Projeto maçã
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
DESENHO II
“MAÇÔ
Francisco Puga
Rose Silva
Profª: Joedy Luciana
FAAC / ARTES
2009
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Processo de Criação e Tema do trabalho / Francisco Puga
“Logo quando foi proposto o trabalho pela Joedy, de desenhar fora das
formas convencionais, lembrei-me de um comercial de 15” que havia
criado e produzido e com veiculação regional para uma produtora de
televisão Macrozoom, há muito tempo e foi onde o objeto, a cor, a luz e o
efeito especial tinha a capacidade de impactar o telespectador.
Posterior a isso, a Rose Silva me convidou para trabalharmos juntos, e
surpreendente por acaso do destino ela mesma sugeriu trabalhar com a
maçã como objeto, achei ótimo, pois já tinha produzido um vídeo
televisivo e era mais uma oportunidade de fazer outras manipulações de
imagens.
A minha pesquisa foi uma incursão e uma releitura do trabalho do
ilustrador Ângelo Shumam, que faz parte do Clube de Ilustradores do
Brasil, na qual ele produziu várias ilustrações com a maçã como objeto
manipulação e com a técnica do aerógrafo, tendo como suporte o papel.
A produção de uma ilustração de uma maçã em aerógrafo não tem uma
duração mínima de 3horas, isso pesquisa realizada feita aqui em Bauru por
profissionais e doutores no assunto. E em software 3D uma duração
mínima de 6 horas devido à renderiazação. Eis a questão? Vamos fazer
com criatividade, manipular um objeto real e transformá-lo em algo
palpável e dando uma ilusão real ao invés de um fruto natural e tentar levar
o olho observador acreditar ser um objeto de aço cromado.
Melhor que um jogo, uma ilusão óptica, que nem sempre aquilo que se
parece é de fato a manipulação de imagem faz mágica, mesmo sem o
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famoso Photoshop e softwares de 3 dimensões mais atuais do mercado, a
criatividade e o cérebro humano ainda é insuperável.
A maçã ícone do pecado original, de Adão e Eva.
A maçã ícone da criação de Isaac Newton na lei da gravidade.
A maçã envenenada da Branca de Neve nos contos de fada...
Processo de produção:
Primeiramente escolhi uma maçã na qual tivesse uma forma bem definida
do fruto e só consegui encontrar num fruto verde infelizmente, pois as
nacionais estavam com as formas todas distorcidas, as argentinas muito
argentinas e a verde que foi a que me convenceu na sua forma
estereotipada vendida pela mídia e ainda não descobri se ela é nacional ou
importada e isso não vem ao caso agora. O importante é que a forma dela
convença no primeiro olhar.
Como já havia definido pela releitura do trabalho de Ângelo Shumam, na
qual eu tenho um exemplar de série limitada do VIII Anuário do Clube de
Criação de São Paulo, PG14 e 275. Optei pela releitura da maça de aço e
que isso fosse realmente convincente a olho nu.
Em julho, estava visitando uma loja de construção que estava prestes a
inaugurar e andando por lá, vi muitas novidades em revestimento cerâmico
e catálogos de produtos, em uma das gôndolas me deparei com spray de
pintura metálica e o que me chamou a atenção é que este produto spray,
prometia a ilusão cromática da superfície. Comprei sem exatamente saber
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o que eu iria fazer com aquilo, paguei dezoito reais se não me falha a
memória, e deixei guardado.
Aí deu química, Eureka, a maçã, o spray cromado, o Ilustrador Ângelo
Shumam com as suas maçãs. Faltavam apenas os parafusos cromados e a
aplicação do spray para ver se o objeto em primeira mão me convenceria.
Tempo da execução do trabalho cinco minutos comparando com as três
horas mínimas do ilustrador e as seis horas mínimas do vídeografista,
consegui manipular objeto na qual poderá ser explorado tanto em TV, Web
e impressos gráficos sem o uso de recursos onerosos ao bolso do artista
seja ela fotógrafo, videografiscta e videomaker.
Posteriormente a maçã poderá ser captada por diversos vários
equipamentos tanto celular, câmera fotográfica e câmera de televisão.
