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1 Práticas de Suprimentos e Aprendizagem Tecnológica por Fornecedores Locais em Países Emergentes Autoria: Marcos Andre Mendes Primo Resumo Grandes empreendimentos industriais instalados em países emergentes carecem de fornecedores locais tecnologicamente qualificados. Torna-se importante avaliar se práticas de suprimentos adotadas por potenciais fornecedores locais estão de acordo com as necessidades desse um novo empreendimento. Adicionalmente, é importante verificar como práticas de suprimentos adotadas por fornecedores locais estão associadas a processos de aprendizagem tecnológica. Esse trabalho verifica através de uma survey a utilização de práticas de fornecimento usuais por 129 potenciais fornecedores para um novo estaleiro (Estaleiro Atlântico Sul) em Suape/PE. Os processos de aprendizagem tecnológica utilizados pelos fornecedores locais são de caráter básico com pouca alteração das tecnologias existentes. Palavras chave: Práticas de Suprimentos, Aprendizagem Tecnológica, Fornecedores Locais. Introdução e Referencial Teórico Grandes empreendimentos instalados em países emergentes carecem de uma cadeia de fornecedores locais. Esses fornecedores locais podem reduzir incertezas relacionadas com tempos de entrega comparados a fornecedores globais assim como prestar uma melhor assistência dada a proximidade desses fornecedores com as instalações do empreendimento (Jin 2004). Um dos maiores entraves para inserção de fornecedores locais nas cadeias de suprimentos de grandes empreendimentos industriais seria a limitada capacitação desses fornecedores em atender práticas de fornecimento exigidas por esses grandes clientes. A efetividade de práticas e suprimentos, assim como práticas genéricas adotadas em Operações, pode ser dependente de variáveis do contexto da firma tal com o seu porte (Sousa & Voss 2008) ou mesmo se a prática é mais ou menos importante para um determinado setor. Assim, do ponto de vista prático é importante avaliar se práticas de suprimentos adotadas pelos fornecedores locais estão de acordo com as necessidades de um novo empreendimento industrial que pretende fazer uso do fornecimento local. Dessa forma, pode-se avaliar as possibilidades de inserção de fornecedores locais na cadeia de suprimentos de um novo empreendimento industrial confrontando as práticas comumente utilizadas pelos mesmos com as condições de qualificação de suprimentos exigida por esse empreendimento. Essas práticas de fornecimento podem ser analisadas sob a perspectiva de capacitação tecnológica dos fornecedores locais em países emergentes. Assim, capacitação tecnológica em fornecedores em países emergentes considera ações não apenas de desenvolver tecnologia própria como tradicionalmente feitas por empresas em países desenvolvidos, mas principalmente por ações de adquirir, usar e modificar tecnologias desenvolvidas por outros (Bell & Pavitt 1995). Comparado a um fornecedor em um país desenvolvido, um fornecedor de um país emergente não necessita desenvolver o mesmo nível de inovação em uma tecnologia avançada, mas saber usar bem e ter a capacidade de modificar tecnologias existentes ou que estejam sendo introduzidas no mercado (Lall 2000). Nesse contexto empreendimentos industriais em países emergentes têm dificuldade em encontrar fornecedores locais tecnologicamente qualificados para serem utilizados em suas cadeias de suprimentos (Primo & DuBois 2012). A capacitação tecnológica de empresas em países emergentes tem sido relacionada genericamente a aprendizagem tecnológica (Figueiredo 2001). A aprendizagem tecnológica em empresas costuma ser abordada através

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Práticas de Suprimentos e Aprendizagem Tecnológica por Fornecedores Locais em Países Emergentes

Autoria: Marcos Andre Mendes Primo

Resumo Grandes empreendimentos industriais instalados em países emergentes carecem de fornecedores locais tecnologicamente qualificados. Torna-se importante avaliar se práticas de suprimentos adotadas por potenciais fornecedores locais estão de acordo com as necessidades desse um novo empreendimento. Adicionalmente, é importante verificar como práticas de suprimentos adotadas por fornecedores locais estão associadas a processos de aprendizagem tecnológica. Esse trabalho verifica através de uma survey a utilização de práticas de fornecimento usuais por 129 potenciais fornecedores para um novo estaleiro (Estaleiro Atlântico Sul) em Suape/PE. Os processos de aprendizagem tecnológica utilizados pelos fornecedores locais são de caráter básico com pouca alteração das tecnologias existentes.

