Psicopatologia

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Campbell (psicólogo importânte,1986) - Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental - suas causas, as mudanças estruturais (cau- sas de esquisofrênia, psicose, bipolariedade) e fun- cionais associadas (dopamina, cerotônina, sinapse, diminuição da massa cerebral) a ela e suas formas de manifestação. Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. Psicopatólogo: pNão julga moralmente (“aquele drogado, aquele maluco, que horror, está demoníaco). pObserva pIdentifica pCompreende A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica, mas nutre-se de uma tradição humanística (filosofia, artes, literatura, psicanálise, etc) KARL JASPERS (1883-1969) - É uma ciência básica, que serve com o auxílio á psiquiatria. CONCEITO DE NORMALIDADE Psicopatologia pPsiquiatria Legal ou Forense: implicações legais criminais e éti- cas - defini o destino social, insti- tucional e legal - orientação psico- logicoa para diminuir carga de réus - teste Rosch. Exemplo: Bandido da Luz Vermelha, Chico Picadinho - psicopata, sabe o que é errado e o que é certo, mas faz o errado - não tem conciência, não tem clareza, vai reincidir - “só ele existe, não o outro” - pena diferencial se tiver psicopatia - manicômio judicial (costuma-se não sair mais). pEpidemiologia Psiquiátrica: objeto de trabalho e pesquisa - estudos das doenças mentais na população, o quanto da população tem - esquizofrênia = doença cara e rara - prevalência (porcentagem da população). pPsiquiatria Cultural e Etno Psiquiátrica: contexto sociocul- tural - “neste local é diferente dos costumes sociais de uma tribo local no Amazônas ou num vilarejo na China.” - “um centro espírita, um médium recebe uma entidade espiritual e se acha que tal pessoa entrou em surto psicótico”.

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Campbell (psicólogo importânte,1986) - Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental - suas causas, as mudanças estruturais (cau-sas de esquisofrênia, psicose, bipolariedade) e fun-cionais associadas (dopamina, cerotônina, sinapse, diminuição da massa cerebral) a ela e suas formas de manifestação.

Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano.

Psicopatólogo: pNão julga moralmente (“aquele drogado, aquele maluco, que horror, está demoníaco).pObservapIdentificapCompreende

A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica,

mas nutre-se de uma tradição humanística (filosofia, artes, literatura, psicanálise, etc)

KARL JASPERS (1883-1969) - É uma ciência básica, que serve

com o auxílio á psiquiatria.

CONCEITO DE NORMALIDADE

PsicopatologiapPsiquiatria Legal ou Forense: implicações legais criminais e éti-cas - defini o destino social, insti-tucional e legal - orientação psico-logicoa para diminuir carga de réus - teste Rosch. Exemplo: Bandido

da Luz Vermelha, Chico Picadinho - psicopata, sabe o que é errado e o que é certo, mas faz o errado - não tem conciência, não tem clareza, vai reincidir - “só ele existe, não o outro” - pena diferencial se tiver psicopatia - manicômio judicial (costuma-se não sair mais).

pEpidemiologia Psiquiátrica: objeto de trabalho e pesquisa - estudos das doenças mentais na população, o quanto da população tem - esquizofrênia = doença cara e rara - prevalência (porcentagem

da população).

pPsiquiatria Cultural e Etno Psiquiátrica: contexto sociocul-tural - “neste local é diferente dos costumes sociais de uma tribo local no Amazônas ou num vilarejo na China.” - “um centro espírita,

um médium recebe uma entidade espiritual e se acha que tal pessoa entrou em surto psicótico”.

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pPlanejamento em Saúde Mental e Políticasde Saúde: demandas assistênciais,necessidades de serviços.

pOrientação e Capacitação Profissional: uma pessoa com esquisofrênia pode ser psicólogo? Você entraria em um avião sabendo que o piloto tem psicose?

pPrática Clínica: discriminar (se drogou-se, se está infectado, alterações nas funções psíquicas por questão orgânica - (delírios), avaliar e intervir (encaminhar se está correndo risco o paciênte).

