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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016 Katia Laguna Arzuaga Promoção de saúde e qualidade de vida: uma proposta para a população idosa cadastrada na Unidade Básica de Saúde Lubomir Urban. Ponta Grossa-PR Florianópolis, Março de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016

Katia Laguna Arzuaga

Promoção de saúde e qualidade de vida: uma propostapara a população idosa cadastrada na Unidade Básica

de Saúde Lubomir Urban. Ponta Grossa-PR

Florianópolis, Março de 2018

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Katia Laguna Arzuaga

Promoção de saúde e qualidade de vida: uma proposta para apopulação idosa cadastrada na Unidade Básica de Saúde Lubomir

Urban. Ponta Grossa-PR

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Sabrina Blasius FaustCoordenadora do Curso: Profa. Dra. Fátima Büchele

Florianópolis, Março de 2018

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Katia Laguna Arzuaga

Promoção de saúde e qualidade de vida: uma proposta para apopulação idosa cadastrada na Unidade Básica de Saúde Lubomir

Urban. Ponta Grossa-PR

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Profa. Dra. Fátima BücheleCoordenadora do Curso

Sabrina Blasius FaustOrientador do trabalho

Florianópolis, Março de 2018

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ResumoNa UBS Lubomir Urban, municipio Ponta Grossa, identificamos o número elevado de pa-cientes idosos, alguns deles em abandono, e grande número de casos de doenças crônicas,e uso de psicotrópicos associados a transtornos ansioso-depressivos na população idosapredominantemente. Devido as alterações que normalmente ocorrem nestes pacientes, eque justificam um cuidado diferenciado, pretendemos compreender a qualidade de vidados idosos e intervir através de ações de promoção e prevenção que possibilitem o enve-lhecimento ativo.O objetivo deste trabalho é Proporcionar ações em saúde para melhorara qualidade de vida na população idosa adscrita á UBS Lubomir Urban, municipio PontaGrossa. Será envolvido no estudo uma amostra de 40 pacientes, escolhidos aleatoriamentedos grupos de Hiperdia e Saúde Mental. Se aplicará um questionário para identificaras principais queixas que afetam a saúde da população idosa, e o seu entendimento so-bre qualidade de vida. Será desenvolvido um programa de atividades em grupo para apromoção e educação em saúde. Considerando os indicadores de avaliacão de qualidadede vida segundo o WHOQOL-BREF para os idosos ter qualidade de vida está intima-mente ligado ao significado que estes indicadores tem para suas vidas. Com o trabalho emgrupo pretendemos desenvolver atividades de promoção de saúde, que permitem descobrirpotencialidades e trabalhar a vulnerabilidade e, conseqüentemente elevar a autoestima.Também prática de atividade física que ajudará para o controle e prevenção de compli-cações e a melhoria de sua qualidade de vida. Este trabalho contribuirá na melhoría doatendimento nesta população e a necessidade do autocuidado, tudo isto capaz de interferirno processo saúde-doença.

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Palavras-chave: Idoso, Promoção da Saúde, Qualidade de Vida

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

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1 Introdução

A Unidade Básica de Saúde Lubomir Urban está ubicada no bairro Neves, núcleo 31de Março, municipio Ponta Grossa, situado na região centro oriental do estado Paraná,distante a 103 km da capital Curitiba, numa região conhecida como Campos Gerais doParaná. O conjunto foi inaugurado em 1967, no terceiro aniversário do golpe militar, comaproximadamente 100 casas, num tempo em que as políticas públicas habitacionais aindanão estavam consolidadas. O núcleo foi construído para atender, preferencialmente, osmilitares e seus parentes. As características originais do bairro foram modificadas pelosproprietários. Era casa de pobre com conjunto de rico. Uma historiadora conta que a in-fraestrutura oferecida no núcleo atraía os moradores. “ A vila tinha capela, funerária, umcentro social, um minimercado municipal e escola. A população formada por diferentesetnias: ucranianos, poloneses, portugueses e alemães. No município como datas comemo-rativas temos: 14 de abril a Paixão de Cristo, 15 de junho o Corpus Christi, 26 de julhoNossa Senhora de Santana e 15 de setembro o Aniversário de Ponta Grossa. Há 10 anosatrás existiam alguns movimentos sociais como associação de moradores que ofertavamcursos para formações diversas. Atualmente os serviços existentes no bairro são: CRASS(Centro de Assistência Social), CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil), Casas deAbrigo, Igrejas tanto Católicas e Evangélicas, pequenos comércios, os serviços de educaçãoformados por 1 centro de educação infantil e 4 escolas de ensino fundamental e médio e osserviços de saúde brindados na Unidade de Básica de Saúde atuando com ações de promo-ção, prevenção e manutenção da saúde da população. A equipe da UBS está formada por1 médico, 1 enfermeira, 2 técnicos de enfermagem, 2 auxiliares de enfermagem e 4 agentescomunitárias de saúde, também temos 1 odontologista e sua assistente, 1 administrativoe a zeladora.

