PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO -...

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PROJETO DE GRADUAÇÃO ANÁLISE DE UMA MÁQUINA PARA CONVERSÃO TERMOMECÂNICA DE ENERGIA BASEADA EM LIGAS COM MEMÓRIA DE FORMA Por, Gabriel Queiroz Negrão Brasília, 5 de Julho de 2012 UNIVERSIDADE DE BRASILIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA

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PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO

ANAacuteLISE DE UMA MAacuteQUINA PARA CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA

BASEADA EM LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

Por Gabriel Queiroz Negratildeo

Brasiacutelia 5 de Julho de 2012

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA

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UNIVERSIDADE DE BRASILIA Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Mecacircnica

PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO

ANAacuteLISE DE UMA MAacuteQUINA PARA CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA

BASEADA EM LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

POR

Gabriel Queiroz Negratildeo

Relatoacuterio submetido como requisito para obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Mecacircnico

Banca Examinadora

Prof Edson Paulo da Silva UnB ENM (Orientador)

Prof Guilherme Caribe de Carvalho UnB ENM

Prof Aline Souza de Paula UnB ENM

Brasiacutelia 5 de Julho de 2012

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Dedicatoacuteria Dedico o presente trabalho aos meus pais

Eles me carregaram ateacute aqui e neste momento faccedilo uma pequena retribuiccedilatildeo por toda minha vida Aleacutem deles dedico a ldquotodos os meus amigos e camaradinhas que me respeitamrdquo Obrigado a todos

Gabriel Queiroz Negratildeo

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Agradecimentos Agradeccedilo aos meus pais pela vida Por uma vida privilegiada por sua dedicaccedilatildeo incondicional pela oportunidade da boa educaccedilatildeo direito aos estudos e por sempre sempre me apoiarem Novamente os agradeccedilo pela famiacutelia por irmatildeos preciosos Agradeccedilo aos amigos verdadeiros que conquistei durante a vida e a uma pessoa singular neste mundo minha namorada que me conquistou em olhar Finalmente agradeccedilo a todos os professores e funcionaacuterios desta grande instituiccedilatildeo ndash a Universidade de Brasiacutelia que me proporcionou uma grande realizaccedilatildeo na vida Dedico um agradecimento especial ao meu orientador professor Edson Paulo da Silva

Gabriel Queiroz Negratildeo

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RESUMO As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) consistem de um grupo de materiais metaacutelicos que possuem a habilidade de retornar a um formato ou tamanho previamente definido quando submetidas a um ciclo termomecacircnico adequado O efeito memoacuteria de forma ocorre devido a mudanccedilas na estrutura cristalina do material dependentes da temperatura eou da tensatildeo agraves quais estatildeo sujeitas tais ligas A caracteriacutestica principal destes materiais eacute a habilidade de sofrer grandes deformaccedilotildees e em seguida recuperar sua forma original quando a carga eacute removida ou o material eacute aquecido Essas ligas podem ser usadas para construir desde atuadores leves e silenciosos ateacute maacutequinas teacutermicas O desenvolvimento de aplicaccedilotildees que utilizam SMA desperta a atenccedilatildeo para os mais diversos campos da engenharia Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise de uma maacutequina teacutermica baseada em SMA e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade do princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

ABSTRACT The shape memory alloys - SMA are a group of metallic materials that have the ability to return to a previously defined shape or size when subjected to an appropriate thermal procedure The shape memory effect happens due to changes in the crystal structure of the material depending on temperature and tension to which it is subject The main feature of these materials is the ability to undergo large deformations and then recover its original shape when the load is removed or the material is heated It can be used to build from silent and light actuators to heat machines The development of SMA applications draws attention to several engineering fields In this context the objective of this work is to analyze the SMA based heat machine and from that evaluate the applicability of its principle to develop a prototype that benefits from the thermal energy from exhaust gases of an automobile

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SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

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LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

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45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

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LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

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LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

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1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

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2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

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composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

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bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

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Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

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54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

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Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

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maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 2: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

ii

UNIVERSIDADE DE BRASILIA Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Mecacircnica

PROJETO DE GRADUACcedilAtildeO

ANAacuteLISE DE UMA MAacuteQUINA PARA CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA

BASEADA EM LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

POR

Gabriel Queiroz Negratildeo

Relatoacuterio submetido como requisito para obtenccedilatildeo do grau de Engenheiro Mecacircnico

Banca Examinadora

Prof Edson Paulo da Silva UnB ENM (Orientador)

Prof Guilherme Caribe de Carvalho UnB ENM

Prof Aline Souza de Paula UnB ENM

Brasiacutelia 5 de Julho de 2012

iii

Dedicatoacuteria Dedico o presente trabalho aos meus pais

Eles me carregaram ateacute aqui e neste momento faccedilo uma pequena retribuiccedilatildeo por toda minha vida Aleacutem deles dedico a ldquotodos os meus amigos e camaradinhas que me respeitamrdquo Obrigado a todos

Gabriel Queiroz Negratildeo

iv

Agradecimentos Agradeccedilo aos meus pais pela vida Por uma vida privilegiada por sua dedicaccedilatildeo incondicional pela oportunidade da boa educaccedilatildeo direito aos estudos e por sempre sempre me apoiarem Novamente os agradeccedilo pela famiacutelia por irmatildeos preciosos Agradeccedilo aos amigos verdadeiros que conquistei durante a vida e a uma pessoa singular neste mundo minha namorada que me conquistou em olhar Finalmente agradeccedilo a todos os professores e funcionaacuterios desta grande instituiccedilatildeo ndash a Universidade de Brasiacutelia que me proporcionou uma grande realizaccedilatildeo na vida Dedico um agradecimento especial ao meu orientador professor Edson Paulo da Silva

Gabriel Queiroz Negratildeo

v

RESUMO As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) consistem de um grupo de materiais metaacutelicos que possuem a habilidade de retornar a um formato ou tamanho previamente definido quando submetidas a um ciclo termomecacircnico adequado O efeito memoacuteria de forma ocorre devido a mudanccedilas na estrutura cristalina do material dependentes da temperatura eou da tensatildeo agraves quais estatildeo sujeitas tais ligas A caracteriacutestica principal destes materiais eacute a habilidade de sofrer grandes deformaccedilotildees e em seguida recuperar sua forma original quando a carga eacute removida ou o material eacute aquecido Essas ligas podem ser usadas para construir desde atuadores leves e silenciosos ateacute maacutequinas teacutermicas O desenvolvimento de aplicaccedilotildees que utilizam SMA desperta a atenccedilatildeo para os mais diversos campos da engenharia Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise de uma maacutequina teacutermica baseada em SMA e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade do princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

ABSTRACT The shape memory alloys - SMA are a group of metallic materials that have the ability to return to a previously defined shape or size when subjected to an appropriate thermal procedure The shape memory effect happens due to changes in the crystal structure of the material depending on temperature and tension to which it is subject The main feature of these materials is the ability to undergo large deformations and then recover its original shape when the load is removed or the material is heated It can be used to build from silent and light actuators to heat machines The development of SMA applications draws attention to several engineering fields In this context the objective of this work is to analyze the SMA based heat machine and from that evaluate the applicability of its principle to develop a prototype that benefits from the thermal energy from exhaust gases of an automobile

vi

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

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bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

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aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

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Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

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Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

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e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

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O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

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induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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iii

Dedicatoacuteria Dedico o presente trabalho aos meus pais

Eles me carregaram ateacute aqui e neste momento faccedilo uma pequena retribuiccedilatildeo por toda minha vida Aleacutem deles dedico a ldquotodos os meus amigos e camaradinhas que me respeitamrdquo Obrigado a todos

Gabriel Queiroz Negratildeo

iv

Agradecimentos Agradeccedilo aos meus pais pela vida Por uma vida privilegiada por sua dedicaccedilatildeo incondicional pela oportunidade da boa educaccedilatildeo direito aos estudos e por sempre sempre me apoiarem Novamente os agradeccedilo pela famiacutelia por irmatildeos preciosos Agradeccedilo aos amigos verdadeiros que conquistei durante a vida e a uma pessoa singular neste mundo minha namorada que me conquistou em olhar Finalmente agradeccedilo a todos os professores e funcionaacuterios desta grande instituiccedilatildeo ndash a Universidade de Brasiacutelia que me proporcionou uma grande realizaccedilatildeo na vida Dedico um agradecimento especial ao meu orientador professor Edson Paulo da Silva

Gabriel Queiroz Negratildeo

v

RESUMO As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) consistem de um grupo de materiais metaacutelicos que possuem a habilidade de retornar a um formato ou tamanho previamente definido quando submetidas a um ciclo termomecacircnico adequado O efeito memoacuteria de forma ocorre devido a mudanccedilas na estrutura cristalina do material dependentes da temperatura eou da tensatildeo agraves quais estatildeo sujeitas tais ligas A caracteriacutestica principal destes materiais eacute a habilidade de sofrer grandes deformaccedilotildees e em seguida recuperar sua forma original quando a carga eacute removida ou o material eacute aquecido Essas ligas podem ser usadas para construir desde atuadores leves e silenciosos ateacute maacutequinas teacutermicas O desenvolvimento de aplicaccedilotildees que utilizam SMA desperta a atenccedilatildeo para os mais diversos campos da engenharia Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise de uma maacutequina teacutermica baseada em SMA e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade do princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

ABSTRACT The shape memory alloys - SMA are a group of metallic materials that have the ability to return to a previously defined shape or size when subjected to an appropriate thermal procedure The shape memory effect happens due to changes in the crystal structure of the material depending on temperature and tension to which it is subject The main feature of these materials is the ability to undergo large deformations and then recover its original shape when the load is removed or the material is heated It can be used to build from silent and light actuators to heat machines The development of SMA applications draws attention to several engineering fields In this context the objective of this work is to analyze the SMA based heat machine and from that evaluate the applicability of its principle to develop a prototype that benefits from the thermal energy from exhaust gases of an automobile

vi

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

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Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

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Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

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composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

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Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 4: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

iv

Agradecimentos Agradeccedilo aos meus pais pela vida Por uma vida privilegiada por sua dedicaccedilatildeo incondicional pela oportunidade da boa educaccedilatildeo direito aos estudos e por sempre sempre me apoiarem Novamente os agradeccedilo pela famiacutelia por irmatildeos preciosos Agradeccedilo aos amigos verdadeiros que conquistei durante a vida e a uma pessoa singular neste mundo minha namorada que me conquistou em olhar Finalmente agradeccedilo a todos os professores e funcionaacuterios desta grande instituiccedilatildeo ndash a Universidade de Brasiacutelia que me proporcionou uma grande realizaccedilatildeo na vida Dedico um agradecimento especial ao meu orientador professor Edson Paulo da Silva

Gabriel Queiroz Negratildeo

v

RESUMO As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) consistem de um grupo de materiais metaacutelicos que possuem a habilidade de retornar a um formato ou tamanho previamente definido quando submetidas a um ciclo termomecacircnico adequado O efeito memoacuteria de forma ocorre devido a mudanccedilas na estrutura cristalina do material dependentes da temperatura eou da tensatildeo agraves quais estatildeo sujeitas tais ligas A caracteriacutestica principal destes materiais eacute a habilidade de sofrer grandes deformaccedilotildees e em seguida recuperar sua forma original quando a carga eacute removida ou o material eacute aquecido Essas ligas podem ser usadas para construir desde atuadores leves e silenciosos ateacute maacutequinas teacutermicas O desenvolvimento de aplicaccedilotildees que utilizam SMA desperta a atenccedilatildeo para os mais diversos campos da engenharia Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise de uma maacutequina teacutermica baseada em SMA e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade do princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

ABSTRACT The shape memory alloys - SMA are a group of metallic materials that have the ability to return to a previously defined shape or size when subjected to an appropriate thermal procedure The shape memory effect happens due to changes in the crystal structure of the material depending on temperature and tension to which it is subject The main feature of these materials is the ability to undergo large deformations and then recover its original shape when the load is removed or the material is heated It can be used to build from silent and light actuators to heat machines The development of SMA applications draws attention to several engineering fields In this context the objective of this work is to analyze the SMA based heat machine and from that evaluate the applicability of its principle to develop a prototype that benefits from the thermal energy from exhaust gases of an automobile

vi

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

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Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

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induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

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transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 5: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

v

RESUMO As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) consistem de um grupo de materiais metaacutelicos que possuem a habilidade de retornar a um formato ou tamanho previamente definido quando submetidas a um ciclo termomecacircnico adequado O efeito memoacuteria de forma ocorre devido a mudanccedilas na estrutura cristalina do material dependentes da temperatura eou da tensatildeo agraves quais estatildeo sujeitas tais ligas A caracteriacutestica principal destes materiais eacute a habilidade de sofrer grandes deformaccedilotildees e em seguida recuperar sua forma original quando a carga eacute removida ou o material eacute aquecido Essas ligas podem ser usadas para construir desde atuadores leves e silenciosos ateacute maacutequinas teacutermicas O desenvolvimento de aplicaccedilotildees que utilizam SMA desperta a atenccedilatildeo para os mais diversos campos da engenharia Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise de uma maacutequina teacutermica baseada em SMA e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade do princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

ABSTRACT The shape memory alloys - SMA are a group of metallic materials that have the ability to return to a previously defined shape or size when subjected to an appropriate thermal procedure The shape memory effect happens due to changes in the crystal structure of the material depending on temperature and tension to which it is subject The main feature of these materials is the ability to undergo large deformations and then recover its original shape when the load is removed or the material is heated It can be used to build from silent and light actuators to heat machines The development of SMA applications draws attention to several engineering fields In this context the objective of this work is to analyze the SMA based heat machine and from that evaluate the applicability of its principle to develop a prototype that benefits from the thermal energy from exhaust gases of an automobile

vi

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

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Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 6: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

vi

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO 1 12 OBJETIVO 3 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO 3 14 ESTRUTURA DO TRABALHO 3

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 4 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA 4 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA 5 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA 7 24 QUASIPLASTICIDADE 13 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA 13 26 PSEUDOELASTICIDADE 15 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES 16 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA 22

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 27 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA 27 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 31 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER 32 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER 36

4 APLICABILIDADE 39 41 CONCEITO 39 42 DIMENSIONAMENTO 40 43 SIMULACcedilAtildeO 41 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS 44 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO 46 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS 47 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA 49

5 CONCLUSOtildeES 52 6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 53 7 ANEXOS 56

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

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transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 7: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

vii

LISTA DE FIGURAS

21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ε) em funccedilatildeo da temperatura (T) 4 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc 5 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica 7 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do Ni-Ti 7 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga 8 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga 9 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada 10 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento 10 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico 11 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico 12 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA 12 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo 13 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de Ni-Ti 14 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos 15 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA 16 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados 18 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA 19 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing 20 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento 21 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula 22 221 Arcos ortodocircnticos de SMA 22 222 Maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks 23 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem 24 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter 24 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira 25 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga 26 31 Diagrama carga-deformaccedilatildeo de um SMA 27 32 Diagrama carga-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico ideal de uma maacutequina teacutermica de SMA 28 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T 29 34 Diagrama carga-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina 30 35 Diagrama real carga-deformaccedilatildeo 30 36 Mecanismo de Glasauer 31 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada 32 38 Diagrama carga-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer 37 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer 37 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper) 40 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina 41 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo 41 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer 43

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

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bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

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Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

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aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

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Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

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Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

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e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

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O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

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induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 8: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

viii

45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas 44 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas 45 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo 47

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 9: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

ix

LISTA DE TABELAS

21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita 6 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis 46 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman Modificada) 48 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais 48 44 Tempo de carga de baterias (Johnson Controls) 50

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 10: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

x

LISTA DE SIacuteMBOLOS

Siacutembolos Latinos F Forccedila [N] l Comprimento [mm] P Potecircncia [W] Q Vazatildeo [Lmin] T Temperatura [oC] W Trabalho [J]

Siacutembolos Gregos α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange ε Fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita σ Tensatildeo ς Razatildeo entre o volume da fase martensiacutetica e o volume total da liga ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal ∆ Variaccedilatildeo entre duas grandezas similares

Subscritos s start f final max maacuteximo(a) Q quente F frio t twinned d detwinned crit criacutetico(a)

Siglas SMA Shape Memory Alloys SME Shape memory effect NOL Naval Ordnance Laboratory HTSMA Hight temperature SMA MSMA Magnetic SMA SAMPSON Smart Aircraft and Marine Propulsion System DARPA Defense Advanced Research Projects Agency AFRL Air Force Research Laboratory

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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1

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar a geometria original por meio da imposiccedilatildeo de um campo de

temperatura eou de tensatildeo e isto ocorre devido a transformaccedilotildees de fases induzidas no material