Podendo sofrer várias interferências em outras mídias e o que a criação
artística permitir.
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Processos de decodificação do signo – Maçã / Rose
Decidida a temática, visto que o Francisco Puga pesquisaria a incursão e
uma releitura do trabalho do ilustrador Ângelo Shumam as várias
possibilidades do desenho na maçã, resolvi trilhar meu percurso numa
outra vertente, analisar algumas das simbologias da maçã nas artes, na
sociedade e nos contos, e muito me surpreendeu o vasto leque de
possibilidades para leitura da mesma, o que me alegrou muito porque
casaria perfeitamente com a proposta do Francisco de representá-la das
mais diversas formas, assim como várias são as possibilidades do designer
na maçã, assim também são suas várias leituras e ideologias .
Apesar de outros frutos estarem associados ao pecado original, como o figo
e a uva, a maçã a partir do século XIII passou a ser a principal
representação da transgressão de Adão e Eva no Éden. A ingestão do fruto
proibido significou a possibilidade de atingir o conhecimento através do
livre-arbítrio, mas também levou ao sofrimento (a expulsão do local
divino, a necessidade do trabalho e as dores no parto).
Em outras culturas, como a germânica, para obter a sabedoria o deus
Wotan abdicou da visão de um dos olhos e ficou nove dias pendurado na
árvore Yggdrasil sem comer ou beber. A maçã também está ligada ao
simbolismo da árvore, eixo do mundo, associada à cruz e a Cristo. Como
se acreditava que o conhecimento vinha do alto, uma metáfora era a arbor
inversa, cujas raízes estão no céu, sendo Cristo o mais belo fruto enviado
pelo céu (Deus) à terra (Maria).
Outro simbolismo da maçã é a de Insula Pomorum, reino do Outro Mundo
repleto de abundância e prazeres, descrito por Geoffrey de Monmouth no
século XII como local onde ao invés de grama o solo é coberto por maçãs.
Na mitologia céltica, esta fruta simboliza a magia, a imortalidade e o
conhecimento. Para os medievais era confortante o sentido da maçã como
Ilha dos bem-aventurados, possibilitando o acesso dos indivíduos num
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mundo semelhante ao paraíso e que se localizava paralelamente ao mundo
terreno. Já segundo a Igreja, só depois da morte e da passagem pelo
purgatório, os indivíduos purificados poderiam aspirar à felicidade eterna.
No quadro ao lado, aparece a tradicional
visão da maçã como símbolo do pecado
original. Lucas Cranach, o Velho (1472-
1553) nascido em Kronach, sul da
Alemanha, adotou a mesma profissão do
pai e foi um dos expoentes do
renascimento alemão. Pintor da corte da
Saxônia até 1550 e prefeito de Wittenberg
em 1537, fez várias pinturas de Adão e
Eva no Éden, da criação de Eva à Queda e expulsão
Nesta imagem, também pintada por Lucas
Cranach, Cristo menino segura em suas
mãos pão e maçã. A maçã simboliza o
pecado original, já o pão (corpo de
Cristo), a redenção. A Virgem é
considerada a segunda Eva, redimindo o
pecado da primeira. É possível ver nas
duas pinturas, portanto, primeiro um
sentido negativo da maçã, o do pecado, e
em seguida um sentido positivo, o da salvação. Meu objetivo neste artigo é
justamente mostrar o significado múltiplo desta fruta durante a Idade
Média.
A fruta possui um sentido ambíguo durante a Idade Média. De um lado foi
identificada como aquela que causou o pecado original. Porém, também
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pode ter um significado positivo, pois desde o século XI a maçã nas mãos
do menino Jesus e na de Maria significa uma referência à absolvição do
pecado e à vida eterna
Lucas Cranach –The Elder Adam and eve Lucas Cranach –The
Elder Adam and eve II
É importante ressaltar que a maçã é proveniente de uma árvore, elemento
simbólico em várias culturas. Devido ao fato de suas raízes mergulharem
no solo e seus galhos voltaram-se ao céu, é considerada como
representante das relações entre a terra (o microcosmo) e o céu
(macrocosmo). Tem o sentido de centro, e sua forma vertical faz a árvore
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do mundo ter sinônimo de Eixo do Mundo (CHEVALIER &
GHEERBRANT, 1995: 84), e está também relacionada à cruz da redenção,
que na iconografia cristã é representada como a árvore da vida (CIRLOT,
1984: 99).
