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1 QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS NO MUNICÍPIO DE VERANÓPOLIS (RS): UM ESTUDO DAS DIMENSÕES DE VIDA MAIS VALORADAS Géssica Mathias Diniz, Universidade Federal de Santa Maria, E-mail: [email protected] Solange Regina Marin, Universidade Federal de Santa Maria, E-mail: [email protected] Área temática: 6 - Desenvolvimento social, economia solidária e políticas públicas Resumo: O envelhecimento populacional é um processo que está em crescimento em todo o mundo. Tendo em vista o aumento da proporção de idosos na população é necessário compreender quais dimensões são consideradas importantes por eles para sua qualidade de vida. O objetivo do presente estudo é buscar na literatura informações sobre qualidade de vida e identificar quais dimensões são valoradas pelas pessoas acima de 60 anos do município de Veranópolis (RS). A Abordagem das Capacitações é utilizada como base teórica para o desenvolvimento do presente estudo, considera-se que existem outras dimensões além da renda monetária relevantes para a qualidade de vida. O formulário elaborado previamente para a identificação contou com questões abertas e em Escala Likert (0 a 10), sendo o zero nada importante e 10, muito importante, o mesmo foi aplicado a uma amostra de 106 idosos. As mulheres representaram 65% da amostra, a maior proporção dos idosos entrevistados está na faixa etária de 61 a 70 anos, cursaram entre a 5ª e a 8ª série, são casados, residem com a família, recebem aposentadoria e não possuem trabalho remunerado. Quanto à identificação das dimensões mais valoradas pela amostra para a qualidade de vida, apenas “situação econômica” e o “planejamento” não receberam 10 na Escala Likert por mais de 50% dos entrevistados, revelando que todas as dimensões apresentadas são relevantes para o grupo. A dificuldade no cumprimento do objetivo de identificação deveu-se a metodologia, escala Likert com grande amplitude, 0 a 10, além, da dificuldade de compreensão dos entrevistados quanto às perguntas, alguns respondiam o quão bem estavam se sentindo naquela dimensão e não quão importante esta era para eles. Palavras-Chave: Idosos; Dimensões valoradas; Veranópolis. 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é uma revolução demográfica que afeta o mundo inteiro. A população deixará de ser tão jovem devido a menor fecundidade, aumento da sobrevivência das crianças e melhor saúde, e este é um processo mais rápido em países em desenvolvimento, com grande número de jovens na população. Dos 15 países com mais de 10 milhões de idosos 1 , sete são países em desenvolvimento. As pessoas vivem mais porque 1 Para as Nações Unidas são consideradas pessoas mais velhas (idosos) aqueles que possuem 60 anos, esta linha também é considerada por demógrafos. Mas em países desenvolvidos é usado como referência 65 anos, pois a partir desta idade as pessoas podem beneficiar-se da seguridade social (UNFPA, 2012, p. 20).

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QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS NO MUNICÍPIO DE VERANÓPOLIS (RS):

UM ESTUDO DAS DIMENSÕES DE VIDA MAIS VALORADAS

Géssica Mathias Diniz, Universidade Federal de Santa Maria, E-mail:

[email protected]

Solange Regina Marin, Universidade Federal de Santa Maria, E-mail: [email protected]

Área temática: 6 - Desenvolvimento social, economia solidária e políticas públicas

Resumo: O envelhecimento populacional é um processo que está em crescimento em todo o

mundo. Tendo em vista o aumento da proporção de idosos na população é necessário

compreender quais dimensões são consideradas importantes por eles para sua qualidade de

vida. O objetivo do presente estudo é buscar na literatura informações sobre qualidade de vida

e identificar quais dimensões são valoradas pelas pessoas acima de 60 anos do município de

Veranópolis (RS). A Abordagem das Capacitações é utilizada como base teórica para o

desenvolvimento do presente estudo, considera-se que existem outras dimensões além da

renda monetária relevantes para a qualidade de vida. O formulário elaborado previamente

para a identificação contou com questões abertas e em Escala Likert (0 a 10), sendo o zero

nada importante e 10, muito importante, o mesmo foi aplicado a uma amostra de 106 idosos.

As mulheres representaram 65% da amostra, a maior proporção dos idosos entrevistados está

na faixa etária de 61 a 70 anos, cursaram entre a 5ª e a 8ª série, são casados, residem com a

família, recebem aposentadoria e não possuem trabalho remunerado. Quanto à identificação

das dimensões mais valoradas pela amostra para a qualidade de vida, apenas “situação

econômica” e o “planejamento” não receberam 10 na Escala Likert por mais de 50% dos

entrevistados, revelando que todas as dimensões apresentadas são relevantes para o grupo. A

dificuldade no cumprimento do objetivo de identificação deveu-se a metodologia, escala

Likert com grande amplitude, 0 a 10, além, da dificuldade de compreensão dos entrevistados

quanto às perguntas, alguns respondiam o quão bem estavam se sentindo naquela dimensão e

não quão importante esta era para eles.

Palavras-Chave: Idosos; Dimensões valoradas; Veranópolis.

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é uma revolução demográfica que afeta o mundo

inteiro. A população deixará de ser tão jovem devido a menor fecundidade, aumento da

sobrevivência das crianças e melhor saúde, e este é um processo mais rápido em países em

desenvolvimento, com grande número de jovens na população. Dos 15 países com mais de 10

milhões de idosos1, sete são países em desenvolvimento. As pessoas vivem mais porque

1 Para as Nações Unidas são consideradas pessoas mais velhas (idosos) aqueles que possuem 60 anos, esta linha

também é considerada por demógrafos. Mas em países desenvolvidos é usado como referência 65 anos, pois a

partir desta idade as pessoas podem beneficiar-se da seguridade social (UNFPA, 2012, p. 20).

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possuem melhor nutrição, saneamento, medicina avançada, cuidados com a saúde, educação e

bem-estar econômico (UNFPA, 2012).

