PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL...

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE JULIANA VILELA BORGES DE MIRANDA PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL APLICADO AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA ESCOLIOSE NA IDADE ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA/RJ VOLTA REDONDA 2010

Transcript of PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL...

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO

DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

JULIANA VILELA BORGES DE MIRANDA

PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

POSTURAL APLICADO AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA

ESCOLIOSE NA IDADE ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE VOLTA

REDONDA/RJ

VOLTA REDONDA

2010

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE

CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

POSTURAL APLICADO AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA

ESCOLIOSE NA IDADE ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE VOLTA

REDONDA/RJ

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado Profissional em Ensino em

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do

UniFOA, como requisito parcial à obtenção

de título de Mestre.

Aluna:

Juliana Vilela Borges de Miranda

Orientador:

Prof.ª Dr.ª Cátia Lacerda Sodré

Prof. Dr. Marcelo Genestra (in

memorian)

VOLTA REDONDA

2010

FICHA CATALOGRÁFICA

Bibliotecária: Gabriela Leite Ferreira -- CRB 7/RJ - 5521

FICHA CATALOGRÁFICA

Bibliotecária: Gabriela Leite Ferreira -- CRB 7/RJ - 5521

M672p Miranda, Juliana Vilela Borges de.

Proposta de adaptação de protocolo de avaliação

postural aplicado ao diagnóstico precoce da escoliose na idade

escolar no Município de Volta Redonda / Juliana Vilela Borges

de Miranda. Volta Redonda : UniFOA, 2010.42 f.

Dissertação (Mestrado Profissional) – Centro Universitário de

Volta Redonda – UniFOA. Pós-graduação em Ensino de

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2010.

Orientadora: Profa.Dra.Cátia Lacerda Sodré

1. Escoliose. 2. Avaliação postural – Idade escolar.

I. Título

CDD: 616.7

FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno:

Juliana Vilela Borges de Miranda

Título da Dissertação:

Proposta de adaptação de protocolo de avaliação postural aplicado ao diagnóstico precoce

da escoliose na idade escolar no município de Volta Redonda/RJ.

Orientador:

Prof.ª Dr.ª Cátia Lacerda Sodré

Banca Examinadora:

______________________________________

Prof.Dr.Alan Barbosa da Silveira

______________________________________

Profª.Drª Maria de Fátima Alves de Oliveira

______________________________________

Profª.Drª Cátia Lacerda Sodré

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, as pessoas

importantes da minha vida; minha família

(meu time), que estão sempre ao meu lado

em todos os momentos; ao meu marido, que

entendeu minhas ausências nos finais de

semana, mesmo sendo recém casados, a

minha já amada e querida filha Maria, que

estará junto de nós em agosto; aos meus

pais, que sempre me apoiaram e confiaram

em todas as escolhas da minha vida, aos

meus irmãos, verdadeiros amigos, por saber

que simplesmente posso contar com eles em

qualquer momento e a minha saudosa e

querida vó Dude, que dedicou sua vida a

família e que faz muita falta no meio de nós.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus, por me fazer

acreditar em mim e pela determinação para

seguir em frente;

Ao meu marido Guilherme e minha filha

Maria, que estará em breve conosco, pela

compreensão nos momentos de ausência e

apoio;

À minha orientadora, Prof.ª Dra Cátia

Lacerda Sodré, por sua amizade, pela

mansidão e profissionalismo que conduziu

este trabalho;

À minha tia Ana, pela paciência, dedicação e

carinho que me auxiliou na finalização do

meu trabalho;

À minha sobrinha Júlia, pela alegria que traz

a minha vida;

À Angela Santos, fisioterapeuta, que

despertou em mim a idéia deste trabalho;

Aos colegas de turma, pelo incentivo mútuo;

A todos os professores do Programa de

Mestrado, pelo exemplo e dedicação, em

especial ao Prof. Dr. Marcelo Genestra (in

memorian), pela amizade e profissionalismo

com que desempenhou o seu papel de

professor.

RESUMO

Uma das alterações posturais que mais acomete as crianças no período escolar é a

escoliose, atingindo 20% da população infantil. Durante a infância ocorrem algumas

alterações psicológicas, sociais, afetivas e físicas. Dentro das físicas, estão as alterações

relacionadas ao peso corporal e a estatura, que podem ocasionar modificações posturais

devido ao crescimento acelerado e por experiências individuais. Sabe-se que durante o

período do estirão de crescimento a escoliose tem sua evolução mais rápida, por isso é

preciso compenetrar-se do fato desta ser sempre uma deformidade do crescimento.

Entretanto, nesta fase, na maioria das vezes, ainda não se tem a escoliose instalada, mas

sim uma pré-escoliose. Este fato reforça a necessidade de um diagnóstico precoce desta

patologia. Dentro deste contexto, o objetivo central deste trabalho foi propor uma adaptação

ao protocolo de avaliação postural, onde foram incluídas quatro questões subjetivas

direcionadas aos pais com o objetivo de detectar nos seus filhos alterações neurológicas,

psiquiátricas, visuais e auditivas. Estas alterações podem interferir na postura corporal,

devendo estas crianças, ser primeiramente direcionadas e tratadas pelos respectivos

especialistas. A adaptação de um protocolo de avaliação postural tem como função realizar

o diagnóstico precoce da escoliose na infância, além de ser uma ferramenta de ensino que

facilita o diagnóstico correto desta patologia. A proposta volta-se a inserção do mesmo no

conteúdo de algumas disciplinas do curso de graduação de Fisioterapia. A partir do

diagnóstico, a criança deve ser encaminhada ao especialista, para uma avaliação mais

profunda, ou acompanhada durante o período necessário. Os resultados das avaliações

indicarão o tratamento mais adequado ao caso. Se a criança for encaminhada para

tratamento reeducativo, este deve ser bem conduzido e iniciado precocemente, podendo

assim evitar a evolução e instalação da escoliose.

Palavras-chave: Adaptação do protocolo, postura, escoliose, escola, ensino e saúde.

ABSTRACT

One of the postural changes that affect most children in the school age is scoliosis,

reaching 20% of the child population. During childhood there are some psychological,

social and emotional changes .Within the physical changes are the ones related to

body weight and height, which can cause postural changes due to accelerated

growth and individual experiences. It is well known that during the period of fast

growth of the children, scoliosis has its more rapid evolution, so it is a must that we

understand the fact that scoliosis is always a growth deformity. However, at this

stage, in most cases, children still do not have scoliosis in place, but a pre-scoliosis.

This fact reinforces the need for early diagnosis of this pathology. Within this context,

the main objective of this study was to propose an introduction of a postural

assessment protocol, which included four subjective questions directed to parents in

order to detect children with neurological, psychiatric, visual and auditory alterations.

