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Imagine um livro que busque reabilitar a tênue ligação da teologia com a adoração, missão e discipulado da igreja. Coloque essa ideia nas mãos (e coração) de um teó-logo magistral que é artista, dramaturgo e transmissor de visão atuante na interface do cânon escriturístico e na cultura em constante mudança. O resultado é o quadro/manual que você está prestes a desfrutar. (Não) imagine mais!

— Gregg R. Allison The Southern Baptist Theological Seminary e autor de Teologia histórica

Vanhoozer possui a reputação de desvelar para nós a imagem mais ampla; no entanto, neste livro ele dedica seus notáveis poderes críticos a uma série de pequenos quadros. Para os fãs de seus trabalhos anteriores, existem encantos típicos e algumas surpresas ― principalmente os sermões intercalados que respondem à questão: “Sim, mas se prega sobre isto?”. O entusiasmo, os expedientes rotineiros, trocadilhos e as várias camadas de alusões de Vanhoozer resultam de modo excepcional nesses estudos em miniatura. E aos leitores que ouviram que a teologia de Vanhoozer merece atenção e se perguntam por onde começar a estudá-la, aconselhamos iniciar por esses ensaios ricos e acessíveis.

— Fred Sanders Torrey Honors Institute, Biola University e autor de The Deep Things of God

Kevin Vanhoozer escreve acerca da adoração e sabedoria da igreja com enorme discernimento e amor. Profundamente revelador e fascinante.

— Cornelius Plantinga Jr. Autor de Reading for Preaching: The Preacher in

Conversation with Storytellers, Biographers, Poets, and Journalists

Sempre amei Quadro de uma exposição, tanto a música quanto a arte, e agora que Vanhoozer estruturou seu livro de teologia de acordo com seus passeios (promenades) e suas galerias, eu me lembrarei ainda mais de suas descrições e esclarecimentos. Ele é um expositor meticuloso, de maneira que seu trabalho nesse livro é profundamente inequívoco na medida em que leva em consideração várias questões, como o papel do pastor na interpretação do texto e a relação afetiva entre doutrina e adoração, e os debates sobre o aperfeiçoamento cognitivo. Ademais, há a apresentação de seus sermões artísticos. Não perca essa exibição!

— Marva J. Dawn Teóloga, palestrante e autora de Powers, Weakness, and the Tabernacling of God

Brasília, DF

Cenas de adoração, testemunho e sabedoria da igreja

Brasília, DF

K E V I N J . VA N H O O Z E R

Quadros de uma

E X P O S I Ç Ã O T E O L Ó G I C A

Cenas de adoração, testemunho e sabedoria da igreja

Copyright © 2016, de Kevin J. VanhoozerPublicado originalmente em inglês sob o títuloPictures at a theological exhibitionpela InterVarsity Press,P.O. Box 1400, Downers Grove, IL 60515-1426, EUA.

Todos os direitos em língua portuguesa reservados porEditora MonergismoSIA Trecho 4, Lote 2000, Sala 208 – Ed. Salvador AversaBrasília, DF, Brasil – CEP 71.200-040 www.editoramonergismo.com.br

1ª edição, 2018

Tradução: Fabrício Tavares de MoraesRevisão: Felipe Sabino de Araújo Neto e Rogério PortellaCapa: Cindy KipleDiagramação: Marcos Jundurian

Proibida a reprodução por quaisquer meios,salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Todas as citações bíblicas foram extraídas daVersão Nova Almeida Atualizada (NAA), salvo indicação em contrário.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vanhoozer, Kevin J. Quadros de uma exposição teológica: cenas de adoração, testemunho e sabedoria da igreja / Kevin J. Vanhoozer, tradução Fabrício Tavares de Moares – Brasília, DF: Editora Monergismo 2018.

334 p.; 23cm.

