projeto e desenvolvimento dos sistemas de controle de submersão ...
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PROJETO E DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS DE
CONTROLE DE SUBMERSÃO E DIRIGIBILIDADE DE
UM VEÍCULO SUBAQUÁTICO AUTÔNOMO
Maurício de Castro Pereira
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientadores: Fábio Nascimento de Carvalho
Carlos José Ribas D’Ávila
Rio de Janeiro
Dezembro de 2015
ii
PROJETO E DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS DE
CONTROLE DE SUBMERSÃO E DIRIGIBILIDADE DE
UM VEÍCULO SUBAQUÁTICO AUTÔNOMO
Maurício de Castro Pereira
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO
ELETRÔNICO E DE COMPUTAÇÃO
Autor:
_________________________________________________
Maurício de Castro Pereira
Orientador:
_________________________________________________
Eng. Fábio Nascimento de Carvalho, D. Sc.
Orientador:
_________________________________________________
Prof. Carlos José Ribas D’Ávila, M. Sc.
Examinador:
_________________________________________________
Prof Joarez Bastos Monteiro, D. Sc
Examinador:
_________________________________________________
Prof. Mauros Campello Queiroz, M. Sc.
Examinador:
_________________________________________________
Eng. Luiz Felipe Maciel Vieira de Moraes, M. Sc.
Rio de Janeiro – RJ, Brasil
Dezembro de 2015
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Escola Politécnica – Departamento de Eletrônica e de Computação
Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitária
Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900
Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que
poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou
venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem
finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es).
iv
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, por todo apoio, amor e carinho.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus orientadores Fábio e Casé pelo incentivo e paciência durante essa
jornada, bem como todos os professores com quem tive a felicidade de conviver.
Agradeço à toda a equipe do LIOc: Luiz Felipe, Gabriel, Kim, Jonathan, Matheus,
William, Pedro, Leonardo e Karoline, em especial a Lilian, pois sem ela eu não superaria
a burocracia de compra da faculdade.
Por fim, agradeço ao meu grande amigo Rafael Mazza, certamente a graduação seria mais
difícil e muito menos engraçada sem ele, verdadeiro parceiro de ideias.
vi
RESUMO
Este trabalho descreve as etapas de projeto do aparato mecânico e do controle
eletrônico do protótipo de um veículo subaquático autônomo, sem motor de propulsão,
capaz de se locomover apenas variando seu empuxo. Com a especificação dos requisitos
de projeto e o desenvolvimento da parte teórica, fez-se um levantamento das opções de
mercado para os componentes dos cinco sistemas (pitch, roll, empuxo, controle e
comunicação) que compõem o veículo. Por fim, foram realizados testes de bancada para
garantir que os módulos desenvolvidos atendem as especificações de projeto.
Palavras-Chave: glider, pitch, roll, empuxo, glider.
vii
ABSTRACT
This paper describes the project steps towards mechanical tool and the electronic
prototype of an autonomous underwater vehicle, without propulsion engines, managing
to move on its own through variations on its buoyancy. Through the required project
descriptions and the development of theoretic aspects, a survey was carry out with
references to discussing marketshare possibilities concerning its five system components
(pitch, roll, buoyancy, control and communication devices). Finally, tests were taken to
ensure that the developed units meet the project specifications.
Key-words: glider, pitch, roll, buoyancy, glider.
viii
SIGLAS
ADC – Analog-to-digital converter (Conversor analógico-digital)
ARM – Advanced RISC Machine (Máquina avançada de RISC)
AUV – Autonomous Underwater Vehicle (Veículos Submarinos Autônomos)
COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia
GND – Ground (Terra)
GPIO – General Purpose Input/Output (Portas programáveis de entrada e saída de
dados)
GPRS – General packet radio service (Serviço de rádio de pacote geral)
GPS – Global Positioning Systems (Sistema de posicionamento global)
GSCAR – Grupo de Simulação e Controle em Automação e Robótica
GSM – Global System for Mobile Communications (Sistema global para comunicações
móveis)
HSDPA – High-Speed Downlink Packet Access (Link de download do pacote de acesso
de alta velocidade)
IMU – Internal Measurement Unit (Unidade de medição interna)
INS – Inertial navegation System (Sistema de navegação inercial)
IP – International Protection (Proteção internacional)
LEAD – Laboratório de Controle e Automação, Engenharia de Aplicação e
Desenvolvimento
LIOc – Laboratório de Instrumentação Oceanográfica
RISC – Reduced Instruction Set Computer (Computador com um conjunto reduzido de
instruções)
ROV – Remotely Operated Vehicles (Veículos operados remotamente)
SisCAT – Sistema de Controle, Aquisição e Telemetria
SSR – Solid State Relay (Relé de estado sólido)
UAV – Autonomous Underwater Vehicle (Veículo subaquático autônomo)
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UUV – Unmanned Underwater Vehicles (Veículos subaquáticos não tripulados)
VCC – Tensão de alimentação
VSA – Veículos Submarinos Autônomos
WCDMA – Wide-Band Code-Division Multiple Access (Divisão de código de acesso
múltiplo de banda larga)
ix
Sumário
1 Introdução 1
1.1 - Veículos subaquáticos operados remotamente (ROV) . . . . . . 2
1.2 - Veículos subaquáticos autônomos (VSA) . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.1 - Veículos com motorização ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.2 - Veículos sem motorização ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.2.1 - Glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.2.2 - Wave Glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.2.3 - Thermal Glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.3 - Híbrido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 - Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 - Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.5 - Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.6 - Requisitos do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.6.1 - Tabela de Navegação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Projeto Eletromecânico 13
2.1 - Sistema de controle de empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.1 - Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.2 - Escolha do atuador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1.3 - Controle de Profundidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.3.1 - Conversor Analógico-Digital . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.4 - Sistema de segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.4.1 - Sensor de fim de curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
x
2.1.5 - Driver do atuador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 - Sistema de controle de roll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.1 - Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.2 - Motor de passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2.3 - Sistema de segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2.3.1 - Sensor de fim de curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2.3.2 - Circuito de proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.2.4 - Driver do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3 - Sistema de controle de pitch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3.1 - Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3.2 - Escolha do motor de passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.3.3 - Sistema de segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.3.1 - Sensor de fim de curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3.4 - Driver do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.4 - Sensor Inercial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.5 - Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.5.1 - Modem 3G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.5.2 - Modem Wi-fi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.6 - Diagrama Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3 Sistema de Controle 48
3.1 - Sistema de Controle, Atuação e Telemetria (SisCAT) . . . . . 50
3.1.1 - Arquitetura do SisCAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.1.2 - Raspberry B+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2 - Malha de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.2.1 - Máquina de Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
xi
3.2.2 - Controle de Empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2.3 - Controle de Pitch e Roll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2.3.1 - Controle PI, PD e PID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4 Montagem e testes 59
5 Resultados, conclusão e trabalhos futuros 63
5 Apêndice A – Máquina de Estados 65
Bibliografia 65
xii
Lista de Figuras
1.1 – Diagrama da divisão entre os tipos de UUVs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 – Veículo subaquático operando remotamente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 – ROV LUMA desenvolvido pelo GSCAR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 – ROV LUMA adaptado pelo LEAD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5 – VSA MBARI, com motorização ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.6 – Esquema do movimento de um underwater glider com motor de propulsão. 6
1.7 – O movimento do glider e sua análise de forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.8 – Princípio de operação de um wave glider. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.9 – Foto de um glider elétrico (em cima) e um térmico (em baixo). . . . . . . . . . . 9
1.10 – Veículo subaquático autônomo com motor de propulsão da EXOCETUS . 9
2.1 – Ângulo de pitch, roll e yaw em uma embarcação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 – Modelo do glider com os sentidos dos ângulos de pitch, roll e yaw
explicitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14
2.3 – Modelo do glider com seu interior a mostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4 – Sistemas de empuxo (amarelo), roll (vermelho) e pitch (verde) em detalhe . 15
2.5 – Diagrama de funcionamento do sistema de empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.6 – Posição do êmbolo para o glider submergir (A) e emergir (B) . . . . . . . . . . 16
2.7 – Modelo esquemático do cilindro de empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.8 – Dimensões físicas (em milímetros) do atuador linear LAS5A-1 da Mectrol 19
2.9 – Sensor de pressão série industrial da Velki Instrumentos . . . . . . . . . . . . . . 20
2.10 – Conexões elétricas do sensor da Velki Instrumentos . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.11 – Conversor Analógico-Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.12 – Conexão de quatro sensores no modo de medição absoluta . . . . . . . . . . . . 22
2.13 – Conexão de dois sensores no modo de medição diferencial . . . . . . . . . . . . 23
2.14 – Filtro RC na configuração padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
xiii
2.15 – Diagrama de blocos do módulo adc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.16 – Reed switch respondendo em nível lógico baixo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.17 – Módulo com 2 relés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.18 – Esquema elétrico de um dos relés da placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.19 – Diagrama de funcionamento do sistema de roll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.20 – Dimensões físicas da bateria Moura VRLA 12V 9Ah . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.21 – Corte transversal do glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.22 – Esquema de pulsos de um motor de passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.23 – Interior de um motor de passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.24 – Dimensões físicas do motor de roll da Kalatec. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.25 – Padrão de ligação elétrica do motor de roll da Kalatec . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.26 – Sensor de fim de curso NS3-060D da Metaltex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.27 – Relé temporizador OPT da Metaltex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.28 – Esquema elétrico do sistema de segurança dos motores de passo . . . . . . . 36
2.29 – Driver Tb6560 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.30 – Ligação elétrica do driver Tb6560 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.31 – Formas de onda do modo decaimento do driver Tb6560 . . . . . . . . . . . . . 40
2.32 – Diagrama de funcionamento do sistema de pitch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.33 – Dimensões físicas do motor de pitch da Kalatec . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.34 – Chave de fim de curso miniatura TZ3112 da Metaltex . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.35 – Sensor Inercial MTi-g-700 da XSens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.36 – Mini modem USB Huawei E173 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.37 – Mini modem USB 2.0 Wifi da EDUP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.38 – Diagrama elétrico do glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.1 – Diagrama de funcionamento do sistema de pitch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2 – Arquitetura de sistema do SisCAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.3 – Modelo Raspberry B+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
xiv
3.4 – Estados de missão do glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.5 – Diferenças entre o controlador tipo P, PI e PID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.6 – Malha de controle de pitch e roll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.1 – Desenho final do glider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2 – Foto do glider montado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3 – Sistema de roll girado de 10 passos no sentido horário . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.4 – Sistema de roll girado de 10 passos no sentido anti-horário . . . . . . . . . . . . 61
4.5 – Sistema de pitch na sua excursão mínima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.6 – Sistema de pitch na sua excursão máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.7 – Sistema de empuxo na posição correspondente ao tanque de lastro cheio . . 63
4.8 – Sistema de empuxo na posição correspondente ao tanque de lastro vazio . . 63
A.1 – Bloco de operação do driver físico da máquina de estados . . . . . . . . . . . . 69
A.2 – Bloco de operação com subitens da máquina de estados . . . . . . . . . . . . . . 69
A.3 – Bloco de operação lógica da máquina de estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
A.4 – Bloco que representa uma tarefa da máquina de estados . . . . . . . . . . . . . . 69
A.5 – Bloco que representa uma tarefa da máquina de estados . . . . . . . . . . . . . . 69
A.6 – Estado de inicialização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
A.7 – Estado de calibração de empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
A.8 – Estado de calibração de pitch . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
A.9 – Estado de calibração de roll . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
A.10 – Estado de pré-navegação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
A.11 – Estado de navegação (parte 1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
A.12 – Estado de navegação (parte 2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
A.13 – Estado de navegação (parte 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
A.14 – Estado de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
A.15 – Estado de emergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
xv
xvi
Lista de Tabelas
1.1 – Exemplo da tabela de navegaçao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1 – Diferenças entre a versão de 12 e a de 16 bits do módulo adc . . . . . . . . . . . 22
2.2 – Tensão de fundo de escala em relação ao ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 – Tabela verdade do controle do módulo de 2 relés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 – Configuração dos swithces SW1, SW2 e SW3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.5 – Configuração dos swithces S1 e S2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.6 – Configuração dos swithces S3 e S4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.7 – Configuração dos swithces S5 e S6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1
Capítulo 1
Introdução
Em missões longas nos oceanos, os objetivos tendem a se tornar cada vez mais
complexos em função das mudanças no ambiente. Problemas ocorrem com as mais
diversas causas: falha instrumental, perda da comunicação com um operador,
incapacidade de traçar o perfil do fundo do oceano e consumo de energia maior do que o
esperado, por exemplo. O ambiente do oceano pode e irá mudar devido a fortes correntes
marítimas inesperadas, o mau tempo interferindo na comunicação e nas condições de
propagação, topografia desconhecida, obstruções, ilhas, mudanças na salinidade, etc.
