Psicologia da saúde em Portugal - SciELO · 1. INTRODUÇÃO O ensino da psicologia da saúde em...

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1. INTRODUÇÃO O ensino da psicologia da saúde em Portugal iniciou-se formalmente em 1987, no ISPA, com uma cadeira anual de opção no 5.º ano da Licen- ciatura, na área de psicologia clínica. Daí para cá multiplicaram-se os projectos de formação pré e pós-graduada, assistiu-se ao desenvolvimento da investigação, foram-se implantando mais psi- cólogos nos serviços de saúde, foi incluído o ra- mo de psicologia clínica na carreira dos técnicos superiores de saúde (DL n.º 241/94, do Ministé- rio da Saúde), realizaram-se Congressos Nacio- nais em Lisboa (1994) e em Braga (1997), e constituiu-se a Sociedade Portuguesa de Psicolo- gia da Saúde. O interesse no País pela psicologia da saúde é, portanto, relativamente recente: tem cerca de uma década. Contudo, tem conhecido expansão significativa e mobilizado interesses variados, quer ao nível das instituições de ensino superior de Psicologia quer ao nível dos próprios serviços de saúde. Este estudo teve por finalidade principal con- tribuir para a história da psicologia da saúde em Portugal e recolher dados que permitam caracte- rizar as actividades desenvolvidas no País nas áreas da investigação, intervenção, formação e integração profissional, à semelhança do que já aconteceu nalguns países da Europa, nomeada- mente em Espanha, na Alemanha, na Suíça e na Áustria (Egger, 1994; Hornung & Gutscher, 1994; Blanco & León, 1994; Rodriguez-Marín, 1994; Schroder, 1994). De forma mais específica, procurou-se dar resposta às seguintes 4 grandes questões: 1. Que investigação em psicologia da saúde tem sido realizada em Portugal? Mais especificamente pretendeu-se saber que investigação psicológica tem sido realizada no País em relação com (1) promoção da saúde e prevenção da doença, (2) identificação de facto- res de risco para a saúde, (3) adaptação à doença, tratamento e reabilitação, (4) organização e ges- tão dos serviços de saúde e (5) outras áreas de investigação. 2. Que intervenção em psicologia da saúde tem sido realizada em Portugal? Mais especificamente pretendeu-se saber que intervenção em psicologia da saúde tem sido rea- lizada no País no que concerne a (1) intervenção nos cuidados de saúde primários, (2) intervenção nos cuidados diferenciados, (3) publicações e (4) reuniões científicas. 435 Análise Psicológica (1999), 3 (XVII): 435-455 Psicologia da saúde em Portugal JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*) MARIZA DO CIMA (**) CLÁUDIA SANTA CRUZ (***) (*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lis- boa. Sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Psi- cologia da Saúde. (**) Psicólogas clínicas.

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1. INTRODUÇÃO

O ensino da psicologia da saúde em Portugaliniciou-se formalmente em 1987, no ISPA, comuma cadeira anual de opção no 5.º ano da Licen-ciatura, na área de psicologia clínica. Daí para cámultiplicaram-se os projectos de formação pré epós-graduada, assistiu-se ao desenvolvimentoda investigação, foram-se implantando mais psi-cólogos nos serviços de saúde, foi incluído o ra-mo de psicologia clínica na carreira dos técnicossuperiores de saúde (DL n.º 241/94, do Ministé-rio da Saúde), realizaram-se Congressos Nacio-nais em Lisboa (1994) e em Braga (1997), econstituiu-se a Sociedade Portuguesa de Psicolo-gia da Saúde. O interesse no País pela psicologiada saúde é, portanto, relativamente recente: temcerca de uma década. Contudo, tem conhecidoexpansão significativa e mobilizado interessesvariados, quer ao nível das instituições de ensinosuperior de Psicologia quer ao nível dos própriosserviços de saúde.

Este estudo teve por finalidade principal con-tribuir para a história da psicologia da saúde emPortugal e recolher dados que permitam caracte-

rizar as actividades desenvolvidas no País nasáreas da investigação, intervenção, formação eintegração profissional, à semelhança do que jáaconteceu nalguns países da Europa, nomeada-mente em Espanha, na Alemanha, na Suíça e naÁustria (Egger, 1994; Hornung & Gutscher,1994; Blanco & León, 1994; Rodriguez-Marín,1994; Schroder, 1994).

De forma mais específica, procurou-se darresposta às seguintes 4 grandes questões:

1. Que investigação em psicologia da saúdetem sido realizada em Portugal?

Mais especificamente pretendeu-se saber queinvestigação psicológica tem sido realizada noPaís em relação com (1) promoção da saúde eprevenção da doença, (2) identificação de facto-res de risco para a saúde, (3) adaptação à doença,tratamento e reabilitação, (4) organização e ges-tão dos serviços de saúde e (5) outras áreas deinvestigação.

2. Que intervenção em psicologia da saúdetem sido realizada em Portugal?

Mais especificamente pretendeu-se saber queintervenção em psicologia da saúde tem sido rea-lizada no País no que concerne a (1) intervençãonos cuidados de saúde primários, (2) intervençãonos cuidados diferenciados, (3) publicações e (4)reuniões científicas.

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Análise Psicológica (1999), 3 (XVII): 435-455

Psicologia da saúde em Portugal

JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*)MARIZA DO CIMA (**)

CLÁUDIA SANTA CRUZ (***)

(*) Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lis-boa. Sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Psi-cologia da Saúde.

(**) Psicólogas clínicas.

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3. Que formação em Psicologia da Saúdetem sido realizada em Portugal?

Mais especificamente pretendeu-se saber queformação em psicologia da saúde tem sido de-senvolvida no País no que concerne a (1) forma-ção académica e (2) formação profissional.

2. INFORMAÇÃO SOBRE FONTESE BIBLIOGRAFIA

Para a realização deste estudo foram utiliza-das várias fontes bibliográficas entre as quais secontaram artigos publicados em revistas de Psi-cologia, revistas médicas, livros de actas e de re-sumos de congressos nacionais de psicologia dasaúde, trabalhos monográficos realizados na Li-cenciatura em Psicologia do ISPA, planos de es-tudos das Licenciaturas e de Mestrados de váriasfaculdades, planos de formação permanente eprogramas de cursos de formação profissional,notícias sobre reuniões científicas publicadasem revistas especializadas, relatórios de activida-des e programas científicos de várias iniciativas.Mais particularmente, o estudo apoiou-se em tra-balhos monográficos realizados sobre a psicolo-gia da saúde em Portugal (Cima, 1997; SantaCruz, 1997).

Especificando, as fontes utilizadas foram asseguintes:

- Para a descrição e caracterização da investi-gação e da intervenção analisaram-se artigospublicados nas seguintes revistas científicas:Análise Psicológica, Psicologia, Psiquiatria Clí-nica, Cadernos de Consulta Psicológica, AnaisPortugueses de Saúde Mental e Acta Reumatoló-gica Portuguesa. Com a mesma finalidade usa-ram-se os Resumos do 1.º Congresso Nacionalde Psicologia da Saúde (Lisboa, 1994), os Resu-mos do 2.º Congresso Nacional de Psicologia daSaúde (Braga, 1997) e o livro de Actas do 2.ºCongresso Nacional de Psicologia da Saúde,publicado pelo ISPA (1997). Foram usados tam-bém os relatórios de actividades do Núcleo deInvestigação em Psicologia da Saúde do ISPA(1995/96, 1996/97, 1997/98).

Na consulta destas fontes bibliográficas, de-signadamente na análise dos resumos das comu-nicações apresentadas nos congressos nacionaisexperimentaram-se dificuldades resultantes do

facto deles traçarem apenas algumas linhas ge-rais das respectivas investigações e programas deintervenção. Por outro lado, as Actas do 2.ºCongresso Nacional não incluem grande númerodas comunicações realizadas, o que justificou orecurso aos respectivos resumos. Finalmente,consultaram-se as Monografias de Licenciaturaem Psicologia do Instituto Superior de Psicolo-gia Aplicada, a partir de 1990 e que se encon-tram na Biblioteca do ISPA. Neste particular,uma das limitações inerentes a estas fontes re-lacionam-se com a dificuldade em encontrar to-das as Monografias realizadas no ISPA no âm-bito da Psicologia da Saúde, uma vez que só épossível consultar na Biblioteca as Monografiasque obtiverem a classificação igual ou superior a17 valores.

- Para a análise das actividades de formaçãoacadémica e profissional, as fontes utilizadas fo-ram as seguintes: Actas do 2.º Congresso Nacio-nal de Psicologia da Saúde (ISPA, 1997), Planosde Estudos de Mestrados (ISPA, FPCE da Univ.de Lisboa, FPCE da Univ. do Porto, FPCE daUniv. de Coimbra, Univ. do Minho), Guias doEstudante (FPCE da Univ. de Lisboa, FPCE daUniv. do Porto, FPCE da Univ. de Coimbra), ar-tigos publicados na revista Análise Psicológica,notícias de colóquios, congressos e semináriospublicadas na revista Análise Psicológica, Bole-tim Informativo do ISPA, planos de formaçãoanuais do Departamento de Formação Perma-nente do ISPA, além dos planos de estudos decursos de mestrado de várias faculdades (Mes-trado de Psicoterapia e Psicologia da Saúde daFPCE da Univ. de Lisboa, Mestrado de Psicolo-gia da Saúde do ISPA, Mestrado de PsicologiaClínica e da Saúde da Universidade do Minho eMestrado de Psicologia do Desenvolvimento emContextos de Saúde da Univ. do Porto) e progra-mas de diversos cursos e acções de formação re-lacionadas com psicologia da saúde.

3. DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA DASAÚDE EM PORTUGAL

O desenvolvimento da psicologia da saúde es-tá associado a dois factores: pressões internas daprópria ciência psicológica e resposta a neces-sidades sociais resultantes da evolução e pro-gresso da própria medicina (Teixeira, 1992). As

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mudanças sociais resultantes do desenvolvimen-to, da industrialização e da urbanização intro-duziram alterações profundas nos sistemas tradi-cionais de suporte familiar e social e, simulta-neamente, promoveram o aparecimento de facto-res de stress social com impacte significativo so-bre a saúde, particularmente nas crianças, nosadolescentes, nos idosos e, por último, nos su-jeitos em situações sociais mais desfavoráveis.Neste contexto, a psicologia da saúde tem vindoa adquirir uma maior importância, ao investigare intervir sobre factores psicológicos relacio-nados com a promoção e manutenção da saúde,com a prevenção, com o tratamento e reabilita-ção do doente, procurando, simultaneamente,contribuir para a humanização dos serviços desaúde e para a melhoria da qualidade dos cui-dados.

Nos anos 70, a Associação Psicológica Ame-ricana (A.P.A.) promoveu uma investigação, cu-jo o objectivo era averiguar acerca da contribui-ção dos Psicólogos para o estudo dos aspectoscomportamentais nas doenças físicas e namanutenção da saúde.

Deste estudo, resultou uma mudança radicalna forma de encarar a saúde e, consequentemen-te, procedeu-se à elaboração de um relatóriopublicado em 1976 e à criação, em 1978, da Di-visão de Psicologia da Saúde (Divisão 38) daAssociação Psicológica Americana que, desde1982, publica uma revista periódica: HealthPsychology. Este movimento de abertura aocampo da psicologia da saúde também foisentido na Europa, aquando do desenvolvimentode um processo que culminou com a publicaçãode um documento no qual foi definido, pela pri-meira vez, o papel profissional dos Psicólogos nasaúde, definição essa, elaborada pela EuropeanFederation of Professional Psychologists Asso-ciations (E.F.P.P.A.). Em 1986, em Tilburg (Ho-landa), foi fundada a European Health Psycho-logy Society (E.H.P.S.), que tem vindo, progres-sivamente, a promover inúmeros projectos, des-tacando-se a Conferência Europeia Anual, desde1988, a publicação de textos fundamentais da es-pecialidade e, por último, mas não menos impor-tante, a publicação de uma revista internacional:The International Review of Health Psychology.Esta sociedade europeia congrega membros dediversos países, como o Reino Unido, a Alema-nha, Portugal, a Finlândia, a Holanda, a Bélgica,

a Polónia, a Espanha e outros. Na Europa, paraalém da revista acima mencionada, são ainda pu-blicados outras revistas periódicas da especia-lidade: Journal of Health Psychology (Sage Pu-blications) British Journal of Health Psychology(BSP) e Psychological, Health & Medicine (Car-fax). Em 1994, uma retrospectiva da situação dapsicologia da saúde na Europa foi publicada naEuropean Review of Applied Psychology (vol.44, n.º 3), incluindo uma revisão específica da si-tuação em Espanha, na Áustria, na Alemanha ena Suíça.

É neste contexto que se integra o desenvolvi-mento da psicologia da saúde em Portugal, emrelação ao qual destacamos sinteticamente asetapas históricas principais:

1987Início do ensino de psicologia da saúde no

ISPA, em cadeira anual de opção no 5.º ano daLicenciatura em Psicologia (Área de PsicologiaClínica).

1989Primeira reunião científica, o Seminário «A

psicologia nos serviços de saúde», organizadopela Associação dos Psicólogos Portugueses(APPORT), em Lisboa.

1992Publicação do primeiro número temático da

revista Análise Psicológica sobre «Psicologia esaúde» (n.º 2, série X, 1992).

1993Criação do primeiro curso de mestrado, na

FPCE da Univ. de Lisboa, dirigido pelo Prof.Doutor L. Joyce-Moniz.

1994Realização do 1.º Congresso Nacional de Psi-

cologia da Saúde, organizado pelo Departa-mento de Psicologia Clínica do ISPA e Associa-ção dos Psicólogos Portugueses no Auditório doArquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lis-boa.

Publicação do Decreto-Lei n.º 241/94, do Mi-nistério da Saúde, que integrou o ramo de psico-logia clínica na carreira dos Técnicos Superioresde Saúde.

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1995Fundação da Sociedade Portuguesa de Psico-

logia da Saúde.

1997Realização do 2.º Congresso Nacional de

Psicologia da Saúde («A psicologia nos sistemasde saúde»), organizado pela Sociedade Portugue-sa de Psicologia da Saúde na Universidade doMinho, em Braga. Realização da I ConferênciaPsicologia nos Cuidados de Saúde Primários,organizada pelo ISPA e Centro de Saúde da Pa-rede, em Lisboa. Publicação das portarias regu-lamentadoras do estágio profissional pré-car-reira, necessário para que os psicólogos clínicospossam ter acesso a concursos para ocupação devagas na carreira dos Técnicos Superiores deSaúde.

Como se constata, apesar da história ser rela-tivamente curta (cerca de uma década), o desen-volvimento tem sido rápido, com destaque para arealização de 2 Congressos Nacionais, nos quaisforam realizadas numerosas comunicações apropósito de projectos de investigação e de inter-venção.

Para além do anteriormente mencionado, refi-ram-se ainda várias iniciativas de formação e pu-blicações científicas, nomeadamente:

- Alargamento da formação académica pós-graduada, designadamente com abertura doscursos de mestrado da Universidade do Mi-nho e do ISPA

- 5 números temáticos da revista Análise Psi-cológica: Psicologia da Gravidez e da Ma-ternidade (1990), Psicologia e Saúde (1992),Psicologia, Saúde e Doença (1994), Saúde eReabilitação (1996), Psicologia Pediátrica(1998), publicados pelo ISPA e 1 número te-mático da revista Psicologia – Teoria, inves-tigação e prática (Univ. do Minho): Psicolo-gia da saúde (1997)

- 5 livros relacionados directamente com aárea: Psicologia da Saúde e SIDA (José A.Carvalho Teixeira, ISPA, 1993), Psicologiada Saúde – Áreas de Intervenção e Pers-pectivas Futuras (Ed. por Teresa MendonçaMcIntyre, APPORT, 1994), O Sofrimentodo Doente - Leituras Multidisciplinares (Te-resa Mendonça McIntyre & Carmo Vila-

Chã, APPORT, 1995), A Esmeralda Perdida:A Informação ao Doente com Cancro daMama (Maria do Rosário Dias, ISPA, 1997),Psicologia e Saúde (José L. Pais Ribeiro,ISPA, 1998)

- A partir de 1995, com a criação do Departa-mento de Formação Permanente do ISPA,desenvolvimento de formação profissionalcom acções de formação essencialmente re-lacionadas com psicologia da gravidez e damaternidade, neuropsicologia, aconselha-mento psicológico em saúde, consulta psico-lógica em Centros de Saúde e aconselha-mento VIH/SIDA

- Realização em 1998 da II Conferência Psi-cologia nos Cuidados de Saúde Prímários,organizada pelo ISPA e pelo Centro de Saú-de da Parede e dedicada à temática «Medi-cina Familiar, Saúde Comunitária e Psicolo-gia» (Carcavelos, 1998).

Nos últimos anos desenvolveu-se significati-vamente a formação e, simultaneamente, verifi-cou-se a expansão da prática psicológica nocampo da saúde, designadamente em hospitaisgerais, maternidades e centros de saúde.

Por seu turno, a criação, em Junho de 1995,da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saú-de (SPPS), veio formalizar um espaço de encon-tro entre a psicologia e a saúde nas suas verten-tes científica e profissional. Os seus objectivosprincipais são a promoção e divulgação da psi-cologia da saúde, formação técnica, promoção derealizações científicas, cursos e seminários edivulgação de artigos ou publicações periódicas.

Perspectivam-se já a realização do 3.º Con-gresso Nacional de Psicologia da Saúde (Lisboa,Fevereiro de 2000) e a candidatura da SPPS à or-ganização da Conferência Anual da SociedadeEuropeia de Psicologia da Saúde (EHPS) para2002.

