Pós-Graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de ...

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FACULDADE PECEGE INSTITUTO PAZ & MENTE PROJETO PEDAGÓGICO Turma 6 Período 2021 - 2022 Pós-Graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional

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FACULDADE PECEGE INSTITUTO PAZ & MENTE

PROJETO PEDAGÓGICO

Turma 6Período 2021 - 2022

Pós-Graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional

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IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

1.1. INSTITUIÇÕESInstituto Paz & Mente e Faculdade PECEGE.

1.2. CURSO Pós-graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional.

1.3. COORDENAÇÃO ACADÊMICAProfa. Esp. Cida Medeiros Profa. Esp. Raissa Aline Pinto Silva Prof. Esp. Luis ZubcovProf. Dr. Daniel Sonoda

1.4. DIREÇÃO PEDAGÓGICA DO CURSOProf.ª Me. Cerys Tramontini

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Cinquenta anos após a tomada do poder pelos militares, o Brasil viveu um período de retomada

da democracia, com o restabelecimento de eleições diretas, implementações pelos diversos governos de ações que visassem o bem-estar social, o fortalecimento das instituições, inclusive educacionais, algumas cruzadas com investimentos importantes em outros sistemas e estruturas sócio/econômico/culturais visando o fortalecimento de uma base minimamente consistente para as futuras gerações, colocando o país num certo protagonismo em relação aos estados vizinhos comparáveis.

Neste contexto, nota-se que o processo que viabilizou a criação de inúmeras universidades públicas nas duas últimas décadas, contribuiu para o fortalecimento das instituições rumo à retomada de um processo de implementação de ações que visassem esse bem-estar social.

Até 2015 nenhuma universidade brasileira tinha estabelecido um programa acadêmico completo e amplo de Estudos de Paz e Conflitos que abrangesse desde a graduação ao doutorado. Desta forma, surge o atual programa e a consequente oferta do Curso de Especialização Lato Sensu em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional, modulado pelo Instituto Paz & Mente, que na época estabeleceu também parceria com a cátedra de Estudos para a Paz (UNESCO), Universidade de Innsbruck (Áustria) e o Instituto Santa Barbara (Califórnia). Tal projeto surge da motivação de suprir parte dessa necessidade acadêmica em trazer para a América Latina discussões profundas sobre os aspectos dos Estudos de Paz e Conflitos e todas as nuances que permeiam esses estudos.

Nesse sentido, desde 2015, este programa tem contribuído na formação de muitos agentes, os chamados “Agentes de Paz”, que atuam em diversas áreas dos saberes. Apesar de ser um Curso de Pós-graduação Lato Sensu, ele possui carga horária superior ao que determina a atual Legislação Brasileira, pode-se destacar ser este um dos grandes diferenciais deste Projeto de Pós-graduação, pois agentes passam a ter acesso a um conjunto muito mais amplo de saberes nesta área.

O campo dos Estudos de Paz e Conflitos (EPC) é fundamentalmente um campo transdisciplinar, que se baseia em uma ampla gama de disciplinas acadêmicas, tais como Ciências Políticas, Sociologia, História, Antropologia, Tradições Contemplativas, Teologia, Psicologia e Filosofia,

JUSTIFICATIVA

2.1. A oferta do curso e sua justificativa de implementação no Brasil

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dentre outras abordagens teóricas e lições aprendidas por meio da prática. Por intermédio da aplicação da pesquisa, da educação e da prática, os EPC têm por foco a investigação sobre a natureza do conflito, violência, identidade, segurança, poder e o que há além de tudo isso, investigando habilidades e métodos para aplicá-las à transformação a fim de trazer equilíbrio dinâmico nos sistemas relacionados ao conflito.

Questões sobre a paz e o conflito têm sido uma preocupação permanente de inúmeras culturas ao longo da história humana. Somos essencialmente seres relacionais e nossa complexidade naturalmente dá origem a conflitos. Por meio de nossos relacionamentos podem emergir conflitos e pazes e da transformação e realização deles derivam significado e compreensão de nosso lugar no mundo.

Como disciplina acadêmica, o campo dos EPC tem menos de cem anos e prossegue em constante desenvolvimento. A dinâmica em permanente mudança das complexidades de qualquer conflito, juntamente com as preocupações daqueles que desejam transformá-lo, continua a moldar e a refinar o campo.

Os Estudos de Paz e Conflito são discurso e prática que se tornaram cada vez mais difundidos em seu escopo e matizados em sua profundidade à medida que mais disciplinas vieram moldá-los. É importante notar que o desenvolvimento do campo de EPC não ocorreu linearmente, com certas tendências substituindo concepções anteriores, mas, ao contrário, as perspectivas e experiências que moldaram os campos da teoria e da prática se sobrepõem e coexistem como fios de um tear. O desenvolvimento dos EPC pode ser entendido por meio de mudanças em larga escala na compreensão da natureza e das causas do conflito, dos meios para enfrentá-lo e dos atores primários responsáveis por abordar o conflito.

