Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De Agosto

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PROJETO INSTALAÇÃO DA REDE DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO PARA A CADEIA DA BIONERGIA NAS ÁREAS DO ETANOL; DO BIODIESEL E ÓLEOS VEGETAIS; E DO CARVÃO VEGETAL E DA BIOMASSA NO ESTADO DE MINAS GERAIS. Secretario Alberto Duque Portugal Superintendente Déa Maria da Fonseca Coordenação Marcelo Franco GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR SUPERINTENDÊNCIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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PROJETO

INSTALAÇÃO DA REDE DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E

INOVAÇÃO PARA A CADEIA DA BIONERGIA NAS ÁREAS DO

ETANOL; DO BIODIESEL E ÓLEOS VEGETAIS; E DO CARVÃO

VEGETAL E DA BIOMASSA NO ESTADO DE MINAS GERAIS.

Secretario

Alberto Duque Portugal

Superintendente

Déa Maria da Fonseca

Coordenação

Marcelo Franco

Belo Horizonte

Agosto de 2008

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR

SUPERINTENDÊNCIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 1/37

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................................02

OBJETIVO GERAL..............................................................................................................03

OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................03

ITEM I - Contextualização da Bioenergia no Campo Tecnológico.......................................04

1. Rede de pesquisa..................................................................................................04

2. Plataforma do Etanol e Derivados.........................................................................06

3. Plataforma do Biodiesel e Óleos Vegetais.............................................................09

4. Plataforma do Carvão Vegetal e da Biomassa.......................................................14

ITEM II - Bases Conceituais para Organização da Rede CT&I............................................17

ITEM III - Modelo Institucional e Operacional da Rede.......................................................21

1. Arranjo Institucional da Cadeia da Bioenergia em Minas Gerais..........................21

2. Formatação da Rede de CT&I em Bioenergia.......................................................28

3. Internacionalização da Rede..................................................................................29

LITERATURA CONSULTADA..........................................................................................31

EQUIPE DO PROJETO.........................................................................................................32

ORÇAMENTO GLOBAL.....................................................................................................33

CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO........................................................34

VIAGENS E DIÁRIAS.........................................................................................................35

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES...................................................................................37

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APRESENTAÇÃO

O presente projeto para instalação da rede de ciência, tecnologia e inovação para a

cadeia da bioenergia nas áreas do etanol; do biodiesel e óleos vegetais; e do carvão

vegetal e da biomassa no estado de Minas Gerais, faz parte integrante da proposta de

criação do Centro de Inovação em Bioenergia (BIOERG) e representa um dos seus três

pilares.

A criação da rede de CT&I e do NIC-BIO (Núcleo de Inteligência Competitiva)

completa a instalação da primeira etapa do BIOERG. A segunda etapa ocorrerá a partir

de 2009 com a elaboração do projeto básico e executivo, onde estarão contempladas a

construção da estrutura administrativa, campos experimentais e laboratórios especiais,

representando o terceiro pilar de sua sustentação.

A concepção do projeto da rede de CT&I, semelhante ao Núcleo de Inteligência

Competitiva (NIC-BIO), está sustentada no princípio de integração entre o setor

tecnológico e cientifico existente no estado e no país, interagindo com os setores

produtivos ligados as seguintes áreas da bioenergia: Etanol e Derivados; Biodiesel e

Óleos Vegetais; e Carvão Vegetal e Biomassa.

A coordenação dos trabalhos estará sob a responsabilidade do Escritório Gestor

do BIOERG, alocado na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que atuará

integrado com instituições nacionais e internacionais de PD&I, em redes, ancorados em

plataformas específicas e em sintonia com as instituições públicas e privadas envolvidas.

A atuação em Redes de CT&I acopladas a Núcleos de Inteligência Competitiva,

constitui estratégia consagrada na viabilização de soluções tecnológicas inovadoras para

o desenvolvimento sustentável e eqüitativo do Projeto Estruturador de Biocombustíveis

do Governo de Minas Gerais, com foco na inovação no processos produtivo e

bioenergético de conversão industrial.

O presente projeto detalha os fundamentos para a instalação da Rede de CT&I em

Bioenergia para o Estado de Minas Gerais e está organizado em quatro partes: I.

Contextualização da bioenergia no campo tecnológico; II. Bases conceituais para

organização da Rede de CT&I; III. Modelo institucional e operacional da rede; IV.

Orçamento e cronograma de execução

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OBJETIVO GERAL

A Rede Mineira de CT&I em Bioenergia tem como objetivo o desenvolvimento, a

consolidação e a inovação da cadeia produtiva da bioenergia em Minas Gerais, por meio

da articulação da comunidade acadêmica, cientifica e do setor privado, na formulação de

estratégias e na execução de projetos de PD&I, que assegurem avanços na cadeia de

conhecimentos de forma a alimentar um processo sustentável de inovação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Mapear e caracterizar as competências técnico-científicas instaladas e envolvidas

com as plataformas da bioenergia;

2. Definir modelo e a instrumentação jurídico-operacional para a gestão

compartilhada da Rede de CT&I em Bioenergia;

3. Definir parâmetros e indicadores de eficácia operacional da Rede de CT&I em

Bioenergia;

4. Sugerir políticas de incentivos à pesquisa na área da bioenergia (elaboração de

editais semi-induzidos e induzidos, congressos, fóruns temáticos e workshops,

etc.);

5. Formatar arranjos institucionais de plataformas de CT&I quanto à propriedade

intelectual, confidencialidade e biossegurança;

6. Elaborar projetos de CT&I para as plataformas de bioenergia;

7. Internacionalizar a Rede de CT&I em Bioenergia.

ITEM I

Contextualização do Estado da Arte em Bioenergia

1. Rede de pesquisa

O incentivo e o apoio à formação de redes de CT&I associadas a uma inteligência

competitiva (NIC’s) representam uma estratégia eficaz para a indução do

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desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas, bem como para o fortalecimento da

capacidade instalada na geração de conhecimento, tecnologia e inovação, visando

possibilitar o acesso de diferentes grupos de pesquisa a uma infra-estrutura competente e

moderna.

As redes, trazem, intrinsecamente, características importantes tanto para o avanço

científico e tecnológico, como para a otimização da utilização dos recursos disponíveis.

Ao se articular uma Rede de Pesquisa em CT&I em diferentes níveis e vertentes,

estimula-se o intercâmbio entre as instituições publicas e privadas envolvidas, a interação

entre pesquisadores, a disseminação do conhecimento "raro e caro", e a consolidação da

expertise de grupos de excelência.

A isto se acrescenta o fato de que, o uso otimizado de recursos e a possibilidade

da utilização coletiva dos equipamentos permitem a aquisição de instrumentos e/ou

equipamentos científicos ou acessórios estratégicos para uso comum, de custo elevado,

normalmente inacessível quando solicitados individualmente.

A ciência nunca foi uma atividade isolada, feita entre muros. Hoje, mais do que

antes, existem problemas que só podem ser resolvidos de forma colaborativa, tanto no

que se refere às etapas de execução como de coordenação. Seja pela grande quantidade

de informação, seja pela grande velocidade de geração de conhecimentos, as redes de

pesquisa de alto desempenho tornaram-se suporte essencial ao desenvolvimento sócio-

econômico a pesquisa moderna.

As redes de pesquisa, a Internet global, são componentes básicos da sociedade da

informação. Nosso papel, muito além da conectividade, é promover as aplicações que

possam transformar a interação do conhecimento em processos e produtos em beneficio

da sociedade.

A importância dessa estratégia levou o Governo de Minas Gerais, através da

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de Minas Gerais

proporem a instalação da Rede de CT&I em Bioenergia com o apoio de FAPEMIG, que

tem, ao longo dos últimos anos, apoiado este tipo de iniciativa.

