Psicologia Jurídica - Bases para uma Psicologia do Testemunho
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CÂMPUS DE AUGUSTINÓPOLIS
CURSO: DIREITO
QUESTIONÁRIO
BASES PARA UMA PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO
KLEITON EDUARDO COSTA BARBOSA
AUGUSTINÓPOLIS – TO
JUNHO/2015
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KLEITON EDUARDO COSTA BARBOSA
QUESTIONÁRIO BASES PARA UMA PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO
Trabalho do curso de Direito da
Disciplina de Psicologia Jurídica
da Fundação Universidade do
Tocantins – UNITINS, sob
orientação do Professor Kairo
D. G. Batista, como requisito de
avaliação.
AUGUSTINÓPOLIS – TO
JUNHO/2015
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Trabalho para ser entregue sábado 27/06 (impreterivelmente)
Pode ser digitado.
Baseado na apostila “bases para a uma psicologia do testemunho”
Vale 20 pontos.
“De fato, quem se apresenta para depor carrega uma estrutura, uma história, a sua
história, o que torna cada testemunho único, impossível de ser repetido, e irredutível
a qualquer outra categoria” (Alvarez y Sarmiento, 1997)
“Dessa forma, pretendemos dizer que os fatos acontecidos não existem mais, senão
sob a forma de memórias. Forma consumidos no plano da existência e somente
podem ser evocados pela memória que os fixou e conservou, isto é, por aquilo que
ficou gravado na psique de um determinado sujeito que o presenciou no momento em
que ele se deu” (Jorge Trindade, 2012).
QUESTÕES
1. Qual a diferença entre percepção e apercepção? (1,6 pontos)
Percepção é uma condição neutra, sem desejo, sem memória e sem
compreensão;
Apercepção é a percepção carregadas das vivências e das valorações
individuas, assim como da herança do passado, também compreendia
como procepção, e, no referencial teórico da filosofia da mente, como
qualia.
2. A realidade percebida decorre de fatos gerados externamente,
enquanto a realidade imaginada advém de fatos gerados
internamente. Explique a diferença entre fatos gerados
externamente e fatos gerados internamente. (1,6 pontos)
Os fatos gerados externamente são caracteristicamente relacionados a:
Maior informação contextual (espaço-tempo);
Mais detalhes sensoriais (ruídos, gestos, gosto ou paladar, visão, etc.).
Os fatos gerados internamente referem-se predominantemente a:
Mais informações idiossincráticas dos sujeitos (penso que, tenho a
impressão que, para meu espanto, acho que...);
Relatos que costumam ser mais longos, com maior número de palavras,
nomeadamente adjetivos (expressões subjetivas presas a fantasias
sobre o acontecimento).
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3. No estudo sobre a Gestalt, as figuras apresentadas no texto da apostila
demonstram como a questão da percepção é importante na hora de
testemunhar. Cite o porquê. (1,6 pontos)
Baseasse na premissa de que a percepção é determinada pelo caráter do
campo como um todo. O postulado básico é diferente da soma das partes,
partindo do fenômeno “phi” de Wertheimer para enfatizar o caráter
independente do movimento aparente (estroboscópico) como um fenômeno
“per se”.
4. Defina Sensopercepção, atenção, orientação, consciência, pensamento,
linguagem, inteligência, afeto, conduta e memória. (1,6 pontos)
1. Sensopercepção - É a operarão do ego ordenada ao conhecimento do
mundo sensível. É o fenômeno psíquico pelo qual a sensação se faz
consciente, congregando dois aspectos. De um lado, estão as cinco
funções sensórias: audição, visão, tato, olfato e gustação; do outro lado
está a percepção propriamente dita, que não consiste em simples reações
somáticas, mas depende de um processo de amadurecimento complexo,
com componentes psicológicos e sociais.
2. Atenção - é a função que permite selecionar os estímulos, isto é, o
organismo examina os estímulos do mundo externo e extrai aqueles que
lhe interessam.
3. Orientação – é graças a função de orientação que é possível saber onde
se está (orientação espacial) e em que tempo se vive (orientação temporal).
4. Consciência – a consciência é a função mais integral do indivíduo. Pode-
se também dizer que a consciência é a capacidade do indivíduo de
reconhecer as realidades externas e internas.
