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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS E

BIOLOGIA CELULAR

JULIANA REIS RESQUE

PROVA CALÓRICA GELADA EM INDIVÍDUOS COM PRESENÇA DE NISTAGMO ESPONTÂNEO DE OLHOS

FECHADOS NA VECTONISTAGMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Belém 2008

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JULIANA REIS RESQUE

PROVA CALÓRICA GELADA EM INDIVÍDUOS COM PRESENÇA DE NISTAGMO ESPONTÂNEO DE OLHOS

FECHADOS NA VECTONISTAGMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular da Universidade Federal do Pará para obtenção do grau de Mestre Orientador: Prof. Dr. Manoel da Silva Filho

Belém 2008

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JULIANA REIS RESQUE

PROVA CALÓRICA GELADA EM INDIVÍDUOS COM PRESENÇA DE NISTAGMO ESPONTÂNEO DE OLHOS

FECHADOS NA VECTONISTAGMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular da Universidade Federal do Pará para obtenção do grau de Mestre Área de concentração: Neurociências

Data a aprovação: ___/___/___ Banca Examinadora: _____________________________________– Orientador Prof. Dr. Manoel da Silva Filho Titulação Instituição _____________________________________________ Membro Titulação Instituição ____________________________________________ Membro Titulação Instituição _____________________________________________ Membro Titulação Instituição

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Para Jorge, Olímpia e

Hugo,

meus exemplos.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Manoel da Silva Filho, que acreditou em meu trabalho e

confiou em mim desde o início. O seu incentivo, apoio científico e a convivência

durante a realização dessa dissertação certamente me tornaram uma pessoa

melhor.

À Cristina Freitas Ganança, pela oportunidade de compartilhar sua

sabedoria em todos os aspectos da vida. Minha eterna mestra, que permitiu a

transformação dessa relação em uma amizade “para a vida toda”.

Aos meus pais Jorge Resque e Olímpia Resque, fonte de inspiração,

exemplos de dedicação, determinação e caráter, meus grandes amigos e

incentivadores.

Ao meu irmão Hugo, pelo fato de representar um exemplo a ser seguido,

pelas conversas, confidências, companheirismo, carinho e, enfim pelo amor

incondicional.

Ao Dr. José Cláudio Cordeiro, pelas oportunidades que me foram

oferecidas, pelos ensinamentos diários e compreensão em todos os momentos.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Neurociências e

Biologia Celular da Universidade Federal do Pará, que muito enriqueceram

meus conhecimentos, fazendo com que me tornasse uma pesquisadora mais

completa e com a visão além da Fonoaudiologia.

Ao Cerejo Filho, uma pessoa muito especial na minha vida, que se

esforçou ao máximo para compreender minha ausência.

Aos amigos, Lívia Barra, Manoela Maneschy, Martina Mendonça,

Gutierry Nascimento, Heluza Sato, Maurício Toscano, Louise Couto, Anna

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Carolina Azevedo, Augusto Cezar, pela paciência, compreensão, dedicação,

demonstrações gratuitas de amizade e pelo conforto. Sem vocês eu não

conseguiria.

Às fonoaudiólogas Cristiane Guerreiro e Kellen Borges, pela amizade e

principalmente pelo espírito de trabalho em equipe.

Ao Dr. Francisco Palheta e Dra. Angélica Pezzin, grandes amigos,

responsáveis por momentos de paz e alegria.

Às amigas e sócias, Aurora Abreu e Roberta Rocha, que me

incentivaram a concluir esse trabalho, sempre torcendo pelo meu sucesso.

Às “pupilas” do Prof. Manoel: Christiane Menezes, Gisele Koury, Isabela

Klautau e Ivana Carneiro, por dividir as ansiedades e felicidades desse

momento tão importante de nossas vidas

À equipe de otorrinolaringologistas e residentes do Hospital Bettina Ferro

de Souza, que me permitiram compartilhar suas experiências e conhecimentos.

Aos funcionários do Hospital Bettina Ferro de Souza, Danielle Pinto,

Karen Quaresma, Helenice Cartagenes, Neila Gatti, por permitirem que o

desenvolvimento desse trabalho ocorresse em um ambiente muito agradável.

Aos funcionários da secretaria de pós-graduação em Neurociências e

Biologia Celular, sempre prestativos e competentes.

À bibliotecária, Alzira Rosa Almeida pela disponibilidade em realizar a

normalização deste trabalho, sempre me atendendo com presteza e muita

simpatia.

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“Dream on…and dream until your dream comes true”

(“Dream On”, Aerosmith)

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RESUMO

Objetivo: Analisar o efeito da estimulação gelada com ar a 10°C sobre o

nistagmo póscalórico em pacientes com vestibulopatias periféricas crônicas

que apresentam nistagmo espontâneo com olhos fechados. Método: A

influência do nistagmo espontâneo de olhos fechados sobre o nistagmo pós-

calórico às estimulações com ar a 42, 18 e 10°C foi avaliada em 35 pacientes.

Resultados: Preponderância direcional do nistagmo em valores acima da

normalidade (14,29%), predomínio labiríntico anormal (11,43%) e

preponderância direcional e predomínio labiríntico anormais (8,57%). Não

foram encontradas alterações de preponderância direcional e/ou predomínio

labiríntico em 16 casos (45,71%) e ocorreu a inversão da direção do nistagmo

em 7 casos (20,00%). O número de casos que apresentaram valores anormais

de preponderância direcional e/ou de predomínio labiríntico foi

significativamente maior do que o número de casos com valores normais

(p=0,00001). Nos casos com alteração de PL e PD a prova a 10°C apresentou

75% com valores de assimetria dentro do padrão de normalidade quando

comparados aos 25% com valores anormais de assimetria (p=0,0003).

Conclusão: A estimulação gelada com ar a 10°C possibilita retirar a influência

do nistagmo espontâneo de olhos fechados sobre o nistagmo pós-calórico,

confirmar hiporreflexia vestibular unilateral e identificar anormalidades não

evidenciadas à prova calórica com ar a 42 e 18°C, em pacientes com

vestibulopatias periféricas crônicas.

Palavras-chave: Nistagmo espontâneo de olhos fechados, Vectonistagmografia

computadorizada, prova calórica gelada.

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ABSTRACT

Purpose: To analyze the effect of air caloric stimulation at 10°C on the post

caloric responses in patients with chronic peripheral dysfunction who presented

spontaneous nystagmus with the eyes closed. Method: 35 patients with

spontaneous nystagmus with eyes closed were subjected to air caloric

stimulation at the temperatures of 42, 18 and 10°C. Results: In 35 patients

(14,29%) abnormal values of directional preponderance, 11,43% unilateral

hypoexcitability and 8,57% abnormal values observed of directional

preponderance and unilateral hypoexcitability were observed following the 42

and 18°C stimulations. Abnormalities in PL e PD were not found in 45,71%, and

abnormalities of the direction of the nistgmus were observed in 20% Much more

cases within abnormalities values were seen then within normal (p=0,00001).

For the 10°C stimulations asymmetry within normal limits was seen in 75% of

the patients, while abnormal values were seen in 25% (p=0.003). Conclusion:

In patients with chronic peripheral labyrinthine disorders who present

spontaneous nystagmus with the eyes closed the 10°C caloric test makes it

possible to remove the influence of the spontaneous nystagmus on the post-

caloric responses. It can also confirm vestibular hypoexcitability and can identify

other abnormal findings not revealed by the other stimulations.

Keywords: Spontaneous nistagmus, vectonistagmography, ice caloric test

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 -Labirinto Ósseo ...........................................................................

20

Figura 2 -Labirinto Membranoso………………………….............................

21

Figura 3 -Canais semicirculares..................................................................

23

Figura 4 -Crista ampular e ampola membranácea dos canais semi-circulares..................................................................................... 24

Figura 5 -Máculas do sáculo e do utrículo..................................................

27

Figura 6 -Manobra de Dix-Hallpike.............................................................

33

Figura 7 -Representação gráfica do registro do nistagmo horizontal, vertical e oblíquo.......................................................................... 35

Figura 8 -Registro da calibração dos movimentos oculares, observados à vectonistagmografia computadorizada........................................ 39

Figura 9 -Registro dos movimentos sacádicos, observados à vectonistagmografia computadorizada............................... 39

Figura 10

-Registro do nistagmo espontâneo de olhos abertos, observados à vectonistagmografia computadorizada................. 40

Figura 11

-Registro do nistagmo espontâneo de olhos fechados observados à vectonistagmografia computadorizada........ 41

Figura 12

-Registro da presença de nistagmo espontâneo de olhos fechados, do tipo horizontal para a esquerda, observados à vectonistagmografia computadorizada........................................ 41

Figura 13

-Registro do nistagmo semi-espontâneo, desvio do olhar p/ esquerda, observado à vectonistagmografia computadorizada......................................................................... 43

Figura 14

-Registro do nistagmo semi-espontâneo, desvio do olhar p/ direita, observado à vectonistagmografia computadorizada......................................................................... 43

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Figura 15

-Registro do nistagmo semi-espontâneo, desvio do olhar p/ cima, observado à vectonistagmografia computadorizada.......... 44

Figura 16

-Registro do nistagmo semi-espontâneo, desvio do olhar p/ baixo, observado à vectonistagmografia computadorizada......................................................................... 44

Figura 17

-Registro do rastreio pendular, observado à vectonistagmografia computadorizada........................................ 45

Figura 18

-Representação gráfica dos tipos de rastreio pendular................

46

Figura 19

-Registro do nistagmo optocinético p/ direita, observados à vectonistagmografia computadorizada........................................ 47

Figura 20

-Registro do nistagmo optocinético p/ esquerda, observados à vectonistagmografia computadorizada........................................ 47

Figura 21

-Registro da prova pendular decrescente observada à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 49

Figura 22

-Registro da prova pendular decrescente observada à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 50

Figura 23

-Registro da prova pendular decrescente observada à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 50

Figura 24

-Registro do nistagmo pré-calórico ausente observado à vectoonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 51

Figura 25

-Registro da presença de nistagmo pré-calórico, do tipo horizontal para esquerda, observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)............................................................................................. 52

Figura 26

-Registro do nistagmo pós-calórico quente observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 53

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Figura 27

-Registro do nistagmo pós-calórico quente observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 54

Figura 28

-Registro do nistagmo pós-calórico frio observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 54

Figura 29

-Registro do nistagmo pós-calórico frio observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).................................................................... 55

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição dos indivíduos quanto ao gênero............................

68

Gráfico 2 - Distribuição dos indivíduos quanto à faixa etária.......................

69

Gráfico 3 - Distribuição dos indivíduos quanto à direção do nistagmo espontâneo de olhos fechados.................................................... 70

Gráfico 4 - Distribuição dos indivíduos quanto à velocidade média da componente lenta dos nistagmos (VACL)................................... 71

Gráfico 5 - Distribuição dos indivíduos quanto à presença de nistagmo Pré-Calórico................................................................................. 71

Gráfico 6 - Distribuição dos indivíduos quanto ao resultado na prova calórica quente e fria................................................................... 72

Gráfico 7 - Distribuição dos indivíduos quanto ao tipo de influência do nistagmo na prova calórica quente e fria..................................... 73

Gráfico 8 - Distribuição dos indivíduos quanto ao resultado da prova calórica gelada............................................................................. 74

Gráfico 9 - Distribuição dos indivíduos quanto a alterações na preponderância direcional e predomínio labiríntico. 75

Gráfico 10 - Distribuição dos indivíduos quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada nos casos em que ocorreu influência do nistagmo espontâneo.................................................................. 76

Gráfico 11 - Distribuição dos indivíduos que não apresentaram alterações referentes a presença do nistagmo espontâneo na prova calórica, quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada.......................................................................................... 77

Gráfico 12 - Distribuição dos indivíduos que apresentaram inversão do nistagmo nas provas calóricas a 42º e 18º quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada............................................. 78

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS .................................................................................................... 19

2.1 GERAL ......................................................................................................... 19

2.2 ESPECÍFICOS.............................................................................................. 19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 20

3.1. ANATOMOFISOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR.................................... 20

3.1.1 Anatomia do sistema vestibular .............................................................. 20

3.1.1.1 Líquidos do labirinto ................................................................................ 22

3.1.1.2 Canais semicirculares ............................................................................. 22

3.1.2 Fisiologia do sistema vestibular .............................................................. 24

3.1.2.1 Reflexos envolvidos na estabilização da cabeça no espaço ................ 28

3.1.2.2 Reflexos vestibuloespinais ................................................................... 28

3.1.2.3 Reflexos cervicocervical ....................................................................... 29

3.1.2.4 Reflexos envolvidos na estabilização do olho no espaço ..................... 29

3.1.2.5 Reflexos Vestibuloculares (RVO) ......................................................... 29

3.1.2.6 Reflexo optocinético ............................................................................. 30

3.1.2.7 Reflexo cervicocular ............................................................................. 30

3. 2 O NISTAGMO ........................................................................................... 31

3.2.1 Nistagmo espontâneo ........................................................................... 32

3.3 EQUILIBRIOMETRIA ................................................................................. 33

3.3.1 Pesquisa dos nistagmos de posicão e de posicionamento .............. 36

3.3.2 Provas oculomotoras ............................................................................ 38

3.3.2.1 Calibração ............................................................................................ 38

3.3.2.2 Nistagmo espontâneo ........................................................................... 40

3.3.2.3 Nistagmo semi-espontâneo (direcional ou de fixação) ......................... 42

3.3.2.4 Rastreio pendular ................................................................................. 45

3.3.2.5 Nistagmo optocinético .......................................................................... 46

3.3.3 Provas rotatórias ................................................................................... 48

3.3.3.1 Prova rotatória pendular decrescente ................................................... 48

3.3.4 Prova calórica ........................................................................................ 51

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3.3.4.1 Nistagmo pré-estímulo calórico ............................................................ 51

3.3.4.2 Nistagmo pós-estímulo calórico............................................................ 52

3.3.5 Prova calórica gelada ............................................................................ 57 3.3.6 Interpretação dos resultados .............................................................. 59

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 61 5 RESULTADOS ................................................................................................ 68 6 DISCUSSÃO ................................................................................................... 79 7 CONCLUSÃO ................................................................................................. 82 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 84 BIBLIOGRAFIAS .............................................................................................. 88

APÊNDICE..............................................................................................................90

APÊNDICE A – QUADRO 1..............................................................................91 ANEXOS ............................................................................................................ 92

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 93

ANEXO B - PROTOCOLO DE ANAMNESE .................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

O equilíbrio corporal é mantido pela integração funcional de informações

dos sistemas proprioceptivo, visual e vestibular, processadas em centros

involuntários e automáticos do sistema nervoso central, principalmente no

tronco encefálico e cerebelo, e determinam os movimentos da cabeça,

pescoço, coluna vertebral, pernas, braços, olhos e todos os músculos do corpo,

além de reflexos oculares e espinais (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). O reflexo

vestíbulo-ocular (RVO) é o principal sistema de controle da posição do olhar

durante a movimentação transitória da cabeça para manutenção de um campo

visual estável e pode ser avaliado por meio do nistagmo (GANANÇA et al.,

1998; SHEPARD; TELIAN, 1999).