O foco da Rede de CT&I em Bioenergia será a coordenação compartilhada das

ações estratégicas de pesquisa e inovação nas plataformas do Etanol e Derivada,

Biodiesel e Óleos Vegetais, Carvão Vegetal e Biomassa. As demandas a serem

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trabalhadas terão origem na comunidade científica, no setor produtivo agrícola e

industrial e nas demandas advindas do Núcleo de Inteligência Competitiva (NIC-BIO).

O desenvolvimento operacional da rede criará feedback, auxiliando a otimização

do conhecimento, estimulando e aprimoramento a massa crítica disponível no Estado.

Poderão participar prioritária e inicialmente da Rede de CT&I em Bioenergia,

toda instituição pública ou privada de PD&I, que atue na área, desde que atendidos as

exigências estabelecidas.

Inicialmente, em caráter prioritário a Rede de CT&I mobilizará as instituições

federais de ensino e pesquisa situadas no estado, bem como as universidades e faculdades

estaduais e particulares, instituições e centros de pesquisa públicos e privados do estado,

que melhor enquadrem e atendam a capacidade de gerar resposta às demandas

referenciadas anteriormente.

Figura 1. Macro-regiões do estado que abrigam os APL’s do Etanol e

Derivados; Biodiesel e Óleos Vegetais; e Carvão Vegetal e Biomassa.

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APL do Etanol e Derivados

APL do Carvão Vegetal e Biomassa

APL do Biodiesele Óleos Vegetais

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Figura 2. Instituições públicas de CT&I em Bioenergia.

2. Plataforma do Etanol e Derivados

O Brasil é o país mais avançado na tecnologia da produção e do uso do etanol

como fonte energética, seguido pelos EUA e, em menor escala, pela Argentina, Quênia,

Malawi e outros. A produção mundial de álcool aproxima-se dos 40 bilhões de litros, dos

quais se presume que até 25 bilhões de litros sejam utilizados para fins energéticos. O

Brasil responde por 15 bilhões de litros deste total. O álcool é utilizado em mistura com

gasolina no Brasil, EUA, UE, México, Índia, Argentina, Colômbia e, mais recentemente,

no Japão.

O uso exclusivo de álcool como combustível está concentrado no Brasil. A Figura

3 compara a produção de etanol em diferentes países e a Figura 4 demonstra como o

ganho de escala, a prática empresarial e as inovações tecnológicas tornaram o álcool

competitivo com a gasolina.

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Embrapa Milho e Sorgo

BIOERG/BH

UFMGCETEC

UFU

UNIMONTES

UFV

EPAMIG

EPAMIG

EPAMIG

UNIFEI

EMBRAPA

UFLA

UNIUBE

UNIFEMM

EPAMIG

Escritório Gestor BIOERG

APL deI Carvão Vegetal e Biomassa

APL de Etanol e Derivados

APL de Biodiesel e Óleos VegetaisEPAMIG

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Figura 3. Produção mundial de etanol. Fonte: Elaboração D. L. Gazzoni (http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol.htm, consultado em 25/07/2008).

Figura 4. Produção e custo do etanol no Brasil. Fonte: Elaboração D. L. Gazzoni (http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol.htm, consultado em 25/07/2008).

Minas Gerais caminha para ser um grande produtor de cana-de-açúcar, estando

atualmente atrás apenas de São Paulo, que sozinho responde por mais de 58% da

produção nacional.

Levantamento recente do IBGE indica que o maior crescimento na produção de

cana-de-açúcar foi registrado em Minas Gerais, onde a colheita em 2007 superou em 29%

a registrada no ano anterior.

As informações do IBGE indicam que o mercado favorável tem contribuído para

o surgimento de novas usinas, além da intensificação de atividades nas já existentes no

estado de Minas Gerais. Um exemplo é o município de Uberaba, que apresentou

crescimento de 61,1% na produção de cana-de-açúcar em relação ao ano anterior,

tornando-se o 10o maior produtor do país.

Com a ampliação da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e do etanol, o foco de

oportunidades tecnológicas não se restringe mais apenas ao etanol combustível, mas sim

para tecnologias que incorporem ao etanol grau químico, como fonte de matérias-primas

(químicas) utilizadas em diversos setores da indústria de transformação.

A alcoolquímica é o segmento da indústria química que utiliza o álcool etílico

como matéria-prima para fabricação de diversos produtos químicos. Com efeito, boa

parte dos produtos químicos derivados do petróleo pode ser obtida também do etanol, em

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particular o eteno, matéria-prima para resinas, além de produtos hoje importados

derivados do etanol, como os acetatos e o éter etílico (polímeros e solventes).

Da mesma forma, muitos produtos químicos eram obtidos de outras fontes

fósseis, como o carvão mineral, até serem suplantados pela petroquímica como fonte

principal de matérias-primas quando o modelo de produção americano calcado no

petróleo barato tornou-se hegemônico.

Hoje, a indústria química mundial obtém mais de 90% da matéria-prima para

síntese de moléculas orgânicas com base no petróleo. No futuro, por razões econômicas e

ambientais a alcoolquímica poderá vir a competir com a petroquímica e o etanol poderá

assumir parte da importância que o petróleo tem atualmente, como fonte de matéria-

prima.

O avanço da indústria do etanol é também dependente do desenvolvimento de

tecnologias envolvidas com o setor produtivo, tais como a geração de variedades mais

adequadas e adaptadas às características industriais, sob o ponto de vista agronômico e

ambiental.

O melhoramento genético da cana-de-açúcar já incorporou tecnologias como a

engenharia genética e o melhoramento assistido por marcadores moleculares em seus

programas.

O progresso no processamento industrial também é fundamental para aumentar a

eficiência e a competitividade desse setor, principalmente nas áreas de utilização de

microorganismos mais eficientes nos processos enzimáticos, co-geração energética de

resíduos e co-produtos, adequação e criação de processos e equipamentos utilizados nesta

cadeia produtiva.

Os efeitos colaterais provocados pela rápida expansão da cana-de-açúcar nos

aspectos sócio, econômico e ambiental têm exigido das autoridades uma atenção especial

no estabelecimento de políticas que amenizem e atenuem os efeitos nocivos do

crescimento desordenado desta atividade.

O crescimento sustentado da atividade é uma exigência da sociedade moderna e

deve constituir objetivo comum a ser conquistado pelo setor privado e governo. A Rede

de CT&I em Bioenergia como parte integrante deste processo pautará suas ações,

sustentada nessa premissa.

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3. Plataforma do Biodiesel e Óleos Vegetais

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que

pode ser obtido por diferentes processos tais como o transesterificação, esterificação, e

craqueamento. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais,

existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas para sua

obtenção, tais como soja, mamona, dendê (palma), semente de algodão, girassol, babaçu,

amendoim, pinhão manso, canola, dentre outras.

O biodiesel também pode ser produzido a partir de gorduras animais e de óleos

vegetais reciclados, reduzindo o descarte dos mesmos no ambiente.

O biodiesel pode substituir total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em

motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou

estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc).

Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de

2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o

biodiesel puro, denominado B100.

Segundo a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, biodiesel é um

“biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão

interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento para geração de outro

tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil”.

A grande vantagem do uso do biodiesel é o fato do mesmo poder ser usado em um

motor de ignição a compressão (diesel) sem necessidade de modificações, não

necessitando, portanto, da substituição ou adaptação da frota nacional de veículos a

diesel.

No entanto, o desenvolvimento de tecnologias específicas para este combustível é

desejável, para melhorar a desempenho do que já existe hoje.

Além disso, o Biodiesel é simples de ser utilizado, é biodegradável, não tóxico e

essencialmente livre de compostos sulfurados e aromáticos, contribuindo para reduzir os

efeitos nocivos dos combustíveis fósseis (redução na emissão de monóxido,

hidrocarbonetos, compostos sulfurados, material particulado, entre outros).

Atualmente o biodiesel vendido nos postos pelo Brasil possui 2% de biodiesel e

98% de diesel (mistura B2), cumprindo a resolução da ANP (Agência Nacional do

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Petróleo), lei 11.097/2005. Em 2013 está mistura obrigatoriamente deverá ser elevada a

5% de biodiesel (B5).