Sua verticalidade também concatena a idéia de escada ou montanha.
Vários deuses da mitologia grega são associados a árvores: Júpiter
(azinheira), Baco (videira), Apolo (louro). No Apocalipse, a árvore da vida
frutifica doze vezes, dando um fruto a cada mês (A Bíblia de Jerusalém,
1995, Ap 22,2: 2328), um símbolo de renovação cíclica.
Outro significado para o vegetal era a arbor inversa (árvore inversa) cujas
raízes estavam no céu e os ramos na terra, simbolizando a fé e o
conhecimento, e representando Cristo (GUREVITCH, 1990: 79). Como
pensava-se que a vida era extraída do alto e depois penetrava na terra,
Cristo era tido como o mais belo fruto feito pelo céu (Deus) na terra
(Maria) (LURKER, 1997: 282). Na Bíblia existe menção a duas árvores, a
árvore da vida, que confere a imortalidade e a árvore do conhecimento ou
do bem ou do mal.
Para os germanos, a árvore da vida era o freixo Yggdrasil, com três raízes:
no Asgard, viviam os deuses, em Jotunheim, os gigantes e em Nifheim, os
mortos. Neste último local um monstro se abastecia dos cadáveres e
mordia a própria Yggdrasil. As raízes do Asgard eram regadas pelas
Norns, deusas do destino. Os primeiros humanos, Ask e Embla, também
eram originários de uma árvore (o freixo) segundo a mitologia germânica,
tendo recebido a vida através dos deuses.
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A sabedoria representada pela árvore também provém do sofrimento. Deus
disse a Adão que se comesse da árvore do conhecimento iria morrer (Gn 2,
16-17), o que significava que ao adquirirem a capacidade de
discernimento, os humanos passariam a ter uma vida de atribulações.
Assim, Adão e Eva comeram do fruto proibido e adquiriram o livre-arbítrio
por seus atos, mas perderam a imortalidade e foram expulsos do Éden,
passando a enfrentar vários tormentos, como a necessidade do trabalho
para a obtenção do seu sustento “com o suor do rosto” e as dores
enfrentadas pela mulher no parto (Gn 3, 16-19).
Na mitologia germânica, Wotan (ou Odin, deus dos mortos, da guerra, da
magia rúnica e da poesia) pagou com um dos seus olhos para beber a poção
do conhecimento da fonte de Yggdrasil (LURKER, 1993: 154). Também
ficou nove dias pendurado na árvore da vida sem comer ou beber para
obter conhecimento e ao sair de lá era capaz de curar os doentes, cegar a
espada dos inimigos e pegar um flecha em pleno vôo.
Outro símbolo associado à árvore e também à maçã é o coração, órgão
central do corpo humano e simbolicamente centro do homem e do mundo
(LURKER, 1997: 152). Para Santo Agostinho o coração é o recipiente do
amor divino e os homens devem procurar o conhecimento através do amor.
O coração é o rei do corpo, pois sem ele não há vida. Pode-se por isso fazer
uma analogia entre o coração e o monarca, considerado na Idade Média
essencial para o bom funcionamento da sociedade. Daí o dito: “o rei
morreu, viva o rei”. A monarquia era considerada neste período como
forma ideal de governo (LE GOFF, 1999: 356-359) e havia várias teorias
afirmando que os súditos deveriam obedecer ao soberano, mesmo se ele
não fosse bom. São Tomás de Aquino, por exemplo, em Sobre o Governo
dos Príncipes, afirmava que mesmo se o rei fosse um tirano, a população
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deveria rezar para que ele se tornasse bom: “em seu poder [de Deus] está
converter à mansidão o coração cruel do tirano” (COSTA, 2000: 115).