(Delaey et al 1975 Otsuka e Wayman 1998 Funakubo 1987) Em outras palavras esses

materiais demonstram a capacidade de retomar uma forma ou tamanho previamente definido

quando sujeitos a um ciclo teacutermico ou mecacircnico apropriado Basicamente as SMA apresentam

dois comportamentos efeito memoacuteria de forma e pseudoelasticidade Elas satildeo capazes de

recuperar deformaccedilotildees de ateacute 10 quando submetidas a um aquecimento depois de terem sido

deformadas abaixo de determinada temperatura caracteriacutestica ou quando submetida a um ciclo de

carregamento e descarregamento acima de outra temperatura caracteriacutesticas

Atualmente num mundo em que a multifuncionalidade e confiabilidade recebem grande

ecircnfase materiais inteligentes vecircm ganhando muita atenccedilatildeo de engenheiros e cientistas Sendo

assim as SMA que se enquadram no grupo de materiais inteligentes possuem alto potencial de

aplicaccedilatildeo em diversas aacutereas O primeiro e talvez um dos mais conhecidos exemplos de aplicaccedilatildeo

de SMA satildeo as uniotildees de tubulaccedilotildees hidraacuteulicas usados nos aviotildees F-14 de 1971 (Schetky et al

1989) Essa foi a primeira aplicaccedilatildeo comercial da SMA

Uma das primeiras e ainda atual proposta de aplicaccedilatildeo das SMA eacute para conversatildeo de energia

teacutermica em mecacircnica (Banks 1973 GM 2009) Em 1973 no laboratoacuterio da Universidade da

Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Banks (1973) inventou a primeira maacutequina teacutermica

baseado no comportamento termomecacircnico das SMA Ele encheu metade de um pequeno cilindro

com aacutegua quente e a outra metade com aacutegua fria Depois construiu uma roda de aros que continha

20 fios de Ni-Ti Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro passando pelas aacuteguas quente

e fria Quando passava pela aacutegua fria o NiTi se contraiacutea e conseguia fazer a roda girar Em

seguida passando pela aacutegua quente os fios de NiTi assumiam novamente sua forma original

possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao lado frio Em 1976 Johnson

(1975) propocircs uma nova maacutequina teacutermica e foi um dos pioneiros na construccedilatildeo de maacutequinas de

SMA Sua maacutequina consiste de uma correia dentada de SMA montada sobre duas polias de

tamanhos diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem

associadas a um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida

de um lado a um resfriamento que a deforma Em seguida do outro lado ela eacute submetida a um

aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entra as

duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do engrenamento

gerando assim uma saiacuteda de potecircncia Uma proposta similar a essa foi apresentada por Pachter

2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

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composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

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bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

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Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

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aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

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Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

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diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

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Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

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e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

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O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

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induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

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transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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2

(Pachter 1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias associados

entre si por eixos Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas

de polias girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a

uma finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Mais recentemente Wakjira (2001) propocircs uma maacutequina teacutermica baseada nos principais princiacutepios

explorados por Jonhson (1975) e Pachter (Pachter 1979) Ele construiu um sistema de

engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste tipo de sistema de

transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente a proacutepria corrente

feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O autor utilizou uma

corrente feita com fios de um SMA e coroas de plaacutestico com diacircmetros diferentes Novamente

assim como no trabalho de Johnson (1975) a corrente passa por um tanque de aacutegua quente

fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento original Na outra etapa

do ciclo a corrente sofre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em 2) e isso faz com que

ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido

A maacutequina que inspira o presente trabalho foi desenvolvida por Glasauer (1996) Sua maacutequina

consiste basicamente de fios de SMA fixados axialmente ao longo de um tambor ciliacutendrico Em

um lado do tambor (ldquolado friordquo) os fios satildeo resfriados por um banho de oacuteleo a 25oC e se encontram

na fase martensiacutetica Por meio de molas fixadas em uma das extremidades do tambor os fios satildeo

deformados quasiplasticamente No outro lado do tambor (ldquolado quenterdquo) os fios satildeo aquecidos

por um banho de oacuteleo a 85oC levando-os agrave fase austeniacutetica e consequentemente agrave recuperaccedilatildeo da

deformaccedilatildeo sofrida no ldquolado friordquo do tambor Com isso os fios exercem uma forccedila axial sobre um

disco inclinado na outra extremidade do tambor e por meio de um mecanismo inspirado naquele

utilizado em bombas hidraacuteulicas de pistotildees axiais a forccedila axial eacute convertida num torque que pode

entatildeo ser utilizado para alguma finalidade

Todas as propostas de conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica explorando-se o efeito

memoacuteria de forma oferecem rendimentos muito baixos em relaccedilatildeo a outras formas de conversatildeo

termomecacircnica Entretanto tendo em vista a possibilidade de induccedilatildeo do efeito memoacuteria de forma

com diferenccedilas de temperatura relativamente pequenas a maior motivaccedilatildeo para o

desenvolvimento de maacutequinas teacutermicas baseada em SMA eacute a possibilidade de se aproveitar

energias que estatildeo sendo desperdiccediladas por exemplo como os gases de escape automotivo ou a

aacutegua de refrigeraccedilatildeo em sistemas de ar condicionado Nesses casos o custo da energia necessaacuteria

para induzir a o efeito memoacuteria de forma eacute nulo Assim mesmo com baixo rendimento a

conversatildeo de energia teacutermica em mecacircnica via SMA pode ser teacutecnica e economicamente viaacutevel

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

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composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

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bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

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Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

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aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

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Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

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diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

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Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

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e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

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O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

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induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

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transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

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grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 13: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

3

12 OBJETIVO Neste contexto o objetivo do presente trabalho eacute desenvolver uma anaacutelise da maacutequina teacutermica

baseada em SMA proposta por Glasauer (1996) e a partir daiacute avaliar a aplicabilidade de se

explorar o princiacutepio empregado nesta maacutequina para desenvolver um protoacutetipo vislumbrando sua

aplicaccedilatildeo no aproveitamento da energia teacutermica de gases de escape automotivo

13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO

A anaacutelise da maacutequina teacutermica de Glasauer seraacute desenvolvida a partir do estudo do ciclo de

operaccedilatildeo da maacutequina e do mecanismo de conversatildeo dos movimentos axiais em rotaccedilotildees Com

isso seraacute analisado o rendimento da maacutequina em funccedilatildeo de variaccedilotildees de paracircmetros geomeacutetricos

da mesma bem como variaccedilotildees de propriedades termomecacircnicas da SMA considerada

14 ESTRUTURA DO TRABALHO No capiacutetulo 2 seraacute desenvolvida uma revisatildeo de conceitos teoacutericos sobre ligas com memoacuteria de

forma seu comportamento termomecacircnico e as diversas propostas e conversatildeo termomecacircnica de

energia baseadas em SMA No capiacutetulo 3 seraacute apresentada a maacutequina de Glasauer com ecircnfase no

ciclo de operaccedilatildeo da maacutequina e no mecanismo de conversatildeo termomecacircnica No capiacutetulo 4 seraacute

apresentado um conceito de uma maacutequina teacutermica para aplicaccedilatildeo automotiva bem como um

caacutelculo de seu funcionamento No capitulo 5 seratildeo apresentadas as conclusotildees

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

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transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

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aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

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A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

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transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 14: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA

As ligas com memoacuteria de forma (Shape Memory Alloys - SMA) satildeo materiais metaacutelicos que

apresentam a habilidade de recuperar sua geometria original previamente definida por meio da

imposiccedilatildeo de um campo de temperatura Esta habilidade de lsquomemorizarrsquo uma forma particular eacute

consequecircncia direta de transformaccedilotildees de fase martensiacuteticas induzidas teacutermica e mecanicamente

(Delaey et al 1975) Esse comportamento eacute fortemente dependente da temperatura uma vez que

em funccedilatildeo dela as SMA podem existir em diferentes fases A Figura 21 representa

esquematicamente a evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita ς (razatildeo entre o volume da fase

martensiacutetica e o volume total da liga) em funccedilatildeo da temperatura T Satildeo identificadas quatro

temperaturas caracteriacutesticas Ms (martensite start) que eacute a temperatura inicial de formaccedilatildeo de

martensita Mf (martensite finish) temperatura final de formaccedilatildeo de martensita As (austenite

start) temperatura inicial de formaccedilatildeo de austenita e Af (Austenite finish) que eacute a temperatura

final de formaccedilatildeo de austenita

Figura 21 Evoluccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica de martensita (ς) em funccedilatildeo da temperatura (T)

Associando-se a figura 21 a uma amostra de SMA a uma temperatura acima de Af e livre de

tensotildees o material estaraacute na fase austeniacutetica Partindo do ponto D com o decreacutescimo da

temperatura a estrutura cristalina experimenta uma transformaccedilatildeo de fase martensiacutetica Este

processo se inicia em T=MS (ponto A) e se desenvolve ateacute que a temperatura T=Mf seja atingida

(ponto B) abaixo da qual a estrutura cristalina da liga eacute totalmente martensiacutetica (Delaey 1974)

Elevando-se a temperatura a partir do ponto B ao se atingir AS (ponto C) observa-se uma

transformaccedilatildeo de fase inversa (martensita transformando-se em austenita) que progride ateacute que a

temperatura Af seja alcanccedilada (ponto D) Acima de Af a liga eacute constituiacuteda totalmente por austenita

Estas temperaturas satildeo caracteriacutesticas de cada liga e variam em funccedilatildeo basicamente da

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 15: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

5

composiccedilatildeo quiacutemica e de tratamentos teacutermicos (Delaey 1974) Portanto as transformaccedilotildees de fase

martensiacuteticas desenvolvem um papel fundamental no comportamento termomecacircnico das SMA e

de maneira especial nas transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutesticas

22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA A tecircmpera do accedilo foi considerada durante seacuteculos como uma das maravilhas da natureza e

somente por volta de 1895 quando a microestrutura de um accedilo temperado foi descrita o termo

martensita foi introduzido O nome martensita foi originalmente utilizado para designar o

constituinte resultante da decomposiccedilatildeo da austenita durante a tecircmpera dos accedilos comuns A

observaccedilatildeo posterior de que algumas ligas natildeo ferrosas tambeacutem sofriam este tipo de reaccedilatildeo fez

com que o termo se estendesse agrave denominaccedilatildeo de qualquer produto de uma transformaccedilatildeo

adifusional assistida por tensatildeo (Guimaratildees 1981)

Na segunda deacutecada do seacuteculo passado descobriu-se a existecircncia de uma deformaccedilatildeo intriacutenseca

agrave transformaccedilatildeo (mudanccedila de forma) e se propocircs um mecanismo no qual a martensita poderia ser

formada com um miacutenimo de movimentaccedilatildeo atocircmica partindo da austenita O mecanismo proposto

foi descrito como deformaccedilatildeo homogecircnea em que o movimento coordenado dos aacutetomos converte a

malha de Bravais cuacutebica de faces centradas (cfc) da austenita (A) na tetragonal de corpo centrado

(tcc) ou cuacutebica de corpo centrado (ccc) da martensita (M) A figura 22 mostra de forma

esquemaacutetica a correspondecircncia entre a rede cfc e a rede tcc

Figura 22 Representaccedilatildeo esquemaacutetica da correspondecircncia entre as redes cfc e tcc (Santos 2008)

De acordo com Morris e Olson (1986) a transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute considerada uma

deformaccedilatildeo plaacutestica espontacircnea em resposta as forccedilas quiacutemicas internas Eles definiram como

transformaccedilotildees martensiacuteticas as transformaccedilotildees adifusionais em que a energia de deformaccedilatildeo da

rede distorcida controla a cineacutetica e a morfologia do produto durante a transformaccedilatildeo

A transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute um processo que ocorre por nucleaccedilatildeo e crescimento Esta

caracteriacutestica da reaccedilatildeo soacute foi reconhecida apoacutes a identificaccedilatildeo da transformaccedilatildeo isoteacutermica em

1950 A fase martensita resulta de uma transformaccedilatildeo da austenita conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica As seguintes caracteriacutesticas definem uma transformaccedilatildeo martensiacutetica

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 16: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

6

bull Natildeo difusividade caracterizada por ser uma transformaccedilatildeo que natildeo depende do tempo

somente da temperatura significa que natildeo haacute movimentos atocircmicos em distancias

consideraacuteveis de forma que natildeo haacute variaccedilatildeo de composiccedilatildeo quiacutemica A independecircncia

do tempo eacute uma consequecircncia disso e logo as composiccedilotildees das fases matildee e produto

satildeo as mesmas

bull Movimento cooperativo de aacutetomos conduzem agrave formaccedilatildeo de uma nova fase mais

estaacutevel atraveacutes de uma reordenaccedilatildeo atocircmica a curtas distacircncias

bull Existe uma correspondecircncia cristalograacutefica entre a rede da martensita e a da austenita

que lhe deu origem

bull Devido agrave diferenccedila de volume entre as fases e a continuidade na interface ocorre uma

mudanccedila de forma (shape change) que provoca relevo numa superfiacutecie preacute-polida

O iniacutecio da transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre quando os primeiros volumes da fase austeniacutetica

se transformam em martensita A temperatura na qual isso ocorre eacute conhecida como Mi O

resfriamento raacutepido da austenita impede a difusatildeo do carbono nitrogecircnio ou dos elementos de liga

especiais nela dissolvidos para os seus lugares de preferecircncia como para formar carbonetos mas

em geral natildeo evita a transformaccedilatildeo alotroacutepica do Feγ em Feα (Santos 2008)

Quando a transformaccedilatildeo martensiacutetica ocorre a estrutura do material cuacutebica de faces centradas

(cfc) eacute transformada em cuacutebica de corpo centrado (ccc) por um processo que aparentemente pode

ser descrito como um cisalhamento brusco Na nova estrutura os aacutetomos de carbono nitrogecircnio e

demais elementos de liga permanecem em soluccedilatildeo mas a presenccedila de elementos intersticiais em

teores acima do limite de solubilidade da fase ccc determina a sua distorccedilatildeo tetragonal de corpo

centrado (tcc) Apoacutes a transformaccedilatildeo a vizinhanccedila atocircmica e a composiccedilatildeo quiacutemica permanecem

inalteradas (Guimaratildees 1983) A figura 23 mostra um modelo simplificado do mecanismo

envolvido na transformaccedilatildeo martensiacutetica

Na tabela 21 estatildeo resumidas as principais caracteriacutesticas das fases de uma transformaccedilatildeo

martensiacutetica ou seja a martensita e a austenita

Tabela 21 Caracteriacutesticas gerais das fases martensita e austenita

Martensita Austenita

Fase de baixa temperatura (TltMS) Fase de alta temperatura (TgtAS) Estrutura tetragonal de corpo centrado Estrutura geralmente cuacutebica

Menos riacutegida Fase de maior rigidez (EAUS asymp 3EMAR) Flexiacutevel e facilmente deformaacutevel Maior dureza e menos flexiacutevel

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 17: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

7

Figura 23 Modelo simplificado da transformaccedilatildeo martensiacutetica (Morris amp Olson 1986)

Na liga de Niacutequel-Titacircnio (NiTi) a fase martensiacutetica tem uma estrutura monocliacutenica B19rsquo

Enquanto que a fase austeniacutetica apresentaraacute uma estrutura cuacutebica de corpo centrado B2 em que os

aacutetomos de niacutequel se encontram no centro da estrutura cuacutebica A Figura 24 apresenta as estruturas

correspondentes agraves fases austeniacutetica e martensiacutetica (Santos 2008)

Figura 24 Estruturas das fases austeniacutetica e martensiacutetica do NiTi (Santos 2008)

Quando solicitadas mecanicamente e em funccedilatildeo da temperatura as SMA apresentam

basicamente trecircs fenocircmenos abaixo de Mf a quasiplasticidade acima de Af a pseudoelasticidade e

na transiccedilatildeo de uma temperatura inferior agrave Ms para uma temperatura superior agrave As apoacutes ser

deformada abaixo de Ms o efeito memoacuteria de forma (Delaey et al 1975 Otsuka et al 1998

Funakubo 1987)

23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA

As ligas com memoacuteria de forma possuem duas fases cada uma com uma estrutura cristalina

diferente e por isso diferentes propriedades Uma delas eacute a fase em alta temperatura denominada

austenita (A) e a outra em baixa temperatura a martensita (M) A austenita (geralmente cuacutebica)

tem uma estrutura cristalina diferente da martensita (tetragonal ortorrocircmbica ou monocliacutenica) A

8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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8

transformaccedilatildeo de uma estrutura na outra natildeo ocorre por difusatildeo de aacutetomos mas sim por uma

distorccedilatildeo cisalhante em sua malha cristalina Tal transformaccedilatildeo eacute conhecida como transformaccedilatildeo

martensiacutetica Cada cristal de martensita formado pode ter diferentes orientaccedilotildees de direccedilatildeo

chamadas de variantes O conjunto de variantes martensiacuteticas pode existir de duas formas

martensita maclada (twinned ndash Mt) que eacute formada por uma combinaccedilatildeo de variantes martensiacuteticas

acomodadas e a martensita demaclada (detwinned ndash Md) ou reorientada na qual uma variante

especifica eacute dominante A reversibilidade da transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica (fase matildee) para

martensita (fase produto) e vice-versa eacute a base do comportamento uacutenico dos materiais de

memoacuteria de forma (Lagoudas 2008)