No atual nível de produção, o abastecimento das metas estabelecidas no âmbito

do Programa Nacional de Produção e Uso do biodiesel será cumprido a partir do

biodiesel produzido da soja.

Em adição, o Selo “Combustível Social” que determina a aquisição de 30% do

valor da matéria-prima utilizada para a produção do biodiesel a partir da agricultura

familiar, criando oportunidades para que os pequenos agricultores participem da cadeia

de suprimento de oleaginosas para as usinas, mais especificamente para a Petrobrás.

Entretanto, cabe às lideranças políticas e aos governos estaduais e municipais a

iniciativa de promover a inserção responsável do pequeno produtor nesse processo, tendo

como pilares a responsabilidade social e ambiental. Um dos benefícios será a criação de

grande número de empregos ao longo de toda cadeia.

Contudo, a vulnerabilidade das culturas oleaginosas hoje utilizadas, em face as

suas diferentes alternativas de uso e custo e, ainda, a insuficiência de tecnologia para

fornecimento de novas alternativas de matéria-prima, pode desestimular a expansão

imediata da indústria do biodiesel no Brasil e no mundo.

O grande desafio será desenvolver sistemas de produção mais eficientes que

possam suprir a demanda de matéria-prima em quantidade e qualidade. Para aumentar a

eficiência das áreas agrícolas e diminuir a necessidade de sua expansão, torna-se

necessário priorizar o desenvolvimento de tecnologias de produção mais eficientes que

permitam o aumento da produtividade e do rendimento, extração e processamento de

óleo.

Cerca de 90% dos atuais seis milhões de toneladas de óleo vegetal produzidos

anualmente origina-se da soja, uma commodity de grande valor no mercado internacional

e de grande importância para a balança comercial brasileira. Embora a utilização da soja

como fonte de óleo para o biodiesel seja criticada por vários setores da sociedade

mundial, é importante enfatizar que o óleo é um co-produto desta leguminosa, sendo o

farelo protéico seu principal produto.

Acredita-se que com a ampliação do uso do óleo de soja para atender a produção

de biodiesel, ocorra, conseqüentemente, uma maior oferta de farelo protéico no mercado

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mundial que poderá ser um vetor importante para o aumento da oferta e para a redução de

preços de alimentos, principalmente os de origem animal.

Outras oleaginosas tradicionais como o algodão, girassol, canola, amendoim e

mamona, ainda hoje, contribuem apenas com pequenas quantidades de óleo.

Especificamente para o algodão, a semelhança do que ocorre com a soja, o produto

principal de sua cadeia não é o óleo e sim a fibra têxtil. Já os óleos de girassol, canola e

amendoim com produção em escala relativamente pequena no país, têm seu uso

preferencial no mercado alimentício.

Outras opções potencialmente promissoras seriam as palmáceas (dendê, macaúba,

dentre outras), o pinhão manso e o pequi, além de outras oleaginosas que poderão, por

suas características vantajosas de alto rendimento de óleo e de subprodutos,

apresentarem-se como alternativas altamente viáveis.

Entretanto, essas alternativas ainda se encontram em fase inicial de

desenvolvimento genético e agrícola, demandando grande volume de pesquisa nas áreas

de melhoramento genético, solos e nutrição mineral, fitopatologia, entomologia, técnicas

de manejo e produção e de zoneamento agro-climático.

Fator relevante é o controle de qualidade do biodiesel produzido, visando garantir

sua qualidade para comercialização e combustão nos equipamentos e motores que os

utiliza. Para que isso aconteça é necessário que o produto bruto atenda as especificações

da ANP, assegurando seu desempenho nos motores e máquinas e as exigências de

emissões de gases de efeito nocivos ao meio ambiente.

O biodiesel, assim como qualquer óleo e gordura de origem vegetal ou animal, é

suscetível a alterações de suas propriedades físico-quimicas que podem reduzir sua

qualidade, tais como alterações de viscosidade e densidade, índice de acidez e grau de

rancificação (oxidação).

O refino do biodiesel constitui uma etapa importante no seu processamento, visto

que o grau de pureza influência no desempenho de sua utilização em motores e

equipamentos. De acordo com a especificação da União Européia, os teores de ácidos

graxos livres, álcool, glicerina e água devem ser mínimos de modo que a pureza do

biodiesel seja maior que 96,5%.

A utilização de biocombustível de baixa qualidade pode reduzir o desempenho ou

mesmo danificar os motores, além de produzir substâncias nocivas durante sua queima,

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tal como a acroleína, substância com suspeita de ação carcinogênica (segundo relato do

pesquisador Rodrigo Ramos Catarin, UNICAMP). No entanto, o mesmo pesquisador

alerta que mesmo com qualidade inferior, ainda assim o biodiesel é menos poluente que o

diesel convencional.

Para que o Biodiesel brasileiro possa atender aos padrões internacionais de

qualidade nos biocombustíveis, são necessários investimentos elevados em equipamentos

de precisão e de pessoal qualificado.

Atualmente, existe no Brasil uma grande demanda por laboratórios

especializados, formação de recursos humanos e desenvolvimento de tecnologias de

automação, assim como analise e produção de equipamentos nacionais mais acessíveis,

portáteis e mais adequados à realidade brasileira.

Embora essas limitações venham sendo corrigidas através da indução

governamental, a escala de desenvolvimento ainda é insuficiente para suprir o

crescimento da demanda tecnológica. A criação da Rede de CT&I poderá agir como um

tampão tecnológico importante, respondendo de forma mais eficiente as necessidades do

setor.

A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de

biodiesel. Consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o

álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador, da qual também se

extrai a glicerina, co-produto com aplicações diversas na indústria química.

O processo de produção de biodiesel gera grandes quantidades de glicerina. A

utilização dessa glicerina por indústrias já vem sofrendo impactos positivos pelo excesso

de oferta de matéria-prima, o que reduz o custo de produção.

No entanto, com o aumento esperado da produção de biodiesel teremos uma

oferta de glicerina maior que a capacidade de uso atual da indústria, o que cria

oportunidades para a utilização desse co-produto em outras áreas industriais. Portanto,

estrategicamente a pesquisa na área de gliceroquímica irá criar novas oportunidades de

negócio e geração de riqueza.

Um dos usos alternativos para glicerina tem sido a de geradora de energia térmica

através da queima ou sua transformação química em etanol, o que demonstra gargalos

tecnológicos para uso mais nobre deste produto.

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Embora centenária, a produção de derivados oleoquímicos de aplicação industrial

perdeu força com o advento da petroquímica. Esta última teve o sucesso suportado por

preços relativamente baixos, pelo menos até a década de setenta, ocasião em que

surgiram as primeiras crises mundiais de preço de petróleo e que persistem ate o

momento.

O apelo ecológico e o aumento na disponibilidade de óleos vegetais a preços

competitivos para suas diferentes fontes de matéria-prima fornecedores de óleo,

associados aos avanços na tecnologia de produção e utilização, poderão viabilizar

novamente o setor de oleoquímica, tornando-o atraente a instalação de novas indústrias.

A substituição de derivados de ácidos e álcoois graxos sintéticos por similares

naturais na formulação de produtos de higiene pessoal, cosméticos, lubrificantes

automotivos e industriais, aditivos para plásticos e borrachas, e resinas alquídicas para

tintas, entre outros, criam enormes oportunidades para a expansão e consolidação desse

setor.

Figura 5. Distribuição do uso mundial das principais matérias-graxas de origem

vegetal e animal (dados do ano de 2000, Fonte Oilworld).