CRITÉRIOS DE NORMALIDADE

pNormalidade com ausência de doença (não tem sintoma detectável).

pNormalidade ideal: utopia (quando olho para um indivíduo e digo se ele é normal? Mas o que é nor-malidade hoje? O mesmo, o que é felicidade?)

pNormalidade estatística: frequência ( na população:avaliar pessoas que tem trauma mental na guerra e ver outra população que vive em Fer-nando de Noronha).

pNormalidade completo bem-estar: completo ( físico, mental, social - OMS)

pNormalidade funcional (orgânico).

pNormalidade com processo ( “criança com 3 anos fazendo birra em supermercado - fase normal - no caso mostra-se diferente quando a criança é um adulto)

pNormalidade subjetiva (pessoa com esquisofrênia com surto fala e sente-se normal).

pNormalidade com liberdade (paciente casada que engravidou, equipe mobilizada a prestar remédios para seu controle mental, apesar de um cuidado maior com o bêbe recêm-nascido em relação aos remédios pesado).

pNormalidade operacional (pessoa esquizofrênica que produz na sociedade é normal - “Maluco Bele-za” nos Jardins - Estamira).

Conteúdo Programático - 1ª semestre de 2011

(A)Introdução á Psicopatologia(B)Entrevista Psiquiátrica - Anamnese - Minimental(C)Funções Psíquicas e suas alterações

pSensopercepçãopConsciência e OrientaçãopPensamentopAtenção e MemóriapTranstornos PsicóticospHumor e EfetividadepVolição e PsicomotricidadepTranstorno de Humor

Bibliografia básica:

Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais - 2ª Ed. Autor: Dalgalarrondo, Paulo. Editora: Artmed.Manual de Psiquiatria Clíni-ca - 1ª Ed. Autor: Harold I. Kaplan; Benjamin J. Sadock Editora: Medsi Editora Médica e Científica Ltda Publicação: 1992

Filmes recomendados pela professora:

Estamira - Relata fielmente a vida de uma senhora tacha-da como louca pela família e médicos, porém de uma lucidez incrível. Este foi o primeiro documentário do originalmen-te fotógrafo Marcos Prado. Vencedor de um total de 23 prêmios nacionais e interna-cionais conta a história de Es-

tamira, mulher simples de vida difícil que encontra no lixão uma possibilidade de sobrevivência.

Mente Brilhante - É um drama intensamente hu-mano, inspirado nos eventos da vida de um gênio de verdade - o matemático John Forbes Nash, Jr. Nascido numa família de classe média numa peque-na cidade de West Virginia, ele fascinou o mundo intelectual há mais de 50 anos com uma surpreen-

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dente descoberta. Seu traba-lho pioneiro sobre a “teoria do jogo” tornou-o o astro da “Nova Matemática” na déca-da de 50 - mas sua ascensão mudou de rumo drasticamente quando seu brilhantismo in-tuitivo foi afetado pela esqui-zofrenia. Enfrentando desafios que destruíram muitas outras

pessoas com essa doença, John Nash lutou com a ajuda de sua devotada mulher, Alicia, e, depois de décadas de dedicação, conseguiu superar a tragé-dia e chegou até a receber o Prêmio Nobel de 1994. Lenda viva, o matemático continua envolvido em seu trabalho até hoje.

K-Pax - Kevin Spacey está na pele de Prot, um homem inofensivo, detido na Grand Central Station, em Nova York, por causa de um roubo. Jeff Bridges é o Dr. Mark Powell, experiente psiquiatra de um hospital público da cidade. Os caminhos dos dois se cruzam depois que Prot diz para a

polícia que a luz deste planeta é muito clara para ele - muito mais clara do que em seu distante plane-ta, K-PAX. O Dr. Powell já cuidou de muitos pacien-tes com alucinações e acredita que é apenas uma questão de tempo para conseguir que Prot conte o verdadeiro motivo de estar fantasiando tudo isso.

Spider - Dennis Cleg (Brad-ley Hall) é um garoto calado e estranho que ganhou o ape-lido de Spider por colecionar moscas. Uma noite Spider testemunha seu pai Bill Cleg (Gabriel Byrne) assassinando brutalmente sua mãe a Sra. Cleg (Miranda Richardson) para colocar em seu lugar a

prostituta Yvonne (também estrelado por Miranda Richardson). Convencido que ele seria a próxima vítima, Spider cria um plano carregado de trágicos efeitos que o leva às últimas conseqüências. Anos mais tarde após ficar internado em um manicômio, Spider (Halph Fiennes) volta às ruas do East End em Londres, onde é acolhido em uma casa de recu-peração para doentes mentais pela proprietária Sra.

Wilkinson (Lynn Redgrave), uma pessoa muito séria que cuida de seus residentes com muito rigor e dis-ciplina. As visões, os barulhos e os cheiros daquelas ruas começam a despertar nele lembranças esqueci-das há muito tempo de sua infância, onde a ausência da mãe o deixa cada vez mais transtornado. Sem previsão e totalmente abandonado, Spider por conta própria deixa de tomar seus medicamentos.

O Solista - Drama baseado na história real do talentoso músico Nathaniel Ayers, que desenvolveu esquizofrenia no seu segundo ano na famosa escola de artes performáticas Juilliard, de Nova York. Ayers, no entanto, acabou como sem- teto nas ruas do centro de Los Angeles, onde toca violino e violonce.

Os Possuídos - Agnes(Ashley Judd) é (uma garçonete soli-tária com um passado trágico (Ashley Judd), que escapou de seu abusivo ex-marido Gross (Harry Connick Jr.), recente-mente saído da prisão estadu-al. Ela muda-se para um motel de beira de estrada e através de sua colega de trabalho

lésbica R.C. (Lynn Collins) é apresentada para um paranóico veterano da Guerra do Golfo ,Peter (Mi-chael Shannon), e iniciam um romance. Contudo, as coisas nem sempre são como parecem e Agnes está prestes a experimentar um pesadelo claustrofóbico e real quando insetos começam a surgir...

O Clube da Luta - Jack (Edward Norton) é um executi-vo que trabalha como investi-gador de seguros, tem uma boa vida financeira, mas sofre com problemas de insônia. Para tentar se curar, ele começa a freqüentar terapias em grupo, mas sua vida vira de cabeça para baixo quando ele conhece

Tyler (Brad Pitt). Com ele, forma um clube da luta, onde pessoas são amigas, mas se esmurram violen-tamente em algumas noites. Tudo ganha propósitos maiores quando as coisas começam a ficar loucas e surreais.

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Efeito Borboleta I - Na ten-tativa de resolver seus pro-blemas de infância, o jovem Evan (Ashton Kutcher) faz uma regressão por meio de antigos diários. Porém, ele consegue voltar fisicamente ao seu corpo de criança e, com isso, começa a modificar seus velhos trau-mas. O problema é que, a cada

alteração, Evan percebe que novos fatos aparecem para aborrecê-lo. Tenso drama psicológico com roteiro interessante e direção da dupla Eric Bress e J. Mackye Gruber.

Mister Jones - Richard Gere, Lena Olin e Anne Bancroft estrelam esta emocionante história sobre um homem á beira da autodestruição que é salvo pelo amor. Gere é um show de interpretação como Mr. Jones, um maníaco depres-sivo que, durante suas crises emocionais, é divertido, criati-

vo e envolvente. Chocando a platéia esnobe de uma orquestra subindo ao palco para reger uma sinfonia de Beethoven, ou impulsivamente tomando uma cai-xa de banco e uma fuga romântica, Mr. Jones é um homem irresistível para qualquer mulher, incluindo a Dra. Libbie Bowen (Olin), a preocupa terapeuta designada para seu caso.

O Anticristo - Um casal (in-terpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) devas-tado pela morte de seu único filho se muda para uma cabana isolada na floresta Éden, onde coisas estranhas e obscuras começam a acontecer. A mu-lher é uma intelectual escritora que não consegue se livrar

do sentimento de culpa pela morte do filho, e ele, um psicanalista, tenta exercer seu meio de traba-lho para ajudar a esposa. Anticristo é dividido em partes: Prólogo e Epilogo e ainda capítulos que se passam na floresta do Éden: Dor, Luto, Desespero e Os três Mendigos.