Os distúrbios do equilíbrio (tonturas não rotatórias e as vertigens -

tonturas rotatórias) são sintomas comuns em vestibulopatias periféricas ou

centrais. Normalmente a vertigem é acompanhada de sintomas

neurovegetativos tais como náuseas, vômitos, sudorese intensa e palidez. As

sensações de movimento ondulatório, oscilações, balanço do corpo, flutuações

também são relatados como tontura. Zumbidos, hipoacusia, sensação de

pressão na cabeça, hipersensibilidade a sons, impressão de desfalecimento,

quedas, cefaléia, escurecimento de visão, dificuldade de fixação ocular,

distúrbios do sono, dificuldade de concentração mental, perturbação da

memória, alucinações visuais, ansiedade, depressão e fobias, também podem

ser relatados pelo paciente com tontura. (GANANÇA; CAOVILLA, 1994).

A avaliação otoneurológica, que engloba a anamnese, a avaliação

audiológica e vestibular, permite caracterizar o funcionamento dos sistemas

auditivo e vestibular e suas relações com o sistema nervoso central. Tem como

objetivo também fornecer a localização das lesões a nível periférico (labirinto e

VIII par) e/ou central (núcleos, vias e inter-relação com o sistema nervoso

central) (MENON et al., 2000).

Atualmente a avaliação do sistema vestibular tem como seu principal

método de avaliação a vectoeletronistagmografia computadorizada, a qual

permite medir de forma mais precisa os parâmetros da função vestíbulo-

oculomotora, e apresenta maior sensitividade na identificação de sinais de

comprometimento vestibular (GANANÇA; CAOVILLA, 1994).

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A eletronistagmografia (ENG) e suas variantes, como a

vectoeletronistagmografia (VENG), captam por meio de eletrodos periorbitários,

a variação do potencial córneo-retinal durante a movimentação ocular

possibilitando o registro e avaliação do nistagmo espontâneo e outros

movimentos oculares tanto com os olhos abertos como fechados (CAOVILLA;

GANANÇA, 1998; GANANÇA et al., 2004).

O nistagmo é um movimento involuntário dos olhos, composto de uma

componente rápida e uma lenta que se sucedem de forma rítmica e alternada

em direções opostas. Para se definir a direção do nistagmo, é considerada, por

convenção, a direção da componente rápida do nistagmo. O topodiagnóstico

de uma lesão vestibular periférica ou central pode ser definido pela presença,

direção, intensidade e morfologia do nistagmo espontâneo de olhos abertos ou

fechados (HONRUBIA, 2002).

O nistagmo constitui o principal elemento semiológico da

vestibulometria, pode surgir no olhar frontal (nistagmo espontâneo), no desvio

do olhar para as laterais não superior a 30° (nistagmo semi-espontâneo), em

determinadas posições da cabeça (nistagmo de posicionamento) e ainda, à

diversas formas de estimulação visual (provas optocinéticas) ou vestibular

(provas calóricas e rotatórias). Pode ocorrer com os olhos abertos e/ou

fechados, porém em indivíduos normais, não deve ocorrer com os olhos

abertos (MANGABEIRA ALBERNAZ; GANANÇA, 1977). Indivíduos com função

vestibular dentro dos padrões de normalidade podem apresentar nistagmo

espontâneo de olhos fechados, desde que a velocidade angular da

componente lenta seja menor do que 7°/s (COATS, 1969). No entanto, valores

menores podem ocorrer em vestibulopatias periféricas (GANANÇA, 1999).

A prova calórica é um procedimento importante na avaliação funcional

labiríntica, é baseada no estabelecimento de um gradiente térmico no canal

semicircular lateral, e pode ser realizada por meio de estimulações com água

ou com ar. É o único teste que avalia cada labirinto separadamente o que nos

permite identificar o lado acometido, o tipo da lesão vestibular e, ainda,

caracterizar sua intensidade (GANANÇA et al., 2006). A prova calórica com

água é realizada a 44°C e a 30°C e com água mais fria a 20°C, nos pacientes

que não respondem às temperaturas convencionais (SCHMÄL et al., 2005). A

prova calórica com ar a 42°C e 18°C é mais utilizada na prática clínica pelo seu

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fácil manuseio e por ser mais bem tolerada pelo paciente do que a prova

calórica com água, além de poder ser realizada em doenças da orelha externa

e/ou média (GANANÇA, 1999).

A magnitude da resposta vestibular é determinada pela direção e

velocidade angular máxima da componente lenta do nistagmo pós-calórico.

(FURMAN; CASS, 1996).

O nistagmo espontâneo modifica a intensidade das respostas calóricas,

provocando uma preponderância direcional para o mesmo lado, com

intensidade inversamente proporcional à soma dos índices das respostas às

estimulações calóricas quentes e frias (TOUPET, 1982). O nistagmo

espontâneo seria somado à resposta calórica de mesma direção e subtraído da

resposta na direção oposta (BALOH; SILLS; HONRUBIA, 1977; BARBER;

STOCKWELL, 1980; JACOBSON; NEWMAN, 1993; JACOBSON; NEWMAN,

1997; BALOH, 1998). Porém, como a influência quantitativa do nistagmo

espontâneo sobre o nistagmo pós-calórico não costuma ser constante, a

interpretação dos cálculos de somação na direção oposta e de subtração na

mesma direção certamente ficaria prejudicada (MANGABEIRA ALBERNAZ et

al., 1983). O que, de acordo com, Honrubia (2002), poderia ser justificado pelo

fato da interação entre o nistagmo espontâneo e o nistagmo pós-calórico ser

não-linear e imprevisível.

Segundo Dayal et al. (1974); Toupet el al. (1981); Ganança (1999), o

nistagmo espontâneo e o nistagmo espontâneo na posição em que a prova

calórica é realizada, denominado nistagmo pré-calórico, podem interferir sobre

as respostas térmicas de mesma direção e de direção oposta, ocasionando

uma preponderância direcional.

A preponderância direcional do nistagmo pós-calórico geralmente reflete

o efeito de um nistagmo espontâneo ou está associada à hiporreflexia

vestibular unilateral ou bilateral (SHEPARD; TELIAN, 1996).

Uma estimulação mais intensa em ambos os ouvidos geralmente elimina

a influência dos fenômenos oculares espontâneos, permitindo melhor análise

dos resultados da prova calórica (MANGABEIRA ALBERNAZ et al., 1981).

A avaliação de predomínio labiríntico (PL) e preponderância direcional

do nistagmo (PDN) realizada através das fórmulas de Jongkees deixam a

desejar, principalmente quando há a presença de nistagmo espontâneo, e é

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preferível analisar e estabelecer visualmente a magnitude dos desvios

quantitativos, utilizando excitação mais intensa, a 10°C com ar e 18°C ou

próximo de 0°C com água (MANGABEIRA ALBERNAZ, GANANÇA;

CAOVILLA, 1982).

A prova calórica gelada deve ser realizada sempre que existam dúvidas

quanto à presença de respostas, devido à superposição com um nistagmo

espontâneo ou mesmo quando não há respostas às estimulações

convencionais, quente e fria (GANANÇA, 1999; MANSO et al., 2005).

Porém as provas calóricas quentes, frias e geladas com água podem

não ter efeito para retirar a influência de um nistagmo espontâneo (SHEPARD;

TELIAN 1996).

Frazza et al. (2005) descreveu dois pacientes com vestibulopatias

periféricas crônicas que apresentaram preponderância direcional à prova

calórica a 42 e 18°C, em um deles ocasionada por um nistagmo pré-calórico, e

em outro, por um nistagmo espontâneo. A prova calórica gelada com ar a 10°C

retirou a influência destes fenômenos oculares, evidenciando respostas do

nistagmo pós-calórico similares nos dois ouvidos.

Santos (2007) observou valores significativos de pacientes com

nistagmo espontâneo de olhos fechados apresentando valores anormais de

predomínio labiríntico e predomínio direcional do nistagmo observando também

valores significativamente maiores de assimetria quando utilizada a prova

calórica a 10°C.

A freqüente observação de nistagmo espontâneo de olhos fechados em

pacientes com vestibulopatias periféricas crônicas que apresentam

normorreflexia à prova calórica quente e/ou fria, ou mesmo em pacientes com

sinais de hiper ou hiporreflexia e /ou valores anormais de PL ou PDN, e a

escassez de informações específicas ou detalhadas na literatura nos

motivaram a procurar interpretar os resultados da prova calórica com ar nestes

pacientes e assim, verificar se a prova calórica gelada altera a conclusão do

exame, obtida até a prova calórica fria. A interpretação adequada dos

resultados da prova calórica auxilia significativamente no estabelecimento da

hipótese diagnóstica, orientação terapêutica e prognóstico de cada caso.

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2 OBJETIVOS

2. 1 GERAL

Observar se o nistagmo espontâneo ou nistagmo pré-calórico

influenciam nas respostas da prova calórica e verificar a eficácia da prova

calórica gelada na eliminação desta possível influência em pacientes com

vestibulopatias periféricas crônicas.

2.2 ESPECÍFICOS

a) Observar o tipo de influência que nistagmo espontâneo e/ou pré-

calórico exercem nos resultados obtidos prova calórica;

b) Caracterizar os achados de acordo com o topoadignóstico da

disfunção vestibular.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ANÁTOMOFISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR

3.1.1 Anatomia do sistema vestibular

A orelha interna ou labirinto é dividido em duas partes; labirinto ósseo e

labirinto membranoso, sendo este órgão responsável pela manutenção do

equilíbrio, visto que tem como função informar a posição do corpo e,

especialmente da cabeça, em relação ao espaço, além do controle da postura

e dos movimentos do corpo e olhos. (Bonaldi et al, 2004).

O labirinto ósseo consiste em espaços e sinais escavados na substância

óssea do osso temporal, revestidos por periósteo e preenchidos por perilinfa

(líquido rico em sódio), é constituído pelo vestíbulo e canais semicirculares e

contém em seu interior o labirinto membranáceo. (BONALDI et al,1998).

Figura 1: Labirinto Ósseo

Fonte: Bases Anatômicas e Fisiológicas da Audição e do Equilíbrio , 2004

O labirinto membranáceo é um sistema fechado de ductos que se

comunicam entre si, e são preenchidos por endolinfa (líquido rico em potássio).

É composto por duas vesículas, o utrículo e o sáculo, também chamados

de órgãos otolíticos, e pelos ductos semicirculares.

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O utrículo tem uma forma achatada, é maior e ocupa a parte superior do

vestíbulo, já o sáculo é menor se comparado ao utrículo e localiza-se na porção

inferior, próximo à cóclea. Tanto o utrículo quanto o sáculo possuem em seu

interior uma estrutura chamada mácula, um órgão sensorial que desempenha

um papel importante na determinação da orientação da cabeça quando a

pessoa esta ereta ou em decúbito. (BONALDI et al, 2004; SHEPARD; TELIAN,

1999).

As máculas apresentam células ciliadas sensoriais intercaladas por

células de sustentação. Cada mácula é recoberta por uma camada gelatinosa,

na qual estão mergulhados os otólitos, formações de carbonato de cálcio. As

células ciliadas projetam cílios para dentro da camada gelatinosa. O peso dos

otólitos inclinará os cílios em direção a força da gravidade. Estas estruturas são

responsáveis pela recepção dos estímulos vindos da aceleração linear do

corpo, além de fornecer a percepção da posição da cabeça e do corpo em

relação ao espaço. (SANTOS; RUSSO, 2005)

Figura 2: Labirinto Membranoso

Fonte: Bases Anatômicas e Fisiológicas da Audição e do Equilíbrio , 2004

3.1.1.1 Líquidos do labirinto

A endolilinfa é incolor, semelhante aos líquidos intracelulares (rica em

K+, e pobre em Na+, além de possuir glicose e proteínas) e preenche o

labirinto membranoso. Sua secreção é feita em algumas regiões do epitélio

labiríntico, especialmente na estria vascular.

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A perilinfa localiza-se entre o labirinto membranoso e o ósseo com

função de amortecer as vibrações ósseas. Sua composição é semelhante a do

líquido extracelular, sendo o Na+ o principal cátion e Cl- o principal ânion.

As concentrações iônicas da endolinfa e da perilinfa são importantes

para o funcionamento normal do aparelho vestibular visto que alterações nesse

conteúdo iônico podem ser responsáveis por patologias labirínticas. (BONALDI

et al, 2004)

3.1.1.2 Canais semicirculares

Os canais semicirculares são três de cada lado, denominados de

superior ou anterior, lateral ou horizontal e posterior ou frontal. Estão dispostos

perpendicularmente e formam um ângulo reto entre si, e representam todos os

três planos do espaço. (BONALDI et al, 1998).

Figura 3: Canais semicirculares

Fonte: Bases Anatômicas e Fisiológicas da Audição e do Equilíbrio , 2004

Os canais laterais fazem um ângulo de 30° com o plano horizontal,

quando a cabeça esta na posição ortostática. Sua ampola localiza-se na

porção anterior do canal e formam um par sinérgico entre si.

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O canal posterior e superiores estão em um plano vertical, formando um

ângulo de aproximadamente 45º com o plano sagital.

O canal superior de um lado faz par sinérgico com o canal posterior do

lado oposto.

Cada canal tem uma extremidade dilatada chamada de ampola.

Alojados nos canais semicirculares encontram-se os ductos semicirculares que

também possuem essa extremidade dilatada chamada ampola.

Cada ampola dos ductos semicirculares apresenta um espessamento da

parede cuja parte mais proeminente é chamada de crista ampular.

As cristas ocupam um terço do diâmetro das ampolas, e são formadas

por um pequeno conjunto de células de sustentação e células ciliadas

altamente diferenciadas. A crista é recoberta pela cúpula, uma estrutura

gelatinosa composta por mucopolissacarídeos, que se estende à parede

oposta da ampola e atua como um meio elástico que pode ser deformado pelo

movimento da endolinfa. (BONALDI et al., 1998).

Figura 4: Crista ampular e ampola membranácea dos canais semi-circulares Fonte: Bases Anatômicas e Fisiológicas da Audição e do Equilíbrio ,

2004

3.1.2 Fisiologia do sistema vestibular

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A manutenção do equilíbrio corporal no meio ambiente é determinada

pela integração funcional das informações provenientes das estruturas

sensoriais do sistema vestibular, visual e proprioceptivos, todos sob a

coordenação do cerebelo, que enviam um conjunto de informações

harmoniosas para serem processadas em centros automáticos e inconscientes,

desencadeando uma série de reflexos oculares e espinais de compensação

corporal, e que visam a estabilização do olhar e do corpo. (GANANÇA et al.,

1998).

Para a manutenção do equilíbrio o aparelho vestibular desempenha

algumas funções bem características como:

Capacidade de transformar as forças provocadas pela aceleração da

cabeça e da gravidade em um sinal biológico,

Informar os centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua

posição no espaço

Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da

cabeça e do corpo.

Além do aparelho vestibular periférico, o equilíbrio é também

determinado pelos olhos, com sua percepção das relações espaciais, pelos

interoceptores (músculos, tendões, articulações, vísceras) e pelos

esteroceptores da pele.

Como descrito anteriormente, os três canais semicirculares, o utrículo e

o sáculo formam o sistema vestibular que é o sistema de equilíbrio.

Bonaldi et al (2004), cita que o sistema vestibular, também chamado de

labirinto, é a parte não acústica do ouvido interno, sendo responsável, em

parte, pela origem de atividades reflexas em relação à orientação do corpo no

espaço durante o repouso e o movimento. O sistema vestibular detecta a posição e o movimento da cabeça no

espaço pela integração das informações dos receptores periféricos localizados

no ouvido interno.

As células sensórias do labirinto posterior transformam energia

mecânica que resulta dos movimentos ciliares em sinal biológico.

Os canais semicirculares são responsáveis pela mensuração de

acelerações angulares, causadas pela rotação da cabeça ou do corpo. Cada

ducto tem um máximo de sensibilidade ao movimento angular, em um eixo

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perpendicular à sua posição. Um movimento voltado para a máxima excitação

de um membro do par sinérgico, produz a máxima inibição do outro membro.

Como os movimentos rotatórios da cabeça não ocorrem apenas nos planos

exatos dos canais, mais de um par deve ser excitado concomitantemente pela

maioria dos movimentos. (BONALDI et al, 2004; SHEPARD; TELIAN, 1999).

Com o movimento rotatório da cabeça, há movimento uniforme da

endolinfa no sentido contrário, porém com velocidade igual ao do ducto

semicircular. Na parada da cabeça, a endolinfa, por inércia, continua a

deslocar-se no mesmo sentido. Isso resulta em pressão na cúpula que se

deflete e movimenta os cílios que nela penetram. (HAIN et al., 2002)

Nos canais superiores e posteriores o cinocílio localiza-se na

extremidade não utricular da ampola, e no canal lateral na extremidade

utricular. Todo esse arranjo estrutural desempenha papel importante na

fisiologia vestibular, pois permite que a célula ciliada reaja de maneira diferente

conforme a direção de movimentação dos cílios.

O movimento dos esteriocílios sobre cinocílio leva a despolarização da

célula ciliada, com aumento da liberação de neurotransmissores e, portanto,

aumento do estímulo da fibra aferente. Entretanto, a movimentação dos

cinocílios sobre os esteriocílios leva a hiperpolarização da célula, e com isso a

redução da liberação de neurotransmissores, e menor estímulo nas fibras

aferentes. (BONALDI et al, 2004; SHEPARD; TELIAN, 1999)

As correntes endolinfáticas nos ductos semicirculares podem ser

ampulípetas, que se dirige do arco do ducto para a ampola, ou ampulífugas,

que se dirige da ampola para o arco do ducto. Nos canais laterais as correntes

endolinfáticas ampulípetas flexionam os esteriocílios sobre o cinocílio, em

direção ao utrículo, causando conforme acima citado a despolarização elétrica

das células ciliadas e conseqüente excitação das neurofibrilas. Já as correntes

endolinfáticas ampulífugas flexionam o cinocílio em direção ao arco do canal e

acarretam hiperpolarização elétrica, com inibição das neurofibrilas. Nos canais

semicirculares superiores e posteriores verificam-se o contrário. (HAIN et al.,

2002).

O vestíbulo é responsável pela detecção de acelerações lineares,

produzidas pela gravidade ou pelos movimentos do corpo e pelo equilibro

estático do corpo no espaço.

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O vestíbulo é excitado pelo deslocamento da membrana otolítica sobre a

mácula, isto ocorre quando a cabeça e o corpo são deslocados seguindo uma

linha, como se deslocar para frente ou para trás (ex: carro, avião), ou para cima

e para baixo (ex: elevador). (BONALDI et al, 2004; SHEPARD; TELIAN, 1999)

Figura 5: Máculas do sáculo e do utrículo Fonte: Bases Anatômicas e Fisiológicas da Audição e do Equilíbrio,

2004

Esses movimentos geram um fenômeno de tração da membrana

otolítica sobre os cílios da mácula, ou ao contrário, geram um fenômeno de

pressão. Sua resposta seria semelhante à dos canais semicirculares. É

importante que as diferentes células pilosas estejam orientadas em todas as

direções possíveis nas máculas dos utrículos e dos sáculos, de modo que, em

diferentes posições da cabeça, diferentes células pilosas podem ser

estimuladas. Assim, a inclinação da cabeça em qualquer direção vai resultar

em despolarização de algumas células utriculares e hiperpolarização de outras.

(HAIN et al., 2002)

Esse sinal complexo fornece ao cérebro uma medida acurada da

posição da cabeça.

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3.1.2.1 Reflexos envolvidos na estabilização da cabeça no espaço

Como já citado anteriormente, o processo de recepção das informações

provenientes dos sistemas vestibular, visual e proprioceptivo, e o estímulo dos

receptores labirínticos desencadeia diferentes movimentos compensatórios

gerados por reflexos vestibuloespinhais e vestibuloculares responsáveis por

estabilizar a cabeça e o corpo frente a determinadas situações de movimento.

Os reflexos de direcionamento são originados nos órgãos maculares e

detectam a posição da cabeça em relação à gravidade. (HAIN et al., 2002).

Os reflexos de equilíbrio estático têm origem macular e corrigem a

posição da cabeça durante as mudanças de sua posição fundamental em

relação ao corpo, garantindo o ajuste do tônus da musculatura de sustentação

cervical e dos membros, tendendo a manter a cabeça em posição horizontal,

evitando quedas.

Os reflexos de equilíbrio dinâmico mantêm a sustentação cervical e

corporal durante as mudanças súbitas de orientação no espaço, ou durante os

deslocamentos corporais (equilíbrio cinético).

3.1.2.2 Reflexos vestibuloespinais

Os reflexos vestibulares atuam no pescoço (Reflexo Vestibulocervical) e

nos membros (Reflexo Vestibuloespinal) evocados por informações sensoriais

a partir dos órgãos otolíticos e dos canais semicirculares. São primariamente

estáticos e deflagrados por posicionamento da cabeça em diferentes

orientações em relação à gravidade. O Reflexo Vestibulocervical contrapõe

movimentos da cabeça, mantendo-a estável. De modo geral, estes reflexos

provocam deslocamento compensatório do segmento cefálico em sentido

oposto ao da rotação do corpo. O Reflexo Vestibuloespinal contrai e relaxa

músculos dos membros realizando, por exemplo, ações de defesa durante uma

queda, com objetivo de redução do impacto. (HAIN et al., 2002)

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3.1.2.3 Reflexos cervicocervical

A estabilização do olhar no espaço necessita da participação de

aferências proprioceptivas musculoarticulares estimuladas pela mudança de

orientação da cabeça em relação ao tronco. Estas informações provêm dos

receptores articulares da coluna vertebral e dos fascículos neuromusculares,

que são abundantes na musculatura cervical, e projetam-se, em sua maioria,

sobre os Núcleos Vestibulares, especialmente o Medial, Lateral e

Descendente. Assim, realizam a estabilização da cabeça em relação ao tronco

através da contração dos músculos cervicais com origem nos receptores

cervicais, diferenciando-se dos Reflexos Vestibulocervicais que têm origem no

labirinto posterior. (HAIN et al., 2002).

Portanto, considera-se que esta informação proprioceptiva funcione em

termos análogos a um “labirinto secundário” cervical.

3.1.2.4 Reflexos envolvidos na estabilização do olho no espaço

O sistema vestibular controla os movimentos oculares durante os

deslocamentos da cabeça através do Reflexo Vestibulocular (RVO). O sistema

visual estabiliza o olhar durante os deslocamentos do campo visual através do

Reflexo Optocinético e, por último, o sistema proprioceptivo musculoarticular,

estimulado pelo deslocamento da cabeça em relação ao tronco também

provoca um reflexo de estabilização do olhar através do Reflexo Cervicoocular.

(HAIN et al., 2002)

3.1.2.5 Reflexos Vestibuloculares (RVO)

Consiste em produzir um movimento compensatório ocular no sentido

oposto da movimentação da cabeça, cujo objetivo é manter uma visão

adequada do campo visual durante os deslocamentos da cabeça. (HAIN et al.,

2002)

São observados durante a rotação da cabeça, quando geram

movimentos compensatórios dos olhos compostos por um deslocamento lento

na direção oposta à da rotação da cabeça (Fase lenta ou vestibular) e

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movimentos sacádicos no sentido da rotação (Fase rápida ou central –

compensação). O conjunto destes movimentos compõe o nistagmo vestibular.

3.1.2.6 Reflexo optocinético

Permite a estabilização de imagens móveis do campo visual sobre a

retina. Pode ser observado quando a cena visual esta se movendo

continuamente diante dos olhos, tal como passagem de vagões do metrô e

tambor optocinético ou de Bárany. Este tipo de estímulo faz com que os olhos

se fixem em um ponto importante após o outro no campo visual, saltando de

um para o outro duas a três vezes por segundo. Estes saltos são chamados de

sácadas, assim, os movimentos oculares lentos na direção do deslocamento do

objeto são interrompidos por movimentos sacádicos no sentido oposto. O

conjunto destes movimentos caracteriza o Nistagmo Optocinético. (Ganança et

al., 1998).

3.1.2.7 Reflexo cervicocular

Recebe aferências proprioceptivas musculoarticulares cervicais. Tem

influência em movimentos oculares lentos, agindo sinergicamente com o RVO.

Considerado isoladamente, tem papel pouco importante na estabilização do

olhar. (HAIN et al., 2002).

3. 2 O NISTAGMO

O nistagmo é o principal elemento semiológico do labirinto. Ele se

origina em virtude de um desequilíbrio de informações aferentes dos labirintos.

O nistagmo vestibular é bifásico, involuntário, composto por uma componente

lenta e outra rápida que se sucedem de forma rítmica e alternada. A

componente lenta se origina no órgão vestibular periférico e a rápida no tronco

cerebral entre os núcleos oculomotores do III par e os núcleos vestibulares com

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mediação pelo sistema reticular. Para se definir a direção do nistagmo, é

considerada, por convenção, a direção da componente rápida do nistagmo.

(HONRUBIA, 2002)

De acordo com a origem podemos encontrar os seguintes nistagmos:

Fisiológico: encontrado nas posições extremas do olhar.

Mutans: pode aparecer no recém-nascido entre o 4° e o 18° mês de

vida e desaparece dentro de um ano. Sua causa não é conhecida.

De fixação: pode ser de três tipos:

- Amblióptico (pessoas com pouca visão)

- Congênito (aparece com a fixação e se acentua com o desvio

ocular diminuindo com o fechar dos olhos)

- Adquirido (são centrais e a lesão é no cerebelo ou no tronco

cerebral).

optocinético: induzido por um estímulo óptico em movimento

Vestibular: é o que se origina no órgão vestibular, nas vias e núcleos

vestibulares, tronco, cerebelo e até no diencéfalo. É bifásico composto

por fases lenta e rápida que, acredita-se, originar-se respectivamente no

órgão vestibular e central. A componente lenta é a que desloca o olho da

posição central e a componente rápida o traz de volta.