Dessa forma, para a missão de um veículo submarino ser bem sucedida, deve-se levar em
consideração todos esses aspectos uma vez que, em caso de falha, o procedimento de
resgate é muito custoso e diversas vezes simplesmente impraticável, em especial nas
expedições realizadas nos pólos do planeta, onde a superfície do oceano chega a congelar
(Seto et al., 2012 [1]).
Nesse cenário, os veículos submarinos não tripulados (UUVs, do inglês
Unmanned Underwater Vehicles) representam uma alternativa importante, já que
possuem um relativo baixo custo (quando comparados aos navios) e não colocam em
risco vidas humanas (Kuhn et al., 2011 [2]). Com o avanço no seu desenvolvimento, os
UUVs se tornaram importantes ferramentas de pesquisa, exploração e coleta de amostras
em ambientes imersos, permitindo, por exemplo, a detecção da poluição marítima
causadas por substâncias químicas (Pinto, 2009 [3]).
Seto et al. (2012) [1] classificam os UUVs em duas categorias: os veículos
subaquáticos operados remotamente (ROV, do inglês Remotely Operated Underwater
Vehicle) e os subaquáticos autônomos (VSAs, Veículos Submarinos Autônomos ou
AUVs, do inglês Autonomous Underwater Vehicle), ambos com aplicação tanto na área
militar (por exemplo, localização de minas navais), quanto na área civil (por exemplo,
mapeamento geomorfológico do fundo marinho).
Graver (2005) [4] descreveu vários tipos de VSAs, ressaltando, como aspecto
diferenciador, a forma de propulsão. O diagrama apresentado na figura 1.1, diferencia os
2
modelos operados remotamente (ROV), os autônomos (VSA) e suas derivações, os quais
serão detalhados a seguir:
UUV
Operados remotamente (ROV)
Autônomos (VSA)
Motorização ativa Sem motorização ativa Híbridos
Glider
Wave Glider
Thermal Glider
Figura 1.1 – Diagrama da divisão entre os tipos de UUVs. Fonte: Elaborado pelo autor.
1.1 – Veículos operados remotamente (ROV)
São veículos não-tripulados, projetados para realizar tarefas de precisão, operados
por controle remoto através de um cabo umbilical que os liga com a superfície (Figura
1.2).
De acordo com Goulart (2007) [5], esses veículos têm sido utilizados para realizar
uma ampla variedade de funções. Geralmente, os robôs submarinos substituem os
mergulhadores e conseguem atingir profundidades nunca antes exploradas. São usados
para tarefas de observação subaquática, estudos científicos sobre os habitats oceânicos,
localização e resgate de destroços de navios ou de aviões, sondagens dos solos marinhos
para estudos científicos, inspeção e reparo de cabos de telecomunicações subaquáticos,
operações de perfuração de petróleo e gás, como apoio para construções submersas, entre
outros.
3
Figura 1.2 – Veículo subaquático operando remotamente. Fonte: http://shipwreck.net/g2/gallery2/v/Vesselsandtechnology/rov_zeus/zeus.JPG.html
Para Kuhn et al. (2011) [2], no Brasil existem poucos desenvolvimentos na área
de robótica subaquática e, de uma forma geral, a pesquisa nessa área ainda é incipiente,
se comparada em nível mundial. No Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e
Pesquisa de Engenharia (COPPE), localizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), foi desenvolvido originalmente pelo Grupo de Simulação e Controle em
Automação e Robótica (GSCAR) o ROV LUMA (Figura 1.3), com o objetivo de
inspecionar túneis de adução de usinas hidrelétricas. Posteriormente, o Laboratório de
Controle e Automação, Engenharia de Aplicação e Desenvolvimento (LEAD) adaptou o
veículo (Figura 1.4) para fazer a coleta de dados e amostras ambientas, o levantamento
fotográfico e obter imagens de vídeo de alta qualidade das formas de vida marinha
encontradas no fundo da Baía do Almirantado, na Antártica.
Figura 1.3 – ROV LUMA desenvolvido pelo GSCAR. Fonte: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.499.9956&rep=rep1&type=pdf
4
Figura 1.4 – ROV LUMA adaptado pelo LEAD. Fonte: http://gscar.coppe.ufrj.br/?portfolio=projeto-luma
1.2 – Veículos Submarinos Autônomos (VSA)
São veículos de mergulho livre (sem ligação física com o exterior) que possuem
alimentação própria, capacidades de percepção sensorial, tomada de decisão, execução
de tarefas prédeterminadas, controle de movimento e precisão de posicionamento,
permitindo a exata definição dos locais onde os dados são coletados. Além disso,
possibilitam o resgate rápido do veículo para uma eventual manutenção (Leonard at al.,
1998 [6]; Battistella, 2014 [7]). Constituem, assim, uma tecnologia de vanguarda em
função da capacidade de aquisição e transmissão de uma grande quantidade de dados, de
natureza diversa, obtidos em diferentes profundidades (Ramos et al., 2000 [8]; Pinto,
2009 [3]).
Os VSA’s podem ser classificados como:
1.2.1 – Veículos com motorização ativa
O VSA da Monterey Bay Aquarium Research Institute (Figura 1.5), apelidado de
MBARI, serve como uma plataforma de ciência genérica e, para tal, requer uma troca
frequente de seus instrumentos embarcados. O veículo também é capaz de percorrer longa
distâncias sob o gelo do Ártico, como parte do Experimento de Mapeamento do Leito do
Atlântico (do inglês, Atlantic Layer Tracking Experiment). Esses requisitos díspares
deram a origem a um design modular, onde é possível substituir e reconfigurar de maneira
relativamente fácil os pedaços do corpo do veículo. A sessão da cauda é comum a todas
5
as configurações, carregando o básico para a navegação, controle eletrônico e sistema de
propulsão.
Este veículo possui, como único sistema de propulsão, um conjunto de hélices
articuladas ringwing, com uma estrutura em forma de anel ao redor para protege-las
fisicamente. Com a exceção da antena de RF/GPS montada verticalmente, o veículo
possui simetria axial. O leme e o controle de profundidade são dados por dois motores de
passo que conferem ao veículo uma variação direcional de ±15º (McEwen, 2006 [9]).
Figura 1.5 – VSA MBARI, com motorização ativa. Fonte: http://www.mbari.org/staff/rob/uustrep.pdf
1.2.2 – Veículos sem motorização ativa
Como destacado na figura 1.1, veículos sem motorização ativa podem ser
divididos em três categorias, detalhadas a seguir.
1.2.2.1 – Glider
O Underwater glider, chamado apenas de glider por Pinto (2009) [3], é um
veículo que consegue navegar submerso por longas distâncias, usando alterações no
empuxo para provocar o seu movimento (Figura 1.6). O deslocamento se dá através de
6
atuadores internos que alteram a posição do centro de gravidade e a flutuabilidade do
corpo, convertendo parte do movimento vertical em horizontal (com a ajuda das asas do
veículo). Desse modo, o veículo é impelido para frente, numa trajetória senoidal e com
um consumo muito baixo de energia (Guo e Kato, 2008) [10].
Figura 1.6 – Esquema do movimento de um underwater glider sem motor de
propulsão. Fonte: http://www.charterworld.com/news/ocean-robots-journey-pacific-ocean-scientific-discoveries
Embora não tão rápido quanto outros modelos de UUVs, o glider representa um
aumento significativo no alcance e duração das missões, se comparado aos veículos que
utilizam motores de propulsão elétricos, ampliando assim, o tempo de coleta de dados de
horas para semanas ou meses, com milhares de quilômetros percorridos (Mahmoudian,
2009 [11]).
Segundo Guo e Kato (2008) [10], existem quatro principais vantagens em se
trabalhar com gliders, além da longa duração de suas missões. O veículo é silencioso,
com mínimas chances de ser detectado pelo ambiente, pode traçar um perfil horizontal e
vertical de amostras, emergindo com frequência para uma correção de navegação,
utilizando o Global Positioning Systems (GPS), e possui capacidade de comunicação
bidirecional via satélite (recebe e transmite dados).
Esse planador submarino possui, a princípio, flutuabilidade neutra, movendo-se,
portanto, com uma pequena variação da mesma, do negativo para positivo, em um padrão
cíclico. Para tal, utiliza um motor de pistão de deslocamento ou um balão resistente à
pressão, com óleo no seu interior, para mover a água para dentro e para fora do tanque de
lastro. Uma outra opção é utilizar uma válvula de ventilação de ar comprimido que
7
expulsa o ar do tanque, como nos submarinos navais. Enquanto isso, uma massa interna
pode ser redistribuída para mudar a posição do centro de massa, o que resulta numa
mudança controlada do ângulo de inclinação do glider. O movimento vertical devido a
essas mudanças na flutuabilidade, bem como do ângulo de pitch, são convertidos em
movimento horizontal através de asas fixas em ambos os lados do glider. Assim, o
planador submarino pode se mover sem a necessidade de propulsores ativos (Guo, 2008
[10]; Arima et al.,2006 [12]).
De acordo com Guo e Kato (2008) [9], a trajetória em forma senoidal resultante
desse padrão de movimento é ilustrada na figura 1.7 em que G, F, L, D e V representam
gravidade, flutuabilidade (ou empuxo), lift da asa, arraste e direção do movimento,
respectivamente. O processo cíclico de mergulho e retorno a superfície também pode ser
visto nesta figura e estão descritos a seguir:
Figura 1.7 – O movimento do glider e sua análise de forças. Fonte:http://www.naoe.eng.osaka-
u.ac.jp/naoe/naoe7/MUG/Mini%20Underwater%20Glider%20(MUG)%20for%20Education.pdf
1. Para mergulhar, o pistão começa a bombear água para dentro do tanque de lastro
(diminuição do empuxo) e a massa interna é deslocada para frente (ângulo de pitch
negativo) com o intuito de inclinar o glider.
2. O glider desce, devido a sua flutuabilidade negativa e a componente horizontal do
lift, gerado pelas asas, o leva a se locomover com uma componente horizontal,
para frente.