A maioria da comunidade se encontra em classe média baixa e muitos estão inclusosem programas sociais de baixa renda como a Bolsa Família e Programa de Leite, quepor sua vez contribuem a alcançar um bom nível de alfabetização na população carente.Predomina a população mais idosa sendo com um nível de escolaridade com ensino fun-damental básico. Saneamento básico existente em 100 % da área, o agua é garantida peloserviço público e chega tratada, o recolhimento de esgoto é periódico e a energia elétricaestá disponível para todos. As condições de moradia são um tanto precárias por se tratarde um bairro antigo e também deficiências aquisitivas. As pessoas costumam frequentaras praças como área de lazer além dos parques infantis, academia ao ar livre e canchaesportivas. Existe como área de risco ambiental um pequeno arroio que corre atrás de al-gumas casas onde moram crianças e idosos. O transporte público é ótimo além do própriotransporte da grande parte da população.

A população total acompanhada atualmente pela Equipe de Saúde da Família Lubomir

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10 Capítulo 1. Introdução

Urban é de 4249 pessoas; destes 1909 (44,9%) são homens e 2340(55,1%) mulheres; porfaixa etária temos com menos de 20 anos 509 masculinos e 691 femininos, entre 20 e59 anos 1061 homens e 1239 mulheres, e de mais de 60 anos 339 e 410 masculinos efemininos respetivamente. Na nossa área temos um total de 527 hipertensos para umaprevalência de 16,7 pessoas hipertensas por cada 100 habitantes, e pacientes com DiabetesMellitus 183, com uma prevalência de 4,3 pessoas diabéticas por cada 100 habitantes. Nosrealizamos o acompanhamento de pessoas com Hipertensão Arterial e Diabetes Mellituscom encontros de 6 em 6 meses para entrega de receitas com monitoramento mensal dapressão arterial e entrega de medicamentos. Este monitoramento contribui a melhorar aunião da Equipe de Saúde com esses grupos assim podendo ofertar educação continuadaem saúde, além de diminuir o mínimo de consultas do programa de Hiperdia, dandoatenção a outras demandas que também necessitam cuidados. No caso dos pacientesacamados o com impossibilidade de acudir nos grupos o na unidade de saúde realizam-se visitas domiciliares pela equipe, procedimento que contribui a melhorar a qualidade devida destas pessoas prevenindo futuras complicações.

As cinco queixas mais comuns que levaram a população a procurar nossa Unidade deSaúde em os últimos meses foram: Hipertensão Arterial (28%), Diabetes Mellitus (20%),Transtornos depressivos(17%), Osteoartrose (15%) e Infecções respiratórias (14%). Emnossa unidade de saúde programamos os atendimentos de acordo com a demanda espe-rada identificada pelos dados de atendimentos; através do acolhimento realizamos agen-damentos semanais e atendimentos com demanda espontânea, por exemplo agenda degestantes, das crianças, hipertensos, diabéticos e saúde mental em dias específicos. Emrelação à Saúde materno infantil nós não tivemos óbitos em menores de 1 ano de idade.O total de crianças com até 1 ano de vida são 94, todos com esquema vacinal em diae atualmente temos 31 gestantes recebendo consulta pré-natal ; o acompanhamento daevolução da saúde materno infantil em nossa comunidade ao longo dos meses está me-lhorando, a equipe está mais próxima das gestantes, puérperas e crianças, através devisitas das Agentes Comunitárias de Saúde e acompanhamento na unidade contribuindoa diminuir o índice de morbimortalidade. As principais causas de mortes dos residentesna comunidade nos últimos messes foram: Câncer, Doenças Cardíacas, AVC, DPOC e aMorte Súbita. As principais causas de internações dos idosos residentes na comunidadeforam: Pneumonia, Doenças Cardíacas, e AVC.

Dentre os diversos problemas encontrados na abrangência da Equipe de Saúde daFamília, identificamos o número elevado de pacientes idosos, alguns deles em abandono, egrande número de casos de doenças crónicas como hipertensão arterial, diabetes mellituse uso de psicotrópicos associados a transtornos ansioso-depressivos na população idosapredominantemente.

JUSTIFICATIVAAo fazer o diagnóstico situacional emergiram vários problemas de saúde que afetam a