O futuro da psicologia da saúde em Portugaldepende da colaboração e organização dos psicó-logos interessados nesta área, no sentido dadefinição da identidade e papel profissional dopsicólogo da saúde no nosso País. Ao mesmotempo, seu futuro depende, ainda, do reconheci-mento por parte das várias instituições e gruposprofissionais ligados à saúde do papel do psicó-logo como técnico superior de saúde, capaz deintegrar-se em equipas de saúde, visando a pro-

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moção da saúde do cidadão português e dandocontribuições específicas para a obtenção deganhos em saúde.

Em particular, tornar-se-á desejável:- Prestar atenção especial às áreas prioritárias

da saúde do Plano de Acção para 1998--2002, do Ministério da Saúde

- Construir um discurso autónomo sobre asaúde, ancorado nos modelos psicológicosde investigação e intervenção no sistema decuidados de saúde

- Considerar simultaneamente as abordagensindividual, familiar, grupal e comunitária ecultural das questões psicológicas relaciona-das com a saúde

- Interessar as organizações socioprofissionaisdos psicólogos por uma intervenção conti-nuada em todos os aspectos que visem a in-tegração profissional no sistema de saúde.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Investigação

Tendo em conta os estudos anteriores (Blanco& Leon, 1994; Hornung & Gutscher, 1994) ostrabalhos de investigação revistos foram classifi-cados em 5 categorias, a saber:

- Promoção da saúde e prevenção da doença- Identificação de factores de risco para a

saúde- Tratamento, reabilitação e adaptação à do-

ença- Organização e gestão das equipas e dos

serviços de saúde.

A terceira categoria foi subdividida em três:doença crónica, manejo do stress e coping com adoença, SIDA.

A investigação em psicologia da saúde conhe-ceu grande desenvolvimento, nomeadamente apartir de 1990. No entanto, verifica-se que a in-vestigação realizada teve como ponto de partidapredominante projectos de investigação desen-volvidos em contexto académico, em desfavor dainvestigação-acção desenvolvida em função dasnecessidades dos serviços de saúde.

Acresce que, maioritariamente, as amostrasestudadas são de dimensão reduzida e não repre-sentativas das populações. Além disto, é fre-quente a utilização não completamente rigorosade instrumentos de avaliação usados noutrospaíses, não se vislumbrando um esforço claro deadaptação e aferição de instrumentos para a po-pulação portuguesa, nem de construção de ins-trumentos originais. As investigações têm geral-mente duração curta, consistindo maioritaria-mente em estudos transversais com um únicomomento de avaliação, o que se relaciona com ofacto de serem essencialmente projectadas paraatingir objectivos académicos.

A investigação em psicologia da saúde, paraser interessante em Portugal e para poder sertambém mais um dispositivo que ajude a mostrara necessidade dos psicólogos nos serviços desaúde, deverá ser uma investigação cada vez me-nos limitada a objectivos académicos e cadavez mais investigação-acção, ou seja, deve cen-trar-se em problemas de investigação psicológicaque sejam identificados pelas equipas de saúde eque correspondam às necessidades reais dos ser-viços de saúde portugueses. Isto quer dizer que énecessário definir objectivos estratégicos para odesenvolvimento futuro da investigação em psi-cologia da saúde entre nós, com estudos a maislongo prazo, amostras representativas e instru-mentos validados.

Relativamente às áreas de investigação maisprivilegiadas, veja-se o Quadro 2.

A categoria promoção da saúde e prevençãoda doença subdivide-se noutras duas: promoçãoda saúde (13 estudos) e prevenção da doença (7estudos). Por seu turno, a categoria tratamento,reabilitação e adaptação à doença subdivide-seem três: doença crónica (25 estudos); manejo do

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QUADRO 1

Fontes Númerode estudos

Artigos de revistas científicas 26

Actas dos 1.º e 2.º Congressos Nacionais 17

Monografias de Licenciatura (ISPA) 43

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stress e coping com a doença (7 estudos) eSIDA (5 estudos).

A partir destes dados é possível evidenciar opredomínio de estudos focalizados mais sobre adoença do que sobre a saúde. Para além disto, onúmero de estudos relacionados com tratamento,reabilitação e adaptação à doença, nomeada-mente ao nível da doença crónica, reforça aindamais essa tendência para investigar aspectospsicológicos relacionados com a doença. Julga-mos que isto pode ter relação com o facto damaior parte dos investigadores serem prove-nientes da psicologia clínica que é uma psico-logia tradicionalmente ligada à doença (mental)e, portanto, também aqui se vai centrar na doen-ça física e nos processos psicológicos a ela asso-ciados e muito menos nas questões que são maisprioritárias: a investigação relacionada comcomportamentos de saúde, quer em termos depromoção da saúde, quer em termos de preven-ção.

No que se refere à promoção da saúde, a tó-nica tem sido colocada, especialmente, na pro-moção da saúde e no bem-estar físico e psicoló-gico das grávidas e a aspectos da relação precoce(77% dos estudos desta categoria), bem comonoutros aspectos associados à psicologia da gra-videz e da maternidade (prematuridade, aborto,infertilidade, e laqueações tubárias, por exem-plo), o que é essencialmente devido aos pro-jectos de investigação dirigidos por I. Leal(ISPA). Esta linha de investigação, pioneira dainvestigação em psicologia da saúde em Portu-gal, representa um aporte relevante para a inves-tigação psicológica no âmbito do ciclo de vida e

famíla. Porém, isto contrasta com o que se passanoutros países. Em Espanha, por exemplo, aslinhas de investigação nesta área possuem outroshorizontes, como a construção de programas depromoção de hábitos e estilos de vida saudáveis,destacando-se os programas anti-tabagismo(Blanco & León, 1994; Rodriguez-Marín, 1994).

No que concerne à promoção da saúde nãotem havido estudos significativos sobre dimen-sões psicológicas relacionadas com a promoçãoda saúde, designadamente no referente a alimen-tação saudável, exercício físico e saúde sexual.

Pelo contrário, é possível encontrar algumassemelhanças entre Portugal e Espanha, no queconcerne à área da prevenção da doença. Emambos os países os estudos têm focalizado assuas atenções na prevenção da toxicodepen-dência, do alcoolismo e da SIDA. No entanto, édiminuto o número de estudos relacionados coma prevenção da infecção VIH/SIDA. Para alémdisso, em Espanha tem-se enfatizado, ainda, aquestão da prevenção do stress relacionado a or-ganização e estrutura dos serviços de saúde(Blanco & León, 1994).

No nosso país são deficitárias áreas de inves-tigação relacionadas com aspectos psicológicosenvolvidos na prevenção da doença isquémicado coração, hipertensão arterial, acidentes vascu-lares cerebrais, cancro, diabetes, depressão eacidentes, que são problemas significativos nasaúde dos Portugueses.

A área da identificação dos factores de riscopara a saúde foi dominada pelo consumo dedrogas na adolescência e pela identificação dosfactores de risco associados ao enfarte do mio-cárdio, embora o número de estudos tenha sidolimitado.

Como já foi referido, a área do tratamento,reabilitação e adaptação à doença está subdivi-dida em três. Assim, na subcategoria doençacrónica o enfoque é colocado no estudo dasvariáveis psicológicas associadas a diversas do-enças crónicas: artrite reumatóide, insuficiênciarenal crónica, a hemofília e diabetes. Ao invésdo que acontece, por exemplo, em Espanha, quetem focalizado as suas atenções no cancro, estetipo de doença não tem despertado o interessedos investigadores portugueses, excepto no re-ferente a um estudo sobre informação à doentecom cancro da mama (Dias, 1997).

Na subcategoria relacionada com o manejo do

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QUADRO 2

Áreas Númerode estudos

Promoção da saúde e prevenção da doença 20

Identificação dos factores de risco para a saúde 6

Tratamento, reabilitação e adaptação à doença 38

Organização e gestão dos serviços de saúde 2

Outras 21

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stress e coping com a doença é com a Suiça quePortugal mais se assemelha, na medida em queem ambos se têm realizado estudos sobre stressem grupos muito específicos, como pais decrianças com doenças crónicas e técnicos desaúde. Por outro lado, têm também sido estuda-dos os processos de coping com dor crónica ecom transplante de medula óssea e qualidade devida no cancro ginecológico, diabetes e em do-enças reumáticas (artrite reumatóide e espondili-te anquilosante).

Na subcategoria SIDA, no que se refere a co-ping e adaptação (5 estudos), têm sido estudadosprocessos psicológicos de adaptação à infecção.

No que respeita a organização e gestão dosserviços de saúde é a área de investigação maislimitada em Portugal, em virtude de centrar uni-camente, as suas atenções no stress ocupacionaldos técnicos de saúde, destacando-se os estudosde T. McIntyre (Univ. do Minho). Assim, ao in-vés do que se passa na Espanha, que coloca a tó-nica no sistema de cuidados de saúde, isto é, narelação entre os profissionais de saúde e os pa-cientes, nas condições de trabalho e de saúde dosprofissionais e nas dimensões psicológicas asso-ciadas à humanização dos serviços de saúde e àqualidade dos cuidados. Nestes dois últimos as-pectos, bem como na temática da avaliação dasatisfação dos utentes dos serviços de saúde, étambém nítida a nossa lacuna.

