-commerce desenvolvido por uma empresa

terceirizada e um módulo próprio para processamento off-line.

Vale ressaltar que essa diferença entre as duas tecnologias era totalmente

transparente para o cliente, ou seja, ele não notava que estava usando

sistemas diferentes que rodavam em servidores diferentes. Para ele era um

site único com um sistema único.

Através do módulo da empresa terceirizada o cliente podia entrar no site,

escolher serviço de turismo que lhe interessasse e pagar através da forma que

melhor lhe conviesse. Os pacotes disponíveis no site eram reservados só para

o site, ou seja, existia uma espécie de ‘estoque’ desses serviços para os

clientes do site. Nesse caso não havia a necessidade de se verificar se havia

vaga ou não no pacote pois o estoque era regulado pelo próprio sistema.

Nesse modelo de operação o cliente podia efetuar qualquer compra sem

precisar ter contato com algum funcionário da empresa B. Após a confirmação

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do pagamento o pedido era encaminhado para um departamento que

providenciava as passagens aéreas, reservas de hotéis, aluguel de automóvel,

etc. e remetia os bilhetes e vouchers para o cliente no endereço que o mesmo

indicasse para estar recebendo esses documentos.

No outro processo a operação começava on-line e acabava off-line. O cliente

entrava no site, escolhia o serviço, e caso tivesse alguma dúvida ele podia

entrar em contato com a central de atendimento da empresa B através de e-

mail ou de telefone. A compra podia ser feita através do site mas era

informado ao cliente que se tratava de uma reserva e dependia da confirmação

junto aos fornecedores para finalizar a compra.

Segundo o gerente da entrevistado, esse último sistema acabou prevalecendo

porque os serviços turísticos, na internet, ainda geram muitas dúvidas do tipo:

será que o hotel é bom mesmo? Será que a companhia aérea não vai atrasar?

Como o intuito da empresa B é fazer com que o serviço prestado seja o melhor

possível, o segundo processo acabou sendo o adotado. “É um ano de trabalho

para um mês de férias. Não podemos deixar que os clientes tenham dúvidas e

não se sintam confiantes por estarem falando com uma máquina

(computador)”, mencionou o gerente.

Atualmente, esse segundo sistema, que é próprio da empresa B, foi melhorado

e o cliente pode fazer cotações de preços on-line, além de escolher um dos

serviços oferecidos pela empresa e enviar o pedido de um serviço de duas

formas. Em uma delas ele pode escolher um dos pacotes e personalizá-lo pois

poderá alterar a origem, o destino, o hotel, ou se deseja alugar um veículo. O

pedido é gerado no site, enviado a uma equipe que irá processa-lo offline. O

processamento é realizado por uma equipe durante 7 dias por semana, mas

não é 24 horas. Caso haja algum problema no pedido, tal como não haver

mais vaga no vôo, um funcionário dessa central de atendimento entrará em

contato com o cliente para informa-lo e sugerir alternativas viáveis.

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Na outra forma ele pode simplesmente enviar, através de um campo texto,

quais são as suas necessidades em relação a um serviço de turismo. Ele pode

informar que possui algumas semanas de férias e gostaria de viajar com a

família – esposa e dois filhos pequenos – para uma região de praia e que

dispõe de no máximo R$ 2.000,00. Esse texto é enviado, em forma de e-mail

através do site, a um departamento da empresa B que irá devolver ao cliente

algumas opções para que ele escolha a que mais se adequa às suas

necessidades.

Em ambas as formas o cliente, após escolher o serviço ou pacote de serviços

que deseja, escolhe a forma de pagamento e onde quer receber o material da

viagem (bilhetes aéreos e vouchers). Ele pode pagar por cartão de crédito,

boleto bancário ou cheque e o sistema de entrega do material através de

portador não é cobrado do cliente. O cliente pode escolher receber o material

em qualquer endereço de sua preferência ou na hora do embarque no

aeroporto. Segundo o gerente da entrevistado, hoje, a empresa B poderia

fazer toda a entrega do material on-line através de e-tickets e vouchers

eletrônicos, mas o cliente prefere um portador por dois motivos: segurança (ele

tem um papel nas mãos que diz que a reserva do hotel está garantida, os

bilhetes aéreos estão emitidos, etc.) e para receber a bolsa de viagem da

empresa B. Ele citou que “os clientes não abrem mão de receber a bolsa”. Em

alguns dos principais aeroportos do Brasil a empresa B possui um estoque de

bolsas para entregar aos seus clientes e com isso pode enviar, por meio

eletrônico, o material para os clientes.

As pessoas envolvidas na operação recebem uma atenção especial da

empresa mas as regras e treinamentos não são formais ou seguem qualquer

padrão. Há uma regra não explícita na empresa que cada atendente procure

ser mais pró-ativo no atendimento de seus clientes. Se um casal de idosos

procura a empresa para comprar um pacote e um deles tem problema de

locomoção a empresa incentiva e espera que o atendente seja pró-ativo e

reserve um assento no avião de fácil acesso, procure hotéis que possuam

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quartos amplos e alugue um carro mais adequado. A empresa B está

estudando a criação de um sistema em que esses diferenciais já sejam

disponibilizados para o atendente na hora da venda dos serviços. O objetivo é

não depender somente da pró-atividade do atendente e estruturar melhor o

processo de oferta do serviço. Se um casal compra um pacote para a lua-de-

mel será apresentado ao atendente um ‘kit padrão’ de diferenciais que possam

ser oferecidos – colocar no quarto do hotel um arranjo de flores ou oferecer

uma massagem para o casal – e o tipo de abordagem diferenciada que o

atendente deve ter na venda de um serviço para um casal em lua-de-mel.

