Projeto e Implementação de um Mancal Magnético Ativo com...

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PROJETO E IMPLEMENTAC ¸ ˜ AO DE UM MANCAL MAGN ´ ETICO ATIVO COM CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES Renan da Silva de Siqueira Disserta¸c˜ ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´ os-gradua¸c˜ ao em Engenharia Mecˆ anica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´ arios ` a obten¸ c˜aodot´ ıtulo de Mestre em EngenhariaMecˆanica. Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto Rio de Janeiro Agosto de 2013

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PROJETO E IMPLEMENTACAO DE UM MANCAL MAGNETICO ATIVO

COM CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES

Renan da Silva de Siqueira

Dissertacao de Mestrado apresentada ao

Programa de Pos-graduacao em Engenharia

Mecanica, COPPE, da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessarios a obtencao do tıtulo de Mestre em

Engenharia Mecanica.

Orientador: Fernando Augusto de Noronha

Castro Pinto

Rio de Janeiro

Agosto de 2013

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PROJETO E IMPLEMENTACAO DE UM MANCAL MAGNETICO ATIVO

COM CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES

Renan da Silva de Siqueira

DISSERTACAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO

ALBERTO LUIZ COIMBRA DE POS-GRADUACAO E PESQUISA DE

ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A

OBTENCAO DO GRAU DE MESTRE EM CIENCIAS EM ENGENHARIA

MECANICA.

Examinada por:

Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.-Ing.

Prof. Daniel Alves Castello, D.Sc.

Prof. Jose Andres Santisteban Larrea, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2013

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Siqueira, Renan da Silva de

Projeto e Implementacao de um Mancal Magnetico

Ativo com Controle por Modos Deslizantes/Renan da Silva

de Siqueira. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013.

XIII, 99 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro

Pinto

Dissertacao (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Mecanica, 2013.

Referencias Bibliograficas: p. 81 – 83.

1. mancal magnetico. 2. rotor. 3. sliding

mode. I. Pinto, Fernando Augusto de Noronha Castro.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Mecanica. III. Tıtulo.

iii

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Ao meu melhor e grande amigo

Moayad.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos que contribuıram para que a realizacao deste trabalho

se tornasse realidade.

Aos colegas de laboratorio, em especial ao Juan Camillo e Daniela, que tanto

me ajudaram em diversas etapas a superar os desafios encontrados e compartilhar

as dificuldades, e tambem Luiz e Ivan.

A todos os amigos proximos pela motivacao nos momentos de desanimo.

Ao professor Fernando, que orientou com calma e primazia, permitindo liberdade

de criacao e auto-crescimento.

Ao Eng. Anderson, que forneceu ajuda com paciencia e disposicao no desenvol-

vimento do trabalho.

Aos professores do PEM, pelas disciplinas ministradas e todo o alto conhecimento

fornecido, alem dos professores Santisteban e Domingos, da UFF-Niteroi, pela devida

orientacao especializada nas etapas iniciais.

E a Deus e a famılia por me terem dado previamente o basico e essencial para

tal realizacao.

v

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Resumo da Dissertacao apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessarios para a obtencao do grau de Mestre em Ciencias (M.Sc.)

PROJETO E IMPLEMENTACAO DE UM MANCAL MAGNETICO ATIVO

COM CONTROLE POR MODOS DESLIZANTES

Renan da Silva de Siqueira

Agosto/2013

Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Programa: Engenharia Mecanica

Apresenta-se nesta dissertacao um estudo sobre Mancais Magneticos Ativos

(MMA). Mancais Magneticos sao um produto baseado na levitacao magnetica que

vem sendo estudado por mais de quarenta anos. A princıpio, sua funcao e a mesma

que a de mancais mecanicos, mas age de forma livre de contato, usando as forcas

de campo proveniente de eletroımas. As vantagens sobre outros tipos de mancais

sao muitas, como a possibilidade de se atingir altas velocidades de rotacao, con-

trole de vibracoes, alta eficiencia, baixos custos de manutencao, entre tantos outros.

Esta alta performance so foi possıvel gracas aos avancos das teorias de controle e

instrumentacao, que e a base dos Mancais Magneticos Ativos. Desde entao, muitas

leis de controle tem sido implementadas para melhorar a estabilidade da dinamica

do rotor. O objetivo desta dissertacao e primeiramente usar o Controle por Modos

Deslizantes (SMC) juntamente com um modelo computacional de um rotor des-

balanceado suportado por mancais magneticos para prever o comportamento. O

SMC e um controlador robusto capaz de mudar a dinamica do sistema, fazendo com

que as variaveis de estado ”deslizem”sobre uma superfıcie desejada. Serao vistas as

vantagens do uso deste tipo de controle, principalmente por ser capaz de cobrir as

incertezas dos parametros, alem da comparacao de se fazer um controle por corrente

ou por voltagem. Paralelamente as simulacoes, um prototipo foi construıdo com

o objetivo de se aplicar e provar a teoria apresentada, analisando-se experimental-

mente as vantagens e desvantagens que este produto oferece.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

DESIGN AND IMPLEMENTATION OF AN ACTIVE MAGNETIC BEARING

WITH SLIDING MODE CONTROL

Renan da Silva de Siqueira

August/2013

Advisor: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto

Department: Mechanical Engineering

In this work a study about Active Magnetic Bearings (AMB) is presented. Mag-

netic Bearing is a product based on magnetic levitation that has been researched

for more than forty years. At first, their function is the same of mechanical bear-

ings, but it acts with no contact, using field forces provided by electromagnets. Its

advantages over other types of bearings are several, like the possibility of reaching

high rotational speed, vibration control, high efficiency, low costs of maintenance,

among others. This high performance is only possible thanks to the improvement of

control instrumentation and theory, which is the base behind the AMB. Since then,

several control laws are being implemented to improve the stability of the rotor dy-

namics. The objective of this dissertation is firstly the use of Sliding Mode Control

(SMC) technique within a computational model of an unbalanced rotor supported

by two AMBs to forecast its behavior. The SMC is a robust controller that can

change systems dynamics, making the space-state function ”slide” over a straight

line. It will be seen the advantages of this control, mainly because it can ignore

parameter uncertainties, besides the comparison between a control made by current

or voltage. At the same time, a prototype was developed to apply and prove the

presented theory, analyzing experimentally the advantages and disadvantages that

this product offers.

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Sumario

Lista de Figuras x

Lista de Tabelas xiii

1 Introducao 1

2 Levitacao Eletromagnetica 6

2.1 Modelagem da forca de relutancia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2 Implementacao do Controle Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 Dinamica do Rotor 15

3.1 Rotor Rıgido Balanceado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Rotor Rıgido Desbalanceado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.1 Desbalanceamento Estatico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.2 Desbalanceamento Dinamico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.2.3 Rotor Rıgido com Desbalanceamento Geral . . . . . . . . . . . 21

3.3 Dinamica do rotor com mancais mecanicos . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.4 Modelo Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4 Controle por Modos Deslizantes 28

4.1 Conceito Matematico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.2 Estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.3 Sintonizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.4 Modos Deslizantes Modificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.5 Modos Deslizantes com Multiplos Estados . . . . . . . . . . . . . . . 32

5 Modelo Computacional e Simulacoes 34

5.1 Controle por corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.2 Controle por tensao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

6 Projeto do Prototipo de Mancal Magnetico Ativo 52

6.1 Mancais e rotores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

6.2 Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

viii

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6.2.1 Filtragem Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

6.3 Eletronica de Potencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

6.4 Processamento e Implementacao do Controle . . . . . . . . . . . . . . 65

6.5 Montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

7 Resultados Experimentais 68

7.1 Medicao de forca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

7.2 Controle unidirecional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

7.3 Controle bidirecional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

8 Conclusao 78

Referencias Bibliograficas 81

A Algoritmos implementados no Maple 84

B Algoritmos implementados no Matlab e Simulink 87

C Desenhos Mecanicos 90

D Eletronica 92

E Programacao em Arduino 94

1 Sensor de posicao IF6029 96

2 Mosfet IRFZ34N 98

3 Microcontrolador ATmega328 99

ix

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Lista de Figuras

2.1 Esquema apresentando componentes basicos do mancal magnetico

ativo [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2 Modelo esquematico da forca de relutancia. . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.3 Exemplo de um diagrama BH. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.4 Linearizacao da forca em torno de i0 e x0. . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.5 Modo de aplicacao da corrente nos eletroımas superior e inferior. . . . 11

2.6 Sistema com presenca de um feedback, intitulado de malha-fechada. . 12

2.7 Efeito do amortecimento e da frequencia natural no controle de posicao. 14

3.1 Esquema do modelo dinamico de um rotor rıgido e balanceado. . . . . 16

3.2 Representacao do desbalanceamento estatico. . . . . . . . . . . . . . . 20

3.3 Representacao do desbalanceamento dinamico. . . . . . . . . . . . . . 21

3.4 Resultados simulados do rotor desbalanceado com mancais mecanicos. 24

3.5 Diagrama de Campbell para um exemplo de rotor. . . . . . . . . . . . 27

4.1 Ilustracao do espaco de estados de alguns sistemas atingindo o Sliding

Mode [2]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.2 (a) Funcao tangente hiperbolico; (b) Espaco de estado com a aplicacao

do SMC modificado com a funcao de tangente. hiperbolico. . . . . . . 32

4.3 Exemplo do que acontece num espaco de estado em tres dimensoes

com duas superfıcies de deslizamento [2]. . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.1 Esquema utilizado para resolucao da dinamica do rotor utilizando o

toolbox Sophia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

5.2 Resultados do eixo para a simulacao com SMC padrao de corrente. . 38

5.3 Resultados sobre a dinamica do Mancal 1 com SMC padrao. . . . . . 39

5.4 Posicao do centro geometrico para 2s de simulacao com SMC padrao

de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

5.5 Resultados do eixo para a simulacao com SMC modificado de corrente. 40

5.6 Resultados sobre a dinamica do Mancal 1 com SMC modificado de

corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

5.7 Diagrama de blocos do sistema rotor e MMA com controle por tensao. 44

x

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5.8 Resultados do eixo para a simulacao com SMC padrao por tensao. . . 47

5.9 Resultados para o Mancal 1 no controle por SMC padrao por tensao. 48

5.10 Resultados do eixo para a simulacao com SMC modificado, por tensao. 49

5.11 Resultados para o Mancal 1 no controle por SMC modificado, por

tensao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

6.1 Tipos de configuracoes geometricas para MMA [1]. . . . . . . . . . . 53

6.2 Curva de magnetizacao do aco-silıcio GNO da Acesita. . . . . . . . . 53

6.3 Curva da permeabilidade do aco-silıcio GNO da Acesita. . . . . . . . 54

6.4 Montagem das chapas que formarao o estator com as respectivas di-

mensoes mais relevantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

6.5 Esquema de uma das extremidades do eixo com a especificacao dos

materiais dos aneis que compoem o rotor. . . . . . . . . . . . . . . . . 57

6.6 Desenho do sistema mancal/rotor do prototipo em SolidWorks. . . . . 57

6.7 Circuito de amplificacao utilizando um transistor. . . . . . . . . . . . 61

6.8 Circuito de amplificacao utilizando um MOSFET nos limites de sa-

turacao para o chaveamento e um diodo. . . . . . . . . . . . . . . . . 62

6.9 Circuito de amplificacao implementado no mancal, utilizando um

MOSFET para chaveamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

6.10 Simulacao do transiente da corrente para um sinal de entrada PWM

com duty cycle de 50%. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

6.11 (a) Controle feito por chaveamento da Tensao; (b) Controle feito por

modulacao de largura de pulso (PWM). . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

6.12 Placa microcontroladora Arduino UNO. . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

6.13 Fotos do prototipo construıdo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

7.1 Medicao da relacao entre forca e corrente de cada bobina do mancal. 69

7.2 Posicao do rotor com controle no sentido vertical em SMC padrao

durante 0, 5s. Os limites superior e inferior representam os limites

dado pela protecao em acrılico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

7.3 Espaco de estados da posicao do rotor com controle no sentido vertical

em SMC padrao durante 0, 5s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

7.4 Posicao do rotor com controle no sentido vertical em SMC modificado

durante 0, 5s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

7.5 Espectro em frequencia da posicao vertical com SMC modificado. . . 73

7.6 Espectro em frequencia da simulacao com condicoes analogas ao ex-

perimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

7.7 Posicao do rotor com controle bidirecional em SMC modificado du-

rante 0, 5s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

xi

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7.8 Graficos da orbita do rotor em diferentes escalas com imagem ao

fundo mostrando o prototipo construıdo em levitacao estavel. . . . . . 77

B.1 Diagrama de blocos no Simulink. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

xii

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Lista de Tabelas

5.1 Parametros do rotor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

5.2 Parametros do MMA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

6.1 Resumo dos parametros fısicos mais relevantes do projeto. . . . . . . 57

xiii

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Capıtulo 1

Introducao

Mancais sao componentes presentes em todas as maquinas rotativas, tais como bom-

bas, motores e turbinas. Sua funcao e manter a posicao desejada do rotor, seja qual

for o disturbio, permitindo ainda o movimento de rotacao. Estes disturbios podem

ser vibracao, carga aleatoria ou aceleracao da propria maquina. A primeira vista,

tal funcao parece ser simples, mas devido a aspectos fısicos pode-se tornar bastante

complexa, ja que os componentes mecanicos apresentam rigidez finita. Sendo assim,

o desbalanceamento do rotor ou uma excitacao externa gera o problema de vibracao

tao comum em tais maquinas rotativas. Assim sendo, os mancais precisam ser pro-

jetados para suportar estes tipos de carga e manter a direcao de rotacao desejada

dentro das devidas tolerancias. No entanto, mancais mecanicos precisam de cons-

tante manutencao e costumam ter um perıodo de vida limitado, elevando os custos,

alem de um controle nao tao eficiente e eficaz dos efeitos mencionados.

Os mancais magneticos foram idealizados com a ideia de substituir os mancais

mecanicos utilizando o princıpio da levitacao magnetica. Existem basicamente dois

grupos de formas para se fazer um rotor pairar no ar magneticamente: utilizando a

forca de relutancia magnetica ou a forca de Lorentz [3]. A forca de relutancia age

quando temos materiais de diferentes permeabilidades magneticas, como o ferro e

o ar (ou ate mesmo vacuo), e entao uma forca de atracao surge quando estao sob

um campo magnetico. Este conceito pode ser ainda estendido para aplicacoes com

materiais diamagneticos e supercondutores. A forca de Lorentz e usada em aparelhos

eletrodinamicos, em que a forca aparece quando um material condutor se movimenta

num campo magnetico. Este e o conceito base de levitacao do MAGLEV, o trem de

alta velocidade.

Considerando tais alternativas, o metodo mais comumente usado em aplicacoes

industriais e o da levitacao eletromagnetica com materiais de alta permeabilidade,

os ferromagneticos, atraves da forca de relutancia. A ideia central e estabilizar uma

completa levitacao do rotor, fazendo-o girar numa condicao livre de contato. Como

pode ser visto na pratica e matematicamente, o modelo da forca de relutancia e

1

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instavel e de acordo com o teorema de Earnshaw [4], e impossıvel levitar total-

mente um corpo e mante-lo estavel com este tipo de forca. No entanto, nas ultimas

decadas algumas formas foram propostas para contornar este problema, como um

objeto rotativo que usa o efeito giroscopio para se estabilizar [5] ou usando mate-

riais supercondutores [6]. Uma proposta de mancal magnetico utilizando materiais

supercondutores pode ser vista em [7].

Embora um sistema passivo nao permita total levitacao, pode ser visto em [8]

um estudo sobre as geometrias possıveis para o uso de ımas permanentes em mancais

magneticos, onde se mostrou possıvel controlar alguns graus de liberdade do sistema.

De fato, tal conceito foi utilizado recentemente no projeto de um satelite [9], onde

sao usados mancais radias ativos e mancais axiais passivos em conjunto.

Uma outra forma do uso de ımas permanentes em mancais foi investigada em

[10], utilizando um esquema de forca de repulsao, onde o ıma e movimentado para

controlar esta forca. Resultados satisfatorios puderam ser atingidos e com baixo

custo.

Ha tambem o conceito de mancal hıbrido, onde e utilizado controle ativo de

eletroımas alem de ımas permanentes para formar um campo magnetico de base.

Este conceito pode ser feito com o uso de uma configuracao homopolar, como pode

ser visto em [11], onde um modelo nao-linear e testado.

Como pode ser visto, diversas configuracoes ja foram testadas e muitas outras

ainda precisam ser pesquisadas. O modelo proposto nesta dissertacao e a da cons-

trucao de um mancal puramente ativo, com a construcao de um controle de campo

magnetico usando um sensor de posicao e um eletroıma, que juntos constituem o

chamado Mancal Magnetico Ativo (MMA). Tal tecnica de controle ativo deve es-

tar totalmente dominada para uma completa levitacao do rotor, antes que se possa

investigar outras configuracoes.

O MMA envolve areas interdisciplinares da engenharia, como mecanica, eletrica

e de sistemas. A mecanica envolve a modelagem do comportamento dinamico do

rotor, dimensionamentos, fabricacao, predicao das forcas necessarias e ainda um

estudo sobre transferencia de calor. A parte eletrica/eletronica diz respeito aos

sensores de posicao e atuador, formado pela eletronica de potencia e eletroımas.

E enfim, a parte de computacao envolve o tipo de controlador a ser utilizado e

como serao feitos a aquisicao e o processamento dos dados. Tudo isto mostra que

tal dispositivo e um perfeito exemplo de um produto mecatronico, colocando junto

diferentes tipos de ciencia num mesmo produto.

As vantagens do uso do MMA sobre os mancais mecanicos sao muitas. A primeira

e o baixıssimo atrito gerado, causado basicamente pela resistencia do ar ou entao

nenhum em aplicacoes a vacuo. Isto permite velocidades de rotacao extremamente

altas, como 300kHz, onde o fator limitante passa a ser a resistencia do material

2

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do rotor [12]. Alem disto, pode ser citado que o ruıdo gerado pelo movimento do

eixo e quase nulo. Outra vantagem e nao necessitar de lubrificacao, o que alem de

diminuir a frequencia de manutencao tambem permite seu uso em aplicacoes em

que nao se pode haver contaminacao, como alguns tipos de compressores de gas.

O MMA tambem e capaz de operar em situacoes extremas, como temperaturas

muito altas ou muito baixas. Em [13] e mostrado um estudo sobre uso de mancais

magneticos em coracoes artificiais, onde nao pode haver contaminacao, mostrando

a vasta aplicabilidade destes componentes.

O controle ativo tambem leva a varias vantagens, como a possibilidade de um

controle de vibracao ou um conserto durante a operacao da maquina pela regula-

gem dos parametros. Um topico ainda mais interessante e a aplicacao no conceito

de maquina inteligente, em que o mancal e capaz de se auto-diagnosticar sobre suas

condicoes de operacao em tempo real e regular os parametros por si so, otimizando

seu desempenho. Todas estas vantagens favorecem uma maior vida util do equipa-

mento.

Ainda hoje, mesmo apos decadas de pesquisas, o uso dos mancais magneticos

ainda nao esta totalmente difundido e pode ser mais explorado. Seu uso em turbo-

maquinas tem se mostrado uma grande vantagem, como tambem por exemplo, no

campo de controle de vibracoes, altas velocidades e uso de supercondutores. Este

projeto de pesquisa tem como objetivo criar um prototipo de MMA que possa funci-

onar com plena estabilidade e estudar os efeitos de diferentes controladores. Devido

a grande demanda de recursos implıcita ao projeto, resultados preliminares serao

obtidos com o prototipo e assim analisada a viabilidade de sua construcao.

E visto que este sistema apresenta muitas incertezas de parametros e e de in-

teresse observar o desempenho de um controle mais sofisticado e robusto, como o

Sliding Mode Control (Controle dos Modos Deslizantes). E visto em [14] que tal

controle funciona satisfatoriamente em sistemas de levitacao magnetica ativa, redu-

zindo a importancia das incertezas dos parametros fısicos do modelo e fornecendo

uma boa resposta, independentemente dos mesmos, o que caracteriza a robustez

do controle. Para testar tal conceito no sistema multi-variavel rotor/mancais, sera

utilizada uma simulacao computacional com o modelo dinamico e estudado previ-

amente o comportamento destes controladores, antes da implementacao no modelo

real.

Os controladores tradicionais ainda sao os mais amplamente utilizados na atuali-

dade, embora a implementacao de um controle robusto seja mais favoravel em alguns

casos. As vantagens esperadas com esta escolha sao grandes, pois o modelo dinamico

inclui diversas consideracoes e aproximacoes, principalmente em relacao a forca de

relutancia, gerando alta taxa de incerteza. Uma vez que o projeto e simulado, ha

possibilidade do modelo real se comportar de maneira bastante diferente, fazendo

3

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com que um controle capaz de ignorar tais incertezas facilite muito a obtencao de

bons resultados. Ha tambem o interesse de analisar o comportamento do sistema

com um controle por corrente e por voltagem, fatores que implicam diretamente no

custo e na complexidade do projeto eletronico.

Apos o modelo ser corretamente simulado para diferentes situacoes, e dada a

etapa de construcao do prototipo. Os componentes basicos do sistema sao sen-

sores de posicao, um microcontrolador ou computador para aquisicao de dados e

implementacao do sistema de controle, um amplificador de potencia, eletroımas e o

rotor. Depois de terminada a construcao, serao testados os controles simulados para

verificacoes de desempenho.

Sendo assim, apos o correto funcionamento do experimento, o maior numero de

dados possıvel sera retirado para que se chegue as conclusoes finais, comparando

os resultados obtidos com os esperados e comprovando-se algumas das vantagens

mencionadas.

Este texto foi dividido da seguinte maneira:

• Capıtulo 2 - Conceituacao basica sobre levitacao magnetica. Formulacao da

forca magnetica de relutancia e descricao do funcionamento do controle ativo

para garantir a estabilidade.

• Capıtulo 3 - Modelagem matematica da dinamica do rotor. Descricao das

caracterısticas basicas de um rotor rıgido, com presenca de desbalanceamento

estatico e dinamico, e resultados simulados de um modelo que utiliza mancais

mecanicos.

• Capıtulo 4 - Descricao teorica sobre o Sliding Mode Control. Os topicos dis-

cutidos sao: a formulacao da lei, influencia dos parametros, vantagens, sinto-

nizacao e tecnicas para melhoria da resposta.

• Capıtulo 5 - Implementacao computacional de um sistema com MMA. Sao

realizadas diversas simulacoes e testadas diferentes configuracoes do controle

para previsao de comportamento.

• Capıtulo 6 - Detalhamento sobre como se deu o projeto para construcao do

prototipo. E explicada cada etapa de projeto, assim como: a escolha dos

componente, o dimensionamento do sistema mecanico, o projeto eletronico,

entre outros.

• Capıtulo 7 - Resultados atingidos com o experimento em diferentes confi-

guracoes e descricao dos problemas encontrados e dos fatores limitantes para

se atingir a estabilidade de funcionamento.

4

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• Capıtulo 8 - Conclusao dos resultados obtidos, averiguando se as metas pude-

ram ser atingidas, se outras vantagens puderam ser observadas e se o compor-

tamento do sistema foi satisfatorio. Descricao do que pode ser melhorado.