Na categoria outras áreas de investigação,pela sua importância, incluiu-se um conjuntosignificativo de estudos sobre representações,crenças e atitudes em relação à SIDA em dife-rentes grupos sociais (adolescentes, reclusos,prostitutas) e profissionais (jornalistas, militares,advogados, professores, enfermeiros e médicosde várias especialidades) orientados por I. Leal eCarvalho Teixeira (ISPA).

Tendo em consideração tudo o que em cimafoi referido, é possível afirmar que as áreas deinvestigação desenvolvidas em Portugal não sãomuito diferentes das que são desenvolvidas emEspanha e na Suíça. Neste último país eviden-ciam-se outras áreas de investigação que não fi-guram no quadro português e espanhol, tais co-mo: psicologia da saúde ocupacional, suporte so-cial, terceira idade, prevenção de acidentes esaúde mental.

4.2. Intervenção

Neste estudo recolheram-se e analisaram-sedados sobre:

- Publicações- Reuniões científicas- Áreas de intervenção

No concernente a publicações foi estudadoum conjunto numeroso de publicações científi-cas, divididas em (1) não-periódicas (2) perió-dicas e (3) actas de congressos e seminários. Da-da a extensão dos dados analisados, opta-se ago-ra por apresentar apenas alguns aspectos maissalientes.

No período considerado neste estudo forampublicados 3 livros, que foram os primeiros a serpublicados em Portugal: Psicologia da Saúde eSida (José A. Carvalho Teixeira, ISPA, 1993),Psicologia da Saúde – Áreas de Intervenção ePerspectivas Futuras (Ed. Teresa MendonçaMcIntyre, APPORT) e O Sofrimento do Doente(Ed. Teresa McIntyre & Carmo Vila-Chã; 1995).

Mais recentemente, foram publicados A Es-meralda Perdida: A Informação ao Doente comCancro da Mama (Maria do Rosário Dias, ISPA,1997) e Psicologia e Saúde (José L. Pais Ribei-ro, ISPA, 1998).

Para o estudo de publicações periódicas iden-tificaram-se 90 artigos publicados em revistas depsicologia e em revistas médicas, seguidamentecategorizados em artigos de revisão, opinião eempíricos, e em relação aos quais foi feita dife-renciação por áreas temáticas. 40 % desses arti-gos foram publicados na Análise Psicológica,14.4% no Jornal de Psicologia, 11.1% na revistaPsicologia e 6.6% noutras revistas de psicologia.16.6% dos artigos foram publicados em revistasmédicas.

A maioria das publicações correspondem a ar-tigos de revisão (46.6%), seguindo-se os tra-balhos empíricos (32.2%) e os artigos de opinião(21.1%). A distribuição de artigos por áreas te-máticas foi a seguinte: promoção da saúde e pre-venção da doença (40%), tratamento, reabi-litação e adaptação à doença (24.4%), gravideze maternidade (15.5%), infecção VIH/SIDA(11.1%), factores psicológicos de risco para adoença física (7.7%) e outras (5.5%).

A área de promoção da saúde e prevenção da

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doença foi a categoria com maior número de ar-tigos publicados (26) no período considerado eque se subdividiram da seguinte forma: preven-ção do alcoolismo (8), prevenção da toxicode-pendência (7), prevenção da SIDA (6), preven-ção do cancro (1) e outros (4).

No período considerado foram publicadas di-versas actas de congressos e seminários, a saber:A Psicologia nos Serviços de Saúde (APPORT,1990), que reúne um conjunto de artigos referen-tes às comunicações apresentadas na primeirareunião científica (1989) realizada em Portugalsobre psicologia da saúde; Actas do VI Seminá-rio da AEISPA – Psicologia da Saúde (ISPA,1991); Actas do VII Seminário da AEISPA(ISPA, 1992); Resumos do 1.º Congresso Nacio-nal de Psicologia da Saúde (ISPA/APPORT,1994) e Actas do 2.º Congresso Nacional de Psi-cologia da Saúde (ISPA, 1997).

Pode facilmente verificar-se a importânciacentral do ISPA como a instituição que dinamizaa edição de publicações científicas na área dapsicologia da saúde em Portugal, quer em rela-ção a artigos publicados da Análise Psicológica,quer através das suas colecções em publicações-livro e actas de reuniões científicas.

Especificamente, no que se refere à revistaAnálise Psicológica verificou-se que a publica-ção de artigos de psicologia da saúde está predo-minantemente relacionada com números temáti-cos em 1990, 1992, 1994 e 1996 e que, inclusi-

vamente, durante 1994 o número de artigos depsicologia da saúde quase igualou o de artigosrelacionados com outras áreas da psicologia(Couto, 1998).

A revista Psicologia (FPCE da Univ. deCoimbra) e o Jornal de Psicologia (APPORT)desempenharam também papel importante nadivulgação de investigações e artigos de reflexãosobre a prática psicológica nos domínios da saú-de e doença.

As áreas temáticas privilegiadas nos artigospublicados foram promoção da saúde e preven-ção da doença (com destaque para a prevençãodo alcoolismo, da toxicodependência e da SIDA)e a adaptação à doença, tratamento e reabilita-ção, seguindo-se a psicologia da gravidez e ma-ternidade.

Os Congressos Nacionais de Psicologia daSaúde foram reuniões com um índice elevado departicipação. Os resumos e actas destas reuniõesilustram, assim, o panorama científico da psico-logia da saúde em Portugal. Os Resumos do 1.ºCongresso Nacional, apresentam de forma maisespecificada, um número de comunicações apre-sentadas no Congresso, que vão desde a inter-venção com crianças com doença crónica a inter-venção psicológica em maternidades, passandopela prevenção dos distúrbios precoces na rela-ção mãe-filho, pela relação médico-doente, pelaapresentação dos contributos dos psicólogos pa-ra a saúde mental, diabetes, oncologia e também

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GRÁFICO 1Distribuição dos artigos por áreas temáticas

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aos que se dedicam ao acompanhamento dos do-entes com SIDA. A maioria destas comunicaçõesrelacionavam-se com trabalhos de investigaçãorealizados em: psicologia pediátrica, prevençãoda SIDA, psicologia da gravidez e maternidade efactores psicológicos ligados à adaptação a do-ença, tratamento e reabilitação.

As Actas do 2.º Congresso Nacional de Psico-logia da Saúde poderão ser consideradas como oespelho do desenvolvimento da investigação eintervenção feita na área da saúde e doença. Istoporque estão publicadas cerca de metade das co-municações apresentadas no congresso com te-máticas bastante diversificadas e agrupáveis em:intervenção e papel profissional do psicólogonos cuidados de saúde primários, psicologia dagravidez e maternidade, psicologia pediátrica,doença crónica, promoção da saúde e qualidadede vida, saúde dos técnicos de saúde e formaçãoem psicologia da saúde.

A comparação entre as duas publicações per-mite referir que: (1) a publicação das Actas do2.º Congresso Nacional evidencia o aumento detrabalhos realizados, quer de investigação quercom experiências concretas de intervenção psi-cológica em contextos de saúde; (2) em três anosalargou-se o campo de investigação e interven-ção em áreas como cuidados de saúde primários(intervenção psicológica nos Centros de Saúde),promoção da saúde, qualidade de vida e saúdeocupacional; (3) aumento do interesse para ques-tões relacionadas com a prevenção, como porexemplo, a identificação dos factores de riscopara a saúde em geral ou para uma doença emparticular (diabetes, cancro, hipertensão arterialetc.); (4) diminuição do número de trabalhos re-lacionados com saúde mental e aumento signifi-cativo de trabalhos de intervenção psicológica napromoção da saúde e de estilos de vida saudá-veis, na prevenção, e nos comportamentos deadesão em saúde e (5) escasso interesse pela dis-cussão da própria formação em psicologia dasaúde que, no entanto, foi debatida em comuni-cações apresentadas pelo ISPA (Carvalho Teixei-ra, 1997) e Universidade do Minho (Fernandesda Silva & Silvério, 1997).

Em matéria de reuniões científicas verificou-se a existência de numerosas comunicações rela-cionadas com psicologia da saúde em váriasiniciativas não directamente relacionadas com

essa área, nomeadamente com destaque para osColóquios de Psicologia Clínica organizadosanualmente no ISPA e para os Simpósios Nacio-nais de Investigação em Psicologia (1989,1992). No caso destes Simpósios Nacionais,embora em 1989 tenham sido apresentadas vá-rias comunicações, foi especificamente em 1992,no III Simpósio, que se verificou uma compo-nente mais relevante, com uma área temática de«Psicologia clínica e da saúde». Comparando es-te III Simpósio com o II, verificou-se aumentoconsiderável de investigações realizadas aolongo de dois anos.

