Psicologia e Equoterapia

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  • UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

    Faculdade de Psicologia

    A PRTICA DO PSICLOGO NA EQUOTERAPIA

    JULIANA PRADO FERRARI

    So Paulo

    2003

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  • UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

    Faculdade de Psicologia

    A PRTICA DO PSICLOGO NA EQUOTERAPIA

    JULIANA PRADO FERRARI

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    ao Programa de Iniciao Cientfica

    (Trabalho de Graduao Interdisciplinar) da

    Faculdade de Psicologia, como parte dos

    requisitos para a obteno do ttulo de

    Psiclogo.

    Orientadora: Prof. Dr. Silvana Maria Blascovi-Assi

    So Paulo

    2003

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  • A todos os profissionais

    envolvidos com a Equoterapia,

    especialmente aos psiclogos, para

    que possam enriquec-los e

    auxili-los em sua atuao.

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  • AGRADECIMENTOS

    Professora Silvana Maria Blascovi-Assis, minha orientadora, pelo

    conhecimento terico transmitido, essencial para a execuo deste trabalho.

    Universidade Presbiteriana Mackenzie, por propiciar as condies para

    este aprendizado e pela oportunidade de desenvolver o presente trabalho.

    Patrcia Ttaro e Michele Rufino, minhas grandes amigas, pelo

    conhecimento prtico transmitido, auxlio e incentivo a realizao deste trabalho.

    A todos os profissionais que trabalham na Equoterapia, em especial aos

    psiclogos os quais entrevistei, pela ateno e colaborao na viabilizao deste

    trabalho.

    Ao meu tio, Jorge, pela influncia na escolha de minha carreira

    profissional e pela experincia transmitida.

    Aos meus pais, Roberto e Nilda, por serem to maravilhosos e por

    proporcionarem amor e fora para seguir a minha prtica acadmica.

    minha irm, Thais pelo companheirismo e incentivo em toda a execuo

    desde trabalho e em toda minha vida.

    Ao Tulio, pela motivao, pacincia e carinho em todos os momentos de

    minha vida acadmica.

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  • RESUMO

    A equoterapia um mtodo teraputico utilizado para trabalhar com os portadores de deficincia e/ou necessidades especiais. Trata-se de uma nova alternativa para o tratamento teraputico que vem crescendo nos ltimos tempos e est diversificando as estruturas convencionais dos clssicos consultrios e clnicas por proporcionar grande progresso e benefcio na recuperao dos pacientes. O presente trabalho prope a estudar a prtica do psiclogo na equoterapia, mediante a verificao de semelhanas e/ou diferenas no modo como cada psiclogo exerce sua funo. E, tambm, proporcionar um maior conhecimento sobre a conduta dos profissionais desta rea, alm de conhecer os aspectos emocionais envolvidos no trabalho com pessoas portadoras de deficincia e/ou necessidades especiais. Ressalta-se que so escassos os trabalhos publicados referente a equoterapia. Os dados foram coletados a partir de um questionrio de treze (13) perguntas abertas e fechadas a respeito da atuao do psiclogo no centro de equoterapia em que trabalham. O questionrio foi aplicado em dez (10) psiclogos, num total de sete (7) centros de equoterapia das cidades de So Paulo, So Bernardo do Campo e Itajub (MG). Por meio desse estudo, pode-se conhecer a importncia do psiclogo na equoterapia, uma vez que este tem um papel fundamental desde a realizao de diversificadas tarefas, como a orientao e assistncia s famlias e equipe, at os inmeros benefcios que a equoterapia proporciona no campo psicolgico: sociabilizao, conscincia corporal, autoconfiana, responsabilidade, autonomia, entre outros. Todavia, observou-se que os psiclogos participantes deste estudo no apresentam papel definido dentro da equipe de equoterapia, pois no sabem reconhecer o que primordial em sua atuao, j que 70% apresentaram opinies divergentes no que consideram tarefa relevante do psiclogo na equoterapia. No h, portanto, uma homogeneidade na maneira de avaliar os praticantes, e, conseqentemente os psiclogos no maximizam seu potencial e sua qualificao. Assim, acabam no exercendo integralmente a sua funo ao realizarem atividades que no pertencem a sua especialidade pela carncia de profissionais da rea, j que a equoterapia constitui-se em um recurso de grande investimento.

    Palavras-Chaves: equoterapia, psicologia; deficincia.

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  • SUMRIO

    1. INTRODUO ........................................................................ 12

    2. REVISO DA LITERATURA................................................ 13

    2.1. EQUOTERAPIA ...................................................................... 13

    2.2. HISTRICO ............................................................................ 15

    2.3. FUNDAMENTAO.............................................................. 20

    2.4. PROGRAMAS BSICOS DE EQUOTERAPIA...................... 24

    2.4.1. Programa Hipoterapia ................................................... 25

    2.4.2. Programa Educao/Reeducao.................................... 25

    2.4.3. Programa Pr-Esportivo ................................................ 26

    2.5. O CAVALO.............................................................................. 27

    2.5.1. Um Breve Conhecimento .................................................. 27

    2.5.2. O Cavalo e seu Significado................................................ 30

    2.5.3. O Cavalo na Equoterapia .................................................. 32

    2.5.4. O Cavalo como Instrumento Cinesioteraputico................ 34

    2.5.4.1. Movimento no Plano Horizontal .................................. 37

    2.5.4.2. Movimento no Plano Vertical .................................... 39

    2.5.5. Semelhana do Movimento Realizado pelo Ser Humano com

    a Marcha Executada pelo Cavalo ............................................................ 40

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  • 2.6. PRINCPIOS E NORMAS FUNDAMENTAIS CONDIES

    PARA A PRTICA DA EQUOTERAPIA............................................... 42

    2.7. INDICAES, CONTRA-INDICAES E PRECAUES DA

    EQUOTERAPIA ...................................................................................... 43

    2.7.1. Indicaes ............................................................................... 43

    2.7.2. Contra-Indicaes .................................................................... 44

    2.7.3. Precaues ............................................................................... 46

    3. CONSIDERAES PSICOLGICAS DA PESSOA COM

    DEFICINCIA............................................................................... 49

    3.1 . O ATENDIMENTO PSICOLGICO DE INDIVDUOS COM

    DEFICINCIA .............................................................................. 49

    3.2. A CRIANA COM DEFICINCIA........................................... 51

    3.3. A FAMLIA E FILHO COM DEFICINCIA............................. 53

    4. MATERIAL E MTODO......................................................... 57

    4.1. SUJEITOS ................................................................................. 57

    4.2. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................ 57

    4.3. PROCEDIMENTO .................................................................... 57

    5. RESULTADOS ......................................................................... 59

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  • 6. DISCUSSO.............................................................................. 66

    7. CONCLUSO .......................................................................... 70

    8. REFERNCIAS ......................................................................... 72

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  • ANEXOS

    ANEXO A Carta de Aprovao do Comit de tica em Pesquisa ..... 79

    ANEXO B Carta de Informao e Termo de Livre Consentimento....... 81

    ANEXO C Questionrio ........................................................................ 83

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  • FIGURAS

    FIGURA 1 Mecnica do Movimento Natural do Cavalo ....................... 36

    FIGURA 2 Efeito Tridimensional do Dorso do Cavalo ......................... 36

    FIGURA 3 Movimento Ltero-Lateral.................................................... 38

    FIGURA 4 Movimento ntero-Posterior ............................................... 39

    FIGURA 5 Movimento Verticais Da Garupa ......................................... 40

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  • GRFICOS

    GRFICO 1 Tempo de Formao em Psicologia................................. 59

    GRFICO 2 Tempo de Atuao na Equipe.......................................... 59

    GRFICO 3 Profissionais que Compe a Equipe................................. 60

    GRFICO 4 Atuao do Psiclogo na Equoterapia.............................. 61

    GRFICO 5 Principal Tarefa do Psiclogo na Equoterapia.................. 62

    GRFICO 6 Benefcios Psicolgicos na Equoterapia........................... 63

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  • 12

    1. INTRODUO

    Existem vrios mtodos teraputicos para trabalhar com portadores de

    deficincia. Dentre estes, um vem crescendo consideravelmente e sendo bastante

    divulgado pela mdia: a equoterapia. Por proporcionar grande progresso e

    benefcio na recuperao desses pacientes, que segundo a ANDE-BRASIL (1989)

    denomina-se de praticantes, tornou-se uma alternativa para o tratamento

    teraputico diversificando as estruturas convencionais dos clssicos consultrios e

    clnicas.

    Na Equoterapia trabalha-se com o ser humano dentro de uma viso global

    do desenvolvimento, por isso fundamental a atuao de uma equipe

    interdisciplinar integrada, formada por psiclogo, fisioterapeuta, fonoaudilogo,

    mdico, pedagogo, terapeuta ocupacional, educador fsico, instrutor de equitao.

    Em funo disso, cada profissional tem um papel decisivo no tratamento do

    indivduo.

    Este trabalho prope a estudar a prtica do psiclogo na equoterapia,

    mediante a verificao de semelhanas ou diferenas no modo como cada

    psiclogo exerce sua funo. E, tambm, proporcionar um maior conhecimento

    sobre a conduta dos profissionais desta rea, alm de conhecer os aspectos

    emocionais envolvidos no trabalho com indivduos com deficincia.

    importante ressaltar que so escassos os trabalhos publicados a respeito

    da equoterapia.

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  • 13

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1. EQUOTERAPIA

    A definio oficial de equoterapia, utilizada pela ANDE-BRASIL (1999),

    aps ter sido reconhecida em 1997 como mtodo cientfico pelo Conselho Federal

    de Medicina, um mtodo teraputico e educacional que utiliza o cavalo dentro

    de uma abordagem interdisciplinar, nas reas de Sade, Educao e Equitao,

    buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficincia

    e/ou necessidades especiais.

    O termo equoterapia usado no Brasil para se referir s atividades que

    utilizam o cavalo com fins teraputicos, adotado pela ANDE-BRASIL em 1989 e

    registrado em 26/07/1999 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)

    do Ministrio do Desenvolvimento, da Indstria e do Comrcio. De acordo com a

    ANDE-BRASIL (1999), esta palavra foi criada com trs intenes:

    1) Homenagear a nossa lngua me o latim, pois EQUO vem do latim

    QUUS, nico gnero da famlia dos Eqdeos da subfamlia Eqina, que a

    espcie CABALUS, ou seja, o cavalo.

    2) Homenagear o grego HIPCRATES de LOO (377 a 458 a.C.) que

    indicava a prtica eqestre para a regenerao da sade e preservao do corpo.

    Utilizou-se, ento, a palavra TERAPIA, originria do grego THERAPEIA, que a

    parte da medicina que trata da aplicao do conhecimento tcnico-cientfico no

    campo da reabilitao e reeducao.

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  • 14

    3) Para utilizar o termo EQUOTERAPIA, o indivduo deve estar

    engajado nos princpios e nas normas fundamentais que norteiam esta prtica no

    Brasil, facilitando o reconhecimento do mtodo pelos rgos competentes.

    Alguns profissionais utilizam este tipo de terapia com o nome de

    Hipoterapia, Equitao teraputica e Equinoterapia.

    Para CIRILLO (1992), a equoterapia um tratamento de reeducao e

    reabilitao motora e mental, atravs da prtica de atividades eqestres e tcnicas

    de equitao.

    Segundo PRADO (2001), a equoterapia um tratamento que propicia o

    desenvolvimento dos aspectos motores, como a coordenao motora, a postura, o

    ritmo, a flexibilidade, o equilbrio, aumentando o tnus muscular, alm de

    desenvolver os aspectos psicopedaggicos e emocionais de forma descontrada,

    ldica, em contato com a natureza diferente de ambientes como as clnicas e

    consultrios. E quando o praticante desenvolve atividades psicomotoras,

    cognitivas e afetivas, o cavalo pode favorecer a reintegrao do praticante

    sociedade, com maior independncia e confiana.

    Segundo KANN (1994), a equoterapia significa, no sentido da palavra, a

    cura atravs do cavalo, pois utilizam os movimentos efetuados pelo lombo do

    animal para aplic-lo dentro de um quadro de reeducao teraputica. Pode ser

    aplicada em pessoas de qualquer idade atingida por uma deficincia fsica ou

    mental, mesmo que ela nunca tenha tido nenhum contato com o animal.

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  • 15

    HERZOG (1989) acredita que a equitao psicoterpica tem como

    caracterstica principal utilizao da tcnica de domnio corporal, como o

    relaxamento, e no se limitar somente s trocas verbais.

    2.2. HISTRICO

    A atividade eqestre utilizada h muitos sculos, como veremos a seguir

    a viso histrica desta utilizao em todo o mundo com a finalidade teraputica,

    em ordem cronolgica da data de publicao ou do tempo de vida do autor,

    segundo WALTER1 (2001 apud UZUN, 2001) e KANN (1994):

    HIPCRATES (458 a.C. - 377 a.C.), em seu Livro das Dietas, citava a

    equitao como regeneradora da sade, preservao da sade do ser humano e

    tratamento da insnia. Acreditava que a equitao praticada ao ar livre, era

    benfica para o tnus muscular.

    ASCLEPADES, mdico grego da Prssia (124 a.C 40 a.C.), indicou a

    equitao para tratar a epilepsia e vrios tipos de paralisia. Indicava os

    movimentos do cavalo a pacientes apoplticos, caquticos, epilticos, frenticos,

    letrgicos, paralticos e para os acometidos de febre ter e gota.

    GALENO, (130 a.C. - 199 a.C.), foi o consolidador e divulgador dos

    conhecimentos da medicina ocidental, enfatizando os benefcios da atividade

    eqestre.

    _______________________

    1 Curso Avanado de Equoterapia na fundao Rancho GG, minisrado por Gabriela Walter, 2001.

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  • 16

    Os rabes, na Idade Mdia (Sc. V - XI), fizeram inmeras referncias ao

    cavalo, tendo em vista o desenvolvimento da cincia num quadro da cultura

    eqestre.

    MERKURIALIS (1569), em seu livro: De Arte Gymnastica, cita a

    equitao como exerccio no s do corpo, mas tambm dos sentidos. Esta obra

    tambm refere-se aos diferentes tipos de andadura do cavalo, comenta que a

    equitao aumenta o calor natural e remediava a escassez de excrees.

    Cesare BRGIA (incio do sc. XIV), afirmava que aquele que deseja

    conservar uma boa forma fsica, deve cavalgar.

    Thomas SYDENHAM (1624 - 1689), mdico e capito da cavalaria

    durante a guerra civil, e, em sua obra: Observationes Medical(1676), indica a

    equitao como tratamento ideal at para tuberculose, clicas biliares e

    flatulncias, afirmava que a equitao era a melhor forma para fortificar o sangue

    e reanimar a mente, principalmente a equitao diria, inclusive emprestava seus

    cavalos para pacientes sem recursos.

    Francisco FULLER (1654 - 1734), no tratado De Medical Gymnastica

    (1704), descreve a equitao como um mtodo adequado de tratamento da

    hipocondria.

    Friedish HOFFMAN (1719), em Instrues aprofundadas de como uma

    pessoa pode manter a sade e livrar-se de vrias doenas atravs da prtica

    racional de exerccios fsicos, dedica um captulo equitao e a seus grandes

    benefcios, definindo o passo como sendo a andadura mais salutar.

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  • 17

    Charles S. CASTEL (1734), mdico e abade de Saint Pierre, criou uma

    cadeira viibratria (tremoussoir) com movimentos similares aos do cavalo.

    Samuel Theodor QUELMAZ (1697 1758), alemo (Lipsia), tambm

    desenvolveu uma mquina eqestre demonstrando de que forma o problema do

    movimento e dos exerccios fsicos eram vistos pelos mdicos da poca. Essa

    mquina era uma espcie de guindaste que imitava os efeitos induzidos pelo

    movimento do cavalo. Em A Sade Atravs da Equitao, fez a primeira

    referncia histrica ao movimento tridimensional do dorso do cavalo.

    John PRINGLE (1707 - 1782), observando os militares que combatiam a

    p e a cavalo, em 1752, constatou que estes ltimos eram menos atingidos por

    doenas endmicas. Em seu livro Observaes acerca das doenas dos

    militares, cita a equitao como destaque importante na preservao da sade

    dos exrcitos. (ANDE BRASIL, A histria da Reeducao Eqestre, s.d.).

    Giusepse BENVENUTTI (1772), mdico das termas doa Banhos de

    Luccana da Itlia, dedicou seu livro a Sigismundo CHIGI, prncipe de Farneta,

    desejando restabelecimento da sade com esta prticaas Reflexes acerca dos

    efeitos do movimento a cavalo, onde escreve que a equitao mantm o corpo

    so e promove diferentes funes orgnicas, numa ativa funo teraputica.

    Joseph C. TISSO (1782), em Ginstica Mdica e Cirrgica, cita as

    primeiras referncias sobre as contra-indicaes da prtica excessiva da equitao.

    Ilustra os diferentes efeitos dos vrios andamentos, entre eles, o passo como

    andadura mais benfica sob o ponto de vista teraputico.

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  • 18

    Hospital Ortopdico de Oswentry (1901), na Inglaterra, realizou a primeira

    aplicao de Equoterapia em contexto hospitalar.

    Em Oxford (1917), o primeiro grupo de Equoterapia, realizou atendimento

    aos feridos durante a Primeira Guerra Mundial.

    Liz HARTEL, apesar de adquirir Poliomielite em 1946, foi vice-campe

    olmpica em adestramento eqestre em 1952, na de Helsinque e 1956, na de

    Melbourne.

    Eliset BODTHER (meados dos anos 50), fisioterapeuta norueguesa,

    desenvolveu tratamento equoterpico em crianas portadoras de deficincia.

    Rene DE LUBERSAC e Hubert LALLERY (1965), em Reeducao

    Eqestre, na Frana, com a possibilidade do deficiente em recuperar e valorizar

    suas potencialidades. Em 1963, a reeducao com a equitao, j era utilizada

    empiricamente por KILLILEA, onde em De Karen com amor, onde conta a

    histria de uma jovem deficiente reeducada com a equitao e a natao. Em

    1965, na Frana, equoterapia torna-se matria didtica universitria.

    Centro Hospitalar Universitrio de Salpetrire (1969), em Paris, realiza-se

    o primeiro trabalho cientifico de reeducao eqestre.

    Elly KOGLER e Gabriele B. WALTER (1971), fisioterapeutas, chegam ao

    Brasil com as primeiras experincias em Equoterapia.

    Collette Picart TRINTELIN (1972), da Universidade de Paris, Val de

    Marne (Frana), realiza a primeira tese de doutorado em medicina sobre

    equoterapia.

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  • 19

    Em 1974, em Paris, foi realizado o primeiro Congresso Internacional da

    RPE (Reeducao pela Equitao).

    Em 1978, em Bal, um grupo de mdicos e fisioterapeutas criaram a

    Organizao Sua para a Equoterapia.

    Em 1985, em Milo durante o V Congresso Internacional, foi fundada o

    Riding International for the Disabled (RDI).

    Em 1988, grupo de brasileiros foram Europa para estudos e

    aprofundamento sobre equoterapia.

    Em 1989, (10/05/89), fundado, no Brasil, a Associao Nacional de

    Equoterapia (ANDE-BRASIL).

    Em 1997, a Equoterapia designada como um mtodo cientfico -

    teraputico pelo Conselho Federal de Medicina, parecer 06/97 de 09/04/1997.

    Em 1998, fundada a Associao de Equoterapia Paulista (AEP).

    Em 1999, realiza-se o Primeiro Congresso Brasileiro de Equoterapia, em

    Braslia (ANDE-BRASIL).

    Em 2000, realiza-se o Dcimo Congresso Internacional de Equoterapia, na

    Frana.

    Atualmente, a Equoterapia est em pleno desenvolvimento ocupando

    espao muito importante, enquanto mtodo teraputico na rea da reabilitao. No

    Brasil, h diversos cursos bsicos, avanados e de especializao sobre o tema. A

    Itlia apresenta as tcnicas mais avanadas sobre este tratamento, possuindo mais

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  • 20

    de 50 centros, coordenados pela Associazione Nacionale Italiana di

    Realilitazione Eqestre (ANIRE). Na Inglaterra h mais de 600 centros sob a

    ajuda financeira de Riding Disabled Association(RDA) e na Alemanha, Sucia

    e Sua, as tcnicas de reeducao atravs da equitao so reconhecidas como

    tratado e financiadas pelo governo.

    2.3. FUNDAMENTAO

    Segundo TTARO (2000), o objetivo principal do psiclogo orientar e

    acompanhar os praticantes e seus familiares, e por meio de instrumentos ldicos

    como jogos, brincadeiras, transposies de situaes, histricas, dilogos e outros,

    auxili-los na elaborao de determinados aspectos emocionais, conflitos e

    situaes.

    O mesmo autor ressalta que a atuao do psiclogo inicia-se com a

    Avaliao Psicolgica, a fim de conhecer o indivduo, quanto aos aspectos

    emocionais e intelectuais. Muitos profissionais avaliam seus praticantes

    diretamente em contato com o cavalo. Outros realizam anamnese com os pais ou

    responsveis, e/ou com o prprio praticante, mediante caso clnico a ser atendido.

    A anamnese fundamental para conhecimento do praticante o qual ir trabalhar.

    Por meio das entrevistas de anamnese pode-se conhecer a dinmica familiar do

    praticante na tentativa de compreender melhor o contexto no qual este encontra-se

    inserido. Nesta avaliao, muito importante um protocolo bsico no qual se

    constitui de uma investigao das percepes auditiva e visual, esquema corporal,

    orientao temporal e espacial, lateralidade, o nvel de compreenso, ateno,

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  • 21

    concentrao, motivao, frustrao, adaptao, comunicao (gestual, verbal

    compreensiva, verbal expressiva), sociabilizao, se h capacidade de abstrao,

    como se relaciona com a famlia, seus traos de personalidade (extrovertido,

    introvertido, fbico, ansioso, obsessivo, histrica). Aps esta avaliao,

    estabelece, juntamente com a equipe, o objetivo a ser tratado com a equoterapia.

    Este autor denomina a fase inicial da equoterapia de Fase de Aproximao,

    que se refere a um processo em que visa auxiliar o praticante em sua adaptao a

    este novo contexto teraputico, envolvendo desde o primeiro contato com o

    animal at a sua integrao scio-afetiva. Nesta fase, esta avaliao realizada

    com todos profissionais que compe a equipe interdisciplinar, com o objetivo de

    registrar qual a reao da criana frente ao cavalo. Por isso, a participao do

    psiclogo nesta fase fundamental, pois torna-se o mediador da relao

    praticante-cavalo. Neste processo so realizadas algumas atividades como:

    apresentao e explorao do animal, faxina do cavalo, que consiste no

    conhecimento do praticante no cuidar do animal, realizando limpeza deste e

    explorao das partes do corpo do cavalo, comparando-as com as do ser humano,

    como por exemplo, a crina do cavalo parecida com o cabelo do homem.

    Proporcionando, assim, a formao de um vnculo do praticante com o animal.

    Onde no h uma durao pr-determinada, vai depender do objetivo proposto ao

    praticante e sua capacidade de adaptao ao novo contexto, tornando-se

    necessrio um ambiente acolhedor e confivel. Aps o praticante obter um bom

    contato e segurana com o cavalo, inicia-se o Processo de Montaria. Dependendo

    do quadro clnico apresentado, esta pode ser acompanhada durante a montaria por

    um instrutor (montaria dupla), quando o praticante no possui controle de tronco

    ou cabea, ou no consegue se equilibrar sozinho no cavalo.

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  • 22

    Para aqueles praticantes que tm medo de montar sozinhos ou so mais

    regredidos, por mais que suas condies fsicas possibilitam para tal, realiza-se o

    Processo de Maternagem na tentativa de transmitir pessoa um pouco mais de

    segurana. Este processo ocorre quando o praticante e o terapeuta montam juntos,

    onde um se volta para outro (Processo de Simbiose). Desta forma, este processo

    de montaria, embora propicie um momento de regresso ao praticante torna-se

    menos ameaador mais aconchegante e acolhedor. Esta nova situao teraputica

    auxilia na adaptao, porm, deve ocorrer no mximo por volta de 4 meses

    (TTARO, 2000).

    E finalmente, o Processo de Separao, o qual iniciado por volta dos o

    papel do psiclogo preparar o praticante para o fim do seu tratamento com a

    separao do cavalo, dos profissionais que o atende e dos outros praticantes

    atendidos no mesmo horrio (TTARO, 2000).

    Alm do acompanhamento destes processos, o psiclogo deve participar

    das discusses de caso com a equipe interdisciplinar, alm de acompanhar e

    avaliar a evoluo do trabalho com cada praticante, realizando sempre anotaes

    dos resultados obtidos. (TTARO, 2000).

    Para NASCIMENTO (s/d.), o psiclogo tem o papel de:

    Analisar e reavaliar a situao atual do praticante antes do incio da terapia

    para obter uma melhor adaptao s caractersticas do trabalho com o cavalo;

    Auxiliar o praticante em todo o desenvolvimento psicossocial;

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  • 23

    Acompanhar, diretamente, cada praticante durante o processo de

    aproximao com o animal;

    Atender aos familiares dos praticantes, individualmente ou atravs de

    dinmica de grupo;

    Favorecer o inter-relacionamento da equipe interdisciplinar e demais

    profissionais envolvidos no trabalho;

    Participar de cursos, estgios e outros eventos relacionados com a

    equoterapia;

    Atender, individualmente ou em grupo, os praticantes durante as sesses,

    principalmente, pela estimulao das reas psicomotoras e sensrio-perceptivas;

    Auxiliar o praticante no processo ensino-aprendizagem;

    Priorizar o atendimento quanto ao aspecto emocional, resgatando e

    melhorando a auto-estima e autoconfiana.

    Assim, o psiclogo deve conhecer as necessidades, limites e

    potencialidades de cada praticante para seu melhor desempenho, realizando

    tambm, estimulao sensrio-perceptiva e atendimentos individuais ou em

    grupos com os praticantes durante as sesses, visando auxili-los desta maneira,

    em seu desenvolvimento social, aumentando sua auto-estima, autoconfiana,

    autonomia e independncia, senso de responsabilidade, conhecimento de suas

    prprias capacidades, cooperatividade e colaborao, conscincia corporal,

    visando uma melhor organizao do esquema corporal, processo de

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  • 24

    individualizao (distino eu-outro), maior aceitao s frustraes, maior

    aceitao de limites e desenvolvendo sua afetividade. (PRADO, 2001).

    Alm destes aspectos, NASCIMENTO (s/d.), acrescenta o controle emocional

    e autodisciplina, superao de fobias, expanso do controle, modificao de

    comportamentos inadequados, re (insero) social, estimulao da linguagem e da

    rea sensrio-perceptiva, desenvolvimento psicomotor e sensao generalizada de

    bem-estar.

    2.4. PROGRAMAS BSICOS DE EQUOTERAPIA

    O atendimento de Equoterapia planejado em funo de necessidades e

    potencialidades do praticante, onde se incluem o estabelecimento dos objetivos a

    serem atingidos e a conseqente nfase na rea da aplicao pertinente (ANDE

    BRASIL, 1999).

    Cada portador de deficincia e/ou necessidades especiais possuem

    caractersticas peculiares quanto ao seu aspecto fsico e psicolgico, ao seu

    funcionamento e grau de independncia. Por isso torna-se necessrio programas

    especficos de acordo com a fase de seu atual processo de evoluo. Apesar de

    toda equipe interdisciplinar atuar em conjunto, dependendo de cada programa,

    poder haver nfase na ao de determinada rea profissional.

    Os programas bsicos de equoterapia so:

    Hipoterapia

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  • 25

    Educao/Reeducao

    Pr-Esportivo

    2.4.1. Programa Hipoterapia

    um programa essencialmente direcionado rea da sade e voltado para

    pessoas portadoras de deficincia fsica e/ou mental, em geral quelas que

    apresentam deficincias motoras, sensoriais, mentais, doenas mentais e

    inadaptaes sociais diversas, nas quais no conseguem se manter sozinha sobre o

    cavalo, necessitando de um auxiliar-guia para conduzir o cavalo e, eventualmente,

    de um auxiliar-lateral para mant-lo montado, proporcionando apoio e segurana.

    A nfase das aes dos profissionais da sade precisando, portanto, de

    um terapeuta ou mediador, a p ou montado, para a execuo dos exerccios

    programados.

    Neste programa, o cavalo funciona, principalmente, como agente

    cinesioterpico.

    2.4.1. Programa Educao/Reeducao

    Este programa pode ser direcionado para uma ou mais reas de aplicao:

    sade, educao ou equitao.

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  • 26

    O praticante tem condies de exercer alguma atuao sobre o cavalo e

    conduzi-lo, dependendo em menor grau do auxiliar-guia e do guia-lateral. A ao

    dos profissionais de equitao mais intensa, porm os exerccios devem ser

    planejados por toda a equipe interdisciplinar, dependendo dos objetivos a serem

    alcanados.

    O cavalo, neste programa, continua propiciando os benefcios por seu

    movimento tridimensional, atuando como facilitador do processo ensino-

    aprendizagem, e psicolgico do praticante e este se encontra numa postura mais

    ativa do processo.

    2.4.1. Programa Pr-Esportivo

    Voltado para as reas educativa, social e esportiva, nas quais o praticante

    j tem boas condies para atuar e conduzir o cavalo e dependendo do caso, pode

    at participar de pequenos exerccios especficos de hipismo. Neste programa a

    ao dos profissionais da equitao fundamental, mas no descarta a

    necessidade do acompanhamento e orientao dos profissionais da sade e

    educao.

    O praticante exerce maior influencia sobre o cavalo e este atua como

    agente de insero e reinsero social.

    Para KANN (1994), a equoterapia no uma forma de hipismo, j que o

    paciente no exerce nenhuma influncia direta sobre o cavalo, o objetivo est

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  • 27

    voltado para a sensao, adaptao e apreciao dos movimentos ritmados

    produzidos pelo lombo do cavalo.

    2.5. O CAVALO

    2.5.1. Um Breve Conhecimento

    Segundo PEREIRA (2000), o primeiro a descrever um fssil de cavalo foi

    o paleontologista ingls Sir Richard Owen, o qual chamou-o de Hyracotherium,

    encontrado prximo de Londres em depsitos argilosos no incio da era

    Cenozica, cerca de 64-(50 milhes de anos atrs).

    Para SMYTHE (1990), o cavalo j habitava a terra a quarenta milhes de

    anos atrs, cujo gnero mais antigo, o Eohippus (cavalo da alvorada), de pequeno

    porte, habitava florestas e alimentava-se de folhas. Depois surgiram outros

    herbvoros de portes maiores como os Mihioous, Parahippus e finalmente o

    Equus, que o gnero do cavalo que conhecemos atualmente.

