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ARTIGO

O Ensino Religioso como ferramenta de formação cultural

O debate sobre o Ensino Religioso nas escolas causa posicionamentos ardorosos, tanto favoráveis quanto con-trários. Posicionamentos à parte, gostaria de propor uma reflexão sobre o caráter pedagógico do Ensino Religioso.

Todas as áreas de conhecimento que formam os dife-rentes currículos propõem, de forma sistemática, a leitura e a interpretação da realidade. Em um país historicamente diversificado e pluralista, em que diferentes manifestações no campo religioso ajudaram a construir a identidade na-cional, o Ensino Religioso como disciplina da educação básica, assume o papel de favorecer a leitura do fenômeno religioso nacional, contextualizado e significativo.

Como primeira etapa do desenvolvimento escolar da criança, a Educação Infantil é a base de toda a sua forma-ção nas diversas áreas do conhecimento. Apesar de não ser contemplado diretamente nas diretrizes curriculares na-cionais para a Educação Infantil, o Ensino Religioso pode propiciar “a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras”, conforme o que determinam essas diretrizes.

Na Educação Infantil, como a criança está se perceben-do e percebendo o outro, é importante a exploração de seu próprio universo, bem como a sua convivência e relação com as pessoas que a cercam. Daí a importância do contato com o universo religioso para a construção de sua identi-dade religiosa.

Precisamos, portanto, pensar em conteúdos de Ensino Religioso que promovam a descoberta de si e do outro, já que a formação integral de cidadãos conscientes e reflexi-vos – que compreendem a si mesmos, ao seu próximo e ao mundo em que vivem em suas múltiplas dimensões – é o que buscamos. Assim, no encontro com o outro e na per-cepção de que as pessoas pensam, agem e também utilizam maneiras diferentes para falar com o Transcendente, temos a possibilidade de construir uma sociedade mais justa e so-lidária, pois a diferença não é motivo de separação e sim de união.

No entanto, é preciso pensar nas ações pedagógi-cas do Ensino Religioso, em uma sequência cognitiva que respeite as características da criança. A organização das ações pedagógicas do Ensino Religioso, como em qualquer outra disciplina, precisa considerar o estudante como su-jeito de sua história, favorecendo a compreensão do co-nhecimento para que possa atuar como cidadão na comu-nidade em que está inserido. Essa reflexão tem como ob-jetivo contribuir para que o professor atue no processo de desenvolvimento de seus alunos de maneira que suas aulas não se tornem apenas um momento de informação sobre a

religião. Isto porque acumular conteúdos não é mais o ob-jetivo único e principal da escola. Destaco um pensamento de Morin, pai da teoria da complexidade: “Na educação, trata-se de transformar informações em conhecimento, de transformar conhecimento em sapiência [...]”.

Dessa forma, um projeto escolar não pode se ater ape-nas às informações sobre as diferentes tradições religiosas, mas exige que o professor tenha clareza da especificidade do ato educativo e também da complexidade do processo de mediação pedagógica. No cotidiano, as situações oriun-das de questões religiosas, como regras de convivência e até aspectos da organização social, são confrontadas pelos estudantes e seus grupos sociais. Sendo assim, pensar em uma linguagem pedagógica do Ensino Religioso na Educa-ção Infantil, e também nos demais segmentos, é exercitar o diálogo com o diferente, com base no respeito e no desejo de preservar a dignidade e direito de existência de cada manifestação cultural-religiosa.

Como membro do Grupo de Pesquisa Educação e Reli-gião (GPER), que tem intensificado suas pesquisas na área do Ensino Religioso, tenho trabalhado no sentido de cons-truir uma identidade própria, sistematizar um referencial teórico e promover uma formação docente para acrescen-tar à visão sobre a realidade mais um modo de discuti-la, pensando no viés pedagógico do Ensino Religioso.

Portanto, o desafi o do Ensino Religioso, e torno a refor-çar que é o desafi o de todas as disciplinas, é criar um espaço para dúvidas, procurando propor situações-problema para que o cidadão esteja apto em todas as ocasiões para atuali-zar, aprofundar, enriquecer os seus primeiros conhecimen-tos e pronto para se adaptar a esse mundo em mudança.

REFERÊNCIAs

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a formar, reformar o pensamento. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

*Edile Maria Fracaro Rodrigues é mestre em Educação, Coordenadora pedagógica do Trabalho em Conjunto do

Ministério Igreja em Células, professora do Centro Univer-sitário Uninter e membro do GPER.

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