Da análise das comunicações do III Simpósio(total de 168), é importante salientar dois as-pectos: a distribuição das comunicações pelasáreas temáticas e a proveniência institucional dosautores das comunicações. As comunicações depsicologia clínica e da saúde foram provenientessobretudo do ISPA (32%) e da FPCE da Univer-sidade de Lisboa (24%) (Gráfico 2).

O maior número de comunicações inseriu-sena psicologia do desenvolvimento e da educação(32%), seguindo-se da psicologia social e com-portamento organizacional (29%). A área temá-tica da psicologia clínica e da saúde apresenta,também, uma percentagem significativa (23%).

Realizaram-se outras reuniões e encontros, emque foram abordados temas relacionados compsicologia da saúde, nomeadamente: 6.ª e 8.ªJornadas de Pós-Graduação em Psiquiatria(1989, 1991), I Fórum de Psicologia Clínica(1992), Convenções Anuais da APPORT (1992,1995), XIII e XIV Congressos Portugueses deClínica Geral (1994, 1995), VIII, IX e XSeminários de Psicologia e Psicopatologia Clí-nica/ISPA (1994, 1995, 1996), II e III Encontrosde Saúde Mental e Cuidados de Saúde Primáriosde Loures (1994, 1996), Colóquio «7 Imagenspara Virar a Página com Tranquilidade» (1994),III Encontro Nacional de Psicólogos (1994), IICongresso Nacional sobre SIDA (1995),Colóquio Europeu de Psicologia e Ética (1996)e I Jornadas Médicas do Centro de Saúde daParede (1996). A psicologia da saúde marcou as-sim presença em grande número de reuniõescientíficas nacionais e quase sempre com comu-nicações apresentadas pelo ISPA.

Como era esperado, os 1.º e 2.º CongressosNacionais de Psicologia da Saúde (1994, 1997)

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dominaram as reuniões científicas directamenterelacionadas com psicologia da saúde.

O 1.º Congresso Nacional de Psicologia daSaúde (1994) realizou-se no Auditório doArquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa),teve âmbito nacional e atingiu os seus objectivospropostos, já que, debateram-se vários aspectosdo desenvolvimento da psicologia da saúde emPortugal. Nomeadamente fez-se um balanço daintervenção psicológica nos serviços de saúde eperspectivou-se o futuro da especialidade. O

maior número de comunicações inseriu-se empsicologia da saúde e doença física (23%), naqual se abordaram doenças vasculares, cancro,diálise e transplantação, seguidas pelas áreas depsicologia da saúde e SIDA (17%) e psicologiada saúde e pediatria (15%) (Gráfico 3).

Verificou-se grande ênfase na vertente clínica,em detrimento das áreas de intervenção e de in-vestigação ligadas à prevenção e à promoção dasaúde. A maioria das comunicações ao 1.º Con-gresso provinham de instituições universitárias

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GRÁFICO 2Distribuição das Comunicações por Instituições

GRÁFICO 3Distribuição das Comunicações por Áreas Temáticas

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nacionais (46), seguidas por instituições estran-geiras (28) e serviços de saúde portuguesas (17).

O número de comunicações provenientes deuniversidades foi significativo. Contudo, a insti-tuição universitária com maior número decomunicações foi o ISPA (16), seguida dasFPCE da Univ. de Lisboa e FPCE da Univ. doPorto (7) e FPCE de Coimbra e Univ. do Minho(4).

O 2.º Congresso Nacional de Psicologia daSaúde (1997) realizou-se na Universidade doMinho e visou analisar a psicologia nos sistemasde saúde, em termos dos desenvolvimentos teó-rico-conceptuais no campo da Psicologia, Do-ença e Promoção da Saúde, e em termos da con-tribuição profissional dos psicólogos que inter-vêm nos vários contextos de saúde. As comuni-cações (num total de 110) distribuiram-se pelasseguintes áreas temáticas: psicologia da saúde edoença física (26), psicologia da gravidez ematernidade (22) e psicologia e a prevenção decomportamentos de risco (10). De realçar o nú-mero de comunicações em áreas inovadoras co-mo: psicólogos nos cuidados de saúde primários(8), promoção da saúde e qualidade de vida (7)e saúde ocupacional (8), que foram superioresao número de comunicações apresentadas empsicologia pediátrica (9) e SIDA (6) (Gráfico 4).

As 57 intervenções provenientes de escolas dePsicologia foram realizadas 22 (38,5%) peloISPA, 19 (33,3%) pela Universidade do Minho, 8(14%) pela FPCE da Univ. do Porto, 3 (5,2%)pela FPCE da Univ. de Lisboa, 2 (3,5%) peloISCTE, 1 (1,7%) pela FPCE da Univ. de Coim-bra, 1 (1,7%) pela Universidade Lusófona e 1(1,7%) pelo Instituto Superior de Ciências daSaúde (Gráfico 5).

Comparativamente com o 1.º Congresso, o 2.ºCongresso apresentou algumas diferenças impor-tantes de áreas de interesse, testemunhando o de-senvolvimento da psicologia da saúde em Por-tugal. De facto, o programa científico de 1994foi dominado por comunicações sobre temáticasrelacionadas com a psicologia da doença, emparticular relacionadas com adaptação psico-lógica à doença, com grande ênfase nas vertentesda clínica e da terapêutica e interesse escasso portemas relacionados com intervenção psicológicana promoção da saúde e de estilos de vida sau-dáveis, na prevenção, nos comportamentos deadesão em saúde e na implementação da quali-dade de vida relacionada com a saúde. Neste 2.ºCongresso Nacional, realizado 3 anos depois,verificou-se um desenvolvimento significativonos temas dos simpósios e mesas, evidenciandouma reflexão muito mais apropriada acerca do

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GRÁFICO 4Distribuição Temática das Comunicações

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que pode ser a intervenção da psicologia e dospsicólogos na saúde e aproximando-nos do que écorrente noutros países da Europa.

Ao tomarmos os Congressos Nacionais dePsicologia da Saúde como o espelho do desen-volvimento da psicologia da saúde no nossopaís evidenciou-se que:

- As instituições universitárias foram respon-sáveis pela maior parte dos projectos deinvestigação e comunicações apresentadas,sendo o ISPA e a Universidade do Minho asinstituições com maior participação

- As áreas de intervenção/investigação privi-legiadas foram: os aspectos relacionadoscom a doença orgânica (oncológica, cardio-vascular e doenças crónicas em geral), agravidez e maternidade e psicologia pediátri-ca

- Alargou-se o campo de intervenção para asáreas da promoção da saúde e prevenção dadoença, discutindo-se o papel do psicólogonos cuidados de saúde primários

- O 2.º Congresso Nacional revelou que cadavez mais o estudo do comportamento huma-no em contextos de saúde, vai-se aproximan-do do que acontece noutros países, em detri-

mento dos conteúdos mais ligados à psicopa-tologia e à saúde mental.

A intervenção psicológica em Centros de Saú-de tem sido discutida especificamente nas I e IIConferências Psicologia nos Cuidados de SaúdePrimários (1997, 1998), em cujos programascientíficos têm sido abordadas o papel profissio-nal dos psicólogos nos cuidados de saúde primá-rios, experiências concretas de intervenção emactividades de saúde escolar, saúde materna,saúde infantil, saúde do idoso, cuidados conti-nuados e educação para a saúde, trabalho emequipa, qualidade em saúde e colaboração dopsicólogo com o médico de família.

Por fim, um dado importante foi o aumentocrescente do número de reuniões científicas aolongo dos anos, desde 1990 até 1996, culminan-do com o 2.º Congresso Nacional de Psicologiada Saúde em 1997.

As áreas de intervenção desenvolveram-seinicialmente com ênfase no tratamento da do-ença. Mais tarde começaram a abordar a preven-ção da doença e a promoção da saúde.

Em termos de tratamento da doença, os psicó-logos têm vindo a oferecer tratamentos alterna-tivos ou complementares ao modelo médico, nosentido de intervir nos componentes psicossoci-

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GRÁFICO 5

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ais da doença. Estas áreas de intervenção in-cluem a intervenção na doença física (cancro,diabetes), nos problemas de somatização e nosproblemas de hábito (tabagismo, obesidade,alcoolismo, SIDA) (McIntyre, 1994).

Tendo como ponto de partida a análise das pu-blicações, reuniões científicas e algumas expe-riências concretas, foi possível recolher dadossobre as áreas de intervenção em Portugal

Embora a intervenção em Centros de Saúde játenha sido referida em 1989 no Seminário A Psi-cologia nos Serviços de Saúde (Botelho, 1989;Ludovino, 1989), nomeadamente a propósito deintervenção na saúde infantil e na saúde escolar,só em 1994 apareceu a primeira sistematizaçãoda intervenção psicológica nos cuidados desaúde primários (Teixeira & Trindade, 1994), to-mando como base a experiência concreta doCentro de Saúde da Parede. Em 1997, realçandoo papel da intervenção nos cuidados de saúdeprimários o 2.º Congresso Nacional de Psicolo-gia da Saúde incluiu um simpósio subordinadoao tema «Os psicólogos nos Centros de Saúde».

