Projeto Livre

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    introduorabindranath tagorewislawa szymborskavictor jarafederico garcia lorca

    martin luther king jr.arthur rimbaud

    ferreira gullarbertold brecht

    crditos

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    Falar de liberdade nos parece complicado, porm necessrio. Cada um de ns constri sua viso e entende a liberdade de maneiras totalmente dis-tintas. Durante a realizao desse projeto tivemos muitas dvidas do que fazer, como fazer a nica certeza era a de que faramos, falaramos de um assunto que primeiro nos emocionava, atravs da literatura, terra onde nos perdemos por amores. Descobrimos e redescobrimos diversos poetas, es-critores, ensastas, compositores; que tratam de liberdade sob diversas ticas, e de formas diversas.

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    Fomos incessantemente inspirados por esses artis-tas. No m, estvamos envolvidos pela liberdade ju-venil de Rimbaud, a liberdade em seu auge nostl-gico trazida por Wislawa Szymborska, o canto livre clandestino de Victor Jara, o lirismo encantador de Rabindranath Tagore, a poesia crtica de Ferreira Gullar, o discurso direto de Brecht e por m a vida como moeda de troca pela liberdade, escolha feita por Federico Garcia Lorca.

    jackson boa ventura

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  • Eu digo a vocs hoje, meus amigos, que embora ns enfrentemos as dificuldades de hoje e amanh.

    eu ainda tenho um sonho...

    martin luther king jr.

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    S livre quem ama a liberdade para ele, e se rejubila estendendo-a aos demais. Quem pretende ter escravos a eles se agrilhoa; quem se rodeia de muros para isolar-se dos outros, limita a sua liberdade; quem nega ao prximo o direito liberdade perde moralmente o seu, visto que, mais cedo ou mais tarde, cair na armadilha da servido

    moral ou fsica.

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  • utopia

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    Ilha onde tudo se esclarece.

    Aqui se pode pisar no slido solo das provas.

    No h estradas seno as de chegada.

    Os arbustos at vergam sob o peso das respostas.

    Cresce aqui a rvore da Suposio Justade galhos desenredados desde antanho.

    A rvore do Entendimento, fascinantemente simplesjunto fonte que se chama Ah, Ento Isso.

    Quanto mais denso o bosque, mais larga a vistado Vale da Evidncia.

    Se h alguma dvida, o vento a dispersa.

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    O eco toma a palavra sem ser chamadoe de bom grado desvenda os segredos dos mundos.

    Do lado direito uma caverna onde mora o sentido.

    Do lado esquerdo o lago da Convico Profunda.A verdade surge do fundo e suave vem tona.

    Domina o vale a Inabalvel Certeza.Do seu cume se descortina a Essncia das Coisas.

    Apesar dos encantos a ilha desertae as pegadas midas vistas ao longo das praiasse voltam sem exceo para o mar.

    Como se daqui s se sassee sem voltar se submergisse nas profundezas.

    Na vida impondervel.

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    el derecho de vivir en paz

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    To Ho, nuestra cancines fuego de puro amor,es palomo palomarolivo de olivar.Es el canto universalcadena que har triunfar,el derecho de vivir en paz!

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    Tio Ho, nossa cano fogo de puro amor, pombo pombal,oliveira do olival. o canto universalcadeia que far triunfar.o direito de viver em paz!

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    este o prlogo

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    Deixaria neste livro toda a minha alma. este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas.

    Que pena dos livros que nos enchem as mos de rosas e de estrelas e lentamente passam!

    Que tristeza to funda olhar os retbulos de dores e de penas que um corao levanta!

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    Ver passar os espectros de vida que se apagam, ver o homem desnudo em Pgaso sem asas,

    e a voz que os l o sopro do vento que lhes incute nos peitos - entranhveis distncias.

    Ver a vida e a morte, a sntese do mundo, que em espaos profundos se olham e se abraam.

    O poeta uma rvore com frutos de tristeza e com folhas murchas de chorar o que ama.

    Um livro de poesias o outono morto: os versos so as folhas negras em terras brancas,

    O poeta o mdium da Natureza que explica sua grandeza por meio de palavras.

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    O poeta compreende todo o incompreensvel e as coisas que se odeiam, ele, amigas as chamas.

    que fizeram ao poeta quando chora nas tardes, rodeado e cingido por seus prprios fantas-mas.

    Sabe que as veredas so todas impossveis, e por isso de noite vai por elas com calma.

