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Projetos Acadêmicos de Pesquisa-Ação em Educação L. A. G. Senna - 143 - O TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO O discurso científico, ou seja, a forma como se constrói o texto científico, tem características muito particulares e, às vezes, muito artificiais, quando comparadas ao discurso cotidiano. Do mesmo modo que o pensamento científico estruturado é um exercício, também o é seu relato no texto científico. Tenha sempre em mente o fato de que o texto científico não é uma redação ou um texto literário e sim, um recurso empregado para informar ou instruir. Assim sendo... Pense antes de tudo em sua clareza e simplicidade e não, em sua estética! Confira a seguir alguns procedimentos que se devem adotar na elaboração deste tipo de texto.

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O TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO

O discurso científico, ou seja, a forma como se constrói

o texto científico, tem características muito particulares e, às

vezes, muito artificiais, quando comparadas ao discurso

cotidiano. Do mesmo modo que o pensamento científico

estruturado é um exercício, também o é seu relato no texto

científico. Tenha sempre em mente o fato de que o texto

científico não é uma redação ou um texto literário e sim, um

recurso empregado para informar ou instruir. Assim sendo...

Pense antes de tudo em

sua clareza e simplicidade

e não, em sua estética!

Confira a seguir alguns procedimentos que se devem

adotar na elaboração deste tipo de texto.

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O Registro

O texto científico só pode ser expresso no registro culto

oficial da língua portuguesa escrita, devendo-se zelar para que

a ortografia esteja correta e todas as regras de concordância e

regência verbo-nominal sejam respeitadas. Seu orientador tem

obrigação de lhe auxiliar nestes detalhes gramático-

ortográficos; portanto, não fique se censurando,

desnecessariamente, quanto a este tipo de coisa.

Os editores de texto corrigem automaticamente a ortografia, mas dãoalertas falhos sempre que desconhecem uma palavra (especialmentese composta). Além disso, os editores desprezam a ocorrência deerros, quando a palavra grafada de forma incorreta toma a forma deoutra palavra —por exemplo: homófonos como [seção] / [sessão] /[cessão], ou, simplesmente, coincidências, coma entre [garfo] / [grafo],[grifo] / [grilo], etc.

A regência verbo-nominal regula o uso das preposições emcomplementos de verbos ou nomes transitivos. Há casos em que atroca de preposições pode ocasionar sérios prejuízos para asignificação do texto, como no caso clássico de [vir ao encontro de](“estar em consonância com", ou “no interesse de”) e [vir de encontro a](“colidir contra“, ou “contradizer”, “contrariar”). Os editores de textoainda não estão habilitados a analisar este tipo de fato gramatical, poisse restringem tão somente à análise da forma física das palavras.

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Pessoa do discurso

Não se exige do texto científico, atualmente, uma

absoluta omissão da pessoa de quem o escreve, embora ainda

se privilegie o discurso impessoal. Contudo, não se pode

adotar, ora uma posição impessoal, ora uma posição pessoal,

ora um sujeito na primeira pessoa do singular, ora no plural.

Uma vez escolhida a forma como o autor vai se denunciar no

texto, deve-se respeitá-la até o final.

Exemplos e tipos de pessoas do discurso

Formas de sujeito impessoalForma clássica de expressão do autor, no texto científico, é sempre amais recomendável.

• Observou-se que a situação das crianças submetidas a experiênciasconcretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos.

• Foi observado que a situação das crianças submetidas aexperiências concretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos.

• O experimento permitiu a observação de que a situação dascrianças submetidas a experiências concretas de vivência é maisfavorável à construção de conhecimentos.

Sujeito em primeira pessoa do singularEmbora interpretada, às vezes, como presunçosa ou vaidosa, é muitobem-vinda, atualmente, quando usada de forma natural e nos momentosoportunos.

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• Eu observei que a situação das crianças submetidas a experiênciasconcretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos. (Forma vaidosa...)

• Observei que a situação das crianças submetidas a experiênciasconcretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos. (Forma um pouco menos vaidosa...)

