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PROJETO FOLHAS E A SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Elaine Colletti Thrun 1
Prof. Marcos Aurélio Zanlorenzi 2
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo verificar se o Projeto Folhas pode contribuir de forma significativa para a socialização do conhecimento científico nas aulas de Matemática quando aplicado aos alunos da rede pública de ensino nas séries finais do ensino fundamental do Estado do Paraná. A pesquisa caracterizou-se como investigação matemática, pois o modelo do Projeto Folhas aplicado teve como fundamento teórico de sua construção a investigação e a interdisciplinaridade. Sua abordagem é qualitativa na busca de aprimorar, a cada dia, o ensino-aprendizagem e também de socializar o conhecimento por meio da atividade Folhas de Matemática deixando de lado a fragmentação disciplinar, comum nas ações escolares.
PALAVRAS-CHAVE : interdisciplinaridade. investigação matemática. projeto Folhas.
ABSTRACT : This paper proposes verify if the Folhas Project can contribute significantly to the socialization of scientific knowledge in Math classes when applied to students of public schools in the last series of elementary school in the state of Paraná. This research was characterized as mathematical quest, because the model Folhas Project had applied as a theoretical foundation of its building research and interdisciplinarity. His approach is qualitative in the quest to improve, every day, teaching-learning and also to socialize knowledge through Math Folhas activity leaving aside the disciplinary fragmentation common in school activities.
Key words : interdisciplinary. mathematical research. Folhas Project.
1. INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE é uma política de
valorização dos professores que atuam na Rede Pública de Ensino do Estado do
Paraná que, por sua vez, reitera os princípios político-pedagógicos da Secretaria
1 Licenciada em Matemática trabalha na Rede Estadual de Ensino desde 1986. 2 Professor da Universidade Federal do Paraná – UFPR – Setor Litoral – Matinhos Paraná.
Estadual da Educação - SEED. Tal política apresenta uma nova concepção de
formação continuada que permite ao professor PDE condições de atualização e
aprofundamento dos conhecimentos na sua área disciplinar por meio das atividades
acadêmicas, possibilitando uma reflexão teórica e mudanças na sua prática
pedagógica.
O retorno às atividades acadêmicas da área de formação inicial foi realizado
de forma presencial nas universidades parceiras da SEED, como a Universidade
Federal do Paraná - Litoral por meio de encontros de áreas, encontros de
orientação, seminários temáticos, encontros regionais e cursos.
Ao ingressar no PDE o professor tem direito ao afastamento remunerado de
100% da carga horária efetiva no primeiro ano e de 25% no segundo ano do
programa. Esse afastamento foi regulamentado pela Resolução Secretarial nº
334/2011-GS/SEED, conforme disposto no Art. 13 da Lei Complementar nº103/04.
A atividade inicial nesse processo foi a elaboração de um projeto em conjunto
com o professor orientador da UFPR-Litoral. Ele se constituiu em uma proposta de
intervenção na realidade escolar que deveria ser estruturada a partir de três grandes
eixos: a proposta de estudo desenvolvida ao longo de dois anos, a elaboração de
material didático para uso nas escolas e a orientação do Grupo de Trabalho em
Rede - GTR, que envolveu um grupo de professores da rede pública estadual.
As atividades foram desenvolvidas sob a responsabilidade dos professores
orientadores das Instituições de Ensino Superior do estado, a partir da definição do
objeto de estudo pelo professor PDE, de acordo com sua área/disciplina de ingresso
no programa, da seguinte forma:
• Eixo 1 - Atividades de integração teórico-práticas
- Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola: atividade realizada no 2o
período do programa; Produção Didático Pedagógica que partiu da delimitação da
situação problema, seguida da justificativa, dos objetivos, da fundamentação teórica,
das estratégias de ação, do cronograma e das referências;
- Orientação nas IES: processo que ocorre em todos os períodos do
Programa na sede da IES na qual o professor PDE é vinculado;
- Produção Didático Pedagógica: caracterizou-se como material didático e se
constituiu como uma das atividades que foi elaborada no 2º período do programa,
sob a orientação do professor orientador da IES;
- Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógico na Escola: atividade
que foi realizada no 3º período do programa por meio da atuação do professor PDE
na escola, juntamente com a orientação do GTR;
- Trabalho Final (Artigo Científico): trata-se do presente trabalho. Atividade
realizada no 4º período do programa e que consistiu na etapa conclusiva da
atividade de aprofundamento teórico-prático, em articulação com as atividades
anteriores. Neste artigo será apresentado e discutido o Plano de Trabalho
desenvolvido no PDE, ressaltando-se sua fundamentação e principais resultados.