A partir de sua história profunda, os EPC foram moldados por visões enraizadas em observações do mundo natural e na compreensão do lugar dos seres humanos nele inseridos. Muitas das palavras mais antigas para a paz estão enraizadas em uma visão universal energética que mantém a fertilidade como a principal fonte de paz e bem-estar (Dietrich, 2012).

A compreensão da paz em muitas culturas tradicionais e outras tradições antigas mantém uma perspectiva de harmonia dinâmica entre o mundo natural e os seres humanos.

Os métodos e os resultados das disciplinas as quais os EPC se pautam são úteis e importantes em muitos aspectos, porém falta-lhes por vezes, a epistemologia abrangente e necessária para compreensão sistemática e profunda do complexo campo que envolve os Estudosde Paz e Conflito. Razão pela qual, desde 1950 os EPC tornaram-se disciplina

autônoma com métodos e práticas específicas para esse campo.

O Curso, incialmente proposto pelo Instituto Paz & Mente, Cátedra de Paz da UNESCO e Instituto Santa Bárbara, se constitui como uma nova abordagem acadêmica baseada na transdisciplinaridade, com o propósito de fornecer uma plataforma holística para experiências transformadoras para as/os Agentes de Paz.

No intuito de dar prosseguimento, amplitude e mais densidade ao referido Curso é que se estabelece a parceria com a Faculdade PECEGE, que tem como missão “democratizar o conhecimento para contribuir com o desenvolvimento econômico, social e cultural”, em uma visão de “expandir o conhecimento de qualidade, possibilitando que a educação e as ideias inovadoras transformem positivamente realidades de pessoas no mundo todo”.

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OBJETIVOS

O Curso de Pós-Graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em

Equilíbrio Emocional tem como objetivo principal possibilitar as transformações intra e interpessoais às e aos agentes que desejam expandir sua consciência sobre a complexidade da experiência humana e suas nuances, aprofundar e treinar habilidades para transformar conflitos de maneira não violenta e possibilitar sua atuação como AGENTE DE PAZ. Além disso, visa trazer uma compreensão ampla sobre os conflitos em seus vários níveis, partindo de um olhar de dentro para fora, observando as relações das camadas interior e exterior e como tudo isso se reflete na sociedade como um todo. No Curso, docentes, ora entendidas(os) como facilitadoras(es), apoiam na sustentação do espaço seguro as(os) alunas(os) para que possam explorar e investigar os aspectos de pazes e conflitos contidos. Nesse espaço seguro há trocas enriquecedoras, construtivas, entre as/os envolvidas/os, com uma intersecção equilibrada entre teoria e prática.

Toda a teoria e práticas oferecidas são concebidas para permitir que as(os) agentes deixem florescer seus potenciais construtivos como Agentes de Paz, com olhar apreciativo e compassivo, aptas(os) a trabalhar habilmente com o conflito. Nesses aspectos são convidadas/os a experimentar a jornada transformativa por si e por meio de sua experiência, tornando-se a transformação viva no mundo.

A perspectiva de cada agente reflete uma biografia única e uma teia complexa de camadas de identidade intrapessoal. Essa identidade foi moldada por meio de uma história de vida de relacionamentos e experiências. O Curso, por intermédio de sua abordagem não convencional, amparada na Pedagogia Contemplativa, convida a explorarem e refletirem sobre todas as camadas identitárias, a investigar os fenômenos e o que está além de tudo isso.

O objetivo do Curso não é apenas trabalhar conhecimentos teóricos e especializados, mas, nesse espaço seguro, explorar e investigar aspectos profundos relacionados aos conflitos e como nos relacionamos com toda essa complexidade do sistema conflituoso. Essas explorações capacitarão e promoverão o desenvolvimento de mais habilidades para lidar com os conflitos. O convite é de um aprendizado conjunto, nesse grande laboratório em que falhas fazem parte de nossa jornada. Vamos lidar com o que é real e não ideal e, com

3.1. Objetivos gerais

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isso, acolher nossa imperfeição como parte de nossa jornada.

Pode-se ainda destacar, como objetivo, a formação das(os) agentes que aspiram a atividade acadêmica e/ou profissional no campo da paz e da transformação de conflitos nacionais e internacionais, o trabalho humanitário e social, a cooperação para o desenvolvimento, direitos humanos, mediação, segurança, ajuda humanitária e trabalho de conflitos em todos os níveis sociais no sentido mais amplo da palavra. Especial ênfase será colocada na consciência de conflitos e o equilíbrio emocional do trabalhador do conflito.