• Pude observar que a situação das crianças submetidas aexperiências concretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos. (Forma oportuna... esta alternativa pode ser usadaem concomitância com a forma clássica, em um trecho ou outro dotrabalho, quando se deseja enfatizar que se trata de umaconstatação pessoal, merecedora de destaque.)

Sujeito em primeira pessoa do pluralTido como muito pedante e anacrônico, atualmente.

• Nós observamos que a situação das crianças submetidas aexperiências concretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos. (Evite usar isso, por favor...)

• Observamos que a situação das crianças submetidas a experiênciasconcretas de vivência é mais favorável à construção deconhecimentos. (Use isso apenas quando se desejar que, através daprimeira pessoa do plural se chegue a um tipo indeterminado desujeito.)

� A retórica frasal

As frases no texto técnico-científico não são reguladas

pela estilística do texto narrativo e sim, por uma estilística

própria, marcada pela redundância. Não se esqueça de que na

tradição acadêmica a oração é, em si, a expressão de uma

unidade do pensamento e, portanto, a preservação de sua

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estrutura sintática essencial é necessária em um texto que, em

principio, está o tempo todo relacionado com a expressão do

pensamento.

Portanto, mesmo que pareça uma perda de tempo ter

de expressar na frase um sujeito ou um complemento que

parecem estar evidentes no contexto, não os omita! Se for

possível suprimir a repetição de termos através do uso de

pronomes ou outras formas de substituição, faça isto; caso

contrário, repita o termo sem medo de estar sendo

redundante.

Exemplos:

“As estratégias de ensino vivencial têm sido arroladas no âmbito daEducação há décadas, mas existe hoje uma tendência a redefinir suafunção nos processos de ensino-aprendizagem, basicamente do modocomo nos esclarece ZEREZEU (1999). Para este” (supressão daredundância através do pronome), “tais estratégias” (repetiçãointencional) “vinham sendo tratadas ou como meros recursosmotivacionais ou como protótipos universais de experiênciasdesencadeadoras da construção de conhecimentos.

Resgatando a breve história do sujeito cognoscente de base sócio-interacionista, ZEREZEU (1999)” (repetição intencional, empregada paraevitar ambigüidade que provocaria o uso de um pronome cujo referenteestá no parágrafo anterior) “associa as estratégias de ensino vivencial”(idem) “aos recursos de construção de conhecimentos a partir do conceitode zona de desenvolvimento proximal.”

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O vocabulário

O vocabulário do texto-científico é, apesar de todo o

rigor exigido em sua elaboração, extremamente simples e

cotidiano.

Deve-se evitar, totalmente, o uso de sentido

metafórico, palavras ambíguas ou construções frasais que

desviem a atenção, do sentido geral do texto para o esforço de

interpretação. Só se deve inventar uma palavra nova na língua,

caso se esteja criando uma nova categoria científica que não se

deseje confundir com outras quaisquer que já sejam,

tradicionalmente, expressas por palavras previamente

conhecidas.

Quanto ao vocabulário, observe, também, que certos

substantivos são semanticamente transitivos e SEMPRE

devem vir acompanhados de um termo que lhes explique ou

complemente o sentido.

Portanto, use sempre o bom senso e não saia

inventando palavras ou estruturas que, até podem parecer

elegantes, mas não cabem no texto técnico-científico.

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Exemplos:

“O humano tende a buscar o repouso mental” – em lugar de “O serhumano tende a buscar o estado mental de repouso”[humano] é tipicamente um adjetivo e, por isso, seu referente deve sersempre expresso na frase.

A estranhice dos dados — em lugar de “A estranheza dos dados"[estranhice] é um neologismo; embora todo falante do Português vácompreender que se trata da mesma coisa que [estranheza], somente seaceitaria sua utilização, caso estivesse sendo intencionalmenteempregada para definir um determinado tipo de [estranheza] que, nocorpo do texto científico, fosse necessário distinguir.

“Os dados causaram distorções nos resultados, sem razão“ — em lugarde “Os dados causaram distorções nos resultados da análise, sem quese pudesse apontar a razão disto”Este é um dos casos mais típicos de especificidades do texto científico;na fala ou textos escritos informais, dificilmente alguém daria por falta docomplemento semântico do substantivo [resultados], ou, mesmo, daoração que se emprega apenas para introduzir a expressão [sem razão].

A distribuição das informações

A distribuição das informações no texto científico deve

ser tratada com muito rigor. Em cada parágrafo, deve-se tratar

APENAS de um único assunto, podendo-se, todavia, alocar

vários temas interrelacionados. Se um assunto será abordado

em vários parágrafos específicos, é recomendável que se crie

um parágrafo introdutório que alerte o leitor para isto, seja

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denunciando o assunto a ser tratado, seja apresentando

previamente o tema de cada parágrafo subseqüente.

Todas as vezes em que seu texto mudar de assunto, não

basta mudar de parágrafo, é preciso avisar ao leitor que vai

haver uma mudança de tema no corpo do texto. Deve-se fazer

isto, ou através de um “gancho” no final do último parágrafo

relativo ao tema anterior, ou através de um parágrafo

introdutório, que apresente o novo tema.

Se os parágrafos regulam o fluxo básico de informações,

os capítulos, suas seções e subseções regulam o fluxo de temas

em seu trabalho. No texto técnico, a distribuição de temas em

seções e subseções é sempre muito bem-vinda, pois facilita,

posteriormente, a leitura.

Deve-se numerar todos os capítulos e, a partir destes,

todas as seções e subseções. O padrão utilizado para

identificar as partes do texto é o seguinte:

1-Título do Capítulo

1. 1- Primeira seção do capítulo1.1.1- Primeira subseção da seção1.1.2- Segunda subseção da seção

1.2-Segunda seção do capítulo1.2.1- Primeira subseção da seção1.2.2- Segunda subseção da seção

1.3 - Terceira seção do capítulo1.3.1- Primeira subseção da seção1.3.2- Segunda subseção da seção

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Todo capítulo ou seção se inicia com um parágrafo

introdutório, que explique o que será tratado e a razão pela

qual será tratado. Ao final do capítulo, deve-se apresentar um

parágrafo conclusivo, que comprove que se apresentou aquilo

que fora previsto na introdução. Quando se trata de uma

subseção muito pequena ou de evidente relação com a seção, a

introdução e a conclusão são desnecessárias.

Exemplos:

1-Título do Capítulo

Este capítulo tem por finalidade justificar o trabalho que ora se descreve, ressaltando,respectivamente os fatores X, Y e Z, cada um dos quais tratados como um dos problemas aserem levados em consideração no estudo dos processos educacionais.

1. 1- Primeira seção do capítulo

O fator X explica-se como um conjunto de variáveis de natureza sócio-cultural e [... ...]

1.1.1- Primeira subseção da seção

Um dos estudos mais consistentes sobre a influência do papel de X nos processoseducacionais nos é apresentado em ZEREZEU (1999), cuja leitura nos ensina que [... ...]

1.1.2- Segunda subseção da seção

Nos dias atuais, ZEZEREU (1999) sofre profundas críticas de pesquisadores que [... ...]

1.2- Segunda seção do capítulo

Os fatores Y e Z descrevem-se como partes de um mesmo fenômeno, que se pode definircomo [... ...]

1.2.1- Primeira subseção da seção

1.2.2- Segunda subseção da seção

1.3 – Sumarizando a relação entre X, Y e Z e a Educação

Como se observou X, Y e Z são, respectivamente, [... ...]

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As notações bibliográficas

Bibliografia e referências têm formas muito particulares

de apresentação nos textos científicos, pois são usadas, não

apenas como comprovação de declarações feitas no texto, mas,

também, como fontes complementares de consulta para os

leitores.

Os exemplos abaixo dão referência dos principais tipos

de notações bibliográficas empregadas no texto técnico-

científico.