• Eixo 2 - Atividades de aprofundamento teórico como: cursos na IES,
inserção acadêmica, encontro de áreas e webconferências.
• Eixo 3 - Atividades didático pedagógicas com utilização de suporte
tecnológico, tais como:
- Sacir: visa o acompanhamento de todas as ações desenvolvidas pelo
professor PDE no programa;
- Ambiente Virtual de Aprendizagem da SEED (ambiente no qual é realizada
formação tecnológica): Informática, Sacir e Tutoria;
- Grupo de Trabalho em Rede: desenvolvido no terceiro período com o intuito
de socializar as produções dos professores PDE e professores da Rede por meio do
Ambiente Virtual da SEED3.
2. PROJETO FOLHAS E A SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Socializar os conhecimentos produzidos pela humanidade é uma das funções
da escola; é nesse espaço de diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os
conhecimentos do cotidiano popular que os professores devem organizar o seu
trabalho pedagógico utilizando recursos didáticos que possibilitem a relação dos
conteúdos disciplinares com o cotidiano dos alunos.
A disciplina de Matemática reúne muitos saberes que devem ser refletidos
nas dimensões científicas, artísticas, culturais e históricas, possibilitando um trabalho 3 Informações obtidas a partir do site: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br.
pedagógico que aponte para a totalidade do conhecimento e sua relação com o
cotidiano.
Para que a escola contribua com o desenvolvimento da sociedade e faça com
que o aluno se integre nesse processo é necessário ressignificar o saber, deixando
de lado a prática de fragmentação disciplinar que é comum nas ações escolares.
Este projeto tem como tema a Investigação Matemática e Interdisciplinaridade
e tem como objetivo verificar se o Projeto Folhas pode contribuir de forma
significativa para a socialização do conhecimento científico nas aulas de
Matemática.
A concepção em que Tomaz, Davi (2012) apoia a sua produção se aproxima
da ideia da interdisciplinaridade como:
(...) possibilidade de, a partir da investigação de um objeto, conteúdo, tema de estudo ou projeto, promover atividades escolares que mobilizem aprendizagem vistas como relacionadas, entre as práticas sociais das quais os professores e alunos estão participando, incluindo as práticas disciplinares. A interdisciplinaridade se configura, portanto, pela participação dos alunos e professores nas práticas escolares no momento em que elas são desenvolvidas, e não pelo que foi proposto a priori. (TOMAZ, DAVI, 2012, p.26-27)
Para Ponte, Brocado e Oliveira:
Em contextos de ensino e aprendizagem, investigar não significa necessariamente lidar com problemas muito sofisticados na fronteira do conhecimento. Significa, tão só, que formulamos questões que nos interessam para as quais não temos respostas prontas, e procuramos essa resposta de modo tanto quanto possível fundamentado e rigoroso. (PONTE, BROCADO e OLIVEIRA, 2006, p.09)
Segundo o Manual do Folhas as atividades devem ser:
(...) Provocativas, intrigantes, mobilizadoras, reflexivas e incluídas ao longo de todo o texto realimentando a mobilização alcançada pelo problema inicial, indicando ao aluno a continuidade da pesquisa, possibilitando o desenvolvimento das várias linguagens” (MANUAL FOLHAS, p.6)
Pode-se considerar que os conceitos de interdisciplinaridade e investigação
se complementam. Para que o professor aborde o conteúdo por meio da
investigação matemática ele deve ter em mente a forma de organização de sua aula
de investigação e que a problematização deve ser do interesse de todos e com valor
social. Os alunos devem ser estimulados pelo professor a mudarem a sua prática, a
buscarem a resposta à problematização. Nessa busca, a interdisciplinaridade
possibilita que a atividade com conteúdos de outras disciplinas contribuam na
compreensão da teoria e da prática, podendo ser desenvolvidas as várias
linguagens.
A investigação matemática é uma tendência metodológica que articula os
conteúdos estruturantes com os conteúdos básicos4. O Projeto Folhas é um recurso
didático constituído pelo mesmo princípio teórico da investigação matemática.
É nesse sentido que tomo a utilização do Projeto Folhas como a possibilidade
de ressignificação no processo de ensinar e aprender Matemática, pois a sua
abordagem contempla problema, desenvolvimento teórico, propostas de atividades
abertas, conhecimentos contextualizados, interdisciplinares, bem como a pesquisa.
O diferencial que poderá trazer benefícios na construção da aprendizagem
será a postura do professor. Dessa forma, para Ponte, Brocado e Oliveira (2006,
p.47- 48), o professor deve adequar o ambiente da sala de aula para os trabalhos e
estimular os alunos para realização das atividades, garantir o andamento da
investigação escolhendo questões/situações desafiadoras. Como as questões são
abertas, o professor deverá estimular a criatividade, o questionamento e a
formulação de novas questões.
