PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Dayse Cristina Souza de Queiroz APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Dayse Cristina Souza de Queiroz

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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DAYSE CRISTINA SOUZA DE QUEIROZ

PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação, da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora MS Fernanda Franco Rocha, como parte dos requisitos para Conclusão do Curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO

PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aparecida de Goiânia ___ de dezembro de 2010.

EXAMINADORES

Orientador - Prof.(a) Fernanda Franco Rocha - Nota:___ / 70

Primeiro examinador - Prof.(a) __________________________ - Nota:___ / 70

Segundo examinador - Prof.(a) __________________________ - Nota:___ / 70

_______________________________________________________________

Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70

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Dedico esse Artigo, todo meu trabalho e empenho de quatro anos de faculdade em especialmente a minha filha Vitória e meu esposo Alex, pelas horas de compreensão, por tolerarem minhas ausências e pela ajuda tão necessária. Aos meus familiares e amigos, todas as pessoas que passaram pela minha vida, que de uma forma ou de outra deixaram marcas. Não teria todas as oportunidades que tive em minha vida se não fosse o sacrifício deles, que juntos lutaram para eu poder estudar e ter uma vida digna. As minhas colegas de classe que contribuíram na troca de informações e materiais, numa rara demonstração de amizade e solidariedade. Tenho só que dizer uma única palavra: Obrigada!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus pela oportunidade e pelo privilegio que

me foi dado em compartilhar tamanha experiência ao freqüentar este curso

proporcionando forças e superação as dificuldades enfrentadas.

A todos os professores da Faculdade Alfredo Nasser pelo carinho,

dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso. Em especial a minha

orientadora Fernanda Franco Rocha pela atenção, paciência e normatização deste

trabalho de conclusão de curso.

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PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Dayse Cristina Souza de Queiroz* Fernanda Franco†Rocha**

RESUMO O presente artigo intitulado: Projetos na Educação Infantil propõe-se a investigar a contribuição dos projetos no fazer pedagógico das pesquisas em educação infantil. Objetivando: compreender por que os projetos são tão discutidos na educação; analisar como trabalhar com projetos na educação; entender a contribuição dos projetos no fazer pedagógico dos professores da educação infantil e enfatizar o quanto os projetos auxiliam no desenvolvimento dos alunos. Por isso, esse estudo optou por realizar uma pesquisa bibliográfica, pautada nos seguintes autores: Ostteto (2008); Barbosa (2008); Faria (2007); e outros. Esse trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: Por que é tão discutido projeto na educação?; Como trabalhar com projetos na educação infantil?; Descrição de um relatório individual da criança; modelo de um projeto desenvolvido em uma instituição de educação infantil e, por último, fazem-se as considerações finais.

Palavras-Chave: Educação Infantil. Criança. Projetos.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como enfoque principal os projetos na educação

infantil. Com a finalidade de compreender a criança como sujeito cognitivo, ser

pensante, curioso, questionador, considerando seus conhecimentos; Possibilitar aos

professores refletir sobre suas práticas para proporcionar às crianças conhecimentos

de mundo globalizado, interdisciplinar e contemporâneo. As crianças são co-autoras

do seu próprio conhecimento por meio de ações coletivas, cooperativas, de

socialização, resolvem conflitos, argumentam sobre hipóteses, levantam

questionamentos na busca de entendimento e soluções para questões sociais,

tecnológicas e cientificas.

É, neste contexto, que se fundamenta a metodologia do trabalho com

projetos para construir na educação infantil um currículo rico, dinâmico, flexivo,

aberto a novas ações educativas direcionadas às necessidades reais da vida das

crianças. Dentro do contexto social, histórico e cultural, o projeto é uma proposta

que aponta para a construção da formulação de conceitos, desvendamento do novo,

interpretações do mundo que cerca das crianças; promove um ambiente de

cooperação, colaboração, companheirismo, respeito mútuo; valoriza os fatores

* Graduanda do 8º período do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser. †** Professora Ms. Orientadora

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ambientais possibilitando técnicas solucionáveis à preservação da vida e não só

para cidadania democrática, mas para um fazer interdisciplinar que envolva o todo.

O projeto político-pedagógico é um instrumento teórico-prático,

fundamentado em referências que embasam a nossa proposta educativa,

possibilitando assim, o encaminhamento cotidiano do fazer pedagógico. O projeto é

político porque revela intencionalidade das opções e escolhas de caminhos na

formação do cidadão, como sujeito ativo e transformador da sociedade em que vive.

O projeto é pedagógico porque orienta o como fazer, definindo a forma de

planejamento de currículo e atividades para a concretização dos objetivos

educacionais, considerando a leitura da realidade e particularidades de cada

comunidade escolar.

Por isso que o trabalho com projetos deve se iniciar desde a educação

infantil, para que a construção dos valores sociais para formação pessoal seja capaz

de interagir com meio de forma eficaz. Dessa maneira, entende-se que a sociedade

desejada deve ser formada por cidadãos conscientes de seus direitos e de seus

deveres. Esses sujeitos diferentes se inter-relacionam gerando conflitos entre

desejos individuais e a busca do bem comum. As questões sociais devem ser

tratadas através do diálogo balizado em combinações éticas pré-estabelecidas na

busca do conhecimento e da aprendizagem.

Sendo assim, em uma perspectiva contemporânea, esse trabalho não só

constrói relações de cultura, de valores, mas também valoriza o cidadão competente

na elaboração científica e tecnológica que acompanham as mudanças do mundo. O

fazer pedagógico proporcionar ao indivíduo a inserção no mundo pós-moderno

através de uma comunidade educativa em que o currículo seja aberto, flexivo,

consistente, em função das necessidades que surgem pela problemática do

cotidiano na busca de promover uma aprendizagem significativa.

Para o desenvolvimento deste artigo são assumidos alguns pressupostos

utilizados dentro de uma metodologia que emprega a abordagem de alguns teóricos

para a sistematização e análise da temática discutida. Este artigo propõe responder

a seguinte questão: Por que os projetos são tão discutidos na educação infantil?Visa

também enfatizar o quanto os projetos auxiliam o desenvolvimento dos alunos.