Em 1950, havia 205 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, já em 2012 o

número de idosos chegou a 810 milhões de idosos e a projeção é de que chegue a dois bilhões

em 2050 (UNFPA, 2012). De acordo com o UNFPA (2012), no período 2010-2015 a

expectativa de vida para os países desenvolvidos é de 78 anos e para as regiões em

desenvolvimento é de 67 anos. No período entre 2045 e 2050, estes valores serão 83 e 74

anos, respectivamente. Considerando que a partir dos 60 anos a porcentagem de idosos em

2012 era de 11% da população mundial, em 2050 será de 22%. O envelhecimento da

população mundial resultará em uma pirâmide etária retangular em 2050 tanto para as regiões

desenvolvidas quanto em processo de desenvolvimento (UN/DESA, 2011).

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 apresentados no folheto Indicadores e

Dados Básicos para a Saúde (IDB, 2011), o índice de envelhecimento no Brasil (razão entre o

número de pessoas com mais de 60 anos de idade para cada 100 pessoas com menos de 15

anos) em 1991 era de 21 idosos para 100 menores de 15 anos, já em 2010 chegou a 44,8. A

esperança de vida ao nascer, que expressa o número médio de anos de vida esperados para um

recém-nascido era de 66,9 anos em 1991 e em 2010 chegou a 73,4 anos. O declínio da taxa de

fecundidade de 6,28, em 1960, para 2,1 filhos por mulher, em 2010 provoca o estreitamento

da base da pirâmide etária (composição populacional por faixa etária e gênero) e o

alargamento da porção superior revelando uma tendência à inversão da pirâmide, ao

envelhecimento da população.

Em 2012, 10,9% da população brasileira possuía 60 anos ou mais. A projeção é que em

2050 esta proporção chegará a 29%. Considerando esta mesma divisão etária para cada 100

mulheres, em 2012, havia 81 homens. A expectativa de vida ao nascer no período entre 2010

e 2015, para os homens é de 71 anos, enquanto para as mulheres 77 anos (UNFPA, 2012).

O município de Veranópolis, localizado no Estado do Rio Grande do Sul, recebeu na

década de 1980 o título de Terra da Longevidade2 e este foi ressaltado e adotado como slogan

quase uma década depois de publicada uma reportagem assinada por Herculano Gomes

Mathias, na página 52 da revista Geografia Universal, onde médicos e sociólogos, dedicados

ao estudo da gerontologia citavam Veranópolis como um dos locais mundiais favoráveis ao

prolongamento da vida (WASKIEWICZ, 2008). Desde então, as administrações municipais

2 Em trabalho de United Nations Population Fund (UNFPA, 2012, p. 23) a expectativa de vida difere da

longevidade devido a primeira referir-se ao número médio de anos que uma população com certas características

espera viver, enquanto a segunda está relacionada a sobrevivência individual.

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que se sucederam na década de 1990 deram especial atenção ao aspecto da longevidade

veranense, incentivando e valorizando o grupo que reúne longevos e pesquisas vinculadas ao

tema (CRUZ & MORIGUCHI, 2002, PILGER, 2006)).

De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil (2013), a

esperança de vida ao nascer da população veranense teve um aumento de 3,7 anos entre 1991

e 2010, chegando a 75,3 anos. Considerando-se municípios que possuam semelhante número

de habitantes de Veranópolis (22.810) (IBGE, 2010), ou seja, que estejam dentro da faixa de

22 a 23 mil pessoas como, Nova Prata (22.830), Guaporé (22.810), Nova Santa Rita (22.706),

Tupanciretã (22.286) e São Jerônimo (22.141) tem-se que a proporção de idosos em relação à

população total de Veranópolis é superior a daqueles em um ponto percentual ou mais

(15,34%).

Em virtude do processo de inversão da pirâmide etária, redução da base e alargamento

da parte superior é necessário conhecer o perfil desta parte experiente da população. Sabendo-

se como é a qualidade de vida dos idosos, quais as suas características e necessidades é

possível formular políticas públicas direcionadas às deficiências indicadas e reforçar os

pontos positivos que colaboram para o bem estar, a fim de prologar a vida da população idosa.

Tendo em vista o processo de aumento do número de idosos, quais dimensões são

importantes para a qualidade de vida destes? O objetivo do presente trabalho é buscar na

literatura informações sobre qualidade de vida e identificar quais dimensões são consideradas

importantes pela população acima de 60 anos de idade do município de Veranópolis (RS). A

hipótese a ser discutida é de que existem outras dimensões, além da renda monetária,

consideradas relevantes pelos idosos para a sua qualidade de vida. Para o desenvolvimento

deste trabalho será utilizado o embasamento na Abordagem das Capacitações de Amartya Sen

(1979), com funcionamentos substituídos por dimensões, conforme Alkire (2008b).

O trabalho está dividido em quatro seções, além desta introdução, na primeira seção são

apresentados aspectos relativos à Abordagem das Capacitações, na sequência trata-se da

metodologia utilizada no estudo. Os resultados e discussões estão na terceira seção e, por fim

são levantadas algumas considerações.

2 A ABORDAGEM DAS CAPACITAÇÕES

O economista e filósofo Amartya Sen (1979) questiona sobre o que considerar na

análise de igualdade, para ele nenhuma das três abordagens referidas em seu artigo, igualdade

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utilitária, igualdade da utilidade total, e igualdade Rawlsiana é suficiente para embasar a

igualdade, nem mesmo qualquer combinação delas. Sen (1979) argumenta que a igualdade

deve ser buscada em outro espaço informacional que não a utilidade ou os chamados bens

primários sociais de Ralws3. A principal razão é que ambas desconsideram a diversidade

humana e propõe que a ideia de igualdade de capacitações básicas supriria esta lacuna.

Sen (1979) exemplifica com o caso de uma pessoa com deficiência física a fragilidade

das explicações utilitaristas e de bens primários para suprir as necessidades do indivíduo

tendo como foco a discussão sobre igualdade, propondo assim a interpretação das

necessidades na forma de capacitações básicas (uma pessoa ser capaz de fazer certas coisas)

que seria inclusa na demanda por igualdade. Sen (1979) considera as capacitações básicas

como uma extensão natural da preocupação de Rawls com bens primários, mudando a atenção

dos bens para o que os bens fazem para os seres humanos, o que possibilitam para o indivíduo

(por exemplo, o alimento está relacionado à nutrição do indivíduo).

O filósofo John Rawls (1971), assim como Sen (1979), rejeita o welfarismo, bem-estar

visto como utilidade, satisfação de preferências, sua abordagem volta-se para a concepção de

justiça em termos de bens sociais primários, coisas que se supõe que um homem racional

deseja, supondo que existam diversas coisas que ele preferiria ter mais a ter menos. Os bens

sociais primários correspondem aos direitos, liberdades, oportunidades, renda e riqueza

(RAWLS, 1997, p. 97).

Segundo Sen (1979), a igualdade de capacitações básicas é cultural-dependente,

principalmente na ponderação de diferentes capacitações. As necessidades diferem de uma

região, comunidade ou grupo social para outro, a igualdade rawlsiana também possui esta

característica, porém difere da anterior no caráter fetichista. A abordagem proposta por Sen é

uma extensão da abordagem rawlsiana numa direção não fetichista, ou seja, sem dar

importância exclusivamente aos bens (Sen, 1979), mas também a capacidade do indivíduo em

transformar os bens em funcionamentos (ARNSPERGER & VAN PARIJS, 2003, p. 91). Sen

(2003) ressalta o papel do ser humano como fim nele mesmo, sendo a prosperidade

econômica apenas um meio para acessar os fins e que nem sempre atende ao seu propósito.

3 Conforme Vita (1999) os bens primários tratados por Rawls são a renda, a riqueza e as oportunidades de acesso

às posições ocupacionais e de autoridade mais valorizadas na sociedade.

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2.1 Capacitações e Funcionamentos

Capacitação é a liberdade substantiva de realizar combinações alternativas de

funcionamentos que correspondem à realização efetiva das coisas. Pode ser considerado um

pacote de funcionamentos sujeito a diversas combinações de acordo com a escolha de cada

indivíduo, como por exemplo, estar nutrido adequadamente, ter boa saúde, evitar a morte

prematura. “Los funcionamentos representan partes del estado de uma persona: en

particular, las cosas que logra hacer o ser al vivir” (SEN, in NUSSBAUM & SEN, 1993, p.

55). Alkire e Deneulin (in Deneulin e Shahani, 2009) utilizam o exemplo da bicicleta para

ilustrar capacitação e funcionamento, a bicicleta é o recurso e a mobilidade propiciada pelo

bem é o funcionamento que pode não ser realizado caso o indivíduo não tenha equilíbrio ou

não seja permitido o uso da bicicleta, o acesso ao recurso (possuir o bem) e as características

do indivíduo criam a capacitação (liberdade) para se mover de um lugar para outro quando

desejar.

Os funcionamentos variam de acordo com o nível de desenvolvimento da unidade de

análise e dos indivíduos observados. Para alguns, há poucos funcionamentos a serem

considerados como importantes, já para um contexto de problemas mais gerais, como por

exemplo, em uma comunidade isolada em que as condições de saneamento básico são

precárias, não há coleta de lixo, há dificuldade em chegar ao polo de saúde, de educação, em

obter emprego, entre outros problemas, a lista aumenta, ou seja, existem mais indicadores,

fatores essenciais a serem supridos. Segundo Marin (2005) a mensuração dos funcionamentos

é mais simples comparada a complexidade das capacitações, pois aqueles se referem às coisas

que as pessoas efetivamente estão fazendo ou sendo, já as capacitações, por sua natureza

contrafactual, são mais difíceis de medir.

Sen (1985, p. 200) ressalta que a característica central do bem-estar é a habilidade para

realizar funcionamentos valoráveis, além disso, existem variações interpessoais na

transformação de bens em funcionamentos, considerando-se o consumo de alimento e o

funcionamento de estar bem nutrida, a relação entre eles dependerá de fatores como

metabolismo, sexo, tamanho corporal, nível de atividade, entre outras influências, ou seja,

dependerá da capacitação do indivíduo para funcionar. Na figura 1, observa-se a relação que

se dá entre bens e funcionamentos dados n fatores que podem influenciar na realização destes.

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Figura 1 – A conversão de bens em funcionamentos e as variações interpessoais. Fonte: Elaborada pela autora com base em Sen (1985).

Este é outro ponto de diferenciação entre Rawls e Sen, além do enfoque dado sobre os

bens, pois este considera as variações interpessoais na transformação de bens em

funcionamentos, enquanto o primeiro não considera as diversidades entre os indivíduos que

podem interferir na efetivação do uso dos bens primários.

2.2 Liberdade de escolha: a Condição de Agente

Para Sen (2000), a liberdade é central para o processo de desenvolvimento, pois

impulsiona o progresso (aumento das liberdades) e possibilita a realização do

desenvolvimento por meio da livre condição de agente, ou seja, permite a escolha de fazer e

ser o que é valorizado pelo próprio indivíduo aumentando o seu bem-estar.

Para Sen (1985), existem diferenças pertinentes a liberdade e realização de bem-estar e

a liberdade e realização de agente; o indivíduo pode exercer sua liberdade de agente e não

aumentar seu bem-estar, ambas as liberdades podem se mover em sentido contrário. Um

homem come seu sanduíche sentado em um banco quando de repente avista um rapaz longe

dali dentro do lago se afogando, ele tem a liberdade de escolher ajudar o rapaz e deixar seu

sanduíche ou continuar saboreando este sem pressa. Ele decide ajudá-lo realizando sua

condição de agente a qual não corresponde a realização de seu bem-estar que pode ter sido

diminuído por não ter consumido seu lanche tranquilamente. Como agente ele pode valorar a

oportunidade de salvar a pessoa mais que a perda da oportunidade de comer o sanduíche

(SEN, 1985, p. 206).