Sob resfriamento e na ausecircncia de uma carga aplicada a estrutura cristalina se transforma de

austenita para martensita Essa transformaccedilatildeo inicial resulta na formaccedilatildeo de vaacuterias variantes

martensiacuteticas ateacute 24 para a liga NiTi O arranjo das variantes ocorre de tal maneira que a variaccedilatildeo

macroscoacutepica de forma eacute despreziacutevel resultando na martensita maclada Quando o material eacute

aquecido na fase martensitica a estrutura cristalina se transforma novamente em austenita e essa

transiccedilatildeo eacute chamada de transformaccedilatildeo reversa novamente natildeo haacute mudanccedila de forma associada

As estruturas cristalinas da martensita maclada e da austenita em SMA e as transformaccedilotildees

que ocorrem entre elas estaacute esquematizada na figura 25

Figura 25 Transformaccedilatildeo de fase induzida por temperatura em um SMA sem aplicaccedilatildeo de carga (Lagoudas

2008 Modificada)

Existem quatro temperaturas caracteriacutesticas associadas agrave transformaccedilatildeo de fase Durante a

transformaccedilatildeo inicial austenita sem carregamento comeccedila a se transformar em martensita

maclada na temperatura inicial martensitica (Ms) e completa sua transformaccedilatildeo em martensita na

temperatura final martensitica (Mf) A partir desse ponto a transformaccedilatildeo esta completa ou seja o

material estaacute todo em uma uacutenica fase martensita maclada Do mesmo modo durante o

9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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9

aquecimento a transformaccedilatildeo reversa inicia-se na temperatura inicial austeniacutetica (As) e eacute concluiacuteda

na temperatura final austeniacutetica (Af)

Se uma carga mecacircnica eacute aplicada no material que estaacute na fase de martensita maclada (abaixo

de Mf) eacute possiacutevel demaclar a martensita atraveacutes da reorientaccedilatildeo de certo nuacutemero de variantes (veja

figura 26)

Figura 26 Demaclagem de um material de SMA devido a aplicaccedilatildeo de uma carga (Lagoudas 2008

Modificada)

O processo de demaclagem resulta em uma variaccedilatildeo macroscoacutepica da forma ou seja uma

deformaccedilatildeo e esta nova configuraccedilatildeo se manteacutem apoacutes a retirada da carga Um aquecimento

subsequente do SMA ateacute uma temperatura superior a Af iraacute acarretar na transformaccedilatildeo reversa de

fase (de martensita demaclada para austenita) e resultaraacute na completa recuperaccedilatildeo da forma (veja

figura 27) Resfriando-se o material novamente a uma temperatura menor que Mf ocorre

novamente a formaccedilatildeo de martensita maclada sem que se possa observar qualquer alteraccedilatildeo de

forma

O processo descrito na figura 27 eacute conhecido como Efeito de Memoacuteria de Forma (SME ndash

shape memory effect) O carregamento aplicado deve ser suficientemente grande para iniciar o

processo de demaclagem A tensatildeo miacutenima necessaacuteria para isso eacute chamada de tensatildeo inicial de

demaclagem (σs) Niacuteveis suficientemente grandes de carga resultaratildeo na completa demaclagem da

martensita a tensatildeo correspondente a esta eacute chamada de tensatildeo final de demaclagem (σf)

10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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10

Figura 27 Aquecimento de um material de SMA apoacutes o descarregamento de uma carga aplicada (Lagoudas

2008 Modificada)

Quando o material eacute resfriado com uma carga aplicada maior que σs na fase austeniacutetica a

transformaccedilatildeo de fase vai resultar na formaccedilatildeo direta de martensita demaclada produzindo uma

variaccedilatildeo de forma Reaquecendo o material ocorreraacute a recuperaccedilatildeo da forma enquanto a carga

ainda estiver sendo aplicada A figura 28 mostra de forma esquemaacutetica o processo descrito

Figura 28 Transformaccedilatildeo de fase induzida pela temperatura em um SMA sob a accedilatildeo de um carregamento

(Lagoudas 2008 Modificada)

Percebendo-se que as transformaccedilotildees inicial e reversa ocorrem sobre uma determinada

variaccedilatildeo de temperatura (de Ms ateacute Mf e de As ateacute Af) para um SMA pode-se construir um

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 21: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

11

diagrama tensatildeo-temperatura contendo a regiatildeo de transformaccedilatildeo As temperaturas de

transformaccedilatildeo dependem fortemente da magnitude da carga aplicada sendo que maiores valores

de carga aplicada resultaratildeo em maiores temperaturas de transformaccedilatildeo

Como consequecircncia as regiotildees que representam as transformaccedilotildees A rarr Md e Md rarr A tem

uma inclinaccedilatildeo positiva no diagrama tensatildeo-temperatura Independente da natureza da carga

aplicada (traccedilatildeo ou compressatildeo) a temperatura de transformaccedilatildeo aumenta com o crescimento da

magnitude da carga (Lagoudas 2008)

Sob uma carga uniaxial aplicada as novas temperaturas de transformaccedilatildeo podem ser

representadas por Mσf Mσ

s Aσs e Aσ

f para temperatura de martensita final martensita inicial

austenita inicial e austenita final respectivamente Deve-se notar que a tensatildeo (σ) se refere agrave

magnitude de um estado de tensatildeo uniaxial ou uma mediccedilatildeo escalar apropriada para um estado de

tensatildeo multiaxial

Aleacutem da transformaccedilatildeo de fase induzida termicamente a aplicaccedilatildeo de uma carga mecacircnica

suficientemente grande ao material tambeacutem induz uma transformaccedilatildeo da fase austeniacutetica O

resultado desta transformaccedilatildeo eacute martensita demaclada Se a temperatura do material for superior a

temperatura Af uma recuperaccedilatildeo de forma completa seraacute observada quando a carga aplicada for

retirada Esse comportamento do material eacute chamado de efeito pseudoelaacutestico A figura 29 mostra

esquematicamente o efeito pseudoelaacutestico sob a aplicaccedilatildeo de um carregamento enquanto a

alteraccedilatildeo de forma macroscoacutepica do material devido agrave carga aplicada eacute esquematizado no

diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo mostrado na figura 210

Figura 29 Accedilatildeo do carregamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 22: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

12

Figura 210 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o comportamento pseudoelaacutestico (Lagoudas 2008 Modificada)

Os niacuteveis de tensatildeo em que a martensita inicia e termina sua transformaccedilatildeo estatildeo indicado por

σMs e σMf Do mesmo modo quando o SMA eacute descarregado os niacuteveis de tensatildeo associados ao

inicio e conclusatildeo da transformaccedilatildeo reversa da martensita para austenita estatildeo indicados por σAs e

σAf Se o material na fase austeniacutetica for testado em uma temperatura superior a Ms e inferior a Af

apenas uma recuperaccedilatildeo parcial do material seraacute observada

A figura 211 mostra um diagrama tensatildeo-temperatura e representa de forma esquemaacutetica as

diferentes fases do SMA que inclui a fase austeniacutetica e as fases maclada e demaclada da

martensita assim como as zonas de transiccedilatildeo Este diagrama eacute conhecido como diagrama de fase

sendo que cada composiccedilatildeo de SMA teraacute seu diagrama correspondente

Figura 211 Diagrama de fase tensatildeo-temperatura para um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

Note que o diagrama da figura 211 eacute um caso especial do diagrama de fase metaluacutergico citado

no inicio desta seccedilatildeo que envolve a composiccedilatildeo como outra variaacutevel Na construccedilatildeo de um

diagrama de fase satildeo envolvidas interpretaccedilotildees da resposta de um SMA submetido a vaacuterios

carregamentos termomecacircnicos assim como as consequecircncias dos comportamentos pseudoelaacutestico

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 23: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

13

e de memoacuteria de forma Esses dois comportamentos SME e pseudoelasticidade seratildeo discutidos

mais profundamente nas seccedilotildees seguintes

24 QUASIPLASTICIDADE

Considere uma amostra de SMA a uma temperatura inferior a Mf Nesta temperatura e livre

de tensotildees a liga existe em sua fase martensiacutetica auto-acomodada ou maclada Essa martensita

maclada eacute caracterizada por uma estrutura formada por diferentes variantes de martensita com

diferentes orientaccedilotildees que podem ser ateacute 24 e eacute formada pelo resfriamento da austenita livre de

tensotildees

Na Figura 212 considere a existecircncia de apenas duas variantes Com a aplicaccedilatildeo de uma forccedila

trativa seraacute observada uma resposta elaacutestica ateacute que uma determinada tensatildeo criacutetica σcrit seja

alcanccedilada Em seguida quando a martensita auto-acomodada eacute submetida a uma tensatildeo superior a

σcrit observa-se a formaccedilatildeo da martensita reorientada O processo de reorientaccedilatildeo da martensita

maclada natildeo envolve deformaccedilatildeo plaacutestica (Lagoudas 2008) Apoacutes uma deformaccedilatildeo relativamente

grande em algumas ligas pode chegar a 10 o material volta a apresentar um comportamento

elaacutestico Ao descarregar a amostra a mesma manteraacute a sua deformaccedilatildeo representada por DO

como uma deformaccedilatildeo quasiplaacutestica Este comportamento eacute denominado quasiplasticidade

Figura 212 Fenocircmeno de quasiplasticidade em uma curva tiacutepica tensatildeo-deformaccedilatildeo

25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA

As SMA apresentam o efeito memoacuteria de forma (SME) quando satildeo carregados e deformados

em sua fase martensiacutetica maclada e em seguida descarregado Um novo aquecimento a uma

temperatura superior a Af faraacute o SMA retomar sua forma original atraveacutes da transformaccedilatildeo de fase

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 24: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

14

A natureza do SME pode ser melhor compreendido atraveacutes do diagrama combinado tensatildeo-

deformaccedilatildeo-temperatura da figura 213 Tal ilustraccedilatildeo representa dados experimentais de um SMA

de NiTi testado sob carregamento uniaxial A tensatildeo uniaxial devida agrave aplicaccedilatildeo de carga eacute

representada por σ A deformaccedilatildeo correspondente indicando uma variaccedilatildeo de comprimento do

material na direccedilatildeo do carregamento eacute representada por ε

Figura 213 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo-temperatura para um SMA tiacutepico de NiTi (Lagoudas 2008

Modificada)

Iniciando-se pela fase matildee (ponto A na figura 213) o resfriamento sem carregamento da

austenita ateacute temperaturas abaixo das temperaturas Ms e Mf resulta na formaccedilatildeo de martensita

maclada (ponto B) Quando a martensita maclada eacute submetida a uma tensatildeo maior que a tensatildeo

inicial de deformaccedilatildeo (σs) o processo de reorientaccedilatildeo eacute iniciado resultando no crescimento de

algumas variantes martensiacuteticas que estatildeo sob uma orientaccedilatildeo favoraacutevel O niacutevel de tensatildeo

necessaacuterio para que ocorra a reorientaccedilatildeo das variantes eacute bem menor que a tensatildeo associada agrave

deformaccedilatildeo plaacutestica permanente da martensita O processo de demaclagem se completa a um niacutevel

de tensatildeo σf que eacute caracterizado pelo fim do patamar superior no diagrama σ-ε na figura 213 O

material eacute entatildeo descarregado de C para D e o estado de martensita demaclada se manteacutem

Submetido a um aquecimento na ausecircncia de carga aplicada a transformaccedilatildeo reversa se inicia

quando a temperatura alcanccedila As (em E) e se completa quando alcanccedila a temperatura Af (ponto F)

acima desta apenas a fase matildee austeniacutetica existe Caso natildeo tenha ocorrido nenhuma deformaccedilatildeo

plaacutestica permanente gerada na demaclagem a forma original do SMA seraacute retomada voltando-se

ao ponto A Sob um resfriamento subsequente a martensita novamente retomaraacute a fase de

martensita maclada acomodada com variantes sem variaccedilatildeo de forma associada e assim o ciclo de

SME pode ser repetido

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 25: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

15

O fenocircmeno descrito acima eacute chamado de SME de uma via ou simplesmente SME pois a

recuperaccedilatildeo de forma eacute atingida somente durante o aquecimento apoacutes o material ter sido

demaclado por uma aplicaccedilatildeo de carga

26 PSEUDOELASTICIDADE

O comportamento pseudoelaacutestico dos SMA estaacute associado agrave transformaccedilatildeo por tensatildeo

induzida que acarreta na geraccedilatildeo de deformaccedilatildeo durante o carregamento e em seguida

recuperaccedilatildeo de forma quando descarregado a temperaturas superiores a Af O caminho de um

carregamento termomecacircnico pseudoelaacutestico geralmente se inicia em uma temperatura

suficientemente alta onde existe austenita de forma estaacutevel Em seguida sob a aplicaccedilatildeo de uma

carga se desenvolve ateacute uma fase martensiacutetica demaclada estaacutevel E finalmente retorna para a fase

austeniacutetica quando o carregamento retorna a zero Um exemplo deste caminho

(ararrbrarrcrarrdrarrerarra) eacute ilustrado pela figura 214 como caminho 1 Normalmente o teste

pseudoelaacutestico eacute realizado a uma temperatura nominal constante acima de Af O caminho do

carregamento para tal teste eacute demonstrado como caminho 2 na figura 214

Figura 214 Diagrama de fase para dois possiacuteveis carregamentos pseudoelaacutesticos (Lagoudas 2008 Modificada)

Para ilustrar com mais detalhes o comportamento pseudoelaacutestico considere o caminho de um

carregamento termomecacircnico (ArarrBrarrCrarrDrarrErarrFrarrA) na figura 214 que se inicia com tensatildeo

zero e a temperatura acima de Af O diagrama experimental σ-ε correspondente a esse caminho eacute

mostrado na figura 215 Quando um carregamento mecacircnico eacute aplicado a fase matildee (austenita)

sofre uma deformaccedilatildeo elaacutestica (ArarrB) Em um niacutevel especifico de tensatildeo a caminho do

carregamento interseciona a superfiacutecie inicial da transformaccedilatildeo martensiacutetica no diagrama de fase

Isso marca o niacutevel de tensatildeo (σMs) da transformaccedilatildeo para martensita Note-se que a transformaccedilatildeo

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 26: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

16

induzida por tensatildeo de austenita para martensita eacute acompanhada pela geraccedilatildeo de deformaccedilotildees

inelaacutesticas como eacute mostrado no diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo da figura 215 A transformaccedilatildeo

procede (BrarrC) para o niacutevel de tensatildeo σMf onde ocorre a interseccedilatildeo com a superfiacutecie de

transformaccedilatildeo Mf indicando o final da transformaccedilatildeo

Figura 215 Tiacutepico ciclo de carregamento pseudoelaacutestico de um SMA (Lagoudas 2008 Modificada)

O fim da transformaccedilatildeo martensiacutetica eacute indicado pela mudanccedila distinta na curva σ-ε que estaacute

associada ao carregamento elaacutestico da fase martensiacutetica Um aumento subsequente do

carregamento natildeo causa nenhuma outra transformaccedilatildeo e ocorre apenas a deformaccedilatildeo elaacutestica da

martensita demaclada (CrarrD) Quando o carregamento eacute retirado gradualmente a martensita eacute

descarregada elasticamente (DrarrE) No ponto E o caminho do descarregamento interseciona o

ponto de inicio da superfiacutecie austeniacutetica (em σAs) o que causa a reversatildeo da martensita em

austenita O processo eacute acompanhado pela recuperaccedilatildeo de forma devido agrave transformaccedilatildeo de fase

O fim da transformaccedilatildeo de volta agrave austenita eacute identificado pelo ponto onde a curva de

descarregamento se junta agrave regiatildeo elaacutestica da austenita (ponto F correspondente a tensatildeo σAf) O

material entatildeo retoma agrave posiccedilatildeo A elasticamente As transformaccedilotildees de fase inicial e reversa

durante um ciclo pseudoelaacutestico completo resultam em uma histerese a qual no diagrama σ-ε

representa uma energia dissipada no ciclo de transformaccedilatildeo Os niacuteveis de tensatildeo de transformaccedilatildeo

e o tamanho da histerese dependem do SMA (Lagoudas 2008)

27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES A descoberta da martensita em accedilos nos anos 1890 por Adolf Martens foi um grande passo

para o eventual descobrimento dos materiais com memoacuteria de forma A transformaccedilatildeo

martensiacutetica talvez tenha sido o fenocircmeno metaluacutergico mais estudado no comeccedilo dos anos 1900

Tal transformaccedilatildeo como observada nos sistemas FeC foi determinada como irreversiacutevel O

conceito de transformaccedilatildeo martensiacutetica termoelaacutestica que explicou a reversibilidade da

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 27: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

17

transformaccedilatildeo martensiacutetica soacute foi introduzido por Kurdjumov e Khandros (1949) baseado em

observaccedilotildees experimentais da estrutura martensiacutetica termicamente reversiacutevel de ligas CuZn e