Sendo assim, este estudo é de forma qualitativa que está embasado numa pesquisa

bibliográfica pautada nos seguintes autores: Ostetto (2008); Barbosa (2008); Faria

(2007); e entre outros. A contribuição desta prática pedagógica na educação infantil

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é para além de uma sólida fundamentação teórica e enriquecimento do trabalho dos

professores. Para melhor entendimento desta ação, inclui-se a descrição de um

relatório individual da criança; modelo de um projeto desenvolvido em uma

Instituição de Educação Infantil no Município de Goiânia-GO; (CMEI); que tem suma

importância para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem da criança.

1. PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

1.1. Por que é tão discutido projeto na educação?

O projeto é uma proposta, uma ideia organizada daquilo que se pretende

desenvolver sobre determinado assunto ou um empreendimento que vai ser

realizado, esse empreendimento precisa ser bem esquematizado com intuito de

obter resultados necessários à atuação do trabalho, resultados com finalidade

positiva daquilo que se quer alcançar. O projeto envolve muitas variáveis que vão

contribuir para a realização do mesmo, é preciso colaboração, entusiasmo,

planejamento por parte dos que estarão envolvidos nesse trabalho.

O projeto é classificado também como uma programação que requer dos

participantes um contato mais próximo com o grupo que esteja envolvido dentro do

percurso de realização do trabalho, todos precisam conhecer as etapas que serão

traçadas durante todo o período que durar o trabalho. Daí a necessidade de

sistematizar o trabalho, pois é de extrema importância para o desenvolvimento das

atividades que serão feitas, se for possível é bom fazer um esboço do projeto,

apresentar um esquema daquilo que se pretende atingir. Dentro do esboço é

interessante destacar os recursos, o que será utilizado, o percurso, as etapas e os

objetivos. Geralmente um projeto surge para resolver ou achar respostas para algo e

precisa da colaboração de todos para ampliar, construir a autonomia e interpretar

desafios.

De um modo geral, trabalhar com a proposta de projetos requer observar

que tipo de projeto será realizado, pois o mesmo aparece em uma amplitude, porém

com um sentido único, o de buscar soluções, buscar descoberta, buscar resposta

para os desafios que nos deparamos, tanto em relação aos profissionais da

educação como os de outras áreas.

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Atualmente com avanço tecnológico, o sistema educacional deve organizar

de maneira sistematizada o seu trabalho. Não só no setor educacional, mas em

diferentes áreas do conhecimento, faz-se necessário aderir à técnica de organizar o

funcionamento de suas atividades através de projetos. As renovações, as

concorrências no mercado de trabalho e a tecnológica avançada são tendências que

remodelam o mundo rapidamente, logo a necessidade de sistematizar, de planejar a

vida. Foram surgindo novas formas de apresentar o desenvolvimento de nossas

atividades com as inovações na sociedade.

Por isso, a criação do projeto deve envolver uma organização intensa, como

a interação, a necessidade de aprendizagem, o nível de conhecimentos dos

indivíduos, a preparação, a execução e as conclusões que surgem durante o

trabalho, o projeto inicia-se com criatividade e preparação, para que surjam

significados e finalidade, com qualidade para diagnosticar problemas e propor

soluções, dessa maneira é possível ter uma noção de como se inicia o trabalho com

projetos na educação.

Trabalhar com projetos na educação contribui para a autonomia, na

identidade, nas relações interpessoais do convívio entre indivíduos. É a partir dessas

ideias a respeito da importância do projeto que se pretende, nesse estudo, discorrer,

analisar, interpretar, dialogar com a temática: projetos na educação infantil.

Para Amaral (2000), as discussões sobre a proposta de trabalho com

projetos surgem a partir das ideias de Dewey que, posteriormente, foi se

aprimorando com o apoio e estudo de outros educadores europeus. No Brasil, essa

tendência aparece com Escola Nova que traz muitas mudanças na área

educacional. Anísio Teixeira e Lourenço Filho (Apud BARBOSA, 2008) dão

seguimento às idéias de Dewey que defendiam esse método de projeto com a

intenção de consolidar esses conceitos na educação brasileira.

Dewey (Apud AMARAL, 2000), acreditava que essa proposta de ensinar

proporcionaria a construção da autonomia, o interesse na descoberta de novos

conhecimentos e fazer o indivíduo participar e descobrir o funcionamento de

determinado fato, entender um fenômeno da natureza, vivenciando esses saberes

no cotidiano e adquirindo um leque de conceito que poderiam aumentar a

capacidade de interagir em sociedade.

De acordo com Amaral (2000, p.38), percebia-se que a sociedade precisava

se atualizar, ou seja, acompanhar os avanços, o caminho que os fatos iam tomando.

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Daí a necessidade de relacionar um tema de forma interdisciplinar, envolvendo um

assunto com outros, mas que fazem parte do mesmo ciclo da vida.

Dewey acreditava que, mais do que uma preparação para a vida, a educação era a própria vida! Na vida aprendemos uma infinidade de coisas que não vêm embaladas em “caixinhas”: caixinhas de matemática, caixinha de linguagem, caixinha de Geografia etc.

O que é interessante na proposta de trabalho com projetos, é que trazer os

indivíduos e envolvê-los na novidade de construir algo interessante que realmente

desperte interesse, que faça sentido para vida, que traz novos aprendizados. É a

partir daí que os professores se englobam numa didática interdisciplinar. O campo

educacional passa ser automaticamente obrigado a se ajustar às mudanças e

avanços do mundo contemporâneo, em que o aluno tem curiosidade e interesse de

interpretar uma situação lógica matemática estudando geografia ou outra disciplina.

Para isso, percebe-se a relevância da interdisciplinaridade dentro da proposta de

projetos.

Para Gonçalves (2000), o trabalho interdisciplinar passa ser considerado

objeto de pesquisa ao lidar com as questões diversas da realidade em busca de

resposta para os fatos, a causa de uma situação, a conseqüência de um fenômeno.

Partindo dessa idéia, o trabalho interdisciplinar foca em direção a aprendizagem

reflexiva para compreender a realidade, suas mudanças sociais interagindo com o

processo de evolução, conscientizar e desenvolver uma visão ampla sobre a

sociedade em que vive. Nessa perspectiva, a educação não é mais conduzida para

formar cidadãos para a vida em um futuro distante e sim para viver e transformar o

mundo presente através de novos conhecimentos.

A escola sempre procurou estabelecer o ensino das disciplinas

separadamente uma da outra, os alunos estudavam os conteúdos de forma isolada.

Felizmente, hoje nos deparamos com os projetos, de modo que a

interdisciplinaridade esteja relacionada com o desenvolvimento da sociedade, com a

complexidade do mundo. As instituições educacionais se encontram na necessidade

de acompanhar as mudanças e se adequar a proposta de trabalhos com projetos.