No entanto, em face a todas essas oportunidades, a oleoquímica nacional segue

limitada às operações básicas de destilação e hidrogenação, concentrando-se

principalmente na oferta de ácidos graxos mistos. No campo dos alimentos e aditivos

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Óleo de Oliva

Óleo de PalmisteÓleo de Algodão

Óleo de Coco

Óleo de

AmendoimOutros

Óleo de

Girassol

Sebo Bovino

Sebo de Avese Suíno

Óleo de Canola

22%

18%

13%10%

9%

9%

5%

4%3%

3% 2% 2%

Óleo de Soja

Óleo de Palma

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alimentares os avanços são mais significativos, com a oferta das recentes gorduras e óleos

hidrogenados isentos dos isômeros trans, de periculosidade controvertida. Já na área dos

insumos industriais, a situação é mais conservadora.

A expansão desse setor no Brasil está fortemente condicionada a logística de

distribuição, qualidade e disponibilidade da matéria-prima disponível. Grande desafio a

ser vencido consiste na mudança de modelos tecnológicos utilizados, que em grande

parte se apresentam ultrapassados e devem ser substituídos por modelos de extração e

processamento tecnologicamente mais avançados.

4. Plataforma do Carvão Vegetal e da Biomassa

O carvão vegetal é um biocombustível sólido produzido a partir de material

lenhoso pelo processo denominado carbonização ou pirólise. No Brasil, o uso industrial

do carvão vegetal continua sendo largamente praticado, sendo o país o maior produtor

mundial desse insumo energético.

No setor industrial seu uso representa quase 85% do consumo, particularmente na

produção de ferro-gusa, onde o mesmo funciona como redutor (coque vegetal) e

energético ao mesmo tempo. Tem também seu uso generalizado na produção de aço,

ferro-liga e cerâmicas. O seu uso como redutor do minério de ferro no Brasil data de

1.591 em fundições artesanais para produzir ferramentas de uso agrícola na colônia.

Já o setor residencial consome cerca de 9% seguido pelo setor comercial com

1,5%, este ultimo representado por pizzarias, padarias e churrascarias.

A carbonização tradicional de lenha é arcaica e pouco eficiente e é praticada em

fornos de alvenaria com ciclos de aquecimento e resfriamento que duram até vários dias.

Fornos cilíndricos com pequena capacidade de produção, sem mecanização e sem

sistemas de recuperação de alcatrão são, também, bastante usados nas carvoarias.

Em menor escala no estado de Minas Gerais e no país, são utilizados sistemas

mais avançados por meio de fornos retangulares equipados com sistemas de condensação

de vapores e recuperadores de alcatrão.

É importante notar que o rendimento em massa do carvão vegetal em relação à

lenha seca enfornada é de aproximadamente 25% nos fornos de alvenaria. A recuperação

do licor pirolenhoso pode chegar a 50% em massa da lenha, sendo o restante de gases.

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O alcatrão pode ser usado como fonte de matéria-prima na indústria química que

utiliza derivados fenólicos provenientes da degradação térmica da lignina, podendo

substituir o fenol de origem fóssil nas suas aplicações em resinas e refratários.

A utilização dos co-produtos do carvoejamento da lenha poderá trazer

significativos benefícios para a agroindústria da biomassa através de agregação de valor a

cadeia que utiliza esse insumo em seus processos. As recentes inovações tecnológicas de

pirólise rápida de biomassa aperfeiçoam a produção de alcatrão, conferindo-lhe a

denominação de bio-petróleo ou bio-óleo.

A atividade de combustão para produção de carvão vegetal, muitas vezes tem sido

associada a condições desumanas de trabalho e de degradação ambiental. Esta realidade é

conseqüência de políticas públicas inexistentes no contexto histórico do país, onde os

produtores de carvão e principalmente os trabalhadores desta atividade tem sido tratados

como parias da sociedade.

Nunca houve uma política de apoio a esse segmento na área habitacional, social e

de organização econômica, bem como de um programa adequado de desenvolvimento

tecnológico voltado à melhoria desses processos, visando à obtenção de ganhos

ambientais e econômicos em prol dos produtores e trabalhadores rurais e da sociedade.

Essa realidade precisa e deve ser modificada com o desenvolvimento de novos

equipamentos e processos tecnológicos, que permitam industrializar essa atividade de

forma limpa e sustentável, gerando empregos dignos e divisas para um país de elevada

vocação florestal.

Com relação à biomassa, neste contexto, será dada ênfase aos resíduos agrícolas

celulósicos e industriais, conforme a seguir.

Resíduos industriais: São assim considerados os resíduos provenientes de

produtos agrícolas e florestais beneficiados e os resíduos do uso de carvão vegetal no

setor siderúrgico de ferro-gusa e aço, o gás de alto-forno.

A indústria madeireira, serrarias e mobiliário produzem resíduos a partir do

beneficiamento de toras. Os tipos de resíduos produzidos são cascões, cavaco, costaneira,

pó de serra, maravalha e aparas.

As indústrias de alimentos e bebidas produzem resíduos a partir da preparação de

sucos, doces, vinhos e aguardente (laranja, caju, abacaxi, cana-de-açúcar, etc) e

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Page 17: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

beneficiamento de arroz, café, trigo, milho, coco, amendoim, castanha-de-caju (sabugo e

palha e outros subprodutos).

O complexo industrial do papel e celulose, representado por mais de 220

companhias no Brasil, com unidades industriais localizadas em 16 estados, utilizando

madeira de reflorestamento das espécies eucalipto (62%) e pinus (36%), gera diferentes

tipos de resíduos, tais como casca, cavaco e licor negro, sendo que alguns dos resíduos

têm aproveitamento energético na própria indústria.

No que tange ao complexo siderúrgico suprido a carvão vegetal, este é

responsável por cerca de 30% da produção siderúrgica brasileira. Este complexo é

concentrado, principalmente, em Minas Gerais, possuindo também unidades no Espírito

Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul.

Nessa siderurgia, cabe destaque o aproveitamento de gases de alto-forno para co-

geração de calor e eletricidade, os quais são produzidos durante a reação do carbono do

carvão vegetal com o ferro do minério de ferro.

Biomassa celulósica: Esta biomassa inclui todos os tipos de resíduos celulósicos

gerados pelas atividades produtivas agrícolas e agroindustriais.

A quantificação desses resíduos é feita com base nos "índices de colheita", que

expressam a relação percentual entre a quantidade total de biomassa gerada por hectare

plantado de uma determinada cultura e a quantidade de produto economicamente

aproveitável. Grande parte desses resíduos agrícolas permanece no próprio terreno de

cultivo, servindo como proteção ou fornecedor de nutrientes ao solo.

São considerados resíduos florestais aqueles gerados e deixados na floresta como

resultado das atividades de extração da madeira. Infere-se que cerca de 20% da massa de

uma árvore são deixados na floresta. Assim, estima-se que exista uma grande quantidade

de resíduos que poderá ter aproveitamento energético face ao parque florestal existente e

em expansão.

Dessa forma, ações de pesquisa que priorizem inovações tecnológicas em novos

produtos, processos e equipamentos para o melhor aproveitamento desses sub- e co-

produtos agrícolas, agroindustriais e industriais, ou seja, na geração de energia, na

carboquímica, produção de biofertilizantes e biocombustíveis, entre outros, representa

simultaneamente, grande oportunidade e desafios tecnológicos e de inovação, que

deverão ser abordados à luz de iniciativas de PD&I.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 16/37

Page 18: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Destaque também deve ser dado às questões que envolvem melhoramento da

matéria-prima, objetivando melhor rendimento energético e geração de maior volume de

material celulósico.

ITEM II

Definição das Bases Conceituais para Organização da Rede CT&I

A crescente importância que a bioenergia advinda da biomassa vem assumido

como opção estratégica para a redução de utilização dos combustíveis fósseis, tem

colocado o Brasil no centro da atenção mundial, principalmente no que se refere o

exemplo de utilização de matrizes energéticas auto-sustentáveis e ecologicamente

corretas.

