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QUALIDADE DO AR EM CURITIBA E RMC:DIAGNÓSTICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL1
Francisco Jablinski Castelhano
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Eliane Seraphim Dumke
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Francisco de Assis Mendonça
Universidade Federal do Paraná – UFPR
INTRODUÇÃO
A problemática ambiental configura, na atualidade, um dos mais importantes
desafios à ciência e à sociedade. Conseqüência de um modelo de sociedade onde se preza o
consumo e o individualismo, o momento presente atesta profunda crise ambiental de
dimensões jamais vivenciadas pela humanidade.
O avanço das áreas urbanas sobre as rurais, assim como a hiper-densificação
das áreas urbanas já consolidadas, é um fato cada vez mais observado no cenário mundial e
brasileiro, gerando cidades com ambientes cada vez mais complexos e problemáticos, o que
intensifica a gravidade dos problemas socioambientais.
A urbanização brasileira se deu de maneira exageradamente acelerada e
destituída de planos orientadores para o crescimento ordenado dos tecidos urbanos. De
acordo com Ojima e Hogan (2003),
“centros urbanos monocêntricos densos apresentam aspectos ambientalmente
desfavoráveis em escala local, como, por exemplo, a concentração da poluição
1 Este texto resulta das atividades de pesquisa ligadas ao Projeto “Mudanças Climáticas Globais e Problemas do ClimaUrbano: Desafios e cenários de adaptação e mitigação em face de riscos e vulnerabilidades socioambientais na RMC- Região Metropolitana de Curitiba”, financiado pelo CNPQ
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atmosférica devido à altaconcentração de veículos automotores, a formação de
ilhas de calor, ou poucas áreas verdes.”
Dentre as inúmeras situações relacionadas à qualidade de vida que estes
processos de urbanização podem vir a acarretar, propomos para este artigo, um estudo da
poluição atmosférica, e suas conseqüências frente à população.
Segundo Mendonça (1993) os processos de industrialização são os grandes
desencadeadores de uma degradação do meio ambiente, que sequenciou o modelo de
desenvolvimento concentrador dos benefícios e de forte impacto sobre a queda da
qualidade de vida da sociedade como um todo; a qualidade do ar constitui um dos
importantes impactos negativos deste processo sobre a população.
No Brasil, podemos lembrar o exemplo da região de Cubatão, que nos anos 80 e
inicio dos 90 apresentava níveis altíssimos de poluentes, causando uma série de danos à
saúde da população local; desde esta época, com mais evidencia, destaca-se a importância
de se manter uma rede de monitoramente da qualidade do ar no país, mas principalmente
em grandes pólos industriais como é o caso de Cubatão no estado de São Paulo.
Neste trabalho em especifico, trataremos da qualidade do ar na Região
Metropolitana de Curitiba, com especial ênfase nos municípios de Curitiba e Araucária,
historicamente, os mais afetados pelo excesso de poluentes no ar.
Instituída em 1.973, a Região Metropolitana de Curitiba conta com um total de
29 municípios, que, de acordo com a legislação, apresentam de alguma forma, uma relação
de interdependência com a capital Curitiba. Os últimos municípios a entrarem na RMC
foram Campo do Tenente, Piên e Rio Negro, já na divisa com Santa Catarina. Segundo o
censo do IBGE (2010) a RMC conta com uma população de 3.430.848 habitantes.
A qualidade do ar de Curitiba e sua região metropolitana são monitoradas pelo
Instituto Ambiental do Paraná (IAP) através de estações medidoras de qualidade do ar,
dispersas entre os municípios de Colombo, Curitiba, e Araucária. Tal monitoramento teve
inicio em 1.985, com a instalação de uma estação de monitoramento na Santa Casa de
Curitiba, localizada na Praça Rui Barbosa, região central da cidade, e outras três no
município de Araucária. Hoje em dia, a rede conta com um total de 13 estações dispersas
entre os municípios anteriormente citados e mensalmente boletins com os resultados das
estações são disponibilizados através do sitio eletrônico do órgão para a população. Para
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este trabalho trabalharemos com as estações em, Curitiba, as estações Assis e REPAR em
Araucária e a estação em Colombo (Figura 1).
Danni-Oliveira (2000) cita o intenso trafico de veículos juntamente com a
presença de indústrias como os grandes responsáveis pela má qualidade do ar em Curitiba,
assim, a presença de estações de monitoramento da qualidade do ar nos locais onde estes
fatores são mais intensos é justificada.