3.2.1 Nistagmo espontâneo

O nistagmo espontâneo é pesquisado com o paciente sentado e imóvel,

com os olhos centralizados e a cabeça reta, pode-se utilizar as Lentes de

Frenzel que ampliam a imagem do olho, o que facilita a sua visualização, além

de impedir fixação do olhar para que os nistagmos de origem periférica não

sejam inibidos. Sua presença sempre é patológica sendo que o nistagmo de

origem central na maioria das vezes não se altera com o uso destas lentes.

Deve-se observar a direção do nistagmo, suas alterações com a

mudança do olhar ou da posição da cabeça e a dissociação entre o nistagmo

em cada olho, pois o topodiagnóstico de uma lesão vestibular periférica ou

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central pode ser definido pela presença, direção, intensidade e morfologia do

nistagmo espontâneo de olhos abertos ou fechados (HONRUBIA, 2002). Por

exemplo, o nistagmo horizontal com a velocidade e direção constante, inibidos

com a fixação do olhar, são comumente encontrados em pacientes com

distúrbios vestibulares periféricos, já o nistagmo vertical ou em múltiplas

direções, com velocidade variável e não inibível com a fixação do olhar é

sugestivo de patologias centrais.

Também com a finalidade de observar a presença e direção do

nistagmo, pode-se lançar mão de manobras posicionais que também são

importantes para desencadeamento e observação do nistagmo.

Um exemplo clássico de manobra posicional é a Manobra de Dix-

Hallpike, teste este proposto por Hallpike (1952) para nistagmos posicionais e

utilizado de forma específica na identificação da VPPB.

O paciente é colocado sentado inicialmente, em seguida é posto

rapidamente em decúbito dorsal horizontal (DDH), com a cabeça pendente na

superfície (posição de Rose), ao mesmo tempo em que a cabeça é girada 45°

para o lado. É mantido nesta posição por 10 a 15 segundos, observando-se o

aparecimento de nistagmo. Então o paciente volta para aposição sentada e

repete-se a manobra para o lado oposto.

Figura 6 : Manobra de Dix-Hallpike Fonte: www.dizziness-and-balance.com/treatment/image

A prova é positiva se aparecer nistagmo com os olhos abertos,

acompanhados de vertigem.

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Os pacientes com vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)

desencadeiam o nistagmo durante a realização da prova e, na sua maioria,

tendo lesão vestibular unilateral, apresentam um nistagmo ao girar a cabeça

para o lado lesado. Este nistagmo geralmente é paroxístico, fatigável e tem

latência, ocorrendo em crescendo-decrescendo, normalmente geotrópico (bate

em direção ao chão), e é acompanhado de vertigem devido ao envolvimento de

canal semicircular posterior. (GANANÇA et al 2000).

3.3 EQUILIBRIOMETRIA

A equilibriometria é também conhecida como vestibulometria ou exame

vestibular, é baseada em testes vestibuloespinhais que avaliam o equilíbrio

estático e dinâmico e em testes vestibuloculares que estudam o reflexo

vestibulocular (RVO). (GANANÇA et al, 1998)

O elemento principal dessa avaliação é o nistagmo, e a gravação deste

fenômeno ocular é vantajosa em relação à simples observação clínica dos

olhos, pois possibilita a comparação do que ocorre de olhos abertos e com os

olhos fechados, além de possibilitar a mensuração adequada dos valores dos

parâmetros que aferem a função vestibular como: a velocidade da componente

lenta do nistagmo, e velocidade, ganho e precisão dos movimentos

oculomotores.

Dentro da equilibriometria existem três métodos distintos de registro

dessas informações, são eles: vídeonistagmografia, eletonistagmografia e

vectonistagmografia.

A videonistagmografia (VNG) permite a observação e o registro do

nistagmo através de uma espécie de óculos contendo várias microcâmeras. Os

olhos são iluminados por uma luz de comprimento de onda próximo ao infra-

vermelho que não é visível ao paciente, mas permite que as microcâmeras

presentes nos óculos captem imagens dos olhos do pacientes e projetem-nas

nos monitores de vídeo. Assim pode ser avaliado e registrado o nistagmo

espontâneo, nistagmos posicionais, a prova calórica, movimentos oculomotores

de perseguição, sacádicos e nistagmo semi-espontâneo. (GANANÇA et al,

1998).

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A videonistagmografia (VNG) apresenta como vantagens: a eliminação

dos artefatos decorrentes da colocação de eletrodos, a não necessidade de

calibração, nistagmos verticais podem ser identificados facilmente, nistagmos

torcionais podem ser visualizados e registrados sem supressão pela fixação e

movimentos oculares desconjugados são mais facilmente identificados. Como

desvantagens ressaltam-se o alto custo e a necessidade do uso de óculos.

A eletronistagmografia (ENG) e suas variantes, como a

vectoeletronistagmografia (VENG) são os testes mais freqüentemente

utilizados para avaliar pacientes com queixa de tontura.

É um exame relativamente simples, não invasivo, que permite a

captação, por meio de eletrodos periorbitários, a variação do potencial córneo-

retinal, onde a córnea é o pólo positivo e a retina o pólo negativo, durante a

movimentação ocular possibilitando o registro e avaliação do nistagmo

espontâneo e outros movimentos oculares tanto com os olhos abertos como

fechados (CAOVILLA; GANANÇA, 1998; GANANÇA et al., 2004).

O eletronistagmógrafo é constituído basicamente por eletrodos que

captam a diferença desse potencial, um amplificador capaz de ampliar em dez

vezes os potenciais registrados, podendo ser de corrente contínua ou alternada

e o registrador em geral, que pode ser analógico ou computadorizado.

Vários tipos de eletrodos foram testados para a captação dos potenciais

córneo-retinianos, porém os mais utilizados são os de superfície, estes são

posicionados da seguinte forma: três ativos (externamente posicionados na

rima de cada olho e no vértix) e um eletrodo terra (na glabela).

A eletronistagmografia é capaz de registrar apenas movimentos oculares

horizontais, já a vectonistagmografia, com os três canais ativos de registro, é

capaz de realizar a análise simultânea de movimentos oculares horizontais,

verticais e oblíquos.

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Figura 7: Representação gráfica do registro do nistagmo horizontal, vertical e

oblíquo á vectonistagmografia.

Para a realização deste teste é necessário que o indivíduo preencha

alguns pré-requisitos como: ter acuidade visual suficiente; integridade do

sistema vestíbulo-ocular para que o indivíduo seja capaz de seguir objetos com

o olhar (movimentos de rastreio), de alternar o olhar rapidamente de um ponto

para o outro (movimentos sacádicos), não possuir patologias como paralisias

oculares que levem a movimentos oculares desconjugados e principalmente ter

a capacidade de compreensão intelectual quanto às fases do exame.

As limitações estão relacionadas ao fato de os resultados obtidos

refletirem apenas uma parte do sistema de equilíbrio, principalmente o reflexo

vestibulocular e não avaliar o trato vestíbulo-espinhal, que também representa

importante papel na manutenção do equilíbrio. (GANANÇA et al, 1998).

A estimulação dos órgãos vestibulares periféricos, por alteração da

temperatura ou por aceleração da cabeça e do corpo em provas rotatórias,

limita-se aos canais semicirculares horizontais a ao ramo superior do nervo

vestibular. Os outros canais semicirculares, órgãos otolíticos e ramos inferiores

dos nervos vestibulares não são estimulados diretamente com as técnicas de

rotina.

Outra desvantagem é a sensibilidade de registro dos movimentos

oculares, uma vez que são captados apenas movimentos maiores que 1°. Na

prática isto não é significante, pois os nistagmos clinicamente importantes são,

geralmente, maiores que 1°. É interessante, no entanto, que o examinador

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sempre acompanhe os movimentos oculares do paciente durante o exame para

que os nistagmos menores não registráveis possam ser notados.

Dentre as inúmeras vantagens deste teste ressaltamos a possibilidade

de registrar e medir o nistagmos, permitindo uma avaliação mais objetiva, além

da realização de testes seriados para acompanhar evolução do paciente, pode

ser realizado com os olhos fechados ou abertos, sendo capaz de estudar os

efeitos da fixação ocular sobre o nistagmo e permite o estudo da intensidade

do nistagmo em relação à intensidade do estímulo.

3.3.1 Pesquisa dos nistagmos de posicão e de posicionamento

A primeira etapa da equilibriometria consiste na pesquisa do nistagmo

de posição e de posicionamento

O nistagmo de posição aparece quando o indivíduo muda a cabeça e

posição em relação ao espaço. Pode estar presente nos indivíduos normais,

porém somente com olhos fechados. A existência de nistagmo posicional

nítido, com freqüência e velocidades razoáveis, sempre indica patologia

(central ou periférica).

A causa do nistagmo posicional pode ser relacionada com a

sensibilidade dos órgãos otolíticos às mudanças gravitacionais causadas pela

movimentação da cabeça.

O objetivo do teste de nistagmo de posição é verificar se alterações na

posição da cabeça causam nistagmo ou modificam as características de

nistagmos já presentes.

O paciente é colocado em diversas posições, mantendo os olhos

fechados, para suprimir o efeito de fixação ocular.

- Decúbito lateral (esquerdo/direito): o paciente é posicionado do decúbito

dorsal horizontal (DDH) para o decúbito lateral esquerdo ou direito (DLE/DLD),

de forma a rodar sua cabeça junto com o resto o corpo, a fim de evitar

estimulação por torção cervical. O registro é feito durante 30 segundos com os

olhos fechados e, a seguir, por 10 segundos com abertura ocular. Testa o

nistagmo posicional (estímulo sobre o canal semicircular lateral).

- Posição de Rose: paciente em DDH, com a cabeça pendente fora da maca.

- Posição Sentada: do DDH, passa-se à posição sentada rapidamente.

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Os nistagmos de posição devem ser avaliados quanto à presença ou

ausência, latência, duração e direção.

Quando de origem periférica, os nistagmos posicionais apresentam

algumas características como: latência (até 60 segundos), direção fixa com

mudança da cabeça, fatigabilidade e associação com vertigem, o que não

acontece nas lesões centrais.

Anormalidades do sistema visual raramente causam nistagmos

posicionais e, quando presentes, se manifestam de maneira mais intensa com

a abertura ocular.

A pesquisa do nistagmo de posicionamento já foi descrita na forma de

sua manobra mais utilizada, a Manobra de Dix-Hallpike.

Após a realização da pesquisa do nistagmo posicional e de posição

inicia-se a parte do exame que avalia os movimentos oculomotores, onde

aspectos como velocidade, precisão e ganho são registrados e analisados de

forma computadorizada.

3.3.2 Provas oculomotoras

3.3.2.1 Calibração

A primeira prova oculomotora a ser realizada é a calibração, prova

imprescindível para que todos os traçados sejam realizados nas mesmas

condições. Consiste na observação de um ponto luminoso, localizado a frente

do indivíduo, onde ele é orientado a alternar o olhar de um ponto para o outro,

executando um desvio com os olhos de aproximadamente 10 º. (GANANÇA et

al 1998)

O fundamento da calibração é o conhecimento de que o cérebro procura

manter os objetos alvo na mácula da retina. Esta procura pelo objeto se dá

através de dois tipos de movimento ocular: o sacádico, que procura e o de

perseguição, que acompanha o deslocamento do objeto.

Na calibração, são observados os movimentos sacádicos e na prova

pendular, os de perseguição.

Os movimentos sacádicos são movimentos rápidos dos olhos em

resposta ao aparecimento de alvos no campo visual. Têm a função de

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redirecionar os olhos de um alvo para outro, além de adequar a fixação do

olhar, corrigindo os erros de posicionamento do alvo sobre a retina, deslocando

o objeto da maneira mais rápida possível ate a fóvea.

Figura 8: Registro da calibração dos movimentos oculares, observados à

vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

Em indivíduos normais, os movimentos sacádicos se manifestam como

movimentos oculares rápidos e precisos, sendo o seu registro uma onda de

aspecto regular e constante.

Figura 9: Registro dos movimentos sacádicos, observados à vectonistagmografia

computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

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3.3.2.2 Nistagmo espontâneo

É o nistagmo observado sem que nenhum estímulo externo seja

oferecido, e é considerado normal até 7º/s.

O paciente é orientado a olhar fixamente para um ponto luminoso

localizado á sua frente, a gravação então é realizada com os olhos abertos e

em seguida fechados durante 20 segundos.

Figura 10: Registro do nistagmo espontâneo de olhos abertos e olhos

fechados,observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

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Figura 11: Registro da pesquisa nistagmo espontâneo de olhos fechados,

observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Figura 12: Registro da presença nistagmo espontâneo de olhos fechados horizontal

para esquerda, observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Se o nistagmo aparecer com os olhos fechados e desaparecer com a

abertura ocular, provavelmente a origem deste nistagmo é periférica. No

entanto, se aparecer somente com os olhos abertos, é de origem central.

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Quanto à direção, os nistagmos horizontais e oblíquos são geralmente

periféricos e os verticais, centrais.

Na fase aguda de lesões deficitárias periféricas, o nistagmo espontâneo

é em direção ao lado oposto à lesão, diminuindo progressivamente até

desaparecer. Nas lesões periféricas agudas irritativas (neuronite vestibular,

hidropsia na fase aguda) o nistagmo costuma ser para o lado lesado. Com o

tempo, em ambos casos, podem ocorrer inversão do sentido do nistagmo,

indicando a compensação central.

3.3.2.3 Nistagmo semi-espontâneo (direcional ou de fixação)

É o nistagmo observado no desvio do olhar para a direita, para a

esquerda, para cima e para baixo, sem ultrapassar 30º de desvio da linha

média.