O Aviador - Louco é o que deviam pensar as pes-soas que conviviam com suas excentricidades. Na verdade, o aviador sofria de transtorno obsessivo-

compulsivo, o hoje popular TOC. Porém, naquela época, comer a mesma quantidade de ervilhas toda noite (dispostas de maneira calculadamente milimétrica no prato), não era a coisa mais comum do mundo. A doença, no entanto, acabou absorvendo a genialidade aventureira de Hughes, que

acabou consumido por transtornos psiquiátricos que o levaram à loucura e ao isolamento. E ao esque-cimento, até que Scorsese o retirasse do limbo e o fizesse voar novamente em um grandioso filme.

Trainspotting - Uma grupo de jovens escoceses mergulha no vício para fugir das bana-lidades da existência nos dias modernos. E logo começam a sentir as conseqüências de suas atitudes e a descobrir que não existem soluções fáceis para a solidão e a dor que a vida nos proporciona. Sem moralismo e

falsas mensagens, o filme acompanha a rotina alu-cinante dos garotos e traça um retrato da geração desesperançada dos anos 90.

As Horas - Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro “Mrs. Dallo-way”. Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), auto-ra do livro, que enfrenta uma crise de depressão e idéias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora

em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo

Bicho de 7 cabeças - Uma viagem ao inferno mani-comial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um jovem de classe media baixa que leva uma vida comum até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um cigarro de maconha em seu bolso. O fato é a gota dágua que deflagra a tragédia

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na família. Neto é um adoles-cente em busca de emoções e liberdade, com pequenas re-beldias incompreendidas pelo pai, como pichar muros e usar brincos. A falta de entendimen-to leva ao emudecimento na re-lação dentro de casa e o medo de perder o controle sobre o filho vira o amor do avesso. No

manicômio, Neto conhece uma realidade absurda e desumana, onde os internos são devorados por um sistema corrupto e cruel. A linguagem de documen-tário utilizada pela diretora empresta ao filme uma forte sensação de realidade, aumentando ainda mais o impacto das emoções vividas pelo protagonista.

O Estranho no ninho - Ran-dle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma ins-tituição para doentes mentais, onde estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfer-meira-chefe Ratched (Louise

Fletcher). Mas ele não tem idéia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica “especializada”.

A Praia - Em um hotel barato de Bangcoc, o rapaz Richard (Leonardo DiCaprio) conhece Françoise (Virgine Ledoyen) e Étienne (Guillaume Canet), um casal de franceses. Ele tam-bém encontra Patolino (Robert Carlyle), um viajante mais velho marcado por anos de sol e drogas. De forma paranói-

ca Patolino conta a Richard a improvável história de uma ilha secreta, um paraíso na Terra, a praia perfeita sem a presença de turistas. No dia seguin-te, Richard encontra um mapa desenhado a mão da ilha descrita por Patolino preso na sua porta. Ele vê nisto “algo diferente”, pois não pretende fazer a mesma coisa que todos os outros turistas, assim Richard vai procurar Patolino e descobre que ele se suicidou cortando os pulsos. Richard persuade Françoise e Etienne a se juntarem a ele em uma via-gem seguindo o mapa de Patolino. Para irem até “a praia” eles arriscam suas vidas ao nadarem em mar aberto de uma ilha para outra, se arrastando e cor-rendo de guardas armados, que vigiam uma planta-

ção de maconha, e pulando de uma cachoeira, mas ao chegarem ao sonhado destino encontram uma pequena comunidade de viajantes, que como eles en-controu “a praia” e vivem em segredo. Eles recebem as boas-vindas do grupo e esta parte da ilha para-disíaca se torna a casa deles, deixando para trás o mundo que conheciam. Mas na realidade este céu na Terra não é tão perfeito. Conflitos pessoais e ciúmes criam uma violenta rivalidade e trágicos eventos dividem a comunidade. Bastante isolado e transtor-nado, Richard não sabe o que fazer, pois o sonho se tornou um pesadelo e o paraíso virou um inferno. Agora sua única meta é partir. Mas a fuga não será fácil, pois “a praia” é um lugar secreto, que alguns defenderão até a morte.