Nesse sentido, pode-se lembrar que há uma preparação pedagógica quando

se dispõe trabalhar com projetos de trabalho. Na sala de aula, as ações precisam

ser organizadas de maneira coletiva e cooperativa, porque esse trabalho envolve a

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realidade física do ambiente. Assim, é necessário ter critérios na elaboração e

organização das atividades, está atento a que tipo de atividade é viável para ser

realizada na turma. Para que ocorra essa elaboração das atividades pedagógicas,

tem-se de considerar alguns fatores como o espaço físico, os objetos e o tempo

necessário que será usado para ministrar as atividades, assim, proporcionar um bom

ambiente para o desenvolvimento na interação, no diálogo entre os participantes.

Conforme Gonçalves 2000 é imprescindível à reformulação da prática do

professor em todos os aspectos, tanto na linguagem como na postura, bem como

adequação aos recursos tecnológicos oferecidos pelo mundo pós-moderno.

Automaticamente, o professor vê a necessidade de aulas dinâmicas, de estratégia

no cenário para ministrar o seu trabalho pedagógico. Não é mais possível

desenvolver um bom projeto de trabalho em que professores e alunos permaneçam

confinados numa sala de aula com os indivíduos enfileirados um atrás do outro e

com uma turma totalmente silenciosa onde o professor é o transmissor de

informações.

É preciso espaço, modificação no cenário da sala de aula e momentos para

diálogos, questionamentos, levantamento hipóteses, experimentar suposições e

discussões acerca do assunto abordado. Não só o ambiente deve ser envolvente e

dinâmico, mas também o professor precisa ser preparado, disposto, criativo, ter

domínio a respeito dos conhecimentos sobre o tema e realizar aulas prazerosas

para promover estímulo à aprendizagem significativa.

Na elaboração da Proposta Política Pedagógica - PPP - da instituição,

deverá constar a possível realização de aulas fora do ambiente escolar e envolta do

espaço da comunidade, nesse sentido que é necessário o planejamento e a

colaboração de todos os membros da instituição para realização de um projeto de

trabalho. Todos precisam discutir e dialogar a respeito do projeto para analisar,

esclarecer suas dúvidas e renovar suas ideias para que haja participação positiva do

grupo na realização do projeto, mesmo porque o projeto é uma atividade coletiva.

De acordo com abordagem de Barbosa 2008, a proposta de trabalho com

projetos surge dentro do contexto histórico com a finalidade de renovar, acabar com

a inércia tradicional do ensino na atualidade, organizar as atividades pedagógicas

numa perspectiva sociocultural, que visa à diversidade das atitudes dos profissionais

e ampliar o conhecimento dos alunos acerca da realidade socioeconômica, histórica

e cultural. Gerir um ensino de qualidade voltado para uma aprendizagem

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significativa e transformadora da sociedade é fundamental para um mundo de

confiança, bem-estar, solidariedade, justiça social e cidadania.

É necessário cada vez mais adotar essa proposta, pois assim a humanidade

irá além com a ciência e a tecnologia para solucionar e melhorar a qualidade de

vida. Após esse breve estudo sobre projeto na educação, buscar-se discorrer a

respeito de como trabalhar com projetos na educação infantil.

2. COMO TRABALHAR COM PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Na educação infantil, ao trabalhar com projetos, deve-se considerar a

questão do currículo, pois, ao desenvolver essa proposta, o currículo não poderia

ser desconsiderado porque sua ação é a chave mestra para iniciar o

desenvolvimento dos mais variados trabalhos, especialmente, com crianças de zero

a cinco anos de idade. Partindo desse pressuposto, o currículo apresenta

orientações para os profissionais construírem a sua proposta político-pedagógica

dentro das normas vigentes para educação infantil. Nesse sentido, é imprescindível

à participação de todos dos profissionais da educação nesse processo, para traçar

caminhos mais amplos para realização de um projeto de trabalho, com

competências e habilidades significativas ao ensino–aprendizagem.

De acordo com Faria (2007), várias discussões foram construídas a respeito

do currículo para educação infantil, pois numa sociedade em que o sujeito está

inserido no mundo contemporâneo globalizado, se torna mais que necessário à

construção de diretrizes curriculares centradas nas mudanças da época, não se

poderá realizar mais um currículo de forma descontextualizada, fora das questões

sociais da vida em comunidade.

Sendo assim, é importante ressaltar que há a necessidade de discutir,

elaborar e organizar a proposta político pedagógica da instituição de educação

infantil, para que as questões não fiquem de fora da realidade, na qual o sujeito está

plenamente em contato com as questões sociais tanto na escola, na igreja, no

mercado ou na rua.

Para Faria (2007), a construção da Proposta Política Pedagógica dentro de

um currículo norteador que define a identidade, a autonomia do sujeito para exercer

uma cidadania participativa, democrática e consciente, requer muitas discussões e

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reflexões sobre a construção de uma proposta pedagógica para crianças de zero a

cinco anos de idade. Também, requer algumas determinações legais inseridas na

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n° 9394/96 que se refere ao

artigo 29:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

A qual diz respeito ao trabalho educativo para educação infantil a fim de

promover o desenvolvimento integral da criança e as relações no âmbito familiar ou,

de modo geral, na comunidade. Com isso, consideram-se as experiências subjetivas

do indivíduo, incentivando o diálogo interativo a todos que participam desse

processo, a formação social do sujeito. Baseado nesse contexto, pode-se

argumentar sobre a questão da elaboração da proposta pedagógica para educação

infantil em relevância aos aspectos que implicam no desenvolvimento físico, social,

moral, cognitivo e afetivo; no intuito de estimular a ampliação dos conhecimentos e

interesse a preservação da natureza, bem como proporcionar aos educandos a

convivência em sociedade como um cidadão capaz de exercer a cidadania

participativa democrática.

Sob este aspecto, ressalta-se que trabalhar com projetos na educação

Infantil é importante, também, pelo fato de se considerar as diretrizes curriculares

para educação condizentes com a construção de valores éticos e morais,

cooperação, solidariedade, tolerância com o próximo, conhecimentos da natureza,

da cultura e da questão ambiental no sentido de conservação da natureza em uma

perspectiva constante para aprendizagem. Conforme Faria (2007, p.101):

É fundamental, dessa maneira, que as formas de trabalho sejam coerentes com as nossas concepções de sociedade, de homem, de criança, de educação, de desenvolvimento/ aprendizagem que foram definidas na proposta pedagógica da instituição e o que nos levem, continuamente, a buscar estratégias e assumir posturas mais condizentes com essas concepções, promovendo o desenvolvimento de atitudes solidárias e coorporativas por partes da criança.