Assim, numa aula com investigações o professor deve apoiar o trabalho dos
alunos, privilegiando uma postura interrogativa. Quando os alunos apresentarem
dúvidas, o melhor a fazer é devolver a pergunta ao aluno para que ele possa refletir
sobre o seu problema.
São essenciais que sejam selecionados recursos didáticos que auxiliem o
aluno na construção dos saberes matemáticos e sirvam de apoio ao professor na
mediação do conhecimento visando a socialização do mesmo.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Paraná recomendam que
os conteúdos sejam abordados por meio de tendências metodológicas da Educação 4 Conteúdos Estruturantes são os conhecimentos de grande amplitude, os conceitos e as práticas
que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a sua compreensão. Constituem-se historicamente e são legitimados nas relações sociais. Os conteúdos estruturantes se desdobram em conteúdos básicos (também chamados por alguns de “específicos”, como no caso do Folhas utilizado neste projeto de intervenção). Os conteúdos básicos deverão ser abordados de forma articulada, que possibilitem uma intercomunicação e complementação dos conceitos pertinentes à disciplina de matemática. (DCEs de Matemática, 2008, p. 80).
Matemática, como a Investigação Matemática, que fundamenta a prática docente.
Assim, o Projeto de Intervenção para o 6º ano do Colégio Estadual Emílio de
Menezes, Ensino Fundamental e Médio, visa atender esta recomendação.
O Projeto de Intervenção teve como material de apoio a Produção Didático
Pedagógica no formato de Unidade Didática, que é uma Atividade Folhas de
Matemática com o título “Matemática e o Lixo” de autoria da professora Lucimar
Donizete Gusmão. O conteúdo estruturante escolhido para a composição da
atividade é Tratamento da Informação e o conteúdo específico, Estatística,
articulando-se de forma a enriquecer o processo pedagógico.
Os conteúdos da matemática se apresentam por meio de atividades
contextualizadas, de pesquisas e os questionamentos levam os alunos a repensar a
realidade das suas casas, da escola, do bairro, de Curitiba, do Brasil, do planeta.
Utiliza a relação interdisciplinar com as disciplinas de Geografia e Ciências em
atividades sociais úteis.
As atividades práticas do Folhas de Matemática envolvem recursos didáticos
como jornais, revistas, computadores, internet, calculadora e visita à usina de
reciclagem de lixo. O problema a ser pesquisado é simples, mas está presente
diariamente no cotidiano dos alunos: “Um papel de bala contribui para um aumento
de lixo nas cidades? O que os números, a matemática tem a ver com o problema do
lixo? A matemática pode influenciar o problema do lixo?”.
A concretização da aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica
selecionado e organizado pela professora PDE substitui práticas pedagógicas
tradicionais por práticas pedagógicas onde o conhecimento é socializado por meio
do Projeto Folhas e retoma a discussão no GTR sobre o investimento em políticas
públicas que possibilitem o professor construir novos Folhas.
3. PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
O desenvolvimento da unidade didática se deu na turma do 6o ano do Colégio
Estadual Emílio de Menezes e buscou aprimorar o ensino e a aprendizagem por
meio de uma abordagem qualitativa do tema trabalhado.
O estabelecimento, localizado no bairro Capão Raso em Curitiba, atende em
média 1.365 alunos que residem nas imediações e também vindos de outros bairros
como Pinheirinho, Tatuquara, Fazenda Rio Grande, Araucária, Sitio Cercado e CIC.
Seu funcionamento é dividido nos turnos: matutino, vespertino e noturno. Tem
como filosofia, descrita no Projeto Político Pedagógico, oferecer uma educação em
contínua evolução, formando cidadãos participativos, conscientes do seu papel na
sociedade e em condições de transformá-la sempre pensando no bem comum. A
comunidade escolar é atuante e participa das atividades da escola o que favorece a
aceitação de mudanças nas práticas pedagógicas e o desenvolvimento das etapas
do projeto em tela.
O referido projeto começou a ser esboçado em 2013, com a discussão da
intenção do mesmo com a equipe da escola; logo após seguiu com a revisão
bibliográfica sobre investigação e interdisciplinaridade, seguida da apresentação do
modelo do material didático Projeto Folhas e da seleção de uma Atividade Folhas de
Matemática dentro do conteúdo curricular do 6º ano contido no acervo do Projeto
Folhas que fez parte da Unidade Didática.