Outros filmes sobre Psicopatologia podem ser encontrados neste endereço da Internet:http://www.psicologiananet.com.br/filmes-que-mostram-transtornos-psicologicos-e-psiquiatricos-filmes-para-serem-trabalhados-em-psicologia-e-psiquiatria/1854/

Roda de conversa na 1ª aula:1. O que você entende por normalidadee anormalidade?2. O que você pensa sobre doença mental?3. Você conhece algum portador de doença mental?4. Você se relacionaria com alguém com algum transtorno mental (afetivamente)?

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Carta Aberta aos professores (e alunos) da disciplina Psicopatologia

Senhores professores, Senhores alunos,Supondo que o móvel daqueles que ensinam e dos que querem aprender, no ambiente de uma univer-sidade, esteja calcado numa relação sincera e ética para com este objetivo, entendemos adequado e oportuno dirigirmos a vocês as nossas interpelações sobre as práticas adotadas no ensino da discipli-na de Psicopatologia, que tem como modalidade a apresentação do enfermo, ou a chamada entrevista psicopatológica, a qual pressupõe a utilização dos pacientes selecionados entre internos em hospitais psiquiátricos, que são submetidos ao escrutínio do professor, diante de um grupo de aprendizes, para o assinalamento dos sintomas e dos quadros psicopa-tológicos.Não faz mal lembrar a todos que hoje se encontra sobejamente documentada e disponível a todos uma

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vigorosa produção bibliográfica de natureza his-tórica, profundamente reveladora das opressivas condições sociais possibilitadoras da produção dos saberes e práticas médico-psicológicas acerca da loucura. De tal produção fica patente, sem preten-der julgar moralmente o passado, que estes saberes e práticas, ainda que produzidos por motivações supostamente humanitárias, foram constituídos num regime de poder e opressão, segregador e silencia-dor da loucura, com forte compromisso com a ordem social, em detrimento ao respeito aos direitos e à dignidade dos supostos beneficiários do seu desen-volvimento. Marcada pelo signo da violência, que converteu uma parcela da humanidade em meros objetos de interesse científico, desqualificando siste-maticamente todas as palavras e atos deste grupo, a produção do discurso psicopatológico como a verda-de positiva sobre a sua experiência é tributária das condições institucionais do seu encarceramento ma-nicomial, sempre justificado como necessário à boa ordem social e ao bom desenvolvimento da ciência.Cumpre assinalar que a condenável prática de apresentação do enfermo está a priori baseada numa relação desrespeitosa com a dignidade dos sujeitos. Nesta circunstância, estes são expostos à mera curiosidade acadêmica, numa desigual e assi-métrica relação de poder social, sem considerar os seus direitos à intimidade e à privacidade, servindo a interesses que não lhe beneficiam pessoalmente de qualquer modo, já que tais apresentações não se inserem em nenhuma de suas necessidades terapêu-ticas.A formação que tem sido possibilitada por meio deste tipo de prática, além de questionável desde o ponto de vista ético e igualmente pedagógico - por insuficiente e infrutífera para a aprendizagem dos estudantes - encontra-se na contra-mão da política oficial da Saúde Mental do país, não respondendo às exigências da formação de recursos humanos adequados às necessidades da Reforma Psiquiá-trica Brasileira.E, neste contexto, o que é mais grave: a sua manutenção atenta frontalmente contra vá-rios dispositivos legais, tais como o Artigo 5°, incisos III e X da Constituição Fede-ral; o Artigo 2°, incisos II , III e VIII, e o Artigo 11° da Lei Federal 10216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos dos portadores de transtornos mentais , além de agredir também a vários aspectos do que está disposto nos Princípios para a Proteção de Pessoas Acometidas de Transtorno Mental, da Organização das Nações Unidas - ONU,