3.2. Objetivos específicos

Como principais objetivos específicos podemos citar:

a) Promover florescimento social e ambiental, tendo por base o equilíbrio emocional e uma conduta ética;

b) Promover o florescimento psicológico da(o) agente – Agente de Paz;

c) Promover, por meio das práticas contemplativas, o florescimento espiritual;

d) Desenvolver “awareness”, consciência de si e da situação conflituosa (são elementos necessários na formação para lidar com os conflitos);

e) Treinar habilidades interpessoais para lidar em situações de risco e crises, relacionando-se de forma aberta, construtiva, apreciativa, com base na não-violência;

f) Pesquisar e aplicar conhecimentos e habilidades práticas que promovam o estado da arte atual em estudos de paz e conflitos;

g) Desenvolver e experienciar novas metodologias, epistemologias e pesquisas científicas para investigar a eficácia de diferentes abordagens para trabalhar com conflitos por meio de abordagens transracionais, transculturais e transdisciplinares;

h) Dar apoio teórico e prático a Agentes que já trabalham com conflitos em diversas áreas do conhecimento humano (Diplomacia, Direito, Psicologia, Religião, Educação, Política, Ciências, dentre outras);

i) Publicar artigos e textos sobre os Estudos de Paz, conflito, mente, consciência e suas diversas aplicações;

j) Treinar habilidades intrapessoais por meio das práticas contemplativas para que as(os) - Agentes de Paz desenvolvam capacidades socioemocionais para lidar com os conflitos.

k) Perceber a interdependência entre todos os fenômenos, a complexidade e abrir a mente-coração para a compreensão que vai além da cognição. Ampliar a intuição, e criar um campo de percepção amplo, aberto, observando cada fenômeno dentro de seu contexto. Com isso, a(o) agente passa a perceber que a realidade não é posta, mas sim, se faz no caminhar e na inter-relação.

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CARACTERIZAÇÃO DO CURSO4.

Início: 07/06/2021Término: 30/09/2021

Até 5 dias úteis após o recebimento da confirmação de participação no curso.

Início das aulas: 17/10/2021Término das aulas: 30/10/2022Data limite para entrega do TCC: 30/10/2022• O programa tem duração de 12 (doze) meses em que o

TCC será entregue dentro desse prazo. • O cronograma poderá sofrer pequenas alterações

devido a feriados nacionais e recessos.

O Curso é ofertado unindo disciplinas presenciais e estudos dirigidos com carga horária total de 1023

(hum mil e vinte e três), sendo 570 (quinhentos e setenta) horas de conteúdo curricular e 453 (quatrocentos e cinquenta e três) distribuídas em atividades de mentoria sobre o desenvolvimento do Trabalho Aplicado e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); Práticas Contemplativas e Seminário Integrativo.

As aulas serão distribuídas conforme Calendário do Curso no período de 12 (doze) meses incluindo o prazo para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso e sua aplicação prática.

4.1. Período de realização da inscrição

4.2. Período de realização da matrícula

4.3. Período de realização do curso

São 30 (trinta) vagas, no mínimo, e 60 (sessenta) vagas no máximo por turma.

4.4. Número de vagas

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PÚBLICO-ALVO5.O Curso de Pós-Graduação em Transformação

de Conflitos e Estudos de Paz com Ênfase em Equilíbrio Emocional engloba diferentes áreas de conhecimento, particularmente as ciências humanas e sociais com foco interdisciplinar envolvendo diferentes áreas, dentre elas: Saúde, Psicologia, Educação, Direito, Sociologia, Relações Internacionais, Pedagogia, Comunicação Social, Assistência Social, Teologia, Tradições Contemplativas, Antropologia, História e Ciência Política.

Com foco na formação de Agentes de Paz e em razão de os Estudos de Paz e Conflitos (EPC) serem transdisciplinares, os diferentes conteúdos trazem benefícios em diversos âmbitos e podem ser utilizados em todas as áreas de atuação. Nesse sentido podemos indicar como público do Curso:

1. O Público em Geral: Pessoas que experienciam conflitos em suas vidas, ou seja, qualquer de nós, e que desejam desenvolver habilidades e ferramentas socioemocionais para lidar e transformá-los de forma não-violenta em âmbito profissional e pessoal;

2. Profissionais das diversas áreas de atuação: Empreendedorismo, Direito, Educação, Psicologia, Diplomacia, Arte, Saúde, Ciência Política, dentre outras que buscam desenvolver ou aprofundar suas habilidades e ferramentas socioemocionais para transformar conflitos; e

3. Trabalhadores de Conflito: Pessoas que já trabalham com conflitos, incluindo, mas não se restringindo aos operadores do Direito, Mediadores e Conciliadores que desejam desenvolver e refinar suas habilidades e ferramentas socioemocionais para lidar com conflitos e transformá-los de forma não-violenta.

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DISCIPLINAS E CARGA HORÁRIA6.A seguir será apresentada a Matriz Curricular do Curso de Pós-graduação em Trans-

formação de Conflitos e Estudos de Paz com Ênfase em Equilíbrio Emocional:

*A disciplinas presencias po-dem ocorrer de forma remota confor-me prevê o Parecer nº 19 do Conselho Nacional de Educação (CNE), homo-logado pelo Ministério da Educação (MEC) em 10/12/2020, que autori-za as atividades remotas no ensino básico e superior até 31 de dezem-bro de 2021 em todo o país e atribui autonomia aos Sistemas de ensino para reorganizar os calendários cur-riculares ao longo de 2021, realizan-do as adaptações para aulas online.