Palavras chave: Práticas de Suprimentos, Aprendizagem Tecnológica, Fornecedores Locais.

Introdução e Referencial Teórico Grandes empreendimentos instalados em países emergentes carecem de uma cadeia de fornecedores locais. Esses fornecedores locais podem reduzir incertezas relacionadas com tempos de entrega comparados a fornecedores globais assim como prestar uma melhor assistência dada a proximidade desses fornecedores com as instalações do empreendimento (Jin 2004). Um dos maiores entraves para inserção de fornecedores locais nas cadeias de suprimentos de grandes empreendimentos industriais seria a limitada capacitação desses fornecedores em atender práticas de fornecimento exigidas por esses grandes clientes.

A efetividade de práticas e suprimentos, assim como práticas genéricas adotadas em Operações, pode ser dependente de variáveis do contexto da firma tal com o seu porte (Sousa & Voss 2008) ou mesmo se a prática é mais ou menos importante para um determinado setor. Assim, do ponto de vista prático é importante avaliar se práticas de suprimentos adotadas pelos fornecedores locais estão de acordo com as necessidades de um novo empreendimento industrial que pretende fazer uso do fornecimento local. Dessa forma, pode-se avaliar as possibilidades de inserção de fornecedores locais na cadeia de suprimentos de um novo empreendimento industrial confrontando as práticas comumente utilizadas pelos mesmos com as condições de qualificação de suprimentos exigida por esse empreendimento.

Essas práticas de fornecimento podem ser analisadas sob a perspectiva de capacitação tecnológica dos fornecedores locais em países emergentes. Assim, capacitação tecnológica em fornecedores em países emergentes considera ações não apenas de desenvolver tecnologia própria como tradicionalmente feitas por empresas em países desenvolvidos, mas principalmente por ações de adquirir, usar e modificar tecnologias desenvolvidas por outros (Bell & Pavitt 1995). Comparado a um fornecedor em um país desenvolvido, um fornecedor de um país emergente não necessita desenvolver o mesmo nível de inovação em uma tecnologia avançada, mas saber usar bem e ter a capacidade de modificar tecnologias existentes ou que estejam sendo introduzidas no mercado (Lall 2000).

Nesse contexto empreendimentos industriais em países emergentes têm dificuldade em encontrar fornecedores locais tecnologicamente qualificados para serem utilizados em suas cadeias de suprimentos (Primo & DuBois 2012). A capacitação tecnológica de empresas em países emergentes tem sido relacionada genericamente a aprendizagem tecnológica (Figueiredo 2001). A aprendizagem tecnológica em empresas costuma ser abordada através

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de duas perspectivas (Bell 1984; Figueiredo 2001, 2003). Na primeira perspectiva, a aprendizagem tecnológica refere-se à trajetória de acumulação tecnológica das empresas a qual pode ocorrer em diferentes direções e a diferentes velocidades com o passar do tempo. Na segunda perspectiva, a aprendizagem tecnológica diz respeito aos vários processos pelos quais conhecimentos tácitos ou técnicos de indivíduos dentro da empresa são transformados em sistemas físicos, processos de produção, procedimentos, rotinas e produtos e serviços da organização.

Neste trabalho adotaremos a segunda das perspectivas acima, ou seja, tratar a aprendizagem tecnológica como o processo que permite à empresa acumular capacidade tecnológica ao longo do tempo. A perspectiva de tratar a aprendizagem tecnológica como um processo seria mais condizente com as práticas de aprendizado de empresas que operam no contexto de economias emergentes ou de industrialização recente tal como as empresas brasileiras. Nesse contexto, as empresas normalmente iniciam o seu negócio a partir da tecnologia que adquiriram de outras empresas em outros países (Figueiredo 2003). Essas práticas permitiriam a construção e acumulação de capacidade tecnológica em um sentido diverso das empresas de países desenvolvidos, ou seja, no sentido de assimilar e adaptar tecnologia (Lall 1992).