CuAl Em 1953 a ocorrecircncia de transformaccedilotildees martensiacuteticas termoelaacutestica foi demonstrado em

outras ligas tais quais InTl e CuZn

A transformaccedilatildeo martensiacutetica reversiacutevel e as ligas que possuiacuteam tal comportamento natildeo

tiveram finalidade ateacute 1963 A introduccedilatildeo em aplicaccedilotildees na engenharia ocorreu com a descoberta

do NiTi por Buehler (1963) enquanto pesquisava materiais para serem utilizados como escudo

teacutermico Percebeu-se que aleacutem das suas boas propriedades mecacircnicas o material tambeacutem possuiacutea

uma capacidade de recuperar sua forma Para esta observaccedilatildeo o termo ldquoNiTiNOLrdquo foi criado para

esse material em homenagem a sua descoberta no Naval Ordnance Laboratory (NOL) O termo

efeito de memoacuteria de forma (SME) foi dado ao comportamento associado agrave recuperaccedilatildeo de forma

O descobrimento do Nitinol iniciou o interesse ativo de pesquisas sobre SMA Os efeitos de

tratamento teacutermico composiccedilatildeo e microestrutura de materiais foram amplamente investigados e

comeccedilaram a ser entendidos neste periacuteodo

Em 1965 estudos mostraram que a adiccedilatildeo de um terceiro elemento em ligas como Co ou Fe

no sistema NiTi causava uma reduccedilatildeo draacutestica nas temperaturas de transformaccedilatildeo do SMA O

novo composto de ligas inspirou a primeira aplicaccedilatildeo comercial de SMA conhecida como Cryofit

onde o material era usado em acoplamentos de tubos nos aviotildees caccedila F-14 As temperaturas de

transformaccedilatildeo dos Cryofit eram tatildeo baixas que para prevenccedilatildeo de sua accedilatildeo antes da montagem os

acoplamentos de tubos eram transportados em nitrogecircnio liacutequido

A continuidade das pesquisas no assunto levaram ao desenvolvimento do NiTiNb em 1989

que era facilmente manuseado devido a sua larga temperatura de histerese e encontrou muitas

aplicaccedilotildees em reparos de aeronaves de batalhas e reatores nucleares SMA de alta temperatura

como TiPd TiPt e TiAu (com temperatura de transformaccedilatildeo acima de 100degC) tambeacutem foram

desenvolvidos no comeccedilo dos anos 1970 Na mesma eacutepoca em 1978 enquanto estudavam as

propriedades de fadiga do NiTi Melton e Mercier (1978) mostraram que a introduccedilatildeo de Cu nas

ligas natildeo alterava consideravelmente as temperaturas de transformaccedilatildeo poreacutem estreitava a tensatildeo

de histerese Mais tarde em 1986 Miyazaki (1986) demonstrou uma melhora na resistecircncia a

fadiga para ligas NiTiCu Esse aumento da vida da liga associado ao seu baixo custo tornou-o

adequado para uma ampla variedade de aplicaccedilotildees na engenharia

Desde a descoberta do Nitinol em 1963 muitas aplicaccedilotildees comerciais foram desenvolvidas

Durante os anos setenta surgiram diversas aplicaccedilotildees da liga NiTi na biomedicina mas foi nos

anos noventa que as ligas realmente invadiram o mercado Nesta eacutepoca os SMA foram aplicados

em ventiladores de ar condicionado conectores de cabos eletrocircnicos vaacutelvulas e uma variedade de

outros produtos Aleacutem disso durante a uacuteltima deacutecada a demanda por atuaccedilatildeo em condiccedilotildees de

operaccedilatildeo de alta temperatura necessaacuteria nas induacutestrias aeroespacial e do petroacuteleo reavivou um

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 28: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

18

grande interesse no desenvolvimento de HTSMA (hight temperature SMA) Finalmente ligas que

demonstram caracteriacutesticas de mudanccedila de forma similares as da SMA mas atraveacutes da influecircncia

de um campo magneacutetico tambeacutem estatildeo sendo pesquisadas atualmente As altas frequecircncias de

atuaccedilatildeo e as grandes tensotildees geradas nos SMA magneacuteticos (MSMA ndash magnetic SMA) fazem

desse material um forte candidato para atuar em dispositivos de alta frequecircncia No toacutepico seguinte

seratildeo descritas muitas destas aplicaccedilotildees citadas

A implementaccedilatildeo da tecnologia de materiais de memoacuteria de forma na induacutestria aeroespacial

expandiu as possibilidades das superfiacutecies de comando dos sistemas de propulsatildeo e dos veiacuteculos

espaciais e o progresso em trabalhos nesta aacuterea eacute continuo Algumas das aplicaccedilotildees e pesquisas

mais recentes do potencial dos SMA aplicados nestas aacutereas estatildeo nas aacutereas de superfiacutecies de

comando e sistemas propulsores

Dois dos programas mais conhecidos que promovem a utilizaccedilatildeo de SMA em superfiacutecies de

comando de aeronaves satildeo o Smart Wing Program e o Smart Aircraft and Marine Propulsion

System (SAMPSON) (Sanders et al 2004) O primeiro representou uma colaboraccedilatildeo entre

DARPA AFRL e Northrop Grumman e seu propoacutesito era implementar materiais ativos para

otimizar o desempenho das partes moacuteveis das aeronaves (Kudva 2004) Nesse programa fios

tensores de SMA foram usados para atuar em ailerons sem articulaccedilatildeo e compunham tambeacutem os

tubos de torque que iniciavam o movimento de expansatildeo das asas do F-18 Contudo apesar de

comprovadamente bem sucedido na escala 116 esta aplicaccedilatildeo se provou insuficientemente forte

para atuar em escala real As imagens da figura 216 mostram a superfiacutecie de comando e o tubo de

torque testados

Figura 216 Modelo de asa do programa SMART e vista em corte dos tubos de torque utilizados

(Lagoudas 2008)

Inuacutemeros esforccedilos foram feitos para integrar elementos de SMA em estruturas aeronaacuteuticas

Um dos estudos levou ao desenvolvimento de um aerofoacutelio de geometria variaacutevel Atraveacutes da

atuaccedilatildeo do SMA este aerofoacutelio mudava efetivamente sua configuraccedilatildeo simeacutetrica para envergada

(Strelec et al 2003) Outros estudos ainda nesta aacuterea focaram-se em elementos menores de

atuaccedilatildeo jaacute que os SMA satildeo capazes de atuar em uma vasta faixa de tamanhos Uma pesquisa

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 29: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

19

avaliou a possibilidade de junccedilatildeo de SMA a sistemas micro-eletro-mecacircnicos (MEM) para

diminuir do arrasto causado pela turbulecircncia nas superfiacutecies aerodinacircmicas (Mani et al 2003)

Quando acionado adequadamente a superfiacutecie de MEM cria ondas que energizam a camada

laminar do deslocamento do fluido e dessa forma minimizam a forccedila do escoamento turbulento

Muitos estudos tambeacutem foram feitos tentando-se otimizar as propriedades dinacircmicas de

paineacuteis estruturais promovendo uma variaccedilatildeo na rigidez atraveacutes da transformaccedilatildeo martensiacutetica Foi

verificado que a deflexatildeo poacutes-flambagem induzida termicamente em uma estrutura podia ser

diminuiacuteda atraveacutes de uma preacute-deformaccedilatildeo do SMA ou pelo aumento da fraccedilatildeo volumeacutetrica de suas

fibras (Tawfik et al 2002) A concepccedilatildeo de um SMA modificaacutevel o smart spar (longarina

inteligente) tambeacutem representou mais uma tentativa de alteraccedilatildeo das propriedades dinacircmicas

(Nam et al 2002)

A utilidade de materiais ativos na construccedilatildeo de sistemas de propulsatildeo foi demonstrada pelo

programa SAMPSON (Pitt et al 2001) Uma das utilidades do SMA neste programa era alterar a

geometria das tomadas de ar do motor de um F-15 Este experimento foi realizado em escala real

e sua montagem pode ser vista na figura 217 Uma forccedila total aproximada de 24700N foi

alcanccedilada utilizando-se o SMA Essa forccedila gerada rotacionava a entrada de ar em 9deg

Figura 217 Tomada de ar do F-15 do programa SAMPSON em ensaio no tuacutenel de vento da NASA

(Lagoudas 2008)

Os regulamentos mundiais quanto aos niacuteveis de ruiacutedo durante pousos e decolagens se tornaram

mais restritos nos uacuteltimos anos Para reduzir tal ruiacutedo muitos designers desenharam uma nova

configuraccedilatildeo na saiacuteda da nacela das turbinas dos aviotildees satildeo ondulaccedilotildees chamadas de chevron

Este novo desenho causa uma perturbaccedilatildeo nos gases de escape da turbina reduzindo o seu niacutevel de

ruiacutedo Pesquisadores estatildeo estudando meacutetodos de inserir pequenos pedaccedilos de SMA embutidos

nos chevrons Com a atuaccedilatildeo destes em voos de baixa velocidade ou baixa altitude os chevrons

ficam levemente envergados e perturbam ainda mais o fluxo dos gases de escape aumentando seu

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 30: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

20

efeito Jaacute em voos de grande altitude ou alta velocidade os SMA inseridos satildeo resfriados ateacute sua

forma martensiacutetica deixando os chevrons mais aplainados diminuindo sua perturbaccedilatildeo e

aumentando assim o desempenho da turbina (Mabe et al 2005) Na figura 218 pode-se ver a

configuraccedilatildeo dos chevrons de geometria variaacutevel utilizados pela Boeing

Figura 218 Ensaio em voo dos chevrons de geometria variaacutevel da Boeing (Lagoudas 2008)

Uma soluccedilatildeo ainda mais sofisticada aplicada aos chevrons foi proposta pela NASA Neste

projeto tiras de SMA eram instaladas nas superfiacutecies interna e externa dos chevrons durante seu

processo de fabricaccedilatildeo (Turner et al 2006) Quando aquecido o SMA se contraia alternadamente

gerando um momento fletor nos chevrons e aumentando ainda mais a capacidade destes de

perturbar o fluxo dos gases de escape

Nos sistemas de propulsatildeo de aeronaves o papel dos SMA focou-se principalmente no rotor ou

nas palhetas da turbina Uma pesquisa atual estuda a accedilatildeo do SMA em lacircminas moveis do rotor

Os SMA satildeo bem aplicaacuteveis nesta funccedilatildeo por terem boa aplicabilidade em pequenos espaccedilos Um

estudo propotildee o uso de tubos de torque de SMA que exercem uma torccedilatildeo nas lacircminas do rotor de

aviotildees do tipo tiltrotor que possuem turbinas inclinaacuteveis podendo fazer pousos ou voos verticais

(Jacot et al 2006) Quando atuam esses SMA auxiliam as diferentes configuraccedilotildees de voo destes

aviotildees diferenciando a configuraccedilatildeo das palhetas da turbina melhorando assim o desempenho do

voo tanto vertical quanto horizontal

Os SMA estatildeo sendo usados em aplicaccedilotildees espaciais para auxiliar soluccedilotildees de atuaccedilatildeo no

vaacutecuo espacial e tambeacutem para melhorar o amortecimento das vibraccedilotildees existentes nos lanccedilamentos

dos veiacuteculos espaciais A maioria das aplicaccedilotildees e dos sistemas satildeo desenvolvidos e ensaiados

cuidadosamente Muitos esforccedilos foram feitos para minimizar as vibraccedilotildees de lanccedilamentos

principalmente devido ao aumento dos lanccedilamentos de sateacutelites Ateacute 1984 estimava-se que 14

das missotildees espaciais apresentavam falhas devido a choques no lanccedilamento resultando em alguns

casos no abandono da missatildeo Tais choques eram devidos agrave pirotecnia dos mecanismos de

lanccedilamento Os SMA conseguiam graduar o aquecimento em sua atuaccedilatildeo tornando-os muito uacuteteis

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 31: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

21

para constituir mecanismos de lanccedilamento de baixo choque O fator de escala dos SMA

novamente contribuiu para sua aplicaccedilatildeo espacial em dispositivos de lanccedilamento de sateacutelites cada

vez menores Exemplos conhecidos foram o Qwknut e o MicroSepNut Outro dispositivo em

miniatura com dimensatildeo de apenas 5 mm promovia uma rotaccedilatildeo de 90deg no dispositivo de

lanccedilamento pela atuaccedilatildeo do SMA

Na medicina uma interessante aplicaccedilatildeo do SMA consiste em um filtro de coaacutegulos

sanguiacuteneos desenvolvido por Simon Eacute um fio de NiTi que eacute previamente deformado para assumir

uma forma que lhe permita fixar-se agraves paredes internas das veias Esse filtro eacute deformado agrave baixa

temperatura de modo a poder ser inserido na veia pretendida junto com uma soluccedilatildeo salina que o

manteacutem resfriado Ao ser submetido ao calor do corpo humano ele retoma a configuraccedilatildeo

original conforme a figura 219 (Machado amp Savi 2002)

Figura 219 Filtro de Simon - evoluccedilatildeo de sua forma durante o aquecimento (Fernandes 2003)

Tambeacutem na aacuterea meacutedica pode-se citar os implantes de placas oacutesseas no regime pseudoelaacutestico

que auxiliam a recuperaccedilatildeo de um osso quebrado ou fraturado veja a figura 220 Frequentemente

satildeo usadas em fraturas ocorridas na face como nariz mandiacutebulas e na regiatildeo oacutessea ocular Essa

teacutecnica eacute conhecida na medicina como siacutentese oacutessea As placas facilitam a cura dos ossos

fraturados que necessitam estar constantemente sobre compressatildeo Tal compressatildeo eacute obtida por

implante oacutesseo normalmente fabricado em titacircnio e accedilo inoxidaacutevel que manteacutem os ossos juntos e

acelera a recuperaccedilatildeo do osso fraturado (Mantovani 2000) Apoacutes alguns dias de recuperaccedilatildeo a

compressatildeo provida pelo implante sofre uma reduccedilatildeo na intensidade pois conforme se daacute a cura

as duas partes do osso fraturado tendem a ficar mais proacuteximas Com aumento da proximidade

entre as partes haacute um afrouxamento do implante previamente fixado aumentado a velocidade de

recuperaccedilatildeo Essas placas oacutesseas satildeo fabricadas em niacutequel-titacircnio com efeito de memoacuteria de

forma Usando uma liga de NiTi que possui efeito de memoacuteria de forma acima de 15 degC os

cirurgiotildees seguem o mesmo procedimento usado com implantes convencionais Primeiramente a

placa de NiTi eacute resfriada abaixo da sua temperatura de transformaccedilatildeo e entatildeo implantada no osso

Poreacutem com o aquecimento natural do corpo humano a SMA contrai e com isso gera uma

compressatildeo nos ossos fraturados melhorando o processo de cura se comparado a uma placa

comum de titacircnio ou accedilo inoxidaacutevel Esta pressatildeo contiacutenua auxilia no processo de cura e reduz o

tempo de recuperaccedilatildeo (Mantovani 2000) Existem ainda muitos aspectos a serem estudados antes

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 32: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

22

de se utilizarem efetivamente as SMA como implantes Neste uacuteltimo exemplo o grande desafio

para os engenheiros eacute o desenvolvimento de placas que aplicam a pressatildeo correta nas fraturas

Figura 220 Implante de placa oacutessea utilizada para reparar uma fratura na mandiacutebula (Castilho et al

2011)

Em 1975 Andreasen da Universidade de Iowa fez o primeiro implante de um dispositivo

ortodocircntico explorando a pseudoelasticidade de uma SMA para correccedilatildeo da posiccedilatildeo dos dentes

(Hodgson et al 1990) Esta correccedilatildeo eacute imposta atraveacutes de uma pequena variaccedilatildeo de tensatildeo quase

constante que resulta em grande deformaccedilatildeo tomando como paracircmetro os materiais

convencionais Consequentemente o incocircmodo eacute miacutenimo para o paciente A grande vantagem do

NiTi eacute o fato de permitir deformaccedilotildees de cerca de 8 a 10 sem entrar no regime plaacutestico

explorando o fenocircmeno da pseudoelasticidade Eacute possiacutevel ainda conciliar este efeito com a

transformaccedilatildeo de fase imposta pela temperatura (Machado amp Savi 2002) A figura 221 ilustra tal

aplicaccedilatildeo

Figura 221 Arcos ortodocircnticos de SMA (Fernandes 2003)

28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA Este capiacutetulo apresenta alguns trabalhos que foram realizados sobre maacutequinas teacutermicas que

utilizam materiais com memoacuteria de forma (SMA) Maacutequinas teacutermicas satildeo equipamentos capazes

de converter energia teacutermica em trabalho mecacircnico Como jaacute mencionado soacute nos Estados Unidos

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 33: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

23

da Ameacuterica existem cerca de nove diferentes maacutequinas teacutermicas de SMA todas patenteadas

(Wakjira 2001)

O primeiro trabalho citado de 1973 foi realizado por Ridgway M Banks no laboratoacuterio da

Universidade da Califoacuternia (Lawrence Berkely Laboratory) Ele inventou o primeiro motor de

operaccedilatildeo continua que utiliza SMA enchendo metade de um pequeno cilindro com aacutegua quente e

a outra metade com aacutegua fria e inserindo nesse cilindro uma roda de aros que continha 20 fios de