A pesquisa do nistagmo semi-espontâneo tem especial importância, pois

apenas a observação de suas características permite identificar e localizar uma

lesão central por exemplo: a presença de nistagmo vertical para baixo reflete

as lesões baixas de tronco cerebral.

O nistagmo semi-espontâneo é testado solicitando-se ao paciente que

fixe durante 10 segundos, com o olhar pontos luminosos projetados na barra de

Leds, posicionada a 1m de distância do indivíduo, provocando desvios de até

30° (para não desencadear nistagmos fisiológicos). São realizados movimentos

para a direita, esquerda, para cima e para baixo.

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Figura 13: Registro do nistagmo semi-espontâneo, desvio do olhar p/ esquerda, observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

Figura 14: Registro do nistagmo semi-espontâneo de olhos abertos, observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

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Figura 15: Registro do nistagmo semi-espontâneo de olhos abertos, observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

Figura 16: Registro do nistagmo semi-espontâneo de olhos abertos, observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

A presença de nistagmo semi-espontâneo é sempre patológica,

resultante de lesões centrais ou periféricas.

3.3.2.4 Rastreio pendular

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Assim como os movimentos sacádicos, o movimento de rastreio ou

perseguição é usado como mecanismo para manter a imagem do objeto sobre

a fóvea.

É pesquisado por meio do acompanhamento visual do movimento

sinusoidal de um ponto luminoso nas freqüências de 0,1Hz, 0,2Hz e 0,4 Hz,

sendo avaliados o tipo e o ganho do movimento ocular.

O registro é uma curva sinusoidal que pode ser classificada, segundo

Ganaça et al 1998, em:

Tipo I: sinusóide e sem entalhes. É considerado normal;

Tipo II: entalhes em alguns batimentos. Pode ser considerado normal ou

indicar lesão periférica.

Tipo III: movimentos sacádicos substituem o rastreio (morfologia em

escada) ou muitos nistagmos superpõem a curva (morfologia em serra).

Tipo IV: traçados desorganizados, anárquicos.

Figura 17: Registro do rastreio pendular observado à vectonistagmografia

computadorizada.(Neurograff Eletromedicina Ltda)

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Figura 18: Representação gráfica dos tipos de Rastreio Pendular.

A curva do exame pendular pode ser modificada por lesões da musculatura

ocular extrínseca, desatenção do paciente, intoxicação por drogas ou na fase

aguda das labirintopatias periféricas.

3.3.2.5 Nistagmo optocinético

É o nistagmo induzido por estímulos contínuos e com velocidade

constante. É pesquisado durante o acompanhamento visual de um ponto

luminoso em movimento, com direção fixa para um lado e depois para o outro,

à velocidade de 10°/s para que assim o ganho e a velocidade do nistagmo

optocinético sejam medidos.

É patológico quando observamos assimetria, a diminuição ou ausência

de respostas em um lado (lesões no hemisfério cerebelar ou tronco).

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Figura 19: Registro do nistagmo optocinético observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

Figura 20: Registro do nistagmo optocinético observados à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda)

3.3.3 Provas rotatórias

3.3.3.1 Prova rotatória pendular decrescente

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Os canais semicirculares têm propriedade para perceber movimentos de

rotação da cabeça aceleração angular. Esta propriedade pode ser avaliada

através das Provas Rotatórias. As provas rotatórias baseiam-se no princípio da inércia: quando um

canal semicircular é estimulado por estímulo rotatório e cessa-se bruscamente

este estímulo, a endolinfa desloca-se por inércia, no sentido da rotação,

deslocando a cúpula. O estímulo da cúpula chega aos núcleos vestibulares,

provocando nistagmo e vertigem. Ao submetermos os canais a rotações com

velocidades variáveis, acelerando e desacelerando, a cúpula sofrerá deflexões

proporcionais à intensidade dos estímulos variáveis, acelerando e

desacelerando, a cúpula sofrerá deflexões proporcionais à intensidade dos

estímulos.

Estas provas permitem a observação da relação quantitativa entre os

estímulos e as respostas nistágmicas, dando informações de como o SNC é

capaz de integrar o sistema visual e o vestibular

Atualmente, a prova mais realizada é aquela que utiliza estímulos

decrescentes denominada Prova Rotatória Pendular Decrescente (PRPD).

Nesta prova o paciente permanece sentado, com os olhos fechados e a

cabeça inclinada 30° para diante, na estimulação dos canais semicirculares

laterais. Na estimulação dos canais semicirculares verticais, a cabeça é fletida

60° para trás e 45º para o lado direito, e posteriormente, 60° para trás e 45°

para o lado esquerdo. A cadeira é deslocada 90° do centro e liberada,

realizando um movimento pendular periódico de amplitude decrescente. O

nistagmo per-rotatório desencadeado é então avaliado por meio da medida da

velocidade de sua componente lenta.

É importante também a pesquisa da presença de nistagmo pré-rotatório

e sua possível influência nos resultados da prova.

Neste teste, segundo Bonaldi et al (2004), a cúpula se comporta como

um pêndulo de torção frente aos deslocamentos da endolinfa.

O deslocamento da cadeira para o sentido anti-horário provoca nistagmo

para a esquerda, enquanto que o sentido horário provoca nistagmo para a

direita.

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Figura 21: Registro da prova pendular decrescente observada à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Figura 22: Registro da prova pendular decrescente observada à

vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

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Figura 23: Registro da prova pendular decrescente observada à vectonistagmografia

computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Analisa-se a simetria das respostas. Se as respostas são simétricas, o

exame é normal. As respostas assimétricas são patológicas.

3.3.4 Prova calórica

3.3.4.1 Nistagmo pré-estímulo calórico

É pesquisado por alguns segundos, antes de ser dado início á prova

calórica. O paciente permanece de olhos fechados e é oferecida uma atividade

mental para que não ocorra inibição cortical do nistagmo. Vertigem, direção e

velocidade da componente lenta do nistagmo pré-calórico são analisadas.

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Figura 24: Registro do nistagmo pré-calórico ausente observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Figura 25: Registro da presença de nistagmo pré-calórico, do tipo horizontal para esquerda, observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

3.3.4.2 Nistagmo pós-estímulo calórico

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A prova calórica é a prova mais importante da avaliação da função

labiríntica, de utilização obrigatória, pois é a única que permite estimular

separadamente cada canal semicircular lateral.

Trata-se de um procedimento simples e não fisiológico de estimulação

térmica dos canais semicirculares laterais o que gera um fluxo endolinfático no

canal semicircular lateral, devido ao gradiente de temperatura entre as porções

lateral e medial dos canais laterais.

A teoria mais aceita como explicação da estimulação térmica do labirinto

é dada por pela Teoria Hidrodinâmica de Bárany, que mostra a formação de

correntes de convecção dentro do labirinto membranoso durante a estimulação

térmica. Com o aquecimento do CAE, a endolinfa da região, mas lateral do

canal semicircular lateral vai sofrer elevação da temperatura, com conseqüente

diminuição da densidade e aumento do volume. Assim, a endolinfa aquecida

sobe a endolinfa mais distante (mais fria), desce, criando uma corrente de

convecção. Na estimulação pelo frio, é o oposto. (JONKEES, 1948)

Com estímulo quente, aparecerá uma corrente ascendente em direção à

ampola (ampulípeta), deslocando a cúpula no sentido do utrículo,

desencadeando um batimento nistagmo para a orelha estimulada.

Com o estímulo do frio, ocorre uma corrente ampulífuga,

desencadeando um batimento do nistagmo em direção contrária ao ouvido

estimulado.

A estimulação térmica é realizada em cada ouvido separadamente, com

ar a 42°C, 18°C e 10°C, durante 80 segundos, respeitando um intervalo de três

minutos entre uma estimulação. Perguntas simples são encaminhadas evitar a

inibição cortical da resposta calórica. Vertigem, direção e velocidade da

componente lenta do nistagmo pós-calórico são analisadas com os olhos

fechados e com os olhos abertos, para avaliar o efeito inibidor à fixação visual.

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Figura 26: Registro do nistagmo pós-calórico quente observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Figura 27: Registro do nistagmo pós-calórico quente observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

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Figura 28: Registro do nistagmo pós-calórico frio observado à vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

Figura 29: Registro do nistagmo pós-calórico frio observado à

vectonistagmografia computadorizada. (Neurograff Eletromedicina Ltda).

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O limite da normalidade considerado na prova calórica com ar a 18°C e

42°C, é de 2°/s a 19°/s para os valores de velocidade da componente lenta, o

predomínio labiríntico até 33,0% e a preponderância direcional até 22,0%

(GANANÇA et al., 2000). Estes valores são calculados automaticamente pela

fórmula de Jongkees (JONGKEES; PHILIPSZOON, 1964). Na prova calórica

com ar a 10°C, valores de velocidade da componente lenta acima de 10°/s e

assimetria das respostas até 30,0% são considerados normais (CAOVILLA;

GANANÇA; MANGABEIRA ALBERNAZ, 1982).

A hiporreflexia e a preponderância direcional são calculadas com base

nas fórmulas elaboradas por Jongkees; Phillipszoon (1964), para os valores da

velocidade da componente lenta do nistagmo pós-calórico nas quatro

estimulações. No cálculo porcentual das assimetrias, os valores da velocidade

dos batimentos para a direita são assinalados como número negativo e os

valores da velocidade dos batimentos para a esquerda são assinalados como

número positivo, sendo utilizados diante da presença de nistagmo espontâneo

(SHEPARD; TELIAN, 1996).

Predomínio Labiríntico (PL): é um índice utilizado pra avaliar as respostas de

um labirinto em relação a outro. É calculado pela fórmula: Hiporreflexia

(18º D - 42ºD) - (18ºE - 42ºE) ___________________________ X 100

(18º D + 42ºE - 18ºE - 42ºD)

Preponderância Direcional (PD): relação da diferença entre nistagmos para

direita e para esquerda, sobre a soma de todos nistagmos. É calculado por:

Preponderância direcional

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(-18ºE – 42ºD) – (-18ºD + 42ºE) ___________________________ X 100

(18º D + 42ºE - 18ºE - 42ºD)

em que:

18º D: valor da velocidade da componente lenta a 18ºC no ouvido direito;

42º E: valor da velocidade da componente lenta a 42ºC no ouvido esquerdo;

18º E: valor da velocidade da componente lenta a 18ºC no ouvido esquerdo;

42º D: valor da velocidade da componente lenta a 42ºC no ouvido direito;

Em indivíduos normais, as respostas a estímulos calóricos são

simétricas de um lado para outro. O predomínio labiríntico é considerado

normal até 33,0% e a preponderância direcional até 22,0% (GANANÇA et al.,

2000).

A presença de PL > 33% sugere que:

A lesão localiza-se no labirinto oposto (labirinto oposto hipofuncionante);

Nas síndromes vestibulares periféricas é comum a presença de uma

hiporreflexia do lado afetado;

Não progressão do impulso através do VIII par;

Não progressão do impulso entre os núcleos vestibulares e

oculomotores.

A PD alterada ocorre como conseqüência de uma lesão nos elementos

que influem no tônus vestibular de um dos lados, levando a uma “facilitação”

para o nistagmo. O tônus vestibular resulta do equilíbrio entre impulsos

facilitadores (provenientes da mácula do utrículo) e inibidores (cerebelo).

Quando os impulsos facilitadores (utrículo) estão comprometidos, o

nistagmo gerado bate para o lado oposto à lesão.

Se a lesão envolver os impulsos inibidores (cerebelo), que é raro, o

nistagmo bate para o mesmo lado da lesão.

Na arreflexia não há resposta à estimulação calórica em vigência de

lesão completa do sistema periférico. É a expressão máxima da PL.

3.3.5 Prova calórica gelada

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O princípio da prova calórica gelada é o mesmo das estimulações

calóricas em outras temperaturas, ou seja, baseia-se na criação de variação

térmica no conduto auditivo externo que, alcançando o canal semicircular

lateral, através da mudança na temperatura do ouvido médio, modifica a

densidade da endolinfa nele contida e provoca correntes endolinfáticas, que

estimulam as células sensoriais localizadas na crista ampular.

Na prática clínica a utilização da prova calórica gelada,

historicamente foi aceita nos casos de arreflexia, ou seja, reservava-se

essa técnica para casos de pacientes que não apresentavam respostas

após as estimulações calóricas com água ou com ar nas temperaturas de

30ºC (água fria)/ 18ºC (ar frio) e 44°C( água quente)/ 42ºC (ar quente).

Desta forma, ao avaliar-se a resposta em temperaturas mais baixas, fazia-

se uma aproximação qualitativa, isto é, observa-se apenas a presença ou

ausência do nistagmo e a simetria entre a irrigação em ambos os lados.

Porém o fato das provas rotatórias também serem capazes de detectar a

falência bilateral, fez com que a prova calórica com gelo caísse em desuso

nesses casos.

Ganança et al., 1999; Manso et al., 2005 preconizam que a prova

calórica gelada deve ser realizada sempre que existam dúvidas quanto à

presença de respostas, devido à superposição com um nistagmo espontâneo

ou mesmo quando não há respostas às estimulações convencionais, quente e

fria.

Shepard; Telian, (1996), porém ressaltam, que as provas calóricas

quentes, frias e geladas com água podem não ter efeito para retirar a influência

de um nistagmo espontâneo.

Frazza et al. (2005) descreveu dois pacientes com vestibulopatias

periféricas crônicas que apresentaram preponderância direcional à prova

calórica a 42 e 18°C, em um deles ocasionada por um nistagmo pré-calórico, e

em outro, por um nistagmo espontâneo. A prova calórica gelada com ar a 10°C

retirou a influência destes fenômenos oculares, evidenciando respostas do

nistagmo pós-calórico similares nos dois ouvidos.