These changes can interfere with the body posture and these children should be

primarily directed to and treated by specialists in the field. This introduction of a

postural assessment protocol has the main objective to perform an early diagnostic of

the scoliosis development in school age, in addition to being a teaching tool that

facilitates the correct diagnosis of this pathology. The proposal recommends the

introduction of this methodology in the content of some subjects of the undergraduate

course of physiotherapy. From the diagnosis, these children should be referred to the

appropriate professional for further evaluation or to do a detailed follow-up of them

during the period required. The results of these evaluations will redirect children to

the correct treatment. If the child is referred for re-education treatment, it should be

well conducted and if started early it can prevent the development and installation of

scoliosis.

Key Words: Adaptation, posture, scoliosis, school and education.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1. Escoliose ............................................................................................................. 13

1.2. Incidência e Etiologia da Escoliose ...................................................................... 14

1.3. Gibosidade .......................................................................................................... 16

1.4. Diagnóstico Precoce ............................................................................................ 18

1.5. Ensino .................................................................................................................. 20

1.5.1. Ensino na Saúde ........................................................................................... 21

1.5.2. Ensino na Fisioterapia ................................................................................... 22

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 24

2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................ 24

2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................. 24

3. MÉTODOS .................................................................................................................... 25

3.1. Protocolo Adaptado ................................................................................................ 25

4. RESULTADOS.............................................................................................................. 32

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 38

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 39

7. ANEXOS ....................................................................................................................... 41

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Pacientes portadores de escoliose. Demonstração antes e depois do tratamento

fisioterapêutico (http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/escoliose/escoliose-3.php) ..... 14

Figura 2: Teste de Adams (movimento de flexão anterior de tronco) que mostra a

gibosidade na região torácica à direita (traçado) (http://www.centrodesaopaulo.com.br/

artigos_03.html) ................................................................................................................... 17

Figura 3: (A) Alinhamento pélvico frontal; (B e C) Teste de Adams (traçado)

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html) ........................................................ 26

Figura 4: Perfil da cintura no plano frontal (http://www.centrodesaopaulo.com.br/

artigos_03.html) ................................................................................................................... 27

Figura 5: Inclinação das clavículas e cabeça no plano (http://www.centrodesaopaulo.com.br/

artigos_03.html) ................................................................................................................... 28

Figura 6: Alterações nos joelhos dentro da faixa etária específica

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html) ........................................................ 29

Figura 7: Evolução normal do alinhamento dos membros inferiores

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_07.html) ........................................................ 29

Figura 8: Carimbo da sola do pé após ser mergulhado na água em um papel. Aferição das

medidas da largura da marca na altura do calcanhar e do arco. A largura do arco era

dividida pela do calcanhar obtendo-se assim o índice do arco plantar; C) gráfico com o índice

médio do arco e os desvios padrão (http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_07.html) 30

Figura 9: Protocolo de avaliação postural desenvolvido por Santos .................................... 32

Figura 10: Protocolo adaptado (frente) ................................................................................. 33

Figura 11: Protocolo adaptado (verso) .................................................................................. 34

Figura 12: Total de meninos e meninas que sofreram avaliação postural ............................. 35

Figura 13: Total de crianças que apresentam alterações posturais ...................................... 36

Figura 14: Total de alterações posturais encontradas nas crianças avaliadas com a utilização

do protocolo adaptado ......................................................................................................... 36

LISTA DE ABREVIATURAS

ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia

NEPE- Núcleo de Estudos e Pesquisas em Escoliose

PSF- Programa de Saúde da Família

NASF- Núcleo de Apoio à Saúde da Família

ESF- Equipe de Saúde da Família

OMS - Organização Mundial da Saúde

TIC- Tecnologia da Informação e Comunicação

LIONS- Liberty, Intelligence, Our Nation’s Safety/ Liberdade, Inteligência, Saúde para nossa

Nação

CIF- Centro Integrado de Fisioterapia

12

1. INTRODUÇÃO

A infância representa um período da vida do ser humano em que ocorrem alterações

psicológicas, sociais, afetivas e físicas (GRACIOLI apud DETSCH & CANDOTTI, 2001). As

mudanças físicas estão relacionadas ao peso corporal e a estatura, podendo ocasionar

modificações posturais devido ao crescimento acelerado e por vivências corporais que cada

um experimenta nas diferentes fases da vida, além da influência da hereditariedade, de

culturas, hábitos e traumatismos, (GRACIOLI apud WEIS & MULLER, 1994). Segundo

Gracioli (apud Moffay & Vickery, 2002), a postura não é um fator determinado, pois sofre

variações conforme as atividades realizadas durante o dia. Em um determinado exercício,

por exemplo, ocorrem variações da postura por diversas vezes.

De acordo com Gracioli (apud CALVETE, 2004), durante a infância a postura

encontra-se em processo de desenvolvimento e é, neste período, que a adoção de uma

postura incorreta poderá ter repercussão negativa no futuro. Dos 07 aos 12 anos, a postura

sofre grandes transformações na busca do equilíbrio, compatível com as novas proporções

do corpo. Nessa idade, em que a mobilidade é extensa, a postura se adapta a atividade que

ele, o corpo, está desenvolvendo (BERTOLLINI E GOMES, 1997).

No período escolar, as chances de se desenvolverem alterações posturais são

maiores, principalmente na fase em que as crianças estão ingressando na quinta série do

ensino fundamental. Estas alterações são devido às mudanças que estão acontecendo no

desenvolvimento do corpo e a grande quantidade de material escolar que deve ser

transportado para a escola. Além disso, a forma como o material é transportado, o excesso

de tempo na posição sentada (na escola, em casa, em outros cursos) e a falta de

especificidade das carteiras e cadeiras podem contribuir para ampliar os desvios posturais.

Esta questão se enquadra nos riscos ergonômicos que a criança se expõe durante o

processo ensino-aprendizado. A ergonomia destinada a abordar os aspectos da atividade

humana de forma sistêmica, contribui para o planejamento, o projeto e a avaliação das

atividades e locais de trabalho/estudo, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los

compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações humanas (VIEIRA & LAPA,

2006). Orientações ergonômicas quanto ao mobiliário e material transportado deveriam ser

oferecidas por profissionais da área (fisioterapeutas ou com formação em ergonomia) para

diminuir estes riscos para a saúde da criança. Além da questão da utilização excessiva de

computadores e jogos eletrônicos, que atualmente é acessível a todas as classes sociais,

distanciando cada vez mais a criança de estímulos físicos como eram as brincadeiras no

passado, contato com outras crianças, com a natureza e com o próprio corpo. Os pais

acabam estimulando as crianças a terem mais atividades dentro de suas casas pela

violência infantil dificultando as brincadeiras em áreas externas.