    O cavalo moderno pertence ordem dos Perissodcticos, da famlia dos

    Eqdeos, da subfamlia Eqina e da espcie Cabalus.

    Com a domesticao, o cavalo tornou-se mais inteligente, mudando sua

    conformao do corpo e dos membros para a satisfao das necessidades do

    homem, sendo condicionado de acordo com seus desejos e afastado do seu

    ambiente natural. Segundo SMYTHE (1990), os cavalos que temos hoje so

    descendentes dos poucos escolhidos.

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  • 28

    Os cavalos possuem bom padro de comunicao atravs de emisso de

    sons bastante caractersticos e significativos e da linguagem corporal. Seus rgos

    do sentido so bastante eficientes como a viso, audio e tato e talvez seja esta

    sensibilidade ttil que o levou a aproximao do homem. Seus olhos

    peculiarmente conseguem focalizar objetos prximos e distantes simultaneamente

    e cada olho pode ter uma viso diferente. Porm, no enxergam cores e sim

    tonalidades. Conseguem tambm enxergar no escuro melhor que o homem por

    possuir uma membrana no cristalino que capta mais luz.

    Apresentam uma audio muito aguada, captando sons muito alm dos

    nossos limites. Por possurem pescoo longo e orelhas que podem girar at 180

    graus, os cavalos tm capacidade de ampliar a fonte sonora e definir a sua

    localizao, percebendo facilmente a presena de um possvel perigo. O olfato

    outro sentido mais desenvolvido que o homem permitindo a identificao dos

    alimentos para comer, reconhea animais do mesmo grupo e no caso das guas,

    identifique seu potro, alm de detectar odores carregados pelo vento em sua

    direo. Em relao gustao, demonstra apreciao por algo salgado e doce do

    que amargo e azedo.

    Segundo SMYTHE (1990), os cavalos expressam suas emoes de

    diversas maneiras como, por exemplo, tremendo suas narinas falantes,

    expandindo e contraindo, o que pode significar interesse, suspeita, medo ou at

    mesmo alguma demonstrao de seu temperamento; as orelhas dirigidas para trs

    sobre o pescoo podem indicar irritao ou at mesmo ateno, durante uma

    corrida dura; a cauda expressa emoo quando o cavalo est mais ou menos

    tranqilo, um cavalo bom e ativo geralmente carrega sua cauda elevada e

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  • 29

    levemente arqueada; seus olhos so bastante expressivos, capazes de informar

    sobre seu humor e as inclinaes de seu proprietrio, e tambm produz sons

    caractersticos com significados claros para quem o ouve constantemente.

    Os cavalos, assim como os seres humanos possuem propriopercepo, ou

    seja, apresentam uma boa noo de onde se situam, como esto suas patas

    traseiras quando no conseguem enxergar, informam se est equilibrado durante

    uma corrida, ou uma curva. So tambm capazes de captar vibraes provenientes

    do solo, e seus reflexos so muito rpidos detectando diminudas correntes

    eltricas e outras formas de radiao. Por serem animais naturalmente gregrios,

    herbvoros e antigamente presa de alguns predadores, no gostam de adentrar em

    locais mal iluminados. Alm disso, seus alimentos so encontrados apenas durante

    o dia. Por isso, os cavalos so extremamente sensveis, expressando claramente

    suas emoes, porm so capazes de mudar o carter de suas emoes muito

    rapidamente.

    O mesmo autor salienta a necessidade de serem agregados a um lder e

    adotou o homem esta tarefa. So bastante receptivos, cooperativos, atenciosos,

    dceis, com enorme capacidade de adaptao e capazes de adequar seus estados

    de humor queles do seu dono.

    Para BRIGITTE (2000), o cavalo foi utilizado como meio de transporte de

    todas as classes sociais, conquista, riqueza, trabalho, esporte, lazer, na fabricao

    de soro e vacina e so utilizados atualmente, na reabilitao e educao de pessoas

    portadoras de deficincia fsica e/ou necessidades especiais.

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  • 30

    2.5.2. O Cavalo e seu Significado

    Para FONTANA (2003), os animais, em geral, por apresentarem

    caractersticas como aceitao incondicional do outro, temperatura, textura,

    respirao, batimento cardaco, percepo aguada, propiciam uma interao com

    o ser humano. Alm das reaes afetivas construdas na relao animal e homem,

    esse contato estimula o desenvolvimento sensrio-motor do indivduo.

    O cavalo apresenta uma rica simbologia, segundo CHEVALIER e

    CHEERBRANT (2001), o cavalo est ligado ao fogo, por ser destruidor e

    triunfador, como tambm gua por ser nutriente e asfixiante, o animal das

    trevas e dos poderes mgicos, a divindade das guas, pois acredita-se que o cavalo

    conhece o caminho subterrneo percorrido pelas guas e que possui o dom de com

    a pancada do seu casco brotarem fontes e tambm auxiliar das divindades da

    chuva, smbolo da majestade, foi utilizado nas montarias dos deuses, o

    smbolo da impetuosidade do desejo, da juventude do homem, com tudo o que ela

    contm de ardor, de fecundidade, de generosidade (p.209), e representa a face

    humanizada do smbolo.

    Segundo CHEVALIER e CHEERBRANT (2001, p. 203):

    Os psicanalistas fizeram do cavalo o smbolo do

    psiquismo inconsciente ou da psique no-humana [...],

    arqutipo prximo ao da Me, memria do mundo, ou

    ento ao do tempo, portanto est ligado aos grandes

    relgios naturais [...], ou ainda da impetuosidade do desejo.

    [...] Cavalo celeste representa o instinto controlado,

    dominado, sublimado; , segundo a nova tica, a mais

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  • 31

    nobre conquista do homem. [...] o cavalo no um animal

    como os outros. Ele montaria, veculo, nave, e seu

    destino, portanto, inseparvel do destino do homem.

    Entre os dois intervm uma dialtica particular, fonte de

    paz ou de conflito, que a do psquico e do mental.

    Segundo JUNG (1987), o cavalo um arqutipo amplamente presente na

    mitologia e no folclore. Representa a psique no humana e designa fora vital

    animal do homem. Enquanto animal de carga e est relacionado com o arqutipo

    da me (aquela que gera, nutre, procriadora passiva). Simboliza a magia, com a

    esfera irracional, principalmente os cavalos pretos (os cavalos da noite), que

    anunciam a morte.

    FREUD2 (1920, apud FADIMAN, 1980), associou o id a um cavalo j que

    a fora total, mas depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa fora.

    Para LARSEN (1991) o cavaleiro est relacionado com a psique

    consciente e o cavalo com o inconsciente e mesmo o corpo fsico. FRIDLUND

    (2002) acredita que o cavalo tem um valor histrico como animal de montaria e de

    carga. Seu significado parece est ligado atividade imaginativa.

    O cavalo tem como atributos fora e rapidez, e devido a sua velocidade foi

    associado aos ventos, ao fogo e luz. Este animal simboliza tambm a fora dos

    instintos como veculo tambm representa o corpo.

    _______________________

    2 FREUD, S. EdioStandart Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

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  • 32

    O cavaleiro simboliza o triunfo, autodomnio, domnio das foras naturais.

    Controlar seu cavalo representa controlar seu prprio eu.

    TTARO (1999) acredita que o cavalo atua como intermedirio entre o

    mundo imaginrio da criana e a realidade. E atravs do vnculo que se forma

    entre esta e o animal, so estimulados os aspectos referentes sua afetividade,

    sociabilizao e comunicao, favorecendo a interao da criana com seu mundo

    externo e no estabelecimento de limites.

    Segundo JACQUELIN (1999), o cavalo um ser vivo, de difcil

    manipulao e impe respeito. As trocas com este animal so imediatas e

    realizadas atravs do corpo, especialmente o tato e o gesto, local de articulao

    das emoes.

    A mesma autora acredita que o cavalo, atravs de uma linguagem infra-

    verbal, leva o indivduo regresso, pois seu calor, odor, docilidade do seu corpo

    e seus movimentos rtmicos remeter ao passado, nas primeiras relaes e

    contatos com sua me. E o terapeuta ter um papel estimulador, colocando-se

    escuta das respostas corporais e verbais de seu paciente.

    2.5.3. O Cavalo na Equoterapia

    Na equoterapia o cavalo utilizado como agente cinesioterpico,

    facilitador do processo de ensino-aprendizagem e na insero e reinsero social.

    um mediador entre os profissionais que compe a equipe e o praticante, e

    atravs dessa relao transferencial, este praticante estar mais motivado,

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  • 33

    colaborando de forma mais efetiva para sua reabilitao, promovendo benefcios

    fsicos, psicolgicos e sociais os quais so fundamentais para os resultados

    esperados (ANDE-BRASIL, 2000).

    O ato de andar a cavalo pode proporcionar uma redefinio das relaes

    sociais e familiares e uma melhor adequao do comportamento daquele que

    realiza a montaria, uma vez esta prtica propicia uma separao desse indivduo

    de sua famlia, possibilitando aos familiares que descubram capacidades no ainda

    percebidas, interrompendo assim o crculo vicioso patolgico. (TTARO, 2000).

    So as numerosas estimulaes e funes motoras e psicomotoras que o

    andar a cavalo solicita, mas tambm h o componente relacional que se estabelece

    entre as pessoas e o animal e que enriquece este tipo de terapia, tornando-o, um

    agente facilitador para uma interveno.

    Segundo KANN (1994, p. 23): nenhuma outra forma de terapia capaz

    de imitar com tanta perfeio os movimentos da bacia como o andamento ao

    passo do animal.

    Segundo ANVERSA & ASSIS3 (1996 apud PRADO, 2001), a terapia com

    o cavalo pode desenvolver um papel fundamental no processo de normalizao,

    pois, oferece momentos de participao ldica e desportiva, podendo contribuir

    com um uso mais harmonioso das potencialidades residuais e de uma estruturao

    mais definida da personalidade da criana.

    _______________________

    3 ANVERSA, C. M. C..; ASSIS, M. A.M. Erquoterapia, Atuao do Fisioterapeuta. Monografia da Universidade da Campanha. Centro de Cincia da Sade. Bag-RS,.1996.