Uma outra forma de personalização é a utilização da categorização que já foi

feita nos clientes como foi visto anteriormente. Na época de alta temporada a

empresa B freta vários aviões e quando um cliente azul comprar um pacote, ele

será convidado a se sentar na classe executiva ou até mesmo na primeira

classe, mesmo que tenha adquirido um bilhete da classe econômica.

4.2.3 Definição de atributos e padrões de performance

Como foi visto anteriormente, com a criação no site do cadastro de

preferências dos clientes, a empresa B espera entender mais sobre as

necessidades de seus consumidores e poder avaliar melhor quais atributos irão

satisfazer essas necessidades. Apesar do processo de definição de atributos

não ser estruturado há uma preocupação em se adequar os serviços às

necessidades dos consumidores.

A empresa B se preocupa muito com o atributo informação. Segundo o

gerente de novos negócios, as informações contidas no site devem ser

capazes de suprir quase que a totalidade das dúvidas dos clientes e por isso

há uma grande atenção às informações disponibilizadas em cada pacote.

Informações sobre todos os itens, inclusive com fotos ilustrativas, são

colocadas para cada roteiro, dando detalhes e dicas sobre o destino, quais são

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os serviços inclusos, quais são os hotéis do roteiro e o que eles oferecem nos

quartos e na área de lazer e entretenimento, e se existem serviços extras que

podem ser contratados no local.

O atributo velocidade resposta também foi citado pelo gerente de novos

negócios como primordial para o sucesso da loja virtual. Após a solicitação de

um cliente ser gerada no site a empresa se compromete em entrar em contato

com o mesmo em até 24 horas. Diferentemente da empresa A, esse padrão de

performance se mostra adequado às expectativas dos clientes pois não há a

oferta de serviços de compra de bilhetes aéreos somente. O site da empresa

sempre oferece pacotes completos com meio de transporte (aéreo ou

rodoviário), hotel e serviços extras.

O atributo segurança não preocupa a empresa B já que não são feitas

transações online no site. O cliente após solicitar a compra de um determinado

serviço, que na verdade é uma reserva e não propriamente uma compra, é

contatado por um funcionário da central de atendimento que finalizará a

compra. Além disso, como foi visto anteriormente, a empresa B também se

preocupa com a tangibilização da compra para diminuir a insegurança dos

clientes quanto à realização efetiva da compra. A empresa está totalmente

preparada para trabalhar com o envio do material por meios eletrônicos mas o

cliente prefere a segurança de um entregador com os bilhetes aéreos e as

reservas de hotéis.

Já o atributo qualidade do site se mostra importante para a empresa B. Como

foi citado anteriormente pelo gerente de novos negócios, muitos clientes

utilizam o site como ‘vitrine’ para escolher os serviços mas acabam indo a uma

loja física para finalizar a compra. Por causa disso, o site da empresa é bem

‘limpo’ com destaque para os pacotes relacionados com a estação do ano que

se esteja no momento, além de existirem informações sobre as lojas físicas –

endereço e telefone –, uma seção de dicas e dúvidas e seções sobre roteiros

no Brasil, no mundo e de cruzeiros. Os textos são claros, com letras grandes,

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e em apenas dois cliques do mouse se consegue o serviço desejado. Não

foram determinados padrões de performance para esse atributo.

Como foi visto no item anterior, ao término de cada prestação de serviço o

cliente preenche um questionário avaliando o serviço que acabou de receber,

além de preencher uma parte desse questionário com informações referentes

ao próximo serviço que ele poderá vir a adquirir da empresa B. O cliente é

indagado qual seria o período provável que ele pretende viajar, que tipo de

roteiro ele espera procurar (aéreo, marítimo ou rodoviário), se essa viagem

será nacional ou internacional e será uma viagem individual ou em grupo

(excursões). Nota-se que todas as perguntas são referentes às preferências

individuais do cliente e nenhuma avalia qual é a performance esperada na

prestação do serviço. Segundo o gerente entrevistado, a performance

esperada é tirada da avaliação que o cliente fez do serviço anterior. Segundo

esse gerente, “se ele (o cliente) gostou ou não do serviço que acabou de

receber, você já sabe avaliar o que ele espera do próximo”.

4.2.4 Alternativas de projeto de serviço

O processo de criação de alternativas de projeto de um serviço não é

estruturado e nem segue alguma metodologia formal mas se mostra bem

eficiente por não ficar preso a paradigmas atuais do mercado de turismo

tradicional.

Mas apesar disso não há uma limitação de alternativas que podem ser

oferecidas aos clientes. Dependendo do pacote, diversas datas de saída e

chegada são disponibilizadas, bem como vários hotéis de diversas categorias.

A criação de um novo serviço e suas possíveis alternativas sempre ficou a

cargo da área comercial, mas cada vez mais está surgindo uma integração

muito forte com o departamento de marketing, pois o mesmo está conhecendo

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muito o perfil e as necessidades dos clientes e dispõe de muita informação

valiosa na criação de um novo serviço. As pesquisas trazem informações do

tipo se a empresa B incluísse um seguro de viagem nos seus pacotes o cliente

se sentiria mais tranqüilo e aproveitaria muito mais a viagem. Com isso os

pacotes que eram oferecidos anteriormente são redesenhados e já passam a

ser ofertados com esse serviço agregado.

Constantemente a empresa B está em contato com seus clientes para levantar

novas informações e tirar insights para novas alternativas de oferta dos

mesmos serviços. Dois exemplos interessantes que a empresa B observou,

através das pesquisas, de serviços futuros que poderão ser agregados aos já

existentes foram o seguro para residência e o hotel para animais de estimação.

Vários clientes indicaram que se sentem inseguros quando vão fazer uma

viagem longa e deixam a residência sozinha. Existe uma boa oportunidade de

se fazer um acordo com uma seguradora e lançar um seguro para o período de

duração da viagem. E o mais interessante é que uma quantidade bem maior

de clientes mostrou-se intranqüila em viajar sem saber onde deixar os seus

animais de estimação. A empresa B estuda a possibilidade de já oferecer

como serviço agregado ao pacote a hospedagem do animal de estimação em

hotéis credenciados.

O objetivo da empresa B, com a criação desses serviços agregados, é tirar a

preocupação do cliente e transformá-la em preocupação para a empresa.

Segundo o gerente de novos negócios “o cliente trabalha 12 meses para tirar 1

de férias. Tudo deve ser sair perfeito pois esse é um momento mágico para o

cliente”. Claro que o cliente pagaria a mais por esses serviços mas além de

obter descontos nesses serviços agregados não precisaria se preocupar com

esses detalhes.

Como já foi mencionado anteriormente a empresa B só oferece pacotes na

internet. O cliente tem a liberdade de agregar mais itens aos pacotes

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oferecidos ou montar o seu próprio pacote mas o foco continua sendo os

pacotes.

A análise das alternativas segue um processo subjetivo e empírico de bom

senso como pode ser visto no exemplo a seguir. Segundo o gerente de novos

negócios, se existe um roteiro que irá custar R$60 mais caro para o cliente,

mas que ele poderá ir mais confortavelmente e rapidamente de avião ao invés

de ir de ônibus, é descartada a segunda opção e só é oferecida a primeira.

Isso é justificado pelo fato de que o cliente pode escolher pagar em até quarto

vezes sem juros o que acarretará em um acréscimo de somente R$15 em cada

parcela mensal. Ou seja, são criadas e avaliadas várias alternativas de

prestação do mesmo serviço e são escolhidas as melhores que sigam o bom

senso da equipe de avaliação.

A área de vendas/comercial é o departamento que cuida da análise técnica das

alternativas de prestação dos novos serviços que estão sendo criados e detém

o poder decisório completo para aprovar ou rejeitar cada uma delas. Esse

departamento avalia se tudo que está sendo especificado no novo serviço pode

realmente ser oferecido como por exemplo se o avião escolhido para a

realização da viagem pode pousar no aeroporto da cidade de destino. Claro

que existem também decisões estratégicas que são tomadas pela direção da

empresa que às vezes acabam exigindo um investimento muito maior do que o

retorno esperado em um curto prazo. Essas decisões, de se criar e lançar uma

determinada alternativa para um público-alvo ou um determinado lugar

específicos, são tomadas se esperando uma compensação de médio ou longo

prazo.

Uma das maiores preocupações que os dirigentes da empresa B têm na

geração de alternativas de um novo serviço é se esse novo serviço poderá

atender a pelo menos a maioria dos clientes. O serviço pode até ser complexo

como é o caso de roteiros marítimos, mas a procura é tão grande que

compensa o investimento em treinamento dos funcionários para vender esse

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tipo de serviço. Existem alternativas que são geradas para determinadas filiais,

pois o público daquela cidade ou região tem boa aderência a esse tipo de

serviço, mas que nem sempre se consegue replicar para rede toda e muito

menos se oferecer na internet.

4.2.5 Desenvolvimento do projeto

A empresa B não faz testes para avaliar qual são as melhores alternativas para

prestação do serviço, já que considera o custo de oferecer todas no site

inexpressivo. Ou seja, o processo de avaliação não envolve a realização de

testes de aderência dos serviços que serão oferecidos com o público-alvo

através de pesquisas. A direção da empresa B se baseia muito nas décadas

de experiência em turismo para dizer que um determinado público não terá

aderência a uma alternativa e sim a outra. Isso implica em oferecer quase

todas as alternativas e ainda possibilitar a modificação das mesmas, alterando

o serviço previamente estabelecido.

Ao final da prestação de cada serviço é feita uma pesquisa que avalia desde a

satisfação do cliente com aquele serviço até levantamento de expectativas

futuras.

Anteriormente, esse processo era pouco estruturado, pois as pesquisas eram

realizadas e analisadas por um departamento da empresa B. Em meados de

2002, contratou-se uma empresa de pesquisas para a realização e avaliação

dessas pesquisas tornando o processo mais profissional.

O nível de detalhe das pesquisas, para avaliar a satisfação dos clientes e gerar

insights que são importantes para a prestação do serviço, é alto e se analisa a

companhia aérea, os hotéis usados no serviço, os restaurantes, os passeios

que estavam inclusos no pacote, os passeios que não estavam inclusos e que

foram sugeridos, satisfação com o guia e o preço. A sofisticação na avaliação

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dessas pesquisas também é grande e a empresa possui um estatístico que

trabalha com as informações que surgem das pesquisas. Os questionários são

preparados como os dos vestibulares atuais, sendo lidos por um aparelho

especial ligado a um computador que faz a compilação dos dados de todas as

pesquisas.

Mas é interessante notar que apesar de haver um processo mais ou menos

estruturado de criação de um novo serviço, a empresa B não tem esse

processo transcrito para que possa ser replicado diversas vezes. Não existe

um manual com o passo-a-passo da criação de cada serviço e, mais uma vez,

a direção se baseia muito nos anos de experiência e no bom senso para se

criar toda vez um novo serviço. Foi contratada uma empresa de consultoria

para ajudar a empresa B a escrever esses manuais para que tudo fique

registrado e não dependa do conhecimento específico de alguns funcionários.

Segundo o gerente entrevistado, com as mudanças que estão ocorrendo na

empresa B – estruturação do departamento de marketing – há uma tendência

de que esses processos sejam bem mais estruturados, mas até então a

experiência é o que mais conta no projeto de serviço.