Santos (2007) descreveu em sua pesquisa, que o uso da prova calórica

gelada pode auxiliar na retirada da influência causada pelo nistagmo

espontâneo de olhos fechados no registro da vectonistagmografia

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computadorizada, provando que muitas vezes o exame é concluído de forma

errônea quando finalizado com apenas as estimulações tradicionais quente e

fria), uma vez que observou em sua casuísica valores significativos de

pacientes com nistagmo espontâneo de olhos fechados apresentando valores

anormais de predomínio labiríntico e predomínio direcional do nistagmo

observando também valores significativamente maiores de assimetria dentro do

padrão de normalidade quando utilizada a prova calórica a 10°C.

3.3.6 Interpretação dos resultados

A estimulação calórica parte do princípio de que labirintos normais

tendem a resposta calórica simétrica e mensurável dentro de uma faixa de

normalidade previamente conhecida. Logo, a assimetria de resposta estaria

relacionada a doenças atuais ou pregressas (RIESCO-MACCLURE, 1964).

A ausência ou redução da resposta indicaria deficiência de função

vestibular periférica, valores aumentados estariam relacionados à

hiperfunção de um dos lados, seja por patologia localizada nesse lado

hiperfuncionante, seja por uma necessidade de compensação do lado

oposto hipofuncionante (EVIATAR; WASSERTHEIL, 1971). Nesse contexto,

a interpretação da prova calórica deve considerar a análise comparativa de

um lado em relação ao outro e a análise dos valores absolutos.

Na análise comparativa, investiga-se se há assimetria na resposta

calórica e o que pode provocar um Predomínio Labiríntico (PL) ou

Predomínio Direcional do Nistagmo (PDN).

Na análise dos valores absolutos, interessa avaliar se os valores

estariam abaixo ou acima da faixa de normalidade. Esse dado cresce em

importância quando a PL e PDN estiverem normais, porém com valores

absolutos fora da faixa de normalidade. Na análise dos valores absolutos, a

hiperrreflexia seria definida como respostas nistagmográficas maiores do

que a esperada, hiporreflexia menores e arreflexia, a ausência de resposta

calórica (RIESCO-MACCLURE, 1964; MEHRA, 1964; KATSARKAS, SMITH,

GALIANA, 2001).

Porém para afirmar se um paciente apresenta realmente um distúrbio

orgânico, deve-se avaliar cuidadosamente a história clínica e relacioná-la com

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possíveis alterações encontradas no exame. Como os critérios de normalidade,

nas diversas provas, são determinadas por estudos estatísticos, pode-se

perfeitamente encontrar alterações isoladas sem que se confirme uma doença

real. Assim, alterações isoladas no optocinético, ou uma hiporreflexia à prova

rotatória ou ainda uma preponderância direcional na prova calórica podem

estar

presentes na avaliação otoneurológica de um indivíduo normal.

A anamnese, a análise do equilíbrio estático, dos sinais cerebelares, do

nistagmo espontâneo e de posição, das alterações às provas rotatórias e das

calóricas fornecem dados que permitem confirmar se existe uma patologia

periférica ou central. O diagnóstico de vestibulopatia periférica é feito por

exclusão: os achados não se enquadram nem no padrão normal e nem

ocorrem sinais de envolvimento central. Quando diagnosticada a alteração

periférica deve-se então verificar se esta é deficitária ou irritativa.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

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A pesquisa foi apreciada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres

Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará,

tendo sido aprovada segundo o protocolo nº 151/07 CEP-ICS/UFPA.

Após aprovação, foram selecionados 35 indivíduos adultos, de ambos os

sexos, com vestibulopatia periférica crônica e presença de nistagmo

espontâneo de olhos fechados e/ou pré-calórico, observado durante a

vectonistagmografia computadorizada, estes passaram pelo processo de

avaliação no período de janeiro de 2007 a fevereiro de 2008,

Foram excluídos indivíduos com motilidade ocular anormal, em crise

vestibular ou aqueles que apresentavam comprometimento de origem central.

Cada indivíduo foi convidado, individualmente, a participar da pesquisa

em questão, após a explanação de cada passo. Àqueles que concordaram em

participar da pesquisa foi entregue o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido para leitura e assinatura (Anexo A).

A pesquisa foi desenvolvida em uma clínica particular da cidade de

Belém-PA, e todos os indivíduos foram encaminhados por um

otorrinolaringologista após avaliação clínica completa.

Os indivíduos foram previamente orientados a não consumir bebidas

alcoólicas ou cafeinadas, achocolatados, evitar fumar e usar medicamentos

analgésicos, anti-vertiginosos e calmantes três dias antes da avaliação, com a

finalidade de se evitar que tais alimentos e medicações interfiram na análise

dos dados. Foram orientados também, a permanecerem em jejum por um

período de quatro horas antecedentes ao exame evitando possíveis sintomas

neurovegetativos (náuseas e vômito) durante a avaliação e não fazerem uso de

maquiagem, cremes faciais ou lentes de contato no dia da avaliação, auxiliando

na fixação dos eletrodos, diminuindo a impedância com a pele e melhorando o

registro da movimentação ocular no computador.

Inicialmente os pacientes foram submetidos à anamnese para obtenção

de dados de identificação, presença ou não da queixa de tontura e em caso

positivo a caracterização da mesma, bem como a presença de fatores

etiológicos da alteração vestibular (Anexo B). Posteriormente foi realizada a

inspeção do meato acústico externo através de um otoscópio (Mini Heine

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2000), para verificar as condições necessárias para realização das avaliações

audiológicas e vestibulares propriamente ditas.

Com as informações obtidas na anamnese, e os dados sobre a

avaliação otoscópica, foi dado início à avaliação audiológica, realizada em

cabine acústica, empregando-se a audiometria tonal convencional, audiometria

vocal, realizadas com o audiômetro Acoustic Analyzer AA30 (STARKEY) e

medidas de imitância acústica, realizada com o imitanciômetro AT235h

(INTERACOUSTICS).

Na audiometria tonal, os limiares de audibilidade foram obtidos nas

freqüências de 250, 500, 1000, 2000, 3000, 4000, 6000 e 8000 Hz. Na

audiometria vocal, foram avaliados os limiares de recepção da fala (SRT) e

índice percentual de reconhecimento da fala (IPRF). As medidas de imitância

acústica foram obtidas através da curva timpanométrica e dos limiares dos

reflexos acústicos contralaterais e ipsilaterais nas freqüências de 500Hz,

1000Hz, 2000Hz e 4000 Hz.

Após a realização da avaliação audiológica, foi iniciada a avaliação

vestibular, sendo os indivíduos, submetidos a testes que avaliam a função

vestibular por meio de vectonistagmografia digital (Programa Vec Win da

NEUROGRAFF ELETROMEDICINA) e otocalorímetro a ar (NGR 05 da

NEUROGRAFF ELETROMEDICINA), composta pela pesquisa de nistagmo de

posicionamento e posicional, calibração dos movimentos oculares, nistagmo

espontâneo e semi-espontâneo, movimentos sacádicos, rastreio pendular,

nistagmo optocinético, prova rotatória pendular decrescente e prova calórica

com ar a 42°C, 18°C e 10ºC (GANANÇA, 1999).

A pesquisa de nistagmo e vertigem de posicionamento foram realizadas

através das manobras de Bandt-Daroff e de Dix-Hallpike. Partindo da posição

sentada com a cabeça virada 45 graus para um dos lados, o paciente foi

conduzido rapidamente ao decúbito lateral oposto; após retorno rápido à

posição sentada, o mesmo procedimento foi repetido para o outro lado. Cada

posição foi mantida durante 30 segundos ou até que a tontura e/ou o nistagmo

diminuíssem ou cedessem. A manobra de Dix-Hallpike foi realizada com o

paciente sentado inicialmente, em seguida foi conduzido rapidamente em

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decúbito dorsal horizontal (DDH), com a cabeça pendente na superfície

(posição de Rose), ao mesmo tempo em que a cabeça é girada 45° para o

lado. É mantido nesta posição por 10 a 15 segundos, observando-se o

aparecimento de nistagmo. Então o paciente volta para aposição sentada e

repete-se a manobra para o lado oposto.

Antes do teste, os pacientes foram instruídos para não impor resistência

ao movimento e não fechar os olhos. O paciente permaneceu 30 segundos em

cada posição, sendo avaliada a presença, latência, direção, paroxismo e

fatigabilidade do nistagmo.

Vertigem e nistagmo posicional foram pesquisados inicialmente com o

paciente na posição supina, inclinando lentamente a cabeça para a direita e a

seguir para a esquerda. O paciente permaneceu 30 segundos em cada posição

cefálica, sendo avaliada a presença, latência, direção, duração e fatigabilidade

do nistagmo.

Os indivíduos foram submetidos à limpeza da pele e colocação de três

eletrodos de cloreto de prata ativos e um eletrodo terra, dispostos no canto

externo peri-orbitário direito, no canto externo peri-orbitário esquerdo e na linha

média frontal, utilizando a disposição triangular de derivações que permite

identificar a direção do nistagmo e aferir a velocidade angular de sua

componente lenta em três canais de registro.

A calibração dos movimentos oculares foi realizada antes da pesquisa

do nistagmo espontâneo e da prova calórica, para que os exames sejam

realizados em igualdade de condições.

O nistagmo espontâneo foi pesquisado no olhar frontal e em seguida

com os olhos fechados e o nistagmo semi-espontâneo investigado no desvio

do olhar para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo, sem

ultrapassar 30º de desvio da linha média. Na presença destes fenômenos,

serão medidas as velocidades das componentes lentas.

Os movimentos sacádicos foram avaliados ao acompanhamento visual

de um alvo que se move com padrão fixo ou randomizado. Os parâmetros de

avaliação são latência, velocidade e precisão das sácadas.

O rastreio pendular foi avaliado por meio do acompanhamento visual do

movimento sinusoidal de um ponto luminoso nas freqüências de 0,1Hz, 0,2Hz e

0,4 Hz, sendo avaliados o tipo e o ganho do movimento ocular.

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O ganho e a velocidade do nistagmo optocinético foi medidos durante o

acompanhamento visual de um ponto luminoso em movimento, com direção

fixa para um lado e depois para o outro, à velocidade de 10°/s.

A prova rotatória pendular decrescente foi realizada com o paciente

sentado, com os olhos fechados e a cabeça inclinada 30° para diante, na

estimulação dos canais semicirculares laterais. Na estimulação dos canais

semicirculares verticais, a cabeça foi fletida 60° para trás e 45º para o lado

direito, e posteriormente, 60° para trás e 45° para o lado esquerdo. A cadeira

foi deslocada 90° do centro e liberada, realizando um movimento pendular

periódico de amplitude decrescente. O nistagmo per-rotatório desencadeado foi

avaliado por meio da medida da velocidade de sua componente lenta.

Também foram pesquisadas a presença de nistagmo pré-rotatório e sua

possível influência nos resultados da prova.

A prova calórica foi realizada com o paciente mantido na posição supina

com a cabeça elevada 30°. A estimulação térmica foi realizada em cada ouvido

separadamente com ar a 42°C, 18°C e 10°C, durante 80 segundos,

respeitando um intervalo de três minutos entre uma estimulação e outra. O

paciente foi mantido nesta posição e perguntas simples foram encaminhadas

para iniciar uma atividade mental e assim evitar a inibição cortical da resposta

calórica. Vertigem, direção e velocidade da componente lenta do nistagmo pós-

calórico foram analisadas com os olhos fechados e com os olhos abertos, para

avaliar o efeito inibidor à fixação visual.

O limite da normalidade considerado na prova calórica com ar a 18°C e

42°C, foi de 2°/s a 19°/s para os valores de velocidade da componente lenta, o

predomínio labiríntico até 33,0% e a preponderância direcional até 22,0%

(Ganança et al., 2000). Estes valores são calculados automaticamente pela

fórmula de Jongkees (JONGKEES; PHILIPSZOON, 1964). Na prova calórica

com ar a 10°C, valores de velocidade da componente lenta acima de 10°/s e

assimetria das respostas até 30,0% foram considerados normais (CAOVILLA;

GANANÇA;.MANGABEIRA ALBERNAZ, 1982).

A hiporreflexia e a preponderância direcional foram calculadas com base

nas fórmulas elaboradas por Jongkees, Phillipszoon (1964), para os valores da

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velocidade da componente lenta do nistagmo pós-calórico nas quatro

estimulações. No cálculo porcentual das assimetrias, os valores da velocidade

dos batimentos para a direita são assinalados como número negativo e os

valores da velocidade dos batimentos para a esquerda são assinalados como

número positivo, sendo utilizados diante da presença de nistagmo espontâneo

(SHEPARD, TELIAN, 1996).

Hiporreflexia

(18º D - 42ºD) - (18ºE - 42ºE)

___________________________ X 100

(18º D + 42ºE - 18ºE - 42ºD) Preponderância direcional

(-18ºE - 42ºD) - (-18ºD + 42ºE) ___________________________ X 100

(18º D + 42ºE - 18ºE - 42ºD)

Assimetria na prova de 10ºC

-10ºE - 10ºD ___________X100 -10ºE + 10ºD

em que:

18º D: valor da velocidade da componente lenta a 18ºC no ouvido direito;

42º E: valor da velocidade da componente lenta a 42ºC no ouvido esquerdo;

18º E: valor da velocidade da componente lenta a 18ºC no ouvido esquerdo;

42º D: valor da velocidade da componente lenta a 42ºC no ouvido direito;

10º D: valor da velocidade da componente lenta a 10ºC no ouvido direito;

10º E: valor da velocidade da componente lenta a 10ºC no ouvido esquerdo.