Iniciou-se em 2014 com o desenvolvimento da Atividade Folhas de
Matemática selecionada. Ainda no primeiro semestre foram organizadas as etapas
para a coordenação do grupo de estudo Grupo de Trabalho em Rede onde foi
analisado o Projeto de Intervenção e também um espaço de discussão no GTR das
possibilidades do Folhas como recurso didático e formação profissional.
O Folhas de Matemática “Matemática e o Lixo” apresenta as atividades
listadas a seguir:
• 25/02 e 26/02 - Atividade 1: pesquisa sobre a estimativa do lixo
produzido por pessoa na casa de cada aluno e o total da turma;
• 27/02 - Atividade 2: pesquisa “Os números sempre foram como
conhecemos hoje?” Pesquisa como os povos primitivos representavam seu sistema
numérico;
• 06/03, 10/03, 11/03, 12/03 - Atividade 3: montar tabelas e trazer figuras
de diferentes tipos de gráficos e tabelas para serem apresentados e estudados pela
turma com o auxílio do professor;
• 13/03, 17/03, 18/03, 25/03 - População rural e urbana: crescimento da
população, pesquisa da definição de cidade, densidade demográfica;
• 26/03 e 27/03 - Pesquisa da movimentação dos pais ou representantes
dos alunos e construção de tabelas com o resultado.
A entrega do caderno contendo o Material Didático completo para os alunos,
no dia 20 de fevereiro, abriu o processo de intervenção. Esse caderno fez parte do
material do aluno para facilitar o acompanhamento pelos pais. Após a entrega do
material seguiram-se as explicações sobre o projeto e a exploração do mesmo pelos
alunos. Alguns leram a história inicial, outros olharam as figuras coloridas e depois
voltaram para ler a historia inicial.
Seguem alguns diálogos surgidos a partir da implementação do Projeto de
Intervenção:
PROFESSORA: Bom, agora que já olharam o material do que trata o nosso estudo? ALUNOS: Lixo, papel de bala, sujeira, água. DUNEA: Pastor e ovelhas.
Os alunos citaram o que leram no problema e o que visualizaram nas figuras.
PROFESSORA: E a matemática?
Dunea olhou na figura das ovelhas e do pastor e no texto ao lado, enquanto
os alunos faziam as relações como, por exemplo, a quantidade de lixo no mundo e
disse:
DUNEA: A matemática serve para contar as ovelhas. PROFESSORA: Dunea, você já sábia? DUNEA: Não, li agora! PROFESSORA: Vocês tem interesse em trabalhar nestas atividades? ALUNOS: Sim! ALUNOS: Vai valer nota? PROFESSORA: Vocês querem que faça parte da avaliação (nota de trabalho)? ALUNOS: Sim! PROFESSORA: Será incluída. Então com base no que vocês já sabem sobre o tema
vamos trabalhar as atividades para que vocês aprendam cada vez mais e o que estudarmos tenha um significado para vocês.
Em alguns momentos, nós trabalharemos em grupos e, em outros, individualmente. Mesmo se a discussão for feita em grupo os registros serão feitos individualmente nas páginas em branco que foram colocadas depois das atividades, olhem todos. Acharam?
ALUNOS: Sim.
Nos dias seguintes foram aplicadas as atividades que fundamentam o
resultado final deste trabalho. Na sequência é descrita uma atividade.
Na atividade anterior à que segue, discutimos o problema da superpopulação
e da má distribuição de renda, problemas de infraestrutura e ambientais, como o
acúmulo de dejetos, lixo, industriais, urbano, despejo de esgotos inapropriados,
emissão de gases tóxicos, poluição sonora e visual entre outros.
25/03 - Alunos organizados em grupo de 6.
PROFESSORA: Com base em todos os problemas causados pela movimentação da população que estudamos na atividade anterior vimos que a população rural vem para a cidade tendo que viver em condições precárias. Responda a seguinte pergunta: vocês lembram quais são as condições precárias em que as pessoas vivem?
RICARDO: Favelas. VÁRIOS: Ruas. PROFESSORA: Embaixo de viadutos, locais sem infraestrutura. A população vem para cidade em busca de que? LUCAS: Emprego. DUNEA: A vida lá é difícil, vem procurar emprego! PROFESSORA: Difícil por quê? DUNEA: É muito trabalho pesado! TIAGO: Tem muita seca daí vem para a cidade. PROFESSORA: Será que resolve o problema? TIAGO: Ele ficou pensando, de água sim, mas se ele tiver dinheiro para pagar
resolve.
Alguns alunos se manifestaram que recebem visitas de pessoas da zona
rural; uns vem para irem ao médico, outros para fazerem compras.
RICARDO: Eu queria morar no sitio. PROFESSORA: Por quê? RICARDO: Porque é mais sossegado e tem trator! PROFESSORA: Bom já que vocês estão organizados em grupo reflitam e registrem qual
é a definição de cidade para vocês.
Figura 1 - Definição de cidade para o grupo
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Agora digam na sequência em que eu chamar qual a definição de cidade para vocês.
Peguem o material (livros, dicionários, impressos tirados da internet) separado nas mesas e procurem a definição de cidade. Façam o registro.
Vamos socializar as definições que os grupos escolheram. Grupos leram as definições.
Figura 2 - Definições de cidade socializadas pelos grupos
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Peguem as revistas e observando a definição de densidade demográfica discutida na atividade anterior façam a atividade 2. Observem que se trata de figuras que retratam lugar com baixa densidade demográfica e lugar com alta densidade demográfica.
Figura 3 - Densidade demográfica: Zona Urbana e Zona Rural
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Bom! Vocês lembram que eu pedi para perguntarem aos pais,
responsáveis e avós sobre o lugar onde nasceram e se eles ainda vivem no mesmo lugar? Quantos de vocês perguntaram aos pais ou responsáveis?
Todos os alunos levantaram a mão.
PROFESSORA: E para os avós? RICARDO: Nenhum. PROFESSORA: Então o nosso gráfico só será feito com os dados dos pais ou
responsáveis. Vamos começar? Vou iniciar pelo grupo 1. ALISSON: Meu pai nasceu em Curitiba e permanece em Curitiba. MARIA CLARA: Meu Pai nasceu em Curitiba e permanece em Curitiba.
E assim seguiu-se até o ultimo grupo marcando o resultado obtido no quadro
para que os grupos acompanhassem e fizessem o registro.
PROFESSORA: Alunos organizem a sala de aula sem fazer muito barulho para não atrapalharem o andamento das salas ao lado. Vamos deixar os nossos registros organizados para fazer o gráfico amanhã. Na atividade 6 tem um link. Gostaria que os grupos 1, 2 e 3 pesquisassem o número de homens e mulheres que tem em Curitiba e os grupos 4, 5, 6, e 7 pesquisassem as 5 maiores cidades do país em densidade demográfica. Faremos um gráfico com estes dados e responderemos a atividade seguinte.
26/03 Depois que os alunos se organizaram em grupos iniciamos os
trabalhos:
PROFESSORA: Vamos analisar o resultado da pesquisa que vocês fizeram com os pais. Apareceram três situações e 44 pessoas entrevistadas (pai e/ou mãe ou responsável) que foram organizadas e escritas no quadro e que vocês copiaram. Lembrando as situações:
- pais que permanecem no lugar onde nasceu – Curitiba; - pais que viviam na cidade (zona urbana) PR e mudaram para
Curitiba; - pais que viviam na zona urbana em outro estado e mudaram
para Curitiba. Todos conseguiram copiar? ALUNOS: Sim! PROFESSORA: Quem pode me dizer o que os pais de vocês têm em comum? ALUNOS: Silêncio. PROFESSORA: Bom, o que vocês têm em comum é serem alunos do 6o ano D, o
que mais...? GUSTAVO: A gente é aluno do Emílio. PROFESSORA: E observando os dados da tabela, vamos ler de novo. Lemos os
dados novamente para que observássemos o que os pais tinham comum.
Vários alunos responderam - todos moram na cidade.
PROFESSORA: E de onde vieram? ALUNOS: Da cidade. PROFESSORA: Algum dos pais veio da zona rural? ALUNOS: Não. PROFESSORA: Peguem o dicionário e procurem a definição de comum. ALESSANDRO: Diz-se de uma coisa que pertence a todos ou da qual cada um
pode participar. PROFESSORA: E agora, o que os pais têm em comum? VÁRIOS ALUNOS: Vieram da cidade e moram na cidade. PROFESSORA: Mesmo que tenham mudado de estado, moravam na zona urbana. Quantos moram pertinho da escola? Levantem a mão. Todos! (31). Vamos olhar atividade Estudo de Gráfico com todos os tipos de
gráficos que vocês pesquisaram e apresentaram na atividade anterior e encontrem entre eles um gráfico de colunas.
Figura 4 - Estudos de gráficos
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Acharam?
Alguns não lembravam como era um gráfico de colunas, mas logo o problema
foi resolvido, pois todos haviam achado.
PROFESSORA: Agora com auxilio de uma régua vamos começar a fazer o gráfico; passarei nos grupos auxiliando vocês.
Enquanto passava pelos grupos, os alunos me disseram que seus pais
estudaram na escola; então perguntei para a turma quantos pais estudaram no
Emílio. E dos 31 alunos, 17 disserem que os pais estudaram no Emilio.
