Dessecação e temperaturas na qualidade das sementes de Achras ...
Qualidade Fitossanitária de Sementes
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7/24/2019 Qualidade Fitossanitria de Sementes
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n. 156 - maro - 2012
Av. Jos Cndido da Silveira, 1.647 - Unio - 31170-495
Belo Horizonte - MG - site: www.epamig.br - Tel. (31) 3489-5000
Qualidade tossanitria de sementes1
Ndia Nardely Lacerda Dures Parrella2
Alniusa Maria de Jesus3
Joo Batista Ribeiro da Silva Reis4
Ana Maria Pereira Ribeiro5
Gizeli de Souza Santos6
1Circular Tcnica produzida pela EPAMIG Centro-Oeste. Tel.: