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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 QUALIDADE DO AR EM CURITIBA E RMC: DIAGNÓSTICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL 1 Francisco Jablinski Castelhano Universidade Federal do Paraná – UFPR [email protected] Eliane Seraphim Dumke Universidade Federal do Paraná – UFPR [email protected] Francisco de Assis Mendonça Universidade Federal do Paraná – UFPR [email protected] INTRODUÇÃO A problemática ambiental configura, na atualidade, um dos mais importantes desafios à ciência e à sociedade. Conseqüência de um modelo de sociedade onde se preza o consumo e o individualismo, o momento presente atesta profunda crise ambiental de dimensões jamais vivenciadas pela humanidade. O avanço das áreas urbanas sobre as rurais, assim como a hiper-densificação das áreas urbanas já consolidadas, é um fato cada vez mais observado no cenário mundial e brasileiro, gerando cidades com ambientes cada vez mais complexos e problemáticos, o que intensifica a gravidade dos problemas socioambientais. A urbanização brasileira se deu de maneira exageradamente acelerada e destituída de planos orientadores para o crescimento ordenado dos tecidos urbanos. De acordo com Ojima e Hogan (2003), “centros urbanos monocêntricos densos apresentam aspectos ambientalmente desfavoráveis em escala local, como, por exemplo, a concentração da poluição 1 Este texto resulta das atividades de pesquisa ligadas ao Projeto “Mudanças Climáticas Globais e Problemas do Clima Urbano: Desafios e cenários de adaptação e mitigação em face de riscos e vulnerabilidades socioambientais na RMC - Região Metropolitana de Curitiba”, financiado pelo CNPQ 2864

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QUALIDADE DO AR EM CURITIBA E RMC:DIAGNÓSTICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL1

Francisco Jablinski Castelhano

Universidade Federal do Paraná – UFPR

[email protected]

Eliane Seraphim Dumke

Universidade Federal do Paraná – UFPR

[email protected]

Francisco de Assis Mendonça

Universidade Federal do Paraná – UFPR

[email protected]

INTRODUÇÃO

A problemática ambiental configura, na atualidade, um dos mais importantes

desafios à ciência e à sociedade. Conseqüência de um modelo de sociedade onde se preza o

consumo e o individualismo, o momento presente atesta profunda crise ambiental de

dimensões jamais vivenciadas pela humanidade.

O avanço das áreas urbanas sobre as rurais, assim como a hiper-densificação

das áreas urbanas já consolidadas, é um fato cada vez mais observado no cenário mundial e

brasileiro, gerando cidades com ambientes cada vez mais complexos e problemáticos, o que

intensifica a gravidade dos problemas socioambientais.

A urbanização brasileira se deu de maneira exageradamente acelerada e

destituída de planos orientadores para o crescimento ordenado dos tecidos urbanos. De

acordo com Ojima e Hogan (2003),

“centros urbanos monocêntricos densos apresentam aspectos ambientalmente

desfavoráveis em escala local, como, por exemplo, a concentração da poluição

1 Este texto resulta das atividades de pesquisa ligadas ao Projeto “Mudanças Climáticas Globais e Problemas do ClimaUrbano: Desafios e cenários de adaptação e mitigação em face de riscos e vulnerabilidades socioambientais na RMC- Região Metropolitana de Curitiba”, financiado pelo CNPQ

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atmosférica devido à altaconcentração de veículos automotores, a formação de

ilhas de calor, ou poucas áreas verdes.”

Dentre as inúmeras situações relacionadas à qualidade de vida que estes

processos de urbanização podem vir a acarretar, propomos para este artigo, um estudo da

poluição atmosférica, e suas conseqüências frente à população.

Segundo Mendonça (1993) os processos de industrialização são os grandes

desencadeadores de uma degradação do meio ambiente, que sequenciou o modelo de

desenvolvimento concentrador dos benefícios e de forte impacto sobre a queda da

qualidade de vida da sociedade como um todo; a qualidade do ar constitui um dos

importantes impactos negativos deste processo sobre a população.

No Brasil, podemos lembrar o exemplo da região de Cubatão, que nos anos 80 e

inicio dos 90 apresentava níveis altíssimos de poluentes, causando uma série de danos à

saúde da população local; desde esta época, com mais evidencia, destaca-se a importância

de se manter uma rede de monitoramente da qualidade do ar no país, mas principalmente

em grandes pólos industriais como é o caso de Cubatão no estado de São Paulo.

Neste trabalho em especifico, trataremos da qualidade do ar na Região

Metropolitana de Curitiba, com especial ênfase nos municípios de Curitiba e Araucária,

historicamente, os mais afetados pelo excesso de poluentes no ar.

Instituída em 1.973, a Região Metropolitana de Curitiba conta com um total de

29 municípios, que, de acordo com a legislação, apresentam de alguma forma, uma relação

de interdependência com a capital Curitiba. Os últimos municípios a entrarem na RMC

foram Campo do Tenente, Piên e Rio Negro, já na divisa com Santa Catarina. Segundo o

censo do IBGE (2010) a RMC conta com uma população de 3.430.848 habitantes.