No entanto, é com a realização das I e II Con-ferências Psicologia nos Cuidados de SaúdePrimários (1997, 1998) que assumem visibilida-de as actividades de intervenção psicológica,particularmente na Sub-Região de Saúde deLisboa e na Sub-Região de Saúde de Braga. Es-pecificamente, o Centro de Saúde da Parede foio primeiro a ter um serviço de psicologia com

intervenção na maior parte dos programas desaúde, consulta de referência para os médicos defamília, supervisão de estagiários e participaçãoem acções de formação para outros técnicos. Asua experiência concreta permitiu uma sistema-tização da intervenção psicológica em Centrosde Saúde (Trindade & Teixeira, 1994, 1998) edos objectivos de estágios em Centros de Saúde(Trindade & Teixeira, 1997).

Por seu turno, a prática psicológica nos cui-dados diferenciados é mais antiga e diversifica-da. Foi possível identificar as seguintes áreas deintervenção, nas quais tem ancorado o desenvol-vimento da psicologia da saúde em Maternidadese Hospitais:

- Psicologia da gravidez e da maternidade –Departamento de Psicologia da MaternidadeDr Alfredo da Costa (Lisboa) e MaternidadeProf. Bissaya Barreto (Coimbra)

- Psicologia pediátrica – Núcleo de Psicolo-gia do Hospital de D. Estefânia (Lisboa),Hospital de Santa Maria (Lisboa), HospitalMaria Pia (Porto) e Hospital de S. João(Porto)

- Neuropsicologia – Unidade de Neurologia eNeurofisiologia/Laboratório de Neuropsico-logia do Hospital de S. José (Lisboa)

- VIH/SIDA – Serviço de Doenças Infecciosasdo Hospital de Santa Maria (Lisboa)

- Doença física crónica – Serviço de Pediatria

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GRÁFICO 6

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do Instituto Português de Oncologia (Lis-boa), Departamento de Psicologia da Asso-ciação Protectora dos Diabéticos (Lisboa).

4.3. Formação

A formação em psicologia da saúde tem gran-de actualidade (Teixeira, 1992), nomeadamentenuma altura em que está a ser implementada aintegração do ramo de psicologia clínica na car-reira dos técnicos superiores de saúde. Assim,recolheram-se dados sobre a formação existentenas instituições de ensino superior de psicologia(ISPA, FPCE da Univ. de Lisboa, FPCE da Univ.de Coimbra, FPCE da Univ. do Porto e Universi-dade do Minho) que são, na actualidade, as úni-cas que disponibilizam programas de ensino eformação nesta área. Recolheram-se dados inte-grados em duas categorias:

- Formação académica- Formação profissional

Nos Quadros seguintes constata-se o modocomo a formação académica (pré e pós-gradua-da) e a formação profissional estão distribuídas:

Formação Académica

Formação Profissional

Verificou-se que, apesar da psicologia da saú-de ser relativamente recente no nosso País, sãovisíveis os esforços que têm sido feitos, no sen-tido de implementar a formação nesta área espe-cífica de investigação e intervenção psicológica.

No ISPA, a formação académica pré-gradua-da encontra-se bem alicerçada há mais de 10anos no 5.º ano da área de psicologia clínica,através de uma cadeira anual de opção de psico-logia da saúde. O programa é constituído por umconjunto de temáticas, que vão desde a aborda-gem do contexto socio-histórico da psicologia dasaúde, passando pelas metodologias de avaliaçãoe de intervenção utilizadas nesta área, interven-ção psicológica na promoção da saúde, exercícioclínico em psicologia da saúde, questões éticas edeontológicas, comportamentos de saúde e pre-venção das doenças, relacionando também stresscom saúde e doença e incidindo sobre as deno-minadas áreas tradicionais da psicologia da saú-de, como a dor crónica, cancro, diabetes, doen-ças crónicas, gravidez e maternidade, SIDA,hospitalização, aspectos psicológicos da cirurgiacardíaca e da transplantação de orgãos, processosde informação e comunicação em saúde, com-portamentos de adesão e utilização de serviçosde saúde, entre outras.

Este plano de formação é o único que integrade forma explícita os aspectos relacionados coma intervenção da psicologia nos cuidados desaúde primários (Centros de Saúde).

Ao mesmo tempo, também no 5.º ano de psi-cologia clínica, é leccionada desde há cerca dedez anos uma cadeira anual de opção de psicolo-gia da gravidez e maternidade e, mais recente-mente, duas outras cadeiras de opção, tambémanuais: psicologia pediátrica e reabilitação.

O ISPA oferece, assim, um amplo leque deopções para a formação dos finalistas de psicolo-gia clínica.

Para além disso, durante alguns anos, a forma-ção pré-graduada no ISPA foi ainda complemen-tada por um seminário de curta duração, cujosobjectivos principais foram: reforçar a importân-cia da intervenção dos psicólogos nos campos dasaúde e da doença, sensibilizar para a exigênciade desenvolver a investigação e a formação empsicologia da saúde e divulgar investigação rea-lizada, particularmente nas monografias de Li-cenciatura.

Na FPCE da Univ. de Coimbra a cadeira depsicologia da saúde é uma cadeira de opção, quepode ser frequentada por alunos de psicologia oude ciências da educação, cujo programa põe a tó-nica no estudo da relação do stress com a doen-ça, no relaxamento, na relação da saúde com a

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Formação Pré-Graduada Formação Pós-Graduada

- ISPA - ISPA-FPCE - Univ. Coimbra - FPCE - Univ. Lisboa- FPCE - Univ. Porto - FPCE - Univ. Porto- Univ. Minho - Univ- Minho

- ISPA

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qualidade de vida e na avaliação psicométrica,incluindo também áreas específicas como cefa-leias, tabagismo, cancro e dor.

Na FPCE da Univ. de Lisboa não existe cadei-ra de psicologia da saúde, embora alguns dosseus temas sejam mencionados no âmbito de ou-tras disciplinas, tais como: métodos cognitivos ecomportamentais de modificação de comporta-mento, estudos de casos clínicos e psicologia dareabilitação.

Na FPCE da Univ. do Porto a cadeira de psi-cologia da saúde é leccionada no último ano docurso e o seu programa está focalizado na psico-logia do adoecer e estar doente, nomeadamenteem relação a doenças cárdiovasculares, diabetes,dor crónica, cancro, SIDA e hemodiálise.

A Universidade do Minho apresenta situaçãodiferente e mais adequada às necessidades actu-ais, na medida em que a formação em psicologiada saúde faz parte integrante do currículo, comodisciplina comum às várias áreas existentes apartir do 4.º ano da licenciatura.

Considerando que os objectivos da formaçãopré-graduada em psicologia da saúde são a aqui-sição de conhecimentos básicos em psicologia dasaúde, o desenvolvimento competências básicaspara a utilização de métodos e técnicas deavaliação e intervenção psicológicas no contextode saúde, a sensibilização para questões éticas edeontológicas específicas da saúde e iniciar aintegração da formação universitária com osprocedimentos práticos, aprendendo a cooperarcom outros técnicos no âmbito do trabalho nasequipas de saúde (Teixeira, 1997), foi possívelconstatar que estes objectivos não são totalmentecontemplados na maior parte dos projectos deformação pré-graduada revistos neste estudo.Além disto, a comparação entre os diferentesprojectos de formação evidenciou grandediversidade de objectivos e conteúdos programá-ticos e, sobretudo, o carácter de opção da forma-ção na maior parte das instituições. Saliente-seque a formação pré-graduada ainda inclui acomponente do estágio que os finalistas podemrealizar em serviços de saúde, aspecto que nãofoi estudado.

Este panorama da formação pré-graduada empsicologia da saúde no País tem semelhançascom o de alguns países da Europa.

De acordo com Schroder (1994), a psicologiada saúde ainda é uma disciplina muito recente na

Alemanha, e apesar do seu desenvolvimentovertiginoso, possui um carácter muito heterogé-neo. Existem duas universidades (Berlim e Lan-dau) que proporcionam a especialização na áreade psicologia da saúde, enquanto que noutrasinstituições a psicologia da saúde está integradanoutras áreas, tais como a psicologia educacio-nal, psicologia aplicada e psicologia clínica, oque acarreta uma ainda maior heterogeneidade,no sentido em que passam a existir distintas li-nhas de investigação delineadas por investiga-dores com orientações muito diversas. Na opini-ão de Schroder (1994), a solução para este pro-blema seria a coordenação de currículos e áreasde formação.