5

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Capıtulo 2

Levitacao Eletromagnetica

A levitacao eletromagnetica e aquela associada as forcas de campo produzidas por

um dipolo magnetico, seja ele um ıma permanente ou um eletroıma. Esta forca

e chamada Forca Magnetomotriz [15]. De acordo com o teorema de Earnshaw [4]

e impossıvel manter uma levitacao de um objeto estatico por meio de uma forca

magnetica, seja qual for o arranjo de forcas construıdo, por ser um sistema instavel.

Este fato pode ser facilmente comprovado experimentalmente, quando pegamos um

ima permanente e o aproximamos de um material condutor. A forca de atracao

aumenta exponencialmente a medida que fazemos a aproximacao, sendo que num

estado de equilıbrio, a menor das pertubacoes e suficiente para desestabilizar o

sistema. Este modelo e chamado passivo, e sua comprovacao matematica sera vista

mais adiante na secao 2.2. No entanto, esta levitacao pode ser obtida de forma

estavel numa situacao nao-estatica, com o auxilio de forcas que atuam na rotacao

do objeto, como o efeito giroscopico. Estas forcas proporcionarao tal estabilidade,

como pode ser visto num produto atualmente comercializado chamado Levitron,

mas no entanto ainda apresenta instabilidade para a aplicacao em mancais por sua

dependencia da velocidade de rotacao. Um modelo teorico do Levitron pode ser

visto em [5] .

A forma mais eficiente de obter a tao desejada estabilidade e viavel por conta da

alta tecnologia de controle existente atualmente e o uso de uma retroalimentacao.

Para tal, se faz necessario o uso de um eletroıma (atuador), um sensor de posicao

e um sistema de controle. Com a variacao da corrente no eletroıma podemos entao

controlar o campo magnetico de forma a atingir a estabilidade desejada. Sendo

assim, este sistema, chamado ativo, funcionara de forma oposta ao passivo, tendendo

a manter uma determinada configuracao. Podemos utilizar a analogia deste modelo

com um sistema mecanico massa-mola que tenha estabilidade garantida.

As preferencias pelo sistema ativo se mostram claras sobre o passivo. Dentre as

vantagens do uso do sistema ativo temos o alto grau de controle sobre a forma que

o processo ocorre, a possibilidade de controlar os seis graus de liberdade com um

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controle multivariavel e a possibilidade de se ter um alto amortecimento, conforme

sera mostrado.

O controle ativo possui tres elementos basicos: o sensor, o controlador e o atua-

dor. A Fig. 2.1 mostra um esquema do modelo. O sensor e responsavel por medir

e transmitir ao processador a posicao do rotor. O processador entao aplica a lei de

controle que emite um sinal, sendo este amplificado e aplicado as bobinas.

Sensor de Posição

Eletroímã

Rotor Lei de Controle

Amplificador

Figura 2.1: Esquema apresentando componentes basicos do mancal magnetico ativo[1].

2.1 Modelagem da forca de relutancia

Para ser possıvel a levitacao do rotor pelos mancais, e preciso uma forca de campo

que possa ser controlada. O princıpio de funcionamento do MMA e o uso de um

eletroıma que pode ter seu campo magnetico controlado pela corrente que passa

pelo indutor. O campo magnetico gerado formara um ciclo fechado, passando pelo

eletroıma, pela folga de ar e pelo objeto alvo, criando uma forca de atracao entre

as partes feitas de material ferromagnetico. Esta e chamada forca de relutancia,

ou de Maxwell, forca que possui caracterısticas nao-lineares e depende de diversos

fatores. Para a construcao do modelo do mancal e essencial relacionar a intensidade

desta forca com a corrente injetada. O esquema da Fig. 2.2 mostra como se dara

tal formulacao.

A corrente que passa pelo indutor cria o que e comumente chamado de campo

magnetico H, dado em [A/m]. Com o aumento de H, o material ferromagnetico

comeca a alinhar seus dipolos magneticos, criando uma densidade de fluxo magnetico

B, dada em [Wb/m2]. Entao o valor de B depende de H e do material por qual ele

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f

x

x B

Figura 2.2: Modelo esquematico da forca de relutancia.

esta passando, que neste caso seriam o ar e o material ferromagnetico. A relacao en-

tre B e H pode ser vista nos chamados diagramas de magnetizacao BH dos materiais

e apresenta um efeito de histerese. Esta histerese se deve aos dipolos magneticos

tenderem a manter o alinhamento mesmo depois da retirada do campo H.

Por simplificacao matematica, e garantido que os valores de B e H fiquem den-

tro de um intervalo e e utilizado um modelo linear para relaciona-los, dado pela

constante magnetica µ0 e pela permeabilidade magnetica relativa ao material µr,

como pode ser visto na Eq. (2.1). Existe um ponto de saturacao, no entanto, para

o aumento do campo B, quando todos os dipolos do material ja estao alinhados, e

tal fato deve ser considerado. A Figura 2.3 mostra um exemplo de diagrama BH,

onde e possıvel ver o efeito da histerese, a saturacao e a regiao linear.

B = µ0µrH (2.1)

saturação

região linear

Figura 2.3: Exemplo de um diagrama BH.

Agora, utiliza-se a Lei de Ampere para o calculo do campo magnetico H em

funcao da corrente i que passa pelas n espiras da bobina, conforme mostrado na Eq.

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(2.2). ∮H · ds = ni (2.2)

A intensidade de campo H induzira linhas de fluxo magnetico por dentro dos

materiais num percurso fechado de comprimento (l + 2x), Como ilustrado na Fig.

2.2. Assim, a integral do lado esquerdo da Lei de Ampere pode ser resolvida divi-

dindo o campo que passa pelo material ferromagnetico e pelo ar. Considerando a

permeabilidade relativa do ar como sendo igual a 1 e a Eq. (2.1), chegamos ao que

pode ser visto na Eq. (2.3). E finalmente a Eq. (2.4) relaciona o campo magnetico

com a corrente, dependendo tambem da folga entre eletroıma e o objeto alvo. Neste

modelo nao e considerada a fuga de linhas de fluxo magnetico, percorrendo todo

este trajeto com secao constante, conforme visto na Fig. 2.2.∮H · ds = lHf + 2xHa = l

B

µ0µr+ 2x

B

µ0

(2.3)

B = µ0ni(

lµr

)+ 2x

(2.4)

Em posse do campo magnetico, para o calculo da forca de relutancia pode-se

utilizar o princıpio dos trabalhos virtuais. Para isto calcula-se a energia W contida

no volume de ar Va por onde o campo passa, formulada por (2.5), tal que Va = 2Ax,

como mostrado na Fig. 2.2.

W =1

2µ0

B2Va =1

2µ0

B22xA (2.5)

Sendo B o campo magnetico que passa no volume de ar, podemos finalmente

calcular a forca f presente num deslocamento virtual.

f =∂W

∂x=B2A

µ0

(2.6)

Finalmente, substituindo (2.4) em (2.6), temos um equacao que relaciona a forca

f com i e x.

f(x, i) =µ0n

2i2A(lµr

+ 2x)2 (2.7)

E importante ressaltar que existe um ponto de saturacao para a forca quando x

e muito pequeno ou i e muito grande de acordo com o ponto de saturacao magnetica

do material ferromagnetico utilizado e este ponto deve ser conhecido para o projeto.

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A Equacao (2.7) considera uma magnetizacao linear, o caminho do campo magnetico

com secao constante (sem escape de campo para fora) e ausencia da histerese. Tais

aproximacoes geram erros e incerteza, mas esta equacao ja permite uma previsao

razoavel da forca de relutancia.

Considerando que o sistema ira operar em torno de um ponto de operacao, onde

a variacao de posicao e pequena, a equacao (2.7) pode ser linearizada em torno

deste ponto. Tomamos i0 e x0 como valores estacionarios de corrente e posicao, dito

ponto de operacao. Assim, pegando somente os dois primeiros termos da serie de

Taylor desta equacao, a linearizacao da mesma e feita. As influencias da corrente e

da posicao na forca passam a ser independentes, conforme mostrado na Fig. (2.4).

x = x0

x0

Figura 2.4: Linearizacao da forca em torno de i0 e x0.

O mancal magnetico apresentara, no entanto, atuadores agindo de cada lado,

exercendo forcas em direcoes opostas. Numa situacao estacionaria em que, por

hora, desprezamos a acao do peso, a chamada corrente de base i0 estara passando

pelos dois eletroımas, ambas forcas de acao irao se anular. Ao sair desta posicao, a

forca de um dos mancais aumentara e a do outro mancal diminuira. Sendo assim,

para um futuro controle, o sinal de corrente ix sempre sera adicionado num dos

mancais e subtraıdo no outro, conforme mostrado na Fig. 2.5. A corrente de base

servira apenas para determinar o ponto da linearizacao, tendo bastante influencia nos

parametros de controle, pois torna o sistema mais ou menos sensıvel. Tal corrente

deve ser escolhida corretamente, visando um bom controle e respeitando os limites

de corrente na bobina. Somente no mancal superior esta corrente sera maior, para

compensar o peso.

Assim, passamos a trabalhar com a Eq. (2.8) em variaveis desvio. Para isto,

iremos passar a chamar a folga entre o eletroıma e o rotor de x′, a folga estacionaria

de x0 e o desvio da posicao estacionaria do rotor de x. O mesmo se aplica a corrente,

sendo i′ a corrente real aplicada, i0 a corrente de base e ix a variacao da corrente.

No entanto, para obtermos a desejada forma linear neste caso, e preciso ignorar a

magnetizacao do material, dada pelo termo ( lµr

) presente na Eq. (2.7), segundo [16].

Assim, de acordo com [1], a forca resultante da Fig. 2.5 e linearizada, obtendo como

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Figura 2.5: Modo de aplicacao da corrente nos eletroımas superior e inferior.

resultado final as seguintes equacoes:

fx = ksx+ kiix (2.8)

ks =µ0n

2Ai20x0

3(2.9)

ki =µ0n

2Ai0x0

2(2.10)

Os valores das constantes ks e ki sao entao dependentes do ponto de operacao

i0 e x0, assim como dos outros fatores. Logo, no projeto dos atuadores, um grande

numero de analises devera ser feito sobre que bobina usar, qual a corrente de base,

qual a folga, quantas voltas e qual material sera utilizado, levando sempre em conta

seu ponto de saturacao.

Conforme foi visto, um enorme numero de hipoteses foi levado em consideracao

para que esta modelagem pudesse ser feita. Tais hipoteses simplificam as operacoes

algebricas envolvidas, mas costumam apresentar erro numa margem de 5% a 15% [1].

Tal fato pode ser um problema no caso do sistema ser muito sensıvel. No entanto,

para efeitos de simulacao e em uma possıvel ausencia de recursos para obtencao

de dados experimentais, tais aproximacoes sao satisfatorias, apesar de contribuırem

para as incertezas.

2.2 Implementacao do Controle Ativo

Com fim de criar o primeiro modelo do sistema ativo, algumas consideracoes deverao

ser feitas. A primeira delas e o desprezo da dinamica do sensor e do amplificador,

assumindo-se que ambos fornecerao respostas instantaneas. A segunda seria a co-

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mentada na secao anterior sobre o modelo linear da relacao constitutiva da forca

magnetica.

O primeiro modelo a ser analisado e o de malha aberta. Para tal, utilizaremos a

2a Lei de Newton:

mx = f (2.11)

Substituindo entao (2.8) na lei, obtem-se a equacao dinamica:

mx = ksx+ kii (2.12)

Na malha aberta i permanece constante, podendo ser considerado aqui como

sendo zero. Tal sistema possui solucao x(t) = eλt e autovalores λ = ±√|ks|/m.

Como pode ser visto em [17], a presenca de um autovalor real positivo indica um

sistema instavel. Eis entao a prova matematica da instabilidade de um sistema

passivo, conforme discutido no inıcio do capıtulo.

Partindo entao para o conceito de malha-fechada, ou seja, um sistema que possa

medir o erro de posicionamento desejado e assim variar a forca de modo a tentar

manter este posicionamento, formando o que e chamado de loop. Aqui passa a ser

importante a presenca dos sensores, que serao os responsaveis por medir o erro e

fornecer o retorno (feedback). A Fig. 2.6 ilustra este modelo.

Controlador

Amplificador

Atuador

Eletroímã

Rotor

Sensor

f

x

i

Figura 2.6: Sistema com presenca de um feedback, intitulado de malha-fechada.

Fica clara a necessidade de um controlador, capaz de transformar o erro de

posicionamento em um sinal que altere a forca aplicada. Neste caso o sinal seria a

corrente eletrica. A forma em que o controlador transformara o erro em corrente e

a chamada Lei de Controle, que possui uma vasta literatura com os mais diversos

tipos de modelo. Um modelo classico e o controlador PID (Proporcional Integral

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Derivativo) [17], dado pela equacao:

i = Px+ I

∫xdt+D

dx

dt(2.13)

Este controle apresenta um termo proporcional P , um termo integral I res-

ponsavel por eliminar o erro permanente na presenca de disturbios de forca e um

termo derivativo D responsavel pelo amortecimento. Para analisar a estabilidade,

vamos considerar inicialmente I sendo zero, o que caracteriza um controle PD (Pro-

porcional Derivativo). Substituindo (2.13) em (2.12) temos:

mx+Hx+ Jx = 0 (2.14)

Sendo H = −ks − kiP e J = −kiD, com P e D a serem determinados. Esta

equacao tem solucao conhecida como sendo tambem x(t) = eλt, mas no entanto

teremos autovalores complexos, sendo eles:

λ = −σ ± ω

σ =J

2m

ω =

√J

m− H2

4m2=√ω2

0 + σ2

Sendo σ o chamado coeficiente de amortecimento, ω0 a frequencia natural do

mesmo sistema com amortecimento nulo e ω a frequencia natural do sistema amor-

tecido. Desta vez observamos a ausencia de valores reais positivos, o que garante

a convergencia da resposta e assim a estabilidade. No entanto, o lado direito de

(2.14) foi considerado zero, indicando ausencia de uma forca de perturbacao. Na

presenca de uma forca de pertubacao estacionaria, a equacao diferencial deixa de

ser homogenea e passa a apresentar uma solucao particular xp que passara a ser

somada na solucao obtida anteriormente. Isto faz com que apos a estabilizacao o

sistema apresente o chamado erro de estado estacionario. A forma utilizada para

eliminar tal erro e com a presenca do termo integral I diferente de zero, presente

no controle PID. No caso do mancal magnetico, a unica forca deste tipo e o proprio

peso do rotor, podendo ser corrigido por uma acrescimo equivalente nos eletroımas

superiores, dispensando o uso de fator integrante.

Com o uso de um controle PD, a resposta do sistema e equivalente a de um

sistema mecanico mola amortecedor, como pode ser visto no exemplo da Fig. 2.7.

Eis que surge a questao: de que forma escolher os valores de H e J para con-

sequentemente escolher P e D? E de conhecimento que o termo proporcional J esta

diretamente relacionado a frequencia de oscilacao da resposta, assim como o valor

de H esta relacionado com o amortecimento. Existem algumas ferramentas praticas

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Figura 2.7: Efeito do amortecimento e da frequencia natural no controle de posicao.

para a sintonizacao deste controle, demonstrados em [17].

Conforme visto, o controle PID apresenta caracterısticas bastante desejaveis,

como o amortecimento e a possibilidade de ser configurado de acordo com o com-

portamento que se deseja. No entanto, existe o problema das incertezas do modelo.

Como foi visto nas secao 2.1, consideracoes tiveram de ser feitas para chegar em uma

forma simplificada do modelo da forca de relutancia. Alem disso, temos o termo

ks de difıcil identificacao e que costuma ter na pratica ate 15% de desvio do valor

calculado. Assim, com tal projeto de controle, o comportamento do sistema real

pode ser bem diferente do simulado. Embora tal controle se mostre eficiente e possa

ser amplamente utilizado, para algumas aplicacoes ele nao sera o suficiente e sua

sintonizacao sera de difıcil ajuste. Desta forma se faz necessario o desenvolvimento

do chamado controle robusto que e capaz de ignorar tais incertezas do modelo e

fornecer uma resposta na situacao real mais proxima do desejado. Neste novo mo-

delo, o controle pode tambem conter informacoes sobre padroes do comportamento

dinamico (Cap. 3) e assim viabilizar um controle ainda mais preciso.

As informacoes contidas neste capıtulo foram capazes de provar que a levitacao

eletromagnetica pelo uso de eletroımas e viavel e estavel com o auxilio de um sensor

de posicao e um sistema de controle. No proximo capıtulo sera estudado como se

comportarao as forcas que um mancal deve exercer sobre um rotor girando, para

ser possıvel aplicar o conceito de levitacao magnetica na criacao de um mancal

magnetico e simular tais resultados, utilizando de um controle mais sofisticado.

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Capıtulo 3

Dinamica do Rotor

As forcas que um rotor girando exerce nos mancais que o suportam sao um tanto

complexas. Quando analisamos um rotor parado, basicamente o que temos e uma

reacao positiva nos mancais, de forma a equilibrar o peso do rotor e o momento que

ele gera. No entanto, tal simples situacao nao ocorre com o rotor girando. Mesmo em

uma situacao utopica, em que o mesmo esta perfeitamente balanceado, a presenca do

efeito giroscopico faz com que esta dinamica seja completamente diferente da de um

rotor parado. Ainda mais complexos sao os casos onde temos desbalanceamento e

forcas externas atuando de maneira aleatoria, como a passagem de fluido que chega

a uma turbina em diferentes pressoes. Tais acontecimentos acarretam diferentes

comportamentos no movimento do rotor.

A funcao dos mancais entao e atuar em oposicao a esses efeitos, de forma a

manter o eixo sempre na mesma direcao. Logo, os mancais devem ser projetados de

forma a resistir a tais movimentos e para isto e necessario um estudo detalhado sobre

a dinamica de um rotor girando. Como sera demonstrado, existem velocidades de

rotacao do rotor que geram ressonancia, levando um rotor de pequenas dimensoes a

gerar reacoes elevadas nos mancais, o que pode se tornar um problema para o pro-

jeto. Anular tais movimentos, ou vibracoes, e impossıvel, pois nao existem mancais

mecanicos e rotores infinitamente rıgidos, nem um controle que elimine isto por com-

pleto num mancal magnetico, mas e possıvel estudar formas de minimiza-los. Neste

ponto fica clara uma grande vantagem dos mancais magneticos sobre os mecanicos,

pois os primeiros permitem ajustes pos-projeto para a melhoria do comportamento.

3.1 Rotor Rıgido Balanceado

Para se iniciar a modelagem, sera considerado um rotor perfeitamente rıgido e ba-

lanceado apoiado por dois mancais, conforme ilustrado na Figura 3.1. O centro de

massa do rotor, que neste ponto tambem e seu centro geometrico, e representado pelo

ponto C, que estara na origem do sistema de coordenadas inercial R numa posicao

15

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inicial. O sistema S tem sua origem no centro de massa e se movimenta junto com

o corpo, ou seja, esta fixo a ele. O movimento longitudinal na direcao de rz nao sera

considerado nos calculos, podendo ser mantido por mancais axiais que podem atuar

de forma independente aos mancais radiais. Serao necessarias entao cinco funcoes

no tempo para fornecer a descricao do movimento do rotor: a translacao do corpo no

plano rxry, dada por xC(t) e yC(t), alem da rotacao do mesmo em relacao ao sistema

inercial. Para descrever a rotacao, utilizamos os angulos de Cardan, que consiste

num giro de θ(t) em torno de rx, gerando um sistema de coordenadas intermediario

A, um outro giro de β(t) em torno de ay, gerando o outro sistema intermediario B,

para finalmente girar em Ω(t) ao redor de bz e chegar no sistema S fixo ao corpo.

R

S C

rx

ry rz

Mancal 2 Mancal 1

f1x

f2x

f1y

f2y -mg

Tq

sz

sy

sx

Figura 3.1: Esquema do modelo dinamico de um rotor rıgido e balanceado.

Determinadas as coordenadas necessarias para a descricao do movimento, e pre-

ciso chegar as equacoes cinematicas. Cada sistema de coordenada pode ser escrito

como uma rotacao simples de outro sistema de coordenadas em torno de um de seus

eixos, representado por uma matriz de transformacao linear. Por exemplo, podemos

encontrar o sistema A da seguinte maneira:

A =

−→ax−→ay−→az

= T(θ(t)) ·R =

1 0 0

0 cos(θ(t)) sin(θ(t))

0 − sin(θ(t)) cos(θ(t))

·−→rx−→ry−→rz

(3.1)

Os sistemas B e S podem ser encontrados de forma similar. Assim, podemos

agora escrever a velocidade angular de um sistema em relacao ao outro tambem de

forma simples, para posteriormente calcularmos a desejada velocidade angular do

16

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corpo em relacao so sistema inercial R~ωS.

R~ωA = θ−→rxA−→ω B = β−→ayB−→ω S = Ω

−→bz

R−→ω S =R −→ω A +A −→ω B +B −→ω S

R−→ω S =

θ + Ω(t) sin(β(t))

β cos(θ(t))− Ω sin(θ(t)) cos(β(t))

β sin(θ(t)) + Ω cos(θ(t)) cos(β(t))

R

(3.2)

A Equacao (3.2) fornece entao o vetor velocidade angular descrito no sistema

R. O movimento translacional e mais facilmente escrito. Como dito anteriormente,

sera usado o centro geometrico para descrever a posicao do eixo, conforme mostra

a Eq. (3.3), e sua respectiva velocidade, conforme a Eq. (3.4), lembrando que nao

sao considerados movimentos de translacao no eixo rz..

−→p C = [xC(t), yC(t), 0]R (3.3)

−→p C = [xC , yC , 0]R (3.4)

Nesta descricao fica implıcito que para xC(t) e yC(t) iguais a zero temos o centro

de massa na origem do sistema inercial R. De posse destas informacoes relativas a

cinematica do rotor, podemos dar prosseguimento a modelagem.

E necessario neste momento definir as propriedades inerciais do sistema. Por se

tratar de um corpo, alem da sua massa m, e preciso calcular seu tensor de inercia.

Para este caso de rotor cilındrico com diametro d constante, comprimento l e sem

desbalanceamento, o tensor de inercia ICM escrito no sistema S em relacao ao seu

centro de massa sera:

ICM =

Ix 0 0

0 Iy 0

0 0 Iz

S

Ix =(

116

)md2 +

(112

)ml2; Iy = Ix; Iz =

(18

)md2

E possıvel, neste momento, utilizando as equacoes de Newton-Euler, mostradas

na Eq. (3.5), chegar as equacoes de movimento. O termo I se refere a matriz

identidade. Sao um total de 6 equacoes escalares relativas a cada grau de liberdade

do sistema, sendo que uma delas se anula pelo desprezo ao movimento axial, restando

5 equacoes.

O segundo termo do lado direito da Eq. (3.5) e responsavel pelo chamado efeito

17

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giroscopio. O resultado deste termo se torna mais relevante quando a velocidade de

rotacao e alta, ou quando a inercia em torno do eixo de giro e grande, e seus efeitos

se tornam visıveis atraves dos fenomenos conhecidos como nutacao e precessao. ~F

~M

=

m · I 0

0 ICM

· ~pC

R~ωS

+

0

R~ωS × ICMR~ωS

(3.5)

E preciso partir agora para o lado esquerdo das equacoes de Newton-Euler, que

diz respeito as forcas e momentos. Enquanto o que foi feito ate agora se trata de uma

abstracao matematica, com o objetivo de descrever a posicao do rotor e formular

as caracterısticas inerciais, a tarefa que se segue e mais subjetiva e composta de

relacoes constitutivas que devem ser definidas com precisao. Para que se possa

encontrar uma solucao para as equacoes, estas forcas e momentos devem ser bem

definidos e apresentara reacoes que dependem diretamente da posicao do rotor.