*A imersão física poderá ocor-rer de forma remota conforme prevê o Parecer nº 19 do Conselho Nacio-nal de Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC) em 10/12/2020, que autoriza as ati-vidades remotas no ensino básico e superior até 31 de dezembro de 2021 em todo o país e atribui auto-nomia aos Sistemas de ensino para reorganizar os calendários curri-culares ao longo de 2021, realizan-do as adaptações para aulas online.

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A Matriz Curricular está dividida em 2 (dois) semestres letivos. Os conteúdos são transdisciplinares, se complementam mutuamente e são aprofundados à medida que a(o) agente dá sequência aos seus estudos.

No que tange ao conjunto das disciplinas apresentadas na Matriz Curricular elas se constituem em dois encontros presenciais imersivos de 15 (quinze) dias cada, assim concebidas: a) Primeiro semestre: “Cultura de Paz: a Arte do cuidado e a “Interdependência” e b) Segundo semestre: Paz Negativa e Positiva: Transformação de Conflitos e Estudos de Paz.

As disciplinas serão desenvolvidas em 15 (quinze) dias de imersão física em local e data a ser definido no Calendário do Curso. A(o) agente também terá, nesses dias, os Laboratórios de Yoga, de Contemplação, de Escuta Compassiva e seminário integrativo como parte do currículo.

Na temática pertinente ao semestre Cultura de Paz: a Arte do cuidado e a Interdependência, tem-se como intuito aprofundar ainda mais nas

ferramentas e métodos contemplativos para a transformação da base da(o) Agente de Paz. O tópico da interdependência, ou surgimento dependente, está no coração da sabedoria Budista. Por um lado, podemos dizer que a interdependência é um princípio observável natural e não é propriamente da tradição budista. Todos vivemos e nos movemos sobre a natureza dos relacionamentos contingentes, no entanto, como seres humanos, muitas vezes lutamos para encontrar uma sensação de bem-estar, em nosso relacionamento com o mundo exterior em que vivemos e com o mundo interior, de nossos pensamentos e emoções, esperanças e medos. A contribuição única do caminho vindo da tradição milenar Budista é um plano claro e prático para navegar na natureza da interdependência que une nossas ações às nossas mais profundas intenções de viver uma vida significativa, saudável e compassiva. Esse semestre tem por objetivo investigar a natureza do eu e dos fenômenos e aprofundar nosso treinamento contemplativo.

*Pode haver professores convidados extra em cada semestre. O cronograma detalhado das aulas e atividades serão passados dias antes do início de cada imersão.

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No semestre Paz Negativa e Positiva: Transformação de Conflitos e Estudos de Paz dá-se sequência em trabalhar a base da(o) agente de paz, em sua transformação intrapessoal que refletirá em sua transformação interpessoal. Tendo por norteador o preâmbulo da Constituição da UNESCO que diz “Uma vez que as guerras se iniciam nas mentes dos homens e mulheres, é nas mentes dos homens e mulheres que devem ser construídas as defesas da paz”.

Trabalharemos neste semestre as Muitas Pazes que trazem 5 (cinco) lentes de ver a realidade da paz pela história e nas respectivas culturas, sendo elas: Paz Energética, Paz Moral, Paz Moderna, Paz Pós-Moderna e Paz Transracional. Além disso, serão abordadas a teoria e as práticas sobre Transformação Elicitiva de Conflitos tais como:

a) Mapeamento Elicitivo de Conflitos (método exclusivo da Cátedra de Paz da UNESCO), incluindo mind mapping;

b) Dançando as Pazes e transformando os conflitos;c) Reflexões sobre Paz e Conflito aliadas às práticas

contemplativas como ferramenta de pacificação interna do Agente de Paz.

No intervalo entre as disciplinas imersivas, totalizando 120 (cento e vinte) horas, serão desenvolvidas atividades dirigidas com a realização de práticas contemplativas, leituras e discussões de materiais acadêmicos da área, para dar suporte à construção do Projeto de Pesquisa.

No decorrer deste período do currículo base de um ano (12 meses), o Agente de Paz desenvolverá seu Projeto de Pesquisa, dentro das temáticas propostas. Sua finalização e aplicação se darão no decorrer desse período. Ao final, ele apresentará um relatório de estudos do Trabalho Aplicado em formato de artigo contendo 15-30 páginas.

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CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA7.O Projeto Pedagógico do Curso em

Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional, tem em sua base pedagógica o “aprender como caminho, não como objetivo”. Essa proposta traz um novo modelo educacional que une a aprendizagem experiencial à educação formal. A abordagem pedagógica do Curso está enraizada na pedagogia contemplativa que oferece um currículo vivo, orgânico que lida com o real e não com o ideal. Nesse sentido podemos afirmar que sua concepção está enraizada na pedagogia contemplativa que se constituiu como uma abordagem profunda e transformativa de educação. Se concentra no cultivo de qualidades pessoais construtivas e que honra as experiências vividas por todos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Traz um olhar humanizado para os processos acadêmicos, levando em consideração nosso ser como um todo, não somente o intelecto, como em abordagens tradicionais. Embora “pedagogia contemplativa” seja uma terminologia relativamente nova, os processos de contemplação são antigos. A pedagogia contemplativa está enraizada em antigas tradições espirituais existentes e em inúmeras culturas diferentes. Traz fortemente o equilíbrio entre os componentes intelectuais com outros recursos por meio da prática e experiência.