A organização do trabalho com projetos para educação infantil precisa se

ajustar a rotina da instituição que é cenário inicial para as crianças construírem sua

aprendizagem das realizações sociais. As experiências pedagógicas não podem

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deixar de lado as práticas de cuidar e educar por serem duas ações indissociáveis

na prática educativa para essa fase da educação. Nesse sentido, os caminhos são

vários para realização desse trabalho desde o planejamento à sistematização das

pesquisas, os dados coletados, os registros, toda a organização do fazer

pedagógico fazem parte do percurso na realização de um projeto.

O projeto inicia-se com uma ideia ou uma circunstância que é vivenciada no

dia-a-dia, o projeto não se inicia de uma condição vaga, mas de uma situação

curiosa ou complexa que se quer resolver ou encontrar respostas dentro do contexto

social, também, essa idéia pode surgir de outros projetos já realizados com a turma.

A consolidação e desenvolvimento do projeto perpassam por um tempo que poderá

durar um mês, ou vários meses, ou até um ano, enquanto durar o interesse das

crianças. Não há um tempo determinado e esse estudo, muitas vezes, se torna

complexo, pois começa a partir do comportamento e das observações das crianças,

das questões e ideias que vão se encaixando dentro do currículo por serem

experiências vividas pelas crianças, gerando maior nível de aprendizagem. Assim,

acontece um processo longo de observação, relatos, experiências, registros das

várias linguagens usadas para entender o processo do qual se investiga.

É importante ressaltar que o projeto não é a única atividade realizada na

instituição de educação infantil em sala de aula ou no ambiente escolar. Pois entra a

questão da organização do espaço e tempo dentro das instituições mesmo porque o

projeto é introduzido nesse percurso diário da vida das crianças, por isso a

importância do planejamento, para se ter uma representação da realização do

trabalho no período que durar. E durante o período de realização do projeto todos os

participantes precisam está atentos a possíveis descobertas e abertos a novas

ideias que podem surgir.

Não há como estabelecer uma metodologia adequada para trabalhar na

educação infantil, há formas de trabalho para serem realizadas com as crianças,

formas que valorize a coletividade, as relações pessoais, as interações sociais

diversas, a afetividade e a criatividade, as formas de trabalhar são construídas e

aperfeiçoadas de acordo com a vivência da atualidade, com experiências do dia-a-

dia.

Segundo a teoria de Vygotsky (1989), as interações diversas, as trocas de

experiências são fatores que são indispensáveis ao meio social, pois através da

companhia do outro, com parceiros mais experientes e/ou com auxílio de um adulto

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a criança aprende realizar atividades que antes não conseguia fazer sozinha, pois é

nas interações sociais que se aprende a aprender.

O trabalho com projetos tem sido um veículo que contribui para fortalecer a

zona de desenvolvimento proximal da criança, porque não há como trabalhar com

essa proposta sem o diálogo, interação, exercício de habilidades mentais, como

observar, comparar, verbalizar hipóteses, expressar descobertas e elaborar

conclusões, isso envolve a participação de todos desde a escola até a família e a

comunidade. Assim, para todas as ações nessa forma de trabalho, é imprescindível

que sejam organizadas de maneira coletiva e colaborativa com objetivo de encontrar

a compreensão de um problema ou resolver uma situação complexa da realidade.

O professor, além de dominar o assunto abordado, também precisa ser

pesquisador, capaz de se envolver com novas experiências que surgem. Participar

das brincadeiras e aprender junto com as crianças. Voltado para esse contexto,

compreende-se que o professor tem um papel importante na participação e

construção da formação étnica sociocultural, identidade, autonomia da criança, por

ser alguém que a criança passa boa parte do dia em convívio.

Diante desse aspecto, Barbosa 2008 argumenta sobre a prática e a postura

do profissional da educação, que ainda tem sido despreparada, pouco qualificada

para dominar um trabalho pedagógico contextualizado, interdisciplinar. Por isso que,

no mundo atual, o professor precisa atualizar sua prática pedagógica, refletir sobre o

que é ser mediador, ele é aquele que faz o intercâmbio, que propõe desafios. Assim,

para acompanhar as mudanças da contemporaneidade, o professor não poderá

continuar tendo uma postura de transmissor de informações acumuladas,

consideradas corretas e acabadas, mesmo porque não há verdade totalmente

absoluta e única. Dentro do contexto social contemporâneo, somos instigados a criar

outras maneiras de educar as crianças, inovar nossas ações pedagógicas.

Dessa forma, para se focar no tempo das mudanças e inovações

tecnológicas, há vários fatores que implicam na mudança de novas práticas

pedagógicas para saber lidar e ensinar os alunos a aprender, compreender

situações do mundo como o preconceito, a violência, as diferenças socioeconômica,

a questão ambiental. E é desde a educação infantil que se deve preocupar com a

preparação do indivíduo para vivenciar práticas sociais diversas como os conflitos e

situações complexas que a sociedade apresenta.

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Portanto, as crianças precisam vivenciar uma pratica pedagógica que lhes

permita construir sua identidade e assim formar seu caráter em conciliação com a

natureza e sociedade. Para concretizar esse contexto, o projeto precisa está dentro

de uma proposta curricular que contemple esses paradigmas da sociedade.

Na proposta de trabalho com projetos, não se pode deixar de fora os

aspectos importantes da sua construção, que é a estruturação. Sendo assim, não

podemos deixar de mencionar as etapas dessa construção, a definição do problema,

a justificativa, objetivos do projeto, levantamento de informações, experiências

realizadas, reflexão, sistematização e a avaliação. Partindo desse ponto, começa-se

o percurso do trabalho, a organização das possíveis situações que poderão ser

traçadas ao longo do processo pedagógico, é o que costumamos denominar de

esquema, neste caso, serão definidos os objetivos, a realização das atividades, os

conteúdos e as propostas de trabalho.

Cabe lembrar que esse planejamento deve ter a participação de todos,

desde professores, crianças, pais e a comunidade, é importante a participação dos

pais, pois aproxima a comunidade da vida social escolar da criança. E é nesse

momento que a escola aproveita para inserir a comunidade na participação da

construção social do indivíduo.

Para isso, existe o planejamento coletivo, a coleta de informações, é o que

se caracteriza por investigação sobre a temática, aquilo que está sendo descoberto,

assim, vão surgindo opiniões a respeito das experiências e começa a construção da

documentação, dos registros realizados pelos envolvidos no caminho para soluções

das questões surgidas sobre a temática. A documentação é tudo que for criado,

exposto, relatado e registrado pela professora e crianças, que será a memória

pedagógica do trabalho para apresentar a aprendizagem significativa por meio do

projeto.

É durante a investigação que surge a elaboração de hipóteses, o diagnóstico

e a descobertas para novas questões ou sugestões para criação de outros projetos.

Durante o período de investigação, deve haver ocasiões próprias importantes para

discutir as novas descobertas, para refletir o que está sendo feito durante o projeto.

Na educação infantil, no processo de investigação, o professor deve está bem atento

às curiosidades, às inferências, às comparações que as crianças fazem, e, nesse

momento o professor deve anotar as perguntas, curiosidades e interpretação que a

criança faz sobre o assunto estudado.

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Isso é que Barbosa 2008, chama das formas distintas narrativas em que as

atividades e habilidades ligadas ao pensamento teórico estão sendo colocadas em

ação. Ao considerar as ideias desta autora, ao se referir a este aspecto do trabalho

com a educação infantil, faz-se necessário que os professores tenham um olhar

amplo e interpretativo para compreender e considerar todas as formas de

aprendizagem que a criança apresenta, o educador deve estar atento às várias

linguagens simbólicas que a criança usa para expressar seus conhecimentos, como

são consideradas as múltiplas linguagens, a linguagem verbal, corporal, visual,

escrita, musical e matemática. De acordo com Rinaldi (apud Ostetto 2000, p.194):

Se a criança é portadora de teoria, interpretações, perguntas, e é co-protagonista do processo de construção do conhecimento, o verbo mais importante que guia a ação educativa não é mais falar, explica transmitir, mas escuta. A escuta é disponibilidade ao outro e tudo quando ele tem a dizer; é escuta das cem e, mas línguas, com todos os sentidos.

Considerando as ideias da autora Helm (2005), a documentação é uma

articulação necessária para composição do projeto, trazem dados acerca do trabalho

realizado e contribuir com o aprendizado da criança, são muitas ações utilizadas

para concretizar a apresentação da documentação, pois é através da observação,

registro, exposições, fotos, experimentos, montagem de painéis, de vários tipos de

fonte que é possível documentar, deixar rastros, marcas no tempo sobre o trabalho

pedagógico como ato reflexivo e constatação das aprendizagens dentro de uma

proposta contextualizada num mundo globalizado.

Barbosa 2008 afirma que, a documentação contribui bastante para evolução

do raciocínio das crianças e para o professor compreender e refletir sua ação

pedagógica sobre a aprendizagem das crianças. Também como forma de

apresentar a família o caminho traçado das ações realizadas com as crianças na

busca de um resultado cognitivo positivo. Dentro desta sistematização, o projeto

precisa passar por etapas indispensáveis ao processo, por exemplo, a observação

poderá ser ocasional ou natural, porém precisa ser sistematizada, pois é dela que se

pode detectar o diagnóstico.

Segundo Barbosa 2008, quando se trata de observar, vai muito além de

mero olhar, pois as formas da documentação poderão ser utilizadas para avaliação

na educação infantil. Assim, a prática de registrar as atividades pedagógicas serve

para vários fins. Essa prática dá oportunidade aos pais, de uma visão daquilo que

Page 18: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

seus filhos estão aprendendo. Permite que as crianças admirem suas atividades,

suas experiências, ouçam suas falas, que construam história, observando suas

próprias ações e percebam o quanto são importantes neste trabalho. Possibilita aos

professores um olhar sobre suas ações pedagógicas, com um olhar crítico, reflexivo

a respeito de sua caminhada pedagógica, auxiliando-os em novos desafios,

dificuldade que poderão ser superadas a partir de nova empreitada para realização

de outros projetos, é por meio de experiências que se constroem novas atitudes, que

se constroem novos conceitos.

A observação vem ser o caminho que precisa da intenção principal que o

professor considera relevante ao acompanhar as informações que sistematizam a

documentação, mas este profissional deve ter um olhar, teoricamente,

fundamentado para contemplar a criança em sua subjetividade, para não haver

conclusões contraditórias sobre a aprendizagem. Para não diagnosticar

erroneamente, deve-se ter todo o cuidado para não comprometer o desenvolvimento

cognitivo da criança.

É por isso que esta ação pedagógica requer do professor formação teórica,

ter estratégias renovadoras para exercer sua prática, pois neste processo há um

fator determinante, a avaliação esta se faz tanto para avaliar o nível de

desenvolvimento cognitivo das crianças, como também das ações pedagógicas

executadas e a prática dos educadores.

Na educação infantil, dentro contexto da documentação pedagógica, requer

cuidados especiais para que nenhum dado importante sobre a criança passe

despercebido, as observações, anotações devem ser feitas o mais rápido na medida

do possível. Barbosa 2008, afirma acerca da temática que o registro da observação

é um meio importante na construção da memória, pois, através deste, a história é

marcada pelas manifestações significativas das crianças. Por meio do registro

colocamos em memória momentos da vida escolar, momentos de contemplação de

admiração de interações vividas entre as crianças e professores, momentos de

conflitos, de felicidade. É o registro que põe em memória a história das experiências

pedagógicas realizadas com as crianças e professores.

O registro de um projeto pode ser feito de várias maneiras, depende da

criatividade de cada turma e da professora, poderá ser feito por anotações rápidas,

mas que em outro momento possa ser reescrito de forma ampla, o projeto pode ser

gravado em CDs de áudios com as palavras das crianças ao interagir com o grupo,

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também se pode tirar fotografias e criar um slide com música, filmagens, escrita dos

relatórios mensais da turma e os relatórios individuais da criança. Os relatórios são

outra forma de documentar a experiência dos participantes no projeto, considerado

como sistematização reflexiva, mais detalhada da vida escolar da criança, como

forma de avaliar descritivamente o nível de desempenho apresentado durante o

processo de construção de conhecimento e cultura. Ressalta Ostetto (2008, p.27):

A prática refletida vai crescendo, ganhando espaço, projetando campos de interlocução, lançando-se para o coletivo. Porque houve inicialmente o registro diário, as anotações, nem sempre tranquilamente, mas com certeza intencionalmente trançadas pelo professor, num segundo motivo, podem ser socializadas. O relatório pode servir de base para reunião de grupo de educadores, para estudo e avaliação da pratica pedagógica em curso, para reunião de pais, para arquivo da instituição.