Embora este sucesso seja em grande parte devido às condições edafoclimáticas

favoráveis que ocorrem naturalmente no Brasil e a um modelo de agricultura empresarial

de elevada eficiência produtiva, associados aos estímulos governamentais que se

iniciaram com a criação do Pró-Álcool durante a crise do petróleo na década de setenta,

hoje, percebemos que estrategicamente o país precisa investir em novos saltos

tecnológicos para assegurar esta posição confortável, frente ao cenário mundial que já se

prepara para promover ajustes nos seus modelos tradicionais de matrizes energéticas.

Há necessidade em se criar políticas públicas consistentes de investimentos, para

o desenvolvimento e o avanço do conhecimento na pesquisa em energia derivada da

biomassa, assegurando a perspectiva estratégica do país de manter posição de liderança e

de exemplo tecnológico no uso de fontes alternativas de energia sustentáveis e de baixo

impacto ambiental.

A expansão da demanda mundial por energia associada com a redução da oferta e

aumento mundial dos preços do petróleo, coloca, hoje, inúmeras nações em estado de

alerta sobre sua capacidade futura de manter a sanidade e sustentabilidade de suas

economias e mercados.

Complementarmente, verifica-se uma ampliação mundial no nível de

preocupações no que se refere às questões ambientais, o que tem pressionado governos e

lideranças a olharem com mais seriedade alternativas factíveis para substituição, pelo

menos em parte, dos combustíveis fósseis por fontes de energia limpas e renováveis.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 17/37

Page 19: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

O Brasil tem a sua disposição atualmente uma matriz energética bastante

diversificada e alicerçada principalmente no uso de fontes renováveis de energia, das

quais podemos destacar a energia hídrica, o biocombustível e o carvão vegetal, que juntos

correspondem a 46,4% da produção total brasileira (dados de maio de 2008) contra

36,7% das fontes oriundas do petróleo. É interessante enfatizar que esse número tem se

alterado rapidamente nos últimos cinco anos, sendo que a energia oriunda da cana-de-

açúcar já superou a energia produzida pelas hidroelétricas brasileiras.

Diante deste cenário favorável, o Governo de Minas Gerais percebe que este é o

momento ideal para que o estado participe como parceiro efetivo e eficiente no estimulo a

geração e implementação de novas tecnologias voltadas ao uso da bioenergia.

Minas Gerias possui uma ampla base tecnológica e cientifica instalada em seu

território, sendo o estado da Federação com o maior número de Universidades Federais,

além de sediar várias empresas e institutos federais e estaduais de pesquisa.

Em adição, Minas Gerais ocupa posição de destaque no que se refere a produção

agrícola, sendo grande produtor de cana-de-açúcar e de espécies oleaginosas utilizadas

para produção de biodiesel e de florestas plantadas destinadas a produção de carvão

vegetal.

A combinação dessas condições torna Minas Gerais solo fértil para prosperar uma

rede de pesquisa em bioenergia que futuramente, poderá congregar outras iniciativas em

nível nacional e internacional.

Portanto, a implementação de uma rede estadual de CT&I na área da bioenergia

será fundamental para estimular o crescimento da massa crítica intelectual e o avanço

tecnológico no estado de Minas Gerais para esse setor.

A criação de redes encontra-se em voga em todas as esferas da atividade humana,

mais especificamente, a partir do desenvolvimento dos meios de comunicação

eletrônicos.

Outros mecanismos semelhantes, quanto aos objetivos de aproximação intelectual

de comunidades para a troca de experiências e de informações, representam um grande

avanço nos processos de comunicações entre pessoas e comunidades organizadas

diversas.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 18/37

Page 20: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

No entanto, é preciso ter em mente que tais mecanismos possuem suas limitações,

podendo em muitas circunstâncias constituir falsas soluções, implicando em dispêndio de

energia e gastos de recursos de maneira incorreta.

Achar que a instalação de rede de CT&I por si só, promova e gere resultados,

principalmente, no desenvolvimento do conhecimento humano e na inovação, é no

mínimo inocência descuidada.

Certamente, a estruturação de redes de CT&I, acopladas a Núcleos de Inteligência

Competitiva, trabalhando cadeias produtivas específicas, em perfeita sintonia com o setor

produtivo, com visão no mercado como um forte sinalizador das demandas, porém não

único, poderá gerar um ambiente que permita estimular e promover o desenvolvimento e

a inovação.

A garantia de mecanismos que estimule a criatividade e permita a recompensa

justa, bem como o fornecimento dos meios necessários físicos e financeiros, constitui

fator determinante de sucesso que necessita estar disponibilizado em processos ágeis e

flexíveis no seu uso e aplicação.

A garantia de funcionalidade de uma rede de CT&I dependerá basicamente da

existência de instrumentos legais que permitam a rede operar de forma conjunta ou que

estimule a troca de informações e de conhecimento entre seus membros, em busca de

objetivos comuns.

A formação de grupos e subgrupos institucionais e a interações entre eles, são

conseqüências naturais do processo, devendo ser estimuladas dentro da própria

instituição, bem como, e principalmente entre todas as demais instituições integrantes da

rede.

A criação de nichos de conhecimentos e de atuação em áreas específicas constitui

uma evolução natural e poderá representar mecanismos de aproximação e de interação

complementar no que se refere à utilização de processos e equipamentos, evitando a

dispersão de recursos.

Imperativo sem dúvida, passa a ser o processo de planejamento estratégico de

atuação da rede de CT&I, onde os desafios a serem vencidos por todos deverão estar

claramente apontados, bem como os meios mais adequados a sua consecução, com

detalhamento das contribuições de cada partícipe no contexto da realidade existente e a

conquistar.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 19/37

Page 21: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Uma rede para se concretizar e operar irá depender de uma coordenação

compartilhada do conhecimento, evitando a dispersão de recursos e estando acoplada a

uma estrutura de gerenciamento que tenha capacidade de canalizar recursos, além de

facilitar intercâmbios técnico-científicos em diferentes níveis, nacional e internacional,

promover a aproximação com o setor privado e possuir legitimidade institucional entre os

parceiros envolvidos.

A estruturação de uma rede representa um grande desafio técnico e institucional e

deverá estar sustentada num modelo institucional e operacional de gestão compartilhado,

onde as diferentes instituições integradas terão assento, quer na definição de suas

prioridades, bem como nos seus mecanismos de gestão e controle.

Papel destacado deve ser dado às questões da propriedade intelectual e dos

mecanismos de controle da informação que deverão, essencialmente, estar amparados em

instrumentos legais de conformidade com a legislação específica.

O respaldo técnico jurídico é de fundamental importância nos mecanismos de

interação governo e iniciativa privada, bem como nas questões relativas à apropriação do

conhecimento, em suas diferentes escalas.

A atuação da rede de CT&I se dará nos níveis estadual, nacional e internacional e

abrangerá três vertentes, a saber: Institucional, Temático/ Setorial e áreas específicas do

conhecimento, assim detalhadas:

Institucional – Serão estabelecidos acordos de cooperação técnico-institucional

com diferentes países, envolvendo Universidades e Institutos de Ciência e

Tecnologia Públicos e Privados, prospectados previamente, em função das

competências e do quadro de demandas apontados e necessários à melhoria da

competitividade dos APL’s trabalhados.

Temático/Setorial – Resguardado o caráter de pluralidade e de interação das áreas

da Bioenergia, serão trabalhados os biocombustíveis líquidos, sólidos e gasosos.

Especial atenção será direcionada a produção energética da biomassa sólida de

resíduos visando a co-geração energética, com apoio ao desenvolvimento à

inovação na formulação de projetos de adequação e geração de novos

equipamentos de apoio à geração térmica e elétrica, turbo-geradores e de motores

de combustão interna e tetra-fuel.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 20/37

Page 22: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Área Especifica – Serão prioritárias as áreas de biotecnologia, química, física,

mecânica e engenharia de processos e de tecnologia industrial e agrícola, a partir

das quais serão formadas redes para a execução de projetos integrados, em

atendimento às demandas levantadas. A rede de CT&I irá operar a partir de

diretrizes e editais específicos, estabelecidos para cada setor temático, formulados

com a participação das instituições parceiras.