NiTi Os fios foram fixados de forma excecircntrica de tal maneira que para realizar uma rotaccedilatildeo

deveriam ser alongadas durante o giro Essa roda de aros de SMA girava dentro do cilindro

passando pelas aacuteguas quente e fria Quando passava pela aacutegua quente o NiTi retomava sua forma

e causava uma forccedila radial que fazia a roda girar Em seguida passando pela aacutegua fria os fios de

NiTi podiam ser alongados possibilitando uma nova contraccedilatildeo quando chegasse mais uma vez ao

lado quente A roda entatildeo girava continuamente promovendo uma rotaccedilatildeo de 70 RPM e gerando

meio watt de energia eleacutetrica Veja na figura 222 o mecanismo construiacutedo por Banks

Figura 222 maacutequina teacutermica construiacuteda por Ridgway Banks (1975)

Esse dispositivo operou por mais de 23 milhotildees de ciclos com seus fios originais intactos No

entanto por natildeo apresentar apenas a deformaccedilatildeo uniaxial desejada e tambeacutem por sofrer perdas

mecacircnicas e teacutermicas substanciais devido ao atrito hidro-dinacircmico (Johnson 1975) tal dispositivo

possuiacutea uma eficiecircncia muito baixa

Outro trabalho foi feito por Alfred Davis Johnson em 1976 Ele construiu dois tipos de

motores que podem ser vistos na figura 223

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 34: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

24

Figura 223 a) motor de nitinol em forma de heacutelice contiacutenua sincronizada por engrenagens b) forma modificada

do motor ldquoardquo aqui duas polias de tamanhos diferentes sincronizam a rotaccedilatildeo da engrenagem (Wakjira 2001 Modificada)

Na figura 223a uma correia dentada de SMA estaacute montada sobre duas polias de tamanhos

diferentes que giram no mesmo sentido e agrave mesma velocidade angular por estarem associadas a

um conjunto de engrenagens que sincroniza seu movimento A correia eacute submetida de um lado a

um resfriamento onde pode sofrer uma deformaccedilatildeo Em seguida do outro lado ela eacute submetida a

um aquecimento que ativa sua memoacuteria de forma fazendo-a contrair A diferenccedila de tensatildeo entre

as duas etapas do ciclo resulta em um torque aplicado na polia de maior diacircmetro do

engrenamento gerando assim uma saiacuteda de potecircncia

Jaacute no mecanismo da figura 223b as polias satildeo montadas de tal maneira que a correia

movimenta uma uacutenica polia de transmissatildeo As outras duas polias apenas submentem a correia ao

aquecimento e resfriamento necessaacuterios para movimentar a maacutequina

Outro trabalho mencionado de principio similar ao de Johnson foi a maacutequina construiacuteda por

John J Pachter (1979) Ele utilizou duas correias de SMA que giravam dois sistemas de polias

associados entre si por eixos A figura 224 mostra um esquema do mecanismo

Figura 224 Representaccedilatildeo simplificada da maacutequina construiacuteda por Pachter (1979 Modificada)

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 35: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

25

Os aquecimento e resfriamento invertidos das correias faziam os dois sistemas de polias

girarem no mesmo sentido gerando assim uma potecircncia de eixo que era transmitida a uma

finalidade externa por uma pequena polia A existecircncia de dois conjuntos de polias e correias

trabalhando de forma alternada gerava uma rotaccedilatildeo contiacutenua no mecanismo No entanto a

necessidade da utilizaccedilatildeo de correias de deslizamento no sistema diminuiacutea bastante sua eficiecircncia

Um quarto trabalho bem mais recente que se baseia nos principais princiacutepios envolvidos

descritos anteriormente foi a tese desenvolvida por Jillcha Fekadu Wakjira (2001) Wakjira

construiu um sistema de engrenamento por corrente e coroa mas diferentemente do usual neste

tipo de sistema de transmissatildeo ao inveacutes de um eixo transmitir potecircncia a outro eixo pela corrente

a proacutepria corrente feita de SMA eacute a responsaacutevel pelo movimento das coroas e logo dos eixos O

autor utilizou uma corrente feita com fios de um SMA conhecido por flexinol e coroas de plaacutestico

com diacircmetros diferentes Novamente assim como no trabalho de Johnson a corrente passa por

um tanque de aacutegua quente fazendo-a ser tracionada e esticada em cerca de 2 de seu comprimento

original Na outra etapa do ciclo a corrente sobre um resfriamento que a faz contrair (tambeacutem em

2) e isso faz com que ela exerccedila um torque que tende a girar o sistema em um sentido A

imagem abaixo mostra um desenho do mecanismo

Figura 225 Representaccedilatildeo em CAD do projeto de Wakjira (2001 Modificada)

A corrente sincronizadora tem a funccedilatildeo de fazer com que os dois eixos girem agrave mesma rotaccedilatildeo

jaacute que isso natildeo aconteceria naturalmente devido a diferenccedila de tamanho das duas corroas Jaacute os

pesos exercem uma carga sobre a corrente atraveacutes de um eixo moacutevel para ativar a traccedilatildeo da

mesma

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 36: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

26

Aleacutem da montagem de mecanismos muitos pesquisadores dedicaram seus estudos na

formulaccedilatildeo de equaccedilotildees para descrever e simular o movimento de tais mecanismos Tambeacutem no

ano de 2001 Zhu et al (2001) apresentaram um modelo teoacuterico para simulaccedilatildeo de maacutequinas

teacutermicas de SMA Primeiramente eles derivaram um modelo mecacircnico para SMA em seguida

simplificaram este modelo para aplicaccedilatildeo em uma anaacutelise real e finalmente integraram o modelo

simplificado focando em uma analise da conversatildeo de energia em um motor de SMA

Ainda no mesmo ano os mesmo autores utilizaram o modelo que construiacuteram para simular o

comportamento de uma maacutequina real de SMA Eles ensaiaram e simularam o comportamento da

maacutequina teacutermica construiacuteda por Iwanaga et al (1988) Esta maacutequina mostrada esquematicamente

na figura 226 atua pela utilizaccedilatildeo de molas helicoidais de NiTi

Figura 226 Diagrama esquemaacutetico da maacutequina proposta por Iwanaga (1988 Modificada)

O princiacutepio para operaccedilatildeo desta maacutequina consiste no movimento da aacutervore de transmissatildeo

(ldquovirabrequimrdquo) associado agrave compressatildeo e traccedilatildeo das molas Quando o movimento do virabrequim

leva as molas para a posiccedilatildeo mais baixa do sistema esta fica submersa em um tanque de aacutegua

quente que atua no material de memoacuteria de forma iniciando seu ciclo Na posiccedilatildeo mais alta o

SMA das molas sofre o resfriamento

A comparaccedilatildeo entre o experimento de Iwanaga (1988) e a simulaccedilatildeo de Zhu (2001) foi

bastante promissora Zhu obteve resultados geralmente consistentes aos que Iwanaga reportou

anteriormente com diferenccedilas bem menores a ldquouma ordem de grandezardquo como disse Funakubo

(1987)

27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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27

3 ANAacuteLISE DA MAacuteQUINA DE GLASAUER

O comportamento dos materiais de memoacuteria de forma jaacute foi amplamente estudado e

caracterizado Em seccedilotildees anteriores deste trabalho foram apresentadas muitas aplicaccedilotildees diretas e

tambeacutem maacutequinas teacutermicas capazes de produzir trabalho a partir desse comportamento dos SMA

A maneira como este trabalho realizado pelo material pode ser aproveitado dependeraacute entatildeo do

mecanismo construiacutedo para tal fim

Aproveitando-se entatildeo das propriedades especiais dos materiais de memoacuteria de forma das

experiecircncias anteriores e de suas proacuteprias ideias Franz-Uwe Glasauer (1996) em sua tese de

doutorado de 1996 desenvolveu uma maacutequina teacutermica bastante interessante que transforma o

movimento axial de traccedilatildeo e compressatildeo de fios de SMA em potecircncia de eixo Esta maacutequina seraacute

descrita e detalhada nas seccedilotildees que seguem

31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA Para o melhor entendimento do mecanismo de Glasauer primeiramente deve-se entender o

ciclo termodinacircmico envolvido em uma maacutequina teacutermica baseada no comportamento

termomecacircnico das SMA A figura 31 mostra um diagrama carga-deformaccedilatildeo que ilustra os

comportamentos tiacutepicos das SMA abaixo de Mf e acima de Af

Figura 31 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo de um SMA (Glasauer 1996 Modificada)

Neste diagrama podem ser identificadas uma tensatildeo correspondente ao fenocircmeno da

quasiplasticidade (curva inferior) e duas outras correspondentes ao fenocircmeno da

pseudoelasticidade Para o primeiro fenocircmeno a tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita maclada (σM-

M) indica o caminho de uma deformaccedilatildeo (por aplicaccedilatildeo de carga) que o material percorre em uma

temperatura T1 baixa ou seja com o material na fase martensiacutetica (T1 lt Ms) Jaacute o segundo

28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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28

fenocircmeno estaacute caracterizado por duas tensotildees uma tensatildeo de carregamento (σA-M) e outra de

descarregamento (σM-A) No carregamento pseudoelaacutestico o material em uma temperatura T3 acima

de Af ou seja na fase austeniacutetica passa para a fase martensita demaclada Quando descarregado o

SMA retorna agrave fase austeniacutetica ainda agrave temperatura T3

O mecanismo de Glasauer assim como muitas das maacutequinas teacutermicas citadas neste trabalho

explora os efeitos indicados no diagrama da figura 31 para obter trabalho mecacircnico produzido

pelo SMA A figura 32 mostra tambeacutem em um diagrama carga-deformaccedilatildeo como este trabalho

mecacircnico seraacute entatildeo obtido

Figura 32 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo para o ciclo termomecacircnico de uma maacutequina baseada em SMA

(Glasauer 1996 Modificada)

No trecho indicado entre os pontos 1 e 2 do diagrama o material de memoacuteria de forma se

encontra no lado frio do sistema em sua fase martensiacutetica O material eacute entatildeo deformado pela accedilatildeo

de uma forccedila externa no caso da maacutequina de Glasauer molas satildeo responsaacuteveis por tal esforccedilo A

aplicaccedilatildeo dessa forccedila no material reorienta a fase martensiacutetica fazendo-a passar de martensita

maclada para martensita demaclada O carregamento eacute elevado em um processo isoteacutermico ateacute

uma carga equivalente ao descarregamento do material agrave uma temperatura T3 (sendo T3 gt Af)

A passagem do ponto 2 para o ponto 3 indica a passagem do SMA do lado frio da maacutequina

para o lado quente Com o seu aquecimento ateacute uma temperatura T3 maior que Af ocorre a

transformaccedilatildeo da fase martensita demaclada (material estaacute deformado) para austenita Este

processo eacute isocoacuterico jaacute que neste momento do ciclo natildeo haacute variaccedilatildeo do carregamento

O trecho seguinte do ponto 3 ao 4 indica a recuperaccedilatildeo da forma do material em sua fase

austeniacutetica Como indicado o carregamento externo diminui ateacute chegar ao mesmo niacutevel de

carregamento do iniacutecio do ciclo Novamente este processo eacute isoteacutermico e ocorre agrave temperatura T3

indicada

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 39: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

29

Finalmente a passagem do ponto 1 para o 4 indica o retorno do SMA para o lado frio do

sistema jaacute com sua forma original ele muda novamente da fase austeniacutetica para martensita

maclada podendo assim ser deformado mais uma vez reiniciando o ciclo

Visualizando-se esse ciclo em um diagrama ε-T vecirc-se o que se segue na figura 33 os pontos

indicados de 1 a 4 satildeo os estados equivalentes aos pontos do diagrama 32

Figura 33 Ciclo termomecacircnico com SMA no diagrama ε-T

A aacuterea interna formada no diagrama 32 indica o trabalho mecacircnico que esse sistema poderia

realizar Note-se que esta aacuterea eacute composta pela diferenccedila entre a aacuterea abaixo da curva de retorno

do material (trabalho realizado pelo SMA) e a aacuterea abaixo da curva de deformaccedilatildeo do mesmo

(trabalho inserido no sistema) No entanto este diagrama indica um ciclo ideal sem perdas

associado ao ciclo teacutermico de um mecanismo com SMA Na praacutetica essa aacuterea eacute reduzida devido a

algumas ineficiecircncias e limites que podem ser alcanccedilados na concepccedilatildeo de uma maacutequina

Primeiramente deve-se notar que quando o material de memoacuteria de forma entra no lado frio

do ciclo sua deformaccedilatildeo eacute causada por uma forccedila externa Esta forccedila tem que ser inserida no

sistema ou seja quanto maior seu valor maior eacute o trabalho gasto no andamento do ciclo Sendo

assim na praacutetica aquela deformaccedilatildeo maacutexima (Dmax) apontada no diagrama da figura 32 natildeo seraacute

alcanccedilado Materializando este pensamento no equipamento de Glasauer significa que uma forccedila

aleacutem da exercida pela mola teria que ser aplicada no SMA para deformaacute-lo ateacute aquele niacutevel O

diagrama da figura 34 a seguir mostra como a curva do ciclo pode se aproximar da realidade

admitindo essa consideraccedilatildeo

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 40: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

30

Figura 34 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo considerando o esforccedilo externo real inserido na maacutequina

(Glasauer 1996 Modificada)

Aleacutem disso assim como na transiccedilatildeo para o lado frio no retorno ao lado quente do sistema

deve-se considerar que o material natildeo chega a passar totalmente de sua fase martensiacutetica para

austenita antes de ser descarregado ou seja ele comeccedila a curva de descarregamento (σM-A) em uma

temperatura T2 inferior agrave temperatura T3 indicada nos diagramas anteriores Isso se deve a uma

ineficiecircncia da transferecircncia de calor ao SMA e tambeacutem ao fato de que o mecanismo de esforccedilo

externo no caso de Glasauer a mola natildeo deixa de atuar ateacute que transformaccedilatildeo de fase seja

completamente realizada Logo na realidade ocorre mais uma reduccedilatildeo na aacuterea do ciclo como eacute

mostrado no diagrama da figura 35

Figura 35 Diagrama real tensatildeo-deformaccedilatildeo (Glasauer 1996 Modificada)

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 41: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

31

32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Entendido o ciclo termodinacircmico de uma maacutequina que utiliza material de memoacuteria de forma

uma avaliaccedilatildeo mais clara do mecanismo proposto por Glasauer pode ser realizado Seu

equipamento eacute composto por um eixo rotativo acoplado a dois flanges Ao redor deste eixo

principal fixados aos flanges existem fios de NiTi um material de memoacuteria de forma bastante

conhecido Em um dos flanges os fios de SMA satildeo fixados a pequenas molas Do outro lado do

eixo o flange possui uma inclinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao eixo rotativo A figura 36 mostra

esquematicamente o mecanismo e a partir dela seraacute mais simples o entendimento do processo

Figura 36 Mecanismo de conversatildeo axial-rotacional de Glasauer (Glasauer 1996 Modificada)

O eixo principal possui diacircmetro de 70 mm O autor realizou ensaios montando o equipamento

ora com 12 ora com 24 fios de NiTi Estes fios possuem diacircmetro de 13 mm e comprimento de

400 mm O flange do eixo inclinado possui uma angulaccedilatildeo α=19deg em relaccedilatildeo ao eixo vertical O

carregamento do sistema varia entre 400 e 800 N de forccedila Um detalhamento das partes

componentes do sistema com vistas superior e lateral vistas em corte e vistas detalhadas pode ser

examinado no ANEXO I deste trabalho

O funcionamento da maacutequina ocorre devido a trecircs fatores fundamentais a forccedila das molas de

um lado o comportamento dos fios de NiTi que satildeo submetidos a um aquecimento e resfriamento

ciacuteclico e agrave inclinaccedilatildeo do flange oposto

O iniacutecio do processo exige uma accedilatildeo externa e por isso acoplado ao eixo linear da maacutequina

existe um volante de acionamento Apoacutes iniciado o movimento os fios de SMA passam por um

recipiente que conteacutem oacuteleo quente e passam da fase martensiacutetica para austenita recuperando sua

forma original sem deformaccedilatildeo e exercendo assim uma forccedila de traccedilatildeo no sistema O recipiente

quente do sistema eacute irrigado por uma bomba de oacuteleo do tipo parafuso com uma vazatildeo constante de

20 Lmin que manteacutem a temperatura em aproximadamente 85degC

Quando passam para o recipiente de oacuteleo frio os fios satildeo resfriados voltando a sua fase

martensiacutetica Este recipiente eacute irrigado por duas bombas centriacutefugas com vazatildeo maacutexima de 40

Lmin A temperatura fria do oacuteleo eacute de 25degC Na fase martensiacutetica a forccedila exercida pelas molas