Todos esses possíveis registros, quando realizado no percurso de um

projeto pedagógico, devem ser apresentados para as crianças, para os pais,

professores e a comunidade escolar. Diante disso, os pais, todos os envolvidos

poderão, assistir, conhecer a proposta pedagógica da instituição, para entender o

papel da escola no contexto histórico – cultural. A escrita minuciosa na hora de

transcrever, de elaborar os registros, precisa ser revista para selecionar os

momentos que serão exibidos, é, neste momento, que se começa a reflexão a

respeito do projeto.

O registro pedagógico não pode ser visto como um fazer burocrático, para

constar na documentação da instituição educacional, mas como um elo de relações

que contemple ao educador a consciência sobre sua ação pedagógica, se está de

acordo com a proposta teórica que dá suporte a sua prática. Conforme Ostetto

(2008, p.24):

Registrar o cotidiano não é burocracia! Não é escrever para mostrar ou prestar contas a alguém. É, ao contrário (...) comprometer-se com a própria prática, comprometer-se com a coerência de uma prática que vai sendo refletida num processo de formação permanente.

Barbosa 2008 explica que a documentação contribui para o aporte da

avaliação na educação infantil, pois esta ocorre no momento que os registros são

expostos aos pais, crianças, professores, para conhecer ou rever o trabalho que é

realizado com o projeto. A documentação e avaliação dentro do trabalho com

projetos se tornam indissociáveis porque contribui no acompanhamento da

Page 20: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

aprendizagem. A avaliação na educação infantil de acordo com as normas legais da

LDB: n° 9394/96 artigo 31 faz a seguinte afirmação: “Na educação infantil a

avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento,

sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”

(BRASIL, 1996, p.208).

Esta normatização contribui para as mudanças na forma de registrar o

desempenho da criança, deixando de lado a forma de avaliar através de

questionários e tabelas em que avaliava o progresso nas atividades, sendo

marcadas com um “X” e selecionadas numa tabela por cores diagnosticando a

aprendizagem a partir de noções básicas na motricidade e valor quantitativo, sem

considerar os fatores relevantes a vida da criança enquanto ser social, histórico

construtor de cultura. Para termos uma ideia concreta de como tem sido a avaliação

descritiva hoje na educação infantil exemplificamos um modelo de parecer descritivo

realizado em uma Instituição Municipal de Educação Infantil, no município de

Goiânia-GO.

A avaliação era embasada dentro de uma concepção de mundo considerada

certa, após a reforma da avaliação e normatização do artigo 31 da LDB que se

refere à avaliação na educação infantil, passa a mudar a conscientização do sistema

educacional no sentido de avaliar a partir do caráter descritivo através de relatórios,

com objetivo de apresentar o acompanhamento cognitivo, social e cultural que a

criança constrói enquanto cidadão democrático.

Para termos uma ideia de como trabalhar com projetos na educação infantil

apresentamos um projeto realizado em uma instituição de educação infantil no

município de Goiânia, na Vila Redenção que mostra a estrutura e o percurso de um

projeto realizado no CMEI. Por uma questão ética não citaremos o nome da

instituição e utilizaremos apenas as iniciais da criança avaliada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os dados abordados neste artigo, este estudo pretende

contribuir com as teorias sobre projetos, para se fazer necessário a compreensão da

metodologia, porque trabalhar com projetos na educação infantil, como desenvolver

esse trabalho e como contribui na formação social e intelectual da criança.

Page 21: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

Dessa forma, conclui-se que projetos na educação infantil é uma proposta

interdisciplinar que se articula com o cuidar e educar e precisa ser elaborada,

discutida coletivamente, considerando as relações dialógicas, a diversidade

econômica, social, natural e cultural da comunidade em que a criança está inserida.

Assim, os profissionais que trabalham com essa faixa etária precisam desenvolver

um fazer pedagógico embasado em uma fundamentação teórica atualizada.

A Escola que assumimos é um espaço no qual as pessoas podem dialogar,

pensar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar saberes, onde há lugar para criar,

colaborar, discordar e transformar. Uma Escola autônoma onde todos os envolvidos

possam pensar refletir e avaliar o processo de construção do conhecimento, que não

deve ser tratado de forma dogmática e esvaziado de significado.

O Projeto Político-Pedagógico representa um desafio no cotidiano de nossas

Escolas que buscam efetivamente uma educação alicerçada nos valores sociais,

éticos e morais na promoção do conhecimento e da aprendizagem.

ABSTRACT This article titled: Projects in Early Childhood Education proposes to investigate the contribution of pedagogical projects in the investigations of child education. Objective: to understand because the projects are discussed in education so as to analyze how to work with projects in education, to understand the contribution of pedagogical projects in early childhood education teachers, and emphasize how the project supports the development of students. Therefore, this study chose to conduct a literature search, based on the following authors: Ostteto (2008); Barbosa (2008); Faria (2007), and others. This paper is structured as follows: Why is so much discussed project in education? Working with projects in early childhood education; discretion of an individual report of the child; model of a project developed at an institution of early childhood education, and finally the closing remarks. Keywords: Early Childhood Education. Child, Projects.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Ana Lúcia. Um olhar sobre os projetos de trabalho. In. Salto para o futuro: um olhar sobre a escola. Brasília: MEC, Seed, 2000 p. 37-44. BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n° 9394/96. Brasília: MEC, 1996. BRASIL. Ministério da educação fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantil. 3 vols. Brasília; MEC/SEF,1998.

Page 22: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

FARIA Ana Lúcia Goulart. Percursos: currículo na educação infantil, São Paulo: Scipione: 2007. GONÇALVES, Francisca dos Santos. Um olhar sobre a interdisciplinaridade. Brasília: MEC, Seed, 2000, p.45-50. GOIÁS. Relatório individual da criança. Secretaria Municipal de Educação. Goiânia, 2010. GOIÁS. Projeto: Observando os pássaros. Secretaria Municipal de Educação Infantil da Vila Redenção/Secretaria Municipal de Goiânia, 2010. HELM, J.H.;BENEKE,S.O poder dos projetos: novas estratégias e soluções para a educação infantil.Porto Alegre; Artmed,2005. OSTETTO, Luciana Esmeralda. Educação Infantil: Saberes e fazeres da formação de professores. Campinas, SP: Papirus, 2008. Salto para o Futuro; Um olhar sobre a escola. Secretaria de Educação a Distância. Brasília; Ministério da Educação, Seed, 2000. VYGOTSKY. L.S Formação social da mente. São Paulo; Martins Fontes, 1989.