Na mitologia grega, a maçã ocupa um papel importante. Pode ser um
elemento desagregador, como o pomo da discórdia atirado pela deusa Éris,
com a inscrição “a mais bela”, que levou à disputa entre as deusas e
conseqüentemente à Guerra de Tróia. Afrodite prometeu a Páris dar-lhe o
amor da mais bela mortal se ele entregasse a esta deusa o pomo. Como
cumprimento da promessa da deusa, Helena, casada com o troiano
Menelau foi raptada por Páris, dando início ao conflito entre gregos e
troianos que durou dez anos (GRIMAL, 2000: 355-356; COTTERELL,
1997: 68-69).
O pomo também pode significar um atributo dos deuses como as maçãs de
ouro do Jardim das Hésperides, originalmente um reino do Além
(LURKER, 1997: 15) guardado por um dragão. As maçãs simbolizam a
imortalidade e tinham sido presentes de casamento recebidos por Zeus e
Hera. Mesmo quando Hércules conseguiu pegar alguns pomos como parte
de seus Doze Trabalhos, estes foram devolvidos ao jardim dos deuses por
representarem um atributo deles.
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Simbologia da maçã no conto “ Branca de Neve”
Segundo Paul Diel (10), a maçã,
por sua forma esférica,
significaria os desejos terrestres
ou a complacência em relação a
esses desejos. Sem dúvida, essa
interpretação é verdadeira e
explica um dos aspectos do
simbolismo da maçã em Branca
de Neve. Mas, desde a maçã de
Adão e Eva até o pomo da
Discórdia, passando pelo pomo
de ouro do jardim das Hespérides,
encontramos, em todas as
circunstâncias, a maçã como um meio de conhecimento. Ela está carregada
de duplicidade pois, ora é o fruto da Árvore da Vida que está no meio do
Paraíso e ora é o fruto da Árvore da Ciência do bem e do mal que,
paradoxalmente, lá também se encontra. Pode ser, portanto, conhecimento
unificador que confere a imortalidade ou conhecimento desagregador que
provoca a queda.
Se examinarmos seu simbolismo, também, desde o ponto de vista de sua
estrutura física, podemos constatar novamente essa duplicidade
característica dos meios de conhecimento. Assim, ela é símbolo do
conhecimento, pois um corte feito perpendicularmente ao eixo do
pedúnculo nos revela que, no seu íntimo, está um pentagrama, símbolo
tradicional do saber, desenhado pela própria disposição das sementes. Por
outro lado, o pentagrama é também um símbolo do homem-espírito e desde
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esse ponto de vista ela indica, ao mesmo tempo, a involução do espírito
dentro da matéria carnal. O texto estabelecido por Grimm nos conta:
"A Rainha disfarçada bateu à porta, e Branca de Neve enfiou a cabeça e
disse:
- Não posso deixar ninguém entrar. Os sete anões me proibiram isso.
- Pior para mim, disse a velha, pois terei de voltar para casa com minhas
maçãs. Mas, olhe, eu lhe dou esta de presente.
- Não tenho coragem de comer, respondeu Branca de Neve.
- Será que está com medo? gritou a velha.
- Olhe vou parti-la em duas metades; você come a parte de fora e eu
comerei a de dentro. ( A maçã estava preparada com tanta habilidade que
só as partes vermelhas estavam envenenadas)."
Os anões não enterraram Branca de Neve, mesmo depois que a
encontraram envenenada pela maçã e não conseguiram ressuscitá-la,
porque depois de passar por essa fase, albedo, não se volta mais ao nigredo,
pois o processo segue em frente para o rubedo, que é a união com o
Espírito representado pelo príncipe. As cores alquímicas e seu simbolismo
(indicadas também pelas aves que lamentam Branca de Neve) são
claramente mostradas na transcrição que se segue.
"Quando os anõezinhos regressaram à noite encontraram Branca de Neve
estendida no chão e aparentemente morta. Levantaram-na e procuraram
nela alguma coisa venenosa, desapertaram-lhe o vestido e até lhe
despentearam os cabelos e a lavaram com água e vinho. Mas, de nada
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serviu. A querida menina parecia realmente morta. Estenderam-na então
num ataúde e os sete anões colocaram-se à sua volta e choraram sem cessar
durante três dias e três noites. Depois quiseram enterrá-la, mas vendo-a tão
fresca e com as faces tão coradas disseram uns para os outros:
- Não podemos enterrá-la na terra negra.