3. Para subir, o pistão empurra a água para fora do tanque de lastro, fazendo o glider
flutuar (aumento do empuxo). A massa interna, então, é deslocada para trás, para
ajudar a inclinação da proa (pitch positivo).
4. Ele sobe, devido a flutuabilidade positiva, e a componente horizontal do lift
continua ajudando-o a se locomover para frente.
8
5. O glider retorna a superfície, realiza a transmissão dos dados e se prepara para o
próximo mergulho.
1.2.2.2 – Wave Glider
Este UUV desenvolvido pela empresa Liquid Robotics, chamado de Wave glider,
consegue utilizar a abundante energia das ondas para promover uma propulsão ilimitada.
Ele é constituído de duas partes. A primeira é composta pelo sistema de comunicação,
controle e flutuador, que fica na superfície da água. A segunda fica submersa, ligada por
um cabo à primeira parte. Juntas, elas convertem o movimento vertical em força de
propulsão de proa (Figura 1.8). Este tipo de veículo possui diversas aplicações que vão
desde medição de onda até monitoramento de mamíferos marinhos com o uso de sensores
acústicos (Manley, 2010 [13]).
Figura 1.8 – Princípio de operação de um wave glider. Fonte: http://www.charterworld.com/news/ocean-robots-journey-pacific-ocean-scientific-discoveries
1.2.2.3 – Thermal glider
De acordo com Davis et al. (2002) [14], o deslocamento do Thermal glider (Figura
1.9) depende da mudança de volume associada a fusão e ao ponto de congelamento de
um fluido dentro do range de temperatura dos oceanos. Em águas mais quentes o fluido
9
esquenta e expande, enquanto acontece a contração em temperaturas mais frias. A energia
proveniente dessa troca de temperatura é armazenada e utilizada como forma de pressão
para encher e esvaziar o tanque de lastro quando necessário (Davis et al., 2002 [14];
Graver, 2005 [4]).
Em missões com gliders movidos a energia elétrica, tem-se que 60 a 85% da
energia total consumida durante a missão se destina ao seu deslocamento (seja ela por
variações de empuxo ou por motores de propulsão), então, um glider movido a energia
térmica pode ter um alcance 3 a 4 vezes maior que um VSA não-térmico.
Figura 1.9 – Foto de um glider elétrico (em cima) e um térmico (em baixo). Fonte: http://www.ifremer.fr/lpo/gliders/donnees_tt/references/techno/4Gliders.pdf
1.2.3 – Híbrido
Projetado para operar em águas costeiras, onde as correntes são mais fortes e a
água possui menor densidade, em função do desague dos rios. O UUV da empresa
Exocetus (Figura 1.10) é um exemplo de veículo que possui um motor de propulsão e que
também utiliza um sistema de lastro adaptativo robusto (de 5 litros de capacidade).
Figura 1.10 – Veículo subaquático autônomo com motor de propulsão da
EXOCETUS. Fonte: http://planet-ocean.co.uk/wp/?p=1732
10
1.3 – Justificativa
Este estudo tem como motivação três elementos principais: o primeiro é o
interesse na elaboração de um veículo subaquático de alta tecnologia que agrega
conhecimento de diversas áreas. O segundo é torná-lo uma tecnologia brasileira, podendo
ser, não apenas economicamente viável, mas também uma opção tecnologicamente
independente de modelos importados. Por último, é a sua crescente aceitação como um
sistema que pode desempenhar um papel importante na maneira de se entender os
oceanos.
1.4 – Objetivos
Descrever as etapas de projeto do aparato mecânico e do controle eletrônico do
protótipo de um underwater glider, sem motor de propulsão. Tais etapas consistem em
definir os sistemas operacionais (sistema de empuxo, pitch, roll, controle e comunicação),
integrá-los e realizar testes de bancada.
1.5 – Metodologia
A partir da necessidade do Laboratório de Instrumentação Oceanográfica (LIOc)
da UFRJ de projetar um underwater glider, sem motor de propulsão, foram estabelecidos
os requisitos do projeto. Nesse sentido, este trabalho consiste de uma pesquisa
experimental, com abordagem quantitativa (Marconi e Lakatos, 2009 [15]), que descreve
as etapas de projeto e desenvolvimento dos sistemas de controle de submersão
e dirigibilidade de um veículo subaquático autônomo. Para tal, dividiu-se o
desenvolvimento em quatro sistemas (pitch, roll, empuxo e controle) que, quando
interligados, permitirão o deslocamento, dirigibilidade e controle necessários ao veículo.
O desenvolvimento de cada parte do sistema contou com uma etapa inicial teórica,
onde foram especificados os requisitos de cada componente. Em seguida, foi realizado
um levantamento de informações, através de uma coleta documental sistemática (Costa e
Costa, 2009 [16]) sobre as diferentes tecnologias disponíveis no mercado. Finalmente,
foram definidas as especificações dos componentes complementares, como os que
compõem os sistemas de segurança e drivers.
11
1.6 – Requisitos do projeto
Como requisitos do projeto, foram especificadas as seguintes características:
Profundidade máxima: 25 m
Autonomia: 12 horas
Tipos de Controle: Flutuabilidade, pitch e Roll
Comunicação: Wi-fi e 3G
Diâmetro interno máximo do corpo: 300 mm
Variação máxima de empuxo: 1 litro
Sensores: Pressão, Inerciais de ângulo de Pitch e Roll
O veículo navegará seguindo uma tabela de navegação
1.6.1 – Tabela de Navegação
A tabela de navegação (Tabela 1.1) contém a rotina de missão do glider. Nessa
tabela estão todos os dados necessários para controlar o mergulho. Ela é composta de três
parâmetros: profundidade, ângulo de pitch e ângulo de roll. O funcionamento do veículo
é baseado na diferença entre o valor da profundidade medida pelo sensor (profundidade
atual) e o valor da profundidade descrita em cada linha da tabela. Quando essa diferença
se torna nula, ou seja, a profundidade indicada na tabela foi alcançada pelo veículo, são
lidos os ângulos de pitch e roll da próxima linha. Nesse momento, são acionados os
respectivos sistemas de controle para que os ângulos medidos através do sensor inercial
(ângulos de pitch e roll atuais) se adequem aos novos valores. Dessa forma, durante a
navegação, são executadas três importantes funções: ler o sensor de pressão, comparar o
resultado dessa leitura com a próxima linha da tabela de navegação e executar a malha de
controle de cada sistema, utilizando os valores lidos da próxima linha como os novos
setpoint.
12
Tabela 1.1 – Exemplo da tabela de navegação.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tabela de navegação
Profundidade
(metros) Pitch (± ppº) Roll (± ppº)
0 (Estado inicial) 45 0
8 30 0
12 0 0
15 - 45 0
3 30 0
0 45 0
13
Capítulo 2
Projeto Eletroeletrônico
Existem três ângulos importantes para se definir a rotação de uma embarcação,
são eles: pitch, roll e yaw (Figura 2.1). O ângulo de pitch define o ângulo de inclinação
do eixo transversal, o de roll é o ângulo com o eixo longitudinal e o yaw é a rotação em
torno do eixo vertical (Journeé e Pinkster, 2002 [17]). Para este protótipo não será
implementado o ângulo de yaw, isto é, a direção do glider não será aferida, uma vez que
os testes serão realizados em ambientes controlados, com o objetivo de comprovar a teoria
presente na literatura e testar os sistemas de atuação, controle e comunicação.
Na figura 2.2 têm-se o croqui do glider com seus respectivos ângulos de rotação
evidenciados.
Figura 2.1 – Ângulo de pitch, roll e yaw em uma embarcação. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Rotations.png
14
Figura 2.2 – Modelo do glider com os sentidos dos ângulos de pitch, roll e yaw
explicitados. Fonte: Elaborado pelo autor.
O modelo de glider concebido necessitou de um conjunto de sistemas
operacionais para seu funcionamento, mostrados na figura 2.3 e ressaltados na figura 2.4:
controlador de empuxo (responsável por emergir e submergir), controlador de roll,
controlador de pitch, sistema de comunicação (para envio e recebimento de informação)
e uma malha de controle (que interliga todos os sistemas aos sensores e aos circuitos de
proteção).
O sistema de empuxo, responsável pela locomoção de um glider sem motor de
propulsão, atua inserindo e retirando um volume de água de um lastro, o que causa uma
mudança de direção da força de empuxo do veículo. Tal mudança cria um ângulo de pitch
primário para o glider, isto é, este se locomoverá com um ângulo padrão devido apenas
ao desequilíbrio de forças. Para realizar o ajuste fino desse ângulo primário, o veículo
conta com um sistema de controle de pitch, que move um conjunto de baterias ao longo
de um eixo principal. Há ainda o controlador de roll, que rotaciona o mesmo conjunto de
baterias do sistema de pitch em um ângulo com o eixo longitudinal, permitindo um ajuste
de estabilidade e concedendo ao glider a habilidade de realizar curvas com um ângulo
definido.
15
Figura 2.3 – Modelo do glider com seu interior à mostra. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 2.4 – Sistema de empuxo (amarelo), roll (vermelho) e pitch (verde) em
detalhe. Fonte: Elaborado pelo autor.
16
2.1 – Sistema de controle de empuxo
2.1.1 – Princípio
Seu funcionamento se dá através do núcleo de processamento, que gera um sinal
de controle para o driver do atuador linear, fazendo com que o mesmo se expanda ou
retraia, de maneira a encher ou esvaziar um tanque de lastro. Dessa forma, o volume
interno será alterado e desestabilizará o equilíbrio de forças, causando a emersão ou
submersão do veículo (Figura 2.5). Na figura 2.6 temos o esquema do glider com as duas
posições do êmbolo possíveis.
Atuador Linear
Driver
Tanque de Lastro
Unidade de Controle
Figura 2.5 – Diagrama de funcionamento do sistema de empuxo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 2.6 – Posição do êmbolo para o glider submergir (A) e emergir (B). Fonte: Elaborado pelo autor.
17
O atuador linear que fará o papel de empurrar e puxar o êmbolo no tanque de
lastro precisa ser dimensionado de acordo com os valores de volume do tanque e de
profundidade máxima de mergulho contidos nos requisitos de projeto e destacados
abaixo:
Variação de volume total = 1 litro
Profundidade máxima = 25 metros
O cálculo da pressão sofrida pelo êmbolo na profundidade de 25 metros é dado
pela seguinte expressão:
𝑃@25𝑚 = 𝜌𝑔ℎ (1)
Onde
𝜌 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 á𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑟 = 1025 𝑘𝑔 𝑚3⁄
𝑔 = 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 9,8 𝑚 𝑠2⁄
ℎ = 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 25 𝑚
De (1), tem-se então:
𝑃@25𝑚 = (1025)(9,8)(25) = 251125𝑁
𝑚2 ≅ 2,56 𝑘𝑔𝑓
𝑐𝑚2
Na figura 2.7 têm-se o raio “r” de um cilindro de comprimento “L”, a força
exercida no braço do atuador “F” e a pressão a uma profundidade de 25 metros “P@25”.
Para variar 1 litro de água do mar, faz-se:
ΔV= πr²L (2)
r
P@25F
Figura 2.7 – Modelo esquemático do cilindro de empuxo. Fonte: Elaborado pelo autor.
18
Após um levantamento prévio dos valores de excursão padrão oferecidos pela
indústria, escolheu-se uma excursão de 200 mm para o atuador. Dessa forma, o cálculo
do raio do êmbolo baseado na equação (2) fica:
ΔV= πr2(200)= 106 mm³
πr2=5000 mm
r ≅40 mm=0,04 m
Para se calcular a máxima força exercida no braço do atuador usa-se a seguinte
expressão:
𝐹 = 𝑃@25𝑚𝐴 (3)
Onde
F = força resultante que atua no pistão
𝑃@25𝑚 = pressão na profundidade de 25 m
A = área do cilindro
Da equação (3), a força necessária para o atuador ter capacidade de movimentação
à 25m de profundidade vale:
𝐹@25𝑚 = (251125)(𝜋0,042) ≃ 1.262 𝑁
Portanto, foi necessária uma pesquisa dos tipos de atuadores presentes no mercado
nacional com o objetivo de identificar um modelo cuja especificação mínima de força
seja 1262 N e tenha um curso padrão de 200 mm.
2.1.2 – Escolha do atuador
Após este levantamento, escolheu-se o modelo Mectrol: Série HIWIN MIKRO
LAS5A-1-1-200-24GE por razões de preço, qualidade de atendimento e dimensões
físicas (Figura 2.8). Este atuador possui as seguintes características:
19
Figura 2.8 – Dimensões físicas (em milímetros) do atuador linear LAS5A-1 da
Mectrol. Fonte: http://www.mectrol.com.br/mectrol/pt/produto/visualizar/codproduto/85/atuador-linear-serie-las-
5.html
Força de Thrust (empurrar): 2000 N
Força de Pull (puxar): 2000 N
Força de Hold (manter): 1500 N
Velocidade de atuação: 3 mm/s
Stroke: 200 mm
Duty Cycle: 10%
Alimentação (VCC): 24 V
Consumo de corrente máximo: 2,3 A
2.1.3 – Controle de Profundidade
Para se saber em qual profundidade se encontra o glider enquanto este realiza uma
missão de mergulho, é necessário um sensor de pressão. Tal sensor (do tipo piezo-
resistivo) mede a variação de um elemento chamado diafragma, que, quando em contato
com a água, é pressionado com intensidade proporcional a da pressão exercida sobre ele.
Então, um circuito eletrônico transforma esta informação em um sinal proporcional de
corrente ou tensão, de acordo com o modelo.
Dos requisitos de projeto, destaca-se a profundidade máxima de operação de
25 metros, o que corresponde a uma pressão de aproximadamente 3 bar. Para atender à
essa especificação, faz-se necessário uma pesquisa de mercado dos diferentes modelos de
sensores de pressão disponíveis. Na figura 2.9 a seguir, identifica-se o modelo da Velki
20
Instrumentos, que foi escolhido pelo seu baixo custo, agilidade no atendimento e menor
prazo de entrega.
Figura 2.9 – Sensor de pressão série industrial da Velki Instrumentos. Fonte: http://velki.com.br/_files/catalogo/transmissor-de-pressao.pdf
Os Transdutores têm um elemento sensor piezo-resistivo que converte a pressão
aplicada pelo fluido em sinal elétrico, sendo este disponibilizado para leitura remota.
Suas características são:
Mede pressão relativa ou absoluta.
Faixas de pressão de 0 a 4 Bar
Sinal de saída: 10mV/V
Temperatura de operação: 0... 70ºC (opcional -25... 85ºC)
Exatidão de 0,25% FE
Fabricação nacional
Proteção IP65
Na figura 2.10, ilustra-se as conexões elétricas do sensor.
Figura 2.10 – Conexões elétricas do sensor da Velki Instrumentos. Fonte: Elaborado pelo autor.
21
2.1.3.1 – Conversor Analógico-Digital
Um dos requisitos do projeto é o sensor de pressão Velki Instrumentos (Figura
2.9), de onde podemos destacar uma saída de 0 à 5V analógica. O processador escolhido
não possui um conversor analógico-digital integrado, então, faz-se necessário especificar
um modelo para ser possível ler a saída do sensor de pressão.
O modelo em questão é um nanoshield ADC (Figura 2.11) de quatro canais,
implementado com o CI ADS1115 (na versão 16 bits) e ADS1015 (na versão de 12 bits),
ambos fabricados pela Texas Instruments. As diferenças entre as duas versões estão
explicitadas na tabela 3.1.
Figura 2.11 – Conversor Analógico-Digital. Fonte: https://www.circuitar.com.br/nanoshields/modulos/adc/
O conversor possui as seguintes características:
Versão em 12 ou 16 bits
4 entradas analógicas
Amplificador interno para sinais de baixa amplitude
Filtro RC em todos os canais
Entradas analógicas protegidas contra ligações acidentais até ± 20V
Consumo máximo de corrente de 300µA
22
Tabela 3.1 – Diferenças entre a versão de 12 e a de 16 bits do módulo adc.
Fonte: Elaborado pelo autor
Parâmetro ADS1115 ADS1015
Resolução 16 bits 12 bits
Alimentação de 2V à 5,5V de 2V à 5,5V
Intervalo de medidas 0V até VCC 0V até VCC
Amostras por segundo máx. 860 máx. 3300
As 4 entradas analógicas independentes podem ser configuradas tanto para leitura
de tensões absolutas (a tensão presente no canal é medida em relação ao GND do
módulo), quanto para leitura dos canais em modo diferencial (um canal é medido em
relação ao outro).
Para a medida de tensões absolutas, os terminais do sensor devem estar
conectados no GND e em uma das 4 entradas do módulo através do borne de parafuso.
As entradas estão nomeadas como A0, A1, A2 e A3 e têm intervalo de medida de 0V até
5V. Nesse tipo de conexão, a resolução passa a ser de 15 bits quando se utiliza o chip
ADS1115 e 11 bits quando de utiliza o chip ADS1015.
A figura 2.12 abaixo ilustra a conexão de 4 sensores com medição absoluta:
Figura 2.12 – Conexão de quatro sensores no modo de medição absoluta. Fonte: https://www.circuitar.com.br/nanoshields/modulos/adc/
No modo diferencial, os canais são lidos em relação ao outro, sendo portanto uma
configuração amplamente utilizada para a leitura de sensores como uma célula de carga,
ou quaisquer outros que funcionem utilizando uma ponte de Wheatstone, por exemplo.
Nesse tipo de conexão, é possível utilizar todos os bits de resolução, ou seja, 16 bits com
o chip ADS1115 e 12 bits com o chip ADS1015.
23
A figura 2.13 abaixo mostra um exemplo com dois sensores lidos em modo
diferencial:
Figura 2.13 – Conexão de dois sensores no modo de medição diferencial. Fonte: https://www.circuitar.com.br/nanoshields/modulos/adc/
O chip possui um amplificador interno com ganho ajustável, que pode ser
utilizado para aumentar a resolução quando o sinal de entrada possui baixa amplitude. O
ganho do amplificador pode ser configurado para 2/3, 1, 2, 4, 8 ou 16. A tabela 3.2 abaixo
mostra qual é a tensão de fundo de escala para cada um dos ganhos do amplificador
(tensão de fundo de escala é o maior valor de tensão que pode ser medido).
Tabela 3.2 – Tensão de fundo de escala em relação ao ganho.
Fonte: Elaborado pelo autor
Ganho Tensão de fundo de escala (V)
2/3 6,144*
1 4,906
2 2,048
4 1,024
8 0,512
16 0,256
* Embora a tensão de fundo de escala seja 6,144 para um ganho de 2/3, o
máximo valor de leitura continua sendo de 0 à 5V.
A tensão de entrada pode ser superior ao valor de fundo escala sem que o módulo
seja danificado. Por exemplo, mesmo utilizando ganho 16, onde a tensão de fundo de
escala é igual a 0,256V, o valor máximo de tensão suportado pelas entradas analógicas
continua sendo ±20V.
24
Há ainda um comparador interno programável, que pode ser configurado para
gerar um sinal de alerta quando o valor de tensão na entrada analógica excede algum
limite previamente configurado pelo usuário. Desse modo, o módulo é capaz de informar
ao microcontrolador sobre um evento desejado, sem que seja necessário medir
continuamente sua entrada.
Na configuração padrão de fábrica (leituras de 0 até 5V), o filtro RC tem
frequência de corte de aproximadamente 720 Hz na versão de 16 bits, e 1500 Hz na versão
de 12 bits. A figura 2.14 mostra a implementação padrão do filtro para a entrada A0 nas
versões de 12 e 16 bits.
Figura 2.14 – Filtro RC na configuração padrão. Fonte: https://www.circuitar.com.br/nanoshields/modulos/adc/ O Nanoshield ADC se comunica com o processador através de um barramento
I²C. Uma das vantagens do barramento I²C é a possibilidade de uso de vários módulos
simultâneos utilizando apenas 2 pinos do microcontrolador: um para a transmissão do
clock (SCL) e outro para transmissão de dados (SDA). Portanto, caso haja a necessidade
de mais entradas analógicas no futuro, pode-se utilizar quatro módulos adc em paralelo,
totalizando 16 entradas analógicas. A figura 2.15 ilustra o funcionamento de cada
módulo.
25
Figura 2.15 – Diagrama de blocos do módulo adc. Fonte: https://www.circuitar.com.br/nanoshields/modulos/adc/
2.1.4 – Sistema de segurança
O atuador linear não possui inteligência embarcada para detectar automaticamente
o fim de curso e interromper o funcionamento do seu motor para evitar que este queime.
Sendo assim, um sensor de fim de curso externo se torna essencial para o controle e
segurança do aparelho. Abaixo é detalhado este componente de segurança.
2.1.4.1 – Sensor de fim de curso
O sensor de fim de curso escolhido é um Reed Switch, que atua gerando um sinal
de controle para interromper o funcionamento do atuador linear quando este alcança sua
extensão máxima ou mínima. O contato está normalmente aberto, fechando somente
quando submetido ao campo magnético gerado pela proximidade da excursão do atuador.
Este sensor possui as seguintes características:
Tensão de operação: DC/AC 5 ~ 100 V
Corrente máxima: 30 mA
Proteção de encapsulamento: IP67 (resistente a imersão temporária).
26
A escolha de como será a saída do switch (nível lógico alto ou baixo) depende
apenas de como será feita a ligação elétrica. Caso seja aplicada uma tensão
correspondente ao nível lógico alto em uma das extremidades do switch, a mesma tensão
será lida após o fechamento do contato. De maneira análoga obtêm-se o nível lógico
baixo. A figura 2.16 exemplifica a ligação elétrica no modo de nível lógico baixo, quando
utilizado uma tensão de 3,3Vdc.
ReedSwitch
Rmin
3V3
GPIO
1K
Figura 2.16 – Reed switch respondendo em nível lógico baixo Fonte: Elaborado pelo autor
Das especificações do Reed Switch, destaca-se uma corrente máxima de 30 mA.
Caso seja alimentado com uma tensão de 3,3Vdc (como exemplificado na figura 2.8), é
necessária a presença de um resistor para limitar a corrente. A equação para identificar o
resistor mínimo é:
Tensão de alimentação
Rmin
= corrente máxima (4)
Aplicando-se à equação (4) uma tensão de 3,3Vdc obtêm-se o seguinte valor para
o resistor mínimo:
3,3
𝑅𝑚𝑖𝑛< 30 𝑚𝐴
𝑅𝑚𝑖𝑛 >3,3
30 𝑚
27
𝑅𝑚𝑖𝑛 > 110 𝛺
2.1.5 – Driver do atuador
O braço do atuador linear se expande quando aplicado sobre ele uma tensão de
24Vdc e se retraí quando essa tensão é invertida. Dessa forma, é necessário um dispositivo
(driver) que conecte o núcleo de processamento do glider com o atuador e que faça esse
chaveamento entre as tensões, seguindo uma lógica programável de controle. Depois de
realizado um levantamento das opções de mercado, escolheu-se o modelo de 2 relés da
figura 2.17 pela funcionalidade e baixo custo.