Page 23: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

ANEXOS

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RELATÓRIO INDIVÍDUAL DA CRIANÇA (AGRUPAMENTO- EF) CRIANÇAS DE 5

ANOS E 11 MESES.

V.C.Q, neste segundo trimestre, participou ativamente das atividades

diversificadas e as do projeto profissões criar e atuar. Na atividade do cartaz coletivo

do jardineiro, gostou bastante de confeccionar a dobradura da flor tulipa e sabendo a

cor da sua flor e não teve dificuldades em dobrar o papel.

Na rodinha de conversas, V. sabe identificar os diversos tipos de profissões

e compreender a importância delas para a sociedade. Em todas as atividades,

apresenta autonomia e gosta muito de ajudar os coleguinhas que possuem

dificuldades para fazer alguma atividade. Nas brincadeiras simbólicas, gosta de

brincar com os coleguinhas de mamãe e filhinhas. No aspecto social, relaciona-se

muito bem com todos que estão a sua volta.

Na apresentação das diversas profissões, soube criar uma história sobre a

profissão escolhida, a bailarina. Ao imitar a bailarina, ficou satisfeita em ser

solicitada para que imitasse. Nos conceitos matemáticos, resolve algumas situações-

problemas, oralmente, envolvendo a adição e subtração. Podemos notar na

contagem dos palitinhos de picolé ou nas intervenções da professora, perguntando

para as crianças quantas flores existem no jardim do jardineiro. Quantas crianças

ainda faltam para terminar. No momento do banho, a V.C.Q possui autonomia

própria e, na hora do café da manhã ou almoço, algumas vezes não se alimenta

bem.

PROJETO: OBSERVANDO OS PÁSSAROS

JUSTIFICATIVA

Esse projeto nasceu de várias situações significativas surgidas no CMEI que

conduziram ao interesse e curiosidades sobre pássaros. Ao brincarem no pátio

externo, onde há bastantes árvores, muitas vezes as crianças apareciam com as

mãozinhas cheias de cascas de ovinhos. No início pensamos que eram de pombos,

mas depois, pelo tamanho das cascas, concluímos que eram mesmo de

passarinhos. Perguntávamos onde tinham encontrado, e eles nos levavam até o

Page 25: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

local. Perguntávamos também como sabiam que eram de passarinho, e eles

(crianças do agrupamento de quatro a seis anos), pois brincavam todos juntos no

parquinho, respondiam com segurança: “É de passarinho tia, você quer ver o

ninho?” E nos mostraram um ninho no alto da árvore. Também eles encontraram

próximo do ninho, uma casinha de João de barro.

Outro fato que também envolve o assunto foi quando encontraram um

passarinho morto. As crianças diziam: “Tadinho tia! Foram os meninos maus que

fizeram isso! Ah é! Como será que fizeram isso? Eles jogaram pedra nele, tia! Então,

cavamos um buraco e enterramos o passarinho.” Após alguns minutos, lá estavam

eles com o passarinho morto nas mãos. Enterramos novamente o passarinho e

dizemos para que não desenterrassem mais. Todo tipo de pássaro chama a atenção

das crianças. Elas sempre se encantam com beija-flor que entra no refeitório, por ser

aberto, e vão embora. A professora Ad, trouxe um bebedouro para o CMEI com a

intenção de atraí-los. Ela colocou uma solução de duas colheres de açúcar em 200

ml de água e trocava todos os dias. Nos finais de semana, ela retirava o bebedouro.

Constantemente, recebíamos a visita de beija-flores. Era um espetáculo! Um show!

As crianças assistiam a tudo encantadas.

Outro dia caiu um filhote no parque do CMEI, foi motivo de muita

curiosidade. Alguns quiseram colocar a mão e o contato físico com o pássaro foi

muito marcante. Uma vez, no horário do lanche duas rolinhas entraram pelo

refeitório à dentro, se atracando. Não sabemos se brigando ou acasalando e, ao

tentar fugir e sentar dali, uma bateu a cabeça nas madeiras do teto ou na parede e

caiu na mesa. Como estava parecendo tonta e com uma pena soltando das asas,

ficou quietinha ali. Mesmo com o barulho dos meninos e o alvoroço para ir pertinho

dela, não voou. Tiramos foto. Só depois de melhorar, alguém quis colocar a mão

nela, voou. As crianças ficaram encantadas.

Esse visitante inusitado, que caiu no refeitório, causou grande excitação nas

crianças, já que esse primeiro contato ocorreu logo após o despertar das mesmas.

Quando eu falei: --vou levar o passarinho para minha casa, alguém disse que ele ia

me bicar, ia fazer “cocô” em mim. Na hora da rodinha, a turma tinha várias perguntas

sobre pássaros em geral: - Ele come comida? Qual a comida dele? - Ele vai ficar

sem mãe? - Se ele for para a casa da tia Ad.--- como ele vai voltar pra cá?

Page 26: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

Outro ponto que despertou o interesse das crianças foi o passeio ao

zoológico. Dentre tantos animais e espécies variadas, a ave que mais os

encantaram foi o tucano com seu bico longo e colorido.

Estamos planejando uma visita ao Parque Flamboyant para observarmos ali

os pássaros e ao PAMA, um viveiro do município de Goiânia que tem bastante

árvores, plantas e com certeza, alguns pássaros. Vamos levá-los a um Agro shop,

uma casa de animais com muitos pássaros.

O projeto durará enquanto houver interesse das crianças pelo assunto

trabalhado.

Objetivos

• Investigar o interesse e a curiosidade das crianças sobre pássaros.

• Responder suas perguntas, oferecendo-lhes as informações necessárias e os

conhecimentos científicos sobre os pássaros que surgiram nos momentos das

situações significativas.

• Apresentar algumas espécies de pássaros à criançada e direcionar suas

indagações sobre o estudo.

• Verificar seus conhecimentos prévios a respeito de pássaros e quais espécies

teriam em casa. Nesse caso, convidar os pais ou responsáveis pela criançada a

trazer a ave para o CMEI e incentivá-los a conversar com as crianças sobre o que

sabem.