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nossa comunidade. Na busca identificamos que existe grande número de pacientes idosos,alguns deles em abandono. Associado a esse problema notamos que a grande quantidadede casos de hipertensão arterial, diabetes mellitus e uso de psicotrópicos devido a transtor-nos ansioso-depressivos está presente nesta faixa etária predominantemente; sendo muitocomum a presença de comorbidade nos idosos. O predomínio de doenças crónicas e suascomplicações implicam em utilização frequente dos serviços de saúde por esse segmento dapopulação. Cotidianamente os idosos vivem angústias com suas aposentadorias e pensões,com medos e depressão, com a falta de assistência e de atividades de lazer, com o aban-dono em hospitais ou instalações de longa permanência, além de enfrentar, ainda, todotipo de obstáculos, a desinformação ao preconceito e ao desrespeito destes cidadãos. Aoatender ao paciente idoso, a equipe de saúde deve estar atenta a uma série de alteraçõesfísicas, psicológicas e sociais que normalmente ocorrem nesses pacientes , e que justificamum cuidado diferenciado. Nós como profissionais da saúde temos um importante papelcom o idoso, pois acredita-se que através de uma relação empática, haja uma assistên-cia humanizada e um comprometimento com o cuidado personalizado, garantindo o seuequilíbrio. O aumento expressivo da população idosa nos permite reintegrá-la á sociedade,monitorando campanhas efetivas na promoção de saúde e qualidade de vida da mesma.Programas de atividades físicas regulares e contínuos, aliados a uma alimentação saudá-vel e balanceada, são condutas benéficas. O rendimento e aproveitamento em programasde atividades merecem atenção de nossa equipe interdisciplinar. É por isso que decidofazer este trabalho de intervenção com o objetivo de compreender a qualidade de vida dosidosos e intervir para melhorar seu estado físico, mental e emocional, através de ações depromoção e prevenção que possibilitem o envelhecimento ativo nos idosos, pois não é sóaumentar sua expectativa de vida mais uma valorização do bem-estar físico, psicossocial,proporcionando melhor qualidade de vida.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo GeralProporcionar ações em saúde para melhorar a qualidade de vida na população idosa

adscrita na UBS Lubomir Urban, no município Ponta Grossa.

2.2 Objetivos Específicos1- Identificar as principais queixas que afetam a saúde da população idosa, e conhecer

seu entendimento sobre qualidade de vida.2- Desenvolver práticas de promoção de saúde através de atividades em grupo.3- Promover educação em saúde destacando os principais pontos na assistência dos

idosos, com atendimento interdisciplinar.

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3 Revisão da Literatura

O envelhecimento da população é hoje um fenômeno universal. Na maior parte dospaíses, sejam desenvolvidos, ou sejam em desenvolvimento, a tendência é a existência cadavez maior de pessoas idosas. O Brasil não poderia estar fora desta estatística. Segundo aOrganização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, o Brasil será o sexto país do mundo emnúmero de idosos, contan com 32 milhões de pessoas maiores de 60 anos. O percentualde pessoas com 60 anos ou mais na população do país passou de 12,8% para 14,4%, en-tre 2012 e 2016. Houve crescimento de 16,0% na população nessa faixa etária, passandode 25,5 milhões para 29,6 milhões (IBGE). Por esse notável crescimento, atualmente asquestões sobre envelhecimento estão sendo cada vez mais estudadas e pesquisadas. O en-velhecimento humano não pode ser apenas considerado pela ótica da idade, é necessáriotambém ter uma percepção de vários outros aspectos. O envelhecimento é um processodinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas epsicológicas, que determinam perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduoao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processospatológicos, que terminam por levá-lo à morte. SALGADO (2007) interpreta o envelhe-cimento da seguinte forma: Um processo multidimensional, ou seja, resulta da interaçãode fatores biológicos, psicoemocionais e socioculturais. Executando a razão biológica quetem caráter processual e universal, os demais fatores são composições individuais e sociais,resultado de visões e oportunidades que cada sociedade atribui aos seus idosos.

Chegar à fase da velhice é um processo inerente ao ser humano que aspira viver muitosanos. É um fenômeno dinâmico e progressivo que envolve diferentes fatores. A velhice,embora caracterizada pela existência das alterações físicas, sua essência transcende esteaspecto, devendo ser considerados seus fatores sociais, culturais, psicológicos, econômicos,entre outros. Dessa forma, o idoso deve ser visto como sujeito capaz de construir suaprópria história, acumulando vivências e experiências das várias etapas da vida.

O idoso, por questões biológicas, pode apresentar algumas limitações, mas isso nãosignifica a incapacidade de realizar tarefas. Porém atualmente o idoso é considerado muitasvezes como um incômodo, por não atuar na velocidade e na maneira que os jovens julgammais corretas ou mais adequadas. Na família, o idoso também sofre com a perda oudiminuição de sua função social. Em muitas situações, os filhos e netos desconsideramá trajetória e as atividades desempenhadas ao longo da vida por estes idosos , os quaisforam chefes, provedores e responsáveis pela educação. Muitos descendentes desvalorizamtoda contribuição dos idosos , apesar de existir em muitos casos a dependência financeira.Ao mesmo tempo em que a família mantém a distribuição de recursos, proteção, cuidadose educação, também negligencia o idoso, atribuindo-lhe um status de inútil.