A qualidade do ar de Curitiba e sua região metropolitana são monitoradas pelo

Instituto Ambiental do Paraná (IAP) através de estações medidoras de qualidade do ar,

dispersas entre os municípios de Colombo, Curitiba, e Araucária. Tal monitoramento teve

inicio em 1.985, com a instalação de uma estação de monitoramento na Santa Casa de

Curitiba, localizada na Praça Rui Barbosa, região central da cidade, e outras três no

município de Araucária. Hoje em dia, a rede conta com um total de 13 estações dispersas

entre os municípios anteriormente citados e mensalmente boletins com os resultados das

estações são disponibilizados através do sitio eletrônico do órgão para a população. Para

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este trabalho trabalharemos com as estações em, Curitiba, as estações Assis e REPAR em

Araucária e a estação em Colombo (Figura 1).

Danni-Oliveira (2000) cita o intenso trafico de veículos juntamente com a

presença de indústrias como os grandes responsáveis pela má qualidade do ar em Curitiba,

assim, a presença de estações de monitoramento da qualidade do ar nos locais onde estes

fatores são mais intensos é justificada.

Somente em Araucária, existem seis estações do IAP, número maior que

Curitiba, que apresenta uma população muito maior. Tal número se deve ao fato de que a

cidade de Araucária concentra uma grande quantidade de indústrias de alto potencial de

emissões atmosféricas dentro de seu território. Segundo Silva (2006) a industrialização de

Araucária teve início em 1.972 com a instalação de uma refinaria da Petrobrás na região.

De acordo com a autora, a instalação da REPAR foi conseqüência das estratégias

desenvolvimentistas dos I e II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que culminaram

ainda com a criação, em 1.973, da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e do Centro Industrial

de Araucária (CIAR).

Figura 1: Localização das estações analisadas e dos respectivos municípios

Fonte: IAP e IBGE. Org: CASTELHANO, F.

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A autora cita ainda a intensa modificação na produção do espaço urbano dentro

de Araucária com a instituição da CIAR:

“... modifica-se o papel do centro tradicional que antes da reestruturação era o

espaço articulador de todas as funções urbanas (circulação, habitação e

trabalho) e abrigava de forma concentrada a diversidade de relações

socioespaciais e toda a população urbana do município. A partir da década de

1970, apesar de continuar desempenhando o papel de centro

político-administrativo, este subespaço passa a ser reservado como local de

moradia das famílias tradicionais, que pela maior presença dos meios de

consumo coletivo e individual, possibilitava um padrão de vida urbano superior

ao recém desbravado da periferia. O centro tradicional deixa de ser, portanto o

único pólo em torno do qual se dá a estruturação urbana passando a dividir este

papel com a CIAR.”

Apesar de apresentar um grande número de estações, a concentração destas

em poucos locais é passível de questionamentos, já que existem grandes regiões de Curitiba

e da RMC que não possuem quaisquer monitoramentos de sua qualidade do ar.

Desta maneira, no presente estudo apresentamos as condições atuais da

qualidade do ar nos pontos monitorados pela rede do IAP, para tanto, são analisados dados

de qualidade do ar (gasosos e particulados) no período de 2003 a 2013 nas estações de

Curitiba, e as estações de Assis e Repar no município de Araucária. Tais dados foram

cruzados com informações relevantes como: a) distribuição espacial dos pontos e sua

representação, b) comparação dos dados com a evolução da frota de veículos e, c)

distribuição espacial das indústrias poluidoras, de modo a se compreender a dinâmica da

poluição atmosférica e sua evolução ao longo dos últimos dez anos.

METODOLOGIA

Monteiro (1976) em sua teoria do Sistema Clima Urbano compara o clima de

uma cidade com um sistema aberto, segundo o qual vários são os aspectos que interferem

na estrutura destes sistemas. Portanto, mudanças no tamanho da população, seus padrões

de comportamento e suas expressões socioeconômicas influem no clima da cidade.

Em sua teoria, o autor cita como fundamental a compreensão dos três canais da

percepção presentes de um sistema clima urbano. São eles, o termodinâmico, que diz

respeito ao conforto térmico, o físico-químico, referentes à qualidade do ar, e por fim o

hidro meteórico, no que diz respeito a precipitações. Dentre estes, para este trabalho

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utilizaremos as analises nos campos físico-químicos, segundo tal autor, a gênese deste

campo diferentemente dos outros, está diretamente ligada a ação humana.

Para a realização deste trabalho foram levados em conta somente dados

secundários no que diz respeito à qualidade do ar. Tais dados foram fornecidos pelo IAP e

devidamente tabulados e organizados através do software Excel.