• Referências internas, empregadas no corpo do texto:

Com base na classificação apresentada em Zerezeu (1999:456-7)podemos...

... poder-se-ia recorrer, então, à taxionomia de Verden (In: ZEREZEU,1999:444) para criticar... ...sendo, entretanto, prudente levar emconsideração as restrições levantadas por Tictac (In: Id.Ibd.: 445-6).

Em notas, usar apenas a seguinte notação:Cf. ZEREZEU (1999); pp: 367-400.

• Referências a autores no corpo do texto só devem ser

nominais, caso se refiram ao conjunto de sua obra. Caso se

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reportem a um trabalho isolado, deve-se usar a notação

SOBRENOME (ano de publicação). Havendo mais de uma

obra do mesmo autor em um só ano, deve-se indexá-las

com letras, seqüencialmente, na referência e na

bibliografia — SOBRENOME (1999a), SOBRENOME

(1999b) etc.

• Os quadros e gráficos, devem ser numerados e ter títulos.

Ao se reportar a um quadro no texto, refira-se a ele como

QUADRO 1, QUADRO 2 etc. Faça o mesmo com as figuras

(Fig. 1, Fig. 2, etc.)

• No corpo do texto, normalmente, são empregados dois

tipos de citação: direta e indireta. Na citação direta, se

transcreve, literalmente, o texto de outro autor; na

indireta, se reproduzem as idéias de um autor, sem

recorrer à transcrição literal do texto.

As citações diretas breves (até três linhas) devem ser

incluídas no próprio texto, entre aspas, e, de preferência,

utilizando-se “itálico”, para destacá-las:

Assim, nas escolas onde o livro-texto exerce hegemonia, “àfigura docente resta apenas o papel de certificar e registrar naficha acadêmica dos alunos a posse de determinados níveisculturais.” (SANTOMÉ, 1998, p.181)

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As citações com mais de três linhas devem figurar em

parágrafo(s) destacado(s) do texto corrido (com recuo na

margem esquerda, utilizando “itálico”):

Quanto à utilização de jornais em atividades escolares, Sennaafirma que...

“A leitura de jornais diariamente é uma obrigação daEscola, tendo em vista tratar-se, não somente de umaatividade formadora do hábito de leitura, como, esobretudo, de uma forma de expandir o universo cultural doaluno. Ademais, após a leitura comentada das notícias, ojornal se torna um fabuloso recurso gerador de atividades,que permitem ao aluno desenvolver o seu conhecimentosobre as partes de mundo e do próprio país, bem como acapacidade de interpretar a progressão de fatos narradosdurante um período de tempo e outros tantos temasrelevantes. (...). Quanto maior o conjunto de informaçõestrazidas pelo jornal, maior será sua utilidade, pois taisinformações (...) são responsáveis pela ampliação douniverso de mundo do aluno, gerando uma escolarizaçãodinâmica e sempre atual.” (1997, p. 89)

No caso de citação indireta, a fonte deverá ser citada no

próprio texto ou ao final do período, ou, ainda, em nota de

rodapé, sob forma de nota bibliográfica:

Segundo LUCKESI (2000, p. 92-95), ao invés de operarcom avaliação, para direcionar o aprendizado e odesenvolvimento do aluno, a escola tem se preocupadoapenas com a verificação da aprendizagem escolar, queimpõe aos educandos conseqüências negativas,principalmente, por seu aspecto classificatório.

ou...

Segundo Luckesi, ao invés de operar com avaliação, paradirecionar o aprendizado e o desenvolvimento do aluno, a

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escola tem se preocupado apenas com a verificação daaprendizagem escolar, que impõe aos educandosconseqüências negativas, principalmente, por seu aspectoclassificatório. (2000, p. 92-95).