5. Pensamento – são associações de ideias que se ligam por determinadas
leis. Correspondem ao conjunto de funções capazes de associar
conhecimentos novos e antigos, integrar estímulos, criar, analisar, abstrair.
6. Linguagem – a linguagem é o conjunto de sinais convencionais, que
podem ser orais, escritos ou numéricos, pelos quais exprimimos nossas
necessidades, emoções, desejos e pensamentos, designamos e damos
nomes as coisas. Em outras palavras, é a maneira como a pessoa se
comunica e se relacionam com os demais.
7. Inteligência – a inteligência é uma função integradora do ego que expressa
capacidade para enfrentar situações novas e se adaptar a elas. É a aptidão
de se resolver problemas.
8. Afeto – Entende-se por afetividade o conjunto de fenômenos que se
manifestam sob a forma de emoções, sentimentos, paixões,
acompanhados da tonalidade dor ou prazer, satisfação ou insatisfação,
agrado ou desagrado, alegria ou tristeza.
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9. Conduta – a conduta é uma função adaptativa fundamental do ser humano.
10. Memória – É uma estrutura do cérebro formada por aproximadamente
100 bilhões de células nervosas denominadas neurônios. Para
psicanálise o método introspectivo, cuja a pretensão está em fazer
emergir as lembranças do inconsciente, a nova biologia da mente deixou-
se conduzir pelos princípios.
5. Para obter a resposta que melhor atenda a finalidade almejada, é
necessário saber questionar. Isso significa avaliar corretamente o quê, o
como, o quando e o porquê perguntar. Este procedimento pressupõe qual
conhecimento prévio? (1,6 pontos)
Pressupõe o conhecimento técnico do processo, mas também o provável
funcionamento psicológico da testemunha, devendo o inquiridor,
primeiramente, ser capaz de imaginar e antecipar os tipos de respostas que
sua pergunta possibilita. Conhecimento processual, jurídico e metajurídico,
habilidade, experiência, exata noção da finalidade (aonde chegar), fazem parte
de uma sabedoria que constitui a arte de perguntar. Portanto, o objetivo das
perguntas nem sempre é explicito, e a finalidade das indagações à testemunha
é mostrar o dito e o interdito da declaração a fim de convencer o julgador.
6. Do ponto de vista psicojurídico uma pergunta nunca é somente uma
pergunta. Explique: (1,6 pontos)
Saber questionar não é tarefa fácil. Uma pergunta, por mais simples que possa
parecer, é sempre um ato complexo, na medida em que pressupõe a própria
dúvida, elemento intrínseco de incerteza, imprevisibilidade e surpresa.
Recorrendo a algumas expressões que, a par do lugar comum em que se
colocam, exprimem o conhecimento popular acerca dessa tarefa: “quem
pergunta o que não deve, ouve o que não quer”; “pergunta equivocada,
resposta mal dada”.
7. Perguntar pressupõe conhecer, explique: (1,6 pontos)
Toda pergunta está baseada em algum conhecimento, em presunções, ou
pressupostos. Se a presunção fracassa, a resposta se torna imprevisível e
geralmente inadequada ao fim proposto. O pressuposto, por sua vez, está
alicerçado em uma premissa não demostrada, mas que possui uma força lógica
capaz de conduzir, com alguma segurança, a direção implícita ou
explicitamente estimada. Ou seja, só é possível perguntar sobre aquilo que de
algum modo se conhece.
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8. Quais são os tipos de pergunta na condução do interrogatório das
testemunhas? (1,6 pontos)
1. Expositivo: “Diga-nos o que sabe ou presenciou”
2. Exploratório: “O que esteve na origem disso?”
3. Confirmativo: “O que pode justificar a aparente contradição com o
documento?”