Título original: Pictures at a theological exhibition: scenes of the church’s worship, witness, and wisdom

ISBN: 978-85-69980-49-0

1. Igreja 2. Adoração pública 3. Teologia I. Título CDD: 230

Para meus colegas de faculdade da

Trinity Evangelical Divinity School

SUMÁRIO

Prefácio 11

Agradecimentos 17

IntroduçãoA imaginação descartada: metáforas que mantêm viva uma

nação santa 19

vestíbulo: antes do excurso (Prolegômenos)1 Para que servem os teólogos? Por que os doutores da igreja deveriam prescrever a doutrina cristã 532 Quadros verdadeiros: o que todo pastor deveria saber sobre a verdade e interpretação bíblica 773 Três modos de cantar o sola: as Escrituras como luz, bússola e script 101

galeria um: quadros da adoração da igreja4 Adoração junto ao poço: da dogmática à doxologia (e de volta novamente) 1135 Exaltar a Deus nos cânticos: a beleza e as artes 1316 O magnificat de Moisés: um cântico para o semestre — e para as eras vindouras 155

galeria dois: quadros do testemunho da igreja7 O drama do Cristo: o Evangelho como a coisa feita e a palavra que se fez 1698 O drama do discipulado: uma vocação da formação espiritual 1919 O estranho e novo símbolo de status da cruz 211

galeria três: quadros da sabedoria da igreja10 Apologética sapiencial: a demonstração dramática da verdade do Evangelho 23111 Aperfeiçoamento na catedral: poder, conhecimento e pílulas da inteligência 26712 A sabedoria dos anjos: fragmentação e totalidade na academia e na igreja 299

ConclusãoO homem dos olhos de qui-rô 313

PosfácioFomos dados em espetáculo ao mundo: o drama divino e

humano em Kevin Vanhoozer 327

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PREFÁCIO

A teologia existe para servir à igreja. Sua vocação é fazer com que as pessoas pensem, imaginem e compreendam como todas as áreas da vida se relacionam com o Deus do Evangelho revelado nas Escrituras. A teologia serve ao entendimento ao anunciar o significado atestado pela Bíblia das palavras e dos atos do Deus triúno, convidando todos os que têm olhos e ouvidos a entender sua participação no que o Pai, o Filho e o Espírito realizam no mundo, a fim de fazer novas todas as coisas. Portanto, a teologia ajuda os discípulos a cumprir a vocação de serem “pequenos Cristos”: santos que sabem incorporar a mente de Cristo em todos os lugares, a todo tempo e para todo o mundo.

A teologia existe para servir à igreja, porém a dura realidade é que muitas igrejas não se encontram inclinadas em particular a aceitar o auxílio da teologia. De fato, algumas igrejas evitam quaisquer deliberações acerca da doutrina, como se fosse uma doença contagiosa. Afinal, a doutrina divide, e, de todo modo, quem está em posição de saber o posicionamento doutrinário correto? Essas igrejas prefeririam prosseguir de forma indefinida com a conversação a chegar a uma conclusão. No outro extremo do espectro estão as igrejas em que a palavra de ordem doutrinária não é relativa, mas absoluta. O desafio aqui é relacionar as formulações doutrinárias cristalizadas à atmosfera das mudanças culturais. O caminho a seguir é o cultivo da mente e do coração caracterizados não só pela fidelidade evangélica, mas também pela polidez nas convicções, humildade hermenêutica e caridade cristã.

A despeito tanto de seus detratores céticos quanto de seus apoiadores de-masiado convictos, a teologia é, no melhor dos casos, arte e ciência de caráter venerável, sábio e testemunhal do entendimento fidedigno, e seu propósito exclusivo é edificar a adoração, a sabedoria e o testemunho da igreja. A com-petência especial da teologia consiste em amar a verdade de Jesus Cristo com a mente, o coração, a alma e a força, a fim de endireitar o caminho da vida em Cristo. A principal maneira de os teólogos responderem a seu mandato é refletir no que Deus disse e realizou em caráter provisório na história de

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Israel e de modo definitivo na história de Jesus Cristo. A teologia, portanto, é um exercício de fidelidade criativa (ou de criatividade fiel), em que novas maneiras de articular o entendimento são responsáveis pela autoridade ma-gistral dos textos canônicos prévios e pela autoridade ministerial das tradições interpretativas católicas.