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106

5 Análise dos Casos

Este capítulo se propõe a verificar, a partir do modelo de projeto de serviço

para empresas de turismo na internet, proposto no sub-capítulo 2.7, a

aderência do mesmo com o estudo dos dois casos descritos anteriormente.

5.1 Verificação da aderência do modelo

Segundo o modelo proposto existem quatro etapas que as empresas devem

cumprir em um projeto de serviço.

5.1.1 Levantamento de informações

A primeira etapa é a de levantamento de informações. Nessa etapa a empresa

deve se preocupar em determinar qual será o público-alvo de cada novo

serviço que será projetado e em seguida deter um conhecimento, o mais

profundo possível, do seu cliente e sua necessidades para que o projeto de um

novo serviço possa supri-las. Esse conhecimento deverá se dar na forma de

levantamento de informações tanto demográficas – dados pessoais tais como

nome completo e endereço – quanto psicográficas – dados de transações

realizadas, preferências entre outros – além das necessidades desses clientes

em relação ao serviço que será proposto.

Além disso, outras informações se fazem necessárias tais como concorrência,

tecnologia empregada e pessoal envolvido na prestação do serviço.

A escolha do público-alvo por parte das empresas é realizada baseando-se em

experiências passadas com serviços similares. O processo de escolha segue

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padrões diferentes em ambas as empresas mas de modo geral não existe um

processo estruturado para determinar qual será o público-alvo do novo serviço.

Tudo leva a crer que a empresa A demonstra falhas no processo de

conhecimento dos clientes e de suas necessidades por considerar que o

acúmulo e a manipulação de tais informações e a sua utilização no projeto de

um novo serviço poderia ser considerada como invasão da privacidade dos

consumidores. Apesar da empresa deter algumas informações que são

necessárias para a sua operação, não as utiliza para melhorar serviços já

existentes e nem para criação de novos. É interessante notar que o

levantamento de novas informações ou a checagem das já existentes no banco

de dados da empresa não se dá nem quando o cliente entra em contato com a

central de atendimento para dúvidas ou explicações. Isso, provavelmente,

ocorre devido ao fato da empresa possuir políticas severas de proteção a

privacidade de seus clientes seguindo recomendações da matriz que fica no

exterior.

Já a empresa B tem uma política bem diferente, trabalhando com a maior

quantidade possível de informações dos clientes que são obtidas diretamente

com os mesmos a partir de cadastros ou de pesquisas realizadas

constantemente. Existe a segmentação do público em categorias baseadas

em faixas etárias, níveis de renda, entre outras características que incluem

históricos de compras e valores gastos na compra de serviços da empresa. A

intenção é tratar diferentemente os melhores clientes do restante, oferecendo

benefícios e ofertas especiais. Como a empresa possui dados dos clientes em

diversos sistemas e até dados armazenados ainda em papel, foi contratada

uma empresa para reunir todas essas informações em um único sistema que

foi utilizado para a categorização dos clientes. A empresa B demonstrou

preocupação em fidelizar os seus melhores clientes e para isso está se

baseando nas informações dos mesmos para melhorar os serviços já

existentes e criar novos que tenham muita aderência com esse público.

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No item concorrência, ambas empresas estão bem preparadas e sabem que

seus concorrentes também são fornecedores e até mesmo parceiros

dependendo da situação. O processo de avaliação da concorrência é semi-

estruturado havendo a coleta das informações de empresas concorrentes mas

não há o armazenamento das mesmas. A análise da concorrência pareceu ser

uma atividade constante mas estanque no tempo, ou seja, servindo somente

para entender o que os concorrentes estão fazendo naquele instante, avaliar o

que será feito em relação a esses concorrentes e tomar as medidas

necessárias para contra-atacar as ações que sejam prejudiciais à empresa A

ou B. Em nenhum momento a avaliação da concorrência demonstrou ser um

processo contínuo de entendimento do concorrente para se antecipar às suas

ações ou para, pelo menos, se preparar melhor às suas investidas.

O pessoal envolvido na prestação do serviço também é uma preocupação de

ambas as empresas que investem em preparação dos funcionários mas,

novamente, não segue um processo formal. As empresas treinam os seus

funcionários mas de forma não estruturada, sem um programa formal de

treinamento, mas ao mesmo tempo exigem uma postura pró-ativa das pessoas

envolvidas na operação.

O último item é a tecnologia envolvida. A empresa A se mostra bem preparada

quanto à tecnologia envolvida na prestação de serviço na internet possuindo

sistemas robustos de segurança dos dados dos clientes ao mesmo tempo que

permite uma interação grande do próprio com o site da empresa. Como toda a

transação pode1 acontecer online e, às vezes, sem a interferência de nenhum

funcionário, a tecnologia utilizada deve permitir que isso ocorra sem problemas

para o cliente e é o que acontece. Já a empresa B, por não realizar transações

comerciais através do site, possui uma tecnologia que limita a atuação do

cliente e exige que o mesmo precise entrar em contato com funcionários da

empresa para finalizar a compra.

1 parte da transação pode ocorrer offline através da central de atendimento

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109

5.1.2 Definição de Atributos e Padrões de Performance

Na segunda etapa, as empresas devem se perguntar quais atributos irão

satisfazer as necessidades dos seus clientes, tentando identificar se os

mesmos se relacionam entre si. Para o modelo de projeto de serviço proposto

alguns atributos se mostram importantes e as empresas devem se preocupar

com os mesmos no momento do projeto de um serviço, além de se

preocuparem em identificar quais outros também se farão necessários. São

eles: informação disponibilizada aos consumidores, velocidade de resposta,

segurança e qualidade do site. Após a determinação dos atributos faz-se

necessário a definição dos níveis de performance que cada um deles deverá

ter.