Assim, a capacidade tecnológica ao longo do tempo é acumulada através dos processos de aprendizagem tecnológica de aquisição de conhecimento de fontes internas e externas (Nonaka & Takeuchi 1995). Enquanto os processos de aprendizagem internos sejam majoritariamente ligados a treinamentos internos e on-the-job, as ações de aquisição de conhecimento de fontes externas podem ser classificadas em ligações formais e informais com elementos do Sistema de Inovação (universidades, consultores, etc.) e ligações vinculadas à formação e ao desenvolvimento dos recursos humanos (Vedovello 2001). Uma vez adquiridos, novos conhecimentos são convertidos de conhecimento tácito para explícito (processos de socialização e codificação do conhecimento adquirido) e armazenados em quatro dimensões inseparáveis (Lall 1992; Bell & Pavitt, 1995; Figueiredo, 2001):

• Conhecimento e qualificação das pessoas – experiências, conhecimentos, aptidões e habilidades de engenheiros, gerentes, técnicos e operadores (capital humano);

• Sistema organizacional – conhecimento ao longo do tempo acumulado nos procedimentos e instruções, nas rotinas gerenciais e organizacionais, na documentação; nos fluxos e processos de produção, nas técnicas de gestão;

• Sistemas técnicos e físicos – equipamentos, maquinário, plantas de manufatura, sistemas baseados em TI, software em geral;

• Produtos e serviços – processos de desenho, desenvolvimento, prototipagem, teste, produção e parte do processo de venda, por exemplo.

Enquanto a capacitação tecnológica em empresas situadas em países industrializados geralmente segue a seqüência “inovação-investimento-produção”, a capacitação tecnológica de empresas nos países em desenvolvimento tende a seguir uma trajetória tecnológica do tipo “produção-investimento-inovação”. Ou seja, empresas inovadoras em países emergentes tenderiam a seguir uma trajetória tecnológica baseada num modelo de três estágios: aquisição, assimilação e aprimoramento proposto por Kim (1995). De acordo com este modelo nos estágios iniciais, a ênfase técnica recai sobre a engenharia (E) e, em menor parte, sobre o desenvolvimento (D) e pesquisa (P). Assim, espera-se que em empresas locais, a ênfase seja menor em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e maior nos processos de aprendizagem tecnológica de caráter básico ou intermediário, tais como processos de qualificação de recursos humanos (Kim 2000; Figueiredo 2001) e certificação de produtos e

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processos de produção (Nadvi 2008). Processos de alteração de projetos/produtos e de equipamentos/instalações desenvolvidos por outras empresas são realizados por empresas no sentido de reduzir o gap tecnológico das mesmas em relação a empresas de países desenvolvidos (Kim 2000).

Do ponto de vista acadêmico, é importante verificar como práticas de suprimentos adotadas por fornecedores locais estão associadas a seus esforços de aprendizagem tecnológica. Apesar das categorizações propostas para a aprendizagem tecnológica, pouco se conhece como as diversas práticas de suprimento estão associadas a processos ou ações específicas de aprendizagem tecnológica. Na literatura de Operações não há um detalhamento desses processos de aprendizagem nem quais seriam as relações de cada uma deles com as práticas de capacitação tecnológica, em especial práticas comumente utilizadas para suprimento de empresas clientes. Uma análise dessa associação poderia ser útil no entendimento da efetividade de processos de aprendizagem tecnológica para o desenvolvimento de práticas de fornecimento pelos fornecedores locais.

Esse trabalho focaliza a utilização de práticas de fornecimento usuais por potenciais fornecedores para um novo empreendimento industrial em Suape/PE: o Estaleiro Atlântico Sul (EAS). A instalação do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) em Suape/PE tem sido pauta de discussão na construção naval brasileira. Um estaleiro de grande porte totalmente novo sendo instalado em uma região pobre e sem nenhuma tradição dentro da construção naval nacional levantou dúvidas quanto ao sucesso daquele empreendimento. Uma das grandes preocupações em relação ao empreendimento do EAS em Suape/PE está relacionada com as possibilidades de fornecimento local que nunca tinha atendido aquele setor específico.