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  • 34

    A utilizao do cavalo na equoterapia proporciona ao praticante uma srie

    de vantagens, tais como: o movimento tridimensional fornece imagens cerebrais

    seqenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar; o

    movimento rtmico-balanante estimula o metabolismo, a regulao do tnus e o

    funcionamento dos sistemas cardiovasculares e respiratrios melhoram; o

    movimento de mudana constante estimula o sistema vestibular e solicita uma

    adaptao constante do prprio equilbrio, fortalecendo a musculatura e a

    coordenao; a imponncia e altura do cavalo podem desenvolver a coragem,

    autoconfiana, concentrao, sentimentos de independncia, entre outros; a

    docilidade e o contato com o animal pode acarretar no desenvolvimento da

    tranqilidade, da capacidade social e da comunicao. Portanto, o cavalo na

    equoterapia um agente educativo, facilitador para a obteno de novas

    conquistas (CAPI, s/d).

    2.5.4. O Cavalo como Instrumento Cinesioteraputico

    Segundo WICKERT (1999), o cavalo apresenta trs andaduras naturais e

    instintivas: o passo, trote e galope. O trote e o galope so andaduras saltadas, ou

    seja, h um tempo de suspenso em que o cavalo no toca com seus membros no

    solo. Por isso, seu esforo maior, seus movimentos so mais rpidos e mais

    bruscos, exigindo do cavaleiro mais fora para segurar e maior condicionamento

    para acompanhar o movimento do cavalo. Estas andaduras so utilizadas apenas

    em praticantes com estgio mais avanado.

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  • 35

    O passo a andadura mais utilizada na primeira fase do trabalho, pois

    uma andadura rolada ou marchada, ou seja, sempre existem membros em contato

    com o solo, sempre se produz no mesmo ritmo e na mesma cadncia, e entre o

    elevar o pousar de um membro ouvem-se quatro batidas distintas e compassadas

    (4 tempos). tambm uma andadura simtrica e a mais lenta, o que produz

    reaes menores e mais duradouras sobre o praticante permitindo uma melhor

    observao e anlise por parte da equipe que acompanha o praticante. Alm disso,

    a principal caracterstica que o passo produz no cavalo e transmite ao cavaleiro

    uma srie de movimentos seqenciados e simultneos, os quais resultam em um

    movimento tridimensional, ou seja, no plano vertical, produz um movimento de

    cima para baixo, no plano horizontal, um movimento para a direita e para a

    esquerda, segundo o eixo transversal do cavalo e segundo seu eixo longitudinal,

    um movimento para frente e para trs. Este movimento completado com

    pequena toro da bacia do cavaleiro que provocada por inflexes laterais do

    dorso do animal.

    A mecnica do movimento natural do cavalo, faz com que ele se desloque

    seus quatro membros sempre na mesma seqncia, ou seja, inicia o seu

    deslocamento pelo anterior direito (AD), em seguida o membro posterior esquerdo

    (PE), depois o anterior esquerdo (AE), e logo aps o posterior direito (PD), assim,

    chega, novamente, ao anterior direito, iniciando um novo passo em seu

    deslocamento (Figura 1) (ANDE-BRASIL, 2000).

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  • 36

    Figura 1: Mecnica do movimento natural do cavalo.

    As fases da movimentao ocorrem em trs eixos: Eixo Y - Movimento

    ltero-lateral (Plano Horizontal Eixo Transversal), Eixo X - Movimento ntero-

    posterior (Plano Horizontal Eixo Longitudinal) e Eixo Z - Movimento

    Longitudinal (Plano Vertical).

    Figura 2: Efeito tridimensional do dorso do cavalo (Fonte:

    Associao Nacional de Equoterapia ANDE BRASIL).

    1 AD (Anterior direito)

    4 PE (Posterior esquerdo)

    PE 2 (Posterior esquerdo)

    AE 3 (Anterior esquerdo)

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  • 37

    2.5.4.1. Movimento no Plano Horizontal

    Eixo transversal (movimento ltero-lateral Figura 3):

    Nesta movimentao a anca do animal projetada para frente, promovendo

    uma flexo lateral da coluna do animal. O cavalo executa uma inflexo para o

    lado contrrio com seu pescoo, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas

    espduas (anteriores), solidria com a coluna. Isto provoca uma inflexo da

    coluna, tornando-a um arco em torno do posterior que est para frente e desloca o

    ventre do cavalo para o lado oposto. Assim, conforme as mudanas de passos,

    como por exemplo, o cavalo coloca o membro posterior direito (PD) frente,

    ocorrer um deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo (ANDE-

    BRASIL, 2000).

    Este movimento produzido pelas ondulaes horizontais da coluna vertebral

    do cavalo, que se estende desde a sua nuca at a extremidade da sua cauda. Estas

    ondulaes so produzidas e executadas de maneira simtrica em relao ao eixo

    longitudinal do animal. O grau de flexibilidade do cavalo tem influencia direta

    sobre sua andadura. Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior ser a

    amplitude de seus movimentos, e mais suave ser a sua andadura e quanto maior

    for a amplitude do movimento maior ser o passo do cavalo e em conseqncia,

    maior ser o deslocamento lateral do ventre (ANDE-BRASIL, 2000).

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  • 38

    Figura 3: Movimento Ltero-Lateral (Fonte: Equitao Racional, 1989).

    Eixo longitudinal (movimento ntero-posterior Figura 4):

    Iniciando o movimento pela distenso do posterior direito, o cavalo provoca

    desequilbrio, deslocando seu corpo para frente e para a esquerda. Para retomar

    seu equilbrio, o cavalo alonga seu pescoo, abaixa a cabea e avana o anterior

    esquerdo para escorar a massa que se desloca. E quando toca o solo com o

    anterior esquerdo, freia o movimento para frente, provocando um desequilbrio

    tambm para frente, no praticante. Neste momento o cavalo levanta a cabea e

    com este movimento detm o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o

    avanar do posterior direito. A anca do lado direito avana e abaixa colocando-se

    em baixo do cavaleiro, sustentando o seu peso e trazendo-o novamente para a trs,

    ajudando-o a retomar o equilbrio. Na seqncia, o posterior esquerdo distende-se

    e empurra o cavalo para frente e para a direita. O movimento se sucede quando o

    anterior direito toca o solo, nova freada, novo desequilbrio, e com o avanar do

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  • 39

    posterior direito, nova retomada do equilbrio e conseqentemente deslocamento

    para a trs (ANDE-BRASIL, 2000).

    Figura 4: Movimento ntero-Posterior (Fonte:Equitao Racional, 1989).

    2.5.4.2. Movimento no Plano Vertical

    Neste movimento percebe-se a ocorrncia da elevao e rebaixamento do

    corpo do cavalo. Com a movimentao do animal, quando este abaixa o pescoo,

    a coluna vertebral ser elevada, e quando o pescoo elevado coluna vertebral

    rebaixada. Dessa forma, a movimentao longitudinal dever ser acompanhada

    pelo praticante.

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  • 40

    Assim, enquanto um membro posterior est se estendendo para

    impulsionar o animal para frente, o outro est se deslocando para frente afim de

    sustent-lo. Quando os membros posteriores esto nesta posio, o vrtice do

    ngulo por eles formado, com a garupa do animal est em seu ponto mais baixo.

    Com a continuidade do movimento, o posterior que est a frente se estende e, com

    isso, eleva a garupa ao transp-la sobre o seu ponto de apoio, depositando-a

    novamente frente numa posio mais baixa. Este deslocamento se produz

    durante o movimento de cada um dos posteriores. Quanto mais para baixo do

    corpo o cavalo coloca o seu membro posterior, maior o abaixamento da garupa,

    aumentando e acentuando o movimento vertical (comparao a uma roda

    denteada) (ANDE-BRASIL, 2000).

    Figura 5: Movimentos Verticais da garupa (Fonte: Equitao Racional, 1989).

    2.5.5. Semelhana do Movimento Realizado pelo Ser Humano com

    a Marcha Executada pelo Cavalo

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  • 41

    O homem inicia seu movimento por meio de perdas e retomadas de

    equilbrio e d seqncia ao seu deslocamento pela fora muscular de seus

    membros inferiores.

    Quando o homem est parado, provoca uma perda de equilbrio para frente

    e seu corpo desloca-se impulsionado por uma perna, enquanto a outra avana,

    indo pousar frente para apoiar o corpo, evitando sua queda. Assim, o homem

    com suas pernas posicionadas uma a frente e outra atrs, encontra-se em posio

    semelhante ao movimento longitudinal do plano vertical. O corpo humano em

    cada passo do seu deslocamento produz um movimento para cima e para baixo.

    Devido a dissimetria de apoio do homem, uma perna impulsiona alm do

    movimento para frente, ocorrendo um movimento lateral, para o lado oposto ao

    desta impulso. Esta fase de oscilao da marcha humana se assemelha com o

    movimento ltero-lateral do cavalo, pois quando este coloca o p direito frente,

    ocorrer o deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo, permitindo que

    o homem retome seu equilbrio, e ocorrer o oposto quando a mudana for com o

    p esquerdo.

    Quando um p est frente e o outro atrs, a cintura plvica sofre uma

    toro no plano horizontal para o lado do p que est recuado.

    O movimento humano executado em seu deslocamento ao passo idntico

    ao produzido pelo cavalo ao passo. Este movimento gera impulsos que acionam o

    sistema nervoso para produzir as respostas que vo dar continuidade ao

    movimento e permitir o deslocamento. Atravs destas respostas o organismo ter

    maiores ou menores condies de movimentar-se em funo da capacidade dos

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  • 42

    msculos entrarem em atividade. Por isso, de fundamental importncia o

    trabalho conjunto com todos os profissionais que compe a equipe para analisar

    os resultados obtidos e programar a continuidade e intensidade dos exerccios a

    serem executados pelo praticante.

    Segundo QUELMALZ4 (1740 apud Prado, 2001), cada passo completo do

    cavalo apresenta padres semelhantes aos do caminhar humano, impondo

    deslocamentos da cintura plvica do homem da ordem de cinco centmetros nos

    planos vertical, horizontal e sagital e uma rotao de oito graus para um lado e

    para outro; ao deslocar-se, o cavalo exige do cavaleiro ajustes tnicos para adaptar

    seu equilbrio a cada movimento. Cada passo produz um a um e vinte e cinco

    movimentos por segundo. Portanto, em trinta minutos de trabalho, o cavaleiro

    executa um mil e oitocentos (1800) a dois mil duzentos e cinqenta (2250) ajustes

    tnicos; os deslocamentos da cintura plvica produzem vibraes nas regies

    steo-articulares que so transmitidas ao crebro, via medula, com freqncia de

    cento e oitenta (180) oscilaes por minuto, o que j apontado como sendo a

    mais adequada boa sade.