E encomendaram uma caixa de cristal transparente. Através dela se via o
corpo de Branca de Neve por todos os lados e os anões escreveram seu
nome em letras douradas no vidro, dizendo que ela era filha de um rei.
Depois colocaram a caixa de cristal no alto de uma rocha e sempre ficava
ali um deles vigiando. Até os animais selvagens lamentaram a perda de
Branca de Neve: primeiro chegou um bufo, depois um corvo e por último
uma pomba. Durante muito tempo Branca de Neve permaneceu
placidamente estendida em seu féretro. Nada mudou em seu rosto e parecia
que estava adormecida, pois continuava negra como ébano, branca como a
neve, vermelha como o sangue."
Como dissemos acima, por sua forma esférica a maçã é um símbolo do
Mundo. Mas, o que a rainha má oferece a Branca de Neve é o aspecto mais
externo, mais atraente e venenoso deste Mundo com o qual ela tem que
entrar em contato para dominá-lo. A história nos conta que, apesar de
aparentemente morta, Branca de Neve mantinha o mesmo frescor de pele e
a beleza luminosa do tempo em que estava viva. Isso nos indica que a alma,
com o corpo transfigurado e dissolvido nela, está pronta para que o Espírito
aja sobre ela e a torne indestrutível.
"Passaram-se meses, e aconteceu que o filho do rei viajava pelo bosque, e
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entrou na casa dos anões para passar a noite. Não tardou a dar-se conta do
ataúde de cristal no alto da rocha, contemplou nele a bela jovem que
repousava, e leu a inscrição dourada. Depois que leu, disse, dirigindo-se
aos anões:
- Dêem-me esta caixa, e pagarei o quanto quiserem por ela.
Mas os anões responderam:
- Não venderemos nem por todo o ouro do mundo.
- Então quero-a de presente, disse o príncipe, porque não poderei viver sem
Branca de Neve.
Os anões vendo a ansiedade com que ele fazia o pedido, ficaram
compadecidos, e acabaram entregando a caixa, e o príncipe ordenou a um
dos seus servos que a carregasse nos ombros. Mas, aconteceu que este
tropeçou numa raiz, e com o baque, saltou no chão o pedaço da maçã
envenenada que estava na boca de Branca de Neve. Imediatamente esta
abriu os olhos e levantando a tampa da caixa de cristal, voltou a si, e
perguntou:
- Onde estou eu ?
- Está salva e a o meu lado! respondeu o príncipe cheio de alegria. E lhe
contou o que havia sucedido, terminando por lhe suplicar que o
acompanhasse ao castelo do rei seu pai, pois ele a queria para esposa.
Branca de Neve aceitou, e quando chegaram ao palácio celebraram-se as
bodas o mais rapidamente possível, com o esplendor e magnificência
adequados a tão feliz sucesso."
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O pedaço da maçã, que Branca de Neve não engoliu e, portanto, não se
tornou parte dela é um último vestígio do mundo que nela se mantinha, de
certo modo, sobreposto. Ele é retirado com a presença do príncipe. O
Espírito, então, dá a forma final à alma.
Filosofia maçãs podres
Em minhas pesquisas, me deparei com um grupo feminista chamado
“maçãs podres”, conhecido por sua filosofia peculiar, pois usa a maçã
como signo representativo de seu movimento, inseri seu discurso na
íntegra para que não corresse o risco de corromper ou deturpar sua
ideologia, segue-se então a mesma.
“Milenarmente a maçã é o mais conhecido símbolo para representar a
discórdia, o perigo, o proibido, a quebra de tabus... É também um dos
símbolos escolhidos para demonstrar “a rivalidade feminina” ou o perigo
que as mulheres representam para a sociedade.