O grande desafio é ordenar e instrumentalizar esses processos, o que se não for

devidamente trabalhado não promoverá os impactos almejados. O que precisa ser feito é

dirigir a ação da rede para a obtenção de resultados concretos em benefício direto de um

setor, e conseqüentemente, da sociedade como um todo.

ITEM III

Modelo Institucional e Operacional da Rede

1. Arranjo Institucional da Cadeia da Bioenergia em Minas Gerais

O Governo de Minas Gerais através das Secretarias de Estado de Ciência,

Tecnologia e Ensino Superior, Desenvolvimento Econômico e da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, instituiu, em caráter temporário, Escritório Gestor com a finalidade de

encarregar-se da mobilização e das providências para a implantação do futuro Centro de

Inovação em Bioenergia no Estado de Minas Gerais.

Ao Escritório Gestor, conforme a Resolução Conjunta XXXXX, no cumprimento

de sua finalidade compete:

Primeira Etapa:

. Instalar e operar o Núcleo de Inteligência Competitiva em Bioenergia (NIC-

BIO);

. Estruturar e coordenar a Rede Mineira de CT&I em Bioenergia.

Segunda Etapa:

. Formular os Projetos Básico e Executivo das infra-estruturas de apoio

administrativo-financeiro, campo experimental e laboratórios especiais do BIOERG.

Nesse sentido, os trabalhos tiveram início com o detalhamento do projeto de

instalação do NIC-BIO e da elaboração do presente projeto da Rede Mineira de CT&I em

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 21/37

Page 23: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Bioenergia, ambos sustentados no princípio de interação entre os setores privado e

público.

Essas ações estão integradas aos programas e projetos de apoio, fomento e

melhoria da competitividade dos setores produtivos envolvidos, especificamente da

Cadeia Produtiva da Bioenergia, no Projeto Estruturador – “Arranjo Produtivo Local

(APL) de Biocombustíveis” do Governo de Minas Gerais, coordenado pela Secretaria de

Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), que é parte integrante do Plano

Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI).

Na estruturação, implementação e gestão do NIC-BIO serão criados três

escritórios regionais para dar suporte aos seguintes APL’s: 1) Biodiesel e Óleos Vegetais

(Montes Claros – região Norte); 2) Etanol e Derivados (Uberaba e Uberlândia –

Triângulo Mineiro); e 3) Carvão Vegetal e Biomassa (Sete Lagoas – região Central). Esse

último será fruto de uma parceria com o Centro Universitário UNIFEMM e o Sindicato

da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (SINDIFER). E os dois primeiros vão

funcionar nas representações da FIEMG.

Para os trabalhos de estruturação e coordenação da Rede Mineira de CT&I em

Bioenergia, encontra-se previsto a formação de uma equipe junto ao Escritório Gestor do

BIOERG que atuará em estreita articulação com as instituições púbicas e privadas ligadas

à academia e à pesquisa técnico-científica, que operam na área da Bioenergia no estado

de Minas Gerais, no país ou em instituições internacionais.

A Rede Mineira de CT&I em Bioenergia do BIOERG será estruturada, a

semelhança do NIC-BIO, com foco nas áreas: 1) Etanol e Derivados; 2) Biodiesel e

Óleos Vegetais; e 3) Carvão Vegetal e Biomassa. Posteriormente serão agregadas ações

de CT&I na vertente Biogás.

As ações serão conduzidas pelo Escritório Gestor do BIOERG com apoio

operacional, inicialmente, de três especialistas de elevada formação profissional, nas

áreas de: 1) Engenharia Química, para atuar na rede do Etanol e Derivados; 2)

Engenharia Agronômica, para atuar na rede do Biodiesel e Óleos Vegetais; e 3)

Engenharia Florestal, para atuar na Biomassa e Carvão Vegetal.

A Rede de CT&I será coordenada por um especialista com larga experiência

curricular, advindo de instituição acadêmica ou de pesquisa técnico-científica no campo

da Bioenergia, com formação em nível de doutorado, a ser disponibilizado pela SEAPA.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 22/37

Page 24: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

O Escritório Gestor contará, ainda, com um profissional da Engenharia Elétrica,

para apoio nas áreas da co-geração e eficiência energética.

O maior esforço para a criação do BIOERG será exigido na implantação da

segunda etapa, onde serão aportados recursos necessários à criação de infra-estrutura

administrativo-física, campo experimental e laboratórios especiais, bem como da

composição de seu quadro de pessoal, cujo objetivo principal será o atendimento as

demandas do setor empresarial, focado nas fontes de energia renováveis com destaque

para a biomassa, advindas da lenha e dos derivados de álcoois, óleos e gases.

Essa ação, que se reveste de maior complexidade e de maturação mais lenta, por

depender de investimentos financeiros mais significativos, será conduzida em formato

ainda a ser definido, com o apoio de consultoria especializada, em princípio oriunda do

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Quando da definição do início dos trabalhos de preparação dos Projetos Básico e

Executivo, será recrutado um técnico com formação em Engenharia Civil e experiência

consolidada na elaboração de projetos de estruturas físicas de pesquisa técnico-científica.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 23/37

Page 25: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Figura 6. Centro de Inovação em Bioenergia do Estado de Minas Gerais – BIOERG e seus três pilares: Rede Mineira de CT&I em Bioenergia, NIC-BIO, Infra-estrutura do BIOERG.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia

Escritório GestorCoordenação

GeralSECTES

NIC-BIONIC-BIORede Mineira de Rede Mineira de

CT&I CT&I Em BIOENERGIAEm BIOENERGIA

Infra-estruturaInfra-estruturaBIOERGBIOERG

(administrativa, laboratórios (administrativa, laboratórios especiais e campo experimentalespeciais e campo experimental

Plataforma doPlataforma doEtanol e Etanol e

DerivadosDerivados

Plataforma doPlataforma doBiodiesel e Óleos Biodiesel e Óleos

VegetaisVegetais

Plataforma doPlataforma doCarvão Vegetal Carvão Vegetal

e Biomassae Biomassa

Plataforma doPlataforma doBiogásBiogás

PMDIPLANO ESTRUTURADOR ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – BIONERGIA

Governo de Minas Gerais

Projeto em execução

PosteriorImplantação

24/37

Page 26: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

A Rede Mineira de CT&I em Bioenergia tem por grande desafio promover a

interação entre dois grandes ramos da ciência básica e aplicada: as “Ciências Biológicas” e

“Ciências Exatas”, sendo ambas fundamentais e indispensáveis para que a indústria ligada

a Bioenergia consiga alcançar seus propósitos de sustentabilidade e eficiência energética

(Fig. 7).

Logicamente há outros setores da ciência cuja importância também é indiscutível,

tais como as ciências humanas que abordam questões de cunho social e cultural. No

entanto, para propósitos de objetividade estaremos focando nas ciências ligadas mais

diretamente na geração de tecnologias de produção, que envolva em maior densidade o

ramos das ciências biológicas e da ciências exatas.

A Rede, na sua existência, deverá agir como pivô no estimulo à interação e coesão

entre esses dois grandes ramos da ciência, criando ambiente favorável e fértil para que

idéias e inovações surjam e gerem produtos e processos. E esses, por sua vez, sejam

capazes de solucionar não só os gargalos tecnológicos existentes na situação presente,

como também. por meio de uma abordagem estratégica, preparar o setor para desafios

futuros.

Para tanto, será essencial o estreitamento da distância hoje existente entra o setor

produtivo e os ICTs competentes na geração de ciência e tecnologia.

A Rede deve criar ou promover mecanismos de interação e troca constante de

informações entre o setor produtivo da iniciativa privada e os detentores do conhecimento

cientifico e tecnológico que povoam as vertentes biológica e exata da ciência.

Na primeira etapa de implantação do Escritório Gestor da Bioenergia, o

estabelecimento de mecanismos que viabilizem de fato essa interação, foi corretamente

abordada por meio da criação do Núcleo de Inteligência Competitiva (NIC-BIO) que será

instrumento de interação direta com as APLs envolvidas na Bioenergia.