Para Sen (1985), a ideia de liberdade para realizar o bem-estar (well-being freedom) é

específica voltada para o objetivo realizar o bem-estar, já a ideia de liberdade de agente

(agency freedom) é mais geral, corresponde a liberdade de realizar o que uma pessoa como

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agente responsável decida que poderia realizar. A pessoa é livre para fazer e realizar a busca

por qualquer objetivo ou valor que considere importante, e o aspecto de agente de uma pessoa

deve ser analisado de acordo com suas ideias.

O enfoque dado por Amartya Sen sobre a liberdade substantiva do indivíduo, a

liberdade de definir o que é melhor para si e a importância da análise de qualidade de vida

delineiam qual deve ser o foco de políticas sociais, como destaca Robeyns (2003).

Sen argued that in social evaluations and policy design, the focus should be on what people are

able to do and be, on the quality of their life, and on removing obstacles in their lives so that they

have more freedom to live the kind of life which, upon reflection, they find valuable. (ROBEYNS,

2003, p. 5).

As políticas sociais devem possibilitar a liberdade de escolha do indivíduo para que ele

realize o que deseja ser e fazer, viva da forma valorada por si.

Considerando o papel da liberdade de escolha do indivíduo e a abordagem desenvolvida

por Sen (1979), no subitem seguinte é apresentada uma forma de torná-la aplicável, ou seja,

adequá-la ao objetivo do trabalho que se desenvolva, neste caso a busca das dimensões mais

valoradas para a qualidade de vida dos idosos de Veranópolis.

2.3 Definição das dimensões a partir da Abordagem das Capacitações

Segundo Sabina Alkire (2008a), a abordagem das capacitações é um método plural, ou

seja, é aplicado diferentemente dependendo do lugar, da situação, do nível de análise, das

informações disponíveis e do tipo de decisão envolvida. Esta abordagem não gera um grupo

específico e universalmente relevante de domínios para todos os exercícios avaliativos, não há

uma receita que seja aplicável a todo e qualquer grupo a que se queira analisar, mas sim várias

possibilidades de domínios a serem selecionados de acordo com as particularidades do grupo

a ser estudado. É necessário considerar as diferenças individuais, duas pessoas podem ter

acesso ao mesmo bem e por problemas físicos ou sociais ou por escolhas uma delas pode não

obter o mesmo retorno que a outra para a sua qualidade de vida.

Similarly, two people might each enjoy the same quality and quantity of food every day. But if one

is very sedentary and one a builder, or one is elderly and one is pregnant, or one has a low

metabolism and the other a very high metabolism, then their nutritional status may diverge

significantly. The builder, the pregnant woman, and the person with a high metabolism may be

noticeably less well nourished. (ALKIRE, 2008b, p.2)

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Tendo como unidade de análise o indivíduo é alterado não só o tipo de dados, mas

também a ordem de agregação de uma medida de qualidade de vida. Agregando primeiro os

domínios lado a lado e depois as pessoas, o que permite identificar o alcance das privações e

as realizações de cada pessoa (ALKIRE, 2008b). A importância que é dada ao indivíduo, sob

o enfoque desta abordagem, torna os resultados sobre qualidade de vida uma boa forma de

conhecer limitações e realizações de indivíduos de um grupo social, étnico ou de uma

comunidade.

Por meio da análise multidimensional do bem-estar (well-being) desenvolvida por Sen,

que vem se popularizando entre pesquisadores e policymakers, busca-se outras dimensões

para mensurar o bem-estar além da escassez de recursos monetários, em alguns casos um

indivíduo poder ser privado do exercício de suas capacitações (saúde, educação, saneamento,

por exemplo) e não ser considerado monetariamente pobre (ALKIRE & FOSTER, 2007). A

análise multidimensional é flexível, adaptável a diferentes contextos e propostas como já fora

ressaltado, podendo ser utilizada em um setor, como Alkire e Foster (2007) denominam, para

representar qualidade de educação ou dimensões de saúde, por exemplo, e ainda podem ser

atribuídos diferentes pesos para as dimensões ou indicadores.

O estudo de qualidade de vida vincula-se a ideia de well-being, aplicando-se o conceito

de funcionamento, realização do que o indivíduo quer (SEN, 1988).

The well-being of a person can be seen as an evaluation of the functionings achieved by

that person. This approach has been implicitly used by Adam Smith (1776) and Karl Marx

(1844) in particular, and more recently in the literature on "the quality of life". (SEN, 1988,

p. 15)

Sen (2003) ressalta que analisar a qualidade de vida em termos de atividades valoradas e

as capacitações para realizar estas atividades possui grande relevância e aplicação, sendo que

a longevidade é vista como um indicativo de uma melhora da qualidade de vida, realização do

funcionamento viver. “An expansion of longevity is seen, by common agreement, as an

enhancement of the quality of life” (SEN, 2003).

Em trabalho anterior, Sen (1981) já havia citado a longevidade como parâmetro de

qualidade de vida, além da alfabetização, deixando claro que o progresso destes é uma forma

limitada de julgar o desenvolvimento econômico. Porém é útil para identificar os países que

possuem melhor desempenho em relação aos outros e relacioná-lo à natureza destas

economias e as políticas públicas utilizadas. O que Sen (1981) denominou parâmetro de

qualidade de vida, Alkire (2008b) intitula como dimensão, um aspecto de vida valorado pelo

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indivíduo, sendo que existem diferentes formas de determiná-las e diversas combinações

serão obtidas de acordo com o grupo que se queira analisar.

Para selecionar as dimensões, Alkire (2008b) apresenta cinco mecanismos: primeiro

mecanismo de seleção é um exercício deliberativo ou participativo em que é usado um grupo

representativo de participantes como agentes reflexivos que julgarão as capacitações focais; o

segundo é a utilização de uma lista que possui legitimidade e um tipo de consenso estável

como, por exemplo, direitos humanos ou Objetivos de Desenvolvimento para o Milênio; o

terceiro é baseado em uma teoria, como a de Martha Nussbaum, que estruturou um grupo de

10 capacitações; o quarto mecanismo consiste no uso de dados existentes, é um critério de

viabilidade sem fazer juízo de valor, normalmente é necessário para usar combinado aos

mecanismos anteriores e; o último é uma lista com base em informação empírica sobre

comportamentos e preferências das pessoas retiradas de estudos psicológicos ou pesquisas

com consumidores ou de marketing.