PROFESSORA: Amanha de manhã vamos verificar se o gráfico realmente mostra a análise dos dados da tabela que fizemos. Também utilizaremos os dados do IBGE e os dados das cidades com maior densidade demográfica do país que vocês pesquisaram.
27/03 Construção dos gráficos.
PROFESSORA: O gráfico já está quase pronto. Antes de começar vamos voltar à apresentação da Atividade Estudo de Gráficos. Quem pode ler a definição de gráfico de colunas que foi apresentada?
MARIA CLARA: Um gráfico de coluna exibe uma série como um conjunto de barras verticais agrupadas por categoria. Os gráficos de coluna são úteis para mostrar alterações de dados em um período de tempo ou para ilustrar comparações entre itens.
PROFESSORA: Retomando o conceito de gráfico de barras e observando o gráfico que fizemos podemos considerar com ele é adequado para expressar os dados que pesquisamos? Eles comparam dados?
ALUNOS: Sim, comparam. PROFESSORA: Comparam o que? ALUNOS: Os pais que permanecem no mesmo lugar onde nasceram, os que
mudaram só de cidade e os que mudaram de estado. PROFESSORA: Agora vamos colocar o titulo do gráfico; tem um parecido no cartaz, o
que vocês acham? (Depois de um tempo...) - pais dos alunos 6o ano D permanecem no lugar onde
nasceram; - movimentação dos pais de alunos 6o ano D com relação à
localização da moradia; - mudanças de estado e cidade, do nascimento até 2014. O que acham o primeiro, o segundo ou o terceiro?
Os alunos escolheram o terceiro.
PROFESSORA: Olhem no cartaz onde fica a fonte. No nosso falta a fonte. O que é mesmo?
ALUNOS: É de onde tiramos o que queremos? PROFESSORA: Sim, onde buscamos os dados que precisamos. Se a fonte for boa as
pessoas confiam na pesquisa e nos dados do gráfico, caso contrário pode levantar algumas dúvidas. A nossa fonte é: pesquisa com os pais dos alunos do 6o ano D, 2014.
Observando o gráfico podemos responder. PROFESSORA: Quantos pais permanecem no mesmo lugar onde nasceram? ALUNOS: 25. PROFESSORA: Quantos mudaram só e cidade? ALUNOS: 15. PROFESSORA: Quantos mudaram só de estado? ALUNOS: 4. PROFESSORA: Vocês responderam sem dificuldade; então o gráfico cumpriu a sua
função.
Figura 5 - Tabela e Gráfico: mudança de estado e cidade do nascimento até 2014
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Agora o grupo 1, 2 e 3 compartilhará com a sala o resultado da consulta no site do IBEG quanto ao número de mulheres e homens em Curitiba.
Os alunos entregaram um impresso contendo a população de homens e
mulheres de Curitiba.
PROFESSORA: Seguindo os itens da atividade construam um gráfico de colunas com as informações, mas lembrem de que as medidas das colunas devem ser iguais e os espaços entre elas também. Coloquem o título: População de Homens e Mulheres de Curitiba e a fonte: Censo 2010. Respondam o item 7. Existem mais homens ou mulheres nas cidades? Quanto a mais?
Figura 6 - Gráfico da população de homens e mulheres de Curitiba
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Algum grupo fez de maneira diferente?
Todos utilizaram a subtração para verificar o número de mulheres a mais que
existe em Curitiba.
PROFESSORA: Vamos iniciar o item 8. Os grupos que ficaram responsáveis para pesquisar as cinco maiores cidades do país em densidade demográfica podem socializar os resultados com os grupos.
Os grupos 4, 5, 6 e 7 socializaram os resultados. Comparamos os resultados
e não houve diferença. Foi feito o registro no quadro e os grupos 1, 2 e 3 copiaram.
PROFESSORA: Leiam o item 8 e 9; reflitam com o grupo e respondam. Agora vamos apresentar os resultados. Que grupo vem no quadro colocar em ordem crescente as cidades?
Figura 7 - Cinco cidades com mais habitantes no Brasil, organizadas em ordem crescente
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Apresentação dos grupos: quais os problemas que existem nas cidades com uma densidade demográfica muito elevada? O que é lixo para o grupo e quais são as atitudes para diminuir o lixo nas ruas?
Figura 8 - Conceito e atitudes para diminuir o lixo, discutidos no grupo de alunos
Fonte: Arquivo da Autora
PROFESSORA: Depois da pesquisa sobre o lixo, o que é lixo para o grupo e as atitudes para diminuir o lixo nas ruas?