A série histórica iniciada em 2003 até o ano de 2013 foi padronizada levando em

conta que, algumas estações apresentaram hiatos em seus dados devido a mal

funcionamento ou má manutenção das mesmas. Ainda consideramos que, as estações mais

antigas ainda são manuais, o que gera certa diferença entre os tipos de dados a serem

analisados, portanto, só foram levados em conta, aspectos medidos pelos mesmos padrões

em todas as estações. Um problema encontrado nesta padronização foi a ausência de

dados em algumas estações, a estação localizada no bairro Santa Cândida, por exemplo, não

apresenta em momento algum, dados relativos a Particulas Totais em Suspensão (PTS) em

toda série. Já a estação localizada no CIC tem sua série iniciada somente em 2011.

Foram realizadas visitas e observações de campo nos locais onde se localizam as

estações de monitoramento, de modo que a realidade representada pelos dados fornecidos

fosse identificada e compreendida (figura 2). Os campos de observação foram realizados

nos dias 01/03 e 03/03, e as estações visitadas foram, Colombo, Santa Cândida, Praça

Ouvidor Pardinho, Santa Casa, Boqueirão, CIC, Assis e Repar .

As estações localizadas na Santa Casa e Praça Ouvidor Pardinho evidenciam

locais onde o trafego intenso de veículos é o principal emissor de poluentes.

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Figura 2: Registro de visita a estação de monitoramento do IAP no município de Colombo

Foto: CASTELHANO, F.

As estações localizadas nos bairros Santa Cândida, na Estrada das Olarias, 1081 e

Boqueirão na Rua Professora Maria Assumpção, 2590, representam outro tipo de ocupação,

o bairro do Boqueirão apresenta certo numero de barracões industriais em sua região, o

que justifica o monitoramento da qualidade de ar no local. Já a estação da Santa Cândida se

localiza isolada de grandes edificações, muito próximos a áreas verdes e distante de grandes

complexos industriais, seus dados podem ser utilizados a titulo de comparação com as

demais.

Por fim as estações do CIC na Avenida Senador Accioly Filho, 2400, Repar,na

Rodovia do Xisto Km 16 e Assis, na Rua Nossa Senhora dos Remédios S/N, representam

locais de grandes aglomerados industriais na região sul de Curitiba e da RMC e, portanto

devem ser monitoradas com extrema pericia já que são as regiões que mais apresentam

problemas nesta ordem. Cabe-se ressaltar que a poluição atmosférica na região da Repar,

na Rodovia do Xisto em Araucária pode ser sentida sem o auxilio de maiores aparelhos,

apenas visualmente e principalmente pelo odor.

Conforme aponta Souza (2006), Vernier (1994) e Carvalho Jr e Lacava (2003) os

principais poluentes encontrados em ambientes urbanos tem como fontes a queima de

combustível fóssil através de veículos automotores e processos industriais. São citados por

Souza (2006), partículas totais em suspensão, partículas inaláveis e fumaça, dióxido de

enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e Ozônio (O3).

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Os dados do IAP medem justamente tais poluentes citados acima e são estes

(PTS, SO2, CO, O3 e NO2) os trabalhados neste artigo. Além disto, monitoram a qualidade do

ar, indicando se este, na localidade, esta adequado ou não, apontando qual ou quais os

poluentes estão acima da média estipulada pela resolução 03/1990 do CONAMA (Conselho

Nacional do Meio Ambiente) que estabelece os padrões legais de qualidade do ar no Brasil

segundo critérios do PRONAR.

Neste documento, fica definido quais são os parâmetros primários de qualidade

do ar (concentrações de poluentes que ultrapassadas poderão afetar a saúde humana) e os

secundários (concentrações abaixo das quais se prevê o mínimo efeito ao bem-estar da

população e também do meio-ambiente como um todo) em relação à estes poluentes

citados.

Estão previstos nesta resolução também, os níveis destes poluentes os quais

devem ser considerados como alarmantes, as entidades responsáveis pelo monitoramento

dos mesmos, assim como os seus respectivos métodos.

Os dados trabalhados no IAP possuem parâmetros de medição diferentes aos

mencionados na legislação brasileira, que tem como medida o micrograma por hora. O

órgão paranaense utiliza as medidas internacionais, PPM e o PPB (partes por milhão e

partes por bilhão respectivamente). Assim sendo, foi feita uma busca na legislação

internacional para averiguar quais são os parâmetros utilizados com estas medidas e assim

utilizá-las neste estudo.

A analise de qualidade de ar se baseou em quantas vezes ao ano determinado

poluente excedeu os limites propostos pela tabela 1 em suas respectivas estações. Assim, a

temática deste trabalho se sustenta em uma comparação entre estes dados de qualidade do

ar, frota de veículos e estabelecimentos industriais. Para tanto se foi necessário recorrer a

dados do IBGE, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) e

Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) no que diz respeito às

indústrias, já no que diz respeito à frota de veículos, foram cruzadas informações obtidas no

Departamento Nacional de Transito (DENATRAN) que indicavam a quantidade de veículos

automotores por cidade, com informações populacionais do IBGE.