Num modelo simplificado, considerando ainda o rotor balanceado, temos basi-

camente tres tipos de forcas atuando: o peso proprio P , a reacao dos mancais e o

torque aplicado. Esta reacao nos mancais e onde se concentra o maior interesse,

principalmente por ter-se como objetivo o uso de mancais magneticos realizando

estas forcas. Poderia ser usado neste caso, para um mancal mecanico, um modelo

mola-amortecedor, que tem comportamento equivalente a um controle PD num man-

cal magnetico linearizado, como visto no Cap. 2. Para tal, e necessario conhecer a

posicao e velocidade do rotor nos mancais, o que pode ser facilmente descrito com

as coordenadas xC(t), yC(t), θ(t) e β(t). Tal assunto sobre a modelagem das forcas

nos mancais sera melhor discutido posteriormente, logo teremos as forcas de reacao

neste instante como incognitas. A forca do primeiro mancal−→f1 atua na posicao −~pm

e a do segundo mancal−→f2 na posicao ~pm, sendo estes vetores definidos da seguinte

maneira:

−→f1 = [f1x, f1y, 0]R−→f2 = [f2x, f2y, 0]R−→p m = [0, 0, pm]R

Os momentos aplicados sao referentes a reacao de cada mancal, sendo eles de-

finidos por ~M1 e ~M2, alem do torque Tq aplicado para acionar o rotor, definindo o

momento ~M3:

−→M1 = (−~pm)×

−→f1

−→M2 = ~pm ×

−→f2

−→M3 = [0, 0, Tq]S

18

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Finalmente, definimos os vetores de forca e momento totais ~F e ~M , a serem

substituıdos na Eq. (3.5). Pode-se ver que sem uma relacao constitutiva para

estas forcas, o sistema de equacoes possui 5 equacoes para 9 incognitas, nao sendo

possıvel resolve-las. O controle do mancal magnetico atuara de forma a exercer uma

forca de acordo com a posicao do rotor, gerando a relacao necessaria para solucao do

problema. Tal relacao pode ser programada de infinitas maneiras, obtendo diferentes

resultados, mostrando a flexibilidade dos MMA em relacao aos mecanicos, em que a

resposta e unica sem a possibilidade de alteracao deste com o mesmo sistema fısico.

~F = ~f1 + ~f2 (3.6)

~M = ~M1 + ~M2 + ~M3 (3.7)

Substituindo entao todas os dados encontrados na equacao de Newton-Euler, as

equacoes de movimento sao obtidas conforme mostradas a seguir:

mxC = −mg + f1x + f2x; (3.8a)

myC = f1y + f2y; (3.8b)

(2 β (sin(β(t))α + Ω)(Ix− Iy)(cos(Ω))2 + sin(Ω)β (Ix− Iy) cos(Ω)−

+ (2 α (−Iz + Iy) sin(β) + Ω (Ix− Iy − Iz))β) cos(β)+

+ sin(β)β2 sin(Ω)(Ix− Iy) cos(Ω(t))− Iz (α + sin(β)Ω) =

= (−pm f1y + pm f2y) cos(β) cos(α); (3.8c)

(α (2 Ω + sin(β)α)(Ix− Iy)(cos(Ω))2 + sin(Ω)α (Ix−−Iy) cos(Ω)(α (−Iz+

+ Iy) sin(β) + Ω (−Iy + Iz + Ix))α) cos(β)− β (Ix− Iy)(cos(Ω))2+

+ 2 Ω sin(Ω)β (Ix− Iy) cos(Ω) + Ix β = ((−pm f1y

+ pm f2y) sin(β) + Tq) sin(α)− cos(β)(pm f1x − pm f2x); (3.8d)

sin(Ω)α2 cos(Ω)(Ix− Iy)(cos(β)2 − 2 α β) ((Ix

− Iy)(cos(Ω)2 − 1/2 Iz − 1/2 Ix+ 1/2 Iy) cos(β)− β2 sin(Ω)(Ix−

Iy) cos(Ω) + Iz (sin(β)α + Ω) = cos(β) cos(α)Tq (3.8e)

O sistema de equacoes (3.8) ja esta escrito na forma escalar e apenas precisa das

relacoes constitutivas das reacoes para ser solucionado. Como pode ser observado,

a equacao e bastante extensa e nao-linear, requerendo metodos numericos para a

geracao de resultado.

19

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3.2 Rotor Rıgido Desbalanceado

Obter um rotor perfeitamente balanceado e uma tarefa nada realista no ponto de

vista da fabricacao. Pequenas faltas de uniformidade na massa do rotor tende a

excitar a vibracao e danificar o mancal se este problema nao puder ser contornado.

Existem alguns metodos em que se adiciona pequenas massas ao rotor para equilibrar

o desbalanceamento, mas esta e uma pratica nao muito eficaz e que nem sempre e

possıvel de ser implementada. Ha dois tipos de desbalanceamento: o estatico e o

dinamico. Ambos causam efeitos nao desejaveis no rotor, de diferentes maneiras, e

precisam ser considerados no modelo [18].

3.2.1 Desbalanceamento Estatico

Um desbalanceamento puramente estatico, como o proprio nome diz, pode ser ob-

servado estaticamente, pois ele desloca o centro de massa do rotor. Ele pode ser

representado como uma massa pontual no mesmo plano do centro de massa do rotor

balanceado, como pode ser visto na Fig. 3.2. A presenca desta massa desloca o

centro de massa do rotor, mas o tensor de inercia, apesar de ser alterado, continua

sendo uma matriz diagonal, com os eixos principais de inercia coincidentes ao sis-

tema de coordenada do rotor S. A mudanca de posicao do centro de massa pode

entao ser observada ao posicionarmos o rotor sobre uma superfıcie plana e este rolar

por si so em busca do equilıbrio.

S

fΔm

Ω

Δm xd

Figura 3.2: Representacao do desbalanceamento estatico.

Quando o rotor esta girando, uma forca centrıfuga e exercida sobre o desbalan-

ceamento. Considere a massa pontual de desbalanceamento ∆m a uma distancia xd

do centro geometrico do rotor na direcao ~sx. Podemos descrever esta forca ~f∆m da

seguinte forma:

~f∆m =[xd∆mΩ2, 0, 0

]S

(3.9)

Deve-se observar que o vetor da Eq. (3.9) foi escrito no sistema de coordenadas

S. No sistema inercial tal forca estara girando na mesma frequencia Ω do rotor, com

20

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intensidade proporcional ao quadrado desta frequencia.

3.2.2 Desbalanceamento Dinamico

Num desbalanceamento puramente dinamico, a posicao do centro de massa nao

e alterada, fazendo com que seus efeitos so possam ser observados com o rotor

em movimento. Ele pode ser demonstrado pela presenca de duas massas pontuais

iguais, em planos equidistantes do centro geometrico do rotor, mas em lados opostos,

como pode ser visualizado na Fig. 3.3. O principal efeito matematico causado pela

presenca deste tipo de desbalanceamento e a obtencao de uma matriz para o tensor

de inercia que nao e mais diagonal. Irao aparecer termos nao nulos fora da diagonal

principal do tensor, elemento que caracteriza o desbalanceamento dinamico.

S

fΔm/2

Ω

Δm/2

zd

Δm/2

zd -fΔm/2

xd

xd

Figura 3.3: Representacao do desbalanceamento dinamico.

Quando o rotor esta girando, a forca centrıfuga novamente atua sobre cada massa,

mas em sentidos opostos. Isto faz com que a resultante destas forcas seja nula, mas

o momento gerado por elas nao. Considerando cada uma das massas sendo ∆m/2,

nas posicoes [xd, 0, zd]S e [−xd, 0,−zd]S, as forcas centrıfugas de cada uma pode ser

calculada conforme a Eq. (3.9), logo o torque ~T∆m gerado pelo binario das forcas

sera:

~T∆m =[0, xdzd∆mΩ2, 0

]S

(3.10)

Conforme pode ser visto, este tipo de desbalanceamento tende a girar o rotor

num sentido indesejado. Para altas velocidades, onde este torque passa a ser grande,

assim como o efeito giroscopio, fica visıvel a tendencia do rotor a realizar o movi-

mento chamado de precessao. A direcao do torque tambem ira girar com a mesma

frequencia que o rotor.

3.2.3 Rotor Rıgido com Desbalanceamento Geral

Um desbalanceamento geral seria a presenca do estatico e dinamico ao mesmo tempo.

Isto implica num deslocamento do centro de massa e num tensor de inercia com

21

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termos nao nulos fora da diagonal principal. Pode-se obter ambas caracterısticas de

forma bem simples, adicionando-se uma unica massa pontual que esteja fora do eixo

principal do rotor e fora do plano da secao central do rotor, ou seja, sua posicao deve

ser do tipo [xd, yd, zd]S, sem nenhuma coordenada nula. A posicao do novo centro

de massa, dita excentricidade ~e, pode ser encontrada conforme segue:

~e =

ex

ey

ez

S

=

(∆m

m

) xd

yd

zd

S

(3.11)

O passo seguinte e encontrar o novo tensor de inercia. Para tal, deve-se somar o

momento de inercia do rotor balanceado com o da massa de desbalanceamento. No

entanto, ambos os tensores sao calculados em relacao ao centro geometrico, entao,

apos a soma, deve-se utilizar o Teorema de Steiner para transferir o tensor para o

novo centro de massa calculado. A Equacao (3.12) mostra um resultado aproximado

desta manipulacao algebrica, em que os termos da diagonal principal permanecem

os mesmos do rotor balanceado, considerando a massa de desbalanceamento sendo

muito menor que a massa total (∆m m) [1].

IC =

Ix −Ixy −Ixz−Ixy Iy −Iyz−Ixz −Iyz Iz

S

(3.12)

Ixy ≈ ∆mxdyd; Ixz ≈ ∆mxdzd; Iyz ≈ ∆mydzd

Por simples inspecao das forcas de desbalanceamento mostradas anteriormente

nas Eqs. (3.9) e (3.10), vemos que la aparecem termos equivalentes aos termos

da nova posicao do centro de massa e tensor de inercia. Por conveniencia, iremos

reescreve-las fazendo as devidas substituicoes e considerando que a massa ∆m esta

numa posicao generica [xd, yd, zd]S. Obtemos:

~fdm =[mexΩ

2,meyΩ2, 0]TS

(3.13)

~Tdm =[IyzΩ

2, IxzΩ2, 0]TS

(3.14)

Finalmente, podemos utilizar os ultimos dados apresentados para atualizar

a equacao de movimento, adicionando o efeito do desbalanceamento. Para tal,

poderia-se refazer todos os passos realizados anteriormente na secao 3.1, levando

em conta o novo centro de massa e tensor de inercia. Contudo, com as forcas ja cal-

culadas geradas pelo desbalanceamento, e possıvel formula-las de forma a adicionar

seu termo diretamente no modelo de rotor balanceado, gerando a equacao final de

movimento. Tal equacao se torna ainda mais extensa e nao sera aqui mostrada.

22

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3.3 Dinamica do rotor com mancais mecanicos

A partir do modelo construıdo podemos fazer uma simulacao de como seria o com-

portamento de um mancal mecanico. O sistema e entao composto por um rotor

desbalanceado, suportado por dois mancais mecanicos, podendo ser este um rola-

mento de esferas por exemplo.

Como dito anteriormente, o movimento axial do rotor nao e analisado e a re-

sistencia a rotacao do mesmo exercida pelos mancais mecanicos sera desprezada.

Esta premissa de desprezo da resistencia a rotacao nao e verdadeira em um mancal

mecanico, mas o objetivo aqui nao sera uma analise da relacao torque/velocidade

de rotacao, e sim os efeitos que tal rotacao podem acarretar.

O mancal sera aqui descrito como um material elastico com amortecimento vis-

coso. Apesar de formulacao bastante simples, esta relacao constitutiva ja descreve

bem o comportamento de materiais elasticos e ainda inclui uma complexidade para

se determinar o coeficiente de amortecimento. A Equacao (3.15) constitui tal relacao

entre a reacao do mancal Rm e a posicao do rotor xr.

Rm = kxr + cxr (3.15)

Em que k e a rigidez e c e o coeficiente de amortecimento viscoso do material.

Tal relacao pode ser entao finalmente substituıda nas equacoes (3.8) e uma solucao

pode ser obtida. No entanto, para uma simulacao numerica, foram atribuıdos valores

fısicos as grandezas. No Cap. 5 estes valores serao descritos, neste momento eles

serao omitidos por se tratar apenas de uma exemplificacao.

A Figura 3.4 mostra os resultados para vibracao translacional, rotacao e forca de

reacao deste exemplo. Fica claro a presenca de uma ressonancia quando a velocidade

chega perto dos 8000rpm, onde a amplitude de vibracao e muito maior. E possıvel

ver o porque desta ressonancia ser um grande problema, ja que exige altıssimas

reacoes dos mancais.

Em um modelo com sistema de levitacao ativo utilizando controle PD mostrado

no Cap. 2, o tipo de resultado seria o mesmo, pois e possıvel observar com clareza

a semelhanca do mesmo com a relacao constitutiva utilizada nesta secao para o

mancal mecanico, quando o controle esta estabilizado. Uma grande vantagem do

uso de MMA e a possibilidade de aproximar o comportamento deste com a de um

mancal mecanico atraves do controle, mas com a possibilidade mudar os parametros

computacionalmente (ou ate mesmo modelo em si), sem intervir nos componentes

fısicos, e assim alterar a resposta conforme o desejado.

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xC yC

(a) Posicao do centro geometrico C.

(b) Velocidade de rotacao do rotor.

(c) Forca de reacao absoluta em cada mancal.

Figura 3.4: Resultados simulados do rotor desbalanceado com mancais mecanicos.

3.4 Modelo Linear

E conveniente elaborar tambem um modelo linearizado, ja que e desejado que a

posicao do rotor nao se altere muito em torno de um determinado ponto. Este

modelo permite uma simplificacao nos calculos, simplificacao que sera importante

mais adiante, alem de uma boa visualizacao por diagrama de blocos.

Sendo assim, a forma com que sera feita esta linearizacao se inicia considerando

os angulos de rotacao transversal do rotor θ(t) e β(t) pequenos e que seus cossenos

sao iguais a 1 e seus senos sao iguais aos proprios angulos. Alem disso, admite-se que

a rotacao do rotor e constante, sendo sua aceleracao assim como o torque aplicado

zero. No modelo linear, o efeito do peso do rotor tambem e desconsiderado. Com

estas consideracoes, o valor do vetor de velocidade angular R−→ω S visto na Eq. (3.2)

sofre consideravel simplificacao. Desta forma, e possıvel estipular o vetor ~q com

as coordenadas generalizadas do modelo e escrever a equacao linearizada na forma

matricial, conforme mostrada na Eq. (3.17) [18].

~q = [β(t) xC(t) θ(t) yC(t)] (3.16)

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M~q + G~q = D~f (3.17)

Onde M e chamada matriz de inercia, G e intitulada matriz giroscopica, D e a

matriz para calculo das forcas e momentos resultantes no rotor e ~f e o vetor com

as forcas exercidas por cada mancal. A matriz de inercia possui as caracterısticas

inerciais do rotor e e diagonal, sendo a giroscopica anti-simetrica e dependente da

velocidade do rotor, conforme mostrado a seguir:

M =

Iy 0 0 0

0 m 0 0

0 0 Ix 0

0 0 0 m

G =

0 0 IzΩ 0

0 0 0 0

−IzΩ 0 0 0

0 0 0 0

D =

pm −pm 0 0

1 1 0 0

0 0 pm −pm0 0 1 1

~f =

f1x

f2x

f1y

f2y

Lembrando que pm se refere a distancia dos mancais ao centro do rotor. Resta

agora o termo referente ao desbalanceamento do eixo. De forma simples, podemos

implementar o desbalanceamento como um novo vetor de forca no lado direito da

Eq. (3.17), ja que o desbalanceamento nao e nada mais que uma forca periodica.

As Equacoes (3.13) e (3.14) ja possuem os termos de forca e torque referente a cada

coordenada para a construcao deste novo termo, mas no sistema de coordenadas

S. Devemos entao passar tais valores para o sistema inercial e definir o vetor de

acordo com a parcela de forca atuante em cada coordenada generalizada. O seguinte

sistema e definido [1]:

U =

−Iyz Izx

−mey mex

−Izx −Iyzmex mey

Ω2 ~w =

[sin(Ωt)

cos(Ωt)

]

M~q + G~q = D~f + U~w (3.18)

Escrita desta maneira, e possıvel ver como as forcas de desbalanceamento atuam

harmonicamente no rotor e na mesma frequencia que a velocidade de rotacao do

mesmo. Fica tambem claro como a parcela do efeito giroscopio aumenta com a

velocidade de rotacao ou a inercia na direcao z.

Este novo modelo ainda nao possui as relacoes constitutivas sobre a forca dos

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mancais. Em relacao as forcas magneticas do MMA, estas relacoes serao construıdas

no Cap. 5, mas por enquanto podemos implementar o modelo de mancais mecanicos

elasticos, sem amortecimento, e tirar algumas conclusoes. O vetor das forcas nos

mancais ~f pode ser entao construıdo da seguinte maneira:

~f = −kDT~q

D~f = −kDDT~q = −K~q

Onde k e a constante elastica dos mancais. Podemos ver que nesta concepcao e

possıvel construir a matriz simetrica K, que inclui termos relacionado a posicao e a

rigidez dos mancais, chamada matriz rigidez. Substituindo em (3.18), a equacao do

movimento finalmente tera a seguinte forma:

M~q + G~q + K~q = U~w (3.19)

Tal forma e bastante conhecida e tem a forma semelhante a de um sistema

massa-mola-amortecedor com excitacao harmonica. No entanto, apesar de cada

coordenada poder ser tratada como independente devido a linearizacao, o termo

relacionado com o efeito giroscopio nao e analogo a um amortecimento, devido a

natureza anti-simetrica da matriz G.

A matriz A e chamada de matriz de espaco de estado e esta representada na

Eq. (3.20). Os estados deste sistema sao a posicao e velocidade das coordenadas

generalizadas, ~q e ~q, respectivamente. Este passo e importante para determinacao

das frequencias naturais, que sao encontradas pelo calculo dos autovalores de A.

A =

[0 I

−M−1K −M−1G

](3.20)

Para um rotor livre, ou seja, k = 0, temos tres dos autovalores nulos, e o quarto

como sendo:

ωN = ΩIzIx

(3.21)

Tal frequencia natural esta relacionada ao modo de vibracao intitulado nutacao,

em que o rotor gira nesta frequencia em torno de um eixo fora do eixo axial do

mesmo. A analise de (3.21) mostra que se Iz = Ix, o rotor entra em ressonancia

permanente, pois a frequencia natural sera sempre igual a velocidade de rotacao.

No caso de um disco, em que Iz > Ix, a frequencia natural estara sempre maior

que a rotacao, nunca acontecendo a nutacao. Mas para o caso de estudo de um

rotor com Iz < Ix, a ressonancia pode nao acontecer para este modo, mas a nutacao

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estara sempre presente numa frequencia menor que a de rotacao (este fato pode ser

observado facilmente em um piao girando).

Agora se voltarmos a considerar a presenca dos mancais e fazendo a rotacao Ω =

0, vermos as frequencias naturais relativas a elasticidade dos mancais isoladamente.

Serao quatro modos de vibracao, dois relativos a rotacao em β e θ, e outros dois a

translacao em x e y, nas frequencias ωR e ωT , respectivamente.

ωR =

√2kpm2

IxωT =

√2k

m(3.22)

Em um caso geral, todas as frequencias naturais terao alguma dependencia com

a velocidade de rotacao. O grafico mostrado na Fig. 3.5, intitulado diagrama de

Campbell [19], mostra um exemplo da relacao das frequencias naturais com o au-

mento da velocidade de rotacao.

ω1

ω2 ω3

ω4 Ω

Ω

ω

Figura 3.5: Diagrama de Campbell para um exemplo de rotor.

Os pontos de intercessao das curvas de frequencia com a reta tracejada indica os

pontos onde havera ressonancia. Estes pontos sao chamados de velocidade crıtica

do rotor, pois a amplitude de oscilacao tende ao infinito (teoricamente). O conheci-

mento de tais frequencias e de suma importancia para o projeto, pois sera requerido

um grande esforco dos mancais para manter o rotor na posicao nestas velocida-

des. No caso dos mancais magneticos, altas velocidades sao uma das vantagens do

mesmo e estas velocidades crıticas podem desestabilizar o controle, tornado-se um

fator limitante. Assim, e importante que o projeto do rotor envolva tal analise para,

se possıvel, manter as velocidades crıticas do mesmo acima da velocidade desejada

de operacao. O metodo de controle utilizado se mostra uma excelente ferramenta

efetuar esta tarefa,

No Cap. 5, ambos os modelos mostrados aqui, o nao-linear e o linear, serao

implementados considerando o modelo de forca magnetica introduzido no Cap. 2,

juntamente com um sistema de controle, e entao novas analises serao realizadas.

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Capıtulo 4

Controle por Modos Deslizantes

Como visto nos capıtulos anteriores, o uso de um mancal magnetico permite a

livre escolha de como sera a relacao constitutiva entre a reacao e a posicao do

rotor, tornando-se possıvel obter resultados tanto similares a dos mancais mecanicos

como completamente distintos. O que pode ser realizado entao e uma alteracao da

dinamica do sistema, onde o usuario escolhe a que achar mais conveniente e for de

maior serventia para sua aplicacao. No entanto, nesta livre escolha, deve-se estar

atento a estabilidade do sistema, que pode e deve ser comprovada matematicamente,

para determinar se a relacao construıda e capaz ou nao de desempenhar o seu papel

principal, que e manter a posicao do rotor.

Neste capıtulo sera mostrado o conceito matematico do Sliding Mode Control

(SMC), ou Controle dos Modos Deslizantes. Sera mostrado que as grandes vantagens

deste tipo de controle e a reducao de ordem, processo desacoplado, rejeicao de

disturbios externos, insensibilidade a variacao de parametros e a simplicidade de

implementacao. Um metodo para correcao do problema de trepidacao (chattering)

que surge neste tipo de controle em uma modelagem discreta tambem e fornecido.

O SMC ja e uma ferramenta reconhecida como sendo uma das mais eficientes

para a construcao de um controle robusto em sistemas dinamicos nao-lineares que

operem em condicoes de incerteza. Como sera visto, o SMC opera em funcoes de

estado descontınuos, o que simplifica tambem a implementacao fısica dos atuadores.

Dado este grande numero de vantagens, o uso do SMC tem aumentado, sendo

usado cada vez mais para um grande numero de aplicacoes industriais e academicas.

[2]

4.1 Conceito Matematico

O SMC e uma versao sofisticada do chamado controle liga/desliga. O controle

liga/desliga e baseado somente no fator de ordem zero, assumindo um determinado

valor para um erro positivo e um outro valor para um erro negativo. Ja o SMC

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funciona de maneira similar, tambem em sistema liga e desliga, mas seu sinal de

controle depende tambem da derivada do erro, agindo desta maneira no espaco de

estados.

Tomemos como exemplo o sistema linear de segunda ordem da Eq. (4.1), jun-

tamente com sua representacao matricial em espaco de estado, mostrada na Eq.