Figura 9 - Conceito e atitudes para diminuir o lixo pesquisado e discutido pelo grupo
Fonte: Arquivo da Autora
4. CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE
O Grupo de Trabalho em Rede - GTR constitui-se numa atividade do PDE
que é desenvolvida juntamente com a aplicação do Projeto de Intervenção na escola
onde o Professor PDE e os demais professores da rede pública estadual interagem
virtualmente, cujo objetivo é a socialização e discussão do Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola, da Produção Didático-Pedagógica e da Implementação do
Projeto de Intervenção na busca de enriquecer o processo de Formação Continuada
já em curso, promovido pela SEED/PDE.
Os professores que fizeram parte da rede virtual5 contribuíram para este
trabalho a partir de discussões e análise das fontes de informações e sugerindo
outras fontes bibliográficas que já fazem parte do trabalho que desenvolvem em sala
de aula.
Uma das propostas de trabalho do GTR previa a socialização do conteúdo
deste Plano de Trabalho para os integrantes do meu GTR organizados em três
temáticas e suas atividades, como os fóruns e diários. Os professores deveriam
5 Cada professor PDE desempenhou a função de Orientador de Grupo de Trabalho em Rede, com
previsão de atendimento a, no máximo, 12 (doze) professores da Rede. Essa atividade foi realizada de forma virtual e efetivamente implementada no 2º Período do Programa.
participar de uma discussão com o grupo sobre o tema destacando sua pertinência
para Educação Básica e em relação às Diretrizes Curriculares de Educação Básica
do Estado do Paraná.
4.1 TEMÁTICA 1
Tendo como destaque o problema proposto neste trabalho é uma
investigação sobre caminhos que possam levar o professor a deixar de lado a
prática de fragmentação disciplinar comum nas ações escolares, como proporcionar
aos sujeitos envolvidos a socialização do conhecimento científico? Dessa forma,
como levar o professor a deixar de lado a prática de fragmentação disciplinar,
comum nas ações escolares?
Seguem algumas reflexões dos participantes:
[...] a maneira de deixar as práticas fragmentadas, para assumirmos práticas de colaboração, que levem ao conhecimento com significado é através de materiais e trabalhos como o folhas, sugerido no projeto em questão, pois a utilização de situação problemas para a investigação matemática nas aulas de matemática propicia ao aluno e professor estudo e discussões com seus pares, e não somente os da nossa área do conhecimento, mas de todas as áreas [...] A.M.D.F.
O Projeto de Intervenção Pedagógico para escola, desenvolvido, elucida muitas questões sobre o assunto, mas também cria nos leitores novas reflexões. Diante do tema, vejo grande lacuna deixada pela nossa formação, principalmente a universitária. Não fomos preparados para trabalhar interdisciplinarmente, muito pelo contrário fomos treinados em suas devidas licenciaturas para ensinar apenas o que é pertinente à própria disciplina. E.M.
Os participantes reconhecem o Folhas como uma material pedagógico que ao
ser aplicado na sala de aula pode superar a fragmentação disciplinar e contribuir de
forma significativa para socialização do conhecimento nas aulas de Matemática e
relatam que ainda sentem dificuldades em avançar diante da fragmentação
disciplinar pois não possuem o conhecimento suficiente para transitar entre as
disciplinas, e citam que a formação universitária prioriza a valorização disciplinar.
4.2 TEMÁTICA 2
Com relação à Produção Didático Pedagógica no formato de Unidade
Didática, que é uma Atividade Folhas de Matemática com o título “Matemática e o
Lixo”, de autoria da professora Lucimar Donizete Gusmão a ser implementada na
Escola os cursistas registraram que as atividades estão adequadas ao público a que
se destina, que a temática “Matemática e o Lixo” é pertinente, e que os mesmos
terão facilidade de compreensão e aprendizagem dos conteúdos curriculares que
estão distribuídos nas atividades; porém os cursistas destacaram que o número de
atividades é consideravelmente grande para ser trabalhada na sua totalidade. Como
o objetivo do Folhas é ser utilizado de acordo com o conteúdo que o professor
estaria desenvolvendo em sala de aula e em conformidade com o Plano de Trabalho
Docente - PTD e com o currículo escolar é importante destacar, como já foi descrito
no início desta síntese, que o professor escolherá o momento da introdução da
atividade que achar que enriquecerá o currículo escolar.
Também quanto à pertinência e a viabilidade da utilização da produção de um
Folhas como formação continuada para o professor, segue as reflexões dos
professores:
[...] Eu gostaria que tivéssemos o projeto folhas como formação continuada. M.M.