4. Informativo: “Apesar do que consta no documento, o que acontece?”
5. Sugestivo: “Sendo o autor empresário, quem comanda a empresa?”
6. Insinuador: “Pelas suas palavras sou levado a concluir que (...) é isso?”
7. Interpretativo: “Conseguirá explicar porque teria acontecido assim?”
8. Concludente: “Responda sim ou não”
9. Repetitivo: “Vamos ver novamente, respeitando a ordem dos fatos”
10. Argumentativo: “Eu discordo e vou lhe dizer porquê (...)”
11. Confrontador: “Isso não pode ser verdade perante (...)”
12. Desacreditador: “Já admitiu que é empregado de uma das partes”
9. Porque perguntas mal formuladas, perguntas revestidas de adjetivos e
advérbios de modo não são aconselháveis? (1,6 pontos)
Perguntas mal formuladas conduzem a respostas, que mais servem para
confundir do que para esclarecer a verdade necessária ao ato de fazer justiça.
Perguntas revestidas de adjetivos em excesso (rápido e devagar) são menos
seguras do que perguntas objetivas (qual a velocidade? Quantos metros?). Por
fim, perguntas revestidas de advérbios de modo (eventualmente,
frequentemente, raramente, ocasionalmente) são pouco precisos, pois vem
impregnados de um sentido comum ou vulgar que nem sempre coincide com o
fazer técnico-forense.
10. Defina as sete classes de pergunta segundo Mira y Lopez (2000). (1,6
pontos)
Orientando-se por uma perspectiva psicológica e gramatical, Mira y Lopez
distingue sete tipos de perguntas, a saber:
1. Afirmativas por presunção;
2. Disjuntivas parciais;
3. Negativas condicionais (não?);
4. Afirmativas condicionais (sim?);
5. Diferenciais (sim ou não?);
6. Disjuntivas completas;
7. Determinantes (perguntas com pronomes interrogativos).
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11. Descreva os tipos mais curiosos de testemunha. (1,6 pontos)
1. Testemunha intendente: Costuma ser o cidadão zeloso de seus deveres.
Cumpre a sua função “a letra do juramento legal”, com absoluta inflexibilidade.
2. Testemunha especial motivada: Excessivamente identificada com um
aspecto da causa. Depor para ela, é um acontecimento e ela acredita que seu
depoimento, por si só, irá mudar o rumo do processo.
3. Testemunha ansiosa: São aquelas em que o fato de depor desencadeia fortes
sentimentos de angustia e expectativa ansiosa. Algumas vezes a ansiedade
decorre do desconhecimento da dinâmica processual, e estas testemunhas se
sentem amedrontadas e temerosas em relação à responsabilidade de depor.
4. Testemunha desfavorável: Geralmente tem um posicionamento a priori do
processo, ou, às vezes, curiosamente, um preconceito manifesto contra a
classe dos advogados, que pode estar associado a experiências desfavoráveis
em outras situações judiciais.
5. Testemunha hostil: Comparece a audiência de modo contrariado e assim,
como a do tipo opositora, não deixa colaborar com o bom andamento do
processo. Manifesta antipatia, principalmente em relação às perguntas
realizadas pelos representantes da parte contraria a que lhe arrolou.
6. Testemunha improdutiva: Difícil de extrair qualquer contribuição efetiva.
Muitas vezes, a testemunha é improdutiva porque efetivamente não possui
nenhum conhecimento acerca do thema probandum, não tendo com que
contribuir realmente.
7. Testemunha profissional: Em decorrência de uma atividade especial, são
chamados a depor com alguma frequência, como é o caso de policiais,
servidores de postos de atendimento de urgência, guardas de transito, fiscais
e outros. Essas testemunhas, em geral demonstram certo conhecimento do
procedimento, mas isso, por si só, não significa que seus depoimentos sejam
mais precisos ou fidedignos do que os outros.
12. Detector de mentiras, qual a possibilidade? (1,6 pontos)
Conhecido como polígrafo, o detector de mentiras é um equipamento que
busca identificar as mudanças periféricas que podem traduzir ansiedade,
medo ou culpa por parte do analisado. Registra respostas psicogalvânicas,
pressão arterial, ritmo cardíaco e respiração. Esse equipamento não detecta
mentiras, detecta respostas físicas, que podem ou não estar associadas ao
ato de mentir; por isso e outro motivo que há controvérsia. E sobre a
possibilidade é importante referir que o sistema jurídico Brasileiro não tem
dado credibilidade a esse tipo de avaliação, que não pode ser considerado
como substancial meio de prova.