Ambas as empresas parecem não possuir um processo formal de definição de

atributos baseado nas necessidades dos consumidores mas a empresa B

mostrou uma especial atenção em adequar os seus serviços às necessidades

dos mesmos. Essa diferença entre as empresas pode ser explicada pelo fato

de que a empresa A acredita que as necessidades dos clientes são volúveis e

pouco definidas por eles; por isso nem sempre o que ele procura é o que irá

comprar. Por isso, ela não se baseia totalmente nas necessidades e

informações obtidas dos clientes para criação de um novo serviço ou

modificação dos já existentes. Já a empresa B procura adequar os serviços

propostos às necessidades dos clientes mas não utilizando de um processo

formal de definição de atributos. Por não possuírem um processo formal de

definição de atributos é de se imaginar que ambas as empresas também não

busquem relacionamento entre os mesmos.

Quando são indagadas sobre os atributos que se fazem importantes em um

projeto de serviço de turismo na internet (informação disponibilizada aos

consumidores, velocidade de resposta, segurança e qualidade do site), ambas

dizem dar especial atenção à eles. O atributo informação é bem abordado

pelas empresas A e B, sendo que a A chegou a ter, no passado, equipe de

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jornalistas para geração de matérias específicas sobre vários roteiros e

destinos. Por oferecer somente pacotes e por possuir menos serviços à

disposição dos clientes no site, a empresa B detalha mais os seus serviços

possuindo um nível alto de informação sobre os mesmos. Não existe uma

definição formal de nível de performance desse atributo e nem algum tipo de

monitoramento para se avaliar se os clientes estão satisfeitos com o mesmo,

mas intuitivamente as empresas afirmam que procuram gerar quantidade e

qualidade de informação suficiente para que os consumidores não necessitem

entrar em contato com a central de atendimento para dirimir dúvidas.

O atributo velocidade de resposta é um reflexo direto da tecnologia que cada

uma das empresas possui. A empresa A por possuir uma tecnologia que

permite que o cliente interaja sozinho com o site para realizar alguma compra

pareceu mais preocupada com esse atributo do que a empresa B. Além disso,

a empresa A chegou a utilizar informações dos clientes para avaliar o nível de

performance desse atributo, demonstrando que o mesmo demanda uma

atenção constante por parte de toda a empresa. A empresa possui um padrão

de performance estabelecido de 4 horas, ou seja, em até 4 horas algum

funcionário da empresa deverá contatar o cliente para informar o andamento da

sua compra ou solicitação. Esse padrão já chegou a ser igual ao da empresa B

– 24 horas.

Já o atributo segurança pode estar relacionado às transações comerciais ou a

tangibilização da compra. Em relação à segurança das transações, as

empresas possuem visões diferentes. A empresa A, por possibilitar que

transações comerciais sejam realizadas em seu site, possui sistemas robustos

para que o cliente se sinta totalmente seguro em suas transações. Por outro

lado, a empresa B se diz despreocupada com o atributo segurança nas

transações já que as mesmas não são realizadas através do seu site. Em

relação a tangibilização da compra, ambas as empresa compartilham da

mesma opinião. A insegurança por parte dos clientes gera dúvidas se a

compra realizada pela internet realmente se concretizou, ou seja, de que ele

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chegará no aeroporto e seu assento estará reservado no vôo correto ou de que

ele chegará no hotel e seu quarto estará a disposição. Ambas empresas

demonstraram se preocupar com esse atributo e por isso procuram tangibilizar

as compras feitas pelos clientes enviando toda a documentação comprobatória

tais como bilhetes aéreos e vouchers de hotéis e aluguel de automóveis. Não

existe uma definição de padrões de performance para esse atributo por

nenhuma das empresas entrevistadas.

O último atributo é o da qualidade do site. O site da empresa A se mostrou

‘poluído’ – com excesso de informação –, com letras de tamanho reduzido, o

que dificulta a leitura, e com frases em outras línguas que não a portuguesa.

Já o site da empresa B está muito bem criado dando destaque para promoções

relacionadas com a época do ano e com uma aparência bem mais ‘limpa’ que o

da empresa A. Além disso, as letras utilizadas estão em um tamanho

adequado para uma leitura confortável na tela de computador. Nos sites de

ambas as empresas, a procura pela informação desejada é rápida, sem que o

cliente tenha que passar por diversas páginas até obtê-la. Isso é muito

importante porque o cliente não está sendo assessorado por ninguém

enquanto procura o que deseja, e se a obtenção da informação necessária ou

do serviço desejado for complexa o cliente poderia desistir e procurar uma

outra empresa para prestar o mesmo serviço.

5.1.3 Alternativas de projeto de serviço

Durante a terceira etapa, as empresas devem estar atentas para o processo de

geração de alternativas possíveis para a prestação do serviço proposto.

Através dos atributos, que foram gerados a partir das necessidades dos

clientes, diversas alternativas de prestação do serviço podem ser sugeridas.

Essa etapa é a da criatividade, onde a técnica de brainstorming é muito útil.

Mas essa etapa deve ser limitada no tempo para que não avance além do

ponto de praticidade, ou seja, acabar investimento mais tempo e dinheiro para

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gerar poucas alternativas viáveis. Ao término dessa etapa deve ser feita uma

avaliação formal das diversas alternativas.

Essa etapa é muito pouco explorada pela empresa A por possuir um processo

de geração de alternativas pouco criativo não prevalecendo o surgimento de

alternativas realmente novas para a prestação de serviços turísticos. Já a

empresa B, informalmente, abre espaço para a criatividade levando a novos

serviços que poderão ser oferecidos aos seus clientes e que vão ao encontro

de necessidades latentes, como é o caso da oferta de seguros para residência

durante a ausência do cliente em decorrência da viagem ou da oferta do

serviço de hospedagem de animais de estimação também durante a viagem

realizada pelo cliente.