[...] a formação continuada do “Folhas” foi muito valiosa, aprendi muito e muito contribuiu com a minha prática pedagógica na condição de formadora de professores e pesquisadora. Acredito que o “Folhas” foi um dos indicativos e fator mobilizante que despertou em mim a vontade de continuar na pesquisa. L.D.G.
Os professores consideram que a construção do material didático Folhas e o
processo colaborativo que envolve esta construção contribui para a sua formação e
destacam a relação entre as disciplinas como ponto positivo, possibilitando ao
professor deixar de lado a fragmentação disciplinar.
4.3 TEMÁTICA 3
No espaço destinado ao Vivenciando o Fórum 3 os professores relataram
experiências que tiveram durante as suas trajetórias profissionais, socializaram
produções de trabalhos aplicados em sala de aula e algumas pesquisas que
enriqueceram o debate do fórum.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta da aplicação do material didático em forma de Folhas surgiu a
partir da constatação de que apesar de existirem muitas formas de trabalhar os
conteúdos curriculares, muitos professores ainda têm dificuldades para encontrar
caminhos para deixar de lado as práticas de fragmentação disciplinar.
Na busca de informações sobre o tema proposto, o retorno às atividades
acadêmicas realizado de forma presencial, na Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e Setor Litoral por meio de Encontros de Orientação, Seminários Temáticos,
Encontros Regionais, Encontros de Áreas, Encontros de Orientação e Cursos muito
contribuíram para o embasamento teórico e a atualização tão necessária à prática
pedagógica. A partir destas atividades foi possível conhecer obras referentes ao
tema, que auxiliaram no entendimento dos conceitos de interdisciplinaridades e
investigação matemática fundamentais para análise do Projeto Folhas e para os
encaminhamentos da aplicação do material didático – Folhas Matemática e o Lixo.
Com relação ao material didático, as atividades do Folhas que foram
aplicadas no 6o ano se apresentam de forma contextualizada partindo de problemas
abertos que são resolvidos por meio da pesquisa fazendo com que o aluno produza
o conhecimento. A estrutura do material didático permite socialização do
conhecimento, entretanto a postura do professor é fundamental para que as
atividades sejam desenvolvidas, o diálogo seja garantido e o conhecimento
socializado por meio da linguagem. No processo de execução das atividades nota-
se que as mesmas possibilitam a interdisciplinaridades a partir da investigação de
temas, problematizando práticas sociais, a valorização do conhecimento que o aluno
tem. Também permite uma relação de diálogo entre professor e aluno na prática
escolar que é fundamental para a socialização do conhecimento e aprendizagem.
Os conceitos matemáticos estudados contribuem, significativamente, para as
pessoas refletirem sobre o lixo, seus malefícios e as possibilidades de mudanças de
comportamento com relação ao mesmo nos espaços que frequentam, pois
fortalecem os argumentos utilizados para as reflexões e as tomadas de decisões
diante dos fatos destacados nas atividades e da possibilidade de transformar a
realidade em que vivem. Por este aspecto, a matemática cumpre um papel social, ou
seja, por meio dos cálculos, permite análises de cunho político, social e econômico.
Percebe-se pela quantidade de professores que fizeram inscrições (quinze)
nos GTR e o pequeno número de não concluintes (três), que não houve dificuldade
no domínio da tecnologia para a realização das atividades que foram propostas aos
participantes. O uso dessa nova metodologia de capacitação que para muitos pode
ser inovadora, não se apresentou como um problema para o grupo. Os participantes
deixaram em seus depoimentos conclusões positivas desta nova modalidade de
capacitação e troca de experiências.
O Projeto Folhas foi um projeto de formação continuada e, mais que isso,
formação colaborativa. Esta política de formação não faz mais parte da política de
formação para os professores da rede pública do estado do Paraná.
A formação continuada do professor que mais contribui para o crescimento
profissional e pessoal é a utilização de metodologias que nos levem ao diálogo com
nossos alunos, lembrando que os estudos, como leituras e trocas de informação
devem ser priorizados em todos os momentos. Neste sentido sugere-se que a
formação do Projeto Folhas seja retomada com avanços nos critérios para a
construção do mesmo, fazendo com que os professores não abandonem o processo
e que o Folhas chegue às escolas, não por meio do livro didático e sim na forma de
Folhas mantendo o projeto inicialmente pensado pelos seus idealizadores.
Neste cenário conclui-se que o Projeto Folhas é um dos caminhos para que o
professor possa deixar de lado a prática de fragmentação disciplinar e que a sua
organização permite que o professor, a partir da investigação, trabalhe de forma
interdisciplinar. Também pode levar o professor a assumir uma atitude colaborativa,
fomentando o diálogo e o conhecimento socializado por meio da linguagem em
relação com o outro.
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