Distante da grande maioria dos fornecedores nacionais da construção naval localizados principalmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e localizado em uma região sem mão de obra qualificada para o setor da construção naval (não havia cursos superiores de engenharia naval ou técnicos especificamente voltados para o setor), o EAS aparentemente teria dificuldades em atender um índice de conteúdo local de 65% nas suas primeiras encomendas relativas aos navios do Programa de Modernização da Frota (PROMEF) da Petrobras Transportes (Transpetro).

Desta forma torna-se importante o entendimento das possibilidades de fornecimento local para a compreensão das perspectivas da construção naval no estado e no país, tendo em vista que a inclusão de empresas locais na cadeia produtiva do EAS seria um grande benefício não apenas para aquele empreendimento, mas também para a construção naval brasileira. Nesse sentido, esse trabalho buscou fazer um diagnóstico do nível de qualificação de potenciais fornecedores locais para aquele empreendimento. Adicionalmente buscou-se analisar que processos de aprendizagem tecnológica desenvolvidos pelos fornecedores locais estavam associados com as práticas de suprimento utilizadas por aquelas empresas para atendimento dos seus atuais clientes.

Procedimentos Metodológicos Os procedimentos metodológicos foram compostos de uma parte mais qualitativa e a aplicação de uma survey. Na parte qualitativa, utilizamos entrevistas e levantamento de dados documentais seguindo diretrizes em livros renomados de metodologia (Miles & Huberman 1994; Yin 1994). Foram entrevistados pelo EAS:

– Diretor Industrial – Gerente de Logística – Gerente de Compras Nacionais

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– Gerente de Compras Internacionais Foram ainda entrevistados os dois órgãos com maior representatividade em ações de articulação da cadeia da indústria naval em Pernambuco. Pelo SEBRAE/PE foi entrevistada a coordenadora do programa de capacitação de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) locais para o setor de Petróleo, Gás, Energia e Naval (PGE&N). Também foi entrevistado o representante local do Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo e Gás (Promimp), o qual está responsável pelo programa de certificação de mão de obra local para a indústria naval e de petróleo e gás. Dados documentais foram levantados num processo de clipagem complementaram o levantamento de dados para a análise qualitativa da pesquisa.

A forma de operacionalizar a pesquisa para levantar a perspectiva das empresas locais foi através de uma survey cujas etapas sequenciais são descritas na Figura 1.

Depuração de catálogo pela checagem de dados da empresa pela Internet e outra fontes pública Fiepe)

Elaboração de uma catálogo de empresas a partir de catálogos existentes (Simmepe, Sebrae/PE, Fiepe)

Catálogo com 183 empresas locais (PE) potenciais fornecedoras de produtos e serviços (especializados e gerais) ao EAS

Elaboração de carta convite para ser enviada por e-mail para as empresas participantes

Treinamento da equipe de entrevistadores e depuramento do questionário

Aplicação do questionário em duas “ondas” (via telefone)

Base de dados com 130 empresas respondentes - Taxa de resposta – 71%

Compilação e checagem de consistência dos dados

FIGURA 1 – Etapas de operacionalização da survey

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Survey é uma técnica de pesquisa que envolve um conjunto de informações de um grande grupo de pessoas ou de uma população. A survey foi realizada dentro do projeto maior de levantamento das práticas da cadeia de fornecedores de insumos, produtos e serviços que pudessem ser do interesse do estaleiro. Os fornecedores foram prospectados para fornecimento de produtos e serviços diretos ou de apoio à produção do estaleiro. Após consultas a catálogos de associações de classe, cerca de 180 empresas instaladas em Pernambuco, a maioria do setor metal-mecânico, demonstrou algum interesse no fornecimento para aquele empreendimento. Dentre elas, 129 empresas responderam ao questionário ministrado por telefone. A survey foi aplicada utilizando-se entrevistas telefônicas visando à obtenção de um alto nível de resposta para a pesquisa. O questionário foi pré-testado através de entrevistas presenciais e a equipe de entrevistadores foi treinada para a aplicação do mesmo. Os indivíduos participantes da pesquisa, geralmente foram gerentes das áreas de suprimentos, produção, ou comercial.