    2.6. PRINCPIOS E NORMAS FUNDAMENTAIS PARA A

    PRTICA DA EQUOTERAPIA

    Segundo a Associao Nacional de Equoterapia (ANDE BRASIL), toda

    _______________________

    4 QUELMALZ, S. T. A Sade Atreves da Equitao. Leipzig, 1970.

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  • 43

    a atividade equoterpica de se basear em conhecimentos tcnicos-cientficos e ser

    desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar, formada por vrios profissionais

    da sade, educao e equitao, no qual o atendimento s poder ser efetuado

    mediante o parecer favorvel em avaliao mdica, fisioterpica e psicolgica.

    A sesses de equoterapia podem ser realizadas em grupo, porm cada

    profissional deve realizar seu prprio planejamento e acompanhamento de acordo

    com sua rea especfica, realizando registros peridicos e sistemticos da

    evoluo e dos resultados alcanados em cada praticante. Devendo sempre haver

    tica profissional e preservao da imagem do praticante, alm da preocupao

    constante da sua segurana fsica, por isso necessrio ateno constante ao

    comportamento, as atitudes habituais do cavalo e das circunstncias externas que

    possam ocorrer, por isso necessrio escolher um local adequado para a prtica

    equoterpica, alm de observar a vestimenta apropriada do praticante.

    2.7. INDICAES, CONTRA-INDICAES E PRECAUES DA

    EQUOTERAPIA

    2.7.1. Indicaes

    Segundo a American Hippotherapy ASSOCIATION (AHA, 1999), as

    indicaes para equoterapia so:

    Alterao do tnus muscular;

    Assimetria postural;

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  • 44

    Comunicao inadequada;

    Controle postural insuficiente;

    Coordenao diminuda;

    Crianas e adultos com disfunes neuromusculoesqueltica de leves a

    severas ;

    Diminuio da ateno;

    Diminuio da mobilidade corporal;

    Distrbios do equilbrio;

    Funo scio-motora alterada;

    2.7.2. Contra - Indicaes

    Segundo a Associao Norte-Americana de Montaria para Deficientes Fsicos

    (NARHA, 1996), antes do praticante ingressar no programa deve contatar um

    mdico ou terapeuta, alm de realizar consultas eventuais no decorrer do

    tratamento. So consideradas contra-indicaes para a prtica equoterpica:

    Cirurgia de unio de vrtebras;

    Mal de Sheuermann;

    Instabilidade atlanto-axial;

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  • 45

    Escoliose em evoluo, acima de 30 graus;

    Lordose estrutural, quando a mobilidade da espinha lombar insuficiente

    para acomodar o balano do cavalo ou quando provoca dor;

    Sub-luxao e deslocamento da rtula femural, quando h dor ou falta de

    mobilidade;

    Osteoporose moderada ou severa;

    Fraturas patolgicas reincidentes;

    Artrose;

    Ossificao heterotpica, resultante da perda da mobilidade;

    Osteognese imperfecta;

    Defeitos cranianos, quando o capacete no oferece uma proteo completa;

    Ortose espinhal;

    Hidrocefalia, quando nenhum capacete adequado for encontrado, ou

    quando h pouco controle de cabea;

    Espinha bfida, quando h dificuldade de se manter em uma posio

    adequada e confortvel sem uma excessiva sifose ou lordose;

    Corda espinha estirada;

    Paralisia devido ao rompimento da corda espinhal abaixo da 6 vrtebra

    torcica produzindo um grau de instabilidade do tronco;

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  • 46

    Fadiga excessiva;

    Diabete no controlada;

    Hemofilia;

    Varizes, quando a extenso das feridas muito grande e atinge a pele, ou

    apresenta cogulos ou edema;

    Hipertenso no controlada;

    Condio cardiovascular aguda;

    Distrbio de ligao, aneurisma ou angioma no crebro que no tenha sido

    ainda cirurgicamente removido, ou cogulos mveis no crebro;

    2.7.3. Precaues

    Segundo a Associao Norte-Americana de Montaria para Deficientes Fsicos

    (NARHA, 1996), as precaues para a prtica equoterpica so:

    Sifose estrutural, quando o indivduo no consegue alcanar uma

    postura correta no cavalo;

    Lordose funcional resultante de uma tenso muscular, deve-se

    melhorar o alinhamento do quadril e das costas, ao invs da posio das pernas;

    Defeitos cranianos, atravs do uso de capacete que proteja e que

    no exera presso na rea afetada, alm da equipe estar cautelosa quanto possvel

    desordem convulsiva;

    Desiquilbrio atlanto axial;

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  • 47

    Diabetes;

    Doenas de vascularidade perifrica como arterioesclerose,

    arterioesclerose das extremidades, tromboangite e fenmeno de Raynauld

    (observar se a irritao de pele permanece aps quinze minutos de sesso, se h

    diminuio do tato, extremidade com muito suor e perda de cor);

    Escoliose funcional e estrutural, em casos em que no h

    mobilidade suficiente da coluna vertebral para que a pessoa possa andar a cavalo,

    abaixo de 30 graus;

    Subluxao da rtula deve-se conhecer tcnicas diretas de manuseio

    para normalizar a tenso muscular e corrigir o alinhamento da coxa e as plvis;

    Espinha bfida (escolha um cavalo calmo para que no movimente

    demais a coluna, ficar atendo a dores nas costas do praticante e observar manchas

    e irritaes na pele devido a possvel perda de tato);

    Hidrocefalia (desde que a vlvula enceflica funcione

    adequadamente, com controle mdico e do profissional do centro equoterpico e

    que o capacete no pressione, e que a pessoa tenha um controle de cabea e

    pescoo mesmo com o capacete);

    Vrtebras unidas, pois o movimento excessivo pode contribuir para

    a degenerao da coluna vertebral.

    Ossificao heterotpica (utilizar equipamentos adaptados

    estribos bem ajustados para o conforto do praticante);

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  • 48

    Baixa resistncia;

    Hipertenso controlada;

    Todo indivduo, antes de realizar qualquer atividade equoterpica, deve

    passar por uma avaliao mdica, fisioterpica e psicolgica e estes profissionais

    devem indicar se o praticante est apto ou no para a prtica da equoterapia.

    de fundamental importncia conhecer as limitaes, o estado e a atual

    fase de cada praticante para a indicao da atividade equoterpica. O tratamento

    deve proporcionar segurana e produtividade e no sofrer qualquer tipo de risco e

    prejuzo para sua sade e bem-estar. Por isso, toda a equipe responsvel deve

    discutir caso a caso, pois as patologias especficas no impedem para a realizao

    da prtica equoterpica.

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  • 49

    3. CONSIDERAES PSICOLGICAS DA PESSOA COM

    DEFICINCIA

    3.1. O ATENDIMENTO PSICOLGICO DE INDIVDUOS COM

    DEFICINCIA

    Para AMIRALIAN (1997), fator primordial do psiclogo entender o

    significado que o indivduo e as pessoas com quem se relaciona do a essa

    deficincia. Alm do mais, a condio da deficincia interfere no prprio sujeito

    em seu desenvolvimento, aprendizagem, na constituio de sua personalidade,

    como tambm no profissional que o atende, em sua percepo, no conhecimento,

    nas emoes, afetos e em suas fantasias inconscientes.

    FEDID (1984) acredita que a percepo da deficincia leva vivncia

    dos prprios limites e das prprias deficincias. E desperta insuportveis angstias

    de castrao, destruio e desmoronamento, alm de remetermos ao que passou,

    podendo acontecer com qualquer um.

    Por isso, o psiclogo tem que ter um olhar crtico para seu interior, saber o

    que pessoalmente significa sua deficincia, seus medos, angstia do fracasso, suas

    capacidades, incapacidades, limitaes, apreender suas negaes, para que possa

    identificar e compreender o deficiente, compartilhando e propiciando um

    ambiente acolhedor que facilite a aceitao de sua condio, a elaborao e a

    experimentao de suas dificuldades, auxiliando tambm no encontro do caminho

    para a soluo dos seus problemas, a fim de possibilitar desenvolvimento de seu

    verdadeiro self. Contudo, precisa conhecer as implicaes dessa deficincia que

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  • 50

    afeta no desenvolvimento e ajustamento do indivduo desde a sua concepo, e

    tambm, a perda orgnica para a dinmica da personalidade e ajustamento pessoal

    e social (condio afetivo-emocional e limitaes funcionais) daqueles que

    adquiriam uma deficincia. (AMIRALIAN, 1997).

    A mesma autora acredita que na ausncia destes conhecimentos pode

    ocorrer um risco de considerar certas dificuldades, apresentadas por pessoas com

    deficincia, sejam decorrentes da deficincia em si e na realidade so decorrentes

    de condies ambientais insatisfatrias ou perturbaes em suas interaes

    precoces, considerando suas dificuldades pessoais como situaes de sua prpria

    deficincia, ou considerar que em virtude de seu problema orgnico o individuo

    no seja capaz de ser mais independente ou produtivo. Assim, o psiclogo deve

    saber discriminar se as dificuldades apresentadas pelo indivduo so decorrentes

    de sua deficincia ou so devidos a outros fatores que dificultam a sua atuao, a

    busca de sua independncia e de seu prprio eu.

    Segundo VASH (1988) o psiclogo ao avaliar uma pessoa com deficincia

    deve adquirir informao adequadas para, se necessrio, tomar decises mais

    crticas. Alm disso, os pacientes devem ter conhecimento de todos os dados

    levantados na avaliao a respeito deles mesmos, e assim, poder questionar sobre

    os aspectos no claros e conflitantes.

    A autora cita a entrevista como tcnica de avaliao importante para o

    conhecimento das pessoas com deficincias, j que muitos testes e inventrios

    padronizados possuem fidedignidade e validades relativas quando aplicados

    nessas pessoas. Assim, de fundamental importncia postura do psiclogo na

    avaliao desses, principalmente ter um bom vnculo com o entrevistado e

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  • 51

    sensibilidade aos aspectos particulares relacionados deficincia. Em relao aos

    testes psicolgicos, muitas pessoas com deficincia so testadas com instrumentos

    padronizados para indivduos da populao em geral, nas quais elas no so

    representadas de maneira adequada.