Ambas as empresas informaram que a sazonalidade influencia no tempo de

criação das alternativas e consequentemente no projeto de serviço. Não é

prático estender demasiadamente o período de geração de alternativas para a

prestação de um serviço voltado para a época de verão até março – início do

outono no Brasil – pois quando forem oferecer aos clientes esse novo serviço a

época do ano já não é mais propícia e o, provavelmente, serviço não terá uma

boa aceitação.

Parece não existir uma avaliação formal das alternativas por parte de nenhuma

das empresas entrevistadas, existindo uma equipe que determina quais serão

as alternativas mais viáveis. Esse processo parece ser mais bem estruturado

na empresa B, provavelmente por causa da fase de geração ser mais bem

explorada. Na empresa B, as diversas alternativas são criadas e comparadas

entre si para se avaliar as que são viáveis e poderão passar para a última

etapa.

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113

5.1.4 Desenvolvimento de projeto

Nessa última etapa, as diversas alternativas criadas devem ser testadas, seja

através de pesquisas ou de grupos de controle, e é feita a escolha das

melhores. Com a alta interatividade da internet é possível, nessa fase, que os

serviços sejam avaliados em tempo real e podem ser, caso seja necessário,

modificados a partir das informações obtidas com os consumidores. Ao final

deve ser feito o detalhamento das alternativas escolhidas para possibilitar que

esses serviços sejam replicados outras vezes.

Nenhuma das empresas entrevistadas faz algum tipo de teste das alternativas

para a escolha das melhores pois ambas afirmam que o custo de se oferecer

várias opções para a prestação do mesmo serviço é muito baixo.

Pesquisas são realizadas somente após a venda dos serviços, ou seja, quando

um cliente adquire um dos serviços disponibilizados no site, ele recebe um

questionário para avaliar vários itens relacionados ao serviço. Como já foi visto

anteriormente, a empresa A não utiliza essas informações para modificar os

serviços por achar que a subjetividade do turismo faz com que os clientes não

saibam o que realmente querem quando estão procurando serviços de turismo.

Já a empresa B, mostra-se predisposta a utilizar essas informações para

modificar os serviços pré-existentes ou criar novos, e para isso realiza

pesquisas com alto grau de detalhamento e utiliza modelos estatísticos para

avaliação das mesmas.

As melhores alternativas, em ambas as empresas, são escolhidas pelo bom

senso e não há a verificação da robustez das mesmas a partir da sensibilidade

dos consumidores às variações de padrões de performance dos atributos.

Não há o detalhamento dos serviços criados para futura utilização por parte

das empresas. A empresa A possui uma espécie de manual chamado Pronta-

Referência que detalha cada item que pode ser incorporado a um serviço mas

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não há o detalhamento do serviço em si. O detalhamento de um serviço

implica em descrever todos os itens envolvidos, que tecnologia foi necessária,

qual o envolvimento dos funcionários e se produtos e equipamentos foram

usados na prestação do serviço. A empresa B também não faz esse

detalhamento mas contratou uma empresa de consultoria para realizar esse

trabalho com os serviços já criados e passará a realizar esse detalhamento a

partir dos serviços novos.

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115

6 Resumo, Conclusões, Recomendações e Sugestõesde Pesquisas Futuras

O objetivo deste capítulo é finalizar o estudo através de resumo, conclusões,

recomendações e sugestões de pesquisas futuras à luz de seu objetivo.

6.1 Resumo

Buscando entender como um projeto de serviço pode ser aplicado a empresas

que prestam seus serviços via internet, este trabalho teve como objetivos

sugerir um modelo de projeto de serviços e verificar a aderência do mesmo a

realidade de dois casos.

Para atingir tal objetivo, inicialmente foi realizada uma revisão da bibliografia

referente ao assunto, o que serviu como base para a elaboração do modelo de

projeto de serviço específico para agências de turismo na internet. Nesta

revisão, buscou-se de início apresentar os conceitos de projeto de serviço e

sua importância, princípios de projeto de serviços, modelos de projeto de

serviços para o mundo real, além de informações e comparações entre

serviços de turismo nos mundos real e virtual. Para concluir a revisão de

literatura, foi apresentado um modelo de projeto de serviço para agências de

turismo na internet, sendo o mesmo utilizado para análise dos casos em

estudo.

A partir de entrevistas e dados obtidos nos sites das empresas, foi possível

descrever os casos e analisá-los à luz da teoria de projeto de serviços.

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116

6.2 Conclusões e Recomendações

Verifica-se, no capítulo anterior, que apesar de vários itens do modelo serem

seguidos, as empresas A e B o fazem de forma intuitiva, ou seja, sem uma

metodologia ou padrão.

Apesar disso, a empresa B mostrou melhor preparação, satisfazendo mais

itens e etapas do que a empresa A. É possível que a experiência adquirida ao

longo de décadas de existência da empresa B tenha influenciado positivamente

para que ela obtivesse uma melhor preparação. É provável também que por

seguir determinações de sua matriz, que se localiza no exterior, em relação às

regras de obtenção e uso de determinadas informações de clientes, a empresa

A tenha restringido a sua atuação o que impossibilitou a quebra de paradigmas.

Também pode-se imaginar que essa diferença de preparação se deve ao fato

de a empresa B ser híbrida – possuir tanto uma filial no mundo virtual quanto

diversas no mundo real – enquanto a empresa A somente atua na internet. As

experiências de décadas de atuação no mundo real, através de suas lojas e

escritórios podem ter gerado um acúmulo de informações e experiências,

fazendo com que a curva de aprendizado da empresa tenha sido galgada com

mais facilidade e velocidade.