Os valores limites das fórmulas de preponderância direcional,

predomínio labiríntico a 42ºC e 18°C e assimetria a 10°C, foram utilizados para

medir a influência do nistagmo espontâneo de olhos fechados sobre o nistagmo

pós-calórico.

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Os resultados de cada exame foram tabulados e analisados levando-se

em consideração a normalidade para cada procedimento empregado.

Desta forma, a análise se baseará em dados como a presença do

nistagmo espontâneo de olhos fechados, e/ou pré-calórico, bem como sua

direção e valor, além de valores referentes à assimetria de respostas na prova

calórica fria, hiperreflexia ou hiporreflexia em valor absoluto, valores de PDN

(predomínio direcional do nistagmo) e PL (predomínio labiríntico).

Todas as avaliações audiológicas e vestibulares foram executadas pela

mesma pessoa e no mesmo dia, pois o fato de executá-las em dias diferentes

pode interferir nos resultados, visto que neste intervalo o indivíduo pode

apresentar algumas intercorrências como acúmulo de cerúmen, otites,

disfunção tubária, perfuração de membrana timpânica, entre outras, que podem

alterar as características audiológicas e vestibulares medidas previamente.

Coletada a amostra, os resultados da prova calórica foram submetidos a

um estudo estatístico por meio do teste Exato de Fisher que é uma prova não

paramétrica com a finalidade de verificar se duas amostras independentes

provieram da mesma população. As amostras devem ser classificadas sob dois

critérios ou categorias, dispostas em tabelas de contingência 2 x 2 , cujos

escores amostrais devem ser pequenos, para tal foram elaboradas as

seguintes hipóteses ao nível de significância de 5% ( 05,0 ):

Ho: A proporção de respostas normais nos dois tipos de exames independe do

grupo;

H1: A proporção de respostas normais nos dois tipos de exames depende do

grupo.

Com a obtenção destes valores, verificou-se que tipo de influência o

nistagmo espontâneo, e/ou nistagmo pré-calórico pode exercer sobre o

nistagmo pós-calórico, e se o diagnóstico foi conclusivo quando se testou

somente até a prova calórica fria à 18ºC, para em seguida verificar se a

utilização da prova calórica gelada contribuiu para a conclusão dos casos,

retirando a influência exercida pela presença do nistagmo espontâneo e/ou pré-

calórico.

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5 RESULTADOS

Participaram deste estudo, 35 indivíduos com vestibulopatia periférica

crônica e presença de nistagmo espontâneo de olhos fechados e/ou pré-

calórico na vectonistamografia computadorizada.

O quadro 1 (Apêndice A) apresenta a direção e valores em graus por

segundo da componente lenta do nistagmo espontâneo de olhos fechados; a

presença ou ausência do nistagmo pré calórico; valores em graus por segundo

da velocidade da componente lenta do nistagmo pós calórico à 42° e 18°C;

valores percentuais de preponderância direcional e predomínio labiríntico à 42°

e 18°C; valores em graus por segundo da velocidade da componente lenta do

nistagmo pós calórico à 10°C e valores percentuais da assimetria à 10°C.

O Gráfico 1 apresenta a distribuição dos 35 indivíduos avaliados quanto

ao gênero, sendo 17 (49%) do gênero masculino e 18 (51%) do gênero

feminino, com faixa etária variável entre 22 e 85 anos. Os dados referentes à

faixa etária podem ser observados no Gráfico 2.

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48,57

51,43

47

47,5

48

48,5

49

49,5

50

50,5

51

51,5

52

Masculino Feminino

Gráfico 1 - Distribuição dos indivíduos quanto ao gênero

5,72

11,43

20

34,38

28,27

0

5

10

15

20

25

30

35

40

20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos acima de 60anos

Gráfico 2 - Distribuição dos indivíduos quanto à faixa etária

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O Gráfico 3 demonstra a ocorrência do nistagmo espontâneo, bem como

a sua direção. O nistagmo espontâneo foi horizontal para a direita em 11 casos

(31,42%), horizontal para esquerda em 11 casos (31,42%) oblíquo para direita

e para baixo em 7 casos (20,00%), oblíquo para esquerda e para cima em 2

casos (5,72%) e oblíquo para esquerda e para baixo em 4 casos(11,43%). Não

foram observados nesta amostra, nistagmo espontâneo oblíquo para direita e

para cima, vertical para cima e vertical para baixo.

31,42 31,42

20

5,71

11,43

0

5

10

15

20

25

30

35

Horizontal p/direita

Horizontal p/esquerda

Oblíquo p/ direitae p/ baixo

Oblíquo p/esquerda e p/

baixo

Oblíquo p/esquerda e p/

cima

Gráfico 3 - Distribuição dos indivíduos quanto à direção do nistagmo espontâneo de olhos

fechados.

O Gráfico 4 demonstra a distribuição dos indivíduos quanto à velocidade

média da componente lenta dos nistagmos (VACL).

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17,14

82,86

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Maior ou igual a 7º/s Menor que 7º/s

Gráfico 4 - Distribuição dos indivíduos quanto à velocidade média da componente lenta dos nistagmos (VACL).

O nistagmo pré-calórico foi observado em 29 indivíduos (82,86%), 6

indivíduos não apresentaram nistagmo pré-calórico (17,14%) como pode-se

observar no Gráfico 5.

17,14

82,86

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Presente Ausente

Gráfico 5 - Distribuição dos indivíduos quanto à presença de nistagmo Pré-Calórico.

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Dos 29 indivíduos com presença de nistagmo pré-calórico, 100%

apresentaram-no com direção e VACL semelhantes à do nistagmo espontâneo

de olhos fechados.

O Gráfico 6 demonstra o resultado na prova calórica quando utilizada

somente as estimulações quente e fria (42°C e 18°C). Dos 35 exames

avaliados, 11 foram concluídos como exame vestibular normal (31,42%), 5

como síndrome vestibular periférica irritativa bilateral (14,29%), 4 como

síndrome vestibular periférica irritativa à esquerda (11,43%) 2 como síndrome

vestibular periférica irritativa à direita (5,71%), 2 como síndrome vestibular

periférica deficitária à esquerda (5,71%) e outros resultados como assimetria

de respostas e inversão da direção do nistagmo pós-calórico somaram 20,00%

totalizando 7 casos.

31,42

14,29

5,71

11,43

5,71

11,43

0

5

10

15

20

25

30

35

normal SíndromeVestibularPeriféricaIrritativabilateral

SíndromeVestibularPeriféricaIrritativa à

direita

SíndromeVestibuarPeriféricaIrritativa àesquerda

SíndromeVestibularPeriférica

Deficitária áesquerda

SíndromeVestibularPeriférica

Deficitária ádireita

Gráfico 6 - Distribuição dos indivíduos quanto ao resultado na prova calórica quente e fria.

O Gráfico 7 evidencia a distribuição dos indivíduos quanto ao tipo de

influência que o nistagmo exerceu nos resultados do exame. Dos 35 indivíduos

investigados, 7 apresentaram hiperreflexia em valor absoluto na mesma

direção do nistagmo (20,00%), 3 apresentaram hiporreflexia em valor absoluto

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na direção contrária ao nistagmo (8,58%), 7 indivíduos apresentaram valores

normais da componente lenta do nistagmo pós calórico, porém com assimetria

de respostas na prova calórica fria à 18º (20,00%), e 7 indivíduos apresentaram

inversão da direção do nistagmo nas provas a 42º e 18º (20,00%). Não foram

observadas influências nos exames de 11 indivíduos (31,42%).

31,42

20

8,58

20 20

0

5

10

15

20

25

30

35

Sem Influência Hiperreflexiado mesmo

lado donistagmo

Hiporreflexiano sentido

contrário donistagmo

Assimetria derespostas

Inversão

Gráfico 7 - Distribuição dos indivíduos quanto ao tipo de influência do nistagmo na prova calórica quente e fria.

O resultado quando utilizada a prova calórica gelada (10°C) apresentou-

se da seguinte maneira: 29 indivíduos apresentaram simetria de respostas

(82,86%) e 6 indivíduos apresentaram assimetria de respostas (17,14%). A

distribuição destes dados pode ser visualizada no Gráfico 8.

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82,86

17,14

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Simetria Assimetria

Gráfico 8 - Distribuição dos indivíduos quanto ao resultado da prova calórica gelada.

A influência do nistagmo espontâneo causou preponderância direcional

do nistagmo em valores acima da normalidade em 5 casos (14,29%),

predomínio labiríntico anormal em 4 casos (11,43%) e preponderância

direcional e predomínio labiríntico anormais em 3 casos (8,57%). Não foram

encontradas alterações de preponderância direcional e/ou predomínio

labiríntico em 16 casos (45,71%). Os valores de preponderância direcional do

nistagmo e predomínio labiríntico não puderam ser calculados devido a

inversão da direção do nistagmo em 7 casos ( 20,00%). O número de casos

que apresentaram valores anormais de preponderância direcional e/ou de

predomínio labiríntico foi significativamente maior do que o número de casos

com valores normais (p=0,00001).Estes valores estão expostos na Gráfico 9.

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14,2911,43

8,57

45,71

20

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Preponderânciadirecional

anormal (PD)

Predomíniolabiríntico

anormal (PL)

PD+PL anormais PD e/ou PL semalterações

Não pôde sercalculada

Gráfico 9 - Distribuição dos indivíduos quanto a alterações na preponderância direcional

e predomínio labiríntico.

Dos 12 casos que apresentaram valores anormais de preponderância

direcional e/ ou predomínio labiríntico a 42 e 18ºC a prova a 10°C apresentou

um número significativamente maior de casos (9 ou 75%) com valores de

assimetria dentro do padrão de normalidade quando comparados ao número

de casos (3 ou 25%) com valores anormais de assimetria (p=0,0003).

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75

25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Simetria Assimetria

Gráfico 10 - Distribuição dos indivíduos quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada nos casos em que ocorreu influência do nistagmo espontâneo.

Dos 16 casos que não apresentaram alterações na de preponderância

direcional e/ ou predomínio labiríntico, 15 apresentaram simetria de respostas

na prova calórica gelada (93,75%) e apenas 1 apresentou valores assimétricos

de respostas (6,25%), como pode-se observar no Gráfico 11. (p=1,0000)

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93,75

6,25

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Simetria Assimetria

Gráfico 11 - Distribuição dos indivíduos que não apresentaram alterações referentes a presença do nistagmo espontâneo na prova calórica, quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada

O Gráfico 12 evidencia os 7 casos onde os valores de predomínio

direcional do nistagmo e predomínio labiríntico não foram calculados devido a

inversão do nistagmo nas provas calóricas a 42º e 18º. Dos 7 casos, 5

apresentaram assimetria de respostas na prova calórica a 10º (71,43%) dentro

dos padrões de normalidade, valor significativamente maior (p= 0,0210) que os

2 casos que apresentaram assimetria de respostas ( 28,57%) alterada na prova

calórica a 10ºC.

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71,43

28,57

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Simetria Assimetria

Gráfico 12 - Distribuição dos indivíduos que apresentaram inversão do nistagmo nas provas calóricas a 42º e 18º quanto à simetria de respostas na prova calórica gelada

6 DISCUSSÃO

O efeito da estimulação gelada a 10°C sobre o nistagmo pós-calórico foi

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observado em 35 pacientes com disfunção vestibular periférica que

apresentavam nistagmo espontâneo de olhos fechados.

Em nossa casuística, verificamos a presença de nistagmo espontâneo

horizontal para a direita e para a esquerda no mesmo número de indivíduos e

presença de nistagmo espontâneo oblíquo para a direita e para baixo, oblíquo

para a esquerda e para baixo e oblíquo para a esquerda e para cima, em

ordem decrescente de prevalência. A ocorrência de nistagmo pré-calórico foi

observada na mesma direção do nistagmo espontâneo em mais da metade da

casuística sempre com a VACL semelhantes à do nistagmo espontâneo de

olhos fechados. O nistagmo pré-calórico é considerado como o próprio

nistagmo espontâneo presente na posição corporal em que a prova calórica é

realizada (DAYAL et al, 1974; TOUPET el al, 1981; GANANÇA, 1999).

Na prova calórica a 42 e 18°C, ocorreram preponderância direcional e/ou

predomínio labiríntico dentro dos padrões de normalidade; preponderância

direcional anormal, predomínio labiríntico anormal, preponderância direcional e

predomínio labiríntico anormais, em ordem decrescente de prevalência; o

número de casos com anormalidades do nistagmo pós-calórico prevaleceu

sobre o número de casos sem anormalidades. O nistagmo espontâneo

modifica a intensidade das respostas calóricas e produz uma preponderância

direcional para o mesmo lado (MANGABEIRA ALBERNAZ; GANANÇA, 1977;

TOUPET, 1982), mas a influência quantitativa do nistagmo espontâneo sobre o

nistagmo pós-calórico não costuma ser constante (MANGABEIRA ALBERNAZ

et al, 1983). A preponderância direcional do nistagmo pós-calórico geralmente

reflete o efeito de um nistagmo espontâneo ou pode estar associada à

hiporreflexia vestibular unilateral ou bilateral (SHEPARD; TELIAN, 1996). A

interação entre o nistagmo espontâneo e o nistagmo pós-calórico é não-linear e

imprevisível (HONRUBIA, 2000).

A prova calórica mais intensa permite a investigação da função

vestibular de pacientes com nistagmo espontâneo, com ausência de respostas

(JACOBSON et al, 1993; SHEPARD; TELIAN, 1996) ou quando há dúvidas

quanto à presença de respostas pela interferência de um nistagmo espontâneo,

confirmando ou não uma arreflexia ou hiporreflexia severa (Ganança, 1999).

Nas provas a 42 e 18°C e a 10°C, nistagmo pós-calórico dentro dos

padrões da normalidade, sem influência do nistagmo espontâneo, foi

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encontrado em parte da casuística, o que é concordante com informações da

literatura (DOWNIE, BLAIR SIMMONS, 1975).