Com o objetivo de atender as novas expectativas dos idosos foram estruturados nos

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16 Capítulo 3. Revisão da Literatura

últimos trinta anos instrumentos legais que garantem proteção social e ampliação de di-reitos a esse grupo de pessoas, num esforço conjunto de vários países. Em 1991, as NaçõesUnidas lançaram uma Carta de Princípios para as Pessoas Idosas, que inclui a indepen-dência, participação, assistência, autorrealização e dignidade das pessoas idosas. Aindaque esses instrumentos legais sejam construídos, divulgados e executados em diferentesníveis temporais e de intensidade, uma nova concepção do processo de envelhecimentovem sendo incorporada socialmente. No Brasil identificam-se Marcos Legais Nacionaisque favoreceram o percurso de amadurecimento sobre a questão do envelhecimento: aConstituição Federal de 1988 e a Política Nacional do Idoso, estabelecida em 1994 (Lei8.842). Na década de 1990, no âmbito do Governo Federal, instituíram-se programas debenefícios que foram ampliados significativamente pelo Programa Bolsa Família(2004),com uma cobertura social que atende, com pelo menos um beneficio, 8 de cada 10 pessoasidosas no Brasil. Nos últimos anos as intituições governamentais brasileiras, organismos dasociedade civil e movimentos sociais conquistaram uma gama de leis, decretos, propostas emedidas que estabelecem direitos voltados para a pessoa idosa, referenciados pelas diretri-zes internacionais (Plano de Ação internacional para o Envelhecimento). Contabilizam-seconquistas democráticas importantes, como a criação do Conselho Nacional dos Direitosdo Idoso (CNDI) em 2002 e a elaboração e publicação do Estatuto do Idoso em 2003.

A Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso, dispõesobre papel da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público de assegurarao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimenta-ção, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, àdignidade, ao respeito e á convivência familiar e comunitária. Entre os anos de 2006 e2011 foram realizadas, no Brasil, três Conferências Nacionais de Direitos da Pessoa Idosaque contaram, de forma progressiva, com uma expressiva participação da sociedade ci-vil e do governo. Em relação ao estabelecimento de Políticas Públicas e Planos setoriaispropostos de forma conjunta (governo e sociedade) destacam-se: a Política Nacional dePrevenção na Morbi-mortalidade por Acidentes e Violência (2001); o Plano de Ação parao Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa (2004); a Política Nacional de Saúdeda Pessoa Idosa (2006); o II Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra aPessoa Idosa (2007). De forma concomitante busca o fortalecimento da Rede Nacional deProteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa por meio das seguintes ações: ProgramaBolsa Família, Programa Brasil sem Miséria, Programa Minha Casa Minha Vida, entreoutros. Em resposta às demandas da sociedade civil, o Governo Federal propõe uma sériede serviços e programas de atendimento às pessoas idosas: a fim de dar voz às vítimas quetiveram e têm seus direitos violados foi implantado em 2011 o Módulo Idoso do DisqueDireitos Humanos – DDH 100(IBGE)

Envelhecer é um processo vital inerente a todos os seres humanos. A velhice é umaetapa da vida, parte integrante de um ciclo natural constituindo-se como uma experiência

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única e diferenciada. Considerando-se as questões de envelhecimento populacional e aconseqüente ampliação das demandas sociais relacionadas á velhice, a preocupação coma qualidade de vida para essa faixa etária está cada vez mais presente (BRASIL, 2006).

(SANTOS et al., 2002)) diz que o termo qualidade de vida tem recebidouma variedade de definições ao longo dos anos. A qualidade de vidapode se basear em três princípios fundamentais: capacidade funcional,nível socioeconômico e satisfação. A qualidade de vida também pode es-tar relacionada com os seguintes componentes: capacidade física, estadoemocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica eautoproteção de saúde. Na realidade, o conceito de qualidade de vidavaria de acordo com a visão de cada indivíduo. Para alguns, ela é consi-derada como multidimensional. Na década de 90, o termo qualidade devida invadiu todos os espaços, passou a integrar o discurso acadêmico, aliteratura relativa ao comportamento nas organizações, os programas dequalidade total, as conversas informais e a mídia em geral. O termo temsido utilizado tanto para avaliar as condições de vida urbana, incluindotransporte, saneamento básico, lazer e segurança, quanto para se referirà saúde, conforto, bens materiais. Embora fazendo parte do cotidiano,os parâmetros para a definição do que é viver com qualidade são múlti-plos e resultam das características, expectativas e interesses individuais.(BOM SUCESSO, 1998) Segundo Ramos et al (2003, p.30), qualidade devida deve ser “considerada como uma função positiva de fatores físicose psicológicos, sendo esta qualidade a “excelência” da vida que se desejae que deve ser vivida”.