Figura 2.17 – Módulo com 2 relés Fonte: http://myhowtosandprojects.blogspot.com.br/2014/02/sainsmart-2-channel-5v-relay-
arduino.html
Este modelo possui a seguinte pinagem das entradas:
GND : Terra
IN1 : Chaveia o Relé K1
IN2 : Chaveia o Relé K2
VCC : Alimentação de 5V
Pinagem das saídas (tanto para o relé K1, quanto para o K2):
NC: Pino em que o relé está normalmente fechado (default).
COM: Pino comum.
NO: Pino em que o relé está normalmente aberto.
28
Esquema elétrico (Figura 2.18) de um dos relés da placa:
Figura 2.18 – Esquema elétrico de um dos relés da placa Fonte: http://arduino-info.wikispaces.com/ArduinoPower
Objetiva-se que o atuador expanda e retraia quando seus respectivos relés forem
acionados e que permaneça desligado em outros casos. Para tal, tem-se a seguinte
pinagem de saída para cada um dos relés:
NC: GND
NO: 24 Vdc
A tabela 2.3, abaixo, apresenta o funcionamento lógico do módulo de acordo com
sua tabela verdade:
Tabela 2.3 – Tabela verdade do controle do módulo de 2 relés.
Fonte: Elaborado pelo autor
IN1 IN2 SAÍDA
OFF OFF Permanece desligado
ON OFF Atuador retrai
OFF ON Atuador expande
ON ON Não se aplica
29
2.2 – Sistema de controle de roll
2.2.1 – Princípio
Seu funcionamento, esquematizado na figura 2.19, se baseia na emissão de sinais
de controle pelo núcleo de processamento para o hardware através de um driver. Este
sinal de controle é uma sequência de pulsos correspondentes a um ângulo de roll de
referência, cabendo ao sistema atuar de maneira a alcançar este ângulo desejado. Para tal,
o hardware em questão deve ser um motor que rotaciona um determinado peso ao redor
do eixo longitudinal. O feedback do ângulo de roll, isto é, saber qual é o ângulo atual do
veículo, é dado por um sensor inercial detalhado na seção 3.13 deste trabalho.
Com o objetivo de se otimizar o espaço interno do veículo, o peso a ser movido
pelo sistema de roll é um conjunto de baterias Gel Seladas Moura VRLA 12V 9Ah, onde
cada bateria pesa 2,38 kg e possuem as dimensões físicas mostradas na figura 2.20.
Unidade de Controle
Motor de Passos
Driver
Baterias (24V)
Leitura do Sensor Inercial
Move
Figura 2.19 – Diagrama de funcionamento do sistema de roll. Fonte: Elaborado pelo autor.
30
Figura 2.20 – Dimensões físicas da bateria Moura VRLA 12V 9Ah. Fonte: http://www.moura.com.br/pt/produtos/vrla-especificacoes
Para o cálculo do torque gerado pelas baterias, é necessário conhecer a distância
do eixo do motor até o centro de massa das mesmas. Tal distância encontra-se detalhada
na figura 2.21, que representa um corte transversal no corpo do glider.
Figura 2.21 – Corte transversal do glider. Fonte: Elaborado pelo autor.
A distância d do centro do motor de roll até o centro de massa das baterias vale:
𝑑 = 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠
2+ 8 𝑚𝑚
𝑑 = 93,5
2+ 8 = 54,75 𝑚𝑚
31
Para o cálculo do torque, tem-se:
𝜏 = . ℎ𝑟𝑜𝑙𝑙 (5)
Após substituir a força F da equação (5) pelo peso das duas baterias, obtem-se:
𝜏 = 𝑏𝑎𝑡. 𝑔. ℎ𝑟𝑜𝑙𝑙 = 2. (2,38)(9,8). 0,055 ≅ 2,6 𝑁𝑚
Com uma margem de 25%, o torque total necessário para o motor de roll é:
𝜏𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2,6. (125%) ≅ 3,25 𝑁𝑚 = 33 𝑘𝑔𝑓. 𝑐𝑚
Por facilidade e familiaridade de uso no LIOc, utilizou-se um motor de passos,
que atendesse as especificações mínimas, como o motor do sistema de roll.
2.2.2 – Motor de passo
É um dispositivo eletromecânico de posicionamento síncrono projetado para girar
apenas um ângulo específico para cada pulso elétrico recebido na unidade de controle
(Ferreira, 2008 [18]). A figura 2.22 demonstra que o motor efetua seu deslocamento
angular nominal para cada pulso recebido.
Figura 2.22 – Esquema de pulsos de um motor de passos. Fonte: Elaborado pelo autor.
Os motores de passo são divididos em três tipos: relutância variável, magneto
permanente e híbridos. Pesquisou-se os modelos híbridos devido a sua abundante
presença na indústria, sendo mais fáceis e baratos de serem encontrados (Cravo, 2008
[19]). Sua construção é dada por um rotor, um estator, tampa de montagem, flange e
rolamentos, tal qual demonstrado na figura 2.23.
32
Figura 2.23 – Interior de um motor de passos Fonte: http://neoativa.com/blog/?p=208
O rotor é construído de duas secções, cada secção possui 50 dentes. O Estator, que
é a carcaça, possui 8 pólos, cada um com 5 dentes, perfazendo um total de 40 dentes. As
bobinas são enroladas sobre os dentes do estator e estão conectadas aos pares. Desse
modo, quando a corrente atravessa um par de espiras, ela atrai os dentes de polaridade
opostas em cada extremidade do rotor, energizando alternadamente uma e depois duas
espiras (Cravo, 2008 [19]).
Com um motor de passos, normalmente, não é necessário um sistema de sensor
de posição e realimentação para fazer com que o atuador de saída siga as instruções de
entrada. Assim, a atuação feita em malha aberta, onde a rotação e a velocidade têm uma
relação direta com o número e frequência do trem de pulsos. Uma vantagem em se utilizar
esse tipo de motor é a sua capacidade de parar em uma posição definida sem a ajuda de
embreagens e freios (Ferreira, 2008 [18]).
Escolheu-se o motor de passo KTC-KML092-F07 (Figura 2.24), da empresa
KALATEC, devido a sua disponibilidade no LIOc e por atender as especificações
mínimas.
33
Figura 2.24 – Dimensões físicas do motor de roll da Kalatec. Fonte: http://www.kalatec.com.br/motor_de_passo/M-PASSO-KML_092.pdf
O motor possui as seguintes características:
Torque estático mínimo: 6 Nm
Resolução: 200 PPR (pulsos por revolução)
Step: 1,8°
Resistência: 1,32 Ω
Consumo de corrente: 3,15 A/fase
Inércia do rotor: 2700 g.cm²
Peso: 2,9 kg
Esse modelo é um motor híbrido com oito fios e duas fases, já configurado para
uma ligação universal. Existem duas opções viáveis para sua ligação: a bipolar em série
e a em paralelo. A primeira alcança um valor maior de torque ao preço de uma velocidade
de rotação reduzida e possui consumo de corrente cerca de 30% menor do que a nominal.
Já a segunda alcança velocidades mais elevadas, com menos torque e um consumo de
corrente cerca de 30% maior do que a nominal (Kalatec, 2011 [20]).
Para o projeto, a autonomia é um fator crítico e não a velocidade de atuação dos
sistemas que compõem o glider. Sendo assim, a ligação bipolar em série é a mais
adequada a ser utilizada.
A figura 2.25, a seguir, demonstra como efetuar cada uma das ligações e relembra
suas características de torque e velocidade.
34
Figura 2.25 – Padrão de ligação elétrica do motor de roll da Kalatec. Fonte:
http://www.kalatec.com.br/motor_de_passo/Manual_Ligacao_Motores_Passo_Marca_Kalatec.pdf
2.2.3 – Sistema de segurança
A fim de evitar que o motor de roll gire as baterias para uma posição na qual elas
colidam com a estrutura acima dele (trilho, roldanas ou sistema de empuxo), é necessário
usar um sensor de fim de curso para gerar uma resposta de controle quando alcançado um
determinado ângulo crítico. Além desse sensor, a presença de um relé temporizador
oferece uma proteção contra falhas de software, tornando-se um sistema de segurança
independente. A seguir, detalham-se o sensor de fim de curso e o relé temporizador para
o sistema de roll.
2.2.3.1 – Sensores de fim de curso
Fixados no casco do glider, identificando os ângulos máximos de operação, os
sensores NS3-060D da Metaltex (Figura 2.26) possuem uma haste com rolete que fecha
o contato quando as baterias atingirem essa posição. Essas hastes agem de forma a gerar
o mínimo de interferência possível no movimento do sistema de roll, objetivando não
sobrecarregar desnecessariamente o motor.
35
Figura 2.26 – Sensor de fim de curso NS3-060D da Metaltex. Fonte: http://www.lojaeletrica.com.br/images/product/2321106190043_Z.jpg
O sensor de fim de curso possui as seguintes características:
Contatos para 3 ou 10 A
Mecanismo interno de longa vida útil: 2 milhões de operações
Temperatura de operação: -25ºC a 80ºC
2.2.3.2 – Circuito de proteção
É composto de um relé temporizador e um par de sensores NS3-060D (Figura
2.26). Cada um dos sensores será posicionado além das chaves de fim de curso, de
maneira que elas só serão acionadas caso o sistema de controle falhe em parar o motor
nos seus ângulos máximos de operação.
Para interromper a alimentação do sistema, escolheu-se o modelo de relé
temporizador OPT da Metaltex (Figura 2.27) que, quando submetido a uma tensão de
controle, fecha o seu contato após um tempo pré-determinado e só o abre quando a tensão
for interrompida.
36
Figura 2.27 – Relé temporizador OPT da Metaltex. Fonte: http://www.metaltex.com.br/produto/opt/opt-rele-de-tempo
Este relé possui as seguintes características:
Arranjo dos contatos: 1 ou 2 temporizado(s) para 1A indutivo a 250 VCA
Alimentação: DC/AC 12 ~ 24 V
Tempo máximo: 1,2,5,10,15 ou 30 segundos/minutos
Quando acionadas quaisquer das chaves de segurança, uma tensão de controle irá
acionar o relé temporizador, como pode ser observado na ligação elétrica do sistema
esquematizada na figura 2.28, abaixo.
M
Relé Temporizador
5V
24 VChaves de segurança
Motor de passos
Figura 2.28 – Esquema elétrico do sistema de segurança dos motores de passo. Fonte: Elaborado pelo autor.
37
2.2.4 – Driver do motor
O interfaceamento entre o microcontrolador e o motor de passos é dado por um
driver. Na figura 2.29 tem-se o modelo Tb6560 que não possui inteligência embarcada,
sendo, portanto, de baixo custo. Ele recebe um trem de pulsos, a direção (horária ou anti-
horária) e um sinal enable de controle.
Figura 2.29 – Driver Tb6560. Fonte: http://img.alibaba.com/img/pb/311/994/827/827994311_116.jpg
A figura 2.30, a seguir, apresenta-se o diagrama de ligações do driver do motor:
Figura 2.30 – Ligação elétrica do driver Tb6560. Fonte: http://img.alibaba.com/img/pb/310/994/827/827994310_964.jpg
38
Devido à sua limitação de corrente, há a necessidade de se inserir um resistor em
série com cada entrada de controle. Os casos possíveis de tensão e o valor dos resistores
recomendados encontram-se listados a seguir.