Na mitologia grega, uma maçã de ouro foi usada como desculpa para
impor a representação simbólica do “Mito da Desunião Feminina”. Ao
provar do fruto da árvore do conhecimento, Eva foi condenada a sentir as
dores do parto e toda a humanidade a necessidade do trabalho e a
expulsão do Éden. Lilith como a primeira mulher do bíblico Adão, é
acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. A
rainha má tenta matar a Branca de Neve usando de uma maça
envenenada. Seriam simplesmente disputas femininas, um castigo pela
desobediência ou existe um temor maior por trás de todos estes mitos e
contos?
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Nossa escolha por “Má-sãs” Podres é devido ao poder de destruição que o
símbolo representa. Aos nossos olhos, tanto na mitologia, nas histórias
infantis, na religião cristã a idéia da maçã é usada como metáfora
ideológica favorável à dominação masculina. Como qualquer MAÇÃ
PODRE, nossa intenção é de contaminar o pomar por completo. O nosso
interesse é seduzir as mentes das jovens que ainda possuem coragem de se
manterem sãs e apodrecer com esta sociedade machista. Mulheres que não
desejam ser “moças bem-comportadas” criadas para serem princesinhas
do pai, rainhas de algum lar ou unicamente esposas/mães zelosas. Apesar
de uma maçã, em média, possuir 64 calorias para cada 100g, uma MAÇÃ
PODRE é um perigo para qualquer cesto ou sociedade, pois seu efeito é
mais letal para o patriarcado do capital do que qualquer bomba laranja. A
MAÇÃ PODRE é o nosso símbolo de transgressão. Representa nossa luta
pela transformação. Revalorizamos o conceito de podre e da maçã, assim
como desejamos revalorizar os conceitos de mulher e os objetivos da luta
feminista. Do fruto podre surge a semente para nova árvore do
conhecimento. E não esperem de nós nada aquém da plena Emancipação
Feminina e Humana. Mordam do fruto e provem que nunca existiu o
paraíso, mas que ao menos exigimos a construção de um outro mundo.
Viva a Luta Feminista!”
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Fontes:
http://www.revistamirabilia.com/Numeros/Num1/maca.htm
LOPERA, José Alvarez, ANDRADE, José Manuel e outros. História
Geral da Arte: Pintura. Rio de Janeiro, Edições del Prado, 1995, v.
II.
LURKER, Manfred. Dicionário dos Deuses e Demônios. São Paulo:
Martins Fontes, 1993.
_____________. Dicionário de Simbologia. São Paulo: Martins Fontes,
1997.
GROMM, Sarah Carr; Dicionário de Símbolos na Arte, Guia
Ilustrado da Pintura e da Escultura Ocidentais;
inforum.insite.com.br/16451/1469334.html (InForum | Simbologia do conto Branca de Neve e os Sete Anões ...)
Produção bidimensional com fotos ( máquina digital)
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Obra de Lucas Cranach
Lucas Cranach – A virgem e o menino
Cristo menino segura em suas mãos pão e maçã. A maçã
simboliza o pecado original, já o pão (corpo de Cristo), a
redenção. A Virgem é considerada a segunda Eva, redimindo o
pecado da primeira.
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Releitura de Obra de Lucas Cranach
Releitura de “A Virgem e o menino – Lucas Cranach”
Nesta releitura, procuramos representar a virgem ( iconografia da
própria maçã), não com o menino mas com a menina (criança do
sexo feminino). Seriam três maçãs a tríade representada pela mãe,
filha e o próprio ícone maçã.
A mãe tem um leve sorriso e segura apoiando a fruta em sua mão
direita, oferecendo-a a filha, oferecendo sua liberdade feminina,
sua emancipação social, domínio sobre suas decisões, seu corpo,
suas vontades, sua genitália.
A criança olha fixamente à maçã e a toca também com a mão
direita em sua parte superior. A mãe veste a cor vermelha numa
associação à sexualidade e ao proibido.
A maçã é prateada, que remete a longevidade simbólica da maçã
na História.
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PRODUÇÃO TRIDIMENSIONAL
A produção tridimensional é a confecção das próprias maçãs, em
releituras de trabalhos do ilustrador Ângelo Shumam
PRODUÇÃO EM VÍDEO
Produção de um vídeo no programa Sony Vegas, com sonoplastia
do grupo “Enigma”, com a trilha sonora Mea culpa que remete à
temática do ícone trabalhado