É muito importante, trabalhar as condições relacionadas com as emoções (afeto, ale-gria, medo, tristeza, etc.), pois nesta base estão instalados os aspectos mais íntimos dapersonalidade, como a intuição e a criatividade, estas presenças equilibradas de compor-tamento é que irão determinar o nível de qualidade de nossa vida. Como não há umconsenso sobre a definição de qualidade de vida (ZAZÁ; CHAGAS, 2013),

A Organização Mundial de Saúde (OMS), reuniu especialistas de várias partes domundo, que definiram qualidade de vida como “a percepção do individuo de sua posiçãona vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seusobjetivos, expectativas, padrões e preocupações” . Em nosso meio, velhice está associadaà perda, incapacidade, dependência, impotência, decrepitude, doença, desajuste social,baixos rendimentos, solidão, viuvez, cidadania de segunda classe e assim por diante. Oidoso é chato, rabugento, implicante, triste, demente, oneroso. Segundo o autor, as pessoasgeneralizam características de alguns idosos e essa visão estereotipada, aliada à dificuldadede se distinguir entre envelhecimento normal e patológico, senescência e senilidade, levaá negação da velhice, ou à negligência de suas necessidades, vontades e desejos. Hoje,a pessoa que envelhece é destruída duas vezes: primeiro, pelos preconceitos e clichês quecirculam sobre seu envelhecimento e que a repelem da sociedade, definindo-a apenas comomembro da espécie biológica, segundo, é destruída efetivamente in corpore pelo processo deenvelhecimento iniciado anos após a difamação, que termina com a morte. E futuramente,haverá inúmeros tipos diferentes de idosos (OMS, 2005).

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18 Capítulo 3. Revisão da Literatura

Qualidade de vida para o idoso é a preservação do prazer em todos os aspectos, oprazer de ter um corpo saudável aceitando os seus limites, o prazer de interagir com asociedade e o prazer de compartilhar e de aprender. A palavra quantidade para o idosonão tem muito significado, o que é importante para eles é a qualidade, pois só assim elespodem expor suas potencialidades, de produzir mudanças, de alterar valores e enfatizaros aspectos positivos do envelhecimento.

Avaliar a qualidade de vida do idoso implica a adoção de múltiplos critérios de na-tureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários elementos são apontados comodeterminantes ou indicadores de bem-estar na velhice: longevidade, saúde biológica, saúdemental, satisfação, controle cognitivo, competência social, produtividade, atividade, efi-cácia cognitiva, status social, renda, continuidade de papéis familiares, ocupacionais econtinuidade de relações informais com amigos (Neri, 1993). o nível de qualidade de vidaestá diretamente relacionado à saúde física, mental e social do indivíduo. Para se evitarum envelhecimento precoce ou patológico, é importante que sejam identificados os fato-res que nela interferem, no sentido de evitá-los e/ou retardá-los (OKUMA; MIRANDA;VELARDI, 2007).

Percebe-se pelos resultados das pesquisas desenvolvidas por esses autores que a qua-lidade de vida para o idoso deve ser analisada por uma perspectiva diferente daquelautilizada para analisar a qualidade de vida de pessoas mais jovens, pois as expectativassão outras, as percepções são diferentes e ainda deve-se considerar também a experiênciados anos vividos.

O Programa do Ministério da Saúde “Brasil Saudável” envolve uma ação nacionalpara criar políticas públicas que promovam modos de viver mais saudáveis em todasas etapas da vida, favorecendo a prática de atividades físicas no cotidiano e no lazer,o acesso a alimentos saudáveis e a redução do consumo de tabaco. Estas questões sãoa base para o envelhecimento saudável, um envelhecimento que signifique também umganho substancial em qualidade de vida e saúde. Assim, como definido neste documento,acreditamos que a saúde deve ser vista a partir de uma perspectiva ampla, resultado deum trabalho intersetorial e transdisciplinar de promoção de modos de vida saudável emtodas as idades. Cabe aos profissionais da saúde liderarem os desafios do envelhecimentosaudável para que os idosos sejam um recurso cada vez mais valioso para suas famílias,comunidades e para o país, como afirmado na Declaração da OMS sobre Envelhecimentoe Saúde, em Brasília, em 1996 (FERREIRA, 2010).

Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, parti-cipação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que aspessoas ficam mais velhas. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativade uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo,inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.Por isso,em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que promovem saúde

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mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condiçõesfísicas de saúde (FERREIRA, 2010).

O termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial da Saúde nofinal dos anos 90. Procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelheci-mento saudável”, e reconhecer, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetamo modo como os indivíduos e as populações envelhecem . A abordagem do envelheci-mento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhase nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto-realizaçãoestabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Assim, o planejamento estratégicodeixa de ter um enfoque baseado nas necessidades (que considera as pessoas mais velhascomo alvos passivos) e passa ter uma abordagem baseada em direitos, o que permite oreconhecimento dos direitos dos mais velhos à igualdade de oportunidades e tratamentoem todos os aspectos da vida à medida que envelhecem. Essa abordagem apóia a respon-sabilidade dos mais velhos no exercício de sua participação nos processos políticos e emoutros aspectos da vida em comunidade (FERREIRA, 2010)