Como abordagem pedagógica distinta, a Pedagogia Contemplativa encontra-se na intersecção entre tradições contemplativas, ciência moderna e teorias educacionais (Brown, 2011). Richard C. Brown, professor de Educação Contemplativa na Naropa University, localizada em Boulder, Colorado, descreve essa abordagem da pedagogia como uma “síntese da presença consciente e métodos instrucionais eficazes que cultivam profundidade na aprendizagem” (Brown, 2011).

Para Louis Komjathy, professor associado de Religiões Chinesas e Estudos Comparativos Religiosos da Universidade de San Diego, Califórnia, a pedagogia contemplativa é uma abordagem ao ensino, informada e expressa

por meio de diversas formas de práticas contemplativas. Essa abordagem explora a prática contemplativa, as experiências geradas a partir dela e sua aplicação à educação (Komjathy, 2016).

Sendo assim, ao ser adotada como princípio metodológico e de aprendizado, oferece a oportunidade às(aos) agentes de observarem e investigarem suas mentes, seus estados emocionais, seu corpo e como se relacionam consigo e com o mundo a partir de um espaço seguro de abertura e criatividade. A pedagogia contemplativa nos convida a trazer o foco interno introspectivo como a base para o desenvolvimento da conexão e insight (Barbezat & Bush, 2014). O objetivo geral desses métodos é o cultivo de formas de consciência e qualidades construtivas de ser e de se relacionar.

Trata-se de uma diferenciação das abordagens convencionais encontradas nos meios educacionais, que enfatiza meramente a perspectiva de pesquisa em “terceira pessoa”, com foco na aquisição de novas informações “dadas” às(aos) agentes por professores especialistas. Essa abordagem meramente em terceira pessoa é como a maioria de nós foi educada academicamente. A pedagogia contemplativa inverte essa lógica e traz um novo olhar aos processos acadêmicos, em que eu como ser no mundo me implico em todos os processos nos quais estou experienciando.

O ponto de partida para a Pedagogia Contemplativa é uma abordagem em “primeira pessoa” para a transformação profunda de cada indivíduo que é, por si, agente de transformação. Esse tipo de abordagem investiga a percepção das experiências subjetivas do indivíduo e como esta pode ser transformada.

A pedagogia contemplativa se concentra na investigação de todos os fenômenos, na investigação da mente e da consciência e se faz presente em todo o processo de ensino-aprendizagem do Curso. Também faz parte do Curso que todas(os) as(os) agentes façam todas as práticas contemplativas oferecidas tanto nas fases presenciais quanto remotas. A efetividade do Curso decorre da efetividade de as(os) agentes

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se engajarem nas práticas contemplativas, pois elas são o método investigativo principal de nosso programa.

Sabe-se que cada pessoa traz consigo suas biografias, identidades, experiências, emoções, sentimentos, relações e entendimentos de si e de como se relacionam com o mundo. É com esse engajamento com a totalidade do ser, por meio de um processo de práticas intra e interpessoais, que o Curso acompanha cada participante enquanto investigam de forma profunda, autêntica e corajosa seu envolvimento com os conflitos e a trabalhar de forma conjunta a construção de uma cultura de paz, começando com cada pessoa. Dentro deste contexto, também há o entendimento de que não há professoras(es), mas sim facilitadoras(es) de processos nos quais todos, Agentes de Paz e facilitadoras(es) (professoras(es)), são corresponsáveis da realização de uma investigação aberta, não definitiva e conclusiva, por meio de diversos processos.

As abordagens teóricas e as práticas, juntas, apoiam a jornada transformativa da(o) agente, enquanto desenvolve suas transformações no seu tempo e na medida em que puder ou quiser, em respeito ao movimento e sua necessidade.

Por que as práticas contemplativas como método investigativo principal são oferecidas em nosso programa? Práticas contemplativas são encontradas nas tradições de sabedoria ao longo do tempo e em diversas culturas. A extensão das práticas contemplativas inclui formas de meditação que cultivam a quietude profunda, visando centrar e acalmar a mente. As práticas contemplativas também podem se concentrar na geração de qualidades específicas da mente, como bondade amorosa e compaixão. Técnicas como mindfulness do corpo, sentimentos, mente e fenômenos podem ser utilizadas. Abordagens orientadas ao movimento, como meditação em movimento, dança, yoga, pintura, Aikido, Tai Chi Chuan e Qigong, também são métodos de florescimento das habilidades contemplativas.

As práticas contemplativas podem despertar a capacidade criativa do indivíduo por meio da música, do canto e da escrita, bem como as habilidades relacionadas ao indivíduo por meio de escuta profunda, de diálogo, de comunicação autêntica e de narração de histórias (The Center for Contemplative Mind in Society, 2000). Por meio da investigação profunda da mente e da consciência que a transformação ocorre.

