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Testes e Exames Português 12 – ASA / Proposta de correção 1. a Fase − 2016 1 EXAME FINAL NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO Prova Escrita de Português – Proposta de correção 12. o Ano de Escolaridade Prova 639/1. a Fase − 2016 Proposta de correção GRUPO I A 1. As antíteses e as interrogações estão ao serviço da indignação de Matilde por assistir à subversão de valores na sociedade em que se insere. Com efeito, a companheira de Gomes Freire opõe valentes a cobardes, justos a injustos, honestos a hipócritas para salientar o facto de a sociedade valorizar a cobardia, a deslealdade e a injustiça e questiona a hipocrisia reinante, recorrendo, por isso, às interrogações. No fundo, os valores que transmitiu ao filho foram subvertidos por uma sociedade onde reina a injustiça e a hipocrisia, onde os verdadeiros valores são deturpados para que os governadores do reino possam servir os seus próprios interesses, levando-a a perguntar a si mesma se não teria sido preferível ter ensinado ao filho o contrário do que lhe ensinou. 2. A passagem da revolta, perante uma sociedade onde reina a injustiça, para um estado de nostalgia e de saudade resulta do contacto que Matilde vai ter com o uniforme de Gomes Freire de Andrade, que a faz evocar um passado de felicidade, vivido a dois numa terra onde imperava já a liberdade. Além disso, acentua ainda o facto de a ação político-social do companheiro nesta “malfadada terra” ter tido consequências devastadoras, ao contrário do que poderia suceder se este se tivesse voltado apenas para a esfera familiar e emotiva, que lhes teria permitido viver em tranquilidade. Sendo assim, percebe-se que, neste segmento textual, a companheira do general, ao acariciar o uniforme de Gomes Freire de Andrade, entra na idealização do que poderia ter sido a vida de ambos se o seu “homem fosse menos homem”. 3. Com estas palavras, Matilde realça a injustiça de que o general foi vítima e manifesta o seu descontentamento por viver numa terra onde os dirigentes ou poderosos, sendo “arbustos”, porque cobardes, indignos e mesquinhos, eliminam as “árvores”, ou seja, os homens mais dignos, com valores e princípios como o general, com medo que estes lhes façam sombra.

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Testes e Exames Português 12 – ASA / Proposta de correção 1.a Fase − 2016 1

EXAME FINAL NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO

Prova Escrita de Português – Proposta de correção

12.o Ano de Escolaridade

Prova 639/1.a Fase − 2016

Proposta de correção

GRUPO I

A

1. As antíteses e as interrogações estão ao serviço da indignação de Matilde por assistir à subversão de

valores na sociedade em que se insere.

Com efeito, a companheira de Gomes Freire opõe valentes a cobardes, justos a injustos, honestos a

hipócritas para salientar o facto de a sociedade valorizar a cobardia, a deslealdade e a injustiça e questiona

a hipocrisia reinante, recorrendo, por isso, às interrogações.

No fundo, os valores que transmitiu ao filho foram subvertidos por uma sociedade onde reina a injustiça e a

hipocrisia, onde os verdadeiros valores são deturpados para que os governadores do reino possam servir os

seus próprios interesses, levando-a a perguntar a si mesma se não teria sido preferível ter ensinado ao filho

o contrário do que lhe ensinou.

2. A passagem da revolta, perante uma sociedade onde reina a injustiça, para um estado de nostalgia e de

saudade resulta do contacto que Matilde vai ter com o uniforme de Gomes Freire de Andrade, que a faz

evocar um passado de felicidade, vivido a dois numa terra onde imperava já a liberdade. Além disso,

acentua ainda o facto de a ação político-social do companheiro nesta “malfadada terra” ter tido

consequências devastadoras, ao contrário do que poderia suceder se este se tivesse voltado apenas para a

esfera familiar e emotiva, que lhes teria permitido viver em tranquilidade.

Sendo assim, percebe-se que, neste segmento textual, a companheira do general, ao acariciar o uniforme

de Gomes Freire de Andrade, entra na idealização do que poderia ter sido a vida de ambos se o seu

“homem fosse menos homem”.

3. Com estas palavras, Matilde realça a injustiça de que o general foi vítima e manifesta o seu

descontentamento por viver numa terra onde os dirigentes ou poderosos, sendo “arbustos”, porque

cobardes, indignos e mesquinhos, eliminam as “árvores”, ou seja, os homens mais dignos, com valores e

princípios como o general, com medo que estes lhes façam sombra.