Na reunião anterior de ensaios intitulada Teologia primeira, busquei trilhar meu caminho em meio aos desafios pós-modernos que nos confrontam na academia, em especial nas Humanidades. Ora, as Humanidades compartilham com os estudos bíblicos e com a teologia o interesse pela hermenêutica: como entender o sentido e interpretação do texto. Os vários capítulos da Teologia primeira representam meus melhores esforços para explicar como Deus, as Escrituras e a hermenêutica — em sua humanidade e divindade — compõem o padrão da autoridade teológica e constituem um cordão prolegômeno de três dobras. A presente reunião de ensaios é diferente (precisei resistir ao impulso de chamá-la Teologia segunda). O foco aqui não incide sobre as teorias de in-terpretação discutidas na academia, mas sim sobre a prática da interpretação bíblica que constitui a vida da igreja. Cada um dos ensaios (dos quais apenas três foram publicados antes) se inicia com uma questão da vida concreta nas fronteiras da igreja, sociedade e academia, e então se lança em busca do entendimento — uma forma para a comunidade da fé viver o entendimento. Com exceção da Introdução, do Capítulo 5 e do Capítulo 11, todos os ensaios foram apresentados sob a forma de palestras, e embora eu os tenha revisto (e acrescentado notas de rodapé), tentei preservar o tom menos formal.

Neste livro, tento “colocar-me na brecha” (Ez 22.30) entre a teologia e a vida da igreja, entre a teoria e a prática, entre o conhecimento e a obediência — não apenas para ocupar o espaço, mas para preenchê-lo ao criar conexões. O interesse geral é a reabilitação da imaginação revigorada pela Bíblia como meio e modo de fazer teologia — ou, antes, como instrumento para reparar a brecha entre o saber, sentir e agir, como a distância entre Escrituras e a situação contemporânea da igreja. Quando cativa a Cristo, a imaginação é a capacidade de visualizar o todo da realidade em relação a Deus Pai no Filho por meio do Espírito. E, na medida em que a visão do Deus-que-amou-o mundo-de-tal-maneira orienta a totalidade da vida, a imaginação é uma capacidade tão prática quanto teológica.

Podemos ir ainda mais longe. Se o que disciplina a imaginação é, em primeiro lugar, o elemento verbal em vez do visual, então podemos dizer que a imaginação teológica é uma forma da fé, uma maneira de crer sem

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ver (Jo 20.29), e, como tal, não provém de especulações fantasiosas, mas da audição da palavra bíblica (Rm 10.17). Tendo dito isso, este livro não é, em sentido fundamental, uma reflexão teórica sobre a natureza da imaginação. Há algumas reflexões teóricas (e algumas tentativas de definição), mas, em última análise, a visão deve ser apreendida, e não apenas ensinada. Para isso, vários capítulos demonstram a imaginação evangélica alicerçada na Bíblia e instruída pela teologia em operação, expostas em cenas concretas da vida cristã, nas quais a cultura contemporânea confronta a igreja com novos pro-blemas e oportunidades.

O entendimento teológico da Bíblia envolve aprender a pensar não só a respeito dos textos bíblicos mas junto com eles, extraindo o sentido não apenas das várias proposições, mas também das várias cenas — as coisas que sucedem ou são ditas — que constituem o drama da redenção e dão sentido a essas proposições. A apropriação teológica e imaginativa das Escrituras encoraja os membros da igreja a fixar os textos em novos contextos: a história de Israel e da igreja primitiva também são nossas. A verdade expressa pela doutrina também demanda cumprimento: ser encenada nos portões da cidade e nos espaços abertos dos subúrbios por atores que encarnam o sentido da peça divina. Isto é também evangelismo — e discipulado. A teologia existe para preservar a integridade da adoração, testemunho e sabedoria da igreja em conjunto.

Este livro pode ser lido de três modos. Os ensaios aqui reunidos consistem, em primeiro lugar, em quadros do teólogo no trabalho ministerial. As imagens nas três galerias tendem a ser close-ups e não panorâmicas: estudos de cenas pastorais particulares em lugar de grandes sistemas teóricos. Como explico nos comentários introdutórios de cada capítulo, a maioria dos ensaios come-çou como apresentações orais a vários grupos cristãos na Inglaterra, Escócia e América do Norte. Alguns deles foram comunicações acadêmicas formais, outras foram discursos informais, e cinco são sermões. Juntos, servem como exemplos de teologia fundamental: imagens instantâneas de pequena escala do teólogo que tenta ministrar o entendimento, vinhetas sobre como pensar sobre teologia e, mais importante ainda, fazê-la de modo a trazer a doutrina cristã para auxiliar em situações específicas e problemas particulares. Separados, os ensaios subsistem por si, mas unidos não representam uma teologia sistemática finalizada e sim exemplos do que poderíamos chamar sistemática aplicada.