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7.1. Formas de assimilação dos conteúdos educacionais oferecidos em nosso programa que vai além da cognição

A realização de um processo transformador profundo para se tornar em Agente de Paz requer a utilização de certos métodos e meios. É a arte e a ciência de se envolver com o movimento da consciência, com a observação da experiência e com a formação do significado.

As ferramentas de observação estão enraizadas na capacidade de desenvolvimento da consciência autorreflexiva, sem julgamentos e na capacidade de observar a mente sem se identificar com seu conteúdo. Quando treinamos essas capacidades, a consciência se move em direção a uma experiência não pessoal, ultrapassando as fronteiras do “eu” e do “meu” e isso é libertador e profundo. Nossas práticas contemplativas visam dar uma base de quietude mental (práticas de shamata) primeiramente para então adentrar na investigação (Vipassana) do corpo, sentimentos, pensamentos, os fenômenos e transformar nossa crença na existência permanente de um “eu” e dos fenômenos. De acordo com Francisco Varela, um renomado biólogo, filósofo e neurocientista chileno, que é referência mundial no estudo da mente e da consciência:

Francisco Varela, um dos mais conhecidos investigadores do corpo e da mente, explica os três métodos para acessar a experiência em primeira pessoa: introspecção, fenomenologia e tradições contemplativas. A primeira tradição de acesso a experiências em primeira pessoa é representada pelo método introspectivo encontrado nos campos da psicologia experimental e da ciência cognitiva. Essa abordagem se concentra

O desenvolvimento progressivo do insight intensifica a experiência de atenção calma e expande o espaço dentro do qual todos os surgimentos de experiência ocorrem. À medida que essa prática se desenvolve, a atitude imediata de uma pessoa (não apenas suas reflexões a posteriori) torna-se cada vez mais concentrada na consciência de que essas experiências – pensamento, disposições, percepções, sentimentos e sensações – não podem ser definidas de forma exata. Nosso apego habitual a elas é, ele próprio, apenas outro sentimento, outra disposição de nossa mente. Esse surgimento e desaparecimento, emergência e declínio, é apenas aquela ausência de self nos agregados da experiência. Se existisse um self sólido, realmente existente e escondido nos agregados, ou por trás deles, seu caráter imutável impediria que qualquer experiência ocorresse. Sua natureza estática faria parar bruscamente o constante surgimento e desaparecimento da experiência. Consequentemente, não surpreende o fato de que as técnicas de meditação e contemplação que pressupõem a existência desse self funcionem desligando os sentidos e negando o mundo da experiência. Mas esse círculo de surgimento e declínio da experiência gira continuamente, e isto pode ocorrer apenas porque ele não possui um self. Então, não só a cognição e a experiência não parecem possuir um self realmente existente, mas também a crença habitual nesse ego-self, o contínuo agarrar-se a esse self, é a base da origem e continuação do sofrimento humano e dos padrões habituais de conduta (Varela, 2003).

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nos dados coletados como relatos de experiências em primeira pessoa. Este tipo de método tem sido um pilar de muitas abordagens de pesquisa de laboratório desde o início do século XX. Uma lacuna dessa abordagem é que, apesar de sua ampla utilização, muitas vezes ela não consegue capturar a complexidade e as nuances das experiências. O sujeito da pesquisa só precisa confirmar que a experiência foi percebida e não a explora em detalhes. Tampouco leva em conta as lentes de interpretação no assunto em questão. As abordagens mais sutis focam nas competências da pessoa que observa e que relata a experiência. Essas competências são construídas por meio do treinamento regular e da imposição de limites às técnicas de exploração e expressão.

A fenomenologia é uma abordagem independente da tradição introspectiva. É uma tradição que foi codificada pelo trabalho de Edmund Husserl, considerado o fundador do campo. O método que Husserl criou envolve a suspensão de preconceitos para examinar a estrutura, as camadas e as origens de suas próprias experiências. O trabalho de Husserl focou no processo da fenomenologia em si e não especificamente nos processos que podem ser usados para desenvolver essas habilidades. Isso resultou em novos desenvolvimentos no campo da fenomenologia, que foca as aplicações práticas do método fenomenológico e as habilidades necessárias para utilizá-lo adequadamente. Esse esforço para reexaminar os trabalhos de Husserl para fins de aplicações práticas é exemplificado pelo trabalho de Natalie Depraz em seu artigo “The Phenomenological Reduction as Praxis”.

Essa abordagem diz respeito à tradição budista de shamatha, um campo de prática extremamente rico e bem desenvolvido. A abordagem geral de shamatha, quando combinada com outras abordagens de investigação, consiste em triangular experiências de diferentes pontos de vista. Por meio do acúmulo de observações e compreensão de diferentes perspectivas, pode emergir um sentido profundo de significado. Além disso, a prática de shamatha direciona a lente da investigação para o processo de observação: você se torna consciente do processo de se tornar consciente.