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B

4. Na primeira quadra, a passagem do tempo é logo assinalada pela expressão “de ano em ano” e, no

segundo verso, percebe-se que a vida do sujeito poético não foi fácil, mas progressivamente penosa,

designando-a, metaforicamente, por “peregrinação”, termo que remete para sofrimento, esforço e dor.

Reflete ainda sobre a brevidade e inutilidade da vida, como se vê em “este meu breve e vão discurso

humano”, sendo que, na segunda quadra, destaca o avolumar do “dano” e o envelhecimento, o que faz

com que a vida deixe de fazer sentido. Dá ainda conta da perda progressiva do “remédio” que usara, ou

seja, da esperança, que se transformara já em “engano”, concluindo que essa fé na esperança foi mera

ilusão.

5. O verso destacado aponta para o facto de o sujeito poético perceber que a esperança que teve não passou

de uma ilusão, confirmando-se esta ideia nos tercetos, onde se refere a procura do “bem” e a sua

inacessibilidade (v. 1, do 1º terceto), o que acaba por se confirmar no último verso do soneto (“da vista se

me perde a esperança”).

Deste modo, o conteúdo dos tercetos confirma que a esperança é ilusória uma vez que apenas traz

enganos. Por isso, o desânimo abate-se sobre aquele que, no seu percurso, encontrou muitos espinhos.

GRUPO II

Item Versão 1 Versão 2

1. (C) (A)

2. (A) (D)

3. (B) (A)

4. (C) (B)

5. (B) (D)

6. (D) (C)

7. (D) (B)

8. (Oração) subordinada (adverbial) consecutiva

9. (Valor) explicativo

10. Sujeito

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GRUPO III

PLANIFICAÇÃO:

Tese – A importância da educação na construção pessoal e de ideais dignificantes.

Introdução – Importância e instâncias promotoras da educação.

Desenvolvimento – 1º argumento: a educação familiar e a sua importância na transmissão de valores ético-

morais.

Exemplo: o respeito pelos mais desfavorecidos e a adoção de comportamentos

ajustados às interações sociais

2º argumento: a escola, segunda instância educativa e local de aquisição de

conhecimentos diversos, inclusive de valores voltados para a defesa da humanidade e

do desenvolvimento social

Exemplo: países (como o Paquistão e as denúncias de Malala) ou situações onde o

acesso à educação escolar é inexistente ou proibido, para que as orientações dos

poderosos se imponham

Conclusão – Confirmação da importância da educação – motor de avanço de qualquer sociedade mas

também da preservação do seu futuro

TEXTUALIZAÇÃO:

A educação é o motor de toda a sociedade e é através dela que o indivíduo adotará valores de paz, de

liberdade, de igualdade e de justiça social. Efetivamente, a educação é o bem mais precioso da humanidade

e é “facultada” ao indivíduo, sobretudo, através de duas instituições que se complementam: família e

escola.

Se a família privilegiar o bem-comum, o respeito pelo próximo, a solidariedade, a criança que se

desenvolve nesse ambiente vai certamente adotar esses princípios. Ela respeitará os mais desfavorecidos e

perfilhará comportamentos ajustados às interações sociais. A provar isto, pela positiva ou pela negativa,

existem muitos adágios populares – “tal pai, tal filho”, “pai impertinente faz o filho desobediente”, …

Complementarmente à família, a escola assume um papel crucial. São vários os estudos que evidenciam

que a frequência escolar e o prolongamento dos estudos têm impacto positivo a nível social. Na escola, os

jovens são educados para os valores de cidadania, ficando munidos de ferramentas que os farão valorizar

aquilo que dignifica o ser humano: tornam-se mais conscientes de que o futuro terá de ser construído em

clima de paz, de harmonia, de justiça social e que todos são merecedores destes princípios/valores.

Infelizmente, alguns regimes autoritários impedem grande parte da sua própria população de aceder à

educação. Um exemplo flagrante é o que acontece em países como o Paquistão, país de Malala, que tudo

faz para manter na ignorância parte significativa do seu povo, e assim privá-lo de ideais dignificantes do ser

humano.

O caso de Malala deve, de facto, servir-nos de bom exemplo: ante todos os desafios, uma criança

educada num seio familiar são, um professor, um livro e uma caneta podem ser trunfos indispensáveis à

humanidade, mudando o mundo no sentido da paz, da liberdade e da justiça. 293 palavras