Somente em Araucária, existem seis estações do IAP, número maior que
Curitiba, que apresenta uma população muito maior. Tal número se deve ao fato de que a
cidade de Araucária concentra uma grande quantidade de indústrias de alto potencial de
emissões atmosféricas dentro de seu território. Segundo Silva (2006) a industrialização de
Araucária teve início em 1.972 com a instalação de uma refinaria da Petrobrás na região.
De acordo com a autora, a instalação da REPAR foi conseqüência das estratégias
desenvolvimentistas dos I e II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) que culminaram
ainda com a criação, em 1.973, da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e do Centro Industrial
de Araucária (CIAR).
Figura 1: Localização das estações analisadas e dos respectivos municípios
Fonte: IAP e IBGE. Org: CASTELHANO, F.
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A autora cita ainda a intensa modificação na produção do espaço urbano dentro
de Araucária com a instituição da CIAR:
“... modifica-se o papel do centro tradicional que antes da reestruturação era o
espaço articulador de todas as funções urbanas (circulação, habitação e
trabalho) e abrigava de forma concentrada a diversidade de relações
socioespaciais e toda a população urbana do município. A partir da década de
1970, apesar de continuar desempenhando o papel de centro
político-administrativo, este subespaço passa a ser reservado como local de
moradia das famílias tradicionais, que pela maior presença dos meios de
consumo coletivo e individual, possibilitava um padrão de vida urbano superior
ao recém desbravado da periferia. O centro tradicional deixa de ser, portanto o
único pólo em torno do qual se dá a estruturação urbana passando a dividir este
papel com a CIAR.”
Apesar de apresentar um grande número de estações, a concentração destas
em poucos locais é passível de questionamentos, já que existem grandes regiões de Curitiba
e da RMC que não possuem quaisquer monitoramentos de sua qualidade do ar.
Desta maneira, no presente estudo apresentamos as condições atuais da
qualidade do ar nos pontos monitorados pela rede do IAP, para tanto, são analisados dados
de qualidade do ar (gasosos e particulados) no período de 2003 a 2013 nas estações de
Curitiba, e as estações de Assis e Repar no município de Araucária. Tais dados foram
cruzados com informações relevantes como: a) distribuição espacial dos pontos e sua
representação, b) comparação dos dados com a evolução da frota de veículos e, c)
distribuição espacial das indústrias poluidoras, de modo a se compreender a dinâmica da
poluição atmosférica e sua evolução ao longo dos últimos dez anos.
METODOLOGIA
Monteiro (1976) em sua teoria do Sistema Clima Urbano compara o clima de
uma cidade com um sistema aberto, segundo o qual vários são os aspectos que interferem
na estrutura destes sistemas. Portanto, mudanças no tamanho da população, seus padrões
de comportamento e suas expressões socioeconômicas influem no clima da cidade.
Em sua teoria, o autor cita como fundamental a compreensão dos três canais da
percepção presentes de um sistema clima urbano. São eles, o termodinâmico, que diz
respeito ao conforto térmico, o físico-químico, referentes à qualidade do ar, e por fim o
hidro meteórico, no que diz respeito a precipitações. Dentre estes, para este trabalho
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utilizaremos as analises nos campos físico-químicos, segundo tal autor, a gênese deste
campo diferentemente dos outros, está diretamente ligada a ação humana.
Para a realização deste trabalho foram levados em conta somente dados
secundários no que diz respeito à qualidade do ar. Tais dados foram fornecidos pelo IAP e
devidamente tabulados e organizados através do software Excel.
A série histórica iniciada em 2003 até o ano de 2013 foi padronizada levando em
conta que, algumas estações apresentaram hiatos em seus dados devido a mal
funcionamento ou má manutenção das mesmas. Ainda consideramos que, as estações mais
antigas ainda são manuais, o que gera certa diferença entre os tipos de dados a serem
analisados, portanto, só foram levados em conta, aspectos medidos pelos mesmos padrões
em todas as estações. Um problema encontrado nesta padronização foi a ausência de
dados em algumas estações, a estação localizada no bairro Santa Cândida, por exemplo, não
apresenta em momento algum, dados relativos a Particulas Totais em Suspensão (PTS) em
toda série. Já a estação localizada no CIC tem sua série iniciada somente em 2011.
Foram realizadas visitas e observações de campo nos locais onde se localizam as
estações de monitoramento, de modo que a realidade representada pelos dados fornecidos
fosse identificada e compreendida (figura 2). Os campos de observação foram realizados
nos dias 01/03 e 03/03, e as estações visitadas foram, Colombo, Santa Cândida, Praça
Ouvidor Pardinho, Santa Casa, Boqueirão, CIC, Assis e Repar .
As estações localizadas na Santa Casa e Praça Ouvidor Pardinho evidenciam
locais onde o trafego intenso de veículos é o principal emissor de poluentes.