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Tabela 1: Parâmetros mínimos de concentração de poluentesPOLUENTE NIVEL PRIMÁRIO NIVEL SECUNDARIOCO 35ppm/hora -SO2 75 ppb/hora -NO2 100 ppb/hora -O3 120 ppb/hora -PTS 240µg/dia 150 µg/dia

Fonte: CONAMA e NAAQS. Org. CASTELHANO, F.

Por fim, os mapas gerados ao longo do trabalho foram obtidos com o auxilio dos

softwares ArcGIS 10.1 e Qgis 2.2.

Com os dados devidamente tratados e padronizados foi possível partir para a

análise integrada dos mesmos e promover a discussão montando um diagnóstico da

situação atual no que diz respeito à poluição atmosférica da RMC.

DISCUSSÃO

Traçando um breve histórico da poluição ambiental, Fellenberg (1980) cita este

problema como algo não recente como curtumes da Grécia antiga, e fundições de prata,

fabricantes de azeite e matadouros do Império Romano, como exemplos de que a emissão

de poluentes acompanha o homem desde sua antiguidade.

Ayoade (1983) conceitua poluição atmosférica como a introdução de quaisquer

substancias diferentes de seus componentes naturais, podendo ter origem natural ou

antropica, citando polens, bactérias e erupções vulcânicas como exemplos de naturais, e

principalmente a queima de combustíveis fosseis como as antrópicas. O autor cita que a

intensidade da poluição atmosférica em determinado local tem duas variáveis principais, o

índice de poluentes emitidos, e o índice de dispersão e diluição de tais poluentes.

Para Tricart (1977), a participação do homem nos ecossistemas em que vive

causa sua modificação, e por conseqüência gera uma resposta destes, o que determinam

uma série de adaptações do homem. A perda na qualidade do ar das cidades mais

populosas esta ligada a esta afirmação, uma vez que a participação do homem é a causa

direta deste processo, e este por sua vez o obrigou a se adaptar a esta nova realidade que

ele próprio criou.

As conseqüências de uma má qualidade do ar são inúmeras, Boubel et.al (1994)

cita danos aos sistemas circulatórios, oftalmológicos e respiratórios como os principais,

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sublinhando o respiratório como de longe o que mais sofre com as condições adversas da

atmosfera.

O evento ocorrido em Cubatão nos anos 80, que chegou a ser denominada “Vale

da Morte”, e registrou inúmeros casos de nascimentos de anencéfalos em função da

poluição atmosférica culminou com a retirada de um bairro inteiro (Vila Parisi) para outra

região. Segundo Alonso e Godinho (1992), dentre os poluentes que foram detectados na

cidade, a quantidade de material particulado na atmosfera foi a mais intensa.

De acordo com os autores, os primeiros episódios problemáticos foram

registrados em 1984. Os de maior repercussão estão todos relacionados com fatores

meteorológicos, como a presença de anticiclones tropicais semi-estacionarios por vários

dias, tornando a atmosfera estável e impedindo a dispersão destes poluentes.

Em seu trabalho de doutorado, Danni-Oliveira (2000) trata da questão da

qualidade do ar na cidade de Curitiba em períodos de inverno. Utilizando-se do conceito de

sistema clima urbano abordado por Monteiro (1976), a autora trabalha o sub-sistema físico-

químico e seus atributos dentro do recorte referente ao município e os relaciona com os

sistema climáticos e fatores temporais atuantes durante os períodos de coleta.

Para tanto, foram realizadas pesquisas de monitoramento da qualidade do ar da

cidade especificamente em seus eixos estruturais nos quais o desenvolvimento da cidade é

pautado.

Nestes eixos foram escolhidos vinte e seis pontos de coleta, que representassem

os diferentes bairros da cidade em diferentes pontos. Assim sendo a autora coletou ao

longo de três anos, amostras de ozônio, material particulado e NO2, nestes pontos,

Ao fim das coletas Danni-Oliveira analisa que os locais onde o fluxo de veículos é

maior apresentam uma maior concentração de material particulado em suspensão e de

dióxido de nitrogênio. A interferência dos atributos de uso de solo nos locais analisados

também teve clara relação nos índices de poluição. Segundo a autora, a região da CIC, que

apresentava maior índice de industrialização, também apresentou os maiores índices de

deposição ácida na forma de SO4, já a região rural de São José dos Pinhais, apresentou

baixos índices das espécies analisadas.

Em relação aos fatores climáticos, a autora deixa claro que não foi possível se

estabelecer uma relação direta entre a concentração de poluentes e os tipos de tempo

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ocorrido, no entanto seus resultados sugerem que os episódios mais críticos estavam

associados ao domínio da Massa Polar Atlântica.

Outro fator temporal que apresenta forte relação com a dispersão dos poluentes

são a força e direção dos ventos, segundo conclusão da autora, as situações em que a

incidência dos ventos foi menor, foram favoráveis a elevação dos índices dos poluentes

monitorados em todos os locais analisados.