Dessa forma, o NIC-BIO em associação a Rede Mineira de CT&I em Bioenergia,

formam um canal eficaz de comunicação entre o setor produtivo da iniciativa privada e os

recursos intelectuais disponíveis nos ICTs (Fig. 8).

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 25/37

Page 27: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Figura 7. Associação entre dois grandes ramos da ciência básica e aplicada que estão estritamente ligados ao setor da Bioenergia e como eles abrigam as inter-relações dos atores e ações do Escritório Gestor da Bioenergia (BIOERG) nas suas diferentes vertentes (Etanol e Derivados; Biodiesel e Óleos Vegetais; e Carvão Vegetal e Resíduos).

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CIÊNCIAS EXATAS

Etanol e Derivados

Biodiesel e Óleos Vegetais

Carvão Vegetal e Resíduos

Etanol e Derivados

Biodiesel e Óleos Vegetais

Carvão Vegetal e Resíduos

REDE DE CT&I REDE DE CT&I

NIC-BIO NIC-BIO

BIOENERGIABIOENERGIA

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Page 28: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Figura 8. Inter-relações preferenciais entre diversos alvos e atores do Escritório Gestor em Bioenergia (BIOERG) para as vertentes do

Etanol e Derivados, Biodiesel e Óleos Vegetais, e Carvão Vegetal e Resíduos.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia

NIC-BIOPOLOS

REDESDE CT&I

APLs ICTs

Plataformas

BIODIESEL E ÓLEOS VEGETAIS

CARVÃO VEGETAL E RESÍDUOS

ETANOL E DERIVADOS

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Page 29: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

2. Formatação da Rede de CT&I em Bioenergia

A formatação do modelo institucional da Rede Mineira de CT&I em Bioenergia

deverá ter caráter inovador e estar centrada na obtenção de resultados concretos no

campo da inovação tecnológica e do conhecimento. Sua concepção deverá ter caráter

abrangente em níveis estadual, nacional e internacional, ancoradas em parcerias

estratégicas com instituições de elevada competência nos diferentes níveis citados.

A operacionalização da Rede Mineira de CT&I em Bioenergia deverá estar

assentada numa gestão compartilhada entre as instituições integradas, cujo caráter será

multifuncional e multidisciplinar, derivadas da formação de diferentes grupos

interligados temática, setorialmente, ou em áreas afins.

Funções da rede:

1. Organizar, padronizar e priorizar as demandas por vertente;

2. Auxiliar na identificação de oportunidades e de gargalos relativos à geração,

difusão e gestão do conhecimento através das redes de cooperação inter-organizacionais

no âmbito do assunto em questão: bioenergia;

3. Ajustar na definição dos atendimentos das demandas por intermédio de editais;

4. Estruturação dos marcos e mecanismos regulatórios da rede.

Por conseguinte, fica definido que seu modelo operacional deverá contemplar os

seguintes mecanismos e marcos regulatórios:

Definição dos critérios de formação e de participação na Rede Mineira de

CT&I em Bioenergia em suas diferentes vertentes, com enfoque na obtenção de

inovações diferenciadas nas áreas avançadas do conhecimento sobretudo para as áreas de

bicombustíveis líquidos, sólidos e gasosos;

Definição de modelos de interação e cooperação para as diferentes vertentes,

no que tange a recursos humanos, materiais diversos (genético, instrumental, softwares,

etc.), informação e recursos físicos e financeiros;

Inventário das disponibilidades de infra-estrutura existente quanto ao nível

tecnológico de laboratórios e infra-estrutura de pesquisa, qualificação técnico-científica

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 28/37

Page 30: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

do corpo de pesquisadores, estudantes (graduação e pós-graduação) e técnicos, assim

como de investimentos em qualificação;

Estruturar editais próprios e/ou em parcerias com outras fontes financiadoras

nacionais ou internacionais, integrados ou não com o setor privado;

Estabelecer planejamento estratégico para atuação da rede em áreas

prioritárias;

Disponibilizar por meio eletrônico, ferramentas de gerenciamento e de

informação (banco de dados), interação em tempo real, divulgação de demandas,

acompanhamento de processos, disponibilização de resultados, dentre outros; e

Adequar os mecanismos jurídicos e administrativos que validem as ações da

rede, no que se refere a propriedade intelectual, proteção de cultivares, biossegurança,

legislação ambiental, etc.

3. Internacionalização da Rede

A globalização de mercados, economias, culturas, conhecimentos e tecnologias

ampliaram de maneira positiva o cenário de oportunidades para países em

desenvolvimento. O Brasil, semelhantemente a outros países que estão consolidando seu

processo democrático e tornando seus indicadores econômicos e sociais mais

sustentáveis, em em face de melhorias no uso de seus recursos naturais e humanos, torna-

se cada vez mais presente e competitivo nesse ambiente.

A atual crise no setor energético mundial, ocasionada pelas altas sucessivas do

preço do petróleo, associada à inquietação generalizada da sociedade com as questões

ambientais, em especial àquelas ligadas ao aquecimento global, além do surgimento de

novos atores de importância econômica e política no cenário internacional, tais como

Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), tem corroborado para desviar, em parte, o fluxo

histórico de capital entre América do Norte e Europa.

Essas alterações têm favorecido o fortalecimento de novos eixos comerciais, que

incluem o Brasil como grande exportador/importador, e que no passado eram

considerados de importância secundária, mas que na atualidade demonstram peso na

ciranda financeira mundial.

Nesse cenário promissor e desafiador, o Brasil vem ganhando grande espaço e

destaque na mídia e nas discussões mundiais, sendo apontado como um dos poucos

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 29/37

Page 31: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

paises no mundo que realmente aplica, em escala ampla, um modelo de sucesso na

redução ou mesmo substituição da energia de origem fóssil por energia advinda da

biomassa renovável.

O uso intensivo de energia renovável na matriz energética brasileira representa

uma experiência de sucesso, principalmente na bioenergia, o que tem tornado o país alvo

preferido de grandes corporações e investidores internacionais, cientes da importância

estratégica da substituição continua e crescente de fontes fósseis de energia por fontes de

energia renováveis.

A capacidade do país em responder a essa grande demanda por investimentos

estará estritamente ligada à capacidade do país em desenvolver e disponibilizar um

adequado portfólio de inovações cientificas e tecnológicas.

Nesse sentido, considerando que o conhecimento não se encontra limitado às

fronteiras territoriais dos países, mesmo para aqueles cujo conhecimento é protegido por

mecanismos legais, a exemplo das patentes, é imprescindível que ocorra estimulo para o

intercâmbio e a parceria internacional, criando assim, condições favoráveis à melhorias

no fluxo do conhecimento e na geração de oportunidades de investimentos.

Assim, o estabelecimento de critérios para a identificação de países, considerados

os diferentes interesses nas áreas comercial e científica, bem como a competência

instalada correspondente, certamente constituirá fator primordial para se definir como

trabalhar corretamente essas ações no exterior.

É fundamental, também, por se tratar de parcerias a serem estabelecidas em nível

estadual, acercar-se de cuidados para questões de ordem estratégica diplomática e

institucional, resguardando ainda questões de interesse nacional relativas a interação

tecnológica e proteção do conhecimento.

Assim, no presente projeto, irá se buscar o estabelecimento dessas definições a

partir de um processo de mapeamento e avaliação de oportunidades nas referidas áreas de

interesse citadas, comercial ou tecnológica, respeitadas as orientações políticas de

governo estaduais e federais.

A construção de uma rede de ramificações em nível internacional na área de

CT&I é matéria complexa e delicada, principalmente em áreas estratégicas, onde o

conhecimento apresenta amplas possibilidades de inovações.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 30/37

Page 32: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Essa característica coloca esses intercâmbios internacionais num patamar

diferenciado quanto a seu formato não só com o objetivo de catalisar relacionamentos,

mas acima de tudo, de como internalizar conhecimentos.