Alkire (2008b) elenca algumas dimensões de qualidade de vida que são com maior

frequência relatadas. Sendo elas: saúde e seguridade, entendimento, realização, participação,

relacionamento, satisfação e harmonia.

Health and security (health, survival, security, rest, reproductive health); understanding

(knowledge, understanding, information & communication); achievement (meaningful work and

play – outside and at home; creativity); participation (democratic practice, voice, empowerment,

self-determination); relationships (absence of shame/humiliation, love, relatedness, affiliation);

satisfaction (self-integration, emotional well-being, happiness, inner peace) e; harmony (culture

and spirituality, art, environment). (ALKIRE, 2008b, p. 12)

A medida de qualidade de vida não é só um exercício de documentação, mas também

uma forma de identificar as necessidades específicas de diferentes grupos e assim servir como

orientação para políticas públicas. A medida de qualidade de vida deve possuir características

especiais, tais como: ser compreensível e fácil para descrever; estar de acordo com o “senso

comum” da noção de qualidade de vida; deve ser capaz de atingir os privados, rastrear

mudanças e guiar políticas; deve ser tecnicamente sólido; operacionalmente viável e;

facilmente replicável (ALKIRE, 2008b).

O método Alkire-Foster (AF) desenvolvido pelos pesquisadores Sabina Alkire e James

Foster (2007), que propõe 12 passos para se chegar a uma medida de pobreza

multidimensional, é apresentado como uma forma de agregar dimensões e depois pessoas, ou

seja, podem-se analisar as dimensões e agrupar os resultados para os indivíduos. Em Alkire

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(2008b), o método AF é utilizado para mensurar a qualidade de vida, sendo a medida obtida

por meio do que a autora chama de linha de corte (“top sufficiency”). “A person is identified

as having a sufficient quality of life if they achieve sufficiency in some range of dimensions;

achievements above sufficiency do not increase their quality of life” (ALKIRE, 2008b, p. 14).

Se a pessoa realiza um tipo de dimensão é considerado que ela possua qualidade de vida

suficiente.

Segundo Alkire (2008b), os resultados da medida de qualidade de vida combinam o

reconhecimento da proporção de pessoas que tem atingido a suficiente qualidade de vida com

a preocupação do alcance, profundidade e distribuição de privações entre aqueles que ainda

não a atingiram. Na seção subsequente, são apresentados a fonte de dados e o instrumento

utilizado para definição das dimensões mais valoradas pelos idosos de Veranópolis.

3 METODOLOGIA

O artigo utiliza as abordagens qualitativa e quantitativa. O trabalho baseia-se em

referencial bibliográfico, artigo de autores que trabalham com temática semelhante à

apresentada no presente estudo. Caracteriza-se por ser direta e indireta, utilizando tanto dados

primários quanto dados secundários.

São utilizados os dois primeiros passos do método Alkire-Foster (2007) a definição da

unidade de análise já escolhida, idosos de Veranópolis e escolha das dimensões a serem

consideradas em um instrumento de mensuração da qualidade de vida. Os 10 passos

conseguintes do método AF não serão empregados devido ao objetivo deste estudo resumir-se

a identificação das dimensões mais valoradas pela amostra, e não desenvolver uma medida de

qualidade de vida como se propõe o método completo.

As dimensões são determinadas de acordo com as respostas obtidas em formulário

previamente elaborado, mecanismo participativo (Alkire, 2008b). Conforme a valoração dada

aos diversos aspectos se identificará quais dimensões são consideradas mais importantes para

a qualidade de vida dos idosos.

3.1 Fontes de dados

Os dados secundários referentes às características populacionais do município de

Veranópolis foram coletados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto

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Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Atlas do Desenvolvimento Humano (2013).

A identificação das dimensões valoradas ficou por conta de formulário, descrito na sequência,

aplicado a uma amostra representativa ao nível de significância de 10%, 106 idosos.

3.2 O instrumento para identificação das dimensões

O instrumento escolhido para identificação das dimensões valoradas pela amostra foi o

formulário que se caracteriza pela intervenção do entrevistador ao anotar as respostas do

entrevistado. Este foi elaborado baseando-se na abordagem seniana das capacitações, sendo as

dimensões substitutas aos funcionamentos, a habilidade e liberdade para realizar as funções e

atividades vistas como essenciais pelo indivíduo. Foram empregadas dimensões já trabalhadas

por alguns autores como Cummins (1995), Alkire (2008b) e Paschoal (2000).

Na primeira parte do formulário têm-se as questões referentes à caracterização da

amostra como idade; escolaridade; estado civil: com quem reside; se é aposentado; possui

trabalho remunerado; qual é/era sua profissão; gênero e naturalidade. As questões abertas

referem-se ao que os idosos pensam sobre qualidade de vida, o que é, se é possível melhorá-la

no caso dos entrevistados, se estes gostariam de voltar a ser jovem e se existiriam outros

aspectos considerados relevantes para a qualidade de vida, além dos citados na parte das

perguntas em Escala Likert. Nesta parte do instrumento para cada dimensão é apresentada

uma escala de 0 a 10 em que zero é nada importante e dez, muito importante, para

compreender quais são as dimensões de qualidade de vida mais relevantes para os idosos.

As dimensões sutilizadas foram: saúde física, saúde mental, independência motora,

atividades físicas, atividades de lazer, seguridade, relações familiares, relações na

comunidade, relação conjugal, religiosidade, satisfação pessoal, conhecimento, infraestrutura

pública, participação na comunidade, segurança, meio ambiente, situação econômica e

planejamento.