(4.2). Temos x como sendo a variavel controlada, u como sendo o sinal de controle

e d como sendo um disturbio. O vetor ~x contem as variaveis de estado x1 e x2,

que podem ser entendidas num sistema mecanico como sendo velocidade e posicao,

respectivamente.

x = a1x+ a2x+ bu+ d (4.1)

~x =

(a1 a2

1 0

)~x+

(b

0

)u+

(1

0

)d (4.2)

~x =

(x1

x2

)

Considerando o ponto estacionario como sendo o ponto em que o vetor ~x e zero,

e criada a lei de controle para u utilizando o Sliding Mode. A Equacao (4.3) mostra

tal lei de controle [20].

u = K · sign(σ(x)) (4.3)

Num controle liga/desliga, a funcao de sinal dependeria somente da posicao x2,

sendo K o modulo da acao de controle. No entanto, o SMC utiliza a funcao σ(x),

intitulada superfıcie de deslizamento, como mostra a Eq. (4.4). Vista no espaco

de estados, esta funcao sera uma reta que corta a origem, onde valores de estado

acima ou abaixo dela ditam o valor da funcao de sinal em u. O termo ”superfıcie de

deslizamento”e utilizado ao inves de ”reta”por ser estendido a utilizacoes com mais

de duas dimensoes no espaco de estados.

σ(x) = x1 + λx2 =

(1

λ

)T

~x (4.4)

O valor de λ dita a inclinacao da reta, em que seu aumento deixa a reta mais

vertical. Isto significa que quanto maior o valor de λ, mais o sistema se aproxima de

um controle liga/desliga convencional. Neste ponto surge o questionamento sobre

quais sao as vantagens da utilizacao de tal modelo. O que esta lei faz e modificar

a dinamica do sistema, pois quando este atinge a superfıcie de deslizamento, a

dinamica do sistema muda e passa a ser governada por σ = 0. Cada vez que o

estado cruza esta superfıcie, o sinal de controle muda. Sendo assim, se o sistema

tiver potencia suficiente, o espaco de estados ficara cruzando a reta a cada instante

29

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e ”deslizara”sobre a reta σ = 0, dito Sliding Mode, como mostra a Fig. 4.1. A prova

desta convergencia do comportamento esta provada na proxima secao.

Figura 4.1: Ilustracao do espaco de estados de alguns sistemas atingindo o SlidingMode [2].

Em um caso em que o sistema nao tenha potencia suficiente, quando o sistema

cruzar a reta, nao sera capaz de cruzar novamente no proximo instante e assim nao

entrara em Sliding Mode. Assim, a dinamica do sistema nao e alterada, o que nao

e o proposito deste controle. A potencia do sistema esta associada ao valor de K,

que e o modulo do sinal de controle.

No entanto, com um valor de λ mais baixo, e necessario menos potencia de

controle para entrar no Sliding Mode, ja que o peso da posicao diminui. A atuacao

de λ entao passa a funcionar como um amortecimento, como sera demonstrado na

proxima secao.

4.2 Estabilidade

Para ser analisada a estabilidade do modelo apresentado, basta uma resolucao da

Eq. 4.4 para σ(x) = 0. Tendo o sistema potencia suficiente, tal afirmacao e verdade,

ja que a dinamica e forcada a seguir esta reta.

x1 + λx2 = x+ λx = 0

x = e−λt (4.5)

Portanto, pode-se concluir que o sistema estara estavel para todo λ > 0, mas a

possibilidade de entrar em Sliding Mode nao e garantida com tal afirmacao, devendo

o controle ser sintonizado corretamente.

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4.3 Sintonizacao

A sintonizacao do SMC pode ser feita de maneira bastante simples e intuitiva.

Basicamente existem somente dois parametros, o K e o λ. O valor de K, como

dito anteriormente, e relacionado a potencia do sistema. Olhando para a equacao

de controle do SMC, apresentada na Eq. 4.3, e possıvel ver que o sinal de controle

podera assumir somente dois valores: K e −K. A este sinal pode ser adicionado

um valor estacionario, se necessario. O sinal de K diz respeito a relacao entre

o a direcao do erro e do controle, podendo tambem desestabilizar o sistema se

especificado erroneamente. Seu valor absoluto sera de acordo entao com a maxima

potencia que o atuador pode fornecer, ficando este valor a criterio de projeto.

Com a potencia definida, o valor de λ pode ser definido a partir daı. Quanto

maior o valor de λ mais proximo ele esta do ideal, pois maior vai ser a acao do

controle para pequenos desvios da variavel controlada. Valores baixos, no entanto,

amortece o sistema, requerendo menos potencia. Pode ser entao escolhido um valor

bem alto como ponto de partida, aproximando o controlador a um liga/desliga, e ir

diminuindo ate o sistema apresentar estabilidade e o Sliding Mode ser verificado.

4.4 Modos Deslizantes Modificado

Uma caracterıstica comum em sistemas de controle liga/desliga e a presenca de

vibracao da resposta devido ao chaveamento. Como pode ser facilmente visto na

Fig. 4.1, apos iniciar o deslizamento, o sistema fica em um liga e desliga constante,

demonstrado pelo caminho em ”zigue-zague”que se encontra no grafico. Sendo as-

sim, mesmo apos atingir a posicao desejada, o sistema de controle mantera este

chaveamento, tirando por si so o sistema da estabilidade, nao atingindo nunca uma

situacao de erro zero. Alem disto, tal chaveamento apresentara uma frequencia, o

que pode gerar problemas de ressonancia com outras frequencias do sistema fısico

ou eletronico.

Devido a este problema, algumas tecnicas sao utilizadas para diminuir estes

efeitos, como a ponderacao do sinal de controle pelo modulo da posicao, ou pela

utilizacao de uma zona morta para valores proximos a zero da funcao de sinal. A

tecnica a ser utilizada aqui, no entanto, tem o intuito de enfraquecer a potencia

do atuador quando o espaco de estado ja se encontra muito proximo a superfıcie de

deslizamento. Isso e realizado com uma atenuacao da funcao de sinal, substituindo-a

na lei de controle por uma funcao tangente hiperbolica, como visto na Eq. (4.6) [2].

u = K · tanh(ζσ(x)) (4.6)

A funcao tangente hiperbolica funciona como a de sinal para valores de σ(x)

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distantes de zero, mas a medida que estes valores ficam proximos de zero, seu valor

tambem cai, diminuindo a acao do controle. Assim, o problema do chaveamento e

evitado, pois a atuacao do controle tende a zero e um ponto final de estabilidade

pode ser atingido. O comportamento de ”zigue-zague”mencionado anteriormente

tambem acaba, ja que proximo a superfıcie de deslizamento o controle e suavizado.

No entanto este controle introduz um novo parametro de controle, o ζ, que e res-

ponsavel por quantificar esta suavizacao. A medida que ζ se aproxima do infinito, a

funcao tanh tende a se aproximar da funcao de sinal, e valores baixos aumentam a

suavizacao. Sendo assim, com este novo parametro setado corretamente, o sinal de

controle perdera potencia quando o espaco de estado se aproximar de σ(x) e con-

vergira de modo suave, sem os efeitos do chaveamento. A visualizacao deste efeito

pode ser vista na Fig. 4.2.

(a) (b)

Figura 4.2: (a) Funcao tangente hiperbolico; (b) Espaco de estado com a aplicacaodo SMC modificado com a funcao de tangente. hiperbolico.

E claro que esta implementacao nao apresenta mais uma das vantagens do SMC

padrao, que e simplicidade do circuito de amplificacao, ja que e necessario neste

novo modelo a obtencao de uma saıda contınua dentro de um intervalo, e nao mais

binaria. Sendo assim, apos a utilizacao do SMC padrao, a migracao para este sistema

pode nao ser tao simples, mas dependendo dos efeitos gerados pelo chaveamento,

esta medida precisa ser tomada.

4.5 Modos Deslizantes com Multiplos Estados

Nas secoes anteriores foram apresentados espacos de estados com somente duas

dimensoes. No entanto, e possıvel sistemas com tres ou mais variaveis de estado, o

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que aumenta a complexidade do sistema, mas mantem o conceito.

Vamos tratar de um exemplo com tres dimensoes, por ainda permitir a visu-

alizacao. Uma unica equacao com tres variaveis forma um plano do espaco 3D.

Da mesma maneira que o caso 2D, cada lado deste plano estaria relacionado com

o liga/desliga do controle por modos deslizantes, mas a dinamica do sistema ainda

estaria muito livre para deslizar sobre a superfıcie do plano, prejudicando a robustez

do controle.

O que e entao realizado e a adicao de uma segunda equacao diferente da primeira,

formando um segundo plano. A intercessao destes planos formaria uma reta. O

espaco estaria entao dividido em quatro quadrantes, o que pode ser relacionado as

quatro combinacoes possıveis de dois interruptores: ligado/ligado, ligado/desligado,

desligado/ligado e desligado/desligado. O estado do sistema ficaria entao passando

por cada uma dessas configuracoes, circundando a reta de intercessao dos planos, de

forma semelhante ao que acontece no problema 2D. A Figura 4.3 ilustra como isto

ocorre.

Figura 4.3: Exemplo do que acontece num espaco de estado em tres dimensoes comduas superfıcies de deslizamento [2].

Desta forma, com o mesmo princıpio, o SMC pode ser aplicado tambem a siste-

mas com multiplas variaveis de estado.

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Capıtulo 5

Modelo Computacional e

Simulacoes

Antes da construcao do prototipo, e essencial que se tenha simulacoes sobre o sistema

dinamico para prever o comportamento do sistema e fazer as devidas adequacoes.

De posse das informacoes fornecidas nos capıtulos anteriores, e possıvel implementar

a dinamica do rotor vista no Cap. 3, substituindo as forcas de reacao dos mancais

pelas forcas magneticas mostradas no Cap. 2 e inserir como lei de controle para

a corrente os Modos Deslizantes (SMC) visto no Cap. 4. Neste capıtulo veremos

entao a juncao da teoria apresentada para simulacao de um mancal magnetico.

O sistema a ser simulado sera a de um rotor simples, rıgido e com desba-

lanceamento geral, movimento axial desprezado e sustentado por dois mancais

magneticos equidistantes do centro, mantendo o rotor totalmente levitado. Os man-

cais magneticos podem atuar nas duas direcoes em ambos os sentidos, vertical e hori-

zontal, e sao simulados com seus estatores feitos em aco-silıcio de grao-nao-orientado,

material ja conhecido por suas excelentes propriedades magneticas. A dinamica do

sistema de sensoriamento e de amplificacao sera inicialmente desprezada, visto que

a parte eletrica e considerada muito mais rapida que a mecanica. No entanto, sera

mostrado que para tal informacao ser verdadeira, um sistema eletronico robusto

deve ser construıdo. Desta forma, foram simuladas duas estrategias de controle: por

corrente e por voltagem.

5.1 Controle por corrente

Conforme mencionado, nesta secao sera considerado o controle por corrente, que e a

variavel efetiva de correlacao com a forca magnetica, conforme mostra a Eq. (2.8).

Desta forma, o sistema de amplificacao deve garantir que a corrente que passa pelas

bobinas siga diretamente o sinal de controle.

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Na implementacao computacional do modelo, tais equacoes puderam ser obtidas

utilizando o toolbox Sophia [21] no software Maple [22]. Este toolbox cria de forma

simples as relacoes entre os sistemas de coordenadas, a cinematica de movimento

ate chegar nas equacoes dinamicas utilizando o metodo da projecao ortogonal de

Kane [23]. Esta ferramenta permite entao trabalhar com modelos extensos e nao-

lineares, sem a necessidade de eventuais simplificacoes, ja que a visualizacao das

equacoes em si nao e importante, mas a forma que se descreve, eliminando tambem

possıveis erros de manipulacao gerados pelo tamanho dessas equacoes. No Apendice

A estao demonstrados os algoritmos de simulacao construıdos para um rotor com

desbalanceamento geral, seguindo a representacao mostrada na Fig. 5.1.

S

CM p

R1

Mancal 2

q4

q3

q2

q1

CG dm

R

q5

Mancal 1

R2

T

-(m+dm)g

R

Figura 5.1: Esquema utilizado para resolucao da dinamica do rotor utilizando otoolbox Sophia.

Para a obtencao de resultados, e preciso atribuir valores fısicos aos componentes.

Os valores do rotor escolhido, assim como o torque aplicado, estao apresentados na

Tab. (5.1). Os parametros projetados para o mancal, assim como as estimativas para

as constantes de forca, estao mostrados na Tab. (5.2). Alguns desses valores foram

determinados para o projeto e outros adaptados num processo iterativo juntamente

com a construcao do prototipo, descritos no proximo capıtulo.

Tabela 5.1: Parametros do rotor.Parametro Representacao Valor

Massa do rotor m 1kgComprimento do rotor l 400mm

Diametro do rotor d 14, 28mmMassa de desbalanceamento ∆m 10g

Posicao do desbalanceamento no rotor [xd, yd, zd]S [5, 5, 20]S mmDistancia dos mancais ao ponto C pm 150mm

Torque aplicado Tq 0, 001N.m

A diferenca agora com o que foi feito na secao 3.3, e que a forca nao e sim-

plesmente uma combinacao linear da posicao e velocidade do rotor, mas uma forca

magnetica, mostrada na Eq. (2.8), que depende da posicao e da corrente. Conforme

tambem ja mencionado, o comportamento de um controlador PD para esta corrente

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Tabela 5.2: Parametros do MMA.Parametro Representacao Valor

Permeabilidade magnetica relativa do aco-silıcio GNO µr 8.103

Fluxo magnetico de saturacao do aco-silıcio GNO Bmax 1.7TComprimento da curva amperiana l 115mm

Area de atuacao do mancal A 2, 35.10−4m2

Numero de voltas total das bobinas n 260voltasResistencia de cada par de bobina R 1, 2Ω

Indutancia estimada L 20mHFolga estacionaria Rotor/Mancal s0 1mm

Corrente de base nas bobinas i0 1AConstante Forca Magnetica/Posicao estimada ks 2.104N/mConstante Forca Magnetica/Corrente estimada ki 20N/A

se equivale ao do mancal mecanico e nao sera aqui demonstrado. Partiremos entao

diretamente para a implementacao do Sliding Mode Control.

O SMC e implementado de forma independente nas duas direcoes dos dois man-

cais, totalizando um sistema com quatro variaveis de controle. Foi mostrado na

secao 2.1 que devido a presenca de um par de bobinas de cada lado em cada direcao,

cada sinal de controle sera acrescentado de um lado e diminuıdo do outro. No SMC

padrao isto significa que enquanto um lado esta ”ligado”o outro esta ”desligado”,

exercendo a forca cada momento em um sentido. Determinada a corrente de base

i0, o valor maximo de K na lei de controle e igual a i0, ja que a subtracao de K da

corrente de base equivale a bobina ”desligada”, e a adicao, a bobina ”ligada”com

corrente igual a duas vezes este valor. Isto quer dizer que a escolha de i0 nao so

influencia nos parametros da forca magnetica, mas tambem na maxima potencia do

sistema. A Equacao 5.1 mostra este fato, pelo calculo da corrente real.

ireal = i0 + u (5.1)

u = K · sign(σ(x)) (5.2)

Como na modelagem tratamos a forca em cada direcao como uma unica equacao,

as correntes de base das bobinas opostas se anulam e nao participam desta etapa,

mas seus valores devem ser utilizados para a estimativa dos parametros da forca

magnetica e determinacao de K. Desta forma, uma corrente de base alta permite

aumentar a potencia do controle, mas seu valor deve ser limitado com base na

dissipacao de calor na bobina e na garantia de que o material ferromagnetico do

mancal nao se sature.

O valor de λ na lei de controle deve ser maximizado de forma a manter o sistema

estavel e ”deslizando”sobre a reta determinada por σ(x) = 0 no espaco de estados.

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Os valores para K e λ utilizados que permitiram uma estabilidade no sistema foram:

K = 1 λ = 200 (5.3)

Lembrando que com estes valores a corrente real maxima que passara pelas bobi-

nas sera de 2 ·K = 2A, porque e somado ao sinal de controle um valor estacionario,

que deve ser de valor igual a K, para que o valor final de controle seja de zero e 2K.

Um ultimo parametro necessario e de grande importancia e a frequencia de atuacao.

Por se tratar de um controle tipo liga e desliga, havera uma frequencia maxima que

o sistema podera fazer este chaveamento. As simulacoes a seguir foram simuladas

com um passo de 0, 1ms, equivalente a 10kHz. E considerado como condicao inicial

o rotor completamente parado, como se estivesse em repouso sobre os mancais de

apoio, com xC iniciando em −0, 4mm. Os resultados referentes ao rotor e um dos

mancais sao mostrados a seguir, na Fig. 5.2.

Como pode ser visto, os resultados foram bastante satisfatorios. O sistema atin-

giu a posicao desejada em alguns centesimos de segundo com muita estabilidade e,

apos isto, ficou oscilando com uma amplitude de ordem de grandeza bastante baixa

(10−5m) ate por volta de 18s.

Quando a velocidade de rotacao chega aos 7000rpm o comportamento muda

bruscamente, com sua amplitude crescendo de forma rapida e semelhante a uma

ressonancia. E tambem possıvel observar uma ligeira queda na taxa de aumento

da velocidade de rotacao a partir deste ponto. Este efeito era esperado, pois neste

ponto as forcas de desbalanceamento se tornam demasiadamente grandes e fazem

com que o sistema nao tenha potencia para mante-lo no modo deslizante, embora

a levitacao permaneca. Um sistema real provavelmente desestabilizara com tal fato

por sair muito do ponto de operacao e a forca magnetica real nao ser linear como foi

considerado. Assim, o limite maximo de rotacao antes do sistema se desestabilizar

na simulacao foi de 20000rpm, mas em 9000rpm ele ja atinge uma oscilacao tao alta

que tocaria nos mancais de apoio que permitem um maximo de 1mm de movimento,

deixando de levitar. E importante tambem ressaltar que o aumento brusco da

amplitude de oscilacao nao e uma ressonancia e que nao iria diminuir caso a rotacao

continuasse a aumentar, ela e consequencia da saıda do modo deslizante e leva o

sistema a perder a estabilidade.

A Figura 5.3 mostra os resultados referente ao mancal 1, sendo que o mancal 2

possui resultados analogos.

Vemos que o sistema opera em regime maximo desde o inıcio, onde o rotor ainda

gera pouca forca sobre os mancais. Isto pode ser entendido como um desperdıcio de

energia, consequencia da simplicidade do controle chaveado. A Figura 5.4 mostra

com detalhes a variacao da posicao nos 3s iniciais. E possıvel visualizar como o

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(a) Variacao da posicao do centro geometrico.

(b) Variacao dos angulos transversais. (c) Variacao da velocidade de rotacao Ω.

.

(d) Espaco de estados no eixo x do Mancal 1.

Figura 5.2: Resultados do eixo para a simulacao com SMC padrao de corrente.

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(a) Modulo da reacao exercida.

(b) Corrente na bobina superior.

(c) Fluxo magnetico na bobina superior.

Figura 5.3: Resultados sobre a dinamica do Mancal 1 com SMC padrao.

Figura 5.4: Posicao do centro geometrico para 2s de simulacao com SMC padrao decorrente.

controle por SMC muda a dinamica do sistema drasticamente pouco antes dos 2s,

forcando o eixo a permanecer na posicao.

Alem da frequencia de rotacao, tambem pode ser observada frequencias mais

elevadas, que podem ser confundidas pela espessura da linha na plotagem. A pre-

senca desta vibracao nao e desejada e ela e gerada pelo excesso de energia gasto no

chaveamento, mencionada anteriormente.

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(a) Variacao da posicao do centro geometrico.

(b) Variacao dos angulos transversais.

(c) Variacao da velocidade de rotacao Ω.

.

(d) Espaco de estados no eixo x do Mancal 1.

Figura 5.5: Resultados do eixo para a simulacao com SMC modificado de corrente.

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Foi entao implementado o controle com o SMC modificado, utilizando a curva

de atenuacao mostrada na secao 4.4, com o objetivo de reduzir a excitacao causada

pelo chaveamento. Os mesmos parametros foram mantidos, e o fator ζ foi iniciado

alto e reduzido ate poder ser observada uma boa convergencia no espaco de estados,

estabelecendo-se o valor ζ = 320. Os resultados sao mostrados a seguir, na Fig. 5.5.

Como pode ser observado, os resultados possuem algumas caracterısticas em co-

mum, como a saıda do sistema do modo deslizante no mesmo ponto e o mesmo

comportamento da velocidade de rotacao. A diferenca maior esta na amplitude de

oscilacao. A reducao da excitacao causada pelo chaveamento diminuiu muito a am-

plitude com que o rotor se movimentou, obtendo-se valores na ordem de 10−7m para

rotacoes mais baixas e permanecendo sempre menor do que a obtida anteriormente.

A excitacao causada pelo chaveamento ja nao e mais observada e os valores

de corrente e forca crescem a medida que sao requeridos, como pode ser visto na

Fig. 5.6. Isto quer dizer que o sistema requer menos potencia, trazendo melhor

performance e economia de energia, o que faz a escolha deste controle ser a mais

indicada.

(a) Modulo da reacao exercida.

(b) Corrente na bobina superior.

(c) Fluxo magnetico na bobina superior.

Figura 5.6: Resultados sobre a dinamica do Mancal 1 com SMC modificado decorrente.

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Em geral, os resultados de controle por corrente foram muito bons, com um

alcance da parametrizacao correta consideravelmente rapido e sem maiores com-

plicacoes, alem de atingir rotacoes muito altas de forma estavel. No entanto, este

modelo nao inclui a presenca da indutancia das bobinas, devendo ter assim uma

fonte de corrente. Na ausencia de uma fonte que ao menos se aproxime da ideal, tal

indutancia nao pode ser menosprezada, devendo o controle ser feito por voltagem.

5.2 Controle por tensao

Tendo em vista a complexidade envolvida no projeto de um amplificador de cor-

rente, tem-se a opcao de realizar um controle por tensao, como sera visto a seguir.

Queremos entao criar uma segunda opcao simulando um controle por tensao e tes-

tar se e possıvel tambem atingir bons resultados. Amplificadores de tensao possuem

uma simplicidade consideravel em relacao aos de corrente, mas requerem um melhor

controlador por aumentarem a ordem do sistema.

Para realizar tal controle, tera de ser considerada agora a indutancia da bobina,

ja que neste caso a variacao da tensao implica num transiente para a variacao da

corrente na bobina. Sera visto que, apesar de se tratar de um componente mecanico,

este sistema apresenta uma dinamica rapida e este transiente de corrente nao pode

ser ignorado. A referida indutancia e variavel de acordo com a posicao do rotor,

mas para uma descricao linear sera aqui considerada constante. Similarmente ao

caso de uma turbina, o movimento do rotor no campo magnetico tambem gera uma

voltagem atraves da bobina. Esta voltagem induzida e proporcional a velocidade de

deslocamento do rotor. Assim, a diferenca de potencial total do amplificador sera

dada de acordo com a seguinte equacao [1]:

u = Ri+ Ldi

dt+ ku

dx

dt(5.4)

De acordo com Vischer [24], baseado na teoria da conversao da energia eletro-

mecanica, pode ser demonstrado que ku e teoricamente igual ao fator de relacao

forca/corrente ki. A indutancia L sera estimada mais a frente segundo a Eq. (5.11).

Tendo u como sinal de controle, mas sendo a corrente o valor efetivo de relacao

com a forca, se faz necessario no modelo a insercao de uma integral dentro do

calculo da corrente. A solucao deste novo esquema utilizando o modelo nao-linear

visto anteriormente passa a ser de difıcil obtencao devido ao aumento do grau de

complexidade da equacao diferencial, alem de exigir um grande tempo computaci-

onal. Sera utilizado entao para este caso o modelo linearizado obtido na secao 3.4,

sendo possıvel assim uma resolucao numerica mais rapida.

A partir da Eq. (3.18), da mesma forma que foi feito para o mancal elastico,

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substituiremos as forcas dos mancais pelas forcas eletromagneticas.

~f = −KsDT~q + Ki

~i (5.5)

~f =

f1x

f2x

f1y

f2y

~q =

β(t)

xC(t)

θ(t)

yC(t)

~i =

i1x

i2x

i1y

i2y

Sendo Ks e Ki matrizes diagonais com os parametros ks e ki de cada bobina,

respectivamente, e~i o vetor com o valor da variacao de corrente nas bobinas de cada

mancal. Substituindo (5.5) em (3.18), obtemos:

M~q + G~q + Kss~q = DKi~i+ U~w (5.6)

Kss = DKsDT

Ainda se faz necessario uma terceira equacao que relaciona o valor da leitura

dos sensores de posicao com as coordenadas generalizadas atraves de uma matriz

E, mostrada na Eq. (5.7). Isto se deve ao fato de que a leitura dos sensores nao

diz respeito exatamente ao deslocamento do rotor no mancal, por conta do posici-

onamento diferente causado pelo espaco fısico que estes componentes ocupam. No

entanto, nesta presente simulacao eles serao considerados como na mesma posicao,

da mesma maneira que foi colocado no controle por corrente.

~y =

xse1

xse2

yse1

yse2

= E~q (5.7)

E =

pse1 1 0 0

pse2 1 0 0

0 0 pse1 1

0 0 pse2 1

Onde pse1 e pse2 sao as distancias que os sensores de cada mancal estao do centro

do rotor.

Finalmente, com as Eqs. (5.6), (5.7) e a (5.4) rearranjada em forma matricial, e

construıdo o sistema linear mostrado a seguir:M~q + G~q + Kss~q = DKi

~i+ U~w

L~i = ~u−R~i−KiDT ~q

~y = E~q

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E conveniente agora reescrever tal sistema introduzindo um vetor de estado ~x,

que e inclusive um dos passos necessarios para a aplicacao do SMC. Nota-se que

neste novo sistema controlado por tensao, e preciso colocar a corrente tambem como

um elemento do vetor de estados [20].

~x =

~q

~q

~i

Rearranjando novamente o sistema para escreve-lo com o vetor de estados, che-

gamos finalmente no modelo linear final mostrado a seguir, com seu respectivo dia-

grama de blocos mostrado na Fig. (5.7).

~x = A~x + B~u+ D~y = C~x

(5.8)

A =

04x4 I4x4 04x4

−M−1Kss −M−1G M−1DKi

04x4 −LKiDT −L−1R

B =

04x4

04x4

L−1

D =

04x4

M−1U~w

04x4

C =

[E 04x4 04x4

04x4 E 04x4

]

A

∫ B C

D

+ + x u y

Figura 5.7: Diagrama de blocos do sistema rotor e MMA com controle por tensao.

A matriz C substitui a matriz E no sentido de que os sensores serao capazes de

fornecer a posicao e a velocidade, mas nao a corrente. Sendo assim, o vetor ~y passa

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a conter tambem informacoes sobre a velocidade, com dimensao oito. Na pratica,

nem a velocidade sera medida, mas sim calculada atraves da variacao da posicao.

Para um sistema em malha aberta, a instabilidade pode ser facilmente compro-

vada pelo aparecimento de autovalores de A com parte real positiva. Devemos agora

aplicar a retro-alimentacao, estipulando a lei de controle para ~u relacionada a lei-

tura dos sensores ~y. Para aplicacao do SMC, escreveremos a lei em forma matricial,

mostrada na Eq. (5.10).

~σ = Σ · ~y =

λx1 0 0 0

0 λx2 0 0

0 0 λy1 0

0 0 0 λy2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 0 0 0

0 1 0 0

0 0 1 0

0 0 0 1

·

xse1

xse2

yse1

yse2

˙xse1

˙xse2

˙yse1

˙yse2

(5.9)

Kp =

kpx1 0 0 0

0 kpx2 0 0

0 0 kpy1 0

0 0 0 kpy2

~u = Kp · sign(~σ) (5.10)

Nota-se pela natureza diagonal das matrizes que o controle e totalmente descen-

tralizado e pode-se definir parametros de controle distintos para cada bobina.

Uma questao importante envolvida no controle por tensao e a presenca da cor-

rente no vetor de estados. Sendo assim, o SMC passa a ter um espaco de estados

com tres dimensoes. No entanto, tal implementacao necessitaria de um sensor da

corrente, e como o objetivo aqui e a comparacao do controle por tensao e por cor-

rente num mesmo sistema, tal sensoriamento nao sera considerado. Isto quer dizer

que a reta definida por ~σ = 0 esta no plano posicao/velocidade, mas num espaco de

tres dimensoes.

Conforme visto na secao 4.5, para o SMC funcionar num espaco de estado 3D e

preciso de duas superfıcies de deslizamento que se interceptem e formem uma reta.

Isto equivale dizer que cada linha de ~σ na Eq. (5.9) forma uma superfıcie que inter-

cepta uma outra superfıcie definida por ~i = 0, ou seja, o plano posicao/velocidade.

Apesar de parecer um SMC tradicional em 2D, ficara evidente nos resultados que

o fato da corrente ser ignorada pelo controle gera um resultado diferente daquele

visto anteriormente. Dizer que o sistema e composto por tres dimensoes com duas

superfıcies de deslizamento, equivale a dizer que passam a existir dois interruptores

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que ficarao ligando e desligando.

Os mesmos parametros mostrados nas tabelas 5.1 e 5.2 foram utilizados, sendo

necessario neste caso tambem a indutancia L das bobinas. Esta indutancia pode ser

estimada segunda a Eq. (5.11) [1].

L =µ0n

2A

2s(5.11)

Tal formula gera uma aproximacao para a indutancia que geralmente superestima

seu valor, pois nao considera a relutancia do material ferromagnetico, a fuga de fluxo

magnetico e a geometria da bobina. Alem disso, sabemos que as relacoes entre os

campos magneticos B e H sao nao-lineares, o que muda o valor da indutancia de

acordo com o ponto de operacao. No entanto, um valor exato ou uma funcao para

a indutancia e de difıcil obtencao, logo sera usada a aproximacao mostrada na Eq.

(5.11), gerando um valor de 10mH.

O aumento da velocidade de rotacao foi imposto, ja que neste modelo linear ela e

formulada como constante. Isto e feito somente para analise do sistema em diferentes

rotacoes, ja que o efeito que a aplicacao de um torque realiza nao e considerado.

Para a escolha dos parametros de controle, foi definido um valor de potencia

analogo a potencia utilizada no controle por corrente, ou seja, com base na resistencia

da bobina, o valor maximo e mınimo de tensao do controle foi escolhido para ter os

mesmos limites de corrente definidos. Chegaram-se entao aos seguintes valores:

K = 2.4 λ = 20 (5.12)

Veja como o sistema perdeu potencia e foi necessario um valor muito mais baixo

para o λ, definido em 200 no caso anterior.

O sistema foi entao implementado nos programas MATLAB e Simulink [25], cujo

codigo e diagrama de blocos podem ser vistos no Apendice B. A frequencia maxima

de chaveamento tambem foi limitada em 10kHz e o rotor foi tambem iniciado em

repouso nos mancais de apoio, com xC = −0.4mm. Os resultados obtidos para 2s

de simulacao podem ser vistos na Fig. 5.8.

Este resultado foi obtido instantes antes do sistema desestabilizar completa-

mente. Os resultados se diferem completamente daqueles obtidos no controle por

corrente. O espaco de estados apresenta o referido atraso para responder, ja mos-

trando que no inıcio da simulacao o rotor sofre uma ligeira queda antes da corrente

subir o suficiente para puxa-lo para cima. Este e o efeito mencionado decorrente da

caracterıstica 3D desse espaco de estado, onde a terceira dimensao i nao e plotada

por nao ser considerada pelo controle.

O sistema vai se desestabilizar por volta dos 800rpm, valor bem abaixo do limite

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(a) Variacao da posicao do CG em x.

(b) Variacao da posicao do CG em y.

(c) Variacao do angulo de giro β.

(d) Variacao do angulo de giro θ.

[s]

[rp

m]

(e) Velocidade de rotacao.

(f) Espaco de estados no eixo x do Mancal 1.

Figura 5.8: Resultados do eixo para a simulacao com SMC padrao por tensao.47

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encontrado no controle por corrente. Isto era esperado, devido ao atraso que o

sistema demora para reagir. A amplitude de oscilacao permanece baixa, mas no

instante em que o sistema sai do modo deslizante, ele ja nao e mais capaz de manter

a estabilidade.

Na Figura 5.9 vemos o inıcio do chaveamento da voltagem e como a corrente se

comporta, seguindo a oscilacao do rotor e chegando ao limite de 2A rapidamente. O

atraso da corrente permite que o rotor saia mais do ponto de operacao e e requerido

mais forca para traze-lo de volta.

(a) Sinal de controle de tensao no eixo x.

(b) Corrente na bobina superior.

(c) Modulo da forca exercida.

(d) Fluxo magnetico na parte superior.

Figura 5.9: Resultados para o Mancal 1 no controle por SMC padrao por tensao.

Para o controle com o SMC modificado foi utilizado novamente os mesmos

parametros de controle, com um fator ζ = 2000. Foram encontradas vantagens

analogas as vantagens obtidas quando o mesmo controle foi implementado para a

corrente. Os resultados sao semelhantes e o mesmo limite de rotacao e encontrado,

sendo que as respostas sao mais suaves e a amplitude de oscilacao menor. As Figuras

5.10 e 5.11 mostram estes resultados.

Com estes resultados de simulacao, e possıvel prever como o prototipo podera

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(a) Variacao da posicao do CG em x.

(b) Variacao da posicao do CG em y.

(c) Variacao do angulo de giro β.

(d) Variacao do angulo de giro θ.

[s]

[rp

m]

(e) Velocidade de rotacao.

(f) Espaco de estados no eixo x do Mancal 1.

Figura 5.10: Resultados do eixo para a simulacao com SMC modificado, por tensao.49

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(a) Sinal de controle de tensao no eixo x.

(b) Corrente na bobina superior.

(c) Modulo da forca exercida.

(d) Fluxo magnetico na parte superior.

Figura 5.11: Resultados para o Mancal 1 no controle por SMC modificado, portensao.

vir a se comportar, e num processo iterativo com o projeto, foram estipulados

parametros para a construcao que trouxessem melhores resultados. No entanto,

sao inumeras as hipoteses feitas para a construcao destes modelos. Sendo assim,

fatores como perdas, fuga de campo magnetico, histerese magnetica, presenca de

ruıdo, digitalizacao dos dados no processamento, entre outros, foram desprezados.

Temos tambem os erros de parametros que tiveram que ser estimados e de fatores

como a permeabilidade magnetica que foi considerada constante. Alem disso tudo,

temos intrınsecos outros erros trazidos durante a modelagem. Toda essa quantidade

de fatores faz com que os resultados num projeto real possa apresentar resultados

bastante diferentes dos apresentados.

Neste ponto, permanece em questao a relevancia de se fazer tais simulacoes. Este

processo e de suma importancia para analise do comportamento do sistema. Em-

bora os resultados reais possam vir a diferir do simulado, eles apresentarao padroes

semelhantes que puderam ser estudados antes da construcao do prototipo. Assim,

se faz possıvel realizar inumeros testes na simulacao e ja adquirir informacoes de

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como se pode melhorar o controle, como identificar determinados tipos de proble-

mas, os parametros mais ou menos relevantes ao sistema, a impossibilidade ou nao

de atingir a estabilizacao, alem de um treinamento pessoal para atuar com o modelo

real. Foi observado, por exemplo, que um dos fatores mais importantes ao controle

e a frequencia de processamento, sendo que mesmo perante a robustez do contro-

lador utilizado, para uma frequencia abaixo de um certo limite, a estabilizacao era

inviavel. Como sera visto no Cap. 7, bons resultados foram rapidamente obtidos,

gracas ao que foi estudado atraves das simulacoes.

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Capıtulo 6

Projeto do Prototipo de Mancal

Magnetico Ativo

A construcao do prototipo teve basicamente tres fases. Na primeira fase foram proje-

tados os componentes mecanicos, tal como tipo de estrutura, mecanismos, materiais

e metodos de fabricacao. A segunda fase e a determinacao dos sensores de posicao

e a eletronica de potencia, responsavel por amplificar o sinal e fornecer energia ao

mancal. Por ultimo temos a parte de processamento de dados, assim como a forma

que sera feita a aquisicao do sinal dos sensores, sua calibracao, filtros que serao utili-

zados e geracao do sinal de saıda. Omite-se aqui o projeto do controlador, discutido

no Cap. 4 e projetado atraves das simulacoes realizadas no Cap. 5.

6.1 Mancais e rotores

Para a construcao da parte fısica do mancal/rotor, e feito um processo iterativo

entre os parametros de projeto, simulacao e metodos de fabricacao. O primeiro

fator a ser determinado e sobre a estrutura geometrica do mancal. Existem duas

configuracoes basicas para mancais magneticos descritas na literatura: a heteropolar

ou a homopolar [1]. Os mancais heteropolares sao os mais amplamente utilizados,

onde o campo magnetico caminha radialmente no rotor. Nos homopolares o campo

magnetico caminha axialmente. A diferenca entre as duas configuracoes pode ser

vista na Fig. 6.1.

Ambas estruturas foram analisadas e pre-projetadas. Nesta etapa ficou evidente

a maior simplicidade de fabricacao de uma estrutura heteropolar, por se tratar de

uma peca unica, tornando-a a escolhida. Esta estrutura e formada pelo chamado

estator, a peca que envolvera o rotor e que servira de corpo para o enrolamento

das bobinas, formando o eletroıma. A estrutura heteropolar gera corrente parasita

devido a constante mudanca de fluxo magnetico dentro do estator. Esta corrente

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(a) Configuracao heteropolar

(b) Configuracao homopolar

Figura 6.1: Tipos de configuracoes geometricas para MMA [1].

gera perdas de potencia, pois e energia gasta sem utilidade, e pode ser diminuıda

pela composicao do estator por varias chapas [26], mesmo princıpio utilizado pelos

transformadores.

O material destas chapas deve ser escolhido conforme suas propriedades

magneticas, como baixa histerese, alta permeabilidade e principalmente alta sa-

turacao magnetica, ja que este e um fator limitante da carga suportada pelo mancal.

Foi entao usado o aco-silıcio de grao-nao-orientado em chapas de 0, 5mm, fornecido

pela Acesita. Este material ja e de uso recorrente em aplicacoes desta natureza. As

Figuras 6.2 e 6.3 mostram a curva caracterısticas deste aco.

Figura 6.2: Curva de magnetizacao do aco-silıcio GNO da Acesita.

Como mostrado, a saturacao magnetica, no SI, e de aproximadamente 1.7T . No

entanto, e desejado trabalhar longe deste ponto, ja que a permeabilidade, que pode

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Figura 6.3: Curva da permeabilidade do aco-silıcio GNO da Acesita.

ser entendida como a inclinacao da curva, decresce bastante nesta regiao. A maxima

permeabilidade e obtida quando a magnetizacao e em torno de 0.8T , com um valor

de permeabilidade relativa de aproximadamente 8.500.

Definido o raio r interno do estator, visto na Fig. 6.4, a largura a dos chamados

dentes (local onde sao enroladas as bobinas) foi calculada de maneira a maximizar

a forca, com o balanco entre o aumento de sua area transversal e a area disponıvel

para o enrolamento da bobina. Foram definidos um numero de oito desses dentes,

formando quatro pares de eletroımas (Superior, Inferior, Direito e Esquerdo) para

controle de movimento em todas as direcoes. Um numero maior de dentes dificultaria

a fabricacao e um numero menor dificultaria o controle.

A polarizacao dos dentes segue a sequencia N-S-S-N-N-S-S-N, criando quatro

loops de campo magnetico independentes, apesar de tudo ser formado por uma

peca unica. Estes ciclos fechados terao obviamente perdas, mas sao a maneira mais

correta para minimizar a fuga do campo gerado e permitir uma boa controlabilidade.

A espessura c da ”casca”externa do estator deve ser a mesma dos dentes, ja que por

ali passa o mesmo fluxo magnetico que deve atravessar teoricamente sempre a mesma

secao transversal. Caso fosse sub-dimensionada, o material iria chegar ao ponto de

saturacao magnetica antes do previsto.

Por ultimo, define-se a altura b dos dentes e largura d do estator (que esta

relacionada ao numero de chapas). Tais parametros inplicam na carga que o mancal

sera capaz de suportar. Quanto maior a altura dos dentes, mais voltas na bobina

pode-se dar, requerendo menos corrente para induzir um mesmo campo, mas o

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d

Figura 6.4: Montagem das chapas que formarao o estator com as respectivas di-mensoes mais relevantes.

caminho deste campo tambem aumenta, diminuindo-o. Desta maneira, a altura de

tais dentes possui um ponto otimo que pode ser calculado pelo ponto de maximo

da forca quando colocada em funcao desta altura. Para isto, bastou-se colocar

o percurso do fluxo magnetico e o numero de voltas da bobina em funcao desta

altura, substituı-los na Eq. (2.7) e calcular o ponto maximo. Ja a espessura do

mancal esta diretamente ligada a carga suportada, pois aumenta linearmente a area

de atuacao da forca, conforme visto na Eq. (2.6).

O Apendice C mostra o desenho do estator com as dimensoes projetadas. O

processo de fabricacao foi feito atraves do corte a jato d’agua das chapas por co-

mando numerico. Este processo permitiu uma boa tolerancia de corte, na ordem de

0, 2mm. Outro motivo da escolha por este metodo foi a possibilidade das chapas

serem cortadas em blocos ao inves de individualmente, garantindo a uniformidade

para a posterior montagem do mancal.

Resta agora determinar os parametros das bobinas, que serao enroladas em cada

dente do estator e ligadas em serie aos pares. Estes parametros sao a espessura do

fio de cobre e numero de voltas. Para isto, podemos analisar novamente a Eq. (2.4).

B = µ0ni

lµr

+ 2x

Vemos que dado o fluxo magnetico de saturacao e a folga maxima permissıvel

entre o rotor e o estator, podemos determinar o valor maximo de ni, intitulada

forca magnetomotiva. E entao estipulada uma folga estacionaria de 1mm entre o

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rotor e o estator, de forma que permita que o rotor vibre com liberdade, mas sem

perder muita potencia na levitacao, ja que a forca diminui exponencialmente com

esta folga. A folga maxima de movimento, no entanto, e dada por um apoio, que

tem como objetivo evitar o contato entre o rotor e o mancal de forma a protege-lo

em caso de mal funcionamento ou falta de energia. A folga estacionaria entre este

apoio e o rotor deve ser entao menor que 1mm. Este e o ponto da fabricacao em

que as tolerancias sao as mais crıticas.

Com o valor maximo de ni calculado em 2725A, ja e possıvel determinar os

parametros da bobina. Escolheu-se o fio AWG 22, o que permitiu realizar um numero

de 130voltas em cada dente, totalizando 260voltas para cada circuito magnetico.

Isto permite um valor maximo para a corrente de 10A, com o mancal capaz de

produzir uma forca maxima de 540N . No entanto, este valor e demasiadamente alto

quando consideramos o aquecimento das bobinas, o que leva o valor maximo real a

ser utilizado ser bem mais baixo para nao ser preciso considerar este problema de

transferencia de calor, mantendo o material ferromagnetico longe da saturacao.

O fio AWG utilizado possui esmalte em poliesterimida, chamada classe-H de

isolacao, podendo atingir temperaturas de ate 180oC. As bobinas foram entao en-

roladas em um carretel construıdo em PVC-AB e depois encaixadas em cada dente

do mancal, finalizando sua construcao.

O projeto do rotor ja e mais simples. Ele e composto de um eixo, com os ditos

rotores se encaixando como uma luva nas pontas, sendo estes as partes que serao

apoiadas pelos mancais. Estes rotores tem o diametro coincidente com o diametro

interno do estator, respeitando-se obviamente a folga determinada. Eles tambem

apresentam as mesmas chapas de material magnetico para a passagem do fluxo

magnetico e uma parte designada ao sensor de posicao.

O eixo possui comprimento de 40mm, com 14, 28mm de diametro, feito em

aco-inoxidavel. O primeiro anel, de aco carbono, e entao roscado no eixo, com a

funcao de amparar os outros aneis e posteriormente servir de superfıcie para a leitura

dos sensores de posicao. O anel seguinte e feito em alumınio para isolar o campo

magnetico do mancal e nao deixar que este interfira na leitura dos sensores, alem de

criar um espacamento fısico necessario para a montagem do sensor com o mancal.

Logo apos sao montadas as chapas em aco-silıcio, com um empilhamento da mesma

largura que o mancal. Para finalizar, o bloco e prensado com um ultimo anel em aco

carbono e preso com uma porca roscada no proprio eixo. Estes ditos aneis foram

tambem cortados em jato d’agua com dimensao sobressalente, e, apos a montagem,

foram torneados para ter um melhor acabamento superficial, centricidade, e um

diametro uniforme que garanta a folga estipulada com o mancal. A Figura 6.5

mostra como se faz tal composicao do eixo/rotor e o Apendice C tambem apresenta

o seu desenho completo.

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Aço-inox

Aço-carbono

Alumínio

Aço-silício GNO

Figura 6.5: Esquema de uma das extremidades do eixo com a especificacao dosmateriais dos aneis que compoem o rotor.

Um resumo dos parametros fısicos mais relevantes do sistema sao apresentados

na Tab. 6.1, e a Fig. 6.6 mostra a montagem dos mancais com os sensores feita no

programa de desenho SolidWorks [27].

Tabela 6.1: Resumo dos parametros fısicos mais relevantes do projeto.Parametro Valor

Diametro do eixo 14, 28mmComprimento do eixo 400mmDiametro dos rotores 36, 4mm

Massa do conjunto eixo-rotores 1, 0kgFolga rotor/apoio 0, 4mm

Folga rotor/mancal 1, 0mmNumero de voltas das bobinas por par 260voltas

Distancia entre mancais 315mm

Figura 6.6: Desenho do sistema mancal/rotor do prototipo em SolidWorks.

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6.2 Sensores

A proxima etapa do projeto e definir os sensores de posicao. Estes sensores deverao

ser posicionados juntamente ao mancal para fornecer o deslocamento do rotor e

fechar o ciclo do controle. Considerando as condicoes de funcionamento, tais sensores

precisam ser capazes de fornecer resposta sem contato com o objeto, alem deste estar

posteriormente girando a altas velocidades. Sendo assim, fatores como a geometria

do rotor, acabamento superficial e homogeneidade do material sao propensos a ter

influencia na medida do sensor. A presenca de ruıdo na leitura ja e algo esperado, e

tais aspectos podem piorar a situacao, comprometendo uma boa leitura e um bom

funcionamento do mancal. Alem disso, outros fatores como frequencia de rotacao,

temperatura e qualidade do ar tambem interferem na medicao.