13

Segundo Bienfait (1995), o diagnóstico precoce da escoliose na idade escolar e o

encaminhamento para o tratamento adequado diminuem muito sua evolução, pois ela é uma

das alterações que mais acometem as crianças neste período escolar, atingindo 20% da

população infantil. Entretanto, a medicina, muitas vezes, se volta somente para as

escolioses graves e não valoriza seu início, que é justamente a fase que se deve introduzir o

tratamento reeducativo. A gravidade da escoliose em geral não está em sua causa inicial,

mas em seu grau de evolução. Há uma causa inicial, em geral, e a evolução, devida ao

crescimento, proporciona a continuidade do processo da doença. A pré-escoliose é o

primeiro estágio de evolução de uma verdadeira escoliose. Nesse estágio é que se deve

prevê-la e evitá-la. O diagnóstico precoce dos desvios da coluna vertebral é fundamental.

Todas as crianças deveriam ser examinadas periodicamente nas escolas ou nos

consultórios médicos, e com maior atenção na fase do crescimento rápido.

1.1. ESCOLIOSE

A palavra escoliose, de origem grega, significa curvatura, sendo usada em

medicina para denominar qualquer curvatura lateral da coluna vertebral. Hipócrates (1460-

1375 a.C.), no livro De Articulationes, do Corpus Hippocratum, foi o primeiro a fazer citações

sobre as escolioses, com menção sobre os aspectos clínicos e as formas de tratamento em

tração. Com a descoberta dos raios-X, houve um grande avanço na avaliação e no

tratamento das deformidades vertebrais.

A evolução nos conhecimentos sobre as escolioses ocorreu com a Fundação da

Scoliosis Research Society, EUA, em 1966. No Brasil, o primeiro curso sobre escoliose foi

realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo na década de 50 (SIZINIO et al, 2003).

Fregonesi (apud CAILLIET, 1977 e BASMAJIAN, 1987) relatou que a escoliose, inicialmente

definida como sendo um simples desvio lateral da coluna vertebral, tem na verdade uma

conotação muito mais complexa. Devido ao maior entendimento da natureza tridimensional

dessa patologia, passou a ser definida como uma deformidade nos três planos, sendo o

desvio lateral no plano frontal, a rotação vertebral no plano axial e a lordose no plano sagital

(FREGONESI apud FERREIRA, 2001).

As deformidades vertebrais na escoliose estão intimamente relacionadas com a sua

patogênese, que permanece desconhecida (escoliose idiopática) e que representa mais de

80% de todas as escolioses. Vale ressaltar que a deformidade na escoliose idiopática do

adolescente envolve em geral o tronco, as costelas, os órgãos internos e a aparência da

superfície da coluna (FREGONESI apud STOKES, 1988) (Figura 1). O risco evolutivo da

escoliose idiopática no adolescente está diretamente relacionado ao período de

14

crescimento, com o grau de inclinação lateral da curva escoliótica e com a rotação axial da

vértebra ápice da curva (Fregonesi apud GRAM MC, 1999).

Antes Depois

Figura 1- Pacientes portadores de escoliose. Demonstração antes e depois do

tratamento fisioterapêutico. (http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/escoliose/escoliose-

3.php).

1.2. INCIDÊNCIA E ETIOLOGIA DA ESCOLIOSE

A escoliose pode ser classificada, segundo sua etiologia, em estrutural e não

estrutural. A estrutural pode ser a idiopática, a neuromuscular e a osteopática e, a não

estrutural pode ser causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo ou dor nos

músculos da coluna vertebral por compressão de raiz nervosa ou outra lesão na coluna e

ainda pelo posicionamento do tronco (MOLINA & CAMARGO, 2003). Geralmente, as

escolioses só são diagnosticadas no período de aumento da deformidade (PEDRIOLLE,

2006). A sua origem pode vir de uma paralisia, de doenças genéticas ou hereditárias ou de

outras causas identificáveis, mas 80% dos casos são idiopáticas e apesar de muito ter sido

pesquisado sobre sua etiologia, nenhuma evidência conclusiva foi registrada nos pacientes

(SCHROTH, 1992).

15

O prognóstico geral da escoliose depende de vários fatores, principalmente da idade

de fixação da curva escoliótica e da sua magnitude. O perigo maior da escoliose idiopática

acontece durante o período de crescimento na adolescência (SCHROTH, 1992). A curva

tende a aumentar até a cessação do crescimento esquelético, sendo de pior prognóstico nas

regiões torácicas devido à rotação da caixa torácica e conseqüente efeito sobre a respiração

e sistema cardiovascular (COILLARD & RIVARD, 1996).

De acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Escoliose (NEPE) (2002), as

escolioses também podem ser classificadas de acordo com a sua localização em:

Escoliose Torácica

80% são torácicas direita;

Rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade);

Horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras

da convexidade;

Protração/elevação/rotação superior da escápula;

Retração/depressão/rotação inferior da escápula;

Anteversão/elevação/rotação do ilíaco;

Retroversão/elevação em menor grau;

Retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas;

Horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

Escoliose Lombar

80% são lombares esquerda;

Rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade);

Protração/elevação/rotação superior da escápula em menor grau;

Retração/depressão/rotação inferior da escápula em menor grau;

Anteversão/elevação/rotação do ilíaco;

Retroversão/elevação em menor grau;

Retificação do plano sagital lombar para as escolioses evolutivas;

Horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

Escoliose Tóraco-lombar

50% são tóraco-lombares direita e 50% são esquerda,

16

Rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e

espinhosas para concavidade);

Horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras

da convexidade;

Protração/elevação/rotação superior da escápula;

Retração/depressão/rotação inferior da escápula;

Anteversão/elevação/rotação do ilíaco em menor grau;

Retroversão/elevação em menor grau;

Retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas;

Horizontalização sacral (DURIGON, 2003).

Ricard (1999) classificou a escoliose por sua angulação: grau 1- angulação inferior a

20°; grau 2- angulação de 20 a 30°; grau 3- angulação de 31 a 50°; grau 4- angulação acima

de 51°. A escoliose também pode ser classificada segundo a idade de aparição como

escoliose infantil, que aparece entre o nascimento e os três anos de idade. Há uma maior

prevalência da escoliose no sexo feminino em relação ao sexo masculino de 3,6: 1

(Fregonesi apud BARROS, 1997). A escoliose juvenil aparece entre quatro a dez anos de

idade, na maioria dos casos é dorsal de convexidade direita e muito flexível. Seu

acompanhamento é importante, pois pode progredir muito rapidamente ao nível lombar e

tóraco lombar. O uso do colete é recomendado quando a angulação da escoliose estiver

entre 30° e 45° e, quando essa angulação ultrapassar 45°, o procedimento é cirúrgico

(RICARD, 1999).

A terminologia utilizada na descrição da curva escoliótica diz que as vértebras

terminais das curvas são definidas como as vértebras que inclinam ao máximo para dentro

da concavidade da curva estrutural; a vértebra apical é aquela que está com maior rotação e

encunhamento, cujo centro está deslocado mais lateralmente em relação à linha central

(LIMA, 2002).