Na Suiça (Hornung & Gutscher, 1994) a for-mação pré-graduada é promovida em três uni-versidades diferentes (Friburgo, Lausana e Zuri-que) nas quais os cursos são heterogéneos e éevidente a ausência de coordenação de currícu-los. Contudo, é possível verificar uma certa se-melhança entre as temáticas abordadas nas ca-deiras de psicologia da saúde destas universi-dades com as de Portugal.

Na Áustria foi constituído em 1986 um depar-tamento de medicina comportamental e psicolo-gia da saúde na Universidade de Graz, que tempromovido cursos nas diferentes áreas da psico-logia da saúde (Egger, 1997). Por sua vez, estaainda marca a sua presença no departamento demedicina social na Universidade de Viena, ondeos temas dominantes na formação pré-graduadaassentam na prevenção da toxicodependência eda SIDA, no stress, dor crónica, doenças cróni-cas e, ainda na psicologia da saúde ocupacional.

É ao nível da formação académica pós-gra-duada que é possível e desejável estabelecer aponte entre a formação e a investigação. Nesteaspecto, tem havido desenvolvimento importanteda formação, com cursos de mestrado em psico-logia da saúde no ISPA, FPCE da Univ. de Lis-boa e Univ. do Minho e conteúdos temáticos depsicologia da saúde no mestrado de psicologiado desenvolvimento em contextos de saúde eeducação da FPCE da Univ. do Porto.

No ISPA, o mestrado em psicologia da saúdetem por objectivos principais: promover o apro-fundamento dos conhecimentos relacionadoscom o estudo psicológico de indivíduos e de gru-pos com finalidades de promoção da saúde, pre-

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venção da doença, tratamento e reabilitação, de-senvolver competências específicas de interven-ção psicológica na área da saúde e, ainda, pro-mover as características profissionais que facili-tem a integração em equipas de saúde. O planode estudos está dividido em 4 áreas: modelos eáreas de intervenção (introdução à psicologia dasaúde, sistemas e serviços de saúde e áreas deintervenção), temas essenciais em saúde (temasessenciais de psicologia da saúde, epidemiolo-gia), investigação e clínica em saúde (avaliaçãopsicológica, intervenção em psicologia da saúde,metodologia de investigação) e complementar(SIDA, doenças neurológicas, doenças cárdio-vasculares, maternidade e infância, doenças on-cológicas).

Adicionalmente, refira-se a formação em psi-cologia da saúde (cadeiras de psicologia da saú-de e reabilitação e de desenvolvimento, reabili-tação e saúde) disponibilizada desde 1991 nocurso de estudos superiores especializados emreabilitação do ISPA, destinado a técnicos dereabilitação de várias zonas do País.

No mestrado de psicologia clínica e da saúdeda Universidade do Minho, em curso desde 1996,para além de serem enfatizadas questões como asorigens da psicologia da saúde, os seus modelos,os métodos de avaliação e investigação e os mé-todos de intervenção na doença, é dado um espe-cial relevo a outros temas, tais como métodos deinvestigação em psicologia da saúde, métodos depromoção da saúde e da qualidade de vida, neu-ropsicologia, psicofarmacologia, psicofisiologiaclínica e da saúde, psicopatologia e ética.

No mestrado em psicoterapia e psicologia dasaúde da FPCE da Univ. de Lisboa, que foi pio-neira na criação do primeiro mestrado nestaárea em Portugal, existem duas vertentes, psico-logia da saúde e psicoterapia, embora seja atri-buído um peso maior à primeira. Apesar disto,constata-se no plano de estudo uma ligaçãosignificativa entre ambas. O plano de estudos émuito completo e integra disciplinas de psicolo-gia da saúde (I e II), investigação em psicotera-pia e psicologia da saúde, psicologia pediátrica eáreas e serviços da medicina (pediatria, obstetrí-cia e ginecologia, gastroenterologia, gerontolo-gia, endocrinologia, cirurgia, saúde pública, en-tre outros).

No que concerne ao mestrado da FPCE daUniv. do Porto a componente de psicologia da

saúde inclui módulos de origem, história e méto-dos da psicologia da saúde, programas de edu-cação na área da alimentação, psicologia da gra-videz e da maternidade, terceira idade, aspectospsicológicos da doenças cárdiovasculares eSIDA.

Tal como já acontecia com a formação pré-graduada, também em relação à formação pós-graduada disponibilizada pelos mestrados dasdiferentes instituições do ensino superior, apesarde haver conteúdos comuns, verifica-se grandeheterogeneidade de planos de estudos indicandoausência de coordenação interinstitucional, ape-sar de haver intercâmbio frequente e regular dedocentes entre algumas instituições.

A nível europeu, a situação da formação pós-graduada não parece ter características muitodiferentes. Na Áustria, por exemplo, não existequalquer formação pós-graduada (Egger, 1997).Segundo Schroder (1997), a questão mais discu-tida na Alemanha é a de permitir ou não o aces-so de outros grupos profissionais (enfermeiros,sociólogos) nos cursos de pós-graduação que sãorestritos aos psicólogos. Na Suíça (Hornung &Gutscher, 1997), existem duas universidades(Lausana e Basileia) que promovem cursos depós-graduação em psicologia da saúde: por umlado, o departamento de psicologia clínica daUniversidade de Basileia, em colaboração comalgumas associações profissionais de psicólogos,possui um curso de pós-graduação onde se abor-dam temáticas várias, como a prevenção daSIDA, as doenças crónicas e as estratégias deconfronto com a doença; por outro lado, existeum curso de pós-graduação na Universidade deLausanne, que tem a colaboração de quatro asso-ciações profissionais de psicólogos e a sua orga-nização encontra-se a cargo da European HealthPsychology Society (Sociedade Europeia dePsicologia da Saúde).

Esta sintonia entre associações de psicólogos eas universidades observada na Suiça possui ca-rácter excepcional em Portugal: só o curso demestrado do ISPA é organizado em conjunto coma Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde.

A formação profissional em psicologia dasaúde ainda não está institucionalizada no País.A única instituição que a promove de forma or-ganizada é o ISPA, no âmbito do seu departa-mento de formação permanente. Criado em

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1995, este departamento tem incluído sistemati-camente acções de formação em áreas de psico-logia da saúde nos seus planos anuais de forma-ção. Em 1998, por exemplo, foram realizados 12cursos nesta área, num total de 415 horas (39%do total de horas de formação organizadas poraquele departamento), frequentados por 351 for-mandos (Departamento de Formação Permanen-te/ISPA, 1998).

A formação desenvolvida tem sido, essencial-mente, de 2 tipos: (1) cursos de formação inicialem psicologia da saúde destinados a psicólogos e(2) cursos de sensibilização sobre aspectos psi-cológicos relacionados com a saúde destinados aoutros técnicos de saúde. Os currículos de for-mação são direccionados para a aquisição e de-senvolvimento de competências para a inter-venção. As equipas de formação são compostaspredominantemente por psicólogos que traba-lham em serviços de saúde, com larga experiên-cia profissional.

No respeitante a conteúdos temáticos, têm si-do realizados cursos muito variados, alguns dosquais se realizam periodicamente e têm conheci-do várias edições: Ciclo de estudos pós-gradua-dos em psicologia da saúde; AconselhamentoVIH/SIDA; Aconselhamento em saúde; Forma-ção de monitores do programa de prevenção daSIDA no ISPA; Trabalho em equipa em saúde ereabilitação; Neuropsicologia clínica; Promo-ção/educação para a saúde; Psicologia da gra-videz e maternidade; Implicações psicológicasda psicofarmacoterapia; Aspectos psicossociaisda SIDA; As mulheres e a SIDA; Consulta psico-lógica em Centros Saúde.

Adicionalmente, em colaboração com o Cen-tro de Saúde da Parede, aquele departamento doISPA realizou 2 Conferências sobre psicologianos cuidados de saúde primários (1997, 1998),com a finalidade de reflectir sobre aspectos di-versos da intervenção de psicólogos nos Centrosde Saúde, desenvolvendo assim uma acção pio-neira nesta área tão importante para a interven-ção psicológica no sistema de saúde.

Importa agora operar uma mudança qualitati-va: desenvolver esta vertente de formação profis-sional no quadro próprio dos serviços de saúdenos quais os psicólogos se encontrem a exercer,muitos dos quais sem formação específica. Poroutro lado, também porque o programa de for-mação previsto para o estágio profissional pré-

-carreira do ramo de psicologia clínica, apesar decorrigido em relação à versão inicial, mantemlacunas significativas. Julgamos que as Unidadesde Saúde, envolvendo hospitais e centros desaúde duma área geográfica delimitada, são ade-quadas para o efeito. As parcerias entre serviçosde saúde e instituições do ensino superior podemfacilitar a resposta às novas necessidades relacio-nadas com as mudanças no mercado de empregoe às necessidades de formação sobre novas pro-blemáticas emergentes.