Considerando os fatores acima descritos, e preciso escolher um tipo de sensor

que funcione corretamente para este tipo de aplicacao. Caracterısticas comuns de

sensores devem tambem ser observadas, tais como: alcance, sensibilidade, resolucao

e linearidade. Os seguintes tipos de sensores de posicao poderiam ser utilizados

para esta aplicacao: indutivos, corrente parasita, capacitivo, magnetico e optico. A

seguir e dada uma breve explicacao sobre cada um [1].

Os sensores indutivos funcionam a partir da inducao de um fluxo magnetico no

objeto, e a mudanca da indutancia com o deslocamento do mesmo e relacionada

com sua posicao. A limitacao deste sensor e em relacao ao tipo de objeto alvo,

que deve ser ferromagnetico. Apesar de funcionar via campo magnetico, sua leitura

nao e muito influenciada por campos externos, podendo se necessario ser feito um

isolamento.

Os sensores de corrente parasita sao baseados em criar uma corrente parasita

no objeto alvo, absorvendo energia do circuito do sensor. Novamente isto varia a

indutancia, que e medida e relacionada com a posicao. Tanto o campo magnetico

criado pelo mancal quanto o criado por outros sensores pode interferir na medicao,

sendo necessario um isolamento. Alem disso, nao-homogeneidade no material pode

tambem acarretar erros graves.

Sensores capacitivos formam um dispositivo capacitor entre o sensor e o alvo,

fazendo com que a variacao da folga mude linearmente a voltagem. Estes sensores

apresentam otima resolucao, mas costumam apresentar custo elevado. Alem do

mais, o rotor girando tende a obter carga estatica, o que causa erros de leitura, e

ele possui uma sensibilidade maior a pureza do ar, que muda a constante dieletrica

presente na folga.

No sensor magnetico o processo e similar ao proprio funcionamento do mancal.

Um fluxo magnetico passa no objeto alvo e a variacao da folga altera o valor deste

fluxo, que e medido e relacionado com a posicao. No entanto, estes sensores sao

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muito sensıveis a presenca de um campo magnetico externo.

Por ultimo, temos os sensores opticos, que utilizam a reflexao de um feixe de

luz pelo objeto alvo para relacionar a direcao desta reflexao com sua posicao. Estes

sensores tem a vantagem de possuir grande alcance, mas baixa resolucao comparado

aos outros, o que nao e interessante para esta aplicacao. Alem disso, sua leitura

depende da qualidade do ar e do grau de acabamento da superfıcie do alvo.

Tendo entao analisado as possibilidades acima descritas, o sensor indutivo mos-

trou ter o funcionamento mais compatıvel com o desejado e com bom custo/beefıcio,

sendo o escolhido. Sua medicao e a menos influenciada por agentes externos, mas

como garantia foi introduzida no projeto do rotor uma chapa de alumınio para ga-

rantir o isolamento do fluxo magnetico do mancal. O modelo escolhido foi o IF6029

da empresa IFM, com diametro de 12mm e faixa sensora de 0, 2mm a 2mm, ge-

rando um sinal de saıda que varia linearmente com a posicao do objeto de 0V a

10V . Apresentou uma resposta rapida e de otima resolucao, com um ruıdo baixo de

variancia em torno de 3µm. Sua folha de dados pode ser vista no Anexo 1.

A secao a seguir diz respeito a filtragem do sinal do sensor.

6.2.1 Filtragem Digital

Ja e esperado a presenca de ruıdo na leitura do sensor, condicao presente em qualquer

tipo de medicao. Dependendo da amplitude deste ruıdo, a correta leitura da posicao

fica comprometida, obtendo-se resultados erroneos. Quando se e preciso calcular a

derivada deste sinal, como e o nosso caso para calculo da velocidade do rotor, a

presenca de um pequeno ruıdo pode fazer este calculo tender ao infinito, por conta

das altas frequencias. Assim, a presenca de um filtro passa-baixa para eliminar ou

atenuar tal distorcao se faz necessaria.

Os sensores escolhidos apresentaram uma amplitude de ruıdo na leitura da ordem

de 2µm, ou 10mV . Este ruıdo nao tras grandes consequencias a leitura de posicao,

mas, como mencionado, trara no calculo da velocidade.

Optou-se por realizar a filtragem por implementacao em software, dita filtragem

digital, ao inves do uso de componentes eletronicos que filtram o sinal analogica-

mente. Dentre os tipos de filtro, foram testados aqui os lineares, ao qual se dividem

em: FIR e IIR [28].

O filtro FIR (Finite Impulse Response) e baseado num valor filtrado que e uma

combinacao linear do valor medido com outros valores previamente medidos. A

ordem deste filtro se dara pelo numero de pontos utilizados.

O filtro IIR (Infinite Impulse Response) ja possui um valor filtrado que e uma

combinacao linear nao somente de valores medidos, mas tambem dos valores previa-

mente filtrados, dita propriedade recursiva. Sua ordem tambem e dada pelo numero

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de pontos utilizados. Por esta caracterıstica recursiva, este filtro costuma ter uma

atenuacao mais rapida que os filtros FIR, requerendo uma ordem menor de calculo.

Assim, optou-se por testar alguns filtros IIR, ja que estes requerem menor ordem

e assim menor gasto computacional. O primeiro tipo implementado foi o de primeira

ordem mais simples, que faz analogia com o filtro analogico passa-baixa RC (Resis-

tivo e Capacitivo). Tal filtro utiliza somente o valor medido no instante atual e o

valor filtrado do instante anterior, como pode ser visto na Eq. (6.1). No domınio da

frequencia, este filtro implica numa inflexao suave da curva na frequencia de corte.

yf (k) = y(k)− α.(y(k)− yf (k − 1)) = (1− α)y(k) + α.yf (k − 1) (6.1)

Sendo yf o valor filtrado, y o valor medido, k o instante de tempo e α um

parametro que tem relacao direta com a frequencia fc de corte, dada por (6.2).

fc =1− αα.Ts

(6.2)

Onde Ts se refere ao intervalo de amostragem. Alem deste filtro simplorio, outros

podem ser implementados, de ordem superiores, utilizando assim mais pontos. Um

outro tipo aqui testado foi o Butterworth. Este filtro inflexiona mais a curva no

domınio da frequencia de acordo com a ordem utilizada. E importante ressaltar que

quanto maior a janela de corte de frequencias, maior sera a diferenca de fase que o

resultado filtrado tera com o medido por consequencia.

Para encontrar os parametros da combinacao linear do filtro Butterworth que

multiplicarao os valores medidos e filtrados, utiliza-se a funcao presente no programa

MatLab [25], entrando com a ordem do fitro e frequencia de corte. Este filtro foi

testado ate a quarta ordem.

Como sera visto mais a frente, o atraso causado pela implementacao de qualquer

um desses filtros digitais causa instabilidade ao ciclo de controle. Isto se deve ao fato

da frequencia de processamento possıvel de ser atingida ser limitada, inviabilizando o

uso de filtros digitais. Assim, mesmo com a presenca do ruıdo, os melhores resultados

obtidos foram sem filtragem, onde nao ha atraso de resposta. Uma alternativa seria

o uso de componentes eletronicos que realizam a filtragem analogicamente, mas este

estudo foge do escopo deste trabalho.

6.3 Eletronica de Potencia

O sistema de eletronica de potencia consiste em converter o sinal de controle em

corrente para alimentar as bobinas. O sinal e geralmente gerado em tensao, com

baixıssima corrente, sendo necessario um sistema amplificador que gere potencia

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suficiente para as bobinas. O circuito mais simples para realizar esta tarefa e o

mostrado na Fig. 6.7, que utiliza um transistor para amplificar o sinal. [29]

Figura 6.7: Circuito de amplificacao utilizando um transistor.

Este circuito utiliza uma alimentacao para dar potencia ao circuito e trabalha na

regiao linear do transistor, onde a corrente que passa pela carga recebe um ganho

relacionado ao tipo de transistor usado, que e proporcional a corrente na base. No

entanto, por se tratar de cargas indutivas, esta ira conter qualquer mudanca de

corrente no enrolamento, levando um certo tempo para chegar ao valor de corrente

calculado com o ganho. Para velocidades baixas, este transiente pode ser desprezado,

mas devido a dinamica rapida do sistema, altas frequencias serao atingidas e o sinal

amplificado sera deformado por tal fato. Isto pode ser observado nas comparacoes

entre controle por corrente e voltagem vistas nas simulacoes do capıtulo anterior. A

presenca de carga indutiva se mostrou muito relevante no sistema e construir um

circuito rapido o suficiente que possa desprezar este atraso pode ser muitas vezes

inviavel.

Uma das alternativas geralmente usadas para controlar corrente em cargas in-

dutivas sao os circuitos chaveados. Estes consistem em usar os transistores na sa-

turacao, abrindo e fechando para a passagem de corrente como uma chave. Como o

sistema leva um tempo para aumentar ou diminuir a corrente, pode-se utilizar um

sinal por largura de pulso (PWM) para controlar o valor medio desta corrente. A

vantagem do uso deste tipo de amplificacao, chamados de classe-D, e o alto rendi-

mento.

Existe ainda o MOSFET, componente que opera de forma similar aos transisto-

res nos circuitos de amplificacao mostrados anteriormente, mas sendo comandados

somente por tensao e usados em geral sempre na saturacao. Assim, quando a tensao

aplicada no MOSFET esta acima de certo limite, ele permite a corrente circular no

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circuito como se este estivesse fechado. A grande vantagem de seu uso e a possibili-

dade de atingir altas frequencias de chaveamento. A Figura 6.8 mostra um circuito

chaveado utilizando um MOSFET e um diodo.

Figura 6.8: Circuito de amplificacao utilizando um MOSFET nos limites de sa-turacao para o chaveamento e um diodo.

O uso do diodo em paralelo com a carga e comum neste tipo de circuito para

que quando a chave esteja aberta, a corrente restante gerada pela inducao da bobina

decresca mais rapidamente circulando pelo diodo. Tambem e comum a utilizacao

da chamada Ponte H, ao inves do uso deste diodo, que consiste em usar quatro

transistores para permitir a corrente percorrer diferentes caminhos, possibilitando

uma descarga rapida e a inversao do fluxo da mesma. No caso do MMA, onde

nao e necessario inverter a direcao que a corrente percorre, pode-se utilizar entao

somente meia Ponte H, que utiliza dois transistores. Estes transistores vao abrir e

fechar alternadamente, alterando o percurso da corrente, chaveando o sistema [30].

No entanto, e importante garantir que estes transistores jamais estarao fechados

simultaneamente, o que gerara curto. Isto faz que seja necessario o uso de drivers

para realizar este papel de comandar os transistores [29].

Atualmente existem tambem uma diversidade de circuitos integrados que pos-

suem todo um circuito de amplificacao em um unico componente. Pode-se utilizar

para amplificar tensao, por exemplo, um amplificador operacional, que possui ja in-

ternamente o mesmo conceito da Ponte H, alem de outros componentes para protecao

e outras tarefas.

Para o projeto do amplificador do prototipo, algumas das alternativas mencio-

nadas foram consideradas e testadas. Como e desejada a implementacao do controle

por modos deslizantes, que possui intrınsicamente a ideia de chaveamento, foi pro-

jetado um circuito simples, com a presenca somente de um MOSFET e um diodo,

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conforme mostrado na Fig. 6.9. Resultado da simulacao deste circuito utilizando

o programa TINA, da Texas Instruments [31], pode ser visto na Fig. 6.10, onde e

possıvel observar o transiente da corrente e o efeito do chaveamento.

Figura 6.9: Circuito de amplificacao implementado no mancal, utilizando um MOS-FET para chaveamento.

Figura 6.10: Simulacao do transiente da corrente para um sinal de entrada PWMcom duty cycle de 50%.

O MOSFET utilizado foi o IRFZ34 (Anexo 2) e um diodo 1N4007. O esquema

completo de toda parte eletronica pode ser visto no Apendice D, juntamente com o

controlador escolhido, descrito na proxima secao, e o circuito de acondicionamento.

Este circuito apresenta vantagens e limitacoes para a implementacao do controle.

Apesar da simplicidade, ele permite a implementacao de controle por tensao de duas

maneiras diferentes, com diferencas conceituais explicadas a seguir.

Para um controle por corrente com o SMC padrao, o chaveamento do MOSFET

estara diretamente relacionado ao chaveamento da corrente. No entanto e conhecido

que ocorrera atraso da corrente para este caso, o que nao foi levado em conta no

modelo simulado no Cap. 5. Por se tratar de um sistema liga/desliga, a corrente

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deveria alternar entre o valor maximo e mınimo, gerando muito atraso, o que defor-

maria o sinal e faria com que o sistema perdesse potencia quando utilizado em altas

frequencias de chaveamento. Por tanto, este simples circuito nao e eficaz para este

caso, sendo necessario o uso de amplificadores mais potentes com retroalimentacao.

No controle por tensao o oposto acontece. O chaveamento do SMC padrao

tambem esta relacionado ao chaveamento direto do MOSFET e foi considerado no

modelo o atraso da corrente. Logo, altas frequencias deste chaveamento podem ser

realizadas. A corrente se comportara de forma semelhante ao conceito do PWM,

subindo, descendo e atingindo os valores previstos pelo modelo. A diferenca e que

o sinal nao tera uma frequencia constante, mas somente um liga/desliga em tempos

variados. Neste caso do controle por tensao, nao e possıvel a realizacao do SMC

modificado, ja que o MOSFET nao possui uma regiao linear boa de se trabalhar.

Portanto, o sistema construıdo permite o uso de basicamente dois tipos de con-

trole por tensao: com SMC modificado usando PWM, e com SMC padrao. A unica

diferenca fısica que se observara experimentalmente entre os sinais de resposta de

cada um destes controladores e a presenca de uma frequencia fixa para o primeiro

caso. A Figura 6.11 (a) mostra o controle sendo feito por meio do chaveamento da

tensao, onde a corrente e consequencia deste controle e seu valor nao possui relacao

direta com o sinal; ja na Fig. 6.11 (b), a frequencia e fixa e o sinal de controle diz

a largura do pulso, tendo uma relacao direta com tensao RMS, embora o atraso

causado pela inducao ainda esteja presente e mudancas bruscas ainda acarretem um

maior transiente.

Tensão Corrente Corrente Média

Figura 6.11: (a) Controle feito por chaveamento da Tensao; (b) Controle feito pormodulacao de largura de pulso (PWM).

A questao se o controle utiliza ou nao o PWM passa a ser algo aqui somente con-

ceitual, sobre o que o sinal do controlador esta relacionado, mantendo-se o princıpio

do chaveamento. E visto que, devido ao chaveamento sempre estar presente para

ambos os casos, a vibracao causada por ele nao podera ser completamente evitada

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nesta versao do SMC modificado, tirando um dos principais objetivos deste tipo de

controle, mas ao menos tal efeito podera ser controlado pela escolha da frequencia

do PWM.

Foi utilizada a fonte regulada SPS 3050, da Sincler, para alimentacao do sistema,

com uma capacidade maxima de 5A.

6.4 Processamento e Implementacao do Controle

A ultima etapa do projeto e a implementacao do controle. Este novo componente

pode ser dividido em tres partes: a aquisicao do sinal analogico do sensor e sua

conversao em digital; o processamento computacional dos valores, onde sera reali-

zada a filtragem e aplicada a lei de controle; e por ultimo o envio do sinal de saıda.

Nesta ultima etapa, como sera trabalhado somente saıda liga/desiga, ele pode na

verdade ser entendido como uma saıda digital, nao sendo necessaria a conversao

para analogico.

Alguns sistemas para realizar esta funcao foram estudados. O primeiro deles foi

a utilizacao de componentes da National Instruments, que e formado por uma placa

A/D (analogico-digital) para aquisicao e envio ao computador, o software LabView

e uma placa D/A (digital-analogico) para saıda do sinal. Apesar da simplicidade

e facilidade de uso deste metodo, ele possui uma limitacao para a velocidade de se

completar o ciclo de controle. A forma de comunicacao das placas com o PC e um

dos fatores limitantes, alem da presenca de um sistema operacional instalado no

computador que tende a consumir muita memoria, alem de poder alterar o tempo

de processamento do ciclo durante a sua execucao, dito jitter. Alguns testes foram

realizados e foram observados um intervalo em torno 30ms entre a aquisicao de

um sinal e sua respectiva saıda. Tal tempo e inadimıssivel para um sistema que

requer respostas muito rapidas, como e o caso do MMA. Este sistema foi entao

desconsiderado, sendo viavel sua utilizacao apenas com o uso de um sistema em

tempo real, ausente de sistema operacional, o que encareceria demasiadamente o

projeto.

Partiu-se entao para o uso de microcontroladores. A placa testada foi o Arduino

UNO, mostrada na Fig. 6.12, que utiliza o microcontrolador ATmega329, com os

dados especificados no Anexo 3. Esta placa ja possui em si um conversor A/D

de 10bits, o que permite a divisao da faixa de leitura do sensor em 1024 partes;

uma interface de programacao em uma linguagem C facilitada, ja com algumas

bibliotecas e configuracoes pre-instaladas; e saıdas digitais. A implementacao deste

sistema, alem do baixo custo, pode ser implementada com grande rapidez, devido a

sua boa interface com o usuario. Com o ciclo de controle que envolve contas simples,

como e o caso do SMC, foi possıvel obter frequencias de processamento na ordem de

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5kHz, o que ja e um bom valor para se trabalhar. Para se chegar a tal valor, nao

foi permitido manter a comunicacao serial do Arduino com o computador, pois isto

implica em grande queda desta frequencia. A leitura dos sensores durante o controle

foi realizada entao separadamente com um osciloscopio.

Figura 6.12: Placa microcontroladora Arduino UNO.

Alem das saıdas digitais comuns, o Arduino UNO possui 6 saıdas em PWM na-

tivas que sao programadas utilizando o relogio interno do proprio controlador. Isto

permite configurar frequencias de PWM na ordem de 62, 5kHz, superior a propria

frequencia de processamento, com uma largura do pulso modulada em 8bits. Esta

frequencia superior ao processamento faz com que o sistema continue chaveando

durante a execucao do ciclo de controle, mantendo a corrente na bobina em deter-

minado valor durante o procedimento, o que e vantajoso. Foi utilizado, no entanto,

7, 8kHz na frequencia de PWM para que os MOSFETS nao aquecessem demasi-

adamente, sendo este valor implementado para todas as portas PWM atraves de

programacao de baixo nıvel diretamente nos registros do microcontrolador.

Todos estes fatores mencionados levaram a escolha de tal placa para a utilizacao

no controle do mancal, sendo necessario uma placa para controle vertical e outra para

horizontal de um mancal. Com este ultimo componente determinado e devidamente

programado, como pode ser visto no Apendice E, a montagem pode ser finalmente

feita para a realizacao dos testes.

6.5 Montagem

A estrutura de suporte foi construıda com perfis de alumınio de forma a tentar

garantir a centricidade e alinhamento dos componentes. O aparente descaso com

este acoplamento e proposital, ja que um dos objetivos e analisar como os mancais

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magneticos podem ser vantajosos em sistemas desalinhados e descentralizados, ca-

racterısticas comuns que costumam ser grande problema em maquinas por causarem

falhas e fraturas. Alem disso foram utilizadas placas de polipropileno para realizar

o papel de apoio ao rotor e posicionamento dos sensores.

Sao utilizadas tres diferentes fontes de alimentacao: uma de 30V para os sensores

de posicao, uma de 9V para o Arduino UNO e uma fonte regulada em 5V com

limite maximo de 5A para os mancais. A Figuras 6.13 mostra fotos do experimento

montado.

(a) Experimento montado.

(b) Vista do mancal, rotor e sensores de posicao. (c) Circuito de chaveamento montado sobre oArduino.

Figura 6.13: Fotos do prototipo construıdo.

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Capıtulo 7

Resultados Experimentais

O objetivo deste capıtulo e mostrar as medicoes em um dos mancais construıdo

e mostrar que ele e capaz de realizar a tarefa de sustentar um eixo e manter sua

estabilidade. Dada a fase inicial de construcao do prototipo, os resultados aqui apre-

sentados sao parciais, mas sao dados primordiais para dar prosseguimento ao estudo

e, baseando-se na teoria, saber se eles serao capazes de posteriormente oferecer as

vantagens que sao oferecidas pelos mancais magneticos.

7.1 Medicao de forca

A primeira medicao e uma tentativa de se estimar a forca magnetica que o mancal

pode exercer. Como ja visto, utilizamos uma forma linearizada desta forca no ponto

de operacao e definimos ks e ki para parametrizar esta forca. Um procedimento

experimental para obtencao destas constantes e de difıcil obtencao, principalmente

para determinarmos o valor de ks.

Para medir esta constante que relaciona a forca com a posicao do mancal, de-

veria ser feito o posicionamento do mancal em diferentes pontos muito proximos ao

ponto de operacao e assim aplicada a corrente que gera o equilıbrio do sistema e

medida a forca. Este procedimento estaria sujeito a muitos erros experimentais e so

pode ser realizado com uma instrumentacao de precisao apropriada. Sendo assim,

somente o valor de ki foi medido, e, como na teoria existe uma constante que os

relaciona linearmente, este valor servira para comparacao ao resultado teorico das

duas constantes.

Medir ki envolve colocar o rotor em seu ponto de operacao e medir a forca exer-

cida para diferentes valores de corrente. Este procedimento tambem exige precisao,

mas pode ser realizado de maneira mais simples. Foi entao colocado um espacador

entre o rotor e o mancal, na parte inferior, com mesma espessura que a folga dese-

jada entre eles de 1, 0mm, de forma a manter o rotor no ponto desejado, mas ainda

permitindo-o movimentar-se para cima. Em seguida foi aplicada uma corrente cres-

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cente e observado o momento em que o rotor era atraıdo pelo mancal. Este primeiro

valor de corrente medido foi entao relacionado ao peso do mancal. Em seguida, uti-

lizando um dinamometro de mola na extremidade do rotor, foram aplicadas cargas

gradativas e realizado o mesmo procedimento de observar a corrente necessaria para

atrair o rotor.

Realizou-se este mesmo metodo para as quatro bobinas presentes no mancal. Os

resultados podem ser observados a seguir, na Fig. 7.1.

(a) Bobina superior.

(b) Bobina inferior.

(c) Bobina lateral direita.

(d) Bobina lateral esquerda.

Figura 7.1: Medicao da relacao entre forca e corrente de cada bobina do mancal.

O valor estimado para ki em cada direcao no mancal no Cap. 5 era de 20N/A,

mas levava em conta as bobinas superior e inferior, sendo assim relacionada a forca

resultante gerada por por ambas. Matematicamente, se for calculado o ki para uma

unica bobina, seu valor sera a metade, ou seja, 10N/A para cada bobina individu-

almente. Para aquele calculo, foi considerado tambem um ponto de operacao, dita

corrente de base, de 1A. Se calcularmos a tangente da reta que une os dois primeiros

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pontos dos graficos apresentados na Fig. 7.1, obtemos um valor experimental para

ki neste ponto de operacao. Os valores encontrados foram de 9,8, 9,6, 10,3 e 9,9

para a bobina superior, inferior, direita e esquerda, respectivamente. Tais valores se

aproximaram satisfatoriamente ao que foi estimado.

Ha grande probabilidade desta boa aproximacao ser consequencia de sobre-

posicao de hipoteses que tendem a aumentar ou diminuir o valor da constante. No

entanto, a teoria se mostrou eficaz para este calculo, o que tras mais confiabilidade

aos resultados obtidos nas simulacoes.