5V : Nenhum resistor é necessário
12V : Adicionar um resistor de 1K para os sinais de controle Pul-, Dir- e EN-
24V : Adicionar um resistor de 2,7K para os sinais de controle Pul-, Dir- e EN-
Considerações acerca do sinal de Enable (EN-):
EN- em nível lógico alto: motor funciona
EN- em nível lógico baixo: motor não funciona
Os modos de operação e ajuste são dados pela posição dos switches da placa.
Abaixo é mostrada a configuração de cada switch:
SW1, SW2 e SW3 controlam a corrente de saída de acordo com a tabela verdade
mostrada na tabela 2.4:
Tabela 2.4 – Configuração dos switches SW1, SW2 e SW3.
Fonte: Datasheet do chip Toshiba Tb6560 [21].
Corrente de saída
I (A) 0,5 1,0 1,5 1,8 2,0 2,5 3,0
SW1 0 0 0 1 1 1 1
SW2 1 0 1 0 1 0 1
SW3 0 1 1 0 0 1 1
S1 e S2 controlam a configuração do torque: quanto maior ele for, maior será o
consumo de corrente e a dissipação de calor do motor. Na tabela 2.5, abaixo, temos a
tabela verdade das chaves S1 e S2.
Tabela 2.5 – Configuração dos switches S1 e S2.
Fonte: Datasheet do chip Toshiba Tb6560 [21].
Configuração do torque
SW4 20% 50% 75% 100%
S1 0 0 1 1
S2 0 1 0 1
39
S3 e S4 controlam o modo de excitação (microstepping), isto é, são necessários
mais pulsos para que o motor varie sua resolução de 1,8º (nota-se uma transição mais
suave entre os steps do motor). A tabela verdade das chaves S3 e S4 é mostrada na tabela
2.6 abaixo.
Tabela 2.6 – Configuração dos switches S3 e S4.
Fonte: Datasheet do chip Toshiba Tb6560 [21].
Modo de excitação (microstepping)
SW4 1 2 8 16
S3 1 1 0 0
S4 1 0 0 1
S5 e S6 configuram o modo de decaimento. Com aproximadamente quatro ciclos
do oscilador interno do Tb6560, acontece a descarga de corrente do pulso PWM do
mesmo. Com 25%, a descarga de corrente acontece durante o último ciclo; com 50%
acontece nos dois últimos ciclos; e com 100% esse processo acontece durante todos os
quatro ciclos. A tabela 2.7 abaixo mostra a configuração das chaves S5 e S6 para os
diferentes tipos de decaimento.
Tabela 2.7 – Configuração dos swithces S5 e S6.
Fonte: Datasheet do chip Toshiba Tb6560 [21].
Modo de decaimento
SW4 0% (normal) 25% 50% 100%
S5 1 1 0 0
S6 1 0 1 0
Na figura 2.31, demonstra o comportamento do driver aos ciclos do oscilador
interno (OSC Pin Internal Waveform, na figura) aos diferentes modos de decaimento. O
termo “NF” se refere ao ponto em que a corrente alcança o valor predefinido de corrente
dos switches SW1, SW2 e SW3 (Tabela 2.4) e o termo “RNF” se refere ao valor da
corrente ao final dos ciclos do oscilador. Quanto menor for o valor do “MDT” (do inglês,
mixed decay timing), menor sera a amplitude da corrente de ripple, entretanto, a taxa de
decaimento da corrente aumenta.
40
Figura 2.31 – Formas de onda do modo decaimento do driver Tb6560. Fonte: Datasheet do chip Toshiba Tb6560 [21].
41
2.3 – Sistema de controle de pitch
2.3.1 – Princípio
O sistema de pitch (destacado em verde na figura 2.4 e repetido abaixo) é
composto de um conjunto de polias e correias sincronizadoras, ligadas em um motor de
passos. O motor gira a polia e desloca um carrinho (onde se encontra todo o hardware do
sistema de roll, destacado em vermelho na figura 2.4) sobre uma guia linear de
comprimento igual a 600 mm. Na figura 2.32 tem-se o diagrama de funcionamento do
sistema de pitch.
Unidade de Controle
Motor de Passos
Driver Move
Leitura do Sensor Inercial
Sistema de Roll
Figura 2.32 – Diagrama de funcionamento do sistema de pitch. Fonte: Elaborado pelo autor.
Para dimensionar o motor de passos é necessário calcular o torque estático
mínimo. O pior caso de inclinação é quando o eixo longitudinal do glider faz um ângulo
de 90, o que torna a tensão em cima da correia igual ao peso do sistema de roll.
Para se calcular o peso a ser deslocado é necessário listar o peso de todos os
componentes envolvidos:
Duas baterias: 4,8 kg no total
Motor de Passos: 2,9 kg
Carrinho: 105g
Peso total (𝑃𝑝𝑖𝑡𝑐ℎ ) = 7,805 𝑘𝑔
O cálculo do torque mínimo do motor de pitch é dado por:
τpitch= Ppitch . rpolia (6)
42
Substituindo o peso total na equação (6), obtem-se:
τpitch = (7,805)(9,8)(0,008) ≅ 0,6 Nm
Com a folga de 25%, tem-se um torque mínimo para o motor de pitch de:
𝜏𝑝𝑖𝑡𝑐ℎ = (0,6)(125%) = 0,75 𝑁𝑚 ≅ 7,6 𝑘𝑔𝑓. 𝑐𝑚
2.3.2 – Escolha do motor de passo
Com os mesmos critérios de escolha do motor de roll, escolheu-se o motor KTC-
HT23-400 da empresa Kalatec (Figura 2.33) pela disponibilidade no laboratório e por
atender as especificações.
Figura 2.33 – Dimensões físicas do motor de pitch da Kalatec [17]. Fonte: http://www.kalatec.com.br/motor_de_passo/Motor_Passo_Nema_HT23.pdf
Este motor possui as seguintes características:
Torque estático mínimo: 1,32 Nm
Resolução: 200 PPR (pulsos por revolução)
Step: 1,8°
Resistência: 2,3 Ω
Consumo de corrente: 2,0 A/fase
Inércia do rotor: 480 g.cm²
Peso: 1,0 kg
43
Esse modelo é um motor híbrido com oito fios e duas fases, já configurado para
uma ligação universal tal qual o motor de roll. Por consumir menos corrente, escolheu-se
a configuração bipolar em série como o padrão de ligação.
O número de revoluções necessárias ao motor de pitch para que o carrinho seja
movido pelos 600 mm especificados é calculado em função do raio da polia. Sabe-se que
uma revolução do motor desloca a correia em 2πrpolia milímetros.
1 revolução = 2πrpolia (7)
Como o raio da polia vale aproximadamente 8 mm, da expressão (7) obtem-se:
1 revolução = 2π(8) ≅ 50 mm
O cálculo do número de revoluções em função do deslocamento total e da
distância percorrida com uma revolução é dado por:
Número de revoluções =
deslocamento total
distância percorrida com uma revolução
(8)
Substituindo-se o deslocamento total e a distância percorrida com uma revolução
em (8), obtêm-se:
Número de revoluções =600
50= 12 revoluções
2.3.3 – Sistema de segurança
Para evitar que o motor de pitch mova o carrinho para uma distância além dos
600 mm especificados, posiciona-se um sensor tanto no início quanto no fim do curso,
que gerarão um retorno quando acionados (com o objetivo de cessar a atuação do motor).
Além desse sensor, outros dois sensores serão posicionados depois do fim do curso, de
maneira a interromper a energia do sistema através de um relé temporizador. Este relé
será um OPT da Metaltex (Figura 2.21) com atuação, especificações e ligação elétrica
com os sensores iguais às listadas no sistema de roll.
44
2.3.3.1 – Sensores de fim de curso
Fixados nos extremos do trilho, são responsáveis por gerar um sinal de controle e
criar uma intervenção via software que interrompa o funcionamento do motor de pitch,
quando o carrinho atingir qualquer um deles. Essa ação evita a queima do motor e
possíveis danos ao sistema de pitch do veículo.
Abaixo, identifica-se o sensor de fim de curso TZ3112 da Metaltex (Figura 2.34).
Figura 2.34 – Chave de fim de curso miniatura TZ3112 da Metaltex. Fonte: http://www.metaltex.com.br/downloads/TZ3.pdf
As especificações do sensor são:
Força máxima de operação: 1800 g
Capacidade de 3A-250Vdc
Grau de proteção IP 67
Já incluso um cabo de 3 metros (dispensa conexões extras)
45
2.3.4 – Driver do motor
Por se tratar de um motor de passo essencialmente igual ao escolhido no sistema
de roll, pode-se também utilizar o driver Tb6560 (Figura 2.29) para controlá-lo. São
utilizadas no motor de pitch as mesmas configurações de switches adotadas anteriormente
para o motor de roll com apenas uma alteração na corrente de saída do driver, visto que
o consumo do motor é menor.
2.4 – Sensor Inercial
É uma IMU (do inglês, Internal Measurement unit) assistido por GPS/INS (do
inglês, global positioning system e Inertial navegation System, respectivamente), que
corrige os erros acumulados durante a operação. A IMU MTi-G-700 (Figura 2.35) faz
parte da série MTi 100 de elevado desempenho, integrando giroscópios imunes a
vibrações e uma elevada estabilidade de polarização em funcionamento. Ele é responsável
por fornecer a atitude do glider para que os sistemas de controle possam atuar a fim de
rastrear os valores de pitch e de roll pré-definidos na tabela de navegação.
Figura 2.35 – Sensor Inercial MTi-g-700 da XSens. Fonte: https://www.xsens.com/products/mti-g-700/
46
Possui as seguintes características:
Tensão de alimentação: 4,5~34Vdc ou 3,3Vdc
Consumo típico de energia: 675~950 mW
Proteção: IP 67
Temperatura de operação: -40 a 85ºC
2.5 – Comunicação
Para o envio e recebimento de informações, especificou-se nos requisitos do
projeto a utilização de conexão 3G (a ser utilizado em áreas costeiras) e o Wifi (conexão
ad-hoc para curtas distâncias). Abaixo seguem os modens usados para cada caso.
2.5.1 – Modem 3G
Escolheu-se o mini modem USB Huawei E173 (Figura 2.36) pela abundância no
mercado e preço acessível. Outra característica importante é a presença de uma conexão
de antena externa, que sairá do casco, para prover uma melhor recepção de sinal.
Figura 2.36 – Mini modem USB Huawei E173. Fonte: http://images.tcdn.com.br/img/img_prod/407926/333599_1_20130207160345.png
47
Suas características são:
Modem 3G Desbloqueado GSM Quadri-Band
GPRS EDGE 850/900/1800/1900MHz
WCDMA Tri-Band WCDMA HSDPA 3.6 (850/1900/2100 MHz);
Suporta cartão de memória MicroSD de até 4GB (opcional)
2.5.2 – Modem Wi-fi
Utilizou-se o adaptador USB 2.0 wifi da EDUP (Figura 2.37) pela disponibilidade
no laboratório e pela possibilidade de se conectar uma antena externa, capaz de melhorar
a qualidade e alcance do sinal para a conexão local a curtas distâncias.