• As notas bibliográficas, como se pode observar nos

exemplos acima, devem figurar no final da citação, ou em

nota de rodapé ou, ainda, no caso de citação indireta, no

próprio texto. Das notas bibliográficas devem constar: a

indicação do último sobrenome do autor, em caixa alta; o

ano de publicação da obra; e o número da(s) página(s)

onde a citação se encontra. Conforme o segundo exemplo

apresentado, quando o nome do autor citado aparecer no

texto, não é necessário repeti-lo na nota, a menos que se

opte pela utilização de nota de rodapé. É importante

observar, também, a pontuação a ser seguida.

• Para citar uma obra que não foi lida no original, mas citada

na obra de outro autor, na nota bibliográfica aparece a

palavra latina apud:

Em A importância do ato de ler, Paulo Freire afirma que“uma compreensão crítica do ato de ler não se esgotana decodificação pura da palavra escrita ou dalinguagem escrita, mas se antecipa e se alonga nainteligência do mundo.” (Apud GADOTTI, 1988, p. 33-4)

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• De modo a evitar repetir os dados de uma obra que já foi

citada anteriormente, deve-se usar a expressão Op. cit.:

Explanando os motivos do currículo integrado, Santomé afirmaque “Com um currículo assim concebido é possível verificar comclareza as implicações sociais da escolarização e doconhecimento promovidos pela instituição acadêmica.” (Op. cit.,p. 29)

• Quando citar a mesma obra, seguidamente, usar a

expressão Id.:

“A burguesia propõe-se ‘socializar o saber’ e não cumpre o quepromete porque, com a socialização do saber, teria quesocializar o capital, a renda, o status profissional, etc.”(GADOTTI, 1988, p. 134)

... [texto]

“O saber valorizado pela classe dominante, o saber produtivo, osaber julgado ‘universal’ por essa classe, não é necessariamenteo que beneficia as classes oprimidas.” (Id. p. 135)

• Quando citar a mesma obra e a mesma página, usar a

expressão Ibid.:

“O estabelecimento de ensino está centrado nos resultados dasprovas e exames.” (LUCKESI, 2000, p. 20)

... [texto]

“O sistema social se contenta com as notas obtidas nosexames.” (Ibid.)

A bibliografia tem um papel importante no texto

técnico-científico e deve ser tratada com muito cuidado. Existe

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um certo protocolo padrão para organização e apresentação da

bibliografia, cuja finalidade é a de assegurar ao leitor

facilidade para localizar as obras citadas e distingui-las umas

das outras. Embora a regra básica a ser seguida seja a do bom

senso, existe um conjunto de normas fixadas pela ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) que deve ser

seguido.

As referências bibliográficas consistem em uma relação,

em ordem alfabética pelo último sobrenome do autor, de todas

as obras que concorreram para a elaboração do projeto. Na

apresentação da bibliografia, os elementos indispensáveis, a

formatação e a pontuação exigida seguem o seguinte padrão:

ÚLTIMO SOBRENOME DO AUTOR EM MAIÚSCULA [vírgula] nome doautor por extenso ou abreviado [ponto] (ano depublicação entre parênteses) [ponto] título da obra,sublinhado (não sublinhar os espaços entre as palavrasnem os sinais diacríticos) [ponto] cidade de publicação[dois pontos] editora [ponto]

Existem inúmeras situações específicas de notações

bibliográficas, as quais devem ser levadas em consideração a

fim de que não se gerem custos de referência para os leitores

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do texto. Algumas destas situações encontram-se

exemplificadas a seguir.

Livros, teses, dissertações, monografias

e trabalhos científicos em geral

KAUFMAN, Ana Maria; RODRIGUEZ, Maria Helena. (1995). Escola, leitura eprodução de textos. Porto Alegre: Artes Médicas.

OLIVEIRA, Ezequiel Rodrigues de. (2001). A leitura da imagem na educaçãoformal. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Gomes Senna. UERJ/Faculdadede Educação. Dissertação (Mestrado em Educação).

MARTINS, M. C.; FREIRE, M.; DAVINI, J. et al. (1997). Avaliação e planejamento:a prática educativa em questão. Instrumentos Metodológicos II. SérieSeminários. São Paulo: Espaço Pedagógico.