32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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32

fixadas nas extremidades dos fios juntamente a accedilatildeo da traccedilatildeo exercida pela inclinaccedilatildeo do flange

satildeo suficientes para deformaacute-los em cerca de 6 de seu comprimento original ou seja em torno

de 24 mm Dessa maneira entatildeo completa-se o ciclo teacutermico dos fios de NiTi Algumas fotografias

ilustrativas da maacutequina podem ser vistas no ANEXO II deste trabalho

A inclinaccedilatildeo do flange inclinado do mecanismo eacute responsaacutevel pela conversatildeo do movimento

axial do fio de SMA em movimento angular de eixo Ele tem a finalidade de atraveacutes a forccedila de

traccedilatildeo e compressatildeo do SMA associado agrave mola gerar um torque no eixo que eacute responsaacutevel pela

continuidade de seu movimento rotativo O princiacutepio envolvido na conversatildeo do movimento

merece uma atenccedilatildeo especial e seraacute detalhado adiante

33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER Movimentos axiais podem ser convertidos em movimento angular de vaacuterias maneiras No

caso de motores de combustatildeo interna a forma mais utilizada eacute baseada na utilizaccedilatildeo de um

virabrequim Este princiacutepio consiste de um pistatildeo uma biela e um virabrequim onde o plano da

biela eacute perpendicular ao eixo do virabrequim

Considerando agora a maacutequina de Glasauer nota-se que os fios com memoacuteria de forma

incorporam ao mesmo tempo as funccedilotildees do pistatildeo e da biela Poreacutem o eixo do virabrequim ao

inveacutes de inclinado a 90deg em relaccedilatildeo agrave biela possui um pequeno acircngulo de inclinaccedilatildeo veja o

esquema apresentado na Figura 37 Este princiacutepio eacute denominado Princiacutepio do Eixo Inclinado e eacute

aplicado em bombas axiais e motores hidraacuteulicos

Figura 37 Princiacutepio mecacircnico da aacutervore inclinada (Glasauer 1996 Modificada)

Onde

α Acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange

Δl Variaccedilatildeo de comprimento devido agrave inclinaccedilatildeo do flange

FD Forccedila do fio (de SMA)

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 43: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

33

FA Projeccedilatildeo de FD na direccedilatildeo do eixo

F Projeccedilatildeo da FD sobre o flange

Ft Forccedila tangencial em consequecircncia de FD

Fr Forccedila radial em consequecircncia de FD

ϕ Acircngulo de rotaccedilatildeo do fio em relaccedilatildeo ao eixo principal

R Raio do flange

Para se calcular o trabalho que uma maacutequina como esta pode realizar partimos da tradicional

equaccedilatildeo do trabalho

119882 = 119865119889 Onde (31)

F Forccedila

d Deslocamento

No caso desta maacutequina em que o trabalho vem de um movimento circular o deslocamento eacute

angular e a forccedila associada eacute a forccedila tangencial Logo no calculo do trabalho de um movimento

angular tem-se

119882 = 119865119905 ∆120573 Onde (32)

Ft Forccedila tangencial

Δβ setor de arco (no deslocamento angular)

Sendo

120549120573 = 119877120549120593 (33)

Para o trabalho infinitesimal do movimento temos que

119882 = lim119894rarrinfin sum 119865119905 ∆120573119899119894=1 (34)

119882 = int119865119905 119877119889120593 (35)

Para a maacutequina de Glasauer tem-se o diagrama de forccedilas demonstrado na figura 37

Considerando que a forccedila F que eacute a projeccedilatildeo da forccedila do fio FD sobre o flange tem sempre a

direccedilatildeo vertical (perpendicular agrave direccedilatildeo de FD) atraveacutes da figura 37 percebe-se que por

semelhanccedila entre triacircngulos o acircngulo formado entre as forccedilas F e Fr seraacute sempre igual ao acircngulo

φ Sendo assim pela relaccedilatildeo de seno pode-se escrever

119865119905 = 119865 sin120593 (36)

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 44: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

34

Ainda da figura 37 tambeacutem por semelhanccedila entre triacircngulos como o acircngulo entre as forccedilas F

e FD eacute comum entre o triacircngulo formado por FD F e FA e o outro triacircngulo formado por Δl 2R e o

acircngulo α percebe-se entatildeo que se pode escrever o seno do acircngulo α como

sin120572 = 119865119865119863

(37)

E logo

119865 = 119865119863 sin120572 (38)

Substituindo-se entatildeo a equaccedilatildeo 38 em 36 e a equaccedilatildeo formada 39 em 35 temos

119865119905 = 119865119863 sin120572 sin120593 (39)

119882 = int119865119863 sin120572 sin120593 119877119889120593 (310)

Do mesmo triacircngulo formado por Δl 2R e o acircngulo α ainda se pode descrever o alongamento

Δl e a variaccedilatildeo do comprimento do fio x de 0 (zero) a Δl O alongamento maacuteximo eacute escrito como

funccedilatildeo de seno na equaccedilatildeo 311

sin120572 = ∆1198972119877

(311)

E entatildeo

∆119897 = 2119877 sin120572 (312)

Com o objetivo de descrever o alongamento x em funccedilatildeo dos acircngulos α e φ observa-se entatildeo

as seguintes condiccedilotildees de contorno do mecanismo

bull Para φ = 0 x = Δl

bull Para φ = π x = 0

Considerando ainda a relaccedilatildeo definida na equaccedilatildeo 312 tem-se entatildeo que

bull Para φ = 0 x = 2119877 sin120572

bull Para φ = π x = 0

A relaccedilatildeo em funccedilatildeo do acircngulo φ que descreve tal alongamento eacute

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) (313)

Sabe-se da maacutequina de Glasauer que no lado quente o fio exerce uma forccedila de traccedilatildeo sobre o

eixo inclinado uma vez que a deformaccedilatildeo imposta nele tende a ser recuperada Na etapa seguinte

do ciclo do lado frio uma forccedila de traccedilatildeo precisa ser imposta no fio para que ele se deforme em

funccedilatildeo da inclinaccedilatildeo do eixo Considerando ainda que a forccedila do fio no lado quente diminui

linearmente com a recuperaccedilatildeo da deformaccedilatildeo e com o acircngulo φ de um valor maacuteximo FDmaxQ ateacute

zero e que do lado frio a forccedila a ser aplicada no fio aumenta linearmente com a deformaccedilatildeo e com

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 45: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

35

o acircngulo φ ateacute um valor maacuteximo FDmaxF pode-se descrever estas relaccedilotildees em funccedilatildeo do

alongamento de x se escrevermos a forccedila do fio FD como uma fraccedilatildeo das forccedilas maacuteximas a quente

e a frio

119865119863 = 119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

(314)

119865119863 = 119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 (315)

Desta maneira na parte superior do mecanismo onde x = Δl tem-se FD = FDmaxQ e FD =

FDmaxF= 0 (zero) E na parte inferior (transiccedilatildeo de quente para frio) onde x = 0 teremos FD =

FDmaxQ = 0 (zero) e FD = FDmaxF Conforme a descriccedilatildeo de diminuiccedilatildeo e aumento lineares das

forccedilas mencionado

A partir daiacute substituindo-se a equaccedilatildeo 314 em 310 tem-se

119882 = int119865119863119898119886119909119876 119909∆119897

119877 sin120572 sin120593 119889120593 (316)

Para desenvolvimento desta equaccedilatildeo considere-se os paracircmetros seguintes em funccedilatildeo do

alongamento Δl Da equaccedilatildeo 313

119909 = 119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

2119877 sin120572 (1 + cos120593) = 12

∆119897 (1 + cos120593) (317)

E da equaccedilatildeo 312

∆119897 = 2119877 sin120572 there4 ∆1198972

= 119877 sin120572 (318)

Introduzindo estas igualdades na equaccedilatildeo 316 chega-se agrave

119882 = int119865119863119898119886119909119876 12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆1198972

sin120593 119889120593 (319)

Como se trata do lado quente do mecanismo o intervalo da integral eacute entatildeo [0 π]

desenvolvendo-se 319 entatildeo

119882 = int 119865119863119898119886119909119876 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205931205870 119889120593 (320)

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 int 1

2 (1 + cos120593) sin120593120587

0 119889120593 (321)

Resolvendo-se a integral

int 12

(1 + cos120593) sin120593 1198891205931205870 = minus1

2 int 11990611988911990620 (322)

Onde

119906 = 1 + cos120593 e 119889119906 = minus sin120593

Entatildeo

36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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36

minus12 int 1199061198891199062

0 = minus12

1199062

20

2= 1 (323)

E logo

119882 = 119865119863119898119886119909119876

2∆119897 (324)

Da mesma maneira para o lado frio substituindo-se a equaccedilatildeo 315 em 310 teremos

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus 119909∆119897 sin120572 sin120593 119877119889120593 (325)

Introduzindo novamente as equaccedilotildees 317 e 318 em 324 chega-se a

119882 = int119865119863119898119886119909119865 1 minus12∆119897(1+cos120593)

∆119897 ∆119897

2 sin120593 119889120593 (326)

Neste caso a funccedilatildeo varia entre [π 2π] logo

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 1 minus 12

(1 + cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (327)

119882 = int 119865119863119898119886119909119865 12

(1 minus cos120593) ∆1198972

sin1205932120587120587 119889120593 (328)

119882 = 1198651198631198981198861199091198652

∆119897 int 12

(1 minus cos120593) sin1205932120587120587 119889120593 (329)

Novamente resolvendo-se a integral de maneira similar encontra-se que

119882 = minus1198651198631198981198861199091198652

∆119897 (330)

Sendo assim o trabalho total do fio seraacute a somatoacuteria de trabalhos atuantes e entatildeo

119882119898119890119888119865119894119900 = 119882119898119890119888119864119894119909119900 = 119865119863 119898119886119909119876minus119865119863 119898119886119909119865

2120549119897 (331)

Ou seja como a forccedila de restauraccedilatildeo do fio de SMA no lado quente eacute maior do que aquela

necessaacuteria para deformar o fio no lado frio o eixo inclinado eacute colocado em movimento A equaccedilatildeo

mostra ainda que o trabalho mecacircnico natildeo depende do acircngulo de inclinaccedilatildeo α Daiacute resulta que o

nuacutemero de fios para aumento do trabalho mecacircnico pode ser aumentado sem problemas

34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER Apoacutes entendidos primeiramente o ciclo termodinacircmico que caracteriza uma maacutequina teacutermica

feita com material de memoacuteria de forma e em seguida as caracteriacutesticas principais de seu

funcionamento pode-se realizar a mesma simulaccedilatildeo realizada por Glasauer para determinar a

potecircncia gerada por um fio de SMA neste ciclo teacutermico

Sendo assim tomando-se o ciclo teacutermico real descrito anteriormente e inserindo os dados

caracteriacutesticos do equipamento vemos o que se segue no diagrama apresentado na figura 38

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 47: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

37

Figura 38 Diagrama tensatildeo-deformaccedilatildeo associado ao mecanismo de Glasauer (Glasauer 1996

Modificada)

A aacuterea delimitada pelo ciclo corresponde ao trabalho que a maacutequina vai fornecer apoacutes sua

ciclagem Note-se no diagrama as tensotildees de descarregamento (σM-A) e de reorientaccedilatildeo da

martensita maclada (σM-M) a deformaccedilatildeo do fio quando natildeo estaacute submetido agrave forccedila da mola (D0) a

deformaccedilatildeo apoacutes a traccedilatildeo da mola (DM) as temperaturas das fases quente e fria do ciclo e o acircngulo

de rotaccedilatildeo do flange lembrando que o ciclo completo significa uma rotaccedilatildeo completa (2π) Veja a

figura 39 para melhor visualizaccedilatildeo

Figura 39 Correspondecircncia entre o ciclo teacutermico e a rotaccedilatildeo mo mecanismo de Glasauer (Glasauer

1996 Modificada)

A forccedila de preacute-tensatildeo dos fios de SMA instalados na maacutequina tem uma carga de 50 N isto eacute

quando a mola natildeo estaacute exercendo sua forccedila no fio ele esta submetido a este carregamento Apoacutes a

accedilatildeo da mola ou seja ponto 2 do diagrama da figura 38 chega-se a uma carga de 400 N Jaacute foi

informado anteriormente que a deformaccedilatildeo do fio eacute de 24 mm Com esses dados e considerando

que o diagrama determina uma aacuterea proacutexima de um retacircngulo atraveacutes de uma conta simples

multiplicando a diferenccedila de forccedilas no fio pelo seu alongamento Glasauer determinou o trabalho

realizado por um fio de SMA

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 48: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

38

119882119898119890119888119865119894119900 = (119865119872minus119860 minus 119865MminusM)120549119897 = (400 minus 50 119873) 24 119898119898 = 8400 119873119898119898 = 84 119869 (317)

Nos ensaios realizados por Glasauer foram determinados alguns paracircmetros da maacutequina

Dentre eles a rotaccedilatildeo do mecanismo que atinge 20 RPM e o periacuteodo de uma volta do fio que eacute de

T=3 segundos Considerando o ensaio da maacutequina montada com 24 fios Glasauer determinou

entatildeo que

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 = 84 119869 24 119891119894119900119904 = 2016 119869 (318)

Dividindo este valor pelo periacuteodo de uma volta do fio determina-se finalmente a potecircncia da

maacutequina

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879= 2016 119869

3 119904= 672 119882 (319)

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 49: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

39

4 APLICABILIDADE

O objetivo desse trabalho consiste em se conceber uma maacutequina teacutermica baseada em SMA

para a utilizaccedilatildeo automotiva aproveitando da energia dos seus gases de escape Mais que isso se

vislumbrou a aplicaccedilatildeo de uma maacutequina teacutermica jaacute existente e desenvolvida por Glasauer nesta

aplicaccedilatildeo

Sendo assim a primeira etapa desta concepccedilatildeo compete em estabelecer limites geomeacutetricos

para o equipamento Nos capiacutetulos anteriores do trabalho pode-se encontrar as medidas principais

da maacutequina desenvolvida por Glasauer que satildeo relativamente grandes para serem utilizadas num

automoacutevel Tendo em vista tal aplicaccedilatildeo se imaginou que o equipamento pudesse ter as dimensotildees

de uma peccedila jaacute existente nos carros como um catalisador ou um silencioso de escapamentos Essa

concepccedilatildeo se deu em vista de que o mecanismo atuaraacute nesta regiatildeo do veiacuteculo (utilizando os gases

de escape) e constitui-se em sua geometria principal de um cilindro

41 CONCEITO O conceito que se propotildee neste trabalho eacute de reduzir o mecanismo projetado por Glasauer agraves

dimensotildees de um catalisador automotivo Desta maneira para produzir a atuaccedilatildeo dos fios de SMA

seratildeo utilizadas a energia teacutermica provinda dos gases de escape do motor para aquecer o material

e o ar ambiente para resfriaacute-lo No caso da maacutequina estudada oacuteleo a diferentes temperaturas era

utilizado para tal fim

O recipiente que comportaraacute a maacutequina teacutermica de SMA deve contar entatildeo com dois

ambientes de funcionamento isolados Em um lado conta com a passagem do gaacutes provindo do

motor em temperaturas que podem chegar ateacute 680 graus Celsius (Pereira 2011) dependendo de

sua posiccedilatildeo entre o coletor de escape do motor (parte junto agrave saiacuteda dos gases na cacircmara de

combustatildeo) e a saiacuteda na extremidade do escapamento Do outro lado deve contar com um fluxo de

ar captado do ambiente externo do veiacuteculo que para efeito de concepccedilatildeo pode ser considerado agrave

temperatura ambiente de 25 degC

As dimensotildees propostas para o conceito seratildeo especificadas adiante mas a ideacuteia de se utilizar

o formato de um catalisador ou de um silenciador de escapamento veio da proacutepria geometria da

maacutequina teacutermica de Glasauer que tem como parte mais importante um eixo ciliacutendrico com fios de

SMA instalados ao seu redor

O mecanismo redimensionado deveraacute ser acoplado a um pequeno gerador que vai se aproveitar

dessa rotaccedilatildeo de eixo para gerar energia eleacutetrica

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 50: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

40

42 DIMENSIONAMENTO Para definir os limites geomeacutetricos no qual a maacutequina poderaacute ser instalada foi realizada uma

busca entre cataacutelogos automotivos de catalisadores e silenciosos a fim de se ter o conhecimento

meacutedio das medidas de tais peccedilas para automoacuteveis comuns Em um cataacutelogo universal da marca

Tuper existem inuacutemeras peccedilas relacionadas a escapamentos com suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

principais

A fim de se estabelecer medidas para simular a capacidade da maacutequina teacutermica uma dessas

peccedilas um catalisador universal que atende a uma seacuterie de carros nacionais com diferentes

motorizaccedilotildees foi selecionado Na figura 41 a seguir podem-se ver as caracteriacutesticas e dimensotildees

do catalisador selecionado

Figura 41 Catalisador selecionado para estabelecer geometria (Tuper 2012)

As dimensotildees maacuteximas para o conceito dessa maacutequina teacutermica devem ser proacuteximas agraves medidas

deste catalisador selecionado imaginando-se que o mecanismo iraacute trabalhar dentro de um

recipiente com uma geometria similar a esta Logo para que se possam simular alguns resultados

da maacutequina teacutermica estabeleceu-se que o equipamento seja formado por um cilindro principal

com as dimensotildees do desenho mostrado na figura 42

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 51: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