    Poesia amargura, mel celeste que emana de um favo invisvel que as almas fabricam.

    Nos livros de versos, entre rosas de sangue, vo passando as tristes e eternas caravanas

    Poesia o impossvel feito possvel. Harpa que tem em vez de cordas coraes e chamas.

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    Poesia a vida que cruzamos com nsia, esperando o que leva sem rumo a nossa barca.

    Livros doces de versos sos os astros que passam pelo silncio mudo para o reino do Nada, escrevendo no cu suas estrofes de prata.

    Oh ! que penas to fundas e nunca remediadas, as vozes dolorosas que os poetas cantam !

    Deixaria neste livro toda a minha alma...

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    i have a dream

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    ... vieram a compreender que seu destino est ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade est inextricavelmente unida a nossa liberdade. No podemos caminhar sozin-hos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante.

    No podemos voltar.

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    [...]

    Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoao e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristos, protestantes e catlicos, podero dar-se as mos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro: Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso,

    somos livres, enfim.

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    delrios II - alquimia do verbo

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    Para mim. A histria das minhas loucuras.

    H muito me gabava de possuir todas

    as paisagens possveis, e julgava irrisrias

    as celebridades da pintura e da poesia moderna.

    Gostava das pinturas idiotas, em portas,

    decoraes, telas circenses, placas, iluminuras

    populares; a literatura fora de moda, o latim da

    igreja, livros erticos sem ortografia, romances

    de nossos antepassados, contos de fadas,

    pequenos livros infantis, velhas peras, estribilhos

    ingnuos, ritmos ingnuos.

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    Sonhava com as cruzadas, viagens de descobertas de que no existem relatos, repblicas sem histrias, guerras de religio esmagadas, revolues de costumes, deslocamentos de raas

    e continentes: acreditava em todas as magias.

    Inventava a cor das vogais! A negro, E branco, I vermelho, O azul, U verde. Regulava a forma e o movimento de cada consoante, e, com ritmos instintivos, me vangloriava de ter inventado um verbo potico acessvel, um dia ou outro,

    a todos os sentidos.

    Era comigo traduzi-los. Foi primeiro um experimento. Escrevia silncios, noites, anotava o inexprimvel.

    Fixava vertigens.

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    subversiva

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    A poesia Quando chega

    No respeita nada.

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    Nem pai nem me. Quando ela chega

    De qualquer de seus abismos

    Desconhece o Estado e a Sociedade Civil Infringe o Cdigo de guas

    Relincha

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    Como puta Nova

    Em frente ao Palcio da Alvorada.E s depois

    Reconsidera: beija Nos olhos os que ganham mal

    Embala no colo Os que tm sede de felicidade

    E de justia.

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    e promete incendiar o pas.

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    aos que vierem depois de ns

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    Realmente, vivemos tempos sombrios!A inocncia loucura. Uma fronte sem rugasdenota insensibilidade. Aquele que riainda no recebeu a terrvel notciaque est para chegar.

    Que tempos so estes, em que quase um delitofalar de coisas inocentes.Pois implica silenciar tantos horrores!Esse que cruza tranqilamente a ruano poder jamais ser encontradopelos amigos que precisam de ajuda?

    certo: ganho o meu po ainda,Mas acreditai-me: pura casualidade.Nada do que fao justificaque eu possa comer at fartar-me.Por enquanto as coisas me correm bem(se a sorte me abandonar estou perdido).E dizem-me: Bebe, come! Alegra-te, pois tens o qu!

    I

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    Mas como posso comer e beber,se ao faminto arrebato o que como,se o copo de gua falta ao sedento?E todavia continuo comendo e bebendo.

    Tambm gostaria de ser um sbio.Os livros antigos nos falam da sabedoria: quedar-se afastado das lutas do mundoe, sem temores,deixar correr o breve tempo. Masevitar a violncia,retribuir o mal com o bem,no satisfazer os desejos, antes esquec-los o que chamam sabedoria.E eu no posso faz-lo. Realmente,vivemos tempos sombrios.

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    Para as cidades vim em tempos de desordem,quando reinava a fome.Misturei-me aos homens em tempos turbulentose indignei-me com eles.Assim passou o tempoque me foi concedido na terra.

    Comi o meu po em meio s batalhas.Deitei-me para dormir entre os assassinos.Do amor me ocupei descuidadamentee no tive pacincia com a Natureza.Assim passou o tempoque me foi concedido na terra.

    II

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    No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.A palavra traiu-me ante o verdugo.Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantesSe sentiam, sem mim, mais seguros, espero.Assim passou o tempoque me foi concedido na terra.

    As foras eram escassas. E a metaachava-se muito distante.Pude divis-la claramente,ainda quando parecia, para mim, inatingvel.Assim passou o tempoque me foi concedido na terra.

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    Vs, que surgireis da marem que perecemos,lembrai-vos tambm,quando falardes das nossas fraquezas,lembrai-vos dos tempos sombriosde que pudestes escapar.

    amos, com efeito,mudando mais freqentemente de pasdo que de sapatos,atravs das lutas de classes,desesperados,quando havia s injustia e nenhuma indignao.

    E, contudo, sabemosque tambm o dio contra a baixezaendurece a voz. Ah, os que quisemospreparar terreno para a bondadeno pudemos ser bons.Vs, porm, quando chegar o momentoem que o homem seja bom para o homem,lembrai-vos de nscom indulgncia.

    III

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    an die nachgeborenen

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    rabindranath tagore

    Brmane nascido em Calcut, Tagore j escrevia poemas aos oito anos de idade. Poeta, romancista, msico e dramaturgo. Apoiou a indepedncia da ndia e em 1913, torna-se o primei-ro escritor asitico a ser agraciado com o Nobel de Literatura. Renuncia, em 1919, como forma de protesto contra a poltica britnica em relao ao Punjab, ao ttulo de Sir concedido a ele pela Coroa Britnica em 1915.

    wislawa szymborska

    Nasceu em Krnik, na Polnia. Poetisa, crtica literria e tradutora, ganhadora Nobel de Literatura em 1996. A sua ex-tensa obra, traduzida em 36 lnguas, foi caracterizada pela Academia de Estocolmo como uma poesia que, com preciso irnica, permite que o contexto histrico e biolgico se mani-feste em fragmentos da realidade humana.

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    victor jara

    Professor, diretor de teatro, poeta, cantor, compositor, msico e ativista poltico chileno. Como diretor de teatro, dedicou-se ao desenvolvimento da arte no pas, desenvolveu uma carreira no campo da msica, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclricos que estabeleceram o movimento da Nueva Cancin Chilena, que gerou uma revoluo na msica popular de seu pas. Logo aps o golpe militar de 1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado.

    federico garcia lorca

    Foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vti-mas da Guerra Civil Espanhola. Nascido em Andaluzia, Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas rela-tivos msica e ao folclore de Andaluzia. Foi um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua msica se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra potica. Em 1936, foi preso e fuzilado.

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    martin luther king jr.

    Foi um pastor protestante e ativista poltico estadunidense. Tornou-se um dos mais importantes lderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de no violncia e de amor ao prximo. Rece-beu 1964 o Prmio Nobel da Paz pelo o combate desigual-dade racial atravs da no violncia. Foi assassinado em abril de 1968, em Memphis, Tennessee.

    arthur rimbaud

    Poeta simbolista, francs, nascido em Marselha - 1854. Era conhecido por sua fama de libertino e por uma alma inquieta, viajando de forma intensiva por trs continentes. A poesia de Rimbaud, bem como sua vida, impressionou e inspirou escri-tores, msicos e artistas do sculo XX. Morreu aos 37 anos, em Marselha, em decorrncia de um cncer.

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    ferreira gullar

    Militante do Partido Comunista Brasileiro, nasceu em 1930. Exilado pela ditadura militar, viveu na Unio Sovitica, na Ar-gentina e Chile. Recebeu diversos prmios por suas obras e em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prmio Nobel de Literatura. Foi considerado pela Revista poca um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009

    bertold brecht

    Poeta, dramaturgo, contista modernista alemo. Seus traba-lhos artsticos e tericos influenciaram profundamente o teatro contemporneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentaes de sua companhia o Berliner Ensemble. Marxista, Seu trabalho como artista concentrou-se na crtica artstica ao desenvolvimento das relaes humanas no sistema capitalista. Revolucionou a teoria e a prtica da dramaturgia e da encenao, mudou completamente a funo e o sentido social do teatro, usando-o como arma de consciencializao e politizao.

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  • seleo de textosJackson Boa ventura

    projeto grficoLeticia Quintilhano

    apoioAlexandre MouraPhelippe Tavares

    supervisoLorenzo AldLuciana de Oliveira

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