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Figura 2: Registro de visita a estação de monitoramento do IAP no município de Colombo
Foto: CASTELHANO, F.
As estações localizadas nos bairros Santa Cândida, na Estrada das Olarias, 1081 e
Boqueirão na Rua Professora Maria Assumpção, 2590, representam outro tipo de ocupação,
o bairro do Boqueirão apresenta certo numero de barracões industriais em sua região, o
que justifica o monitoramento da qualidade de ar no local. Já a estação da Santa Cândida se
localiza isolada de grandes edificações, muito próximos a áreas verdes e distante de grandes
complexos industriais, seus dados podem ser utilizados a titulo de comparação com as
demais.
Por fim as estações do CIC na Avenida Senador Accioly Filho, 2400, Repar,na
Rodovia do Xisto Km 16 e Assis, na Rua Nossa Senhora dos Remédios S/N, representam
locais de grandes aglomerados industriais na região sul de Curitiba e da RMC e, portanto
devem ser monitoradas com extrema pericia já que são as regiões que mais apresentam
problemas nesta ordem. Cabe-se ressaltar que a poluição atmosférica na região da Repar,
na Rodovia do Xisto em Araucária pode ser sentida sem o auxilio de maiores aparelhos,
apenas visualmente e principalmente pelo odor.
Conforme aponta Souza (2006), Vernier (1994) e Carvalho Jr e Lacava (2003) os
principais poluentes encontrados em ambientes urbanos tem como fontes a queima de
combustível fóssil através de veículos automotores e processos industriais. São citados por
Souza (2006), partículas totais em suspensão, partículas inaláveis e fumaça, dióxido de
enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de carbono (CO) e Ozônio (O3).
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Os dados do IAP medem justamente tais poluentes citados acima e são estes
(PTS, SO2, CO, O3 e NO2) os trabalhados neste artigo. Além disto, monitoram a qualidade do
ar, indicando se este, na localidade, esta adequado ou não, apontando qual ou quais os
poluentes estão acima da média estipulada pela resolução 03/1990 do CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente) que estabelece os padrões legais de qualidade do ar no Brasil
segundo critérios do PRONAR.
Neste documento, fica definido quais são os parâmetros primários de qualidade
do ar (concentrações de poluentes que ultrapassadas poderão afetar a saúde humana) e os
secundários (concentrações abaixo das quais se prevê o mínimo efeito ao bem-estar da
população e também do meio-ambiente como um todo) em relação à estes poluentes
citados.
Estão previstos nesta resolução também, os níveis destes poluentes os quais
devem ser considerados como alarmantes, as entidades responsáveis pelo monitoramento
dos mesmos, assim como os seus respectivos métodos.
Os dados trabalhados no IAP possuem parâmetros de medição diferentes aos
mencionados na legislação brasileira, que tem como medida o micrograma por hora. O
órgão paranaense utiliza as medidas internacionais, PPM e o PPB (partes por milhão e
partes por bilhão respectivamente). Assim sendo, foi feita uma busca na legislação
internacional para averiguar quais são os parâmetros utilizados com estas medidas e assim
utilizá-las neste estudo.
A analise de qualidade de ar se baseou em quantas vezes ao ano determinado
poluente excedeu os limites propostos pela tabela 1 em suas respectivas estações. Assim, a
temática deste trabalho se sustenta em uma comparação entre estes dados de qualidade do
ar, frota de veículos e estabelecimentos industriais. Para tanto se foi necessário recorrer a
dados do IBGE, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) e
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) no que diz respeito às
indústrias, já no que diz respeito à frota de veículos, foram cruzadas informações obtidas no
Departamento Nacional de Transito (DENATRAN) que indicavam a quantidade de veículos
automotores por cidade, com informações populacionais do IBGE.
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Tabela 1: Parâmetros mínimos de concentração de poluentesPOLUENTE NIVEL PRIMÁRIO NIVEL SECUNDARIOCO 35ppm/hora -SO2 75 ppb/hora -NO2 100 ppb/hora -O3 120 ppb/hora -PTS 240µg/dia 150 µg/dia
Fonte: CONAMA e NAAQS. Org. CASTELHANO, F.
Por fim, os mapas gerados ao longo do trabalho foram obtidos com o auxilio dos
softwares ArcGIS 10.1 e Qgis 2.2.
Com os dados devidamente tratados e padronizados foi possível partir para a
análise integrada dos mesmos e promover a discussão montando um diagnóstico da
situação atual no que diz respeito à poluição atmosférica da RMC.