    3.2 . A CRIANA COM DEFICINCIA

    Quando uma criana nasce com algum tipo de deficincia ou apresenta

    alguma complicao na infncia, passa por inmeros profissionais da sade sendo

    submetidas a exames, atendimentos e intervenes vistos como invasivos e

    traumticos, quando seu aparato intra-psquico ainda se encontra em formao,

    com poucas condies de elaborao de suas vivncias.

    AJURIAGUERRA (s. d.) acredita que o problema da criana enferma est

    relacionado a variantes psicolgicos ligados evoluo da doena, s condies

    particulares de sua educao e s dificuldades profissionais que poder encontrar

    no futuro. Todavia, algumas consideraes so necessrias pelas suas

    conseqncias no trabalho de atendimento a esta populao.

    Segundo VASH (1988) a pessoa portadora de deficincia experimenta uma

    sensao de perda das habilidades funcionais, quando esta adquirida. KOVCS

    (1997) acrescenta que na deficincia adquirida esto associadas s vivncias de

    morte em vida, mudanas corporais, desfiguramento, alteraes na

    potencionalidade de realizao do sujeito na vida pessoal e profissional podendo

    implicar situaes semelhantes ao processo de perda por morte, citadas por

    KUBLER-ROSS (1969) como choque, negao, raiva, barganha, depresso

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  • 52

    (compreenso da dimenso da perda) e aceitao (possibilidade de convivncia

    com a deficincia).

    Segundo HOLLAND5 (1990 apud KOVCS, 1997) o grau de sofrimento

    infligido pela doena/deficincia est relacionado com o estgio de

    desenvolvimento do sujeito e sua tarefa frente sociedade, relaes alteradas,

    grau de dependncia, perturbaes no desempenho, imagem corporal, integridade

    fsica e questes existenciais.

    Para AMIRALIAN (2000), a deficincia torna-se um elemento

    constitutivo dos aspectos estruturais do indivduo como um todo, refletindo na sua

    organizao egica, no estabelecimento de relaes com objetos e nos

    mecanismos de defesa adotados, o que relevante na deficincia infantil, pois a

    percepo de sua condio ocorre ao mesmo tempo do desenvolvimento

    psicolgico, afetivo e cognitivo. Por isso, torna-se importante conhecer o tipo de

    deficincia, a intensidade, extenso, poca de incidncia, e, principalmente as

    oportunidades de desenvolvimento e ajustamento que foram oferecidas ou

    negadas aos indivduos com deficincia. A deficincia afeta o desenvolvimento, a

    aprendizagem, as relaes familiares e a organizao dinmica da personalidade.

    Para KASSAR (2000) grande o estigma referente s pessoas portadoras

    de deficincia, independente das potencialidades individuais, pois h idia de

    incapacidade e invalidez, comprometendo a possibilidade de realizao

    profissional, afetiva, educacional e poltica.

    _______________________

    5 HOLLAND, J. C.; HOWLAND, J. (Ed.) Handbook of Psychooncology.Nova York, Oxford University Press, 1990.

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  • 53

    Segundo AJURIAGUERRA (s.d.), o desenvolvimento afetivo de crianas

    portadoras de paralisia cerebral est alterado devido as dificuldades pessoais em

    adquirir conhecimentos, dificuldades para se relacionar, necessidades afetivas de

    sentir a confiana da famlia e do meio, ser considerado pelas pessoas, receber e

    dar afeto, sentir-se segura em um ambiente estvel.

    Quando a criana vtima de preconceito h alterao na relao consigo

    mesma, com os outros, na escola, criando expectativas quanto s capacidades ou

    exigindo desempenho fora de suas potencialidades, ficando limitada e assim, no

    pode conhecer e explorar o mundo.

    3.3. A FAMLIA E O FILHO COM DEFICINCIA

    Os pais quando decidem formar uma famlia trazem expectativas, projetos,

    fantasias (conscientes e inconscientes) e imagens quanto ao filho que ir nascer. O

    nascimento um acontecimento muito especial e traz esperana e prazer

    (SINASSON, 1993).

    Segundo MANNONI (1999), o nascimento de um filho significa para a

    me a recompensa ou a repetio de sua prpria infncia, ocupando um lugar do

    que ficou vazio no seu prprio passado, uma imagem fantasmtica que vai alm

    do seu filho real. E este filho tem por misso restabelecer, reparar o que na vida

    da me ficou deficiente, sentido como falta ou prolongamento daquilo que teve de

    renunciar. E quando nasce um filho doente produz um choque reforando os

    traumas, insatisfaes anteriores e impedindo, no plano simblico, a resoluo do

    seu prprio problema de castrao.

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  • 54

    AMARAL (1995) acredita que o impacto da deficincia na famlia

    despertam sentimentos que oscilam entre polaridades muito fortes: amor e dio,

    alegria e sofrimento, alm de reaes como aceitao e rejeio, euforia e

    depresso. uma situao crtica que despertam sentimentos, fantasioso ou real,

    como angstia, medo, culpa e vergonha, apresentando um estado psquico de

    perda e morte do filho desejado e idealizado. E para receber o filho real torna-se

    necessrio viver o processo de luto.

    A mesma autora explicita a discusso de muitos autores a respeito do

    ciclo de adaptao dos pais aps constatarem a deficincia (p. 78):

    choque e/ou despersonalizao (pensamento irracional, confuso de

    identidade, desejo de fugir...);

    expresso contraditria de sentimentos (dor, raiva, pena, frustrao,

    tristeza ...);

    negao da realidade (minimizao, busca de cura...);

    raiva (dio de si mesmos, do cnjuge, da criana, dos mdicos);

    tristeza (choro, inapetncia, depresso ...);

    reequilbrio (crescente confiana na prpria capacidade de cuidar da

    criana, estabelecimento de vnculo, desenvolvimento da maternagem ...);

    reorganizao psquica (assumir a problemtica, livrando-se da

    culpabilizaao ...).

    Para VASH (1988), o nascimento de uma criana deficiente atinge todos

    os membros onde todos experienciam a perda, gerando desapontamento,

    frustrao e raiva, medida que desaparecem a liberdade e o tempo para o

    lazer.Todos vivenciam o choque e o medo em relao ao evento ou ao

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  • 55

    reconhecimento da deficincia, assim como a dor e a ansiedade. Ao imaginarem

    as implicaes futuras podem alterar os estilos de vida.

    LUCA (s.d.), acredita que os sentimentos despertados pela famlia com

    filho deficiente como negao, superproteo, busca de um milagre, medo da

    discriminao social, levam a formao de uma dinmica familiar marcada pela

    necessidade de que este filho seja dependente, afastamento do convvio familiar

    buscando internao definitiva como justificativa de que este provoca

    desentendimentos, supervalorizao de qualquer problema apresentado pelo filho

    deficiente, alta expectativa de desempenho em atividades e, em contrapartida

    sentimentos de incapacidade de produo, dificuldade dos pais e irmos em

    colocar limites e repreend-lo por medos de suas reaes ou por piedade.

    Os pais devem ter um espao emocional necessrio para entender seu beb

    e seu desenvolvimento, porm, primeiramente tm de entender o impacto da

    deficincia neles mesmos (SINASON, 1993). E tambm compreender que estes

    sentimentos existem e precisam ser gerenciados, falados e aceitos, alm de saber

    diferenciar os problemas diretamente conseqentes ou decorrentes da deficincia

    em si daqueles problemas normais que qualquer criana pode apresentar, j que

    a famlia possui um papel decisivo na integrao ou no da criana com

    deficincia no mbito social (GLAT, 1996).

    Segundo AMARILIAN (1986) a atitude familiar de fundamental

    importncia na formao do autoconceito na criana, pois nos primeiros anos de

    vida todas as experincias da criana, como por exemplo, seus movimentos,

    observao de suas mos e ps, tentativas de agarrar objetos e engatinhar

    contribuem para o conhecimento de si mesma e de suas possibilidades. Por isso,

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  • 56

    os pais com filhos deficientes devem estimul-los e incentiv-los a deixar explorar

    o mundo.

    Apesar das crticas que a famlia sofre, continua a servir de referncia e

    modelo desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento da criana.

    Por isso, de grande importncia conhecer a dinmica familiar, o lugar que a

    criana ocupa na famlia e conhecer quais so as motivaes e implicaes de

    optarem ter um filho (provar fertilidade, afirmar maturidade, unio do casal, sair

    de uma depresso, substituir um filho perdido) e saber as disposies pr-

    conscientes e inconscientes envolvidas na situao de serem pais (MARCELLI,

    1998).

    Segundo REGEN (s.d.), ao trabalharmos com famlias importante

    valoriz-las, pois so responsveis pela formao da identidade social bsica da

    criana e pela formao da cidadania. Para isso, preciso ter em mente que cada

    famlia constitui de um universo e um sistema de relaes prprio e assim,

    respeitar a diversidade humana, evitando os paradigmas entre famlia regular-

    correta e famlia irregular-desorganizada para no produzirmos atitudes

    inadequadas em relaes s famlias de crianas com deficincia.

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  • 57

    4. MATERIAL E MTODO

    4.1. SUJEITOS

    Participaram deste estudo 10 (dez) psiclogos que trabalham em Centros

    de Equoterapia nas cidades de So Paulo, So Bernardo do Campo e Itajub

    (MG).

    4.2. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

    Os dados foram coletados atravs da aplicao de um questionrio com

    questes abertas e fechadas (Anexo C), visando o conhecimento da forma como

    cada psiclogo atua no respectivo centro de equoterapia.

    4.3. PROCEDIMENTO

    Fase 1 Foi realizado um contato inicial com algumas instituies das

    cidades de So Paulo, So Bernardo do Campo e Itajub (MG) com a explicao

    do trabalho a ser efetuado, alm da informao sobre a questo do sigilo absoluto

    quanto s questes respondidas, assim como o nome do entrevistado e a

    identificao do local onde o mesmo atua.

    Fase 2 Aps os psiclogos contatados concordarem em participar da

    pesquisa, foram enviados, por e-mail, o questionrio, marcando uma data para a

    devoluo do mesmo.