Figura 2.37 – Mini modem USB 2.0 Wifi da EDUP. Fonte: http://mlb-s1-p.mlstatic.com/adaptador-wifi-usb-edup-300mbps-ep-n8512-com-antena-
14160-MLB4424673710_062013-F.jpg
Algumas de suas características são:
Padrão wireless: IEEE 802.11n/b/g
Segurança dos dados: 64/128bit WEP/WPA/WPA2
Taxas de sinal sem fio com fallback automático: 11n até 300Mbps
48
2.6 – Digrama Elétrico
A figura 2.38, a seguir, ilustra as ligações físicas entre os hardwares que compõem
os sistemas de comunicação, empuxo, pitch e roll. Nela é possível perceber que a unidade
de controle do veículo é uma Raspberry Pi modelo B+, que será explicada no item 3.1.2
deste trabalho.
49
Figura 2.38 – Diagrama elétrico do glider. Fonte: Elaborado pelo autor.
50
Capítulo 3
Sistema de Controle
Para implementar o núcleo de processamento do glider, desenvolveu-se no LIOc
uma ferramenta própria de desenvolvimento para sistemas embarcados, que interliga
todos os sistemas do veículo a uma malha de controle responsável por garantir o
funcionamento tal qual idealizado, chamado de SisCAT.
Para realizar a navegação, o SisCAT lê um arquivo fornecido pelo usuário
chamado de tabela de navegação. Nesta tabela está contida toda a rotina de mergulho a
ser seguida. Em seguida, o SisCAT utiliza os dados adquiridos dos sensores embarcados
para comparar com os setpoint contidos em cada linha da tabela afim de controlar os
sistemas de empuxo, pitch e roll. Ao final da rotina, o sistema é capaz de reiniciar o
mergulho utilizando a tabela que já se encontra na memória, ou receber (via comunicação
3G) uma nova tabela com novos parâmetros de setpoint (Figura 3.1).
51
Sistema de Roll
Sistema de Pitch
Leitura do Sensor Inercial
Sistema de Empuxo
Sistema de Comunicação
SisCAT
Wi-fi 3GGPS
Tabela de Navegação
Malha de controle de
empuxo
Malha de controle de
Roll
Malha de controle de
Pitch
Motor de Passos
Driver Move
Leitura do Sensor de Pressão
Sistema de Roll
Motor de Passos
Driver
Motor de Passos
Driver Move
Leitura do Sensor Inercial
Sistema de Roll
Move
Baterias (24V)
Setpoint de Empuxo
Setpoint de Roll
Setpoint de Pitch
Figura 3.1 – Diagrama de funcionamento do SisCAT. Fonte: Elaborado pelo autor.
52
3.1 – Sistema de Controle, Atuação e Telemetria (SisCAT)
Foi originalmente concebido para ser o software da unidade controladora de uma
boia meteo-oceanográfica (BMO) utilizada para aquisição, processamento e transmissão
de dados ambientais (Mello, 2013 [22]), mas no atual estágio de desenvolvimento, possui
um funcionamento mais genérico. Esse sistema deverá se tornar a principal plataforma
embarcada de processamento para os futuros desenvolvimentos do Laboratório de
Instrumentação Oceanográfica, necessitando ser o mais versátil possível para possibilitar
sua utilização com apenas pequenas modificações.
O SisCAT funciona através de uma máquina de estados, onde cada estado é
composto de um conjunto de tarefas, denominado “Ciclo de Tarefas”. Cada Tarefa é um
conjunto de ações (denominados “Operações”) com parâmetros específicos a serem
executadas por um Driver ou Componente, em um ou mais clocks do sistema
(denominados “Ticks”).
Por exemplo, em um Tick, o SisCAT é capaz de realizar a leitura do sensor de
pressão, convertê-la para metros, compará-la com uma linha da tabela de navegação e
tomar a decisão de atuar nos sistemas de empuxo, pitch e roll caso a profundidade descrita
na tabela seja alcançada.
Abaixo detalha-se cada uma das definições do sistema citadas:
Ciclo de Tarefas – É a unidade de tempo onde deve estar contida a possibilidade
de execução de todas as Tarefas. Nele, a execução de cada Tarefa é de forma cronológica,
por prioridade, podendo ser facultativa ou ter execuções múltiplas.
Tarefas – Um conjunto de Operações com parâmetros específicos a serem
executadas por um Driver ou Componente, em um ou vários Ticks, dentro do Ciclo de
Tarefas. Possuem um critério de prioridade para o caso de execução simultânea além de
terem a sua execução habilitada ou não durante o Ciclo de Tarefas.
Operação – Especifica uma ou mais ações a serem executadas por um
Componente ou Driver. Por exemplo, uma atividade que solicita a leitura do sensor de
pressão, que é um componente do sistema, deve informar este desejo ao respectivo Driver
que enviará um comando para o Componente.
53
Componente – É um módulo especializado, que realiza um conjunto de
Operações, podendo ser externo ao SisCAT (como um transdutor) ou interno, realizando
operações matemáticas, de sistema, de armazenamento, etc.
Driver – Módulo especializado, interno ao SisCAT, criado para cada
Componente. Subdivide-se em Driver Físico, para o caso de equipamentos/sensores e
Driver Lógico para o caso de processamento.
Tick – O mesmo clock do sistema.
Comando – Instrução individual específica de cada instrumento ou Componente.
3.1.1 – Arquitetura de sistema do SisCAT
De forma abstrata, o sistema do SisCAT deve ser compreendido por três camadas:
1) Núcleo do Sistema, responsável por realizar o controle e gerenciamento das demais
partes, o que inclui acesso ao banco de dados, controle e lançamento de Tarefas, controle
do fluxo e das estruturas de dados, temporização e etc; 2) Camada I/O, que abrange o
gerenciamento das Interfaces de comunicação (Serial RS-232 ou 485, USB,
Lógico/Virtual, etc...), assim como os Drivers especializados, responsáveis pela troca de
informação entre o SisCAT e um determinado equipamento ou processamento; e 3)
Camada de Dados, que compreende todo o armazenamento não volátil de dados do
SisCAT, incluindo os arquivos de configuração do sistema, do usuário, de dados brutos
oriundos das aquisições e o banco de dados. Esse último pode ser um banco de dados
relacional enxuto e proprietário, para aplicações com poucos recursos computacionais,
que implemente toda a lógica transacional de um banco de dados comum e permita
operações de leitura e escrita em um único arquivo. O modelo de dados utilizado deve
manter a relação entre tarefas, operações e interfaces definidas no sistema.
Abaixo (Figura 3.2) tem-se a arquitetura do sistema descrita através de um
fluxograma:
54
Figura 3.2 – Arquitetura de sistema do SisCAT. Fonte: Elaborado pelo autor.
3.1.2 – Raspberry B+
Escolheu-se o Raspberry B+ (Figura 3.3) como unidade de processamento central,
responsável por implementar as rotinas de missão, leitura dos sensores, armazenamento
de dados, malha de controle dos motores, envio e recebimento de dados. Sua a escolha
foi baseada na disponibilidade, facilidade de programação e capacidade para implementar
o SisCAT, criado no laboratório (Mello, 2013 [21]).
55
Figura 3.3 – Modelo Raspberry B+. Fonte: http://www.raspberrypi.org/products/model-b-plus/
Onde pode-se destacar algumas características:
40 pinos GPIO
4 portas USB 2.0
Entrada para cartão micro SD
Consumo de 3W
3.2 – Malha de controle
Com o objetivo de integrar e controlar todos os sistemas operacionais do glider,
desenvolveu-se uma máquina de estados que contém as malhas de controle de empuxo,
pitch e roll.
3.2.1 – Máquina de estados
Uma missão no glider é composta de vários estados, como exemplificado na
figura 3.4 e contemplado em detalhes do apêndice A:
56
CalibPitch
Navegação
Superfície
Emergência
Inicial
Pré-
Navegação
CalibEmpuxo
CalibRoll
Figura 3.4 – Estados de missão do glider. Fonte: Elaborado pelo autor.
Inicialização – Inicia o SisCAT com as configurações obtidas de um cartão de
memória micro SD.
Calibração – Subdividida em três estados, é a responsável por calibrar o empuxo
e os ângulos de pitch & roll para o estado inicial pré-configurado em terra, com o objetivo
de fornecer um referencial para cada um dos sistemas de controle.
Pré-Navegação – Este estado existe para que o usuário inicie manualmente o
mergulho, de forma que o veículo não inicie a navegação enquanto ainda está a bordo da
embarcação e, consequentemente, não tenha sido lançado ao mar.
Navegação – Executa a rotina de missão de descida e subida contida na tabela de
navegação.
57
Superfície – Envia um e-mail com os dados adquiridos durante a missão, bem
como sua posição atual. Aguarda uma conexão externa com nova tabela de navegação e
atualiza a mesma contida no cartão de memória micro SD.
Emergência – Quando há algum entrave, seja por hardware ou software, o estado
objetiva levar o veículo à superfície e transmitir sua posição periodicamente para que ele
seja localizado e removido da água a fim de se averiguar e corrigir o motivo da falha.
Para que seja possível executar a rotina de navegação, é necessária uma malha de
controle para cada um dos três sistemas descritos na tabela de navegação, ou seja,
empuxo, pitch e roll. Cada uma dessas malhas está detalhada a seguir.
3.2.2 – Controle de Empuxo
Devido à simplicidade do sistema de empuxo (o pistão totalmente retraído ou
estendido) e a ausência de distúrbios internos ou externos, utilizou-se um controle de
malha aberta para controlar a flutuabilidade do glider.
Os chamados sistemas de controle de malha aberta são aqueles em que o sinal de
saída não exerce nenhuma ação de controle no sistema. Isso quer dizer que, em um
sistema de controle de malha aberta, o sinal de saída não é medido nem realimentado para
comparação com a entrada. Assim, a cada entrada de referência corresponde uma
condição fixa de operação (Ogata, 2010 [23]).
3.2.3 – Controle de Pitch e Roll
Os sistemas de controle de pitch e roll são equivalentes por usarem o mesmo tipo
de motor de passos e, portanto, podem ser analisados juntos. Diferentemente do sistema
de empuxo, é necessário um constante controle do sinal de erro atuante, que é a diferença
entre o sinal de entrada (valores contidos na tabela de navegação) e o sinal de alimentação,
de modo a minimizar o erro e acertar a saída do sistema ao valor desejado da tabela de
navegação. Para tal, utilizou-se um sistema de controle de malha fechada ou sistema de
controle com realimentação (Ogata, 2010 [23]).
58
Como o modelo matemático da planta não é conhecido e, portanto, os métodos de
projeto analítico de sistemas de controle não podem ser utilizados, aplicou-se controles
PID para controlar a malha de realimentação.
3.2.3.1 – Controle PI, PD e PID
De acordo com Ogata, 2010 [22], o controlador PI é caracterizado pela função de
transferência:
𝐺𝑐(𝑠) = 𝐾𝑝 (1 +1
𝑇𝑖𝑠)
O controlador PI é um compensador de atraso. Ele possui um zero em s = - 1/Ti e
um polo em s = 0. Logo, a característica do controlador PI é possuir ganho infinito na
frequência nula. Isso melhora as características de regime permanente. Entretanto, a
inclusão da ação de controle PI no sistema aumenta em 1 o número que define o tipo de
sistema compensado. Isso resulta em um sistema compensado menos estável ou, até
mesmo, faz o sistema se tornar instável. Portanto, os valores de Kp e Ti devem ser
escolhidos cuidadosamente para garantir uma resposta temporal apropriada. Projetando
de maneira adequada o controlador PI, é possível fazer a resposta temporal à entrada em
degrau exibir um sobressinal relativamente pequeno ou nenhum. A velocidade de
resposta, contudo, fica muito lenta. Isso ocorre porque o controlador PI, sendo um filtro
passa-baixa, atenua os componentes de alta frequência do sinal.