DISCUSSÃO
Traçando um breve histórico da poluição ambiental, Fellenberg (1980) cita este
problema como algo não recente como curtumes da Grécia antiga, e fundições de prata,
fabricantes de azeite e matadouros do Império Romano, como exemplos de que a emissão
de poluentes acompanha o homem desde sua antiguidade.
Ayoade (1983) conceitua poluição atmosférica como a introdução de quaisquer
substancias diferentes de seus componentes naturais, podendo ter origem natural ou
antropica, citando polens, bactérias e erupções vulcânicas como exemplos de naturais, e
principalmente a queima de combustíveis fosseis como as antrópicas. O autor cita que a
intensidade da poluição atmosférica em determinado local tem duas variáveis principais, o
índice de poluentes emitidos, e o índice de dispersão e diluição de tais poluentes.
Para Tricart (1977), a participação do homem nos ecossistemas em que vive
causa sua modificação, e por conseqüência gera uma resposta destes, o que determinam
uma série de adaptações do homem. A perda na qualidade do ar das cidades mais
populosas esta ligada a esta afirmação, uma vez que a participação do homem é a causa
direta deste processo, e este por sua vez o obrigou a se adaptar a esta nova realidade que
ele próprio criou.
As conseqüências de uma má qualidade do ar são inúmeras, Boubel et.al (1994)
cita danos aos sistemas circulatórios, oftalmológicos e respiratórios como os principais,
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sublinhando o respiratório como de longe o que mais sofre com as condições adversas da
atmosfera.
O evento ocorrido em Cubatão nos anos 80, que chegou a ser denominada “Vale
da Morte”, e registrou inúmeros casos de nascimentos de anencéfalos em função da
poluição atmosférica culminou com a retirada de um bairro inteiro (Vila Parisi) para outra
região. Segundo Alonso e Godinho (1992), dentre os poluentes que foram detectados na
cidade, a quantidade de material particulado na atmosfera foi a mais intensa.
De acordo com os autores, os primeiros episódios problemáticos foram
registrados em 1984. Os de maior repercussão estão todos relacionados com fatores
meteorológicos, como a presença de anticiclones tropicais semi-estacionarios por vários
dias, tornando a atmosfera estável e impedindo a dispersão destes poluentes.
Em seu trabalho de doutorado, Danni-Oliveira (2000) trata da questão da
qualidade do ar na cidade de Curitiba em períodos de inverno. Utilizando-se do conceito de
sistema clima urbano abordado por Monteiro (1976), a autora trabalha o sub-sistema físico-
químico e seus atributos dentro do recorte referente ao município e os relaciona com os
sistema climáticos e fatores temporais atuantes durante os períodos de coleta.
Para tanto, foram realizadas pesquisas de monitoramento da qualidade do ar da
cidade especificamente em seus eixos estruturais nos quais o desenvolvimento da cidade é
pautado.
Nestes eixos foram escolhidos vinte e seis pontos de coleta, que representassem
os diferentes bairros da cidade em diferentes pontos. Assim sendo a autora coletou ao
longo de três anos, amostras de ozônio, material particulado e NO2, nestes pontos,
Ao fim das coletas Danni-Oliveira analisa que os locais onde o fluxo de veículos é
maior apresentam uma maior concentração de material particulado em suspensão e de
dióxido de nitrogênio. A interferência dos atributos de uso de solo nos locais analisados
também teve clara relação nos índices de poluição. Segundo a autora, a região da CIC, que
apresentava maior índice de industrialização, também apresentou os maiores índices de
deposição ácida na forma de SO4, já a região rural de São José dos Pinhais, apresentou
baixos índices das espécies analisadas.
Em relação aos fatores climáticos, a autora deixa claro que não foi possível se
estabelecer uma relação direta entre a concentração de poluentes e os tipos de tempo
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ocorrido, no entanto seus resultados sugerem que os episódios mais críticos estavam
associados ao domínio da Massa Polar Atlântica.
Outro fator temporal que apresenta forte relação com a dispersão dos poluentes
são a força e direção dos ventos, segundo conclusão da autora, as situações em que a
incidência dos ventos foi menor, foram favoráveis a elevação dos índices dos poluentes
monitorados em todos os locais analisados.
Desta maneira, a autora cita que as edificações na cidade servem como
microcanyons e dificultam consideravelmente a dispersão dos poluentes, colaborando para
a má qualidade do ar em locais de alta verticalização e intenso trafego de veículos. Ainda é
possível citar a chuva como outro fator importante neste processo. Danni-Oliveira cita que
em 1.998 as chuvas exerceram papel nivelador nos valores dos contaminantes, promovendo
uma menor variabilidade dos mesmos.
A frota de carros em Curitiba saltou de 808.070 veículos registrados em 2003
para um numero de 1.429.534 em 2013. Um crescimento de 76,9% em 10 anos (figura 3),
sendo que a cidade apresenta um dos mais altos índices de carros por habitante, o que
certamente implica de maneira direta e indireta na qualidade do ar desta cidade. Em 2003, a
relação era 0,48 veículos por habitante de Curitiba, já em 2013 saltou paa 0,77. O gráfico da
figura 4 representa a curva de crescimento deste valor ao longo dos últimos anos, onde
observamos que apesar de se manter constante de 2012 para 2013, os anos anteriores o
crescimento foi desmedido.
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Figura 3: Crescimento no numero absoluto de veículos no município de Curitiba 2003-2013
Fonte: DENATRAN. Org: CASTELHANO, F.
Figura 4: Crescimento da relação Carro/habitante no município de Curitiba. 2003-2013
Fonte: DENATRAM e IBGE. Org: Autores
As indústrias, também apontados como o outro ator principal na questão da
qualidade do ar, apresentam crescimento em números absolutos em todas as cidades da
RMC. Segundo dados do IPARDES (2014), dentre os municípios da RMC, Curitiba apresenta o
maior numero absoluto de indústrias, com um total de 4.955 estabelecimentos assim
enquadrados pela classificação do IBGE. De 2003 até 2012, verificamos um aumento de
33,7% no numero de estabelecimentos industriais no município
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Os demais municípios trabalhados neste artigo, Colombo e Araucária
apresentaram um crescimento significativo de 60,3% e 63,2% respectivamente. Atualmente
Colombo conta com 715 estabelecimentos assim enquadrados e Araucária 413(figura 5).
Outros municípios que tem números interessantes são Almirante Tamandaré,
Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais, que mostraram crescimentos de 46,2%,
68,3%, 48,3% e 53,9% respectivamente. São José dos Pinhais e Pinhais são os municípios,
após Curitiba, que mais possuem indústrias, com 1.130 e 804 respectivamente, lembrando
que ambos estes municípios, conurbados com a capital não contam com estações de
monitoramento do IAP.
Observamos ainda que indústrias como mecânica, metalúrgica, química,
extração de minerais e de produtos minerais não metálicos, citadas por Souza (2006) como
as principais responsáveis por emissões de poluentes a atmosfera, junto com a de papel e
celulose e têxtil, cresceram consideravelmente nos três municípios (Tabela 2).
Figura 5: Crescimento no numero absoluto de estabelecimentos classificados como indústrias nosmunicípios de Colombo, Curitiba e Araucária – PR.
Fonte: IPARDES (2014). Org.: CASTELHANO, F.
A indústria mecânica é caracterizada pela Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE) como atividades voltadas a fabricação de máquinas e equipamentos,
inclusive os componentes mecânicos, partes e peças, para as atividades industriais,
agrícolas, extração mineral e construção, transporte e elevação de cargas e pessoas, para
ventilação, refrigeração, instalações térmicas ou outras atividades semelhantes
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Esta foi de longe a que mais cresceu nos três municípios, com especial ênfase
para Araucária, que apresentava 17 estabelecimentos assim caracterizados em 2003 passou
a ter 69 em 2012.
Tabela 2: Taxas de crescimento dos tipos de indústria em Curitiba, Colombo e Araucária – 2003/2012
TIPO DE INDÚSTRIA/ MUNICIPIO
COLOMBO CURITIBA ARAUCARIA
EXTRAÇÃO D E MINERAIS30%
-18,18% 0%
MINERAIS NÃO-METALICOS
24,3% 6,4% 37,5%
METALURGICA 105,7% 54,32% 32%
MECANICA 187,5% 139,13% 305,8%
QUIMICA 57,7% 0,58% 28,2%
Fonte: Ipardes (2014)
Com exceção da indústria de extração de minerais em Curitiba, e da química no
mesmo município, as demais apresentaram expressivo crescimento no período analisado. O
município de Colombo apresentou os maiores índices de crescimento em todas as
classificações, a exceção das indústrias mecânicas, indicando a crescente industrialização do
município.
A quantidade de veículos na cidade, assim como a crescente industrialização não
só de Curitiba, mas de novos pólos industriais na RMC conforme citado anteriormente
sugere uma qualidade do ar deficitária, conforme diagnosticado por Danni-Oliveira (2000). E
nos faz questionar o porquê da rede de monitoramento ser tão restrita.
RESULTADOS
Vimos anteriormente que tanto a frota de veículos, quanto as indústrias não
param de crescer em Curitiba e sua região metropolitana. Observamos que municípios com
Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais estão se tornando verdadeiros pólos
industriais, com um percentual de crescimento elevado no que diz respeito as esta
atividade.