1.3. GIBOSIDADE

A gibosidade é uma proeminência rotacional no lado convexo da curva. As vértebras

são rodadas no sentido da convexidade, tem uma melhor visualização quando o paciente

realiza uma flexão anterior de tronco. É uma alteração no formato da superfície do tronco e

de difícil correção, provavelmente resultante da deformidade da caixa torácica, quando na

região torácica, sendo este um importante componente da escoliose que ainda não é bem

entendido (Figura 2). Na região lombar, a gibosidade caracteriza-se por uma proeminência

17

ou maior volume da musculatura e pode ser correlacionada com a magnitude da

deformidade espinhal (MOLINA & CAMARGO, 2003).

A presença de uma gibosidade pode desencadear uma série de problemas

fisiológicos; isto resulta em uma melhor ventilação pulmonar no lado da gibosidade e uma

menor ventilação do lado contrário. A mudança do centro de gravidade causa um

desequilíbrio estático (SCHROTH, 1992).

Figura 2- Teste de Adams (movimento de flexão anterior de tronco) que mostra a

gibosidade na região torácica à direita (traçado)

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html).

A forma da giba também é variável; uma giba redonda parece ter melhor prognóstico

que uma giba angular. Pode estar alojada próximo ao eixo médio e ser mais fácil de reduzir

pela correção de descarga em membros inferiores (TOUZEAU et al., 2002).

A terminologia para a localização da curvatura é feita conforme o local onde se

encontra o seu ápice e a direção da curvatura é aquela da convexidade da curva. O

conhecimento do ganho em altura e da velocidade de crescimento vertebral, em relação ao

sexo e à idade, é de extrema importância (SIZINIO et al., 2003). A velocidade de

crescimento está diretamente relacionada ao desenvolvimento dos caracteres sexuais

secundários, sendo que o maior pico ocorrerá aproximadamente um ano após o

desenvolvimento das mamas e dos pêlos pubianos nas meninas e dos pêlos pubianos,

axilares e faciais nos meninos. Após um ano desse pico, ocorrerá a menarca, estando

18

praticamente terminado o crescimento em comprimento do tronco após dois anos (SIZINIO

et al., 2003).

As curvaturas patológicas alteram a distribuição das forças que cruzam sua

concavidade, e podem chegar a deformar o quadro cartilaginoso das vértebras em pessoas

muito jovens e, por conseguinte, mais adiante, as próprias vértebras. O núcleo é expulso até

a convexidade, quando se reúnem condições para sua progressão. Estas pressões

excessivas determinam uma série de modificações bioquímicas e histológicas que

conduzem, no adulto, à degeneração discal e à osteoartrose no lado côncavo.

Contrariamente, a ausência de pressão sobre a convexidade favorece seu menor conteúdo

mineral ósseo (BIOT et al., 2002).

A observação do pico de crescimento da adolescência é muito importante, pois a

relação entre crescimento vertebral e escoliose é muito bem-estabelecida (SIZINIO et al.,

2003). Os músculos e ligamentos se adaptam à deformidade e sua função sobre a postura e

o movimento se encontra alterado. A caixa torácica, o diafragma e o abdome estão

envolvidos na deformidade vertebral. Deles se derivam certo grau de insuficiências

respiratórias restritivas, proporcional ao ângulo de escoliose e modificações espaciais do

conteúdo abdominal. A função de proteção neurológica fica respeitada graças à escassa

modificação que sofre a morfologia do conduto vertebral (BIOT et al., 2002).

As vértebras escolióticas apresentam rotação importante no seu plano transverso,

sendo que os processos espinhosos são direcionados para a convexidade e os transversos

para posterior no lado convexo da deformidade, levando à torção do tronco e à conseqüente

elevação das costelas, criando a giba torácica clássica (SIZINIO et al., 2003).

Quanto mais jovens são as estruturas vertebrais, mais definitivas são as

modificações que produzem tensões anormais, e quanto maior a estruturação da escoliose,

maior será a possibilidade de evolução do efeito. A determinação do grau da deformidade é

feita pelo Método de Cobb, que baseia-se no ângulo formado por perpendiculares às linhas

que tangenciam a superfície superior da vértebra proximal ao centro da curva, e à linha que

tangencia a superfície inferior da vértebra distal ao centro da curva, que mais se direcionam

para a concavidade da curvatura (SIZINIO et al., 2003).

1.4. DIAGNÓSTICO PRECOCE DA ESCOLIOSE

Bienfait (1995) destacou que, nenhum tratamento pode curar uma escoliose

instalada, mas em 75% dos casos, um tratamento reeducativo bem conduzido, iniciado

precocemente, poderia tê-la evitado.

Com a utilização do protocolo desenvolvido por Santos e Bienfait (2001) apontando

sinais que podem estar relacionados à escoliose pode-se fazer um rastreamento de crianças

19

que apresentam este tipo de problema e direcioná-las ao profissional adequado, para uma

avaliação mais profunda e tratamento reeducativo apropriado. Além dos sinais já avaliados,

a inclusão de outros pontos relevantes no protocolo que poderiam dar mais direcionamento

à pesquisa precisam ser considerados. Alterações neurológicas, visuais, auditivas e

psiquiátricas podem interferir na postura corporal, devendo o paciente ser encaminhado

inicialmente a profissionais aptos a avaliarem as alterações citadas acima. Após estas

avaliações e/ou tratamento adequado, os mesmos devem ser encaminhados ao

fisioterapeuta, se persistir a alteração postural.

A estabilidade postural é a capacidade de manter o corpo em equilíbrio, isto é,

refere-se a habilidade do corpo de retornar ao ponto de equilíbrio quando exposto a uma

perturbação. A manutenção do equilíbrio corporal deve-se a integração de várias estruturas,

que compõe um sistema de controle chamado de sistema de equilíbrio ou sistema de

controle postural (BIENFAIT, 1995).

O processo de uma orientação vertical, emprega-se múltiplas referências sensoriais,

incluindo a gravidade (aparelho vestibular), a superfície de apoio (sistema somatossensitivo)

e a relação do nosso corpo com o ambiente (sistema visual). A atuação conjunta destes três

sistemas permite a estabilização do campo visual nas diversas situações de movimento as

quais o indivíduo é submetido, e assim, participa ativamente na manutenção do equilíbrio

(BIENFAIT, 1995).

Vários estudos correlacionam a deficiência visual com alterações na função de

equilíbrio, o qual tende a torna-se insuficiente na presença de comprometimento visual. Um

comprometimento do sistema de equilíbrio pode reduzir a estabilidade resultando em

aumento da oscilação corporal e/ou alteração da estratégia de movimento. A lesão ou

doença de qualquer uma das estruturas (por exemplo: olhos, orelha interna, receptores

periféricos, medula espinhal, cerebelo, cérebro) envolvidas nos estágios de processamento

da informação podem afetar o equilíbrio (OLIVEIRA e BARRET., 2008).

Através do sistema vestibular, o ser humano inicia o contato com o meio

circundante, sendo essencial para a aprendizagem, incluindo linguagem escrita e falada e a

coordenação motora (GANANÇA & CAOVILLA, 1999). Diversos estudos têm relatado a

existência de uma relação entre distúrbios vestibulares e problemas de aprendizagem.