Análise dos Resultados Existe um número significativo de empresas do setor metal-mecânico do estado de Pernambuco que apresentam competências em produtos e serviços que podem interessar ao EAS tais como peças em aço, equipamentos instrumentos para produção do estaleiro (máquinas de corte, solda, empilhadeiras, etc.) e serviços específicos (caldeiraria, usinagem, montagem, etc.). Entretanto existem vários problemas de capacitação tecnológica tais como:

• A maioria das potenciais empresas fornecedoras locais é de pequeno ou médio tamanho com limitada capacidade de investimento

• A grande maioria das empresas é voltada para o mercado local (especialmente o setor sucro-alcooleiro) e tem experiência limitada mesmo com mercados nacionais

• Poucas empresas com experiência internacional seja na exportação seja na importação de produtos e matérias-primas

• A maioria do fornecimento é de peças e matérias-primas básicas

Práticas de Suprimentos Utilizadas pelos Fornecedores Locais As empresas foram questionadas se elas utilizam sistematicamente (alta utilização), se utilizam de forma incipiente (baixa utilização), ou não utilizam (utilização nula) as práticas de suprimentos exigidas pelos seus clientes. As práticas mais utilizadas foram:

Processo formal de qualificação para fornecimento - P1 Processo formal de avaliação de desempenho do fornecimento - P2 Solicitação de dados sobre qualidade do fornecimento – P3 Participação em equipes conjuntas de melhorias e solução de problemas – P4 Relacionamentos de longo-prazo (mais de 2 anos) – P5 Exigências de certificação de qualidade – P6

As práticas de suprimentos menos utilizadas pelos fornecedores locais para atenderem exigências de seus clientes foram:

Subcontratação de parte da produção do cliente Concessão de mais ou menos negócios dependendo da avaliação de desempenho Repasse de informações do planejamento da produção

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por outras empresas são realizados apenas por cerca de um quarto das empresas. Até mesmo o processo de cerificação de processos do tipo ISO só tem sido empregado por um terço delas. Práticas de subcontratação de parte da produção do cliente, exclusividade de fornecimento, assistência técnica em todo território nacional, exigências de certificação ambiental, e ações de responsabilidade social, são utilizadas sistrematicamente por menos da metade das empresas pesquisadas indicando que os fornecedores locais estão pouco habituados com exigências de maior flexibilidade e melhor nível de serviço pelos clientes clientes atuais. Da mesma forma, esses fornecedores estão pouco habituados a atender exigências de certifficação ambiental e de responsabilidade social que rapidamente estão se tornando critérios qualificadores na indústria nacional.

Processos de Aprendizagem Tecnológica Adotamos a perspectiva de recursos para segmentar os processos de aprendizagem tecnológica. Dessa forma criamos 2 grupos: processos voltados para a formação e o desenvolvimento dos recursos humanos; e processos voltados para alteração, manutenção e adição de outros recursos que não diretamente os recursos humanos (procedimentos, equipamentos, instalações, etc.). No primeiro grupo, foram incluídas não apenas processos de treinamento e educação, mas também processos de contratação de novos recursos humanos. Esses processos foram:

• Processos de Treinamento (mais utilizados) o Capacitação fornecida por organizações de treinamento (consultores,

universidades, etc.) – Q1 o Treinamento em serviço(on the job) dos funcionários acompanhado por

supervisores – Q2 o Processo de certificação da qualificação de mão-de-obra – Q3 o Utilização de treinamento/assistência fornecidos pelas empresas cliente –

Q4 Treinamento/assistência fornecidos por fabricantes de equipamentos/ instalações utilizados na fábrica – Q5

• Contratação de pessoal (menos utilizados) o Contratação de pessoal qualificado de outros fornecedores do seu setor de

atividade o Contratação de pessoal qualificado de segmentos fora da indústria do seu

setor de atividade

As entrevistas indicaram que a baixa utilização dos processos de contratação de funcionários dentro e fora do setor de atuação que as empresas preferem investir na sua própria mão de obra a trazer profissionais de outras empresas. Muito embora a contratação de funcionários qualificados de outras empresas seja efetiva na perspectiva de curto-prazo, há um sentimento de que funcionários desenvolvidos internamente teriam um maior nível de comprometimento com a empresa. Em alguns setores locais como o de desenvolvimento de software, existe um “acordo de cavalheiros” entre as empresas inibindo a contratação de funcionários por empresas do mesmo setor.