Desta maneira, a autora cita que as edificações na cidade servem como

microcanyons e dificultam consideravelmente a dispersão dos poluentes, colaborando para

a má qualidade do ar em locais de alta verticalização e intenso trafego de veículos. Ainda é

possível citar a chuva como outro fator importante neste processo. Danni-Oliveira cita que

em 1.998 as chuvas exerceram papel nivelador nos valores dos contaminantes, promovendo

uma menor variabilidade dos mesmos.

A frota de carros em Curitiba saltou de 808.070 veículos registrados em 2003

para um numero de 1.429.534 em 2013. Um crescimento de 76,9% em 10 anos (figura 3),

sendo que a cidade apresenta um dos mais altos índices de carros por habitante, o que

certamente implica de maneira direta e indireta na qualidade do ar desta cidade. Em 2003, a

relação era 0,48 veículos por habitante de Curitiba, já em 2013 saltou paa 0,77. O gráfico da

figura 4 representa a curva de crescimento deste valor ao longo dos últimos anos, onde

observamos que apesar de se manter constante de 2012 para 2013, os anos anteriores o

crescimento foi desmedido.

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Figura 3: Crescimento no numero absoluto de veículos no município de Curitiba 2003-2013

Fonte: DENATRAN. Org: CASTELHANO, F.

Figura 4: Crescimento da relação Carro/habitante no município de Curitiba. 2003-2013

Fonte: DENATRAM e IBGE. Org: Autores

As indústrias, também apontados como o outro ator principal na questão da

qualidade do ar, apresentam crescimento em números absolutos em todas as cidades da

RMC. Segundo dados do IPARDES (2014), dentre os municípios da RMC, Curitiba apresenta o

maior numero absoluto de indústrias, com um total de 4.955 estabelecimentos assim

enquadrados pela classificação do IBGE. De 2003 até 2012, verificamos um aumento de

33,7% no numero de estabelecimentos industriais no município

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Os demais municípios trabalhados neste artigo, Colombo e Araucária

apresentaram um crescimento significativo de 60,3% e 63,2% respectivamente. Atualmente

Colombo conta com 715 estabelecimentos assim enquadrados e Araucária 413(figura 5).

Outros municípios que tem números interessantes são Almirante Tamandaré,

Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais, que mostraram crescimentos de 46,2%,

68,3%, 48,3% e 53,9% respectivamente. São José dos Pinhais e Pinhais são os municípios,

após Curitiba, que mais possuem indústrias, com 1.130 e 804 respectivamente, lembrando

que ambos estes municípios, conurbados com a capital não contam com estações de

monitoramento do IAP.

Observamos ainda que indústrias como mecânica, metalúrgica, química,

extração de minerais e de produtos minerais não metálicos, citadas por Souza (2006) como

as principais responsáveis por emissões de poluentes a atmosfera, junto com a de papel e

celulose e têxtil, cresceram consideravelmente nos três municípios (Tabela 2).

Figura 5: Crescimento no numero absoluto de estabelecimentos classificados como indústrias nosmunicípios de Colombo, Curitiba e Araucária – PR.

Fonte: IPARDES (2014). Org.: CASTELHANO, F.

A indústria mecânica é caracterizada pela Classificação Nacional de Atividades

Econômicas (CNAE) como atividades voltadas a fabricação de máquinas e equipamentos,

inclusive os componentes mecânicos, partes e peças, para as atividades industriais,

agrícolas, extração mineral e construção, transporte e elevação de cargas e pessoas, para

ventilação, refrigeração, instalações térmicas ou outras atividades semelhantes

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Esta foi de longe a que mais cresceu nos três municípios, com especial ênfase

para Araucária, que apresentava 17 estabelecimentos assim caracterizados em 2003 passou

a ter 69 em 2012.

Tabela 2: Taxas de crescimento dos tipos de indústria em Curitiba, Colombo e Araucária – 2003/2012

TIPO DE INDÚSTRIA/ MUNICIPIO

COLOMBO CURITIBA ARAUCARIA

EXTRAÇÃO D E MINERAIS30%

-18,18% 0%

MINERAIS NÃO-METALICOS

24,3% 6,4% 37,5%

METALURGICA 105,7% 54,32% 32%

MECANICA 187,5% 139,13% 305,8%

QUIMICA 57,7% 0,58% 28,2%

Fonte: Ipardes (2014)

Com exceção da indústria de extração de minerais em Curitiba, e da química no

mesmo município, as demais apresentaram expressivo crescimento no período analisado. O

município de Colombo apresentou os maiores índices de crescimento em todas as

classificações, a exceção das indústrias mecânicas, indicando a crescente industrialização do

município.

A quantidade de veículos na cidade, assim como a crescente industrialização não

só de Curitiba, mas de novos pólos industriais na RMC conforme citado anteriormente

sugere uma qualidade do ar deficitária, conforme diagnosticado por Danni-Oliveira (2000). E

nos faz questionar o porquê da rede de monitoramento ser tão restrita.