A criança desenvolve a capacidade de organizar inputs sensoriais. Inicialmente, a

criança recém nascida, experimenta sensações, mas não é capaz de dar significado a elas.

Com o tempo há um aumento na habilidade do cérebro em organizar sensações para

produzir complexas respostas adaptativas da criança. Os inputs vestibulares e

somatossensoriais têm um papel vital na criação de modelos precisos do corpo para o

controle postural necessário a orientação corporal em relação a gravidade e ao meio. A

disfunção vestibular costuma afetar consideravelmente a habilidade de comunicação, o

20

estado psicológico e o desempenho escolar. Isto justifica o encaminhamento adequado das

crianças com este tipo de alteração, que poderia influenciar, e muito, a postura destas

(GANANÇA & CAOVILLA, 1999).

NEVES, MONTES e SOUZA (2009) consideram que o profissional de saúde deve

usar uma linguagem compreensível e simples, adequada à realidade e que tenha como

ponto fundamental, o indivíduo, buscando conhecer suas necessidades em relação à

doença. Essa linguagem possibilita ao profissional exercer uma prática educativa e realizar

intervenções pertinentes ao diagnóstico.

O fisioterapeuta é um profissional habilitado a atuar na promoção e proteção da

saúde, prevenindo e reabilitando em nível individual e coletivo. Seu envolvimento em

programas de atenção primária contribui no quadro saúde-doença encontrado no país.

Apesar do fisioterapeuta não ser ainda um profissional obrigatório no Programa de Saúde da

Família (PSF), vale ressaltar a Portaria 154, de 24 de janeiro de 2008 (Diário Oficial da

União) sobre a criação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), onde diz que a

equipe de Saúde da Família poderá ser composta por profissionais como Fisioterapeutas,

Médicos Acupunturistas, Assistentes Sociais, Profissionais da Educação Física,

Farmacêuticos, Fonoaudiólogos, Médicos Ginecologistas, Médicos Homeopatas,

Nutricionistas, Médicos Pediatras, Psicólogos, Médicos Psiquiatras e Terapeutas

Ocupacionais. O NASF foi criado com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das

ações da atenção básica. As atividades de reabilitação são voltadas para promoção e

proteção à saúde em conjunto com a Equipe de Saúde da Família (ESF), incluindo aspectos

físicos e de comunicação, como consciência e cuidados com o corpo, postura, entre outras

(www.saude.gov.br/MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

O PSF é tido como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e

de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência, promoção da saúde,

prevenção de doenças e reabilitação. Atualmente, é definido como Estratégia Saúde da

Família, ao invés de programa, que aponta sempre para uma atividade com início,

desenvolvimento e finalização (www.saude.gov.br/OMS, 2008).

Dentro deste contexto, VIANNA e CARVALHO (2001), citam uma preocupação de

alguns pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em relacionar a saúde e a

educação, mostrando que há um descompasso entre o avanço científico de hoje, os

problemas sociais e o que o professor, que está ao lado da comunidade, sabe.

1.5. ENSINO

Na comunidade primitiva, o que caracterizou a educação foi a sua forma

espontânea, natural e assistemática. Educava-se pela imitação direta e inconsciente das

21

atividades dos adultos por parte da criança. Esta “pedagogia” chamava-se iniciação e

consistia na transmissão, às novas gerações, das regras, costumes, tradições, tabus, mitos

e técnicas rudimentares da sociedade adulta (SANTOS & PEREIRA, 1999).

Numa fase mais avançada, a educação foi marcada pelo aparecimento da

linguagem escrita e, posteriormente, da literatura, dando à sociedade uma consciência do

passado, bem como uma norma de conduta devidamente estabelecida (SANTOS &

PEREIRA, 1999).

Atualmente, como produto da evolução histórica, a educação apresenta uma

riqueza de métodos pedagógicos que, se de um lado é benéfica, de outro evidencia que

ainda não se atingiu uma posição ideal. Com as experiências e descobertas realizadas no

campo da pedagogia e da psicologia, com a grande variedade de recursos técnicos

disponíveis, com a quantidade de publicações ao nosso alcance e com a rapidez com que

são geradas as informações, o educador não pode se limitar à reprodução de conteúdos

sistematizados. O educador precisa ser um produtor de conhecimentos que tenham

significação para os educandos e os tornem capazes de distinguir o que é fragmento do que

é totalidade, o que é contingente do que é necessário (SANTOS & PEREIRA, 1999).

Principalmente, no ensino em saúde, onde o conteúdo são tão complexos e modificados o

tempo todo.

1.5.1. ENSINO E SAÚDE

As pesquisas em Ensino de Ciências têm apontado para novas experiências em

curso de formação, pois o que tem sido observado entre professores e alunos são lacunas

nas suas formações, tanto em nível de conteúdo como sobre concepção a respeito da

natureza da Ciência (VIANNA & CARVALHO, 2001).

Mudar a postura dos professores requer muito mais que acabar com “ensino

tradicional” de ciências, onde a aula é transcrita no quadro-negro, seguindo uma proposta

curricular tradicional elaborada coerentemente, comum nas escolas, com o conhecimento

centrado no professor e no livro. Atualmente, esta estratégia baseada na memorização, com

uma visão de ensino-aprendizagem sem levar em conta os aspectos de conhecimentos dos

alunos, o da sociedade e seu cotidiano (VIANNA & CARVALHO, 2001) não é mais aceitável,

pois alunos e professores podem produzir conhecimentos.

Sabe-se que as ações educativas influenciam o estilo de vida, melhoram a relação

profissional-indivíduo e os ambientes social e físico. Além disso, a educação em saúde,

como uma prática social, baseada no diálogo, ou seja, na troca de sabedoria, favorece a

compreensão dessa relação no processo saúde-doença e, respectivamente, o intercâmbio

entre o saber científico e o popular (NEVES, MONTES e SOUZA (2009).

22

NEVES, MONTES e SOUZA (2009)consideram que os profissionais de saúde

seriam responsáveis por propiciar condições favorecedoras ao processo de aquisição de

conhecimentos científicos, e possíveis mudanças no controle das doenças. Tal participação

seria um meio de reforçar a responsabilidade e os direitos dos indivíduos e da comunidade

por sua própria saúde. Em uma perspectiva macro, Potvin e colaboradores (1994) ressaltam

que um dos princípios da base das intervenções preventivas em promoção da saúde é a

participação da população em todas as fases de planejamento, desenvolvimento e

realização dos programas (TORRES et al., 2003).

1.5.2. ENSINO NA FISIOTERAPIA

A Fisioterapia surgiu no país a partir de 1929, com a criação do primeiro curso

técnico na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A motivação principal para sua criação

foi o grande número de portadores de seqüelas da poliomielite, com elevada incidência de

distúrbios do aparelho locomotor, bem como o crescente aumento de acidentes de trabalho.