A OMS lançou em 2015 o Plano de Ação Mundial sobre Envelhecimento e Saúde.O documento contempla 5 objetivos estratégicos que objetivam promover a capacidadefuncional durante todo o ciclo de vida por meio da adoção de medidas de envelhecimentosaudável; criação de ambientes adaptados ao idosos; harmonização dos sistemas de saúdepara as necessidades das pessoas idosas; fomento aos sistemas sustentáveis e equitativos deatenção a longo prazo e melhoria dos sistemas de investigação a positividade do fenómenoda longevidade aliado ao impacto negativo que o processo de envelhecimento tem vindoa demonstrar ao nível da saúde, da independência, das relações sociais e da qualidade devida dos indivíduos idosos, torna-se assim uma motivação para investigar uma forma decontornar a negatividade destes impactos neste processo. (IBGE., 2017)

O grupo de estudiosos em qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (OMS),The WHOQOL Group, propõe um conceito para qualidade de vida subjetivo,multidimensionale que inclui elementos positivos e negativos: “qualidade de vida é a percepção do indivíduode sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive, e emrelação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. É um conceito amplo ecomplexo, que engloba a saúde física, o estado psicológico, o nível de independência, asrelações sociais, as crenças pessoais e a relação com as características do meio ambiente.Nesse sentido, a qualidade de vida reflete a percepção que têm os indivíduos de que suasnecessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidadesde alcançar a felicidade e a auto-realização, com independência de seu estado de saúdefísico ou das condições ociais e econômicas (BRASIL., 2016a).

Segundo estudos várias são as ações a serem desenvolvidas para melhorar a qualidadede vida na população idosa .

O Serviço Social do Comércio (SESC) é uma das instituições pioneiras em trabalhos

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20 Capítulo 3. Revisão da Literatura

que visam o lazer voltado a este público. As pessoas da terceira idade procuram o SESCem busca de uma ocupação criativa de seu tempo livre, tanto para formação de amizadesquanto para realização de atividades prazerosas, mostrando-se também disponíveis paraa dedicação a pessoas mais necessitadas. Com uma proposta educativa definida, o SESCincentiva pessoas e grupos a adquirirem uma compreensão mais ampla dessa etapa devida e o desenvolvimento da consciência de seus direitos e deveres de cidadão (BRASIL.,2016b)(PESQUISA SESC, 2002)

De acordo com as diretrizes gerais de ação do SESC, o trabalho social com idososnasceu da atividade de trabalho com grupos. Os mais velhos, com maior freqüência,ganharam espaço especial e relevante no trabalho desenvolvido pelo SESC em todo oBrasil. Além das ações sistemáticas, como os grupos de convivência e as escolas abertasda terceira idade, os idosos usufruem de atividades de artesanato, literatura, cinema,saúde.

No âmbito da Saúde a porta de entrada principal para a pessoa idosa é a UnidadeBásica de Saúde, tendo como principal objetivo a promoção de saúde, atingir o equilíbrioentre as limitações e as potencialidades de cada indivíduo para que possam envelhecerde maneira satisfatória. A saúde do idoso não depende , apenas, de frequentar perio-dicamente o especialista, que se faz necessário na prevenção de doenças e manutençãode saúde, também é importante participar ativamente de grupos da terceira idade. Aparticipação em atividades proporciona ao idoso aumento de sua auto-estima, novas ami-zades e uma variedade de atividades que ajudam ao enfrentamento adequado ao processode envelhecimento. Como uma opção importante na prevenção e tratamento de diversasdoenças, vários trabalhos tem apontado a necessidade de atividade física como um im-portante aliado, programas de educação permanente com intervenção de atividade físicapara melhorar e manter as condições fìsicas e bem-estar dos idosos, atualização dos seusconhecimentos sobre si mesmo como ser idoso, seus limites e potencialidades e atuar comautonomia tem obtido bons resultados (OKUMA; MIRANDA; VELARDI, 2007). As ini-ciativas não devem se restringir apenas á transmissão de informações, mas incentivar acriação de diferentes estratégias que aumentem o nível de conhecimento e que melhoremas condições para que os idosos escolham modos de vida saudáveis. Assim, há necessi-dade de intervenções educativas com abordagem ao indivíduo, família e comunidade, quepromovam novas aprendizagens, que levem os idosos a refletirem sobre si e sobre a impor-tância da prática regular de atividade física, valorizando a sua prática. Devem-se atribuirsignificados ao novo conhecimento para que ele seja incorporado e aplicado na vida diária(OKUMA; MIRANDA; VELARDI, 2007).

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4 Metodologia

A Unidade Básica de Saúde Lubomir Urban está ubicada no bairro Neves, núcleo 31de março, municipio Ponta Grossa. A partir da identificação do número elevado de pa-cientes idosos, alguns deles em abandono, e grande número de casos de doenças crônicascomo hipertensão arteriall, diabetes mellitus e uso de psicotrópicos associado a trans-tornos ansioso- depressivos na populaçaõ idosa predominantemente, temos o objetivo dedesenvolver um estudo para compreender esta situação e melhorar a qualidade de vidanesta população.

Do universo de pacientes com 60 anos e mais da área, 749, cadastrados pelas agentescomunitárias de saúde, serão envolvidos no estudo uma amostra de 40 pacientes de ambossexos, escolhidos aleatoriamente dos grupos de Hiperdia e Saúde Mental.