7.2. O eu virtual de Varela

Dentro do campo de EPC encontra-se o campo fértil para discussão e investigação sobre a identidade, eu, self e não-self. Francisco Varela (1999), biólogo chileno e referência internacional nesses estudos trabalha com um conceito interessante de “eu”, o chamado de “eu virtual”. Essa abordagem, conforme compreendida por Varela, define o eu virtual como uma malha de várias identidades – identidade celular, identidade imune, identidade cognitiva – que se manifestam em diferentes modos

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Quando falamos em programas ou Cursos de Estudos de Paz em diferentes lugares do mundo, verificamos que cada um possui seu foco trazendo suas características e peculiaridades. Isso decorre do fato de tratar-se de uma área acadêmica relativamente nova e interdisciplinar.

No caso deste atual Curso, ofertado no Brasil, foram adotadas as premissas da Constituição da UNESCO, que diz: “Como as guerras começam nas mentes de homens e mulheres, é nas mentes de homens e mulheres que as defesas da paz devem ser construídas.” Portanto, a paz começa nas mentes de homens e mulheres e, por conta disso, o Curso foca no treinamento da mente da(o) agente, a partir das ideias da interdependência e equilíbrio emocional, trabalhando academicamente textos e reflexões importantes para os Estudos de Paz e Conflitos. No Curso, o conhecimento intelectual passa pela experiência, considerando todas as relações envolvidas no processo. Todo o estudo acadêmico oferecido está a serviço da grande transformação da mente-coração da(o) Agente de Paz. Para isso é utilizada estrutura que compreende três etapas de estudos acadêmicos:

7.3. A estrutura das três etapas de aprendizagem

de interação. Esse eu virtual só surge por meio do processo constante de desapego. Se quiser entender a natureza do que significa ser um sujeito, seu ponto de partida deve ser que o experimentador está em um estado de geração e transformação constantes, já que nenhuma identidade é estável ou sólida. Essa observação é muito importante para Agentes de Paz. Esse eu virtual frágil não tem um centro ou âncora permanente, não tem substância, mas nos parece muito real. Ao estudarmos e investigarmos esse “eu virtual”, vamos percebendo que tudo está em constante transformação e isso pode nos proporcionar uma experiência de maior flexibilidade na vida e em nossas relações. A fixação que temos de que somos sempre os mesmos, e que temos um “eu” fixo, permanente, e, da mesma forma, os fenômenos, pode ser um dos nossos maiores dilemas e conflitos que experienciamos. Quando falamos de “eu”, não estamos apenas tratando da esfera do ego, ou da psique. O “eu” nesse sentido mais amplo, pode ser estendido à ideia de qualquer fenômeno. Ou seja, a malha de várias identidades – identidade celular, identidade imune, identidade cognitiva, conforme Varela. Para compreender o que o Varela chama de “eu virtual” se faz primordial o treino contemplativo da(o) Agente de Paz.

a) Visão (Processo de aprendizagem - conhecimento mais intelectual): Contempla principalmente o princípio da interdependência por meio de leituras, estudos, escutar aulas etc. No nível da visão nos colocamos como uma esponja: abertas, curiosas como uma cientista investigando os mundos de forma aberta, sem julgamentos.

b) Contemplação (Digestão e reflexão sobre todo o conhecimento estudado. Geração do insight): A contemplação é a ponte entre a meditação e o conhecimento/visão. Essa etapa é desenvolvida por meio de escrita, reflexão, pintura, principalmente, pelo discernimento mental sobre o conhecimento estudado que geram o insight. Contemplação é uma arte. Para contemplar, primeiramente precisamos captar os elementos do que foi aprendido. O que diz esse ensinamento? Sempre que nos perguntamos isso não devemos buscar uma reflexão a respeito como uma surpresa, não como reflexão óbvia. As coisas se formam dentro de uma relação, um contexto e se dissolvem nele mesmo. A contemplação nos apoia a desenvolvermos uma qualidade de estarmos confortáveis com a ambiguidade. É nos abrirmos para acolher e testemunhar ideias opostas e ficarmos tranquilos com isso. Não querer chegar a nenhuma conclusão sobre as pessoas e/ou coisas. É treinar a mente para o não saber. A mente do não saber, contempla o caos, o admira e testemunha essa vivacidade do caos da vida e fica confortável com isso. Não se inquieta ao não saber, assim como não tem necessidade de chegar a nenhuma conclusão sobre nada pois tudo se relaciona, se transforma devido a infinitas causas e condições. A vida é paradoxal e contemplar isso é o ponto.

c) Meditação (cultivo do insight): Ao perceber a vida como ela é, impermanente e interdependente, vamos cultivar esse insight. O treinamento passa em manter e cultivar a mente aberta.

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7.4. Nossa Visão: a base do nascimento do Agente de Paz

7.5. Metodologias e Ferramentas oferecidas no Curso

Nossa base é o princípio da interdependência e da compaixão. Com isso, a(o) Agente de Paz desenvolve a consciência de que estamos interconectados (interser). A partir da pacificação interna, passamos a nos relacionar de forma colaborativa e construtiva conosco, com os outros e isso se refletirá diretamente no tecido social. Esses treinamentos fazem parte do que Dalai Lama chama de revolução espiritual e ética por meio da educação. Por meio deles, que as(os) Agentes de Paz se dão conta de que a realidade que vivemos é complexa e é preciso que nos coloquemos de forma aberta e sensíveis a ela.