Em segundo lugar, o livro é um olhar de esguelha para meus esforços de reabilitar a doutrina para a igreja: um projeto de vida e de pesquisa de sistemática teodramática. Já por algum tempo, as pessoas me pediram para

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apresentar uma descrição mais prática — um modo de se referir a um livro de menos de 150 páginas com ilustrações práticas — sobre minha abordagem teológica. Este livro responde em parte a essa solicitação ao focar nas “cenas” particulares (isto é, a abordagem em ação) em vez de refazer o quadro pano-râmico em larga escala que pintei em outro lugar.1

Em terceiro lugar, é possível ler este livro como um apelo contínuo, embora em grande parte indireto, à incorporação da imaginação no traba-lho da teologia enquanto sistemática sapiencial. Com efeito, ele é mais bem compreendido como o exercício da transmissão de uma visão, uma tentativa permanente de mudar a imagem atual do que significa ser bíblico, mantida em cativeiro por muito tempo por teólogos e igrejas modernas. O culpado em questão é a imagem da teologia como sistema de doutrinas que demanda ser pensado e professado, mas não necessariamente incorporado e praticado. Os que enxergam a teologia nesses termos sentenciam-na ao abstrato abso-luto que falha em se conectar com os turbulentos conflitos da vida da igreja no século XXI. Por contraste, tentei suavizar a dicotomia entre a crença e o comportamento, a dogmática e a teologia moral, valendo-me de um tipo de revolução de paradigma.

Em particular, tentei reorientar a teologia de um modelo de conhecimento teórico para um modelo de sabedoria prática. A doutrina é vital para a saúde (salus) da igreja, precisamente porque o entendimento doutrinário obtido pela fé é prático por excelência. E, em especial, defendi a necessidade de recuperar a imaginação arraigada à Bíblia e modelada pela teologia em prol da adoração, do testemunho e da sabedoria da igreja. Se a imagem da teologia enquanto função da razão analítica de fato manteve a igreja cativa, então este livro, na medida em que enfatiza a imaginação como capacidade cognitiva, pode ser visto como um exercício na “teologia da libertação evangélica”. Sem dúvida, a razão analítica tem seu lugar no método teológico, porém é apenas secun-dário. As imagens bíblicas que geram e governam o entendimento teológico devem ser elucidadas, e não descartadas. Precisamos da clareza de conceitos compactos e da complexidade de metáforas vivas, a fim de obtermos uma doutrina sólida e vivificante.2

1 Mais particularmente em O drama da doutrina: uma abordagem canônico-linguística da teologia cristã (São Paulo: Vida Nova, 2016).

2 Em outra parte defendi um “arco teológico” que se move do entendimento primário em direção ao entendimento iluminado da Bíblia, com a análise conceitual como estágio

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Como última imagem prefacial, talvez ajude conceber este livro como uma série de jogadas táticas para o entendimento, um guia para auxiliar os pastores a dirigir as encenações. A questão é levar a doutrina à vida das pessoas — indivíduos e comunidades —, e também ao campo da cultura contemporânea, principalmente para despertar o gigante adormecido — a imaginação evangélica —, concedendo, desse modo, aos corpos dormentes da igreja o beijo de vida da Palavra-e-Espírito.

Dedico o livro a meus colegas de faculdade da Trinity Evangelical Divinity School no ano de seu jubileu — 2014 marcou o quinquagésimo aniversário da realocação da faculdade para Deerfield e sua reinauguração sob Kenneth Kantzer. Estes ensaios invadem o território — ou, para dizer de forma mais positiva, integram — de vários departamentos acadêmicos no seminário, e por isso sem dúvida causará o habitual desagrado científico. Contudo, feito no espírito correto, a crítica também conta como meio de edificação e mesmo de ministério, em especial quando conduz ao maior entendimento de si mesmo ou de Deus. Sou, portanto, grato a meus colegas da Trinity Evangelical Divi-nity School pelos vinte anos de parceria na educação teológica superior, um trabalho de importância absoluta no treinamento de pastores-teólogos que manejam bem a palavra da verdade e ministram o entendimento evangélico para todos, em toda parte, o tempo todo.

intermediário necessário. Veja, de minha autoria, “Love’s Wisdom: The Authority of Scrip-ture’s Form and Content for Faith’s Understanding and Theological Judgment”, Journal of Reformed Theology 5 (2001): 2.