Para a execução das ações será aplicado um questionário que identificará as principaisqueixas que afetam a saúde da população idosa na nossa área e permitirá conhecer oseu entendimento sobre qualidade de vida. Também será desenvolvido um programa deatividades em grupo para a promoção e educação em saúde.

O primeiro passo será uma reunião com todos os participantes do estudo para explicaras características do projeto e as ações a serem desenvolvidas; informaremos os dias e ho-rários dos encontros. Posteriormente, prévio consentimento de cada uns dos participantesaplicaremos um questionário adaptado, bem elaborado com base nos estudos que avaliamqualidade de vida dos idosos como o QHOQOL-BREF .

O QHOQOL-BREF é constituído de 26 perguntas (sendo a pergunta numero 1 e2 sobre a qualidade de vida geral), as respostas seguem uma escala de Likert (de 1 a5, quanto maior a pontuação melhor a qualidade de vida). Fora essas duas questões(1 e 2), o instrumento tem 24 facetas as quais compõem 4 domínios que são: FÍSICO,PSICOLÓGICO, RELAÇÕES SOCIAIS e MEIO AMBIENTE (WHOQOL-BREF, 2018)

Se explicará como preencher este questionário sobre todo para aqueles com dificuldadevisual e de escritura.O questionário incluirá os seguintes dados: sexo, grau de escolaridade,estado civil, aposentadoria, convivência, problemas de saúde, se recebe o apoio que neces-sita, satisfação com a sua saúde, momento de felicidade, maneiras de aproveitar a vida,satisfação com a sua vida, significado de qualidade de vida, cómo avaliaria ela na suavida, o que fazer para se sentir melhor. Nestes aspectos terão várias alternativas para quea pessoa escolha. Depois de analizar as respostas do questionário, para conhecer o sentire o pensar dos idosos, vamos propor um programa de atividades tendo em considera-ção as capacidades, limitações e interesses dos participantes coletados na entrevista, queserá executado duas vezes por semana e consisitirá em desenvolvimento de atividades emgrupo. Serão realizadas atividades físicas( aquecimento dos músculos e articulações, commovimentos repetitivos e alternativos de várias partes do corpo, exercícios com objetos

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22 Capítulo 4. Metodologia

para trabalhar o peso e dimensão, alongamento e caminhadas); atividades recreativas queproporcionem momentos de alegría, lazer e prazer como: passeios em praças, parques,clubes, chá com amigos, rodas de conversa, dança, canto, e outras atividades de educa-ção como oficinas, segundo as necessidades e dúvidas dos participantes, leitura de livrosconjunta com o idoso, exibção de vídeos e filmes, jogos para desenvolvimento cognitivo(jogos de montar, quebra-cabeça, caça-palavras, exercícios e atividades de alfabetização).

O local escolhido será o ginásio de esportes Geny Ribas. Este projeto de interven-ção será realizado em um período de seis meses. No projeto participarão os membrosda equipe de sáude composta por : enfermeira, técnicas de enfermagem, agentes comu-nitários de saúde, administrativo, médica, e os profissionais do NASF( educador físico,nutricionista psicólogo, assistente social). As agentes comunitárias facilitarão os cadastrosdos participantes e alguns dados necessários, e contribuirão na organização e desenvol-vimento das atividades. A médica avaliará o estado de saúde dos idosos junto com aenfermeira e técnicas de enfermagem, assim como o planejamento das ações. O adminis-trativo ajudará na coleta das informações, e os profissionais do NASF participarão dasatividades de educação através das oficinas, orientações para promoção e manutenção desaúde assim como do programa de atividades físicas.

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5 Resultados Esperados

Na Unidade Básica de Saúde Lubomir Urban, bairro Neves núcleo 31 de março, nomunicípio Ponta Grossa, identificamos como problema fundamental o número elevadode pacientes idosos, alguns deles em abandono, e grande número de casos de doençascrônicas como hipertensão arterial e diabetes mellitus, e uso de psicotrópicos associadosa transtornos ansioso-depressivos na população idosa predominantemente. Diante estaproblemática temos o objetivo de compreender esta situação e melhorar a qualidade devida nesta população.

É importante investigar as condições que interferem no bem-estar na velhice e osfatores associados á qualidade de vida dos idosos, no intuito de criar alternativas deintervenção e propor ações, buscando atender as demandas dessa população. A avaliacãodo estado de saúde está diretamente relacionada á qualidade de vida, influenciada pordiferentes fatores como sexo, escolaridade, condição econômica e presença de incapacidade.Avaliar as condições de vida e saúde do idoso permite a implementação de propostas deintervenção para promover o bem-estar dos que envelhecem.