Já os processos voltados para alteração, manutenção e adição de outros recursos - procedimentos, equipamentos, instalações, etc.- foram classificados em:

• Programas de Qualidade e Certificação (mais utilizados) o Processo de qualificação dos produtos e serviços junto às sociedades

classificadoras – R1 o Processo de certificação dos processos de produção (ISO, etc) – R2 o Utilização de programas de qualidade e/ou desenvolvimento ofertados por

empresas cliente – R3

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• Transferência de Tecnologia (mais utilizados) o Busca/efetivação de parcerias para transferência de tecnologia de processo

de produção – R4 o Busca/efetivação de parcerias para transferência de tecnologia de novas

partes/produtos – R5 • Manutenção e mudanças na produção (mais utilizados)

o Aquisição e desenvolvimento de novo de ferramental – R6 o Planejamento de manutenção preventiva e preditiva – R7

• Tropicalização/Modificações de projeto (menos utilizados) o Estudos de alteração/nacionalização nos projetos de partes/produtos

desenvolvidos por outras empresas o Alteração nos equipamentos/instalações de fábrica originalmente

comissionadas por outras empresas

Como visto na Figura 3, os processos de treinamento e educação, promovidos internamente, ofertados por empresas da cadeia (clientes/fornecedores) ou por organizações do Sistema de Inovação (consultores, universidades, etc.) são os processos mais utilizados pelas empresas pesquisadas. De acordo com essa figura, a maioria da mão de obra é formada internamente em serviço (on-the-job). Apesar de ser uma opção vantajosa do ponto de vista de custos, o treinamento on-the-job apresenta limitações consideráveis em desenvolver aspectos de inovação assim como pode amplificar erros nos procedimentos de trabalho. Ainda de acordo com a Figura 3, há pouca contratação dentro do mesmo segmento ou de outros segmentos industriais de forma que há limitação no influxo de novas ideias do mesmo segmento ou de outros segmentos industriais para os fornecedores locais. De acordo com entrevistados na parte qualitativa fornecedores locais tendem a dar preferência ao desenvolvimento de estagiários que ao se desenvolverem são efetivados como funcionários, em vez da contratação de profissionais já estabelecidos no mercado.

FIGURA 3 – Utilização de Processos de Treinamento e Qualificação de Recursos Humanos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8

Nula

Baixa

Alta

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Relacionando as principais práticas de suprimentos utilizadas pelos fornecedores locais com os principais processos de treinamento e qualificação de recursos humanos temos as correlações descritas na Tabela 1. Os processos de capacitação fornecida por organizações de treinamento, o treinamento on-the-job e os processos de certificação da qualificação da mão de obra estão significativamente correlacionadas com as principais práticas de fornecimento exceto com a prática de relacionamento de longo-prazo (mais de 2 anos). Verificamos nas entrevistas que relacionamentos de longo prazo dependem de considerações sobre confiança e comprometimento que vão além de características de qualificação de um determinado fornecedor.

P1 P2 P3 P4 P5 P6 Q1 0,279** 0,294** 0,206* 0,279** 0,164 0,232** Q2 0,249** 0,243** 0,212* 0,261** 0,004 0,285** Q3 305** 396** 280** 275** 061 342** Q4 0,138 0,159 0,251** 0,217* 0,053 0,244** Q5 0,194* 0,139 0,287** 0,161 -0,074 0,127 TABELA 1 – Correlações entre Principais práticas de Suprimentos e Processos de Treinamento e Qualificação de Recursos Humanos (**- p<0,01; * - p<0,05)

Em relação aos processos voltados para alteração, manutenção e adição de outros recursos que não diretamente os recursos humanos, fornecedores locais se utilizam de outros mecanismos de aprendizagem tecnológica, tais como processos de certificação e de transferência de tecnologia, processos de manutenção de equipamentos, e em menor escala, de processos de modificações em projetos/equipamentos desenvolvidos por outras empresas (Vide Figura 4). Assim, a maioria das empresas é voltada para processos de manutenção e melhoria dos processos e recursos de produção existentes e só poucas delas têm modificado projetos/equipamentos desenvolvidos por outras organizações.