Na Europa, o único país que parece promoverformação profissional em psicologia da saúde é aÁustria (Egger, 1997): o Instituto de Psicologiada Saúde das Mulheres disponibiliza cursos es-pecializados em todo o tipo de problemas ineren-tes à saúde das mulheres, nomeadamente cuida-dos pré-natais, estilos de vida, sexualidade naadolescência e SIDA, entre outros. Por outro la-do, têm vindo a ser incrementadas certas activi-dades relacionadas com formação em psicologiada saúde no âmbito de um programa de estilosde vida saudáveis (Viena – Cidade Saudável).

Parece evidente que existem necessidades deformação em psicologia da saúde que transcen-dem os currículos académicos, quer pela procurade formação em áreas específicas, quer pela ne-cessidade de desenvolvimento de competênciaspara a intervenção que não são (nem podem ser)contempladas na formação prévia dos licencia-dos. Dever-se-á, então, tentar conceber sistemasde formação inicial e permanente que permitamaos psicólogos uma melhor consonância entre oseu trabalho e essas mesmas necessidades.

Além disso, verifica-se que muitos licencia-dos que procuram as acções de formação sãoprofissionais a exercerem em serviços de saúde,mas que não tiveram anteriormente qualquerformação em psicologia da saúde, o que tambémmostra a necessidade de promover e desenvolvera formação profissional nesta área.

5. CONCLUSÕES

A apreciação destas conclusões deverá terem conta que o estudo refere-se trabalhos reali-zados até 1997.

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5.1. Investigação

A investigação desenvolveu-se sobretudo apartir de 1990 e foi maioritariamente dominadapor projectos de investigação em contexto acadé-mico. Dominaram estudos mais focalizados nadoença do que na saúde.

Na promoção da saúde a investigação realiza-da foi dominada pela psicologia da gravidez e damaternidade. A produção científica ligou-sesignificativamente a trabalhos realizados pelaparceria ISPA/Maternidade Dr. Alfredo da Costa.

Na prevenção da doença e identificação defactores de risco para a saúde a investigação do-minante situou-se no âmbito dos comportamen-tos preventivos e dos comportamentos de risco,particularmente associados ao álcool e às drogas.

No âmbito do adaptação à doença, trata-mento e reabilitação a investigação incidiu prin-cipalmente sobre processos de adaptação, com-portamentos de adesão e qualidade de vida rela-cionada com doenças crónicas, stress e copingcom a doença (VIH/SIDA), procedimentos mé-dicos (cirurgia, transplante de medula óssea) estress parental de crianças com doença crónica.

A investigação ligada a aspectos organiza-cionais dos serviços de saúde incidiu sobrestress ocupacional (enfermeiros) e as outrasáreas de investigação são dominadas pelos estu-dos sobre SIDA (representações sociais, crenças,atitudes).

Foi deficitária a investigação relacionada comproblemas importantes da saúde dos Portugue-ses, nos quais a prevenção envolve aspectoscomportamentais: doença isquémica do coração,hipertensão arterial, acidentes vasculares cere-brais, cancro, diabetes e acidentes.

É necessário definir objectivos estratégicospara a investigação, nomeadamente enquadradosem necessidades identificadas pelos serviços desaúde e no âmbito das estratégias de saúde regio-nais e sub-regionais do Ministério da Saúde.

Assim, torna-se relevante a elaboração dequadros teóricos para a investigação relativa àpromoção e manutenção da saúde, à influênciados estilos de vida sobre a saúde e às caracterís-ticas psicológicas, familiares, culturais e sociaisassociadas à saúde e à doença, bem como à qua-lidade em saúde e satisfação dos utentes.

5.2. Formação

Relativamente à formação pré-graduada sa-lienta-se a importância de cadeiras de psicologiada saúde no ISPA, Universidade do Minho eFPCE das Universidades de Lisboa, Porto eCoimbra.

A formação pós-graduada, iniciada pelocurso de mestrado da FPCE da Univ. de Lisboa,estende-se hoje a todo o País. Seria desejávelque a mobilidade de docentes viesse a permitir oestabelecimento de articulação de objectivos eprogramas e outras iniciativas conjuntas no sen-tido de criar uma formação académica mais oumenos homogénea em todo o País.

A formação profissional tem sido desenvol-vida praticamente só pelo ISPA, que, privilegian-do acções de formação relacionadas com psico-logia da gravidez e maternidade, intervenção noscuidados de saúde primários, aconselhamentopsicológico em saúde e aconselhamento-VIH//SIDA, tem contribuído para a formação contí-nua de psicólogos e outros técnicos de saúde.

5.3. Intervenção

Existe já um número significativo de publi-cações no campo da psicologia da saúde, querqualitativa quer quantitativamente (livros, arti-gos em revistas especializadas, actas de congres-sos e de outras reuniões científicas). Entre as pu-blicações-livro dominam as iniciativas editoriaisdo ISPA, sendo que a maioria dos artigos forampublicados na revista Análise Psicológica.

A maior parte dos artigos publicados em re-vistas abordam temas relacionados com promo-ção da saúde e prevenção da doença, o que nãoé concordante com os resultados encontrados nocampo da investigação, embora sejam maiorita-riamente artigos centrados na prevenção do alco-olismo e do uso de drogas, tradicionalmente doâmbito da saúde mental. Relacionam-se tambémcom adaptação à doença, tratamento e reabilita-ção. Esta última área temática domina tambémas publicações-livro e actas de reuniões científi-cas.

A maior parte das reuniões científicas na-cionais foram organizadas pelo Instituto Supe-rior de Psicologia Aplicada (ISPA) e/ou pelaAssociação dos Psicólogos Portugueses(APPORT). Mais recentemente, o 2.º Congresso

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Nacional de Psicologia da Saúde foi organizadopela Sociedade Portuguesa de Psicologia daSaúde. O maior índice de participação nas reu-niões científicas coube a duas instituições uni-versitárias: o ISPA e a Universidade do Minho.O número de reuniões científicas aumentou pro-gressivamente de 1990 a 1997.

O Seminário «A Psicologia nos Serviços deSaúde» (1989) e os 1.º e 2.º Congressos Nacio-nais de Psicologia da Saúde (1994, 1997) foramas reuniões científicas que marcaram de formasignificativa o desenvolvimento inicial da psico-logia da saúde em Portugal.

A vertente clínica tradicional, com temas liga-dos à psicopatologia e saúde mental, começou adiminuir a partir do 2.º Congresso Nacional,dando lugar a temas mais centradas na promoçãoda saúde, na prevenção da doença, nos compor-tamentos de adesão em saúde e na implemen-tação da qualidade de vida relacionada com adoença. Nessa reunião nacional evidenciou-se jáuma aproximação significativa ao desenvolvi-mento da psicologia da saúde na Europa.

Embora haja referência a experiências concre-tas de intervenção na saúde infantil e na saúdeescolar desde 1989, aparentemente sem continui-dade, só em 1994 apareceu a primeira publicaçãoque sistematizou a intervenção de psicólogos emCentros de Saúde e foram apresentadas comuni-cações a propósito da intervenção em váriosprojectos de saúde no 2.º Congresso Nacional. Arealização das I e II Conferências Psicologia nosCuidados de Saúde Primários (1997, 1998) evi-denciaram que as experiências significativas deintervenção nos cuidados primários desenvol-vem-se em torno de dois pólos: Sub-Regiões deSaúde de Lisboa e de Braga.

As áreas de intervenção nos cuidados de saú-de diferenciados têm sido: serviços de psicologiaem maternidades, serviços de pediatria, neuro-psicologia, oncologia, cirurgia, doenças infeccio-sas (VIH/SIDA), toxicodependências, reabilita-ção e serviços de saúde mental.

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RESUMO

Este artigo apresenta uma panorâmica geral da si-tuação da psicologia da saúde em Portugal nas áreas deinvestigação, formação e intervenção. Verificou-se aexistência de um espectro largo de áreas de investiga-ção em psicologia da saúde: promoção da saúde eprevenção da doença, identificação de factores derisco, tratamento, reabilitação e adaptação à doença eorganização de serviços de saúde. Os aspectos defici-tários relacionam-se com coordenação escassa e faltade continuidade. As universidades oferecem cursos depsicologia da saúde, mas não existe um currículo ho-mogéneo e compreensivo. Existem vários cursos avan-çados para pós-graduados. Existem várias experiênciaspráticas de intervenção no campo dos cuidados primá-rios de saúde, maternidades e hospitais.

Palavras-chave: Psicologia da saúde, Portugal.

ABSTRACT

This paper presents a survey of the situation ofhealth psychology in Portugal for the domains of re-search, teaching and practice. A broad spectrum ofresearch activities in health psychology exists: healthpromotion and prevention of illness, identification ofrisk factors, treatment and care of the patient, rehabi-litation and illness adaptation, and organization ofhealth services. Key weakness are missing co-ordi-nation and lack of continuity. Universities offer couses

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on health psychology, but a comprehensive curriculumdoes not exist. Many courses for advanced training areavailable for post-graduates. There is much practical

work done in the field of primary care, maternities andhospitals.

Key words: Health psychology, Portugal.

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