7.2 Controle unidirecional

Os primeiros testes sobre o controle do mancal foram realizados utilizando somente

a bobina superior, de forma a fazer um equilıbrio com o peso e obter a estabilidade.

Assim, foi testado primeiramente o Sliding Mode padrao. Foram medidos com o

sensor os limites de posicao no sentido vertical e determinado o ponto de operacao

como o centro desses limites. Nota-se que na programacao mostrada no Apendice E e

usado como unidade de posicao o numero de bits equivalente aquele posicionamento.

Foi dado um chute inicial para o parametro de controle λ e, conforme foram sendo

obtidos resultados, ele foi sendo ajustado. A potencia do sistema ficou por conta da

tensao de alimentacao, estipulada em 5V , o que fornece uma corrente maxima de

4, 2A a bobina.

A princıpio, como esperado, houve uma vibracao de grande amplitude, com o

eixo batendo constantemente no apoio. Foi entao observado um grande atraso do

sinal de controle em relacao ao que era lido pelos sensores. Tal atraso e inconcebıvel

e nao era condizente aos 5kHz de frequencia de processamento que foi medido com

o codigo implementado. Foi entao descoberto que este erro estava relacionado a

fase gerada pelo filtro digital, como mencionado anteriormente. De acordo com as

simulacoes realizadas, esta frequencia de processamento encontra-se perto do limite

mınimo para que seja possıvel alcancar a estabilidade, entao qualquer tipo de atraso

gera graves consequencias.

Sendo assim, diversas maneiras de se utilizar o filtro foram testadas, como a

utilizacao deste somente para o calculo da velocidade, diferentes frequencias de corte

e diferentes ordens de filtro. Dada a boa qualidade do sinal do sensor, a conversao

analogico-digital envolvida no processo e o citado atraso, os melhores resultados

foram obtidos com a ausencia de filtragem. Isto se deve ao fato da fase gerada pelo

filtro digital ser grande demais, mas a resolucao da digitalizacao (10bit) e a causa

mais relevante de erro para o calculo da velocidade. Uma maior resolucao traria

benefıcios neste aspecto, mas faria com que a presenca de um filtro se tornasse mais

necessaria.

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Eliminando-se entao o filtro, a estabilizacao de uma levitacao pode ser obtida

com consideravel rapidez. Porem, devido a ausencia de um controle horizontal, o

rotor permanece apoiado sempre do lado esquerdo ou direito. Isto era esperado,

pois devido a geometria do mancal, a forca exercida pelo par de bobinas superior

nao e uma unica forca vertical apontada para cima, mas duas forcas exercidas por

cada dente que se somam. Desta forma o posicionamento horizontal fica instavel e

nao controlado neste primeiro estudo.

Com o auxılio da placa NI-9234 e do programa Signal Express, ambos da Nati-

onal Instruments, a leitura dos sensores foi obtida medindo o mesmo sinal que era

entregue ao controlador. Os melhores resultados encontrados, com um λ = 100 e o

SMC padrao podem ser vistos a seguir, na Fig. 7.2.

Figura 7.2: Posicao do rotor com controle no sentido vertical em SMC padrao du-rante 0, 5s. Os limites superior e inferior representam os limites dado pela protecaoem acrılico.

Pode-se observar que para atingir tal estabilizacao foi necessario um valor de λ

muito maior que o utilizado nas simulacoes. Isto se deve ao ja comentado erro no

calculo da velocidade por conta da quantizacao da conversao A/D, que tende a gerar

valores amplificados devido ao pequeno perıodo de amostragem. Assim, na pratica,

teve-se de aumentar bastante o peso da posicao no controle para compensar esse

alto valor de velocidade calculada.

O sistema se estabilizou mantendo uma oscilacao de aproximadamente 100µm

de amplitude. Os valores maximo e mınimo no eixo das ordenadas representam os

limites delimitados pelo apoio. Como o sistema possui bastante potencia e pouca

carga lhe e conferido, a corrente acaba chegando a valores altos que causam maiores

vibracoes. Na Figura 7.3 vemos o espaco de estados do que foi medido. E importante

lembrar que o sistema ja se encontrava no ponto de equilıbrio desde o princıpio da

leitura.

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Figura 7.3: Espaco de estados da posicao do rotor com controle no sentido verticalem SMC padrao durante 0, 5s.

Este espaco de estados foi construıdo atraves da mesma medicao mostrada na

Fig. 7.2, com a velocidade calculada pelo mesmo programa. Como tal medicao foi

realizada a uma frequencia de 51, 2kS/s e com uma resolucao de 24bit, os erros no

calculo da velocidade sao mınimos. Logo, este espaco de estado nao retrata o que

e ”visto”pelo microcontrolador, mostrando algo muito mais proximo a realidade e

como o resultado nao se aproxima muito ao padrao que o SMC proporciona visto

nas simulacoes, devido aos erros mencionados.

A unica forma de melhorar o controle foi reduzindo a potencia de atuacao. O

problema deste metodo e que o sistema fica mais fraco e mais susceptıvel a ins-

tabilidade quando submetido a outras forcas. Por exemplo, para o rotor girando,

com cargas de desbalanceamento envolvidas, o rotor poderia comecar uma oscilacao

em maior amplitude e chegaria um ponto em que o mancal nao teria forcas para

coloca-lo no lugar. Com uma maior potencia, o mancal se torna mais resistente a

forcas externas, mas vibrara mais por conta do chaveamento do amplificador.

Parte-se entao para a utilizacao do controle utilizando-se PWM com o Sliding

Mode modificado, que se aproxima mais ao controle direto de corrente. Neste

metodo, a alta frequencia de chaveamento sera garantida, pois e fixado na pro-

gramacao. Assim, a corrente assumira valores intermediarios e podera se estabilizar

num ponto que equilibra a forca magnetica com o peso. O chaveamento da corrente

ainda existira, mas em baixa amplitude e numa frequencia muito mais alta, que e a

frequencia do PWM fixada em 7, 8kHz. Os melhores resultados obtidos podem ser

observados na Fig. 7.4, onde foi utilizado um λ = 120 e um ζ = 8.10−5.

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Figura 7.4: Posicao do rotor com controle no sentido vertical em SMC modificadodurante 0, 5s.

Os resultados ja se mostraram superiores nos primeiros testes. E notado que a di-

minuicao da potencia tambem traz mais estabilidade para este caso, mas foi mantido

a potencia maxima devido aos motivos apresentados anteriormente e tambem devido

a este controle ser capaz de manter a corrente mais baixa por sua alta frequencia

de chaveamento imposta. Existe uma mudanca clara em relacao a frequencia de

oscilacao. E interessante entao, para este caso, analisarmos tambem o seu espectro

em frequencia, visto na Fig. 7.5.

Figura 7.5: Espectro em frequencia da posicao vertical com SMC modificado.

Pode-se facilmente identificar alguns picos de baixa amplitude nas regiao de alta

frequencia como sendo relacionados a frequencia de PWM e seu primeiro harmonico,

alem de uma frequencia relacionada a velocidade de geracao do sinal. Fora isto,

o sistema apresentou uma frequencia fundamental no valor de 41Hz. Estas dife-

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rencas claras de cada controle ja mostram uma das grandes vantagens dos mancais

magneticos, que e a possibilidade de atuar no controle e fazer com que o sistema se

comporte da maneira desejada, mudando seus pontos de ressonancia.

Para efeitos de comparacao com um modelo simulado, os fatores limitantes men-

cionados precisam ser considerados. As simulacoes realizadas anteriormente nao con-

sideram as condicoes adversas que foram encontradas na pratica devido a ausencia

de recursos necessarios para tal, gerando assim resultados superiores. Fatores como

a quantizacao e ruıdo da entrada analogica, atraso e frequencia de processamento

e o PWM de saıda foram entao inseridos ao modelo para se poder comparar os

resultados e servir de prova de que os efeitos mencionadas foram de fato os limitan-

tes. Este modelo possui somente um grau de liberdade, pois seu unico objetivo e a

comparacao deste primeiro teste. A levitacao pode tambem ser estabilizada nesta

simulacao, mas novamente com o modo deslizante nao sendo nitidamente atingido.

A Figura 7.6 mostra a resposta em frequencia obtida.

Figura 7.6: Espectro em frequencia da simulacao com condicoes analogas ao expe-rimento.

O grafico mostra uma mesma frequencia dominante do experimento com nıveis de

amplitude similares e os picos em alta frequencia relacionados ao PWM. Isto entao

nao so comprova a eficacia do modelo, como comprova que um melhor sistema de

amplificacao traria um enorme benefıcio ao sistema.

Enfim, com esta boa estabilidade no resultado do controle vertical com uma

bobina, podemos partir para a utilizacao de todas as bobinas, incluindo um controle

tambem horizontal, buscando finalmente a completa levitacao.

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7.3 Controle bidirecional

Para ser realizado o controle nas duas direcoes e termos uma completa levitacao do

rotor precisamos fazer a leitura dos dois sensores e trabalhar com dois sinais de con-

trole. Alem disso, na secao anterior a levitacao foi realizada utilizando somente uma

bobina para balancear a forca peso. Para o caso do controle de posicao horizontal,

nao temos nenhuma forca constante para balancear, devendo dessa forma ser feito

o controle com o uso das duas bobinas laterais. Este controle envolve a complexi-

dade de se manter a estabilizacao de um unico sistema com controles independentes.

A vibracao gerada pelo controle vertical tambem excitara vibracao no sentido ho-

rizontal, e vice-versa. Sendo assim, optou-se pela implementacao direta do SMC

modificado, que ofereceu melhores resultados e permite uma melhor manipulacao

da corrente que corre nas bobinas.

Adicionalmente, sera tambem implementado para o controle vertical a utilizacao

da bobina inferior, de forma a resistir o movimento do rotor para cima. Como

discutido no Cap. 2, o mesmo sinal e utilizado para a bobina inferior e superior,

de formas opostas, mas e necessario uma determinada corrente a mais na bobina

superior para compensar o peso. Como o controle da bobina superior ja funciona

em capacidade maxima e sua corrente nao pode extrapolar o valor delimitado, o

que foi feito para esta compensacao foi a reducao forcada da corrente da bobina

inferior atraves da adicao de uma constante a largura de pulso do seu sinal PWM

(considerando que este sinal e um PWM invertido). Assim, o valor desta constante

no controle vertical foi devidamente calibrado de forma a compensar o peso e o

mancal passou a atuar nos dois sentidos.

O controle horizontal, apesar de mais simples, requer uma atencao referente

as variacoes dimensionais da folga. Novamente, o mesmo sinal e enviado as duas

bobinas, com um deles invertido. Assim, deveria-se chegar ao ponto de equilıbrio

com a mesma corrente passando em ambas, que seria a metade da corrente maxima.

No entanto, isto so acontece se as folgas de cada lado forem muito similares, assim

como a forca magnetica. No caso do apoio nao estar devidamente centrado com o

mancal, a mesma ideia utilizada no controle vertical deve ser usada, acrescentando

um valor de corrente a um dos lados para compensar este erro. Alem disso, foi

tambem reduzido este sinal de controle para limitar a corrente maxima nesta direcao,

ja que ele nao precisa compensar nenhum peso.

Deste modo, um passo importante para esta etapa foi calibrar estas correntes a

posicao de equilıbrio, para que esta se aproxime ao maximo do centro do apoio.

Para o processamento do sinal, duas placas Arduino foram utilizadas, uma para

cada direcao. Nao foi possıvel a utilizacao de um unico microcontrolador para

realizar ambos os controles, pois a conversao analogico-digital de dois sensores passou

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a consumir muito tempo e com baixa frequencia o controle se torna inviavel.

Como a fonte utilizada fornece um limite maximo de 5A e agora ela deve ali-

mentar sempre dois pares de bobina, e possıvel que o sistema apresente potencia

abaixo do esperado se exigido um valor maior que este limite. Isto se tornaria um

problema mais grave caso fosse usado o SMC padrao, mas para o modelo modificado,

a corrente assume um valor baixo para estabilizar a levitacao e nao sera limitante.

Finalmente, apos a calibracao do controle horizontal, foi entao estabilizada uma

levitacao completa. Os resultados sao mostrados nas Fig. 7.7.

limites

Figura 7.7: Posicao do rotor com controle bidirecional em SMC modificado durante0, 5s.

Este resultado mostra a independencia do controle em cada sentido, pelas diferen-

tes frequencias de vibracao, mas tambem como um influencia o outro, aumentando

a amplitude destas vibracoes. Na Figura 7.8 a seguir e possıvel ver sutilmente esta

levitacao pelo estreito ”anel”vazio entre o rotor e o apoio.

A potencia eletrica consumida e baixa. Foi possıvel ler na fonte um valor proximo

a 1A em media para alimentacao de todas as bobinas. Obviamente o valor indicado

na fonte nao mostra os picos atingidos, mas pode-se calcular a potencia efetiva do

sistema como somente 5W , para este caso do rotor parado.

Basicamente, foi observado novamente que a melhora da resposta do sistema e

obtida pela adequacao da potencia requerida. Neste teste, o SMC passou a atenuar

esta corrente de forma que se perdesse boa parte da forca magnetica e assim fazer

com que o sistema vibrasse menos. Esta nao e a solucao ideal, ja que e preciso que

o sistema aguente cargas mais altas posteriormente. Os problemas que limitam o

aumento da potencia sao basicamente tres: a velocidade de processamento do sinal e

os erros obtidos no calculo da velocidade devido a conversao analogico-digital. Tais

fatores sao essenciais para o bom desempenho do SMC, pois nao e possıvel fazer

a chamada mudanca de dinamica do sistema sem uma leitura precisa e um calculo

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Figura 7.8: Graficos da orbita do rotor em diferentes escalas com imagem ao fundomostrando o prototipo construıdo em levitacao estavel.

de velocidade confiavel. Ainda assim, a levitacao estavel foi possıvel e mostrou

que o sistema construıdo tem potencial para apresentar resultados ainda melhores e

aceitaveis para uma aplicacao pratica.

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Capıtulo 8

Conclusao

O projeto apresentou resultados satisfatorios dados os recursos disponıveis. As si-

mulacoes realizadas mostraram a viabilidade de projeto e tal fato pode ser demons-

trado atraves do experimento. A proposta de fazer um projeto eletronico simples,

confiando na robustez do controlador proposto, foi o principal responsavel por trazer

limitacoes a operacao do prototipo. Por conseguinte, o objetivo de se construir um

mancal e obter uma levitacao estavel foi atingido, mas nao foi possıvel a realizacao

de um estudo mais aprofundado para garantir uma melhor levitacao, com menor

amplitude de levitacao.

As limitacoes na eletronica de potencia e no microcontrolador utilizados sao di-

versas, causando um acumulo de fatores que interferem no resultado de maneira

negativa. O primeiro deles a ser citado e o amplificador de potencia. Embora o

simples circuito chaveado projetado forneca um controle de corrente razoavelmente

bom quando usado com PWM, os eventos diversos que acontecem dentro do mancal,

tal como transferencia de calor, correntes parasita, histerese, dentre outros, fazem

com que a corrente ou tensao verdadeira que esta ocorrendo seja uma incognita. Isto

faz com que o sinal gerado pelo controlador nao seja bem ”obedecido”pelo atuador,

prejudicando-o. O controle por tensao se mostrou viavel, tanto nas simulacoes como

no experimento, mas tecnicas mais elaboradas deveriam sem empregadas neste am-

plificador para garantir que esta tensao, ou a corrente, assumissem o valor desejado

com precisao.

O sistema de aquisicao e processamento utilizados tambem trouxeram limitacoes.

Embora os sensores de posicao indutivos tenham operado de maneira muito satis-

fatoria, a digitalizacao dos dados foi uma outra fonte que levou a erros. O calculo

da velocidade apresentou erro elevado principalmente devido a esta quantizacao.

Com isto, foi possıvel concluir que uma melhor resolucao na leitura dos sensores

traria mais vantagens que a utilizacao de um filtro. Foi visto que a filtragem digital

so e viavel se a velocidade de processamento for mais alto que o obtido, ou entao

deveria-se optar pela utilizacao de filtros analogicos.

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Nao obstante, o controlador foi capaz de trazer estabilidade ao sistema mesmo

com todos estes erros dos sinais de entrada e a nao garantia de uma saıda fiel

ao que foi calculado. Ainda, tendo em vista as simulacoes realizadas, em que nao e

considerada nenhuma das limitacoes de recurso inerentes ao experimento construıdo,

ficou demonstrado que e possıvel obter bons resultados e realizar as altas velocidades

e controle da dinamica, vantagens esperadas de se utilizar mancais magneticos.

Alem de servir de previsao para o bom funcionamento do prototipo, as simulacoes

trouxeram uma grande experiencia pessoal para atuar na planta real. Embora estas

simulacoes sempre tenham simplificacoes e muitas vezes seus resultados fujam da

realidade, ainda mais num sistema tao instavel como o apresentado, elas serviram

como o primeiro passo para se verificar o funcionamento do sistema e para se obser-

var os parametros mais e menos relevantes para o controle, assim como os efeitos que

mudancas nesses parametros podem trazer. Foi possıvel ver com antecedencia, por

exemplo, que a frequencia de processamento possui grande relevancia no processo

e que determinadas configuracoes de controle causavam um erro de estado esta-

cionario. Isto permitiu que, apos concluıda a construcao do sistema, a calibracao do

controle no sistema real pudesse ser feita com consideravel rapidez e perspicacia.

Uma vantagem importante dos MMA, que foi bem observada no prototipo cons-

truıdo, foi a nao necessidade de um sistema mecanico altamente centrado e ali-

nhado. Devido a forma que se deu a construcao mecanica, onde partes tiveram de

ser ajustadas enquanto se construıa outras e o tempo para tal era limitado, nao

foi possıvel uma montagem concisa e precisa, fazendo com que estes fatores ficas-

sem vulneraveis a precisao humana. No entanto, tais falhas mecanicas pouco foram

prejudiciais ao seu funcionamento, gracas a caracterıstica de robustez mecanica dos

mancais magneticos, onde e possıvel ajustar o controle ao que esta construıdo.

Ademais, a parte mais complexa da construcao, que foi a estrutura de chapas

que compoe o estator juntamente com o enrolamento e encaixe das bobinas, funci-

onou de forma bem eficiente e com bom isolamento magnetico. E evidente que a

disponibilidade de maior precisao mecanica, bem como um sistema de refrigeracao,

traria vantagens quanto a carga maxima que o mancal seria capaz de suportar, mas

isto nao elimina o fato de que o sistema se comportou como o esperado e trouxe

resultados satisfatorios.

Outro fator importante a ser comentado e em relacao ao custo. Um rolamento

esferico equivalente ao diametro utilizado custa em torno de R$40, 00. O custo mate-

rial para a construcao de um mancal magnetico foi de aproximadamente R$1.500, 00,

enquanto alguns dos comerciais podem custar ate dezenas de milhares, principal-

mente devido ao conhecimento tecnico necessario para sua implementacao. No en-

tanto, uma vez construıdo, a manutencao envolvida e de muito baixo custo e pouco

recorrente, com uma longa vida util. Alem disso, ele pode substituir equipamentos

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de monitoracao da maquina, executando uma tarefa que vai alem do que se espera

de mancais.

Por fim, foi visto tambem como e possıvel controlar a dinamica do sistema atraves

da mudanca de parametros do controlador. A partir do momento em que a estabi-

lidade foi atingida, nao foi possıvel obter grandes melhorias no sistema de controle

devido as limitacoes mencionadas, mas foi possıvel ver com clareza os diferentes

comportamentos que o sistema adotava de acordo com a configuracao. Esta carac-

terıstica prova a possibilidade vantajosa de se poder atuar na dinamica do sistema

de acordo com o desejado mesmo apos sua instalacao.

Com isso, conclui-se que muitas das vantagens propostas pelos mancais

magneticos puderam ser provadas e a viabilidade de sua construcao se mostrou

algo viavel. Embora muitas melhorias e testes ainda precisam ser realizados no

prototipo, foi visto que e possıvel a construcao deste componente de alta tecnologia

com poucos recursos, o que pode vir a tornar este componente mais comum e co-

mercializavel. O projeto cumpriu com a maior parte dos objetivos propostos e deu o

primeiro passo para outras pesquisas que poderao vir a ser realizadas sobre o mesmo

prototipo construıdo. Assim, espera-se que o trabalho aqui discutido e construıdo

venha a ser a base de estudo de futuros especialistas na area, servindo como sua

capacitacao, e traga assim avancos tecnologicos a toda a comunidade.