O controlador PD é uma versão simplificada do compensador de avanço, que
possui a função de transferência Gc(s), em que
𝐺𝑐(𝑠) = 𝐾𝑝(1 + 𝑇𝑑𝑠)
O valor de Kp é normalmente determinado a fim de satisfazer os requisitos de
regime estacionário. A frequência de canto 1/Td é escolhida de modo que o avanço de
fase ocorra na vizinhança do ganho de frequência de cruzamento. Embora a margem de
fase possa ser aumentada, o ganho do compensador continua a aumentar na região de
frequência 1/Td < w. (Então, o controlador PD é um filtro passa-alta.) Esse aumento
contínuo de ganho é indesejável, uma vez que ele amplifica os ruídos de alta frequência
que podem estar presentes no sistema. A compensação em avanço pode proporcionar um
avanço de fase suficiente, enquanto o aumento do ganho na região de alta frequência é
59
muito menor que o do controlador PD. Portanto, prefere-se a compensação em avanço no
lugar do controle PD.
O controlador PD, assim como no caso do compensador de avanço, melhora as
características de resposta temporal e a estabilidade do sistema e aumenta a banda
passante desse sistema, o que implica um tempo de subida rápido.
O controlador PID é uma combinação dos controladores PI e PD. Ele é um
compensador do tipo atraso e avanço. Note que a ação de controle PI e a ação de controle
PD ocorrem em diferentes regiões de frequência. A ação de controle PI ocorre na região
de baixa frequência e a ação de controle PD ocorre na região de alta frequência. O controle
PID pode ser utilizado quando o sistema requer melhorias no desempenho transitório e
no desempenho em regime estacionário. Na figura 3.5 explicita-se os casos onde a
variável de interesse não é controlada, quando é aplicado um controlador tipo P, PI e PID.
Figura 3.5 – Diferenças entre o controlador tipo P, PI e PID. Fonte:https://www.isa.org/standards-and-publications/isa-publications/intech-
magazine/2009/june/automation-basics-pi-and-d-together-separately-control-the-process/
No glider, a velocidade de resposta não é um fator crítico, uma vez que os sistemas
operacionais são lentos e sua atuação ocorre em baixa frequência. Sendo assim, escolheu-
se um controlador PI para a malha de controle de pitch e de roll (Figura 3.6).
60
Kp
Kc/s
G(s)
Proporcional
Integrador
Planta
-
+
Ângulo depitch ou roll
u(t)
e(t)
Figura 3.6 – Malha de controle de pitch e de roll. Fonte: Elaborado pelo autor.
Para resolver a integral definida contida no bloco integrador de forma
computacional, utilizou-se a Regra Trapezoidal (Aktinson, 1989 [24]), dada pela seguinte
equação:
61
Capítulo 4
Montagem e testes
Com o projeto eletrônico e a programação concluídos, resta apenas a elaboração
das peças que irão conectar cada um dos componentes físicos do glider. Na figura 4.1
têm-se o desenho de cada uma dessas peças e da distribuição final de cada sistema.
Figura 4.1 – Desenho final dos sistemas de controle do glider. Fonte: Elaborado pelo autor.
Na figura 4.2 está apresentado o protótipo com as suas peças usinadas e montadas,
com exceção do tubo de lastro do sistema de empuxo que, por limitações de prazo, não
ficou pronto a tempo da conclusão deste trabalho.
Figura 4.2 – Foto do glider montado. Fonte: Elaborado pelo autor.
62
4.1 – Teste do sistema de roll
Neste teste, o sistema de roll utilizou o driver Tb6560 e foi controlado através do
SisCAT para girar no sentido horário (Figura 4.3) e anti-horário (Figura 4.4), ambos
realizados com o mesmo número de passos.
Figura 4.3 – Sistema de roll girado de 10 passos no sentido horário. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 4.4 – Sistema de roll girado de 10 passos no sentido anti-horário. Fonte: Elaborado pelo autor.
63
4.2 – Teste de Pitch
O sistema de pitch foi testado utilizando o seu respectivo driver Tb6560 e
controlado através do SisCAT para posicionar o carrinho no seu limite mínimo (Figura
4.5) e máximo (Figura 4.6) do trilho.
Figura 4.5 – Sistema de pitch na sua excursão mínima. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 4.6 – Sistema de pitch na sua excursão máxima. Fonte: Elaborado pelo autor.
4.3 – Teste de Empuxo
O sistema de empuxo foi testado utilizando o seu driver de dois relés e controlado
através do SisCAT para posicionar o braço do atuador na sua excursão mínima (Figura
4.7) e máxima (4.8).
64
Figura 4.7 – Sistema de empuxo na posição correspondente ao tanque de lastro
cheio. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 4.8 – Sistema de empuxo na posição correspondente ao tanque de lastro
vazio.
Fonte: Elaborado pelo autor.
65
Capítulo 5
Resultados, conclusões e trabalhos
futuros
Este trabalho consolida o projeto e desenvolvimento dos sistemas de controle de
submersão (sistema de empuxo) e dirigibilidade (sistemas de pitch e roll) de um veículo
subaquático autônomo, abrangendo também os sistemas de comunicação e segurança
para que o mesmo seja capaz de realizar missões de maneira confiável.
Nesse sentido, foram realizados testes de bancada que validam as escolhas de cada
componente, bem como o design e usinagem das peças necessárias para fixá-los. Os
sistemas de pitch e roll foram testados sem suas chaves de fim de curso devido a atrasos
na fabricação de suas peças de fixação, dessa forma, variou-se manualmente o número de
passos dos seus respectivos motores para a definição dos limites de cada sistema. Além
disso, o movimento mais suave dos motores também foi testado através da característica
de micropassos do driver Tb6560, necessitando de até 16 pulsos para percorrer os mesmos
1,8º do motor em seu funcionamento padrão. Através dos testes, constatou-se que a
excursão máxima do sistema de pitch é de 800 passos, que corresponde a 20 centímetros.
Já o sistema de roll alcança seu ângulo máximo de operação com um número 28 de
passos, que corresponde a 50º. Ambos os motores apresentaram um movimento suave,
tal qual o esperado, durante os testes com os micropassos.
Embora os objetivos do projeto e construção em laboratório tenham sido
atingidos, a possibilidade de contar com resultados práticos em campo traria um
enriquecimento para as conclusões deste trabalho. Sendo assim, ainda há uma extensa
pesquisa para se medir as capacidades do veículo, através da emersão do mesmo em um
ambiente controlado como o do tanque de ondas do LabOceano da COPPE/UFRJ.
No decorrer do projeto foram enfrentadas diversas dificuldades a serem
superadas, como a burocracia da UFRJ em se contratar um serviço externo, diálogo com
o fornecedor, atrasos na entrega das peças usinadas, elaboração do desenho técnico com
uma equipe externa ao laboratório, dimensionamento dos cabos que interligam cada
componente, falta de espaço interno para aperto de porcas e parafusos, entre outros.
66
O maior problema do glider se resume a sua otimização, uma vez que os cálculos
de dimensionamento do motor tiveram uma margem de segurança muito elevada pelo
fato de não se conhecer previamente o peso das peças de encaixe e fixação dos sistemas,
o que resultou em motores excessivamente grandes, pesados e com maior consumo de
energia. Outro exemplo, foi o desconhecimento do range de ângulos de pitch que
poderiam ser alcançados com o atual tamanho do trilho, uma vez que essa informação
dependia de uma série de fatores, como a posição do centro e gravidade e a hidrodinâmica
do corpo. As mesmas conclusões se aplicariam ao sistema de roll.
Finalmente, o trabalho e a sua documentação serão utilizados no LIOc para o
aperfeiçoamento de futuros modelos de glider, onde questões como autonomia,
otimização de espaço interno, maior profundidade de operação, hidrodinâmica, controle
de direção (azimute) e confiabilidade poderão ser dimensionados com uma maior
precisão levando em consideração os dados gerados por este primeiro modelo.
67
Apêndice A
Máquina de Estados
Neste apêndice está contemplado o desenvolvimento detalhado da máquina de
estados usada pelo SisCAT no glider. Para melhor entendimento do mesmo, é necessário
listar algumas nomenclaturas:
Operação de driver físico (Figura A1)
Quando a operação do SisCAT interage diretamente com um hardware do glider,
como o driver dos motores de passo e sensor de pressão.
Operação de driver físico
Figura A.1 – Bloco de operação do driver físico da máquina de estados. Fonte: Elaborado pelo autor.
Operação com subitens (Figura A2)
Quando a operação é mais complexa do que aparenta e precisa ser dividida em
subitens.
Operação com subitens
Figura A.2 – Bloco de operação com subitens da máquina de estados. Fonte: Elaborado pelo autor.
68
Operação lógica (Figura A3)
Quando a operação é puramente lógica, como tratamento de dados, leitura da
tabela de navegação, a malha de controle
Operação lógica
Figura A.3 – Bloco de operação lógica da máquina de estados. Fonte: Elaborado pelo autor.
Tarefa (Figura A4)
Para se identificar uma tarefa na máquina de estados é necessário alguns campos
de identificação, da figura A4 pode-se destacar:
ID = Número identificador da tarefa no Estado, isto define a sua ordem de
execução.
Off = Número de ticks de offset, ou seja, define em quantos ticks a tarefa se inicia.
X = Número de ticks entre repetições dentro de um ciclo (intervalo)
Y = Número de vezes em que a tarefa é executada dentro de um ciclo, onde 0
significa que será executada até o fim do ciclo
ZZZ = 1º “Z” começa habilitada ou não (s/n)
2º “Z” se a tarefa se auto desabilita ou não (s/n)
3º “Z” a tarefa será obrigatoriamente executada em um tick ou não (s/n)
Nome da Tarefa = Define um nome para ser documentado na Tabela de Tarefas
do sistema
Nome da Tarefa
ID off x y zzz
Figura A.4 – Bloco que representa uma tarefa da máquina de estados. Fonte: Elaborado pelo autor.
69
Estado (Figura A5)
Engloba operações e tarefas no SisCAT, em seu cabeçalho está explicitado os
número de ticks em um ciclo e em quantos ciclos ela será executada (sendo que 0 significa
que não tem limite).
Estado com NNN ticks em
seu ciclo de execução e nnn
ciclos (nnn=0:sem limite)
NNN / nnn
Figura A.5 – Bloco que representa uma tarefa da máquina de estados. Fonte: Elaborado pelo autor.
70
Figura A.6 – Estado de Inicialização Fonte: Elaborado pelo autor.
71
Figura A.7 – Estado de calibração de empuxo. Fonte: Elaborado pelo autor.
72
Figura A.8 – Estado de calibração de pitch. Fonte: Elaborado pelo autor.
73
Figura A.9 – Estado de calibração de roll. Fonte: Elaborado pelo autor.
74
Figura A.10 – Estado de pré-navegação. Fonte: Elaborado pelo autor.
75
Figura A.11 – Estado de navegação (parte 1). Fonte: Elaborado pelo autor.
76
Figura A.12 – Estado de navegação (parte 2). Fonte: Elaborado pelo autor.
77
Figura A.13 – Estado de navegação (parte 3). Fonte: Elaborado pelo autor.
78
Figura A.14 – Estado de superfície. Fonte: Elaborado pelo autor.
79
Figura A.15 – Estado de emergência. Fonte: Elaborado pelo autor.
80
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