• Estimular a oralidade;

• Ampliar do vocabulário;

• Descrever os pássaros e o ambiente em que estão de forma simples;

• Confeccionar os diferentes tipos de ninhos;

• Iniciar a construção do conceito lógico - matemático: baixo/alto, maior/ menor,

igual/ diferente;

• Discriminar diferentes cores;

• Identificar diferentes texturas;

• Perceber diferenças e semelhanças entre os pássaros e as pessoas;

• Movimentar-se de forma variada; andando, correndo, pulando, etc.;

• Desenvolver percepções (tato, sabores, odores);

Page 27: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

• Imitar e identificar os sons dos pássaros;

• Desenhar pintar e modelar livremente;

• Fazer pintura coletiva individual com as mãos, pincéis.

LEVANTAMENTO DE PROPOSTAS/ATIVIDADES

Estaremos trabalhando através das múltiplas linguagens: teatro dança artes

etc., e durante nossas conversas começamos a combinar o que iríamos pesquisar,

criando assim nosso índice: - Onde o pássaro mora? - Qual a comida do pássaro?

Arrumar um ninho e cantar a música “A Árvore da Montanha”

Após assistir um vídeo sobre animais e outro sobre pássaros, conversamos

muito sobre esses animais. Com o tempo e muitas conversas, formos percebendo a

necessidade de pesquisar em outras fontes: a coordenadora e alguns alunos

trouxeram livros e fitas de vídeo que deram início a esse estudo mais sistematizado

através de: Dinâmicas de grupo; Pesquisas; Jogos diversos; Quebra - cabeça;

Calendários; Atividades matemáticas; Seqüência de figuras; Desenhos dirigidos e

espontâneos; Recorte e colagem; Observação e relatórios; Caça-palavras; Produção

de texto; Dobraduras (origami); Máscaras, fantoches e Dedoches; Móbiles; Músicas;

Poesias; Pinturas; Listagens; Dramatizações; Leituras diversas; Passeios

relacionados ao tema; Escrita espontânea; Mímicas; Fábulas, contos, histórias;

Painéis; Uso do tangran; Adivinhações; Definir as principais características dos

pássaros; Diferenciar cores; Conhecer os diversos pássaros apontando para sua

diversidade (locais onde vivem sua alimentação, seus hábitos e outras

peculiaridades relativas a cada espécie); Relacionar o estudo com os projetos: Os

Quatro Elementos e as Múltiplas Linguagens; Comparar diversos tipos de pássaros

através da observação; Refletir sobre as características individuais de cada pássaro

e risco de extinção; Identificar as características específicas de cada grupo de

pássaro; Saber identificar: reprodução e habitat dos pássaros; Preocupar-se com a

preservação da natureza; Interessar-se pelo estudo buscando novas informações

relacionadas ao tema; Socializar as informações que os alunos possuem sobre o

tema; Classificar diferentes pássaros pelas suas características (Diferenças e

semelhanças, habitat, alimentação...); Nomes (início a formação do próprio nome);

Letras iniciais de várias nomenclaturas; Reescrita coletiva (textos, filmes, histórias);

Escrita espontânea; Conversas, diálogos, expressão de sentimentos, imitações,

Page 28: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

rimas; Observação e manuseio de livros; Números de letras; Interpretação de textos

oral; Reescrita de textos e músicas; Rimas; Leitura. Quantidades; Cores; Texturas;

Espessuras; Tamanho; Altura; Comprimento; Peso; Temperatura; Orientação;

Conjunto; Formas geométricas; Distância; Numerais associados à quantidade;

Ordem crescente, decrescente; Sucessor e antecessor; Moradia (habitat); Órgãos do

sentido; Alimentação; Conservação; A proteção da fauna; Pássaros em extinção;

Partes do corpo; O dia e a noite; Diferenças entre os pássaros selvagens e

domésticos; A família e os bichos de estimação; Locomoção dos pássaros;

Classificação desse animal: Aves; Grupos sociais.

RECURSOS

CDs com sons de pássaros; Televisão/filmes; Sucatas; Papéis diversos;

Internet/computador/softwares; Folhas xerocadas; Tintas e pincéis; Lápis coloridos e

giz de cera; Hidrocor; Máquina fotográfica; Painéis; Vídeo e fitas VHS; Revista/

jornais; Visitas aos parques, aves trazidas para o CMEI; Contação de histórias sobre

pássaros (Mil pássaros pelo céu - Ruth Rocha); Livros de literatura infantil; Músicas;

Cola; Tesoura; Lixas d’água; Espelho; Filmadora; Fichas, figuras; Tecidos; Isopor;

Manta acrílica; Passeio ao Jardim Zoológico; Teatro: A Árvore da montanha;

Pássaros de massa de modelar; Maquetes; Álbum; Livros confeccionados no CMEI;

Peças Teatrais; Dedoches; Fantoches; Contando histórias; Músicas; Fotos.

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO:

Os projetos transformam a avaliação em um processo de observação e

registros contínuos da realidade cotidiana do CMEI.

Consideram-se alguns instrumentos de avaliação:

Observação do comportamento da criança: hábitos de trabalhos,

relacionamento com os colegas e professores, atitudes positivas ou negativas com

relação às propostas de aprendizagens, capacidade de cooperação, socialização;

Trabalhos de qualquer natureza produzidos espontaneamente com relação às

diversas situações de aprendizagens; Dados registrados com referência direta com

a criança ou em grupo.

Page 29: PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - Barbosa

REFERÊNCIAS

Atlas da Fauna Brasileira. 3º ed., 1999.

CASASANTA, Teresinha. Pluminha procura amigos. Ed. do Brasil S/A.

Enciclopédia Britânica do Brasil. Vol. 02. Pág. 397 ss. (Beija-Flor), Vol. 11. Pág. 174

ss. (Pássaros).

MARTHO, Gilberto Rodrigues. Fundamentos da biologia moderna. 2ª ed. São

Paulo: Ed. Moderna, 1997.

Revista Diálogo Médico – A arte na preservação das espécies. Irmãos Demontes.

Ano 12, nº 4, 1986.

ROCHA, Ruth. Mil pássaros pelos céus. 3° ed. Ed. Ática, 1999.

Com o tempo e muitas conversas, formos percebendo a necessidade de

pesquisar em outras fontes: a coordenadora e alguns alunos trouxeram livros e fitas

de vídeo que deram início a esse estudo mais sistematizado.