41

Figura 42 Dimensotildees estabelecidas para o eixo principal da maacutequina

Tal mecanismo seraacute inserido num recipiente como o demonstrado na figura 43 a seguir Este

recipiente conta com dois canais para os fluxos de gases de escape e de ar

Figura 43 Formato e dimensotildees do recipiente que comportaraacute o mecanismo

No ANEXO III deste trabalho haacute tambeacutem uma a vista isomeacutetrica ilustrando como seria o eixo

principal da maacutequina com o maacuteximo de fios possiacuteveis em sua circunferecircncia

43 SIMULACcedilAtildeO O objetivo desta simulaccedilatildeo eacute reduzir a maacutequina desenvolvida por Glasauer para as dimensotildees

propostas anteriormente e verificar sua capacidade de atuaccedilatildeo sob a variaccedilatildeo de diversas variaacuteveis

que compotildeem o mecanismo Sendo assim uma planilha de caacutelculos foi construiacuteda justamente para

que se possa executar variaccedilotildees e averiguar-se a viabilidade da aplicaccedilatildeo do mecanismo

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 52: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

42

Primeiramente tentou-se reconstruir o ensaio realizado por Glasauer respeitando-se na medida

do possiacutevel todas as medidas e referecircncias disponiacuteveis em seu trabalho Tem-se de seu trabalho

que os caacutelculos resultantes da sua maacutequina proveram do mecanismo com as seguintes

caracteriacutesticas

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios 12 e 24

bull Comprimento dos fios 400 mm

bull Alongamento dos fios 24 mm (6)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para tais condiccedilotildees obteve que um fio era capaz de realizar um trabalho de 8400 J com 24

fios a maacutequina produzia um trabalho de 2016 J e logo uma potecircncia de 672 W Simulando na

planilha construiacuteda tais condiccedilotildees foram obtidos entatildeo os mesmos resultados utilizando-se em

uma planilha de caacutelculos as seguintes relaccedilotildees

119882119898119890119888119865119894119900 = (120590119872minus119860 minus 120590MminusM)119860119891119894119900120549119897 Onde (41)

119860119891119894119900 aacuterea da seccedilatildeo transversal do fio de SMA

σM-A tensatildeo de descarregamento do SMA

σM-M tensatildeo de reorientaccedilatildeo da martensita

119882119898aacute119902 = 119882119898119890119888119865119894119900119873 119891119894119900119904119900 (42)

119875119898aacute119902 = 119882119898aacute119902

119879 (43)

Para a visualizaccedilatildeo do comportamento da maacutequina de forma mais evidente foi gerado um

graacutefico que mostra o crescimento linear da potecircncia da maacutequina com o aumento do nuacutemero de fios

instalados veja a figura 44

43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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43

Figura 44 Graacutefico demonstrativo da potecircncia gerada pela maacutequina de Glasauer

Verificada a autenticidade da planilha proposta pode-se variar qualquer paracircmetro de sua

montagem e perceber como tal variaccedilatildeo vai atuar no mecanismo A primeira hipoacutetese seraacute

diminuir as dimensotildees geomeacutetricas para as propostas e mantendo-se os outros valores como

tensatildeo submetida e diacircmetro de fios constantes identificar qual seraacute a capacidade de geraccedilatildeo de

trabalho do equipamento

Para esta simulaccedilatildeo consideram-se entatildeo as seguintes grandezas em atuaccedilatildeo

bull Fios utilizados NiTi

bull Diacircmetro dos fios 13 mm

bull Nuacutemero de fios maacuteximo possiacutevel para as dimensotildees da maacutequina

bull Comprimento dos fios 200 mm

bull Alongamento dos fios 16 mm (8)

bull Diferenccedila de forccedila no carregamento 350 N

bull Periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina 3 seg

Para esta primeira concepccedilatildeo natildeo eacute possiacutevel utilizar o mesmo nuacutemero de fios maacuteximo que

Glasauer utilizou jaacute que o diacircmetro da circunferecircncia eacute menor No entanto configurando a

maacutequina com 12 fios pode-se observar pelo graacutefico da figura 45 qual a potecircncia que a maacutequina

pode gerar

44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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44

Figura 45 Graacutefico de potecircncia por nuacutemero de fios com dimensotildees concebidas

Nota-se desta simulaccedilatildeo que a concepccedilatildeo proposta tem a capacidade de gerar pouco mais de

22 watts de potecircncia A partir deste ponto seratildeo entatildeo variados os paracircmetros que podem alterar

esta geraccedilatildeo de energia para buscar uma concepccedilatildeo oacutetima que tenha resultado mais expressivo

44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS A variaccedilatildeo mais evidente que se pode identificar eacute que o aumento no nuacutemero de fios iraacute

aumentar a potecircncia da maacutequina isto eacute bem claro jaacute que os fios de NiTi satildeo os responsaacuteveis pela

realizaccedilatildeo do trabalho Glasauer realizou seus experimentos com a montagem de 12 ou 24 fios

Nesta concepccedilatildeo para aqueles limites geomeacutetricos determinados se estipula qual eacute o nuacutemero

maacuteximo de fios que se pode instalar naquele periacutemetro dos flanges da maacutequina

Sendo assim dado o periacutemetro do flange com diacircmetro DFlange = 100 mm e o diacircmetro das

molas que tracionam os fios de NiTi de Dmola = 13 mm e estabelecendo ainda uma pequena

distacircncia construtiva de 2 mm entre cada mola instalada pode-se calcular um nuacutemero maacuteximo de

fios que podem ser instalados Para o diacircmetro de flange determinado 19 fios de NiTi podem ser

vislumbrados e sendo assim a potecircncia da maacutequina jaacute alcanccedilaria 35 watts

Ainda tentando maximizar esta variaacutevel se propocircs que o flange pudesse comportar mais

camadas de fios de SMA jaacute que o eixo tem funccedilatildeo apenas estrutural e seu diacircmetro pode ser

bastante reduzido deixando um espaccedilo restante significante nos flanges Ao realizar esta

simulaccedilatildeo gerou-se o graacutefico apresentado na figura 46 de potecircncia pelo nuacutemero de fios

45

Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

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Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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Figura 46 Graacutefico de potecircncia pelo nuacutemero de fios considerando duas camadas de fios de SMA

Nota-se do graacutefico que haacute uma pequena queda na taxa de geraccedilatildeo de potecircncia na segunda

camada de fios a partir do vigeacutesimo fio Isso se deve ao fato de que nesta condiccedilatildeo cada fio de

SMA teraacute um alongamento menor que na primeira camada e consequentemente o trabalho que

realizaraacute seraacute tambeacutem menor O quanto este alongamento eacute menor foi calculado atraveacutes de uma

semelhanccedila de triacircngulos jaacute que o acircngulo de inclinaccedilatildeo do flange eacute o mesmo para ambas as

camadas Verificou-se ainda nesses caacutelculos que para o diacircmetro do flange proposto nesta

concepccedilatildeo a introduccedilatildeo de uma terceira camada de fios de SMA mesmo que geometricamente

possiacutevel natildeo seria interessante jaacute que o alongamento dos fios se tornaria muito pequeno e o

trabalho realizado pelos mesmos seria insignificante

Outra maneira de se conseguir instalar mais fios de SMA no eixo da maacutequina seria diminuir o

diacircmetro das molas de traccedilatildeo onde os mesmos satildeo fixados Mais uma vez lembrando que no

conceito se imaginou a utilizaccedilatildeo total do periacutemetro dos flanges fazendo apenas algumas

consideraccedilotildees fiacutesicas e geomeacutetricas para instalaccedilatildeo Logo diminuindo-se o diacircmetro dessas molas

em alguns miliacutemetros (de 13 a 9 mm) utilizando-se a mesma folga geomeacutetrica de 2 mm entre as

mesmas seria possiacutevel aumentar o nuacutemero de fios como demonstra a tabela 41 a seguir

46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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46

Tabela 41 Relaccedilatildeo entre o diacircmetro das molas e nuacutemero de fios possiacuteveis de serem

instalados

Diacircmetro das molas

(mm)

Nuacutemero maacuteximo de fios Potecircncia total (W)

Camada 1 Camada 2

13 19 16 6026

12 20 17 6367

11 22 19 7051

10 24 21 7734

9 26 23 8417

Fica evidente entatildeo como jaacute era indicado nas relaccedilotildees apresentadas por Glasauer que a

potecircncia gerada pela maacutequina estaacute diretamente relacionada ao nuacutemero de fios que se possa instalar

na mesma

45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO Em seu experimento Glasauer constatou atraveacutes da praacutetica que sua maacutequina completava uma

rotaccedilatildeo de eixo em um periacuteodo de T=3 segundos e de suas expressotildees temos que a potecircncia

calculada depende inversamente deste periacuteodo Sendo assim se for possiacutevel que a maacutequina tenha

uma rotaccedilatildeo mais raacutepida que esta a potecircncia gerada seraacute maior

Nesta simulaccedilatildeo entatildeo se variou este periacuteodo em alguns segundos de 3 a 15 seg para que se

pudesse ter uma dimensatildeo de como esta variaacutevel influenciaria na capacidade da maacutequina O

resultado dessa combinaccedilatildeo de valores estaacute demonstrado na figura 47

Nota-se do graacutefico que tal periacuteodo exerce grande influecircncia na capacidade de geraccedilatildeo de

potecircncia do mecanismo Uma pequena diminuiccedilatildeo de um segundo neste periacuteodo pode dobrar a

potecircncia gerada Logo eacute um ponto importante a ser trabalhado na concepccedilatildeo e projeto desta

maacutequina

No entanto uma resalva tambeacutem importante deve ser feita sobre este aspecto do mecanismo

O periacuteodo de rotaccedilatildeo eacute uma grandeza que vai depender natildeo apenas de caracteriacutesticas construtivas

do equipamento como a qualidade do deslizamento e lubrificaccedilatildeo mas tambeacutem da velocidade em

que os gases envolvidos no processo seratildeo capazes de aquecer e resfriar os fios de SMA

suficientemente para que atuem de maneira eficaz

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 57: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

47

Figura 47 Potecircncia gerada para diferentes periacuteodos de rotaccedilatildeo

46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS Em sua maacutequina Glasauer ensaiou uma seacuterie de fios de SMA provindos de diferentes lugares e

com diferentes qualidades mas em todos os casos fios de NiTi Ele ensaiou com objetivo de

verificar a qualidade dos fios poreacutem alterando-se caracteriacutesticas do material utilizado pode-se

perceber uma variaccedilatildeo em seu trabalho realizado e por consequecircncia na potecircncia que se pode

gerar

A tabela 42 disponibiliza dados fiacutesicos mecacircnicos econocircmicos e propriedades funcionais de

trecircs classes de SMA NiTi CuZnAl e CuAlNi Tais dados foram coletados da literatura mas

devem ser utilizados com censo criacutetico De fato a confiabilidade dos dados eacute algumas vezes pobre

e muitas vezes nenhuma informaccedilatildeo de como tais dados foram coletados estaacute disponiacutevel Alguns

valores dependem muito das referecircncias e algumas vezes satildeo ateacute mesmo contraditoacuterios Sendo

assim os autores poderiam promover uma padronizaccedilatildeo nos testes para definir os diferentes tipos

de propriedades Ainda assim os autores acreditam que esta tabela pode ser uma referecircncia vaacutelida

se usada por pessoas criacuteticas (Otsuka e Wayman 1998)

Considerando-se a utilizaccedilatildeo dos fios de diferentes materiais referenciados na tabela 42 nas

condiccedilotildees simuladas anteriormente na concepccedilatildeo com duas camadas 35 fios no total e as mesmas

dimensotildees propostas ou aproveitadas do mecanismo de Glasauer pode-se perceber uma variaccedilatildeo

na potecircncia como indica a tabela 43

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

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Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

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Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

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55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

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VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

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Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 58: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

48

Tabela 42 Propriedades mecacircnicas de ligas de SMA (Otsuka e Wayman 1998)

Propriedade Unidade NiTi CuZnAl CuAlNi

Tensatildeo uacuteltima agrave traccedilatildeo MPa 800 ndash 1000 400 ndash 700 700 ndash 800

Memoacuteria de tensatildeo 8 6 5

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo MPa 600 ndash 800 700 600

Tabela 43 Potecircncia alcanccedilada para vaacuterios materiais

Material Memoacuteria de

tensatildeo ()

Tensatildeo maacutexima de

recuperaccedilatildeo (MPa)

Potecircncia

(W)

NiTi 8 600 ndash 800 12881

CuZnAl 6 700 11375

CuAlNi 5 600 8051

Nota-se da tabela 43 que se a maacutequina exercer o limite de tensatildeo que os fios de SMA

suportam (tensatildeo maacutexima de recuperaccedilatildeo) haacute um ganho significativo na potecircncia que se pode

gerar

Comparando-se os materiais NiTi e CuAlNi nota-se tambeacutem que o alongamento maacuteximo

possiacutevel influencia significativamente o resultado Mesmo possuindo limites de resistecircncia

similares os 3 de alongamento a mais do fio de NiTi o permitem gerar uma potecircncia cerda de

60 maior

Outra maneira de se ganhar na geraccedilatildeo de potecircncia mexendo-se na tensatildeo eacute variando o

diacircmetro do fio utilizado e como tensatildeo eacute resultado da divisatildeo da forccedila realizada pela aacuterea da

seccedilatildeo transversal do fio um fio de espessura maior exigira uma realizaccedilatildeo de trabalho maior do

SMA jaacute que implicaraacute numa forccedila maior Claro que haacute uma observaccedilatildeo importante neste

paracircmetro para que se alongue um fio de mesmo comprimento com diacircmetro maior a tensatildeo

inicial de preacute-carga da maacutequina ou seja a tensatildeo exercida pelas molas tambeacutem deveraacute ser maior

Aleacutem disso apenas variar a espessura de um SMA mantendo-se as condiccedilotildees de tensatildeo e

temperatura que vatildeo atuar na sua recuperaccedilatildeo pode implicar na incapacidade do material em

realizar sua completa transformaccedilatildeo de fase o que acarretaria na realidade em uma perda para o

sistema Isto pode ser mais bem compreendido retornando-se ao conceito relacionado agrave figura 35

do capiacutetulo 31

49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

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6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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49

Pouco se pode estimar aqui em relaccedilatildeo agraves curvas de tensatildeo por deformaccedilatildeo que a maacutequina

proposta geraria No entanto se for viaacutevel realizar algum ajuste no diacircmetro dos fios sem

comprometer a eficiecircncia das transformaccedilotildees de fase este seria um aspecto importante a ser

avaliado pois uma pequena variaccedilatildeo oferece um grande ganho Na planilha construiacuteda por

exemplo alterando-se um deacutecimo de miliacutemetro no fio (de 13 para 14 mm) mantendo-se os outros

paracircmetros a potecircncia total gerada por 35 fios passaria de 6026 para 6989 W

47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA Depois de realizada essa seacuterie de simulaccedilotildees sobre o potencial deste conceito de realizar

trabalho se deve perguntar o que eacute possiacutevel se fazer com a quantidade de potecircncia gerada Neste

capiacutetulo um breve estudo sobre a aplicaccedilatildeo de tal potecircncia foi realizado

Tendo em vista que esta maacutequina trabalharia num automoacutevel buscou-se por qualquer

elemento dentre os vaacuterios sistemas automotivos que pudessem ser supridos com a energia

aproveitada pela maacutequina teacutermica Claro que a potecircncia obtida mesmo com as melhores condiccedilotildees

possiacuteveis simuladas eacute limitada e obviamente imaginar este mecanismo substituindo alguma

maacutequina de um carro como um compressor de ar condicionado ou um alternador eacute totalmente

inviaacutevel No entanto baixando as expectativas a niacuteveis razoaacuteveis a maacutequina teacutermica proposta

neste trabalho pode sim ser uacutetil

A aplicaccedilatildeo mais interessante e direta que se imaginou para os niacuteveis de potecircncia alcanccedilados

foi a utilizaccedilatildeo desta para carregar a bateria do automoacutevel se natildeo total parcialmente

As baterias automotivas tem a funccedilatildeo principal de transmitir energia para o funcionamento do

motor de partida dos veiacuteculos Quando o mesmo se encontra desligado ela tambeacutem tem a funccedilatildeo

de prover energia para sistemas de funcionamento contiacutenuo dos automoacuteveis como alarmes

memoacuterias de raacutedio e injeccedilatildeo eletrocircnica ou da igniccedilatildeo computador de bordo etc Poreacutem com o

carro em funcionamento a bateria natildeo eacute utilizada O alternador do carro eacute o responsaacutevel por gerar

toda a energia eleacutetrica que o veiacuteculo necessita (atraveacutes da potencia do motor) e tambeacutem por

recarregar a bateria

As baterias automotivas apresentam uma alta resistecircncia teacutermica poreacutem o calor gerado nas

placas durante o processo de recarga tem dificuldade em se dissipar provocando o aumento da

temperatura interna da bateria A temperatura elevada leva agrave queima dos elementos quiacutemicos que

constituem a massa ativa (elementos que fazem parte da reaccedilatildeo de carga e descarga) Esse efeito eacute

conhecido como sobrecarga e ocorre quando se tem uma corrente alta passando por um longo

periacuteodo de tempo pela bateria seja este periacuteodo contiacutenuo ou com interrupccedilotildees Para se evitar este

problema em geral o diferencial de potencial eleacutetrico admissiacutevel para recarga da bateria deve

encontrar-se entre 135 e 145 V usualmente regulada a 136V Toda vez que o limite de 145 V eacute