As disciplinas e atividades que compõem a Matriz Curricular do Curso apresentam diferenças entre si, sendo assim, são adotadas metodologias diversas com propósito de atender de maneira mais apropriada seu objetivo.

Nesse contexto, cabe salientar que a filosofia transracional de paz e transformação de conflitos por elicitação são princípios orientadores das práticas metodológicas, juntamente com o treinamento contemplativo com base na interdependência e equilíbrio emocional de Agentes de Paz. Essas são abordagens de metodologias transformativas com foco na transformação profunda do ser e então, transformação de todo seu entorno. O programa é estritamente científico, internacional, intercultural e orientado para a aplicação prática do seu conteúdo.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO8.O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

é exigido nos Cursos de Pós-graduação lato sensu ofertados pela Faculdade PECEGE.

A finalidade do TCC é complementar a competência acadêmica da(o) agente, introduzindo-a(o) no mundo acadêmico, tendo a oportunidade de integrar e utilizar conhecimentos teóricos e práticos construídos ao longo do Curso e suas vivências.

Estão previstas neste Projeto Pedagógico, 300 (trezentas) horas, distribuídas no período do programa para finalização, refinamento do TCC e Trabalho Aplicado.

O Trabalho de Conclusão de Curso deverá corresponder à aplicação aos estudos de paz, conflito, mente e consciência. A(o) agente deverá escolher entre 3 (três) linhas de pesquisa conforme segue: 1) Transformação de conflitos; 2) Equilíbrio Emocional; e/ou 3) Ciência Contemplativa. Estas áreas se constituirão em Grupos de Pesquisa (GP1, GP2 e GP3) formados pelas(os) agentes a elas(es) vinculadas(os), com objetivo de produzir pesquisa e conhecimento na área escolhida.

A metodologia de pesquisa acadêmica utilizada em nosso programa traz uma abordagem não convencional e permite a escrita em primeira pessoa, na qual a/o escritora/or é encorajada/o a articular seus pensamentos, ideias e sua voz de forma autêntica. Desta forma, encorajamos e convidamos as/os Agentes de Paz em nosso programa a incluírem em sua pesquisa científica suas experiências subjetivas reflexões aliadas aos diálogos com autoras(es) selecionadas(os).

Por meio de uma plataforma digital as(os) Agentes serão acompanhadas(os) por orientadoras(es) distribuídas(os) dentre as linhas de pesquisa elencadas. O objetivo principal da plataforma é propiciar aprofundamento no conteúdo oferecido durante o semestre e promover pesquisa, orientação e discussão à cerca de temas específicos trazidos pelo Curso. Caberá a cada orientadora(or) em conjunto com integrantes dos Grupos de Pesquisa definir a melhor prática de acompanhamento do trabalho aplicado, tendo em vista suas especificidades.

O Trabalho Aplicado equivale ao Trabalho de Conclusão do Curso, constituído por uma parte teórica desenvolvida no relatório e uma parte prática, de intervenção.

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CORPO DOCENTE

CERTIFICAÇÃO

9.

10.

O Corpo Docente do Curso atenderá o previsto na Resolução nº 1, de 6 de abril de 2018, que

estabelece que o corpo docente dos Cursos de Pós-graduação lato sensu, em nível de especialização, deverá ser constituído por docentes especialistas ou de reconhecida capacidade técnico-profissional, sendo que 30% (trinta por cento) destes, pelo menos, deverão apresentar titulação de mestre ou de doutor obtido em programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido pelo Ministério da Educação.

A(o) agente que obtiver aprovação em todos os módulos/disciplinas, totalizando 1023 horas,

assim como no Trabalho de Conclusão de Curso, receberá certificado de Pós-Graduação em “Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase em Equilíbrio Emocional”.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Dietrich, W. (2018). Elicitive Conflict Mapping. (H. I. Kuske, & M. J. Murphy, Trans.) London: Palgrave Macmillan.

Dietrich, W. (2013). Elicitive Conflict Transformation and the Transrational Shift in Peace Politics. (W. Sützl, & V. Hindley, Trans.) New York: Palgrave Macmillian.

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Wallace, A. (2012). Meditations of a Buddhist Skeptic: A Manifesto for the Mind Sciences and Contemplative Practice. New York: Columbia University Press.

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F. Varela e J. Shear, The View from Within: First-Person Approaches to the Study of Consciousness (Thorverton: Imprint Academic, 1999).

Depraz, Natalie, The Phenomenological Reduction as Praxis, Janeiro de 1999, Journal of Consciousness Studies 6 (2-3): 95-110

Faculdade PECEGE. Instituto de Pesquisas e Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas. Regimento Geral, 2019. Disponível em: https://faculdade.pecege.com/wp-content/uploads/2019/12/Faculdade_IPECEGE_-_Regimento_Geral19.pdf. Acesso em: 09 de dez 2020.

Piracicaba, junho de 2021.