Considerada profissão recente, com menos de quarenta anos de regulamentação, a

formação em Fisioterapia no Brasil evoluiu de forma lenta nas décadas de 1970 e 1980.

Na década de 1990, houve uma elevação considerável do número de cursos e

vagas, atingindo acelerada expansão a partir de 1997 (BISPO JUNIOR, 2009), porém de

forma desregulada, com privatização do ensino e concentração geográfica dos cursos. A

ampliação do número de cursos e a maior oferta de profissionais não resultaram em maior

acesso da população à assistência em fisioterapia. A Fisioterapia foi regulamentada

oficialmente no Brasil pelo Decreto-Lei 938 em 1969, e pela Lei Federal 6316 em 1975

(htt://PT.wikipedia.org/wiki/Fisioterapia, 2010); é a ciência que estuda o movimento humano

e que utiliza recursos físicos no tratamento e cura. Com o sentido restrito à área de saúde,

está voltada para o entendimento da estrutura e mecânica do corpo humano. A fisioterapia

estuda, diagnostica, previne e trata os distúrbios, entre outros, da biomecânica e

funcionalidade humana decorrentes de alterações de órgãos e sistemas humanos. Reúne

técnicas para habilitar ou reabilitar o movimento humano. Sua competência e habilidade vão

desde a origem terapêutica até o estudo da patologia e dos métodos para minimizá-la

(SANTOS, 2002).

Na maior parte das instituições ainda predomina o modelo tecnicista, voltado para

cura de doenças e reabilitação de sequelas e por isso um dos maiores problemas que a

Fisioterapia enfrenta nos dias de hoje é a saturação no mercado privado de assistências e a

carência assistencial a população (BISPO JUNIOR, 2009). É preciso uma transformação do

perfil profissional de acordo com a nova realidade epidemiológica. Entretanto, é comum

dizer que a profissão de fisioterapeuta é promissora porque muitos cuidados

23

fisioterapêuticos são necessários na terceira idade, o que torna a prevenção um fator

imprescindível. Conhecedor das patologias do sistema músculo-esquelético, assim como

dos cuidados necessários e das melhores formas de reabilitá-lo, o fisioterapeuta deveria

abrir frentes de trabalho ligadas à prevenção (SANTOS, 2002).

A informação em saúde é considerada um veículo necessário para a gestão dos

serviços, pois através dela cria-se possibilidades de orientar a implantação,

acompanhamento e (re)avaliação dos modelos de atenção à saúde, envolvendo também as

ações de prevenção e controle de doenças (CARDOSO et al., 2008).

A maioria dos docentes do Ensino Superior, no que se refere as áreas específicas de

formação técnica, não possuí formação pedagógica para exercer esse ofício. A atividade

docente tem início por meio de diferentes caminhos, com diferentes histórias, aspirações e

expectativas. No curso de Fisioterapia, não é diferente. Como o conteúdo é muito técnico e

prático, a dificuldade do professor em direcionar o conhecimento fica muito evidente. Por

isso, há a necessidade de se criar metodologias para aproximar o saber teórico do prático.

Professores sem formação pedagógica buscam sua profissionalização no projeto formativo

do curso, na troca dos saberes, seja com colegas professores, seja com os alunos,

mediados pelo espaço do trabalho (PIVETTA, 2006).

Também é pertinente apontar que o profissional da área da saúde, em função das

necessidades impostas pelo advento tecnológico contemporâneo, especialmente nesse

setor, desenvolva competências e saberes relativos a um "pensar e agir" que inclua as

Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no intuito de enriquecer e ampliar sua

prática profissional, sua educação permanente e sua participação social nos campos

especiais em que vier a atuar (CARDOSO et al., 2008).

Vale ressaltar que nenhum sistema substitui o "olhar do profissional/discente" da

área da saúde diante de um usuário real; porém, o uso desses sistemas pode auxiliar na

sistematização do processo de tomada de decisão, contribuindo para habilidades

profissionais em saúde, como também na construção do conhecimento pelo estudante a

partir de experimentos/simulações como o sistema especialista (CARDOSO et al., 2008).

Por ser uma profissão muito nova, a formação de professores de Fisioterapia ainda

é escassa. Existem muitos profissionais fisioterapeutas que acabam entrando na docência

porque gostam da profissão e de ensinar, mas para a formação de professores

fisioterapeutas, ensinar a aprender e ensinar a reabilitar são fundamentais, mas não é tudo.

No entanto, aprender a ser professor se faz ao longo da trajetória de vida dos professores, o

que está fortemente marcado pela inter-relação de pessoas ao longo do tempo em

determinado espaço de trabalho mediado pelo projeto formativo e pelas concepções que

elaboram.

24

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Adaptar o protocolo de avaliação postural de SANTOS (2001) para diagnosticar

precocemente a escoliose na idade escolar, incluindo neste, questões subjetivas aos

responsáveis sobre alterações visuais, auditivas, neurológicas ou psiquiátricas, visando sua

aplicabilidade em escolas municipais e em cursos de graduação em Fisioterapia, Educação

Física e Medicina.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Incluir no protocolo já existente alguns ítens para melhor diagnosticar a escoliose,

como dados relativos à alterações visuais, auditivas, psiquiátricas e neurológicas.

Utilizar o protocolo como instrumento de avaliação postural direcionados à

criança para diagnóstico precoce da escoliose nas disciplinas de Fisioterapia Preventiva e

Pediátrica e no Centro Integrado de Fisioterapia (CIF);

Treinar alunos do curso de Fisioterapia participantes do Programa de Iniciação

Científica para uso do protocolo adaptado em escolas.

25

3. MÉTODOS

A pesquisa seguiu um padrão de um estudo primário, quali-quantitativo, descritivo,

longitudinal e prospectivo. O grupo de estudo foi composto por 74 crianças, de ambos os

sexos, com faixa etária entre 07 a 12 anos. O trabalho já fazia parte do PIC (Programa de

Iniciação Científica), seguindo a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, este

estudo foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres

Humanos do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA). Para o início do trabalho,

todos os pais dos participantes deste estudo assinaram um Termo de Consentimento

contendo as informações necessárias sobre objetivos e métodos referentes ao projeto.