Na análise dos sites das empresas, verificou-se que uma quantidade

considerável de informações dos clientes é necessária para se prestar o

serviço e nem sempre as empresas, principalmente a A, utilizam-nas da melhor

forma. A não utilização dessas informações por parte da empresa A,

provavelmente, impacta na criação de serviços mal projetados pois não se

baseiam em atributos gerados a partir das necessidades de seus clientes. Já a

empresa B, apesar de coletar essas informações, as armazena de forma não

estruturada. Por não ser necessário o cadastro e, consequentemente, a

criação de nome de usuário e senha para fazer buscas no site, há uma perda

de informações individuais dos clientes já que não se consegue rastrear o que

cada um está pesquisando e muito menos quanto tempo permaneceu em cada

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117

página. Esse tipo de informação, que pode ser complementada com histórico

de compras do cliente, é válido para a criação de ofertas personalizadas.

Essas ofertas podem gerar uma margem maior de lucro por serem mais

propensas a aceitação, além do custo da oferta ser bem diluído no possível alto

retorno das campanhas de marketing direto.

Como sugestão de informações extras que poderiam facilitar a operação das

empresas e que auxiliariam no conhecimento de seus clientes podem ser

citadas: preferência de assento e de comida no vôo, preferência por quarto no

hotel (fumante ou não fumante, andar alto ou baixo, frente ou fundos, tipo de

travesseiro, etc.), idade, estado civil, quantidade de filhos e idade dos filhos.

As ofertas feitas a esses clientes, provavelmente, seriam muito acuradas e

gerariam um retorno maior nas campanhas.

Ainda nessa etapa, de obtenção de informações, seria válido a criação de um

processo contínuo de avaliação da concorrência com armazenamento desses

dados para se trabalhar mais preventivamente e menos de forma reativa. Além

disso, o treinamento das pessoas envolvidas na prestação dos serviços deve

ser mais formal para que possa exigir uma postura pró-ativa das mesmas.

Atualmente as empresas exigem tal atitude de seus funcionários, mas não

propiciam o ambiente de formação adequado para que isso ocorra.

Na etapa de criação de alternativas do projeto de serviço, a empresa A

restringe demasiadamente o processo, fixando-se em conceitos padronizados

do turismo tradicional. O período de férias para o cliente é um momento

mágico onde tudo deve acontecer da melhor forma possível sem que o cliente

tenha que se preocupar com detalhes. Tal qual a empresa B, a oferta de

serviços agregados pela empresa A, tais como seguros para residências na

ausência dos clientes ou hotel para animais de estimação, poderia ser

realizada aos seus clientes. O processo de geração de alternativas inovadoras

por parte da empresa A se mostrou sem quebras de paradigmas.

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118

Nessa mesma etapa do modelo – alternativas do projeto de serviço – afirma-se

que a geração de alternativas deve ser limitada no tempo para não ultrapassar

a barreira da praticidade. No caso do turismo, tanto no mundo real quanto no

virtual, esse limite possui uma peculiaridade que deve ser levada em

consideração: a sazonalidade. Foi interessante notar o surgimento espontâneo

desse atributo nas entrevistas, pois em momento nenhum o mesmo foi visto em

textos utilizados na revisão de literatura. Como os serviços oferecidos sofrem

demandas diferenciadas ao longo do ano, esta etapa do projeto deve ser ágil o

suficiente para permitir o acompanhamento dessas demandas. Não adianta

lançar um novo serviço que engloba esportes de neve em outubro, onde as

estações de esqui estão sem neve, ou pacotes para regiões de praia do Brasil

em julho, que é o período de inverno. Além disso, na internet o limite de tempo

para essa fase é dado pela própria velocidade que se espera da prestação de

serviços.

O turismo por ser um serviço baseado em momentos especiais, como já foi

supracitado, e pelo afastamento que a internet proporciona entre cliente e

empresa, o uso de depoimentos de clientes muito satisfeitos seria adequado

para auxiliar novos clientes em suas decisões de compras. A empresa A

disponibiliza esse tipo de depoimentos em seu site, mas o destaque dado é

mínimo e às vezes são depoimentos enaltecendo o serviço prestado pela

própria empresa, o que não gera credibilidade na informação. Seria mais útil

recolher depoimentos com detalhes da viagem realizada, que locais foram

visitados, como foram as experiências no avião, no hotel, etc. Se os clientes

permitissem ser contatados por novos clientes para darem mais informações,

geraria mais credibilidade, pois não haveria a intermediação da empresa nessa

interação.

Pelo que foi mostrado durante o estudo, o modelo proposto se mostrou

parcialmente adequado a realidade tanto da empresa A – totalmente virtual –

quanto da empresa B – híbrida. Nota-se que apesar de desconhecerem algum

modelo formal de projeto de serviços ambas empresas demonstram ter um

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certo grau de aderência ao modelo proposto. Inclusive, o estudo dos casos

contribuiu para que o modelo pudesse ser melhorado com a incorporação de

informações que surgiram ao longo das entrevistas, como foi o caso da

sazonaliade.

6.3 Sugestões de Pesquisas Futuras

Devido às características do próprio método de estudo de caso utilizado no

presente trabalho, existem várias sugestões de pesquisas futuras que podem

ser elaboradas sob a forma de investigações de maior abrangência e menor

profundidade sobre as conclusões aqui obtidas.

Uma pesquisa que pode ser realizada é a de se estudar modelos de projetos

de serviços em outros setores da economia além de agências de turismo na

internet.

Outra pesquisa que pode ser feita é a chamada action research, que pressupõe

a análise de um ou mais projetos sendo desenvolvido por uma determinada

empresa no intuito de se avaliar como essa empresa utiliza modelos de projeto

de serviço.

Também pode ser feita um estudo utilizando-se de usuários de agências de

turismo na internet com o objetivo de ser avaliar, através dos consumidores, as

empresas e os sites das mesmas.