de 1991, e a vários dos princípios consignados na Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental, de dezembro de 1993, além de contrariar também os aspectos previstos nas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesqui-sas envolvendo Seres Humanos estabelecidas pela Portaria n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.A utilização do espaço dos anacrônicos hospitais psiquiátricos como campo de prática para a forma-ção de profissionais de Saúde Mental não mais se justifica. Frutos do empenho de vários setores da sociedade brasileira, já existem hoje no Brasil mais de 600 unidades públicas oficiais que oferecem aten-dimento psicossocial aos portadores de transtorno mental. Estes estabelecimentos, que têm como pilar fundamental o dever de promover a cidadania dos seus usuários, a ampliação de sua autonomia e o compromisso de contribuir decisivamente para a sua inserção social, colocam-se como o espaço privile-giado para as práticas docentes assistenciais.Nestes serviços substitutivos, CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), Hospitais-dia, Moradias-protegidas, Centros de Convivência, são amplas as possibilidades de práticas de ensino e produção de conhecimento sobre as dinâmicas subjetivas dos sujeitos ali atendidos, inclusive acerca dos aspectos vinculados às suas expressões sintomáticas. Entre-tanto, o acesso a tais expressões fica condicionado a que as mesmas não sejam tomadas como meras expressões bizarras do funcionamento psíquico do usuário, mas sim como uma ponte para a produção dos sentidos e significados organizadores de sua experiência vivida.Nestes ambientes, certamente não serão tolerados os

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modos ligeiros dos contactos superficiais, utilitários e descompromissados com os sujeitos, tal como se caracteriza a prática de apresentação do enfermo que ocorre nos manicômios atualmente. Em com-pensação, os vínculos estabelecidos pelos professo-res e estudantes, com os serviços e suas clientelas excederão em muito na qualidade, o entendimento e a compreensão da dinâmica da experiência destes sujeitos em seus variados modos de expressão.Aos estudantes, conclamamos que se rebelem contra o comodismo conservador dos mestres que insistem nesta tradição decadente e oferecem apenas uma versão caricata, institucionalmente deformada, das experiências do sofrimento humano de pessoas assim reduzidas à condição de meras cobaias para uma aprendizagem acadêmica. Rebelem-se! Não aceitem que, por injunções burocráticas, o ensino da Psicopatologia possa estar descolado das demais aprendizagens fundamentais que possibilitam a convivência e o manejo adequado das relações te-rapêuticas em beneficio dos sujeitos atendidos. Não aceitem o afrouxamento da Ética em prol do prag-matismo burocrático daqueles que têm a responsabi-lidade de organizar as condições dignas do ensino-aprendizagem. Estimamos que vocês, na condição de profissionais futuros, mobilizem-se e reivindiquem das suas Faculdades e dos seus professores o urgen-te estabelecimento das condições adequadas para a qualidade de um verdadeiro processo de formação. Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios/Bahia. Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial Associação Brasileira de Ensino de Psicologia Conselho Federal de Psicologia

Apontamentos realizados em classe (roda de con-versa) com a professora de Psicopatologia sobre a

carta acima:

pO quanto não se respeita a entrevistapUsar o estágio de forma desumanapA ciência é extremamente necessário, mas não há limite: exposição ao indivíduo - o destino do PixotepPerceber o limite do outro - ser explorado - uso indiscrimidado do material recolhidopEstar claro que não é o paciênte - não distinguipExiste uma lei, mas é respeitada? o paciênte é respeitado? testagem farmacêutica em paciêntes de forma desumana e capitalístapHospital psiquiátrico - serviços psicosociais - al-guém precisa de amparo - ganhos na internação

pTexto: Louco, eu?pHistória da Psiquiatria (entrevista psiquiátrica)pO Homem que confundiu a Mulher com chápeu.pCarta aberta aos professores (e alunos) da disciplina Psicopatologia (Luciano Costa).

TEXTOS COMPLEMENTARES

pSaber OUVIR - que valor daremos a este paciênte?pEntrar no enquadramento (bom senso) sem críti-cas - olhar o outro como um ser humano, um igual, não como uma doençapACOLHIMENTO - não olhar o paciênte como uma aberração.

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