RESULTADOS

Vimos anteriormente que tanto a frota de veículos, quanto as indústrias não

param de crescer em Curitiba e sua região metropolitana. Observamos que municípios com

Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais estão se tornando verdadeiros pólos

industriais, com um percentual de crescimento elevado no que diz respeito as esta

atividade.

Todavia os dados fornecidos pelo IAP apontam uma realidade diferente da

hipotetisada. De inicio observamos que o poluente monóxido de carbono (CO) não teve seu

limite (35 ppm/hora) ultrapassado em nenhuma das estações em momento algum nos

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últimos 10 anos. Este poluente só foi mensurado pelas estações na Praça Ouvidor Pardinho,

Boqueirão, REPAR e CIC.

Em relação ao O3, este foi outro poluente que não se mostrou como um

problema, conforme relatado pelas estações oficiais. A única estação a relatar valores acima

dos estipulados (120ppb/hora) foi a estação Assis em Araucária, e estes foram relatados

somente duas vezes no ano de 2005, após este ano os valores voltaram a se manter abaixo

do estipulado. Cabe ressaltar que, tanto as estações da Santa Casa e de Colombo não

registraram este poluente.

O dióxido de nitrogênio apresentou resultados diferentes dos poluentes

anteriores. Mais uma vez, somente as estações da Santa Casa e de Colombo não a mediram.

Conforme observamos no gráfico da figura 6 as estações localizadas na praça ouvidor

pardinho e na REPAR em Araucária foram as que apresentaram o maior numero de

violações ao limite proposto pela legislação, no caso do NO2, 100ppb/hora. A estação da

Repar apresentou seu pico em 2004, ano em que foram registradas 55 transgressões ao

limite proposto. O valor cai gradativamente até o ano de 2007 quando volta a subir e cai

novamente em 2012, tendo registrado apenas duas e uma violação nos dois últimos anos

respectivamente.

Figura 6: Violações dos parâmetros legais de NO2 no ar, nas estações de monitoramento do IAP naRMC - Período 2003-2013.

Org.: CASTELHANO, F.

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A estação na praça ouvidor pardinho, no centro da capital foi a que registrou o

maior numero de violações em um único ano, contando 83 em 2008. No ano seguinte tal

numero caiu a apenas uma e seguiu baixo até 2013 quando não foram registradas violações

aos limites primários.

A estação no boqueirão apresentou um pico no numero de transgressões em

2006, quando em 48 ocasiões tais valores foram ultrapassados, todavia, apresentou uma

queda brusca no ano seguinte, seguida por um intervalo de ausência de dados em função

de má manutenção.

Já a estação na CIC apresentou somente uma transgressão em seu primeiro ano

de funcionamento, 2011. E por ultimo, a estação Assis em Araucária chegou a ter 5 violações

em 2006, mas apresentou quedas nos anos seguintes se alternando em uma e nenhuma

violação

Por fim, o ultimo poluente químico trabalhado o SO2 e que tem como limite

primário estipulado o valor de 75ppb/hora. Este poluente foi mensurado por todas as

estações com exceção da localizada em Colombo, e a da Santa Casa e do CIC, que só

passaram a registrá-la a partir de 2011.

Este poluente só registrou violações em seus limites nas estações de Araucária

(Assis e Repar) e na do Boqueirão. As demais não registraram valores acima do considerado

prejudicial.

O gráfico da figura 7 aponta a estação da REPAR como o local onde o ar estava

mais contaminado com dióxido de enxofre. Somente no ano de 2005 em 287 ocasiões

foram registrados valores acima dos 75ppb/hora.

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Figura 7: Violações dos parâmetros legais de SO2 no ar, nas estações de monitoramento do IAP naRMC - Período 2003-2013.

Org.: CASTELHANO, F..

As violações seguiram em alto numero até o ano de 2011 quando de 190

registradas em 2010, caíram para 27 em 2012 e nenhuma em 2013. A estação de Assis

chegou a registrar 14 violações em 2008, todavia assim como a estação REPAR, foi

registrando gradualmente quedas, até não registrar mais violações em 2013. O mesmo

ocorreu com a estação do Boqueirão, que chegou a registrar quatro violações em 2005,

todavia desde 2011 tal poluente não ultrapassa o limite nesta estação.

Por fim, o poluente físico analisado, as Partículas Totais em Suspensão (PTS), que

tem como níveis primário e secundário, 150 e 240 µg/dia respectivamente. Este poluente foi

medido por todas as estações exceto a do bairro Santa Cândida, ressaltando que as

estações CIC, Colombo e Santa Casa só passaram a medi-la em 2011.

Este poluente se mostrou como mais presente, de longe, nos registros da

estação localizada em Colombo. Nos três anos de registros, o ano de 2012 apresentou os

resultados mais perturbadores, os quais, em 110 dias do ano os limites secundários foram

ultrapassados, e em outros 24 dias, os limites primários foram ultrapassados, totalizando

134 dias do ano com más condições de ar em função do PTS.