Durante o segundo semestre de 2008 e o primeiro semestre de 2009, crianças de

quatro escolas foram, de forma censitária, escolhidas durante o evento desenvolvido pelo

LIONS CLUB (Liberty, Intelligence, Our Nation’s Safety- Fundação beneficente que leva

auxílio, esperança e cura para o mundo, concedendo subsídios aos distritos do Lions em

todo mundo para projetos humanitários em larga escala que atendem as necessidades da

comunidade) vinculado ao projeto Saúde e Solidariedade da Rede Municipal de Volta

Redonda, que tem como objetivo levar ações sociais às comunidades mais carentes da

cidade, através do atendimento pelos alunos dos mais diversos cursos do UniFOA. O curso

de Fisioterapia já participa deste projeto desde 2004, sempre com atividades

preventivas/promoção de saúde, e em 2005 quando assumi a responsabilidade de

supervisionar esta atividade representando o curso de Fisioterapia, foi dado início a

utilização do protocolo para diagnóstico precoce da escoliose. Com a utilização prática do

protocolo foi observado que algumas crianças apresentavam alterações como visuais,

auditivas, neurológicas e psiquiátricas que interferiam na postura corporal. Incluímos então

no protocolo quatro questões subjetivas que seriam respondidas pelos pais ou responsáveis

sobre estas possíveis alterações e posteriormente, quando a criança apresentava uma delas

era encaminhada ao profissional da área

Com a aplicação do protocolo adaptado, as crianças que apresentavam quaisquer

alterações neurológicas, psiquiátricas, auditivas e visuais que poderiam interferir no

aparelho músculo-esquelético, foram encaminhadas a profissionais específicos. Nestes

casos, foi realizada somente uma avaliação postural comum, onde eram avaliados a pelve,

membros superiores e inferiores, coluna e flexibilidade das cadeias posterior, anterior e

cruzada, e posterior encaminhamento para os profissionais competentes.

A coleta de dados foi realizada em consultório do CIF (Centro Integrado de

Fisioterapia). Para a realização da avaliação postural, foi utilizado um protocolo que contém

sinais/características que podem estar relacionados à escoliose, desenvolvido por Santos e

26

Bienfait (2001). Este protocolo é realizado com a criança na posição ortostática, e é

constituído pelas seguintes análises:

1) Gibosidade- alinhamento frontal pélvico, que determina se um dos lados da pelve

está mais alto que o outro (Figura 3A); inclinação anterior do tronco ou teste de Adams, que

mostra a gibosidade (quando há diferença de membros inferiores são utilizados calços

improvisados proporcionando a altura necessária para posicionar na planta dos pés das

crianças e eliminá-la) (Figura 3B e C).

A B

C

Figura 3-(A) Alinhamento pélvico frontal; (B e C) Teste de Adams (traçado).

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html)

27

2) Perfil da cintura no plano frontal- observado de frente apresenta uma entrada

maior de um dos lados da cintura (Figura 4);

Figura 4 – Perfil da cintura no plano frontal

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html).

3) Inclinação das clavículas e cabeça no plano frontal- observado de frente apresenta

inclinação da cabeça para um dos lados (Figura 5);

Figura 5 - Inclinação das clavículas e cabeça no plano frontal

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html).

4) Joelhos- utilização de gráfico com definições das alterações do joelho e idade do

paciente, no plano frontal, observando o paciente de frente nota-se valgismo e varismo

(Figuras 6 e 7).

28

Figura 6 – Alterações nos joelhos dentro da faixa etária específica

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_03.html).

Figura 7 – Evolução normal do alinhamento dos membros inferiores

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_07.html).

5) Pés- com o uso de água, molhar a sola do pé das crianças e carimbar numa folha

branca para definir o apoio plantar (também é utilizado outro gráfico para análise do apoio

correto, e chegar ao índice do arco plantar de cada um de acordo com a idade (Figura 8 A,

B e C).

A

29

B

C

D

Figura 8 – (A, B e D) Carimbo da sola do pé após ser mergulhado na água em um

papel. Aferição das medidas da largura da marca na altura do calcanhar e do arco. A largura

do arco era dividida pela do calcanhar obtendo-se assim o índice do arco plantar; C) gráfico

com o índice médio do arco e os desvios padrão

(http://www.centrodesaopaulo.com.br/artigos_07.html).

30

3.1. PROTOCOLO PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA ESCOLIOSE (antes da

adaptação)

31

Figura 9- Protocolo de avaliação postural desenvolvido por Santos.

32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A importância em detectar precocemente a escoliose consiste no fato de que o

tratamento, mesmo nas escolioses leves, pode ser iniciado com a finalidade de impedir ou

retardar a evolução do quadro. Vale ressaltar que, em alguns casos, tratamentos não

cirúrgicos, nem sempre apresentam bons resultados. Sem intervenção, a curvatura progride

entre o tempo de detecção e o tempo de maturidade esquelética; o risco de progressão

aumenta assim que o grau de curvatura aumenta. A proposta do uso do protocolo adaptado,

(Figura 10) incidirá de forma direta e eficaz na detecção prévia da escoliose como uma

alteração primária de postura, descartando outros fatores que poderiam levar a uma

alteração postural. Isto faz com que o indivíduo tenha um encaminhamento correto para

tratamento adequado, se necessário.

33

Figura 10- Protocolo adaptado (frente).

34

Figura 11- Protocolo adaptado (verso).

As questões subjetivas, que é a adaptação realizada no protocolo, foram

respondidas pelos pais ou responsáveis.

Com a utilização prática do protocolo adaptado, pode-se observar como uma

avaliação postural pode ser realizada de forma rápida e ao mesmo tempo eficiente. O

protocolo adaptado não busca o aprofundamento de uma avaliação postural propriamente

dita, mas sim diagnosticar precocemente uma escoliose que, se descoberta previamente,

terá um prognóstico melhor e encaminhar as crianças que apresentaram alterações

neurológicas, visuais, auditivas e psiquiátricas para tratamento adequado. Dentre as

35

crianças que participaram do projeto, aproximadamente 300 não entraram no estudo pois

apresentavam alguma das alterações, como visuais, auditivas, neurológicas ou psquiátricas,

através das respostas fornecidas pelos pais/responsáveis as perguntas incluídas no

protocolo adaptado, que poderiam interferir na postura corporal. Estas crianças foram,

portanto, avaliadas somente com uma ficha de avaliação postural simples, onde eram

avaliados a pelve, membros superiores e inferiores, coluna e flexibilidade das cadeias

posterior, anterior e cruzada e posteriormente, encaminhadas para os profissionais

competentes. No total foram avaliadas 74 crianças, 41 meninas e 33 meninos (Figura 12).

Figura 12- Total de meninos e meninas que sofreram avaliação postural.

O resultado das avaliações realizadas nas Escolas Municipais de Volta Redonda,

através do Projeto LIONS, Saúde e Solidariedade, mostrou que todas as crianças

apresentavam pelo menos 02 sinais dos 06 ítens avaliados (Equilíbrio Pélvico Frontal e

Horizontal; Clavículas; Cervical; Joelhos e Pés), sendo que 35 crianças apresentavam

menos de 03 alterações enquanto 39 apresentam mais de 03 (Figura 13). Quarenta e uma

crianças tinham desequilíbrio pélvico no plano frontal (EPF) e 36 apresentavam desequilíbrio

horizontal pélvico (EPH); 67 tinham alterações na região cervical, 58 nas clavículas, 44 com

alterações nos joelhos e 28 com alterações nos pés (Figura 14).

36

Figura 13- Total de crianças que apresentaram alterações posturais.