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  • 58

    Fase 3 A aluna foi at o local onde cada psiclogo atuava, recolhendo o

    questionrio e esclarecendo possveis dvidas. Entregou a Carta de Informao e

    Livre Consentimento (Anexo B), pedindo para assinarem duas cpias (uma para

    aluna e a outra para o prprio sujeito da pesquisa).

    Fase 4 Os dados foram analisados de acordo com os seguintes critrios

    estipulados:

    a) Levantamentos dos itens respondidos;

    b) Comparao das respostas;

    c) Utilizao de grficos para melhor visualizao;

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  • 59

    5. RESULTADOS

    Participaram da pesquisa 10 (dez) psiclogos das cidades de So Paulo,

    So Bernardo do Campo e Itajub (MG), sendo 8 (oito) mulheres e 2 (dois)

    homens. A maioria destes est formado h mais de sete anos (70%), atuando na

    equoterapia h mais de trs anos (80%) e apenas 2 (dois) psiclogos trabalham

    com equoterapia h menos de um ano, como mostram os grficos 1 e 2:

    21

    129 8 7 7 7

    3 2 10246810

    1214161820

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

    N de PsiclogosTem

    po d

    e fo

    rmad

    o (a

    nos)

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

    Grfico 1: Tempo de Formao em Psicologia

    8 75 5 5 4 3 2 1 1

    02468

    10

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10N de Psiclogos

    Ano

    s

    1 2 3 4 5 6 7 8 9

    Grfico 2: Tempo de Atuao na Equipe

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  • 60

    Todos os psiclogos entrevistados realizaram, no mnimo, um curso de

    Equoterapia pela ANDE-BRASIL e trabalham diretamente com criana, famlia e

    equipe, dando suporte aos demais profissionais, sendo que a maioria (7) trabalha

    na avaliao dos praticantes.

    Setenta por cento dos psiclogos tem trabalho remunerado, os trinta por

    cento restantes so voluntrios. Em mdia, atendem vinte (20) praticantes por

    semana e trabalham na equipe como terapeutas, alm dessa funo, trs

    psiclogos atuam na coordenao do centro.

    Em relao equipe, todos os centros de equoterapia apresentam

    psiclogos e instrutores de equitao. Alm destes profissionais, alguns centros

    apresentam fisioterapeuta, pedagogo, psicopedagoga, fonoaudilogo, educador

    fsico, veterinrio, mdico e voluntrios das mais diversas reas (Grfico 3).

    10 10 97 6 6 5

    2 2 2 102468

    1012

    Equipe de EquoterapiaN d

    e Pr

    ofis

    sion

    ais

    PsiclogosInstrutor de EquitaoFisioterapeutasVoluntriosFonoaudilogoEducador FsicoPedagogoPsicopedagogoInstrutor de VolteioVeterinrioMdico

    Grfico 3: Profissionais que compe a equipe

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  • 61

    Quanto s atividades realizadas, percebemos que os psiclogos exercem uma

    grande diversidade de tarefas, como mostra o grfico abaixo:

    5 5 5 3 3 2 2 2 1

    AtividadesN

    de

    Psic

    log

    os

    Orientao e/ou assistncia famlia

    Orientao e suporte para a equipe

    Avaliao do praticante

    Levantamento das necessidades e potencialidades

    Contato e aproximao do praticante com o cavalo

    Planejamento da Sesso

    Desenv. da capacidade de enfrentar novas situaes

    Desenv. Da capacidade de tolerar frustraes

    Outros (Obs. do cpto, dos sentimentos, estimulao das funescognitivas, sociabilizao, auto-estima, independncia e autonomia e auto-conhecimento)

    Grfico 4: Atividades do Psiclogo na Equoterapia

    Em relao a principal atuao do psiclogo na equoterapia, nota-se que

    suas opinies so diferentes (grfico 5).

    Os benefcios psicolgicos proporcionados pela equoterapia so inmeros

    como mostra o grfico 6.

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  • 62

    3

    2

    1

    11

    1

    1

    Aproximao do praticante ao cavaloTer papel definido dentro da equipeDetectar reais necessidades e sentimentosManter bom relacionamento na equipeSer bom observador para analisar as situaes vivenciais do praticante e da equipePossibilitar o desenvolvimento das potencialidades e sociabilizaoTer noes de equitao e gostar do que faz

    Grfico 5: Principal Tarefa do Psiclogo na Equoterapia

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  • 63

    7 76

    5 54 4 4 4 4

    3 32 2 2 2

    1

    012345678

    Benefcios

    N d

    e ps

    icl

    ogos

    Sociabilizao

    Conscicia corporal

    Autoconfiana

    Responsalidade

    Desenvolvimento das funes cognitivas

    Autonomia

    Independncia

    Cooperatividade

    Noo de limite

    Desenvolvimento afetivo

    Orientao espacial

    Tolerar frustraes

    Conscientizao de sua potencialidades

    Equilbrio emocional

    Respeito

    Desenvolvimento do processo de individuao

    Outros (Orientao temporal, vivncia de sentimentos de liberdade,desenvolvimento da capacidade de perserverana e proporciona relaxamento)

    Grfico 6: Benefcios Psicolgicos na Equoterapia

    A diversidade de respostas pode ser observada na questo referente

    avaliao psicolgica. No entanto, todos os psiclogos participantes da pesquisa

    utilizam a anamnese com os pais e/ou famlia a fim de conhecer melhor seus

    praticantes. Abaixo, esto numerados os principais procedimentos utilizados por

    cada psiclogo na avaliao do praticante:

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    (Observao: Um psiclogo no respondeu esse item por no participar

    diretamente desta atividade e a resposta de outro no foi considerada, uma vez

    que no participa diretamente da avaliao).

    1 A) Anamnese com os pais (dinmica familiar) B) Avaliao com o praticante das funes cognitivas (aplicao de teste) C) Avaliao da dinmica emocional da criana

    No picadeiro:

    A) Avaliao do nvel de segurana para contatar o animal e para montar B) Avaliao do nvel de satisfao, compreenso e capacidade de ao C) Avaliao do comportamento afetivo com a equipe e com o animal

    2 A) Anamnese com os pais (dinmica familiar) B) Entrevista com os praticantes C) Observao no decorrer dos atendimentos

    3 A) Anamnese com os pais B) Observao Ldica e/ou entrevista com o praticante C) Avaliao e/ou reavaliao do praticante no picadeiro

    4 A) Anamnese com os pais B) Observao do praticante (aspecto neuropsicomotor e cognitivo) C) Se necessrio, avaliao qualitativa e quantitativa do praticante

    atravs da aplicao de teste

    5 A) Anamnese com os pais ou com a famlia B) Observao do praticante no picadeiro

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    6 A) Anamnese com a famlia B) Anamnese do praticante C) Observao do praticante no picadeiro D) Quando h encaminhamento, pede-se o relatrio da instituio

    7 A) Anamnese com os pais B) Observao e encaminhamento do praticante em sala e no picadeiro

    8 A) Solicitao de diagnstico clnico realizado por outro profissional

    B) Anamnese com os pais

    C) Observao do praticante nas primeiras sesses

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    6. DISCUSSO

    Segundo a ANDE-BRASIL (2000), a equipe de equoterapia deve ser

    formada, no mnimo, por psiclogo, fisioterapeuta e instrutor de equitao. Na

    pesquisa realizada, todos os centro possuam psiclogos e instrutores de

    equitao, e, noventa por cento (90%) constitua tambm de fisioterapeutas.

    Na pesquisa, setenta por cento dos psiclogos trabalham remuneradamente

    e trinta por cento (30%) so voluntrios. Esse item mostra que a definio do

    papel torna-se ainda mais difcil quando o psiclogo da equipe um voluntrio,

    pois o compromisso com o trabalho prejudicado em virtude da no

    obrigatoriedade desse, o que facilita para o no envolvimento e a desmotivao da

    sua prtica na equipe.

    Mediante os resultados da pesquisa, observa-se que o psiclogo apresenta

    uma variedade de funes dentro da equipe equoterpica: orientao e/ou

    assistncia famlia, orientao e suporte para a equipe, avaliao do praticante,

    levantamento das necessidades e potencialidades, contato e aproximao do

    praticante com o cavalo, planejamento da sesso, estimulao do desenvolvimento

    da capacidade de enfrentar novas situaes e de tolerar frustraes. Acrescenta-se

    ainda, observao do comportamento e dos sentimentos, estimulao das funes

    cognitivas, sociabilizao, auto-estima, independncia, autonomia e

    autoconhecimento.

    Dentre todas as tarefas do psiclogo na equoterapia, o atendimento aos

    pais, por meios de orientaes e, se necessrio, encaminhamento psicoterpico,

    de grande importncia para o progresso do praticante neste tratamento, pois os

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    pais so responsveis em dar prosseguimento a tudo o que foi estimulado e

    aprendido. Alm disso, os pais de um portador de deficincia e/ou de necessidades

    especiais, possui grandes expectativas, perspectivas diante do tratamento, apesar

    de sentimentos de culpa, insegurana, medo, ansiedade, incerteza, vergonha,

    angstia, etc. Por isso, a conscientizao desta participao ativa do grupo

    familiar, no s beneficiar, como tambm acelerar os benefcios aos praticantes.

    Soma-se ao papel do psiclogo a importncia de orientar e dar suporte para

    toda a equipe, j que segundo ROCHA (1999, p. 14-15), os profissionais que

    trabalham na rea da sade tm:

    ... necessidade de sentir-se sadios pelo medo

    inconsciente, pela no aceitao, ou pela negao da

    deficincia, mesmo que seja de forma sutil e no intencional,

    ao fornecer informaes inexatas sobre o potencial real, ou

    efetuar manifestaes muito otimistas sobre as reais

    capacidades do deficiente. Este tipo de atitude s ilude os

    pais e familiares, no mostrando para eles o esforo que ser

    necessrio empreender tanto por eles mesmos, como pelo

    prprio deficiente, no que se refere reabilitao.

    Segundo KOVCS (1985) e REGEN (1994) o profissional deve ter bom

    preparo tcnico e psicolgico para lidar com este tipo de paciente e com seus

    familiares, sabendo transmitir informaes sobre o desenvolvimento de seu filho,

    mantendo uma postura profissional com perspectivas humanistas. Portanto, a

    figura do psiclogo indispensvel para auxiliar e acolher a equipe com a qual

    trabalha.

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    Vale ressaltar que os benefcios psicolgicos proporcionados p