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ANEXO 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Histórico da empresa:

a. Quando a empresa surgiu?

b. Quando começou a operar na internet?

c. Quantos funcionários possui?

d. Qual é o faturamento (opcional)?

e. Outras informações adicionais

Levantamento de Informações2. Antes da criação de um novo serviço de turismo é feita alguma análise

para a determinação do público alvo? Fale-me um pouco sobre esse

processo.

3. São realizadas pesquisas para se levantar as necessidades desse público?

4. Que tipo de pesquisa é realizado: quantitativas, qualitativas ou ambas?

5. Como são realizadas essas pesquisas?

6. Esse processo é estruturado e realizado toda vez que um novo serviço

está sendo estudado?

7. Caso seja estruturado, como é esse processo? Discorra sobre o assunto.

8. Caso não seja, porque não é?

9. Caso não seja, como é feito cada vez que se quer conhecer o seu público

alvo?

10. É feita alguma avaliação da concorrência direta (outras agências) ou

indireta (pacotes oferecidos pelas próprias companhias aéreas, etc.)?

11. Quem faz essa avaliação?

12. Como é feita essa avaliação?

13. É um processo estruturado, ou seja, existe um padrão a ser seguido ou

para cada análise da concorrência se usa um modelo diferente?

14. Caso seja estruturado, como é esse processo? Discorra sobre o assunto.

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15. Caso não seja, porque não é?

16. Caso não seja, como é feito cada vez que se queira investigar a

concorrência?

17. São levantadas outras informações tais como tecnologia que será

empregada, mão-de-obra necessária, logística empregada, etc.?

18. Como acontece o processo de levantamento dessas informações? Ele é

estruturado, ou seja, segue um roteiro pré-determinado?

19. Qual o departamento responsável pelo levantamento dessas informações?

20. Qual é a importância desse departamento dentro da empresa? Qual é o

poder decisório desse departamento?

Definição de atributos e padrões de performance21. As necessidades dos consumidores são posteriormente transformadas em

atributos do novo serviço? (Ex.: se o cliente diz que tem como necessidade

não sair do restaurante com fome, um atributo do serviço é providenciar

uma quantidade de comida satisfatória para que isso não aconteça)

22. Não obrigatoriamente um único atributo satisfaz uma única necessidade.

Pode ocorrer que um ou mais atributos satisfaça uma ou mais

necessidades ou os atributos podem ser correlacionáveis. Um exemplo

disso é o tipo de transporte utilizado (atributo) que poderá satisfazer a

necessidade de conforto e tempo gasto na viagem. Como isso é levado

em consideração no estudo de um novo serviço?

23. Alguns atributos se mostram mais importantes na internet do que na

prestação de serviços tradicional tais como tempo (velocidade na

prestação do serviço), segurança e qualidade do site. Como a sua

empresa avalia esses atributos?

24. Existem outros atributos importantes para a prestação de serviço via

internet?

25. São definidos padrões de performance para esses atributos?

26. O processo é formal?

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Alternativas de projeto de serviço27. Após a reunião de todas as informações sobre os clientes e suas

necessidades, há a criação de várias alternativas de serviço? (são

pensadas várias alternativas possíveis para se prestar o mesmo serviço ao

cliente)

28. Há uma delimitação de tempo para essa fase de criação das alternativas?

29. Quem cria e quem avalia as alternativas para se saber se elas serão um

sucesso ou um fracasso?

30. A criação e a avaliação das alternativas seguem um processo estruturado?

31. Caso seja estruturado, como é esse processo? Discorra sobre o assunto

32. Caso não seja, porque não é?

33. Caso não seja, como é feito cada vez que se queira criar e avaliar uma

nova alternativa?

34. São analisadas as expectativas dos clientes em relação à performance do

serviço?

35. Na análise das alternativas são consideradas as expectativas dos clientes?

Desenvolvimento do projeto36. Após a seleção das melhores opções é realizado algum teste com o

público alvo para se certificar que são as melhores escolhas?

37. Como é feito esse teste? (discorra sobre o assunto)

38. É feita alguma análise posterior para se avaliar a grau de aceitação do

serviço proposto?

39. Como é feita essa análise? (discorra sobre o assunto)

40. É seguindo algum padrão para essa análise?

41. Se é seguido algum padrão como é esse processo? Discorra sobre o

assunto

42. Caso não seja, porque não é?

43. Caso não seja, como é feito cada vez que se queira analisar o grau de

aceitação do serviço?

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44. É feito o detalhamento das especificações do serviço? (Esse passo é

importante para a replicação desse serviço em outros locais e/ou empresas

– é a confecção de um “manual” do serviço que foi criado)

45. De um modo geral, a criação de um novo serviço, na sua empresa, é um

processo estruturado, ou seja, há um padrão a ser seguido toda vez que

um novo serviço está para ser criado e lançado?

46. Caso seja estruturado, como é esse processo? Discorra sobre o assunto.

47. Caso não seja, porque não é?

48. Caso não seja, como é feito cada vez que se queira criar um novo serviço?

ANEXO 2

ROTEIRO PARA ANÁLISE DOS SITES

O roteiro abaixo foi empregado na análise do site de cada empresa estudada.

Ele relaciona todos os pontos abordados com uma breve descrição.

ASPECTO DESCRIÇÃO

Catálogo de serviços Como os produtos estão organizados

Informações Que informações são associadas aos serviços

Tamanho de letra Tamanho das letras usadas no texto do site

Recursos de busca Alternativas de busca por serviços

Recursos adicionaisFormas de personalização, informações variadas,

etc.

Informações para

cadastro

Informações que o cliente deve fornecer para se

cadastrar como usuário da empresa

Informações para

transação

Informações que o cliente deve fornecer ao realizar

cada transação

Formas de pagamento Cartão de crédito, boleto bancário, etc.