CERQUETTI-ABERKANE, F.; BERDONNEAU, C. (1996). O ensino de matemáticana educação infantil. Tradução de: Eunice Gruman. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1997.

LÉVY, Pierre. (1993). As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento naera da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34. cap. 9: “A rede digital”.

MARSON, A. (1984). “Reflexões sobre o procedimento histórico”. In: SILVA, M. A.(org.). Repensando a história. Rio de Janeiro: Marco Zero.

Quando um mesmo autor for comum a dois ou mais

documentos, seu nome não se repete, devendo ser substituído

por um traço equivalente a, mais ou menos, 5 (cinco)

caracteres:

PIAGET, J. (1994). O juízo moral na criança. São Paulo: Summus.

_____. (1990). Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes.

_____. (1978). A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar.

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Documentosoficiais

BRASIL. (1997). Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da EducaçãoFundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF.

BRASIL. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes eBases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Ano CXXXIV, nº 248,23 dez. 96, p. 27833-27841.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20de dezembro de 1996.

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. (1990). O cotidianoda pré-escola. Série Idéias, nº 7. São Paulo: FDE.

ENCICLOPÉDIA Barsa. (1979). 15 ed. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica.16v.

BERGMANN, K. (1990). “A história na reflexão didática”. Revista Brasileira deHistória. São Paulo: DNH, v. 9, n. 19. p. 29-42, set.89/fev.90

CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO 1. (1981). Anais... São Paulo:Cortez.

Trabalhos apresentados emCongressos, Simpósios, Conferências e Jornais

SENNA, Luiz Antonio Gomes. (2001). “O perfil do leitor contemporâneo”. In: ISeminário Internacional de Educação, jul./2001, Cianorte. Anais...Cianorte/PR: UEMaringá. p. 2286-2289.

DAPIEVE, Arthur. (2002). “Mulher de malandro: os infortúnios dos times do Rio”. OGlobo, Rio de Janeiro, 4 out. 2002. Segundo Caderno, p. 6.

MENDONÇA, Ricardo. (2002). “Onde estão os negros? De cada dez brasileirosque chegam ao topo da sociedade, nove são brancos”. Veja. São Paulo: Ed.Abril, ano 35, n. 48. p. 56-57. 4 dez. 2002.

No caso de entrevistas, deve-se citar os nomes do

entrevistado e do entrevistador e registrar que se trata de uma

entrevista:

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PASTORE, José. (2002). “Para sair da selva”. Veja. São Paulo: Ed. Abril, ano 35,n. 49. p. 13-15. 11 dez. 2002. Entrevista concedida a Mônica Weinberg.

Obras consideradas inéditas (palestras, escritos mimeografados, trabalhos escolares, notas de

aula, etc.)

CARVALHO, I. C. L. (1989). “Estratégia de marketing aplicada à área debiblioteconomia”. Palestra realizada no IJSN, em 29 out. 1989.

PEROTA, M. L. R. (1994). “Representação descritiva”. 55 f. Notas de aula. Local:data.

Documentos eletrônicos

Considera-se documento eletrônico o existente em

formato eletrônico acessível por computador. No caso de

documentos eletrônicos, além dos dados que identificam um

documento bibliográfico (autor, data de publicação, título,

edição, local de publicação e editor), as referências devem

conter elementos que determinem sua localização “virtual” e

formas de recuperação. O formato padrão é o seguinte:

Autor/editor. (Ano). Título (edição), [tipo de suporte: online (se

estiver na rede), cd-rom, disquete, etc.]. Produtor

(opcional). Disponibilidade e acesso (localização e forma

de acesso. Sempre precedidas da expressão

“Disponível”): [data de acesso]

Page 19: Projetos Acadêmicos de Pesquisa-Ação em Educação L. A. … · Projetos Acadêmicos de Pesquisa-Ação em Educação L. A. G. Senna - 143 - O TEXTO TÉCNICO-CIENTÍFICO O discurso

Projetos Acadêmicos de Pesquisa-Ação em Educação L. A. G. Senna

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