O ano de 2011 também foi complicado nesta região, sendo registrados 106

violações de níveis secundários e outras 16 de nível primário, totalizando 122 dias com más

condições de ar.

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O gráfico na figura 8 aponta o numero de transgressões aos níveis secundários

no que diz respeito as partículas totais em suspensão. Além da estação de Colombo, as

estações do CIC, REPAR, Boqueirão e Santa Casa também apresentaram um histórico de

violações ao longo dos últimos anos.

Figura 8: Violações dos parâmetros legais de PTS em nível secundário no ar, nas estações demonitoramento do IAP na RMC - Período 2003-2013.

Org.: CASTELHANO, F.

Embora tenham sido elevados, devemos ressaltar novamente a tendência a

queda, observada de três anos para hoje. Tanto as estações Assis, Boqueirão, CIC, Santa

Casa, REPAR e Colombo, vem apresentando uma queda gradual no numero de violações.

Boqueirão por exemplo que por 12 vezes em 2011 e 14 em 2007 ultrapassou o nível

secundário, em 2013 registrou somente uma.

Por fim, com relação aos níveis primários, como citado anteriormente, a estação

Colombo foi a que mais registrou violações nestes padrões. De 2011 para cá, estas violações

só foram registradas de fato em Colombo (figura 9). REPAR e Boqueirão, outras estações

que chegaram a registrar grandes quantidades de PTS no ar ja não registram violações a

este nível desde 2011 e 2010 respectivamente.

O que podemos observar comparando os dois gráficos é que, em relação a

estação de Colombo, embora as violações em nível secundário tenham diminuído, as em

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nível primário estão aumentando. Assim, em 2011, tivemos ao todo 122 dias com má

qualidade do ar, registrado na estação, em 2012 este numero subiu para 134 e em 2013

voltou a cair para 120.

Figura 9: Violações dos parâmetros legais de PTS em nível primário no ar, nas estações demonitoramento do IAP na RMC - Período 2003-2013.

Org.: CASTELHANO, F..

CONCLUSÃO

Os dados acima demonstram a evolução da qualidade do ar na RMC. O que

observamos é uma tendência a queda no que diz respeito aos poluentes químicos. Assim,

vemos que 2013 foi, nos últimos dez anos, o ano em que menos vezes ocorreram violações

aos parâmetros legais de qualidade de ar.

As quedas nas quantidades de dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre foram

as que mais chamaram a atenção. A primeira, que chegou a registrar 116 violações em todas

as estações no ano de 2008, registrou para apenas duas em 2013, e a segunda registrando

299 violações em 2005, não teve registro nenhum em 2013.

A poluição física aparentemente é a mais preocupante na estação em Colombo,

as demais como Boqueirão, REPAR, CIC e Santa Casa, apresentaram a mesma tendência a

queda observada nos poluentes químicos. Colombo, todavia, apresenta uma elevação nas

violações aos parâmetros primários de PTS, algo preocupante.

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Mas de fato, como explicar a melhora na qualidade de ar na cidade em conjunto

com o crescimento de seus principais agentes causadores?

Existem alguns fatores que podem ajudar a compreender esta situação. Em

1.986 a resolução 18 do CONAMA criou o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do

Ar por Veiculos Automores). Este programa do governo estabeleceu fases de aplicação que

gradativamente impõe reduções aos limites máximos de emissão de poluentes por veículos

automotores. A primeira fase, estabelecida em 1.988, permitia, entre outros, uma emissão

máxima de 24g/km de CO para os veículos construídos a partir daquele ano. A ultima fase

do programa foi instituído em 2.009 e prevê um limite de 1,3g/km de emissão para o mesmo

poluente, uma diminuição notável entre 1.988 e 2.009, recordando que ao longo destes

outras cinco fases foram instituídas reduzindo gradualmente estes valores.

Assim, podemos afirmar que, por mais que a frota aumente os níveis de poluição

não necessariamente acompanharão este crescimento.

Outro fator interessante é que dados do IPPUC chamam a atenção para o

surgimento de novos pequenos centros em Curitiba, nos bairros do Xaxim, Cajuru e Sitio

Cercado (figura 10), o que justifica a expansão da rede de monitoramento para estas novas

áreas. A rede atualmente segue um transecto nordeste-sudoeste de Colombo até Araucária,

sendo a única exceção a estação no Boqueirão, na zona leste da cidade, deixando

verdadeiros vazios nas regiões leste e oeste da cidade.

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Figura 10: Crescimento populacional na Região Metropolitana de Curitiba, 1955 – 2005

Fonte: COMEC (2010)

Além deste aumento populacional, conforme já citado anteriormente, cidades

como São José dos Pinhais e Pinhais, já possuem parques industriais maiores que Araucária

e Colombo, todavia não contam com estações para monitoramento da qualidade do ar. A

dispersão de indústrias em outras localidades também ocorre na capital. O IPPUC aponta

que os bairros do Tatuquara e Sitio Cercado além do Campo do Santana, de 2006 a 2010

tiveram aumentos significativos em seu numero de indústrias, 76, 2,74,5 e 101,3%

respectivamente.