Em face da complexidade em se coordenar um trabalho dessa natureza, com

clareza de objetivos e metas estabelecidas para se atingir, dentro de prazos exeqüíveis e

necessários, é fundamental contar com o aporte intelectual e operacional de consultoria

especializada para tal fim.

LITERATURA CONSULTADA

ÁLCOOL: ETANOL BRASILEIRO. (http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol. htm ). Acesso em 24 de julho de 2008.

AMATO-NETO, J. As redes dinâmicas de cooperação e as organizações virtuais como suporte à geração e difusão do conhecimento. In: I Workshop - Redes de Cooperação e Gestão do Conhecimento, PRO-EPUSP, 2001.

AS ALTERNATIVAS DO BIODIESEL. Agroanalysis. Rio de Janeiro/RJ: FGV, v:25, n:8, agosto, 2005.

BIOCOMBUSTÍVEL E INTELIGÊNCIA PARA O AGRONEGÓCIO. Portal da Ripa. (http://www.ripa.com.br/index.php?id=artbiocombust&type=98). 02 de fevereiro de 2007.

BIOENERGIA E PRODUTOS RENOVÁVEIS PARA O FUTURO SUSTENTÁVEL. (http://www.cienciapt.info/ pt/. Acesso em 27 de setembro de 2007).

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CARVÃO VEGETAL NO BRASIL. (http://infoener.iee.usp.br/scripts/biomassa/br_car vao.asp). Acesso em 28 de julho de 2008.

LOPES, L.A. Desenvolvimento Sustentável: Uma Análise do Álcool como Alternativa Energética. Tese de Doutorado. Faculdade de Engenharia Mecânica. UNICAMP, Campinas, 1999.

Minas mostra potencial na produção de energia e alimentos. Agência Minas - Notícias do Governo de Minas Gerais. (http://www.agenciaminas.mg.gov.br/). 05 de junho de 2008.

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O DESAFIO DA INOVAÇÃO. Rede Baiana de Biocombustíveis. Informativo no 158. 26 de maio de 2007.

SIMÕES J. Seminário de comissão paulista de bioenergia apresenta estudo sobre a ciência e a tecnologia da produção de biocombustíveis. Boletim Eletrônico Inovação UNICAMP (http://www.inovacao.unicamp.br/etanol/report/news-biocombustiveis071022.php). 22 de outubro de 2007.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 31/37

Page 33: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

EQUIPE DO PROJETO

Relação de membros integrantes do projeto

Nome Maior Formação Dedicação ao Projeto (%)

Marcelo Franco

Geraldo M. A. Cançado

Giovanni Campos Fonseca

Ana Paula de Souza Silva

Déa Maria da Fonseca

Ronaldo Nascimento

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 32/37

Page 34: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

ORÇAMENTO DETALHADO

Item Descrição Quant. Período (meses)

Unit. (R$) Total (R$) Justificativa

01 Bolsa BDTI-II 02 18 47.350,44 94.700,88 Contratação de dois técnicos de nível superior com elevada formação profissional nas áreas de: Engenharia química para atuar na plataforma do Etanol e engenharia elétrica para atuar na plataforma do biodiesel e óleos vegetais.

02 Material permanente – Três computadores portáteis (laptops)

03 - 2.800,00 8.400,00 Utilizados na coleta, armazenamento e analise de dados a campo

03 Serviços de terceiros – pessoa jurídicaInternacionalização da Rede

01 18 230.000,00 230.000,00 Contratação de empresa de consultoria para internacionalização da rede

04 Serviços de terceiros – pessoa jurídicaModelo Institucional da Rede

01 18 100.000,00 100.000,00 Contratação de empresa de consultoria para estudo, operacionalização institucional e analise da rede

05 Diárias internacionais * 30 - 198,00 5.940,00 Estabelecer parcerias internacionais, conhecer experiências internacionais na área do etanol

06 Diárias nacionais – Capital 30 - 190,00 5.700,00 Ações in loco e reuniões entre integrantes da rede. Integração da rede a nível nacional

07 Diárias nacionais - Interior 80 - 120,00 9.600,00 Ações in loco e reuniões entre integrantes da rede. Integração da rede a nível nacional

08 Passagens aéreas internacionais 02 - 1.980,00 3.960,00 Trecho ida/volta Brasil/EUA. Estabelecer parcerias internacionais, conhecer experiências internacionais na área do etanol

09 Passagens aéreas nacionais 48 - 650,00 31.200,00 Trecho ida/volta para as seguintes localidades: Belo Horizonte, rio de Janeiro, Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, São Paulo, Recife, Curitiba, etc.

TOTAL GERAL 489.500,88ORÇAMENTO GLOBAL

* Cotação do dólar comercial em 29/07/2008: R$ 1,65

CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 33/37

Page 35: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

ItemDescrição

PERÍODO

Trimestre

Trimestre

Trimestre

Trimestre

Trimestre

Trimestre

TOTAL

01 Bolsa BDTI-II 15.783,48 15.783,48 15.783,48 15.783,48 15.783,48 15.783,48 94.700,88

02 Material permanente – Três computadores portáteis (laptops)

8.400,00 - - - - - 8.400,00

03 Serviços de terceiros – pessoa jurídicaInternacionalização da Rede

115.000,00 - - 115.000,00 - - 230.000,00

04 Serviços de terceiros – pessoa jurídicaModelo Institucional da Rede

50.000,00 - 50.000,00 - - - 100.000,00

05 Diárias internacionais * 2.970,00 - - 2.970,00 - - 5.940,00

06 Diárias nacionais – Capital 950,00 950,00 950,00 950,00 950,00 950,00 5.700,00

07 Diárias nacionais – Interior 1.600,00 1.600,00 1.600,00 1.600,00 1.600,00 1.600,00 9.600,00

08 Passagens aéreas internacionais 1.980,00 - - 1.980,00 - - 3.960,00

09 Passagens aéreas nacionais 5.200,00 5.200,00 5.200,00 5.200,00 5.200,00 5.200,00 31.200,00

TOTAL 201.883,48 23.533,48 73.533,48 143.483,48 23.533,48 23.533,48 489.500,88

VIAGENS E DIÁRIAS NACIONAIS (18 meses)

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 34/37

Page 36: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

EventoQuantidadede Eventos

Número de Pessoas (origem) Meio de Transporte Duração Total de

DiáriasFora do

estado

Região Central

Triângulo e Alto

Paranaíba

Região Norte

Zona da

Mata

Avião Carro Ônibus

VIAGENS E DIÁRIAS

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 35/37

Page 37: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

VIAGENS E DIÁRIAS INTERNACIONAISFinalidade Origem/Destino Número de

passagens (ida/volta)

ValorR$

Número de diárias

ValorR$

Parcerias etanol na prospecção de oportunidades no setor da alcooquímica

Brasil/EUA 01 15

Parcerias etanol na prospecção de oportunidades no setor da alcooquímica

Brasil/EUA 01 15

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 36/37

Page 38: Projeto Rede De Ct&I Versao 05 De  Agosto

Cronograma de Atividades a Serem Desenvolvidas para Período de 18 Meses

ETAPAS Mês1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

1. Mapeamento de competências nas plataformas do Etanol e Derivados, Biodiesel e Óleos Vegetais, e Carvão Vegetal e Biomassa.2. Estruturação da rede para as três vertentes

3. Estruturação de editais (próprios e em parceria)

4. Desenvolvimento de ferramentas eletrônicas de gerenciamento, interação e divulgação de resultados5. Definição de modelo jurídico e de gestão

6.Coleta de dados

7.Analise de parâmetros de eficiência e desempenho

8. Elaboração de relatório técnico/financeiro

9. Promoção de ventos, fóruns e encontros

10. Elaboração de artigos e publicações

11.

12.

13.

14.

15.

Rede Mineira de CT&I em Bioenergia 37/37