Os resultados obtidos mostraram que 58% das crianças apresentaram mais de 03

alterações o que confirma que estas crianças deveriam ter um tratamento reeducativo

adequado para evitar a evolução da escoliose.

Figura 14- Tipos de alterações posturais encontradas nas crianças avaliadas com a

utilização do protocolo adaptado.

Um questionário sobre a funcionalidade técnica e acadêmica do protocolo,foi

aplicado a 10 profissionais e professores que atuam na área de reeducação postural para

avaliação da ferramenta de ensino (Anexo 1). O resultado do questionário foi positivo e com

observações importantes relacionadas ao ensino, já que os cursos de fisioterapia possuem

poucas ferramentas para o auxílio no processo ensino-aprendizagem. Algumas das

observações:

“Este protocolo é de grande relevância clínica e pedagógica.”

“Excelente adaptação, muito contribuirá para a disciplina de Pediatria e para os

acadêmicos do sétimo período de Fisioterapia que fazem estágio no CIF.”

“Sendo uma patologia idiopática, o diagnóstico precoce da escoliose é fundamental

no ensino escolar visto que o maior desenvolvimento desta é no período pré-adolescência

onde é necessário o acompanhamento de profissionais qualificados. Sendo esta uma boa

ferramenta no ensino em Fisioterapia.”

37

Por ser uma profissão nova e por ser extremamente prática, a facilidade de

manuseio e aplicabilidade do protocolo adaptado trouxe uma nova abordagem para

aprimorar a detecção precoce da escoliose por estes profissionais.

O protocolo também poderá ser utilizado por Professores de Educação Física e

Pediatras, que são os profissionais que tem mais contato com as crianças desta faixa etária

específica. Estes profissionais poderão ter acesso ao protocolo e orientações, já que não é

uma prática do seu dia-a-dia e, futuramente, também ser inserido em disciplinas específicas

dos cursos de graduação de Educação Física e Medicina. Aos poucos inserir o profissional

Fisioterapeuta dentro das escolas, não só para realizar o diagnóstico precoce da escoliose,

bem como para avaliar outras patologias posturais que acometem as crianças e direcionar

possíveis orientações e atividades dentro da escola, podendo ou não ter a participação dos

pais.

A apresentação do protocolo adaptado para diagnóstico precoce da escoliose foi e

está sendo feita em sala de aula na Disciplina de Fisioterapia Preventiva do Centro

Universitário de Volta Redonda e colocado em prática no evento LIONS por alunos do sexto

e sétimo períodos de Fisioterapia que fazem parte do Programa de Iniciação Científica. A

utilização do protocolo em sala de aula facilita o olhar do aluno na prática e isto é

claramente percebido quando este participa de eventos externos a universidade.

A implementação do protocolo adaptado como ferramenta de ensino e detecção

precoce do diagnóstico da escoliose tem como principal objetivo evitar a rápida evolução da

escoliose no período do estirão de crescimento.

A intenção é apresentar este protocolo para o maior número de profissionais da área

da saúde, inicialmente dentro do Centro Universitário de Volta Redonda, que lidam

diretamente com a criança, para que estes usem e desenvolvam outros recursos, a partir

deste, para melhorias e possíveis modificações deste diagnóstico.

38

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo permitiu identificar primeiramente, um grupo de crianças que

apresentavam desvios posturais importantes, podendo estar relacionados a alterações

visuais, auditivas, neurológicas ou psiquiátricas e por isso estas crianças foram eliminadas

do estudo e encaminhadas aos profissionais especializados. Estas crianças não foram

acompanhadas posteriormente, somente direcionadas ao profissional e tratamento

adequado. Em virtude do projeto acontecer cada final de semana em um bairro diferente de

Volta Redonda, o contato com as crianças que foram avaliadas foi perdido, apesar de terem

sido encaminhadas adequadamente e orientadas a procurarem o CIF (Centro Integrado de

Fisioterapia) para tentar acompanhar o andamento do tratamento e se fosse necessário ter

atendimento fisioterapêutico na própria clínica da faculdade.

Também foram identificadas 74 crianças, entre o sexo feminino e masculino, que

estavam aptas a participar do estudo por não apresentarem nenhuma destas alterações

relacionadas acima e apresentarem mais de 03 sinais que podem estar relacionados à

escoliose, e a partir destas avaliações foi constatado que 58% das crianças deveriam ter

atendimento reeducativo.

Este trabalho também permitiu identificar a facilidade do graduando em Fisioterapia

em realizar um diagnóstico precoce da escoliose com rapidez e eficiência num ambiente

sem muitos recursos, uma vez que o projeto acontecia em escolas municipais e/ou praças

nos finais de semana.

Com o resultado final das 74 avaliações propostas e dos questionários aplicados aos

alunos participantes do Programa de Iniciação Científica e aos profissionais que atuam

nesta área foi demonstrado o resultado positivo do uso do protocolo.

39

6. REFERÊNCIAS

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TORRES, H.; HORTALE, V.; SCHALL V. A experiência de jogos em grupos operatives na educação em saúde para diabéticos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(4): 1039-1047, jul-ago, 2003.

TOUZEAU, C.; STORTZ, M.; BIOT, B.; BERNARD, J. C. Escoliosis idiopática durante el período de crecimiento. Encyclopèdie Médico-Chirurgicale, Paris, n. 82, p. 14-20, 2002.

VIANNA, D. M.; CARVALHO, A. P. Do fazer ao ensinar ciência. A importância dos episódios de pesquisa na formação de professores, 2001.

VIEIRA, V. M.; LAPA, R. Riscos em laboratórios: Prevenção e controle. Cadernos de estudos avançados, Rio de Janeiro, 2006.

41

Anexo 1

42

Anexo 2

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO

DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

PROPOSTA DE ADAPTAÇÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO POSTURAL

APLICADO AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA ESCOLIOSE NA IDADE ESCOLAR NO

MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA/RJ

Adaptação do protocolo: Questionamento aos acompanhantes/responsáveis pela

criança sobre a possibilidade destas apresentarem alterações visuais, auditivas,

neurológicas ou psiquiátricas. Se for confirmado alguma destas alterações a criança é

excluída do grupo analisado.

A partir da análise do protocolo adaptado mostrado e explicado acima, peço que

contribua para o respectivo trabalho respondendo ao seguinte questionário. Desde já

agradeço sua contribuição!

1- A adaptação do protocolo contribuiu para um melhor diagnóstico?

( ) Sim ( ) Não

2- O protocolo adaptado tem eficiência no diagnóstico precoce da

escoliose?

( ) Sim ( ) Não

43

3- Na sua opinião, é importante inserir o conteúdo do protocolo em disciplinas

específicas do curso de Graduação de Fisioterapia, como Fisioterapia Preventiva e

Pediátrica?

( ) Sim ( ) Não

4- Você considera o protocolo adaptado uma boa ferramenta de ensino dentro

do curso de Fisioterapia?

( )Sim ( ) Não

Comentários:_________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_______________________________________

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Anexo 3