Após uma ou mais estimulações térmicas da prova a 42 e 18°C ou a

10°C, observamos nistagmo na mesma direção do nistagmo espontâneo e

direção contrária à esperada em alguns casos, em que a estimulação térmica

não foi capaz de evidenciar um nistagmo provocado. As provas calóricas

quentes, frias e geladas podem não retirar a interferência do nistagmo

espontâneo (SHEPARD; TELIAN, 1996).

Na prova calórica a 10°C, apesar da maioria dos casos ter apresentado

valores normais de assimetria, houve diferença significante à comparação com

o número de casos com valores anormais. Em pacientes com vestibulopatias

periféricas crônicas, a prova calórica gelada com ar a 10°C retirou a influência

de nistagmo espontâneo e pré-calórico, evidenciando nistagmo pós-calórico de

intensidade similar nos dois ouvidos (FRAZZA et al, 2005).

No grupo de pacientes com valores anormais de preponderância

direcional e/ou de predomínio labiríntico a 42 e 18°C, foi possível verificar que a

prova a 10°C apresentou um número maior de casos com valores de assimetria

dentro do padrão de normalidade do que de casos com valores anormais de

assimetria, indicando a retirada da interferência do nistagmo espontâneo na

maioria dos casos corroborando informações da literatura sobre a utilidade de

uma estimulação calórica mais intensa para a identificação das síndromes

vestibulares deficitárias (JACOBSON et al, 1993; SHEPARD; TELIAN, 1996;

GANANÇA, 1999).

A possibilidade de retirada da influência do nistagmo espontâneo de

olhos fechados, e de identificação de anormalidades não evidenciadas a 42 e

18°C demonstram a utilidade da realização da estimulação a 10°C com ar,

auxiliando na interpretação dos resultados da prova calórica e contribuindo

para o estabelecimento da hipótese diagnóstica, orientação terapêutica e

prognóstica em pacientes com disfunção vestibular periférica.

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7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos foi possível constatar que o nistagmo

espontâneo ou nistagmo pré-calórico influenciam nas respostas da prova

calórica, podendo induzir a uma conclusão errônea do caso, o que por vezes

provoca atraso no processo diagnóstico e terapêutico.

As alterações mais encontradas nessa casuística foram preponderância

direcional do nistagmo em valores acima da normalidade em 14,29% dos

casos, predomínio labiríntico anormal em 11,43% dos casos e preponderância

direcional e predomínio labiríntico anormais em 3 casos 8,57%, e inversão da

direção do nistagmo em 20% dos casos. O número de casos que apresentaram

valores anormais de preponderância direcional e/ou de predomínio labiríntico

foi significativamente maior do que o número de casos com valores normais na

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população com presença de nistagmo espontâneo de olhos fechados

observados à vectonistagmografia computadorizada.

Além disso, observou-se a eficácia da prova calórica gelada na

eliminação desta possível influência em pacientes com vestibulopatias

periféricas crônicas, visto que com a utilização de uma estimulação mais

intensa (10ºC) aqueles casos que apresentaram alterações nas provas

calóricas nas temperaturas convencionais (42ºC e 18ºC) apresentaram valores

significativamente maiores de assimetria dentro dos padrões de normalidade

que valores de assimetria anormais. O que corrobora com a literatura que

preconiza que esta técnica deve ser usada não somente nos casos onde há

dúvidas quanto à presença de respostas, ou mesmo quando não há respostas

às estimulações convencionais, quente e fria, e sim, sempre que houver

presença de nistagmo espontâneo de olhos fechados, como estratégia decisiva

na retirada desta influência e na identificação de anormalidades não

evidenciadas a 42 e 18°C,

Sendo assim, observou-se com esta pesquisa, que a utilização da prova

calórica gelada (10ºC) auxilia na interpretação correta dos resultados obtidos

na vectonistagmografia computadorizada em indivíduos com presença de

nistagmo espontâneo de olhos fechados, o que só contribui para um

diagnóstico mais preciso, favorecendo a orientação terapêutica e prognóstica

destes paciente.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A - QUADRO 1: Direção e valores em graus por segundo da velocidade da componente lenta do nistagmo espontâneo de olhos fechados, presença ou ausência do nistagmo pré-calórico, valores em graus por segundo da velocidade da componente lenta do nistagmo pós calórico a 42°C e 18°C, valores percentuais de preponderância direcional e predomínio labiríntico a 42°C e 18°C, valores em graus por segundo da velocidade da componente lenta do nistagmo pós calórico a 10°C e valores percentuais de assimetria a 10ºC em 35 pacientes com vestibulopatia periférica crônica.

ID

IDADE

GÊNERO NEOF

PRÉ-CAL

PROVA CALÓRICA

PDN

PL

PROVA CALÓRICA ASSIMETRIA DE

RESPOSTAS A 10°C

42°C 18°C 10°C OD OE OD OE OD OE

1 59 F HE: 3,7 P 4,2 12 11,8 5,9 40,4 5,6 9,2 9,4 1,07 2 65 F ODB: 15,5 P 24,8 24,2 25,7 29,2 3,9 2,8 40,7 44,9 4,9 3 27 M ODB: 9.8 P 13,6 9,3 11,1 35,4 41,2 28,8 13,8 41,9 50,4 4 31 M HD: 5,4 P 13,9 17 11,3 14,4 0 10,9 13,4 23,4 27,1 5 59 M ODB: 6,9 A 13,7 27,2 36,2 32,7 15,48 9,1 35,7 34,8 1,3 6 58 F ODB: 3,5 P 10,7 9,5 23,9 27,6 6,9 3,5 27,6 31,1 5,9 7 59 F HE: 6 P 0 7,7 7,5 13,6 5,5 47,9 8,1 14 26,7 8 55 F ODB: 2,1 A 12,2 8,5 15,5 26 22,8 10,9 17,9 26 18,45 9 57 M HD:3,2 P 7,3 0 6,6 6,3 34,6 37,6 10,8 7,5 18 10 72 F ODB: 2,3 P 4,2 10,4 3,6 14,4 14,1 52,1 3,4 3,5 1,4 11 48 F HE: 8,6 A 0 14,6 12,5 20 15,1 46,9 23,1 30,8 14,3 12 48 F HE: 4,2 P 4,7 5,7 9,6 9,7 3,1 3,8 10,2 11,3 5,1 13 60 F HD: 3,5 P 6,8 9,3 11,6 28,6 25,7 34,6 19,1 22,2 7,5 14 36 M HD: 6,2 A 7,3 4,1 7,7 9,1 17,5 6,3 4,2 4,5 3,4 15 71 F HE: 6,3 P 2,4 5 9,4 6,6 23 0,8 11,2 7,2 21,7 16 67 M HE: 3,6 P 4,7 4,3 8,4 8,4 3,5 3,5 7,1 7,3 1,4 17 32 F HE: 7 P 6,4 9,6 15 25,5 12,9 24,2 18,9 22,3 8,25 18 34 M HD: 5 A 26,8 18,8 16 21,6 16,3 2,9 25 36,6 29,7 19 53 M HD: 3 P 11,3 3,7 15,4 3,7 12,2 56,6 18,9 4,9 58,8 20 56 F OEB: 7,7 P inv 7,7 6 14 - - 7 15 36,36 21 60 F HE: 4,9 P inv 5,3 7,1 14,1 - - 7,7 29,1 58,15 22 64 F OEC: 3,5 P Inv 7,0 4,0 7,2 - - 7,0 5,2 14,75 23 67 M HE: 3,6 P 4,7 4,3 8,4 8,4 1,55 1,55 7,1 7,3 1,38 24 67 M HD:3,6 P 4,6 Inver Inver 5,1 - - 7,8 6,8 6,84 25 43 M HD:3,6 P 3,4 Inver 6,1 4,5 - - 12,3 9,0 15,49 26 48 M HD:5,1 A 4,3 Inver 7,4 5,9 - - 6,5 10,0 21,21 27 59 F OEC: 3,5 P Inver 8,9 8,3 Inver - - 12,1 8,5 17,94 28 63 F ODB;3,7 P 3,9 5,1 19,8 25,4 8,1 12,5 22,3 15,2 18,93 29 53 M HE: 4,2 A 7,3 6,1 10,3 10,7 2,3 4,6 11,5 10,3 5,5 30 54 M OEB:3,8 P 5,1 13,2 15,2 24,4 1,8 8,9 15,8 22,9 18,5 31 85 M HD:4,2 P 3,9 3,1 9,6 7,0 7,6 14,4 13,9 8,4 6,08 32 45 F OEB:4,3 P 0 3,5 13,6 3,5 66,0 32,0 19,5 3,8 67,38 33 47 M HE:4,0 P 3,2 3,0 10,6 4,9 25,3 27,1 14,9 15,5 1,97 34 22 M HD: 13 P 3,4 3,1 7,7 8,3 3,9 1,3 2,6 8,4 52,72 35 48 F OEB:3,5 P 5,3 4,8 8,5 7,5 1,9 5,7 20,7 14,5 17,61

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ANEXOS

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ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Juliana Reis Resque, Fonoaudióloga, sob orientação do Prof° Dr. Manoel

da Silva Filho, estou desenvolvendo uma pesquisa intitulada “Avaliação da Influência do

Nistagmo Espontâneo nos resultados obtidos na Prova Calórica” cujo objetivo é avaliar o

equilíbrio corporal meio de um exame chamado vectonistagmografia.

Para que seja possível realizar este estudo, serão realizados testes auditivos

que permitirão avaliar o quanto o indivíduo escuta através da pesquisa do nível mínimo de

resposta auditiva para tons puros (audiometria).

Em seguida, será realizado um teste em que o paciente receberá estímulos

visuais que serão captados por fios colocados no rosto e levados até um computador para

serem estudados. Será realizada também uma irrigação com ar nas duas orelhas do paciente,

o que poderá causar um desconforto leve (tontura), mas que passará rapidamente.

Todos estes testes serão realizados no Instituto de Saúde Auditiva do Pará. O

tempo de realização de todos estes testes será de aproximadamente 1 (uma) hora.

Em qualquer etapa desta pesquisa, o paciente poderá procurar a pesquisadora

para esclarecimento de eventuais dúvidas. A pesquisadora responsável, Fga. Juliana Reis

Resque, poderá ser encontrada no Instituto de Saúde Auditiva do Pará situado à rua Diogo

Moia, 548 – Umarizal, Belém -Pará – tel: (091) 3212 9849.

Não haverá despesas pessoais para o participante e nem compensação

financeira relacionada a sua participação.

Em caso de dano pessoal, causado diretamente pelos procedimentos

propostos nesta pesquisa, o participante terá direito a tratamento médico na instituição, bem

como às indenizações legalmente estabelecidas.

Todas as informações obtidas serão utilizadas somente para esta pesquisa.

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Eu,

_________________________________________________________

abaixo assinado, tendo recebido as informações da atual pesquisa e ciente dos meus direitos

abaixo relacionados, concordo em participar.

1. A garantia de receber a resposta a qualquer perguntas ou esclarecimento a dúvidas

acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa a que serei

submetido;

2. A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no

estudo sem que esse traga prejuízo à continuação do meu cuidado e tratamento;

3. A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial da

informação relacionada com a minha privacidade;

4. O compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que

esta possa afetar minha vontade de continuar participando.

Belém, _____ de _______________ de 2007. ________________________________

Assinatura do paciente ou responsável

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste

paciente ou representante legal para a participação nesta pesquisa.

____________________________

Fga. Juliana Reis Resque

(responsável pela pesquisa)

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ANEXO B - PROTOCOLO DE ANAMNESE

ANAMNESE OTONEUROLÓGICA

1. IDENTIFICAÇÂO:

Nome: ___ __________________________________________________

Data de Nascimento: ___/___/___ Idade:______ Sexo: ____

Profissão:___________________

Telefone:_________________________________

Endereço:_________________________________

Encaminhado por: ____________________________________________

Data da Anamnese: ___/___/___

2. HISTÓRIA CLÍNICA:

Distúrbios Vestibulares

a) Tontura : ( )rotatória ( ) não rotatória

b) Início: ( ) súbito ( ) constante ( ) em crise

c) Intensidade: ( ) leve ( ) moderada ( ) intensa ( ) variável

d) Duração: ( )segundos ( ) minutos ( ) horas ( ) dias

e) Ocorrência: ( ) esporádica ( ) freqüente ( ) muito freqüente

f) Fatores desencadeantes :________________________________

g) Fatores de melhora: ___________________________________

Sintomas Associados

( ) dor de cabeça ( ) náuseas ( ) quedas ( )cabeça pesada

outros: _________________________________________________

Distúrbios Auditivos

( ) perda

auditiva:___________________________________________

( ) zumbido ( ) plenitude auricular ( ) flutuação auditiva ( )

sensibilidade

Distúrbios Vasculares

( ) coração ( ) pressão ( ) colesterol ( ) triglicerideos ( ) AVC

outros:_________________________________________________

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Distúrbios Metabólicos

( ) diabetes ( ) disfunção da tireóide ( ) obesidade

outros:________________________________________________

Outros

( ) Distúrbios cervicais __________________________________

( ) Distúrbios visuais ____________________________________

( )Distúrbios Neurológicos________________________________

( ) Distúrbios Psicogênicos_______________________________

( ) Cirurgias __________________________________________

MEDICAMENTOS UTILIZADOS: MEDICAMENTOS EM USO NO DIA DO EXAME: _________________________________________________________ HÁBITOS: ( ) fumo ( ) álcool ( ) café ( ) chocolate ( ) refrigerante Exames Anteriores: __________________________________________ Manobras: _________________________________________________ OBS:______________________________________________________

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