Todavia os dados fornecidos pelo IAP apontam uma realidade diferente da
hipotetisada. De inicio observamos que o poluente monóxido de carbono (CO) não teve seu
limite (35 ppm/hora) ultrapassado em nenhuma das estações em momento algum nos
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últimos 10 anos. Este poluente só foi mensurado pelas estações na Praça Ouvidor Pardinho,
Boqueirão, REPAR e CIC.
Em relação ao O3, este foi outro poluente que não se mostrou como um
problema, conforme relatado pelas estações oficiais. A única estação a relatar valores acima
dos estipulados (120ppb/hora) foi a estação Assis em Araucária, e estes foram relatados
somente duas vezes no ano de 2005, após este ano os valores voltaram a se manter abaixo
do estipulado. Cabe ressaltar que, tanto as estações da Santa Casa e de Colombo não
registraram este poluente.
O dióxido de nitrogênio apresentou resultados diferentes dos poluentes
anteriores. Mais uma vez, somente as estações da Santa Casa e de Colombo não a mediram.
Conforme observamos no gráfico da figura 6 as estações localizadas na praça ouvidor
pardinho e na REPAR em Araucária foram as que apresentaram o maior numero de
violações ao limite proposto pela legislação, no caso do NO2, 100ppb/hora. A estação da
Repar apresentou seu pico em 2004, ano em que foram registradas 55 transgressões ao
limite proposto. O valor cai gradativamente até o ano de 2007 quando volta a subir e cai
novamente em 2012, tendo registrado apenas duas e uma violação nos dois últimos anos
respectivamente.
Figura 6: Violações dos parâmetros legais de NO2 no ar, nas estações de monitoramento do IAP naRMC - Período 2003-2013.
Org.: CASTELHANO, F.
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A estação na praça ouvidor pardinho, no centro da capital foi a que registrou o
maior numero de violações em um único ano, contando 83 em 2008. No ano seguinte tal
numero caiu a apenas uma e seguiu baixo até 2013 quando não foram registradas violações
aos limites primários.
A estação no boqueirão apresentou um pico no numero de transgressões em
2006, quando em 48 ocasiões tais valores foram ultrapassados, todavia, apresentou uma
queda brusca no ano seguinte, seguida por um intervalo de ausência de dados em função
de má manutenção.
Já a estação na CIC apresentou somente uma transgressão em seu primeiro ano
de funcionamento, 2011. E por ultimo, a estação Assis em Araucária chegou a ter 5 violações
em 2006, mas apresentou quedas nos anos seguintes se alternando em uma e nenhuma
violação
Por fim, o ultimo poluente químico trabalhado o SO2 e que tem como limite
primário estipulado o valor de 75ppb/hora. Este poluente foi mensurado por todas as
estações com exceção da localizada em Colombo, e a da Santa Casa e do CIC, que só
passaram a registrá-la a partir de 2011.
Este poluente só registrou violações em seus limites nas estações de Araucária
(Assis e Repar) e na do Boqueirão. As demais não registraram valores acima do considerado
prejudicial.
O gráfico da figura 7 aponta a estação da REPAR como o local onde o ar estava
mais contaminado com dióxido de enxofre. Somente no ano de 2005 em 287 ocasiões
foram registrados valores acima dos 75ppb/hora.
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Figura 7: Violações dos parâmetros legais de SO2 no ar, nas estações de monitoramento do IAP naRMC - Período 2003-2013.
Org.: CASTELHANO, F..
As violações seguiram em alto numero até o ano de 2011 quando de 190
registradas em 2010, caíram para 27 em 2012 e nenhuma em 2013. A estação de Assis
chegou a registrar 14 violações em 2008, todavia assim como a estação REPAR, foi
registrando gradualmente quedas, até não registrar mais violações em 2013. O mesmo
ocorreu com a estação do Boqueirão, que chegou a registrar quatro violações em 2005,
todavia desde 2011 tal poluente não ultrapassa o limite nesta estação.
Por fim, o poluente físico analisado, as Partículas Totais em Suspensão (PTS), que
tem como níveis primário e secundário, 150 e 240 µg/dia respectivamente. Este poluente foi
medido por todas as estações exceto a do bairro Santa Cândida, ressaltando que as
estações CIC, Colombo e Santa Casa só passaram a medi-la em 2011.