Estes dados nos permitem concluir que a RMC passou por uma remodelagem

em sua configuração espacial no que diz respeito a sua população e suas indústrias. Por

mais que, os bairros do CIC e do Boqueirão sigam como os principais em estabelecimentos

industriais o surgimento de novos pequenos centros deve ser levado em conta pelo IAP no

que diz respeito a novas estações. Além do mais, manter apenas uma estação na CIC não é

suficiente, ainda mais se levando em conta que a região que a mesma se localiza é um

ponto residencial do bairro.

A expansão desta rede se faz necessária tendo em vista que, grandes regiões

não são cobertas, expondo populações a riscos de contaminação atmosférica reais.

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REFERÊNCIAS

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CARVALHO Jr. J.A e LACAVA, P.T Emissões emprocessos de combustão, São Paulo, EditoraUNESP, 2003

DANNI-OLIVEIRA, I.M, A cidade de Curitiba e aPoluição do ar, Tese de doutorado, USP, 2000

FELLENBERG, G. Introdução aos problemas dapoluição ambiental, Edusp, São Paulo, 1980

MENDONÇA, F.de A., Geografia e Meio Ambiente,Editora Contexto, São Paulo, 1993

MONTEIRO, C. A. F., Teoria e clima urbano, SãoPaulo, USP, 1976.

OJIMA, R; HOGAN, D. J. População, urbanização eambiente no cenário das mudançasambientais globais: debates e desafios para ademografia brasileira. Anais do XVI EncontroNacional de Estudos Populacionais, Caxambu,2008

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SOUZA, S.L. Poluição do ar e DoençasRespiratórias, Araucária - PR, Dissertação demestrado, UFPR, 2006

TRICART, J. Ecodinâmica, Rio de Janeiro, IBGE, 1977

VERNIER, J. O Meio ambiente. Campinas, SP. Ed.Papirus, 1994

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QUALIDADE DO AR EM CURITIBA E RMC: DIAGNÓSTICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL

EIXO 4 – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional

RESUMO

A poluição atmosférica em áreas urbanas constitui tema de alta relevância na atualidade,

especialmente devido aos debates acerca das mudanças climáticas globais e suas repercussões

sobre a sociedade. Um dos principais impactos negativos da degradação do ar incide sobre a

saúde da população, comprometendo-a de maneira direta. Casos extremos como o ocorrido na

cidade de Cubatão/SP (anos 1980) serviram de alerta para os graves problemas decorrentes da

queda da qualidade atmosférica urbana em áreas industriais, ao mesmo tempo que evidenciou a

necessidade do monitoramento constante das mesmas pelas instituições públicas. Tal

problemática também foi constatada na Região Metropolitana de Curitiba que, na década de 1970,

registrou a instalação de um pólo industrial em sua porção sudoeste – município de Araucária –

como resultado local do Plano Nacional de Desenvolvimento. Danni-Oliveira (2000) estudou os

reflexos da hiperdensificação da área central de Curitiba no clima urbano, tendo aferido alto

comprometimento da qualidade do ar da cidade devido, principalmente, à intensa circulação de

veículos automotores e à localização industrial. Curitiba e sua região metropolitana são

monitoradas pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) através de estações medidoras de qualidade

do ar distribuídas nos municípios de Colombo, Curitiba, e Araucária. Tal monitoramento teve inicio

em 1.985, com a instalação de uma estação na Santa Casa, localizada na Praça Rui Barbosa, e

outras três no município de Araucária. Hoje, a rede conta com um total de 13 estações localizadas

nos municípios citados e mensalmente são disponibilizados eletronicamente boletins com os

dados das estações. No presente estudo apresentamos as condições atuais da qualidade do ar

nos pontos monitorados pela rede do IAP, para tanto, são analisados dados de qualidade do ar

(gasosos e particulados) no período de 2003 a 2013. Tais dados foram cruzados com informações

relevantes como: a) distribuição espacial dos pontos e sua representação, b) comparação dos

dados com a evolução da frota de veículos e, c) distribuição espacial das indústrias poluidoras, de

modo a se compreender a dinâmica da poluição atmosférica e sua evolução ao longo dos últimos

dez anos. Os dados indicam que a poluição nos pontos de monitoramento esta gradativamente

menor, apesar da frota de veículos e número de indústrias apresentarem uma ascensão constante.

Esta redução da poluição muito provavelmente está relacionada a troca de combustíveis por

outros menos poluentes no transporte coletivo, a melhoria da tecnologia nos automóveis e a falta

de representatividade das estações de monitoramento situadas basicamente em três locais na

região metropolitana. A concentração das estações no eixo norte-sul da RMC é um fator a ser

analisado, tendo em vista a falta de pontos de monitoramento em outras localidades de igual

importância e necessidade, o que sugere que a distribuição das estações deve ser repensada..

Palavras-chave: qualidade do ar; curitiba; urbanização; industrialização.

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