50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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50

ultrapassado tem-se o iniacutecio de um superaquecimento na bateria originando uma possiacutevel

sobrecarga

No entanto com essa tensatildeo a bateria natildeo atinge seu niacutevel maacuteximo de carga Na realidade a

bateria funciona normalmente com cerca de 70 de sua carga total (Brosset e Bodereau 2004)

Para carregar uma bateria eacute preciso introduzir certa quantidade de ldquoampegraveres horasrdquo pelo meio de

uma corrente eleacutetrica (corrente de carga) Todavia a bateria natildeo armazena ldquoampegraveres horasrdquo

passivamente mas desenvolve certa repulsatildeo agrave corrente de carga Como consequecircncia o

carregador deve ser programado para se ajustar constantemente agraves condiccedilotildees da bateria e superar

sua resistecircncia sendo que em alguns momentos o diferencial de potencial eleacutetrico deve superar a

tensatildeo limite para que natildeo ocorra o superaquecimento

Sendo assim para o valor de diferencial de potencial eleacutetrico normalmente utilizado e

considerando ainda que a bateria deve ser recarregada com uma corrente equivalente a 10 do

valor da capacidade nominal da bateria analisando por exemplo um automoacutevel popular VW Gol

que utiliza uma bateria de 60 Ah obteacutem-se a seguinte relaccedilatildeo

P = VI (41)

Se V = 136 V e I = 6 A entatildeo

P = 136 6 = 816 W (42)

Ou seja supondo que ambas a tensatildeo e a corrente de carregamento de uma bateria automotiva

sejam constantes com uma potecircncia eleacutetrica de 82 W seria possiacutevel carregaacute-la

A tabela 44 indica o tempo de carregamento de baterias em vaacuterias condiccedilotildees

Tabela 44 Tempo de carga de baterias

Tensatildeo da bateria em vazio (Volts) Tempo de recarga (Horas)

1200 a 1220 6 a 12

1180 a 1199 10 a 16

1150 a 1179 16 a 20

1100 a 1149 20 a 24

Baterias profundamente descarregadas 24 a 30

Os valores indicados na tabela 44 indicam o carregamento completo (100) de baterias

descarregadas Considerando que a bateria automotiva como informado normalmente trabalha

com carregamentos de 70 de sua capacidade maacutexima e considerando ainda que ela natildeo estaacute

descarregada um tempo bem inferior a 6 horas pode ser esperado para seu carregamento

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 61: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

51

Fica evidente como a maacutequina teacutermica proposta tem boa perspectiva de ser uacutetil No entanto a

potecircncia requerida nesta funccedilatildeo natildeo eacute completamente compatiacutevel com a simulaccedilatildeo realizada

Apenas nas condiccedilotildees mais ideais imaginadas tal potecircncia foi alcanccedilada

Dessa maneira estudou-se uma segunda aplicaccedilatildeo possiacutevel para a energia provinda da

maacutequina que seria aplicaacute-la diretamente em algum aparelho do automoacutevel Para o mesmo

automoacutevel mencionado anteriormente um VW Gol por exemplo tem-se que a sua bomba eleacutetrica

de combustiacutevel funciona com uma corrente I=35 A e um diferencial de potencial eleacutetrico V=12 V

Dessa maneira utilizando-se a mesma expressatildeo de potencia eleacutetrica resulta que com 42 W de

potecircncia seria possiacutevel ativar esta bomba

Eacute verdade que esses valores apresentados variam bastante entre as peccedilas de diferentes

veiacuteculos e quanto maior e mais equipado este for em geral mais energia eacute requerida para ativar

seus sistemas No entanto fica claro com esse exemplo que a maacutequina teacutermica proposta neste

trabalho eacute bastante promissora A possibilidade de realizaccedilatildeo de um projeto a viabilidade de

confecccedilatildeo e viabilidade econocircmica desta maacutequina obviamente vatildeo mostrar inuacutemeros fatores que

dificultaratildeo a realizaccedilatildeo das ideacuteias estudadas aqui Mas para todo efeito as simulaccedilotildees realizadas

mostram que vale a pena se estudar a fundo esta proposta

52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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52

5 CONCLUSOtildeES

No presente trabalho foi desenvolvida uma anaacutelise da maacutequina teacutermica baseada no

comportamento termomecacircnico das SMA proposta por Glasauer (1996) Essa maacutequina consiste

basicamente de um tambor envolto por fios de SMA O princiacutepio de operaccedilatildeo da maacutequina consiste

de deformaccedilatildeo os fios de SMA por meio de molas a uma temperatura abaixo de Mf (25oC) e

aquecimento por meio de um banho a uma temperatura acima de Af (85oC) Por meio de um disco

inclinado a forccedila axial que os fios exercem ao serem aquecidos eacute convertida em um torque que

pode entatildeo ser utilizado para alguma finalidade A maacutequina funciona com 24 fios de NiTi e cada

fio ao ser aquecido realiza um trabalho de 84 J A rotaccedilatildeo maacutexima atingida pela maacutequina eacute de 20

RPM e com isso a sua potecircncia eacute de 672 W

Depois de concluiacuteda a anaacutelise da maacutequina de Glasauer foi proposta uma nova maacutequina

teacutermica com principio de funcionamento similar a esta poreacutem com dimensotildees proporcionais a sua

aplicaccedilatildeo no caso automotivo Para se estudar a viabilidade deste novo mecanismo foi construiacuteda

uma planilha de simulaccedilatildeo onde se poderiam variar alguns valores construtivos da maacutequina e

verificar como essa alteraccedilatildeo se reflete no trabalho realizado Dentre as simulaccedilotildees desenvolvidas

se destacaram o nuacutemero de fios que possa ser instalado o periacuteodo de rotaccedilatildeo da maacutequina e o

material utilizado principalmente em relaccedilatildeo a sua capacidade de alongamento Trabalhando

nestes paracircmetros da construccedilatildeo do mecanismo o resultado obtido por Glasauer foi alcanccedilado em

vaacuterios casos e ateacute mesmo superado

Dessa anaacutelise concluiacute-se que a reduccedilatildeo da maacutequina de Glasauer para aplicaccedilatildeo no caso

automotivo eacute tecnicamente viaacutevel uma vez que ela permite a conversatildeo de energia teacutermica em

mecacircnica e que essa energia mesmo que em pequena escala pode ser aproveitada nos proacuteprios

sistemas automotivos

53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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53

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ACDelco Cataacutelogo de aplicaccedilotildees ACDelco Freedom 2010 (wwwacdelcofreedomcombr) Banks Ridgway M US03913326 Energy Conversion Systems (1975) Brosset Michel G E Bodereau Ghislaine C Conhecendo as baterias Documentaccedilatildeo MBT ndash

Energia Autocircnoma (ver Jun 2004) Buehler W J Gilfrich J V Wiley R C Effects of low-temperature phase changes on the

mechanical properties of alloys near composition TiNi Journal of Applied Physics 34 (1963) Castilho W S e da Silva E P Algumas Aplicaccedilotildees das Ligas com Memoacuteria de Forma Artigo

Sinergia Satildeo Paulo v 12 n 1 p 99-108 (2011) Delaey L Krishnan R V Tas H Thermoelasticity pseudoelasticity and the memory effects

associated with martensitic transformations Part 1 Structural and microstructural changes associated with the transformations Journal of Materials Science 9 ed p 1521-1535 (1974)

Fernandes F M B Ligas com memoacuteria de forma Departamento de Ciecircncia dos Materiais

CENIMAT Universidade Nova de Lisboa (2003) Funakubo H Shape memory alloys Gorden and Breach Science Publishers (1987) Glasauer F U Experimentelle Untersuchungen und Aufbau einer Waumlrmekraftmaschine (1996) GM Receives - E Award to Explore Thermomechanical Waste Heat Recovery Using SMA Heat Engine httpwwwgreencarcongresscom200910gm-sma-20091028html Guimaratildees J R C Conceituaccedilatildeo Cineacutetica e Morfologia da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica em Accedilos

Revista Latinoamericana de Metalurgia y Materiales Vol1 (1981) Iwanaga H Tobushi H and Ito H Basic research on output power characteristics of a shape memory

alloy heat engine (1988) Jacot A Ruggeri R Clingman D Shape memory alloy device and control method US Patent

7037076 (2006) Johnson A D IECEC page 530-534 (1975) Johnson Controls Treinamento Teacutecnico em Baterias Automotivas Kudva J Overview of the DARPA smart wing project Journal of Intelligent Material Systems and

Structures 15 (2004) Kurdjumov G V Khandros L G First reports of the thermoelastic behaviour of the martensitic

phase of Au-Cd alloys Doklady Akademii Nauk SSSR 66 (1949) Lagoudas D C Shape Memory Alloys - Modeling and Engineering Applications (2008) Lagoudas D Vandygriff E Processing and characterization of niti porous sma by elevated pressure

sintering Journal of intelligent material system and structures 13 (2002)

54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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54

Mabe J Cabell R Butler G Design and control of a morphing chevron for takeoff and cruise noise

reduction in Proceedings of the 26th Annual AIAA Aeroacoustics Conference Monterey CA (2005)

Machado LG Savi MA Aplicaccedilotildees odontoloacutegicas das ligas com memoacuteria de forma Revista

Brasileira de Odontologia vol 59 n 5 pp 302-306 (2002) Mani R Lagoudas D Rediniotis O MEMS based active skin for turbulent drag reduction in

Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 5056 San Diego CA (2003) Mantovani D Shape memory alloys Properties and biomedical applications Journal of the Minerals

Metals and Materials Society 52 36-44 (2000) Melton K Mercier O Deformation behavior of NiTi-based alloys Metallic Tras 9A (1978) Miyazaki S Otsuka K Deformation and transformation behavior associated with the r-phase in Ti-Ni

alloys Metallurgical Transactions (1986) Morris C Olson GB Dislocation Theory of Martensitic Transformations in Dislocations in Solids

Elsevier Science Publishers B V (1986) Nam C Chattopadhyay A Kim Y Application of shape memory alloy (SMA) spars for aircraft

maneuver enhancement in Proceedings of SPIE Smart Structures and Materials Vol 4701 San Diego CA (2002)

Otsuka K Wayman C M Shape memory materials Cambridge University Press (1998) Pachter John J US4150544 Engine (1979) Peffer A Denoyer K Fossness E Sciulli D Development and transition of low-shock spacecraft

release devices in Proceedings of IEEE Aerospace Conference Vol 4 (2000) Pereira Jean Ceacutesar Barbosa Estudo de uma bancada para ensaio de motores diesel UNIJUIacute ndash

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2011) Pitt D Dunne J White E Garcia E SAMPSON smart inlet SMA powered adaptive lip design and

static test Proceedings of the 42nd AIAA Structures Structrual Dynamics and Materials Conference Seattle WA 16ndash20 April 2001 (2001)

Santos Claacuteudia Nazareacute dos Aspectos Cristalograacuteficos da Transformaccedilatildeo Martensiacutetica de uma Liga

Fe-27Ni Rio de Janeiro (2008) Sanders B Crowe R Garcia E Defense advanced research projects agency ndash Smart materials and

structures demonstration program overview Journal of Intelligent Material Systems and Structures 15 (2004)

Schetky L Shape-memory alloys Scientific American 241 (74-82) (1989) Strelec J K Lagoudas D C Khan M A Yen J Design and implementation of a shape memory

alloy actuated reconfigurable wing Journal of Intelligent Material Systems and Structures 14 (2003)

Tawfik M Ro J Mei C Thermal post-buckling and aeroelastic behaviour of shape memory alloy

reinforced plates Smart Materials and Structures 11 (2002)

55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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55

Tuper Cataacutelogo de produtos 20122013 ndash Tuper (wwwtuperescapamentoscombr) Turner T Buehrle R Cano R Fleming G Modeling fabrication and testing of a SMA hybrid

composite jet engine chevron concept Journal of Intelligent Material Systems and Structures (2006)

VTO Cataacutelogo VTO Automotivos ndash Bomba de combustiacutevel - 3ordf ediccedilatildeo 2012

(wwwvtoautomotivoscombr) Wakjira J F The VT1 Shape Memory Alloy Heat Engine Design (2001) Wayman M Harrison J The origins of the shape memory effect Journal of Minerals Metals and

Materials 26ndash28 (1989) Wax S Fischer G Sands R The past present and future of DARPAs investment strategy in smart

materials Journal of the Minerals Metals and Materials Society 55 (12) (2003) Willey C Huettl B Hill S Design and development of a miniature mechanisms tool-kit for micro

spacecraft in Proceedings of the 35th Aerospace Mechanisms Symposium Ames Research Center 9ndash11(2001)

Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part I Theory (2001) Zhu J J Liang N G Huang W M e Liew K M Energy Conversion in Shape Memory Alloy Heat

Engine Part II Simulation (2001)

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 66: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

56

7 ANEXOS

Paacuteg

Anexo I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer 31

Anexo II Fotografias da maacutequina de Glasauer 32

Anexo III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica 41

57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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57

ANEXO I Detalhamento das partes componentes da maacutequina de Glasauer

Vista superior da maacutequina teacutermica

Vista lateral do sistema de eixos

Vista lateral em corte do sistema de eixos

58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
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58

Vista em detalhe dos flanges do eixo

Vista em perspectiva e corte do eixo

LEGENDA

1 Fios de Ni-Ti 13 Acoplamento riacutegido - composto por duas engrenagens de dentes

retos

2 Fixadores dos fios de Ni-Ti no eixo inclinado 14 Eixo principal

3 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 12 fios 15 Tubo de plaacutestico (invoacutelucro)

4 Fixadores dos fios de Ni-Ti no ensaio com 24 fios 16 Rolamento do eixo intermediaacuterio

5 Eixo de saiacuteda inclinado 17 Mancais de apoio dos rolamentos

6 Mancais de rolamento do eixo inclinado 18 Limpadores

7 Apoio de mancais do eixo inclinado 19 Apoio do eixo inclinado

8 Eixo de entrada 20 Apoio do eixo

9 Flange para o ensaio com 12 fios 21 Eixos de suporte da maacutequina

10 Flange para o ensaio com 24 fios 22 Lado quente

11 Mancais de rolamento de eixo axial 23 Lado frio

12 Mancais de rolamento de eixo radial

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 69: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

59

ANEXO II Fotografias da maacutequina de Glasauer

Fotos ilustrativas do mecanismo

Fotografia da maacutequina teacutermica de Glasauer

Fotografia detalhada dos flanges da maacutequina teacutermica de Glasauer

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA
Page 70: PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/4097/1/2012_GabrielQueirozNegrao.pdf · memória de forma ocorre devido a mudanças na estrutura cristalina

60

ANEXO III Desenhos ilustrativos da concepccedilatildeo da maacutequina teacutermica

Vista isomeacutetrica do eixo principal da maacutequina com o nuacutemero maacuteximo de fios instalados em

sua circunferecircncia (19 fios para as medidas propostas em princiacutepio)

Vistas lateral e frontal do eixo principal do mecanismo concebido

  • 11 CONTEXTO E MOTIVACcedilAtildeO
  • 12 OBJETIVO
  • 13 METODOLOGIA E ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 14 ESTRUTURA DO TRABALHO
  • 21 COMPORTAMENTO TERMOMECAcircNICO DAS LIGAS COM MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 22 TRANSFORMACcedilAtildeO MARTENSIacuteTICA TERMOELAacuteSTICA
  • 23 FENOcircMENOS DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE FASE EM SMA
  • 24 QUASIPLASTICIDADE
  • 25 EFEITO MEMOacuteRIA DE FORMA
  • 26 PSEUDOELASTICIDADE
  • 27 HISTOacuteRICO E APLICACcedilOtildeES
  • 28 CONVERSAtildeO TERMOMECAcircNICA DE ENERGIA VIA SMA
  • 31 CICLO DE UMA MAacuteQUINA TEacuteRMICA BASEADA EM SMA
  • 32 DESCRICcedilAtildeO DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 33 CONVERSAtildeO AXIAL-ROTACIONAL DE GLASAUER
  • 34 CAacuteLCULO DA POTEcircNCIA DA MAacuteQUINA DE GLASAUER
  • 4 APLICABILIDADE
    • 41 CONCEITO
    • 42 DIMENSIONAMENTO
    • 43 SIMULACcedilAtildeO
    • 44 VARIANDO O NUacuteMERO DE FIOS
    • 45 VARIANDO O PERIacuteODO DE ROTACcedilAtildeO DO EIXO
    • 46 VARIANDO CARACTERIacuteSTICAS DOS FIOS
    • 47 APLICACcedilAtildeO DA POTEcircNCIA GERADA