Este poluente se mostrou como mais presente, de longe, nos registros da
estação localizada em Colombo. Nos três anos de registros, o ano de 2012 apresentou os
resultados mais perturbadores, os quais, em 110 dias do ano os limites secundários foram
ultrapassados, e em outros 24 dias, os limites primários foram ultrapassados, totalizando
134 dias do ano com más condições de ar em função do PTS.
O ano de 2011 também foi complicado nesta região, sendo registrados 106
violações de níveis secundários e outras 16 de nível primário, totalizando 122 dias com más
condições de ar.
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O gráfico na figura 8 aponta o numero de transgressões aos níveis secundários
no que diz respeito as partículas totais em suspensão. Além da estação de Colombo, as
estações do CIC, REPAR, Boqueirão e Santa Casa também apresentaram um histórico de
violações ao longo dos últimos anos.
Figura 8: Violações dos parâmetros legais de PTS em nível secundário no ar, nas estações demonitoramento do IAP na RMC - Período 2003-2013.
Org.: CASTELHANO, F.
Embora tenham sido elevados, devemos ressaltar novamente a tendência a
queda, observada de três anos para hoje. Tanto as estações Assis, Boqueirão, CIC, Santa
Casa, REPAR e Colombo, vem apresentando uma queda gradual no numero de violações.
Boqueirão por exemplo que por 12 vezes em 2011 e 14 em 2007 ultrapassou o nível
secundário, em 2013 registrou somente uma.
Por fim, com relação aos níveis primários, como citado anteriormente, a estação
Colombo foi a que mais registrou violações nestes padrões. De 2011 para cá, estas violações
só foram registradas de fato em Colombo (figura 9). REPAR e Boqueirão, outras estações
que chegaram a registrar grandes quantidades de PTS no ar ja não registram violações a
este nível desde 2011 e 2010 respectivamente.
O que podemos observar comparando os dois gráficos é que, em relação a
estação de Colombo, embora as violações em nível secundário tenham diminuído, as em
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nível primário estão aumentando. Assim, em 2011, tivemos ao todo 122 dias com má
qualidade do ar, registrado na estação, em 2012 este numero subiu para 134 e em 2013
voltou a cair para 120.
Figura 9: Violações dos parâmetros legais de PTS em nível primário no ar, nas estações demonitoramento do IAP na RMC - Período 2003-2013.
Org.: CASTELHANO, F..
CONCLUSÃO
Os dados acima demonstram a evolução da qualidade do ar na RMC. O que
observamos é uma tendência a queda no que diz respeito aos poluentes químicos. Assim,
vemos que 2013 foi, nos últimos dez anos, o ano em que menos vezes ocorreram violações
aos parâmetros legais de qualidade de ar.
As quedas nas quantidades de dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre foram
as que mais chamaram a atenção. A primeira, que chegou a registrar 116 violações em todas
as estações no ano de 2008, registrou para apenas duas em 2013, e a segunda registrando
299 violações em 2005, não teve registro nenhum em 2013.
A poluição física aparentemente é a mais preocupante na estação em Colombo,
as demais como Boqueirão, REPAR, CIC e Santa Casa, apresentaram a mesma tendência a
queda observada nos poluentes químicos. Colombo, todavia, apresenta uma elevação nas
violações aos parâmetros primários de PTS, algo preocupante.
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Mas de fato, como explicar a melhora na qualidade de ar na cidade em conjunto
com o crescimento de seus principais agentes causadores?
Existem alguns fatores que podem ajudar a compreender esta situação. Em
1.986 a resolução 18 do CONAMA criou o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do
Ar por Veiculos Automores). Este programa do governo estabeleceu fases de aplicação que
gradativamente impõe reduções aos limites máximos de emissão de poluentes por veículos
automotores. A primeira fase, estabelecida em 1.988, permitia, entre outros, uma emissão
máxima de 24g/km de CO para os veículos construídos a partir daquele ano. A ultima fase
do programa foi instituído em 2.009 e prevê um limite de 1,3g/km de emissão para o mesmo
poluente, uma diminuição notável entre 1.988 e 2.009, recordando que ao longo destes
outras cinco fases foram instituídas reduzindo gradualmente estes valores.
Assim, podemos afirmar que, por mais que a frota aumente os níveis de poluição
não necessariamente acompanharão este crescimento.
Outro fator interessante é que dados do IPPUC chamam a atenção para o
surgimento de novos pequenos centros em Curitiba, nos bairros do Xaxim, Cajuru e Sitio
Cercado (figura 10), o que justifica a expansão da rede de monitoramento para estas novas
áreas. A rede atualmente segue um transecto nordeste-sudoeste de Colombo até Araucária,
sendo a única exceção a estação no Boqueirão, na zona leste da cidade, deixando
verdadeiros vazios nas regiões leste e oeste da cidade.