Ao iniciar, continuar ou potencializar atividades físicas, o idoso experimenta uma mu-dança significativa em sua vida, ajudando a aumentar o seu equilíbrio pessoal, melhorandoo seu estado de ânimo, sua mobilidade, seus reflexos, sua postura e agilidade, influenci-ando assim sua qualidade de vida. Para efetivação dos idosos, como novos atores sociais,percebe-se que qualquer esforço no sentido de promover o envelhecimento ativo resultaráem efetiva melhoria da qualidade de vida de todos.

Com relação às principais queixas dos idosos e seu entendimento sobre qualidade devida, considerando outros trabalhos desenvolvidos com igual faixa etária e os indicadoresde avaliacão de qualidade de vida segundo o WHOQOL-BREF, esperamos encontrar quepara os idosos ter qualidade de vida está intimamente ligado ao significado que estes in-dicadores tem para suas vidas. Para o idoso uma boa qualidade de vida está ligado a terboa saúde, física e mental, alimentação saudável, ter hábitos de vida que valorizam suasaúde, como praticar exercícios físicos e não depender de outros para viver. No âmbitopsicológico a boa qualidade de vida é relacionada com estado emocional positivo, comsignificado de ter alegría, felicidade, auto-estima, paz, e sentir-se satisfeito com sua vida.Outro aspeto relacionado com qualidade de vida importante no idoso seria no indicadordas relações sociais e lazer; manter vínculos saudáveis com familiares e amigos, solidifi-cando o suporte social na velhice. Outros fatores também frequentemente relacionadoscom boa qualidade de vida na velhice tem a ver com o acceso á educação formal, comoescolas e cursos (OKUMA; MIRANDA; VELARDI, 2007).

Com o trabalho em grupo pretendemos desenvolver atividades de promoção de saúde,pois o grupo permite criar um espaço possível e privilegiado de rede de apoio e um meio

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24 Capítulo 5. Resultados Esperados

para discussão das situações comuns vivenciadas no dia-dia. Permite descobrir potenciali-dades e trabalhar a vulnerabilidade e, consequentemente, eleva a autoestima. O trabalhoem grupos possibilita a ampliação do vínculo entre equipe e pessoa idosa, sendo um es-paço complementar da consulta individual, de troca de informações, de oferecimento deorientação e de educação em saúde.( caderno atenção básica, p23). Destáca-se o papelfundamental da socialização obtida em qualquer trabalho em grupo, o que por si só poderepresentar novas perspectivas para a pessoa idosa( dependendo de sua situação familiare comunitaria), além de maior aceitação na sociedade (BRASIL, 2006).

No desenvolvimento das atividades nos idosos e tendo em consideração os estudos dequalidade de vida na velhice , a atividade é um meio privilegiado do idoso obter bem-estarpsicológico. O termo atividade pode incluir atividades físicas e mentais, individuais ougrupais. A atividade praticada regularmente empresta significado e satisfação á existência,quer pelo compromisso e responsabilidade social nela implícitos, quer pela oportunidadede manter o convívio social. A maioría das teorias de ajustamento ao envelhecimentoconcorda que o bem-estar emocional é, em parte, resultado da interação social e da forçado vínculo social (OKUMA; MIRANDA; VELARDI, 2007).

Esperamos que o lazer, os momentos de desconcentração e a prática de atividadesfísicas possam proporcionar o relaxamento do corpo e da mente, melhora do aspectobiológico/fisiológico e a melhora do estresse e tensão vividos no dia-dia. A prática deatividade física ajudará para o controle e prevenção de complicações e a melhoria desua qualidade de vida, uma vez associadas as mudanças no estilo de vida, socialização emelhoras de autoestima, dado que a atividade física bem sendo considerada como formade manutenção da aptidão física em indivíduos idosos, citado na literatura como forma deatenuar e reverter a perda de massa muscular, contribuindo para preservar a autonomiafuncional e o envelhecimento saudável.

Este trabalho fará com que o atendimento voltado para essa população seja melhorado,com que os idosos despertem a necessidade do autocuidado, tudo isto capaz de interferirno processo de saúde-doença da população idosa.

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Referências

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FERREIRA, J. Qualidade de vida na terceira idade: um estudo de caso do sesc alagoas.Gestão. Org- Revista Eletrônica de Gestão Organizacional., v. 8, n. 1, p. 119–124, 2010.Citado 2 vezes nas páginas 18 e 19.

IBGE., I. B. D. G. e E. PNAD 2016. População idosa cresce. 2017. Disponível em:<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br>. Acesso em: 28 Nov. 2017. Citado na página19.

OKUMA, S.; MIRANDA, M.; VELARDI, M. Atividades de idosos frente á prática deatividades físicas. Rev. Brasilera. Ciência e Movimento., p. 48–49, 2007. Citado 4 vezesnas páginas 18, 20, 23 e 24.

OMS, O. M. da S. Envelhecimento ativo. Envelhecimento ativo: uma política de Saúde,p. 3–14, 2005. Citado na página 17.

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ZAZÁ, D.; CHAGAS, M. H. Educação física: atenção á saúde do idoso. 2da edição.NESCON- UFMG, p. 43–43, 2013. Citado na página 17.