As entrevistas foram realizadas entre os dias 29 e 31 do mês de outubro. Primeiramente,

foi visitado o Lar São Francisco e a tarde acompanhou-se o trabalho do Grupo de Convivência

da Longevidade de Veranópolis, em ambos os locais a pesquisadora e a colaboradora4, foram

levadas pela Secretária de Assistência Social do município. No segundo dia, foram abordados

transeuntes nas principais ruas do município e idosos que se encontravam em frente as suas

casas ou que eram indicados por vizinhos. No último dia, na parte da manhã continuou-se

4 Tatiane Pelegrini, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Viçosa.

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com as entrevistas na rua e a tarde, novamente acompanhadas da secretária chegou-se a

reunião do Grupo Conviver, em um dos bairros mais humildes do município, Santo Antônio.

Na sequência são apresentados a caracterização demográfica e histórica do município de

Veranópolis e os resultados obtidos com o formulário aplicado.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O município de Veranópolis está localizado a 170 quilômetros da capital do Estado do

Rio Grande do Sul, Porto Alegre, na microrregião de Caxias do Sul, na mesorregião Nordeste

Rio-Grandense (Figura 1). É um município de colonização italiana; os primeiros imigrantes

chegaram em 1884, quando o local pertencia ao município de Lagoa Vermelha e em 1898 foi

desmembrado deste, mas somente na década de 1940 passou a ser conhecido como

Veranópolis.

Figura 1 – Localização do município de Veranópolis (RS) Fonte: Fundação de Economia e Estatística, FEE.

Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 (IBGE), a população é de 22.810

habitantes, sendo que 86,99% destes vivem na área urbana. São 1.974 mulheres com 60 anos

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ou mais e 1.519 homens na mesma faixa etária, totalizando 3.493 idosos, representam 15,31%

da população total. De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil

(2013), a esperança de vida ao nascer da população de Veranópolis teve um aumento de 3,7,

anos entre 1991 e 2010, chegando a 75,3 anos, acima da média para o país de 73,4 e 0,1 anos

abaixo da média estadual.

Em 1991, 1.893 habitantes possuíam 60 anos ou mais no município de Veranópolis o

que correspondia a 11,19% da população total. Nos grupos de 5 a 9 e 25 a 29 anos estavam os

maiores percentuais da população 9,30 e 9,54%, respectivamente. Neste mesmo ano, 17,41%

da população estava faixa entre zero e nove anos, já em 2010, este percentual caiu para 9,95%

da população.

A taxa de analfabetismo dos indivíduos com 15 anos ou mais no município, em 2010,

foi de 2,8% e a expectativa de anos de estudo de 11,94 anos. Ou seja, espera-se que a

população possua o ensino médio (Atlas do Desenvolvimento Humano, 2013). Em

Veranópolis não existem extremamente pobres e 1,96% da população é pobre5. Segundo

dados do Atlas do Desenvolvimento Humano (2013), a renda per capita mensal é de R$

1.141,67. A taxa de fecundidade caiu de 2,16 filhos por mulher em 1991 para 1,64 em 2010,

já a taxa de envelhecimento aumentou de 7,63 (1991) para 10,65 idosos para 100 jovens com

menos de 15 anos de idade (2010). A mortalidade infantil, neste mesmo período, caiu de 15,9

para 12,4 mortes a cada 1.000 nascidos vivos (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO

HUMANO, 2013).

No quadro 1, é apresentado um comparativo entre os Índices de Desenvolvimento

Humano Municipais (IDHMs) e os indicadores que o compõem (renda, longevidade e

educação) em nível nacional, estadual e municipal com base em dados dos três últimos censos

demográficos realizados pelo IBGE.

5 De acordo com a definição do Decreto n. 6.917 de 30 de julho de 2009 da Presidência da República, são

consideradas extremamente pobres as famílias com renda familiar mensal per capita até R$ 70,00 e como pobres

as famílias com renda até R$ 140,00 (BRASIL, 2009).

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Brasil Rio Grande do Sul Veranópolis

1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010

IDHM 0,493 0,612 0,727 0,542 0,664 0,746 0,600 0,702 0,773

IDHM Renda 0,647 0,692 0,739 0,667 0,720 0,769 0,678 0,753 0,797

IDHM

Longevidade

0,662 0,727 0,816 0,729 0,804 0,840 0,777 0,831 0,838

IDHM Educação 0,279 0,456 0,637 0,328 0,505 0,642 0,410 0,554 0,692

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano 2013 (PNUD, IPEA e FJP)

Quadro 1 – Comparativo entre os Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil, Rio

Grande do Sul e Veranópolis para os anos de 1991, 2000 e 2010.

No comparativo apresentado no quadro acima o IDHM e os seus respectivos

indicadores são superiores em todos os anos no município de Veranópolis em relação à média

do Estado e do Brasil, exceto para o IDHM Longevidade de 2010, em que a média estadual

(0,840) é superior a municipal (0,838), porém, o indicador municipal é superior ao IDHM

Longevidade do país (0,816).

Conforme a evolução do IDHM de Veranópolis percebe-se a melhora do índice, mas

não só este município obteve melhora, outros também evoluíram e isto explica o fato de ter

perdido 21 posições no ranking municipal do IDHM entre 1991 e 2010, quando com 0,773

conquistou a 26ª posição dentre os municípios do Rio Grande do Sul (ATLAS DO

DESENVOLVIMENTO HUMANO DO BRASIL, 2013).

Considerando a evolução temporal observa-se a melhora do IDHM em todas as

espacialidades reforçando ideia de melhora dos indicadores que compõem o índice,

principalmente, quanto à longevidade, não só o país, como o Rio Grande do Sul e Veranópolis

tem obtido melhora na expectativa de vida devido a melhorias em serviços de saúde,

saneamento, educação, ente outros, que aumentam a qualidade de vida dos indivíduos e a

prolongam.

Nas subseções a seguir pode-se observar o perfil da amostra entrevistada e a valoração

dada por ela a cada uma das dimensões citadas.

4.1 Caracterização da amostra

Os idosos entrevistados foram encontrados em grupos da terceira idade, lar e nas ruas

de Veranópolis, 106 formulários foram respondidos sendo que destes oito pertenciam a Casa

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Lar São Francisco, 22 ao Grupo de Convivência da Longevidade de Veranópolis, 14 ao Grupo

Conviver e 61 entrevista foram feitas pelas ruas principais do município.