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Figura 10: Crescimento populacional na Região Metropolitana de Curitiba, 1955 – 2005
Fonte: COMEC (2010)
Além deste aumento populacional, conforme já citado anteriormente, cidades
como São José dos Pinhais e Pinhais, já possuem parques industriais maiores que Araucária
e Colombo, todavia não contam com estações para monitoramento da qualidade do ar. A
dispersão de indústrias em outras localidades também ocorre na capital. O IPPUC aponta
que os bairros do Tatuquara e Sitio Cercado além do Campo do Santana, de 2006 a 2010
tiveram aumentos significativos em seu numero de indústrias, 76, 2,74,5 e 101,3%
respectivamente.
Estes dados nos permitem concluir que a RMC passou por uma remodelagem
em sua configuração espacial no que diz respeito a sua população e suas indústrias. Por
mais que, os bairros do CIC e do Boqueirão sigam como os principais em estabelecimentos
industriais o surgimento de novos pequenos centros deve ser levado em conta pelo IAP no
que diz respeito a novas estações. Além do mais, manter apenas uma estação na CIC não é
suficiente, ainda mais se levando em conta que a região que a mesma se localiza é um
ponto residencial do bairro.
A expansão desta rede se faz necessária tendo em vista que, grandes regiões
não são cobertas, expondo populações a riscos de contaminação atmosférica reais.
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REFERÊNCIAS
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FELLENBERG, G. Introdução aos problemas dapoluição ambiental, Edusp, São Paulo, 1980
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QUALIDADE DO AR EM CURITIBA E RMC: DIAGNÓSTICO E CONFIGURAÇÃO ESPACIAL
EIXO 4 – Problemas socioambientais no espaço urbano e regional
RESUMO
A poluição atmosférica em áreas urbanas constitui tema de alta relevância na atualidade,
especialmente devido aos debates acerca das mudanças climáticas globais e suas repercussões
sobre a sociedade. Um dos principais impactos negativos da degradação do ar incide sobre a
saúde da população, comprometendo-a de maneira direta. Casos extremos como o ocorrido na
cidade de Cubatão/SP (anos 1980) serviram de alerta para os graves problemas decorrentes da
queda da qualidade atmosférica urbana em áreas industriais, ao mesmo tempo que evidenciou a
necessidade do monitoramento constante das mesmas pelas instituições públicas. Tal
problemática também foi constatada na Região Metropolitana de Curitiba que, na década de 1970,
registrou a instalação de um pólo industrial em sua porção sudoeste – município de Araucária –
como resultado local do Plano Nacional de Desenvolvimento. Danni-Oliveira (2000) estudou os
reflexos da hiperdensificação da área central de Curitiba no clima urbano, tendo aferido alto
comprometimento da qualidade do ar da cidade devido, principalmente, à intensa circulação de
veículos automotores e à localização industrial. Curitiba e sua região metropolitana são
monitoradas pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) através de estações medidoras de qualidade
do ar distribuídas nos municípios de Colombo, Curitiba, e Araucária. Tal monitoramento teve inicio
em 1.985, com a instalação de uma estação na Santa Casa, localizada na Praça Rui Barbosa, e
outras três no município de Araucária. Hoje, a rede conta com um total de 13 estações localizadas
nos municípios citados e mensalmente são disponibilizados eletronicamente boletins com os
dados das estações. No presente estudo apresentamos as condições atuais da qualidade do ar
nos pontos monitorados pela rede do IAP, para tanto, são analisados dados de qualidade do ar
(gasosos e particulados) no período de 2003 a 2013. Tais dados foram cruzados com informações
relevantes como: a) distribuição espacial dos pontos e sua representação, b) comparação dos
dados com a evolução da frota de veículos e, c) distribuição espacial das indústrias poluidoras, de
modo a se compreender a dinâmica da poluição atmosférica e sua evolução ao longo dos últimos
dez anos. Os dados indicam que a poluição nos pontos de monitoramento esta gradativamente
menor, apesar da frota de veículos e número de indústrias apresentarem uma ascensão constante.
Esta redução da poluição muito provavelmente está relacionada a troca de combustíveis por
outros menos poluentes no transporte coletivo, a melhoria da tecnologia nos automóveis e a falta
de representatividade das estações de monitoramento situadas basicamente em três locais na
região metropolitana. A concentração das estações no eixo norte-sul da RMC é um fator a ser
analisado, tendo em vista a falta de pontos de monitoramento em outras localidades de igual
importância e necessidade, o que sugere que a distribuição das estações deve ser repensada..
Palavras-chave: qualidade do ar; curitiba; urbanização; industrialização.
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