FIGURA 4 - Utilização de Processos de Aprendizagem Voltadas para Outros Recursos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9

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BAIXA

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Relacionando as principais práticas de suprimentos utilizadas pelos fornecedores locais com os principais processos de aprendizagem voltadas para outros recursos (não diretamente os recursos humanos) temos as correlações descritas na Tabela 2. De acordo com esse quadro, as práticas de processo formal de qualificação para fornecimento, e processo formal de avaliação de desempenho do fornecimento estão significativamente correlacionadas com os processos de certificação de qualidade pelos fornecedores locais.

P1 P2 P3 P4 P5 P6 R1 374** 270** 246** 212* 080 386** R2 358** 375** 222* 303** 017 338** R3 0,385** 0,383** 0,274** 0,426** 0,050 0,183* R4 262** 223* 198* 224* 047 139 R5 305** 190* 235** 169 092 153 R6 043 195* 218* 244** -048 096 R7 089 240** 341** 105 -052 103 TABELA 2 – Correlações entre Principais práticas de Suprimentos e Processos de Aprendizagem Voltadas para Outros Recursos (**- p<0,01; * - p<0,05)

Os processos de certificação e qualificação de produtos/serviços estão significativamente correlacionados com as principais práticas de fornecimento, exceto com a prática de relacionamento de longo-prazo (mais de 2 anos). As práticas exigidas por clientes de avaliação de desempenho e solicitação e dados de qualidade sobre fornecimento estão significativamente associadas com essas principais processos de aprendizagem tecnológica.

Conclusões As práticas exigidas pelos fornecedores locais são de natureza básica ou intermediária. Práticas mais avançadas como exigências de reserva de capacidade, entregas do tipo Just-in-time, exigências de certificação ambiental e processos de responsabilidade social são pouco utilizadas para se adequar às exigências dos clientes atuais. Até mesmo práticas de nível de serviço mais exigentes tais como assistência técnica em território nacional, e exigências de manutenção de estoques mínimos são pouco exigidas desses fornecedores. Esses resultados mostram uma situação bem parecida com todo o resto da cadeia da indústria para-petroleira brasileira. (MDIC 2002). De acordo com esse documento, a possibilidade de inserção de empresas nacionais para suprir a empresa focal (no caso o EAS) aumenta quanto menor valor agregado tiver o fornecimento.

Um resultado interessante do trabalho mostra que apesar de serem sistematicamente utilizados pelos fornecedores locais, relacionamentos de longo prazo com clientes (mais de 2 anos) são pouco associados a práticas de aprendizagem tecnológica. Verificamos nas entrevistas que relacionamentos de longo prazo dependem de considerações sobre confiança e comprometimento que vão além da qualificação de um determinado fornecedores, conforme previsto no trabalho de Morgan & Hunt (1994).

Os processos de aprendizagem tecnológica mais sistematicamente utilizados pelos fornecedores locais são na maioria de caráter básico (planejamento de manutenção, aquisição/desenvolvimento de ferramental e certificação/qualificação de mão de obra). Processos de aprendizagem tecnológica como alteração de projetos/produtos e de equipamentos/instalações desenvolvidos por outras empresas são realizados apenas por cerca de um quarto das empresas. Até mesmo o processo de cerificação de processos do tipo ISO só tem sido empregado por um terço delas. Ou seja, o aprendizado tem sido através da operação e manutenção de tecnologias existentes com poucas ações de alteração das mesmas. Esse

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resultado mostra uma postura de capacitação tecnológica bastante conservadora dos fornecedores locais comparada à postura de fornecedores de países emergentes como China e Coréia (Kim 2000).

Outro ponto interessante nas entrevistas com executivos de EAS foi o caráter qualificador das exigências contidas nas práticas de suprimento pesquisadas. Ou seja, o não atendimento dessas exigências não permitirá aos fornecedores locais sequer serem considerados como opção de fornecimento. Por outro lado, a qualificação através dos processos de aprendizagem tecnológica tem um preço especialmente na obtenção de certificações. A própria natureza cíclica da construção naval não dá garantia aos estaleiros de pedidos futuros para construção de embarcações. Dessa forma, esse comprometimento em pedidos futuros não pode também ser estendido ao fornecedores.

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