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Apendice A

Algoritmos implementados no

Maple

> restart;

‘Sophia for Maple R6 - 13 june 2000, based on version 2 December 1998‘

> #DADOS

> me:=1: #Massa

> l:=0.4: #Comprimento

> di:=0.01428: #Diametro

> g:=9.81: #Gravidade

> md:=0.01: #Massa de desbalanceamento

> a:=0.005: b:=0.005: c:=0.02: #Posicao do desbalanceamento

> posM1:=-0.15: posM2:=0.15: #Posicionamento dos mancais

> i0 := 1: #Corrente de base

> Ki:=19.9424*i0: Ks:=1.9942e+4*(i0ˆ2): #Parametros da forca magnetica

> psm:=200: Fsm:=1: #Paramertos do SMC

> Torque:=0.001: #Torque aplicado

> &kde 5: #Graus de Liberdade

q1t = u1 , q2t = u2 , q3t = u3 , q4t = u4 , q5t = u5> &rot [R,A,1,q1]: #Definicao das rotacoes e sistemas de coordenadas

‘Frame relation between R and A defined¡

> &rot [A,B,2,q2]:

‘Frame relation between A and B defined¡

> &rot [B,S,3,q3]:

‘Frame relation between B and S defined¡

> CM:=(md/me) &** (S &ev [a,b,c]): #Centro de massa> CG:=(R &ev [q4,q5,0]): #Centro geometrico> p:=CG &++ CM: #Posicao do eixo> Ix := (1/16)*me*diˆ2+(1/12)*me*lˆ2: Iy:=Ix: Iz := (1/8)*me*diˆ2:#Calculo do tensor de inercia> InercR:=EinertiaDyad(Ix,Iy,Iz,0,0,0,S):> InercD:=md &mpI (S &ev [a,b,c]):

> InercT:=InercR &++ InercD:

> In:=[me+md,InercT] &-> CM:

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> v:=&simp (R &fdt p): #Velocidade linear

> w:=R &aV S: #Velocidade angular

> vK:=subs(kde,&KM [v,w]):

> tau:=simplify(KMtangents(vK,u,5)): #Vetores tangentes ao movimento

‘Explicitly time dependent part:‘, [[[

0.0 −0.0 0.0], S], [

[0 0 0

], S], 2]

> G:=me &** v: #Quantidade de movimento linear

> H:=In &o w: #Quantidade de movimento angular

> GH:=&Ksimp (subs(kde,&KM [G,H]))

> GHt:=&Ksimp (subs(kde,R &Kfdt GH)): #Derivada das quatidades de movimento

> MGIF:=tau &kane GHt: #Projecao ortogonal das quantidades de moviemnto

> CManc1:=(R &ev [q4+posM1*sin(q2),q5-posM1*sin(q1),0]): #Posicao do eixo nosmancais

> CManc2:=(R &ev [q4+posM2*sin(q2),q5-posM2*sin(q1),0]):

> VManc1:=R &fdt CManc1: #Velocidade do eixo nos mancais

> VManc2:=R &fdt CManc2:> ReM1x:=Ki*i1x+Ks*(CManc1 &c 1): #Forcas de reacao dos mancais> ReM1y:=Ki*i1y+Ks*(CManc1 &c 2):> ReM2x:=Ki*i2x+Ks*(CManc2 &c 1):> ReM2y:=Ki*i2y+Ks*(CManc2 &c 2):

> ReMac1:=R &ev [ReM1x,ReM1y,0]:

> ReMac2:=R &ev [ReM2x,ReM2y,0]:

> #CONTROLE [SMC padrao]

> s1x:=psm*(CManc1 &c 1)+(VManc1 &c 1): #Superfıcie de deslizamento

> s2x:=psm*(CManc2 &c 1)+(VManc2 &c 1):

> s1y:=psm*(CManc1 &c 2)+(VManc1 &c 2):

> s2y:=psm*(CManc2 &c 2)+(VManc2 &c 2):

> i1x:=-Fsm*piecewise(s1x>0,1,s1x<0,-1,0): #SMC para a corrente

> i2x:=-Fsm*piecewise(s2x>0,1,s2x<0,-1,0):

> i1y:=-Fsm*piecewise(s1y>0,1,s1y<0,-1,0):

> i2y:=-Fsm*piecewise(s2y>0,1,s2y<0,-1,0):

> F:= ReMac1 &++ ReMac2: #Somatorio de Forcas atuantes no eixo> M:=(R &ev [0,0,Torque]) &++ ((S &ev [0,0,posM1]) &xx ReMac1) &++ ((S &ev[0,0,posM2]) &xx ReMac2): #Somatorio de Momento

> FM:=&KM [F,M]:

> GAF:=tau &kane FM: #Projecao ortogonal das forcas e momentos> Eqs:=seq(simplify(MGIF[j])=simplify(GAF[j]),j=1..5): #Sistema de equacoesdo movimento> stateEqn:=subs(toTimeFunction,Eqs[1],Eqs[2],Eqs[3],Eqs[4],Eqs[5], \kde[1],kde[2],kde[3],kde[4],kde[5]):

> cc:=q1(0)=0,q2(0)=0,q3(0)=0,q4(0)=-0.0004,q5(0)=0,u1(0)=0,u2(0)=0, \3(0)=0,u4(0)=0,u5(0)=0: #Condicoes iniciais

> tt:=time():> Result:=dsolve(stateEqn union cc,numeric,method=classical,stepsize=1e-4,maxfun=0);#Resulucao numerica do sistema de EDOs

Result := proc (x classical) ... endproc

> #PLOTAGEM

> with(plots):

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> odeplot(Result,[[t,q4(t)],[t,q5(t)]],0..50,legend=["cg1","cg2"],title="Posicao doCentro Geometrico",numpoints=100000);

> odeplot(Result,[[t,q1(t)],[t,q2(t)]],0..50,legend=["a1","a2"],numpoints=100000);

> odeplot(Result,[t,60*u3(t)/(2*Pi)],0..50,title="Velocidade de Rotacao");> i1xx:=-Fsm*(2*Heaviside(s1x)-1):> i1yy:=-Fsm*(2*Heaviside(s1y)-1):> odeplot(Result,[t,subs(toTimeFunction,i0+i1xx)],0..0.2,title="Corrente no Macal 1eixo x",numpoints=100000);> ReM1xx:=Ki*i1xx+Ks*(CManc1 &c 1):> ReM1yy:=Ki*i1yy+Ks*(CManc1 &c 2):> odeplot(Result,[t,subs(toTimeFunction,sqrt((ReM1xxˆ2)+(ReM1yyˆ2)))],0..50,title="Reacaono Mancal 1 eixo x",numpoints=10000);> plt1 := plot([-psm*xx], color = ’green’);> plt2 := odeplot(Result, [subs(toTimeFunction, ‘&c‘(CManc1, 1)),subs(toTimeFunction, subs(kde, ‘&c‘(VManc1, 1)))], 0 .. 1, numpoints = 200000);> display(plt1, plt2, view = [-0.41e-3 .. 0.3e-4, -0.4e-1 .. 0.8e-1]);> B := subs(toTimeFunction, (0.4e-6*Pi*260)*(i0+i1xx)/(.115/(0.8e4)+2*(0.1e-2-‘&c‘(CManc1,1)))); odeplot(Result, [t, B], 0 .. 0.2e-1)

> tf := time()-tt; #Tempo transcorrido para a resolucao do sistema em [s]

tf := 18332.458

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Apendice B

Algoritmos implementados no

Matlab e Simulink

%PARAMETROS [SI]

temposimu=2;

xini=-0.0004; % posicao horizontal inicial

% Rotor e mancais

Tq=0.001; % Torque

g=9.81; % aceleracao da gravidade

dia=0.01428; % diametro do rotor

l=0.4; % comprimento

m=1; % massa do rotor

dm=0.01; % massa de desbalanceamento

e=[0.005 0.005 0.02]; % posicao da massa de desbalanceamento

a=-0.15; b=0.15; % posicao dos mancais

c=-0.15; d=0.15; % posicao dos sensores

% Atuadores

mi0=pi*4e-7; % permeabilidade magnetica absoluta

miR=8e3; % permeabilidade magnetica relativa

l=0.115; % caminho do campo magnetico

Ar=2*0.0077*0.0165*cos(pi/8); % area de atuacao dos imas

n=260; % numero de voltas da bobina

s0e=0.001; % folga estacionaria

i0e=1; % corrente de base

res=1.2; % resistencia total da bobina

% Parametros do Controle

freq=10e3; % frequencia do ciclo em Hz

sigma=[20*eye(4) eye(4)];

FFF=-2.4*eye(4); % Sliding Mode padrao

% -----------------------------------------------

% PROPRIEDADES

mT=m+dm;

CM=(dm/m)*e;

Ix=(1/16)*m*(dia2)+(1/12)*m*(l2);

Iy=Ix;

Iz=(1/8)*m*(dia2);

Ine1=[Ix 0 0;0 Iy 0;0 0 Iz]; % Mom. de inercia do eixo balanceado no CG.

Ine2=dm*[e(2)2+e(3)2 -e(1)*e(2) -e(1)*e(3)

-e(1)*e(2) e(1)2+e(3)2 -e(2)*e(3)

-e(1)*e(3) -e(2)*e(3) e(1)2+e(2)2]; % Mom. de inercia do desbalanceamento no CG.

Ine3=mT*[CM(2)2+CM(3)2 -CM(1)*CM(2) -CM(1)*CM(3)

-CM(1)*CM(2) CM(1)2+CM(3)2 -CM(2)*CM(3)

87

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-CM(1)*CM(3) -CM(2)*CM(3) CM(1)2+CM(2)2]; % Transferencia do mom. ine. para o CM.

IneS=Ine1+Ine2-Ine3; % Momento de inercia do rotor no centro de massa

aa=Tq/Iz; % aceleracao angular

% Atuador

Ki=(((mi0*(n2)*Ar)/((s0e)2)).*i0e)*eye(4); % Ki estimado

Ks=(-((mi0*(n2)*Ar)/((s0e)3)).*(i0e.2))*eye(4); % Ks estimado

L=((Ki(1,1)/2)2)/abs((Ks(1,1)/2))*eye(4); % indutancia

R=res*eye(4); % resistencia

% -----------------------------------------------

% DINAMICA

% rotacao sera implementada nas matrizes pelo simulink

M=[IneS(2,2) 0 0 0;

0 m 0 0;

0 0 IneS(1,1) 0;

0 0 0 m];

G=[ 0 0 IneS(3,3) 0;

0 0 0 0;

-IneS(3,3) 0 0 0;

0 0 0 0]; % Matriz G sem o Omega

C=[c 1 0 0; d 1 0 0; 0 0 c 1; 0 0 d 1];

B=[a b 0 0; 1 1 0 0; 0 0 a b; 0 0 1 1];

Kss=B*Ks*B’;

AA=[zeros(4) eye(4) zeros(4);

-inv(M)*Kss -inv(M) inv(M)*B*Ki;

zeros(4) -inv(L)*Ki*B’ -inv(L)*R]; % Matriz A sem o G

BB=[zeros(4); zeros(4); inv(L)];

CC=[C zeros(4) zeros(4); zeros(4) C zeros(4)];

DD=[zeros(4); inv(M); zeros(4)];

U=[IneS(2,3) -IneS(3,1);

-m*e(2) m*e(1);

IneS(3,1) IneS(2,3);

m*e(1) m*e(2)]; % forca de desbalanceamento sem o Omega2

UU=[zeros(4,2); inv(M)*U; zeros(4,2)];

% -----------------------------------------------

% SIMULINK

open system(’SMVoltV7’);

set param(’SMVoltV7/A/A’,’Value’,mat2str(AA))

set param(’SMVoltV7/B’,’Gain’,mat2str(BB),’Multiplication’,’Matrix(K*u) (u vector)’)

set param(’SMVoltV7/C’,’Gain’,mat2str(CC),’Multiplication’,’Matrix(K*u) (u vector)’)

set param(’SMVoltV7/F’,’Gain’,mat2str(FFF),’Multiplication’,’Matrix(K*u) (u vector)’)

set param(’SMVoltV7/A/G’,’Value’,mat2str(G))

set param(’SMVoltV7/U’,’Gain’,mat2str(UU),’Multiplication’,’Matrix(K*u) (u vector)’)

set param(’SMVoltV7/Ki’,’Gain’,mat2str([zeros(4) zeros(4) Ki]),’Multiplication’,’Matrix(K*u)

(u vector)’)

set param(’SMVoltV7/Ks Bt’,’Gain’,mat2str([Ks*B’ zeros(4) zeros(4)]),’Multiplication’,’Matrix(K*u)

(u vector)’)

set param(’SMVoltV7/sigma’,’Gain’,mat2str(sigma),’Multiplication’,’Matrix(K*u) (u

vector)’)

set param(’SMVoltV7/Integrator’,’Initial’,mat2str([0 xini 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0]))

set param(’SMVoltV7/Omega’,’Slope’,num2str(aa))

set param(’SMVoltV7’,’FixedStep’,num2str(1/freq))

simu=sim(’SMVoltV7’,’StopTime’,num2str(temposimu));

T=simu.get(’T’);

Y=simu.get(’Y’);

uc=simu.get(’uc’);

xx=simu.get(’xx’);

fR=simu.get(’fR’);

% Algorıtimos para plotagem dos resultados (...)

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Fun

ção

A

Figura B.1: Diagrama de blocos no Simulink.

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Apendice C

Desenhos Mecanicos

R19

R42

100

100

5

10

10 7.300

45°

0.500

Chapa do estator

PESO:

Renan S. SiqueiraA4

FOLHA 1 DE 1ESCALA:1:1

Autor

TÍTULO:

MATERIAL:

DATAASSINATURANOME

Aço-silício GNO

QUALID

MANUF.

APROV.

VERIF.

DES.

90

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A

17.

50 4.5

0 1

0

10

42

36.40

11

13.48

14.28

DETAIL A

Porca M13

1

5

2

4

3

Montagem Eixo/RotorAlumínio

Aço 1020

Aço-silício GNO

Aço 1020

Aço-inox

WEIGHT:

Renan S. SiqueiraA4

SHEET 1 OF 1SCALE1:2

Name

TITLE:Material

5

4

3

2

1

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Apendice D

Eletronica

92

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Apendice E

Programacao em Arduino

. //PROGRAMACAO DO ARDUINO 1, CONTROLE VERTICAL

. #include <digitalWriteFast.h>

. long v=0; //velocidade

. long x=0; //leitura do sensor

. long x0=0; //leitura do sensor no instante anterior

. long t0=0; //tempo da aquisicao anterior

. long t=0; //tempo atual

. long e=0; //erro de posicao

. long s=0; //superfıcie de deslizamento do SMC

. long d=0; //distancia percorrida desde o ultimo instante

. long z=0; //fator zeta de atenuacao do SMC

. long u=0; //sinal de controle

. long sul=0; //sinal de controle especıfico da bobina sul

.

. void setup()

. pinModeFast(13,OUTPUT);

. digitalWriteFast2(13,HIGH); //saıda 5V

. pinModeFast(3,INPUT); //le sinal de 13 para botao on/off

.

. /*OC0A 6 Correspondencia entre variaveis

. OC0B 5 de OUTPUT PWM com numeracao

. OC1A 9 fısica do Arduino (Timers 1,2 e3, cada

. OC1B 10 um com Portas A e B)

. OC2A 11

. OC2B 3 */

. pinMode(9, OUTPUT); //saıdas utilizadas para controle vertical

. pinMode(10, OUTPUT);

. /* Configuracao dos bits das portas PWM:

. Registro COMnXb - onde nX e a correspondencia da porta (n e o timer/X e A ou B)

. e b e o bit (neste caso sao 2 bits: bit1 | bit0).

. 10 e PWM comum, 11 e PWM invertido. */

. /* Registro WGMb - sao 4 bits, 0101 e fast PWM de 8-bit para timer 1 */

. TCCR1A = BV(COM1A1) / BV(COM1B1) / BV(COM1B0) / BV(WGM12) / BV(WGM10);

. /*Registro CSn - 3 bits que determinam frequencia do PWM

. CSn2 CSn1 CSn0 freqPWM (bitsPWM sempre = 256 para timer 1)

. 0 0 1 16M/bitsPWM

. 0 1 0 16M/8*bitsPWM

. 0 1 1 16M/32*bitsPWM

. 1 0 0 16M/64 *bitsPWM */

. TCCR1B = BV(CS11) ; // 7.8 kHz fast PWM, para maior frequencia Mosfet superaquece

.

. x0=analogRead(A0); //x e leitura em bits do sensor (bits* como unidade de posicao)

94

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. t0=micros();

.

. void loop()

. if (digitalRead(3)) //determina que controle so acontece para botao ligado

. x=analogRead(A0); //leitura do sensor em 10-bits

. t=micros();

. d=x-x0;

. v=-d*1000000/(t-t0); //velocidade em bits*/s, o menos se da por causa do erro

. e=600-x; //erro em bits*

. s=80*e+v;

. z=1/10000; //zheta

. u=255-255/(1+exp(-s*z)); //funcao sigmoide

. OCR1A = u; //saıda PWM em 9

. sul=u+200;

. OCR1B = (sul>255)?255:sul ; //enfraquecimento do sul para compensacao do peso

. t0=t;

. x0=x;

.

. else //condicoes para botao desligado

. OCR1A = 0;

. OCR1B = 255;

.

. . //Codigo para controle horizontal e analogo.

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Anexo 1

Sensor de posicao IF6029

Made in Germany

Características do produtoSensor indutivo

Rosca metálica M12 x 1

c/ conector

Saída analógica 0...10 V(linear, gradiente: 5,55 V/mm) *)

Faixa de operação 0,2...2 mm; [b] embutido

Dados elétricosDC analógicoFunção eléctrica

15...30 DCTensão de operação [V]

< 20Consumo de corrente [mA]

IIClasse de proteção

simProtecção contra inversão depolaridade

Saídas0...10 V analógicoSaída

2000Carga mín. [Ω]

simproteção contra curto-circuitos

simProtecção contra sobrecarga

faixa de registo0,2...2Faixa de operação [mm]

precisão / desviosaço = 1 / aço inoxidável aprox. 0,7 / latão aprox. 0,5 / Alumínio aprox. 0,4 / cobre

aprox. 0,3Factores de correção

± 3 %; de UA máxErro de linearidade

± 2 %; de UA máxRepetibilidade

± 10 %; de UA máxCoeficiente de temperatura

Tempos de reação< 10Tempo de resposta [ms]

condições ambientais-25...80Temperatura ambiente [°C]

IP 67protecção

Certificações / testes1009MTTF [anos]

Dados mecânicosembutidomontagem

carcaça: latão revestido com bronze branco; face ativa: PBTMaterial da carcaça

0,045Peso [kg]

sensores indutivosIF6029

96

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Made in Germany

Características do produtoSensor indutivo

Rosca metálica M12 x 1

c/ conector

Saída analógica 0...10 V(linear, gradiente: 5,55 V/mm) *)

Faixa de operação 0,2...2 mm; [b] embutido

Dados elétricosDC analógicoFunção eléctrica

15...30 DCTensão de operação [V]

< 20Consumo de corrente [mA]

IIClasse de proteção

simProtecção contra inversão depolaridade

Saídas0...10 V analógicoSaída

2000Carga mín. [Ω]

simproteção contra curto-circuitos

simProtecção contra sobrecarga

faixa de registo0,2...2Faixa de operação [mm]

precisão / desviosaço = 1 / aço inoxidável aprox. 0,7 / latão aprox. 0,5 / Alumínio aprox. 0,4 / cobre

aprox. 0,3Factores de correção

± 3 %; de UA máxErro de linearidade

± 2 %; de UA máxRepetibilidade

± 10 %; de UA máxCoeficiente de temperatura

Tempos de reação< 10Tempo de resposta [ms]

condições ambientais-25...80Temperatura ambiente [°C]

IP 67protecção

Certificações / testes1009MTTF [anos]

Dados mecânicosembutidomontagem

carcaça: latão revestido com bronze branco; face ativa: PBTMaterial da carcaça

0,045Peso [kg]

sensores indutivosIF6029

Displays / elementos de operaçãodisplay amarelo (permanentemente aceso)dentro da faixa operacional

amarelo (Brilhando)fora da faixa operacional

conexão elétricaconectores M12Conexão

Fiação

Acessórios2 porcas de fixaçãoacessórios (incluídos)

NotasNotas *) para alvo 12x12x1 mm feito de aço doce e aproximação frontal

1Quantidade [peça]

ifm electronic gmbh • Friedrichstraße 1 • 45128 Essen — Nos reservamos o direito de fazer alterações técnicas sem aviso prévio — PT — IF6029 — 08.03.2006

sensores indutivosIF6029

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Anexo 2

Mosfet IRFZ34N

Document Number: 91290 www.vishay.comS11-0517-Rev. B, 21-Mar-11 1

This datasheet is subject to change without notice.THE PRODUCT DESCRIBED HEREIN AND THIS DATASHEET ARE SUBJECT TO SPECIFIC DISCLAIMERS, SET FORTH AT www.vishay.com/doc?91000

Power MOSFET

IRFZ34, SiHFZ34Vishay Siliconix

FEATURES• Dynamic dV/dt Rating

• 175 °C Operating Temperature

• Fast Switching

• Ease of Paralleling

• Simple Drive Requirements

• Compliant to RoHS Directive 2002/95/EC

DESCRIPTIONThird generation Power MOSFETs from Vishay provide thedesigner with the best combination of fast switching,ruggedized device design, low on-resistance andcost-effectiveness.The TO-220AB package is universally preferred for allcommercial-industrial applications at power dissipationlevels to approximately 50 W. The low thermal resistanceand low package cost of the TO-220AB contribute to itswide acceptance throughout the industry.

Notesa. Repetitive rating; pulse width limited by maximum junction temperature (see fig. 11).b. VDD = 25 V, starting TJ = 25 °C, L = 259 μH, Rg = 25 Ω, IAS = 30 A (see fig. 12).c. ISD ≤ 30 A, dI/dt ≤ 200 A/μs, VDD ≤ VDS, TJ ≤ 175 °C.d. 1.6 mm from case.

PRODUCT SUMMARYVDS (V) 60

RDS(on) (Ω) VGS = 10 V 0.050

Qg (Max.) (nC) 46

Qgs (nC) 11

Qgd (nC) 22

Configuration Single

N-Channel MOSFET

G

D

S

TO-220AB

GDS

Available

RoHS*COMPLIANT

ORDERING INFORMATIONPackage TO-220AB

Lead (Pb)-freeIRFZ34PbF

SiHFZ34-E3

SnPbIRFZ34

SiHFZ34

ABSOLUTE MAXIMUM RATINGS (TC = 25 °C, unless otherwise noted)PARAMETER SYMBOL LIMIT UNIT

Drain-Source Voltage VDS 60V

Gate-Source Voltage VGS ± 20

Continuous Drain Current VGS at 10 VTC = 25 °C

ID30

ATC = 100 °C 21

Pulsed Drain Currenta IDM 120

Linear Derating Factor 0.59 W/°C

Single Pulse Avalanche Energyb EAS 200 mJ

Maximum Power Dissipation TC = 25 °C PD 88 W

Peak Diode Recovery dV/dtc dV/dt 4.5 V/ns

Operating Junction and Storage Temperature Range TJ, Tstg - 55 to + 175 °C

Soldering Recommendations (Peak Temperature) for 10 s 300d

Mounting Torque 6-32 or M3 screw10 lbf · in

1.1 N · m

* Pb containing terminations are not RoHS compliant, exemptions may apply98

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Anexo 3

Microcontrolador ATmega328

Features• High Performance, Low Power AVR® 8-Bit Microcontroller• Advanced RISC Architecture

– 131 Powerful Instructions – Most Single Clock Cycle Execution– 32 x 8 General Purpose Working Registers– Fully Static Operation– Up to 20 MIPS Throughput at 20 MHz– On-chip 2-cycle Multiplier

• High Endurance Non-volatile Memory Segments– 4/8/16/32K Bytes of In-System Self-Programmable Flash progam memory

(ATmega48PA/88PA/168PA/328P)– 256/512/512/1K Bytes EEPROM (ATmega48PA/88PA/168PA/328P)– 512/1K/1K/2K Bytes Internal SRAM (ATmega48PA/88PA/168PA/328P)– Write/Erase Cycles: 10,000 Flash/100,000 EEPROM– Data retention: 20 years at 85°C/100 years at 25°C(1)

– Optional Boot Code Section with Independent Lock BitsIn-System Programming by On-chip Boot ProgramTrue Read-While-Write Operation

– Programming Lock for Software Security• Peripheral Features

– Two 8-bit Timer/Counters with Separate Prescaler and Compare Mode– One 16-bit Timer/Counter with Separate Prescaler, Compare Mode, and Capture

Mode– Real Time Counter with Separate Oscillator– Six PWM Channels– 8-channel 10-bit ADC in TQFP and QFN/MLF package

Temperature Measurement– 6-channel 10-bit ADC in PDIP Package

Temperature Measurement– Programmable Serial USART– Master/Slave SPI Serial Interface– Byte-oriented 2-wire Serial Interface (Philips I2C compatible)– Programmable Watchdog Timer with Separate On-chip Oscillator– On-chip Analog Comparator– Interrupt and Wake-up on Pin Change

• Special Microcontroller Features– Power-on Reset and Programmable Brown-out Detection– Internal Calibrated Oscillator– External and Internal Interrupt Sources– Six Sleep Modes: Idle, ADC Noise Reduction, Power-save, Power-down, Standby,

and Extended Standby• I/O and Packages

– 23 Programmable I/O Lines– 28-pin PDIP, 32-lead TQFP, 28-pad QFN/MLF and 32-pad QFN/MLF

• Operating Voltage:– 1.8 - 5.5V for ATmega48PA/88PA/168PA/328P

• Temperature Range:– -40°C to 85°C

• Speed Grade:– 0 - 20 MHz @ 1.8 - 5.5V

• Low Power Consumption at 1 MHz, 1.8V, 25°C for ATmega48PA/88PA/168PA/328P:– Active Mode: 0.2 mA– Power-down Mode: 0.1 µA– Power-save Mode: 0.75 µA (Including 32 kHz RTC)

8-bit Microcontroller with 4/8/16/32K Bytes In-SystemProgrammable Flash

ATmega48PAATmega88PAATmega168PAATmega328P

Rev. 8161D–AVR–10/0999