A Casa Lar São Francisco é público-privada e foi inaugurada em 2012. Abriga 30

idosos, sendo que muitos deles possuem alguma deficiência mental, impossibilitando-os de

participar da pesquisa, o lar conta com 14 funcionários. O grupo de convivência existe há sete

anos, os grupos pequenos de cada comunidade foram reunidos em um só pela Secretaria de

Assistência Social, atualmente possui 220 idosos associados. Cada um dos associados

contribui com cinco reais por mês e, além disso, a prefeitura encaminha recursos anualmente

para a manutenção das atividades. Os integrantes reúnem-se uma vez por semana no salão de

festas da comunidade para realizar atividades físicas e de lazer, coordenadas por uma

educadora física e duas voluntárias. O Grupo Conviver existe há 16 anos e foi uma iniciativa

da assistência social, 22 idosas participam confeccionando produtos artesanais os quais são

levados para suas casas. Os encontros do Grupo Conviver também ocorrem uma vez por

semana, porém no Bairro Santo Antônio, um dos mais humildes do município.

Na tabela 1 é apresentada a caracterização dos idosos entrevistados com base nas

respostas obtidas via formulário.

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Tabela 1 - Caracterização dos idosos entrevistados no município de Veranópolis/RS.

Fonte: Elaborada pela autora com base em entrevistas.

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De acordo as informações da tabela 1, tem-se que as mulheres corresponderam a

aproximadamente 65% da amostra; 32 das 69 entrevistadas estão na faixa etária de 71 a 80

anos, já entre os homens, 20 dos 37 possuem de 61 a 70 anos, sendo que a idade média na

amostra é de, aproximadamente, 73 anos. Quanto a escolaridade, 37,34% dos idosos

entrevistados estudou entre 5 e 8 anos (5ª a 8ª série) e 32,08% entre 1 e 4 anos (1ª a 4ª série),

entre os que completaram o ensino superior os homem são a maioria, oito para cinco mulheres

e o analfabetismo atinge somente as mulheres, correspondendo a 6,6% do total.

Os idosos entrevistados casados correspondem a 51,89% da amostra, sendo que entre os

homens este percentual é de 54,05%, e entre as mulheres 43,48% são casadas e 34,78%

viúvas. Os homens idosos entrevistados residem predominantemente com a família ou

cônjuge, tendo-se igual proporção para ambos os casos, 37,84%. Já as mulheres idosas em sua

maioria residem com a família, 42,03%, 29% com cônjuge e 20,29% delas vivem sozinhas.

Apesar de todos estarem em idade de receber aposentadoria 10,38% do total de idosos não a

recebem, e 21,70% deles ainda possui trabalho remunerado.

Ao se analisar as informações de forma agregada, sem considerar as diferenças de

gênero, pode-se ressaltar que as características predominantes da amostra são: faixa etária de

61 a 70 anos, a escolaridade de 5ª a 8ª série, casados, residem com a família, são aposentados

e não trabalham.

Assim como nos dados agregados de população apresentados IBGE (Censo

Demográfico, 2010), na presente pesquisa as mulheres também se mostraram a maioria da

amostra. Dentre as características apresentadas, apenas nas subdivisões de caracterização

“viver em comunidade religiosa”, “possuir ensino superior”, “estar na faixa etária de 91 a 100

anos” e “possuir trabalho remunerado”, as mulheres não corresponderam a maior fatia da

amostra. Destaque especial se dá ao fato de, na comparação entre homens e mulheres quanto

ao estado civil, tem-se um homem viúvo para oito viúvas, pondo em pauta a questão de as

mulheres terem se casado com homens mais velhos, combinado ao fato de estes terem

expectativa de vida inferior a elas.

Dentre as atividades que eram ou são exercidas pelos idosos predominam a agricultura e

os serviços tais como, costura, trabalhos artesanais, operariado, emprego doméstico e dona de

casa. Mais de 40% da amostra é natural de Veranópolis e quase de 19% tem origem em

municípios vizinhos a este como, Fagundes Varela, Cotiporã, Bento Gonçalves e Nova Prata,

os demais são naturais de outros municípios do Rio Grande do Sul.

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4.2 As dimensões mais valoradas

Nesta subseção são apresentados os resultados pertinentes à aplicação do formulário

(anexo A) para identificação das dimensões consideradas importantes pela amostra de idosos.

Quando questionados sobre “o que é qualidade de vida”, a resposta predominante foi

“ter saúde”. Quanto a voltar a ser jovem 69% dos entrevistados revelaram que gostariam de

voltar à juventude, por motivos diversos, alguns gostariam de ser jovens com a experiência

adquirida ao longo do tempo para fazer outras escolhas, outros para ter mais liberdade, poder

trabalhar e alguns gostariam de simplesmente prolongar a sua vida (viver mais). Aqueles que

responderam não a questão estão satisfeitos com a idade que possuem e querem seguir o ciclo

natural da vida.

A questão “é possível melhorar a sua qualidade de vida?” recebeu resposta positiva de

55,66% dos entrevistados, e quanto a como fazê-lo houve diversas considerações sendo as

mais citadas ter mais saúde, viajar e fazer exercícios. A última pergunta “gostaria de citar

outros aspectos importantes para a sua vida?” obteve respostas semelhantes aos aspectos

citados nas questões em Escala Likert, dimensões já citadas.

No quadro 2 é apresentada a distribuição relativa da amostra conforme a valoração dada

a cada uma das dimensões.

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Escala Likert 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

3.A Saúde Física 67,92 16,98 9,43 3,77 1,89 - - - - - -

3.B Saúde Mental 74,53 11,32 10,38 1,89 1,89 - - - - - -

3.C

Independência

Motora

69,81 11,32 12,26 4,72 0,94 0,94 - - - - -

3.D Atividades

físicas 53,77 16,04 21,7 3,77 1,89 1,89 0,94 - - - -

3.E Atividades de

lazer 59,43 15,09 14,15 3,77 1,89 4,72 0,94 - - - -

3.F Situação

econômica 47,17 11,32 20,75 10,38 2,83 4,72 - 0,94 - - 1,89

3.G Seguridade 66,98 13,21 8,49 3,77 1,89 2,83 0,94 - 0,94 - 0,94

3.H Relações

familiares 84,91 9,43 3,77 0,94 0,94 - - - - - -

3.I Relações na

comunidade 81,13 7,55 7,55 3,77 - - - - - - -

3.J Relação

conjugal 75,47 11,32 5,66 0,94 0,94 1,89 0,94 - - - 2,83

3.K Religiosidade 82,08 6,6 5,66 1,89 0,94 - - 0,94 1,89 - -

3.L Planejamento 49,06 12,26 28,3 4,72 3,77 0,94 - - - - 0,94

3.M Satisfação

pessoal 76,42 12,26 8,49 0,94 1,89 - - - - - -

3.N

Conhecimento 57,55 17,92 16,04 2,83 1,89 3,77 - - - - -

3.O

Infraestrutura

pública

60,38 12,26 16,04 6,6 2,83 - 0,94 - 0,94 - -

3.P Participação

na comunidade 58,49 16,04 10,38 8,49 2,83 1,89 0,94 - - - 0,94

3.Q Segurança 68,87 16,98 9,43 2,83 - - 0,94 0,94 - - -

3.R Meio-

ambiente 85,85 7,55 2,83 2,83 0,94 - - - - - -

Fonte: Elaborada pela autora com base em dados da pesquisa

Quadro 2 - Distribuição da valoração dada pela amostra às dimensões apresentadas.

Conforme o quadro 2, as dimensões que tiveram maior proporção da amostra as

considerando muito importantes (10 na Escala Likert) foram: meio ambiente, relações

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familiares, religiosidade, relações na comunidade, com 85,85, 84,91, 82,08 e 81,13%, da

amostra, respectivamente.

As dimensões situação econômica e planejamento foram avaliadas como muito

importantes por menos da metade da amostra 47,17 e 49,06%, respectivamente. E algumas

dimensões foram consideradas nada importantes (zero na Escala na Likert) por parte da

amostra, relação conjugal por 2,83%, situação econômica 1,89%, planejamento, seguridade e

participação na comunidade receberam zero de 0,94% da amostra, cada uma delas. O fato de

relação conjugal receber o maior número de zeros dentre as demais dimensões deve-se as

experiências negativas como, por exemplo, brigas entre casais, já para o caso da situação

econômica, algumas pessoas julgaram-na não ser a mais relevante por acharem que outras

dimensões tem maior peso para a qualidade de vida.

Conforme a avaliação realizada pelos idosos das dimensões apresentadas no formulário

(anexo A) todas, exceto “situação econômica” e “planejamento”, foram consideradas muito

importantes (10) por mais da metade da amostra. Mas, mesmo estas duas dimensões

receberam entre 6 e 9 de 45,28 e 49,05% da amostra, respectivamente, caso seja feito um

corte na escala dividindo-a entre zero e 5 (pouco importante) e entre 6 e 10 (muito

importante) pode-se considerar que todas as dimensões sendo elas, “saúde física”, “saúde

mental”, “independência motora”, “atividades físicas”, “atividades de lazer”, “seguridade”,

“relações familiares”, “relações na comunidade”, “relação conjugal”, “religiosidade”,

“satisfação pessoal”, “conhecimento”, “infraestrutura pública”, “participação na

comunidade”, “segurança” e “meio ambiente” são relevantes para a qualidade de vida dos

idosos veranenses, inclusive “situação econômica” e “planejamento”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a identificar as dimensões mais valoradas pelos idosos para a

sua qualidade de vida embasada na abordagem das capacitações e na condição de agente

desenvolvidas por Amartya Sen.

O conceito de qualidade de vida abrange um vasto número de domínios conforme o

ponto de vista sob o qual é analisado (ciências sociais, ciências da saúde). Sob a perspectiva

de pessoas comuns, geralmente, a qualidade de vida é vista como sinônimo de ter saúde,

porém, conforme foram apresentadas as demais dimensões estas também se revelaram

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importantes para os idosos, confirmando a pluralidade delineada pela ciência para descrição

deste conceito.

Um dos pontos tratados por alguns dos idosos entrevistados quando perguntados sobre

se gostariam de voltar a ser jovens e o porquê, ressalta o aspecto tratado por Sen (1985) sobre

a liberdade de escolha do indivíduo. Aqueles que responderam positivamente argumentaram

que quando mais jovens possuíam mais liberdade, ou seja, exerciam a sua condição de agente

que agora sendo idosos, devido às limitações pessoais, físicas ou biológicas. Devido à idade

que possuem não podem mais exercer, não podem aproveitar as oportunidades que lhes são

oferecidas e tem dificuldade em realizar os objetivos que consideram importantes.

Considerando-se a identificação das dimensões se percebe nos resultados que a grande

maioria das dimensões apresentadas foi considerada muito importante para a qualidade de

vida dos idosos. A menor importância dada a situação econômica corrobora a visão de Sen

(2003) de que o ser humano é um fim em si mesmo e a prosperidade econômica é somente um

meio para atingir seus propósitos, existem outras dimensões importantes para a qualidade de

vida além da renda monetária (ALKIRE & FOSTER, 2007).

A possível falha da pesquisa em identificar as dimensões mais valoradas resultou da

dificuldade de compreensão dos entrevistados quanto às perguntas, alguns respondiam o quão

bem estavam se sentindo naquela dimensão. Outro ponto a ser considerado, é que a questão da

qualidade de vida e a relevância de seus aspectos não são analisadas pela população,

normalmente. Além disso, a metodologia empregada em Escala Likert com 10 pontos criou

grande amplitude para as respostas e problemas na análise destas.

A sugestão que fica para um trabalho futuro é identificar a influência das características

individuais (biológicas e físicas), neste caso dos idosos, na conversão dos bens em

funcionamentos, ou seja, na realização das dimensões, conforme a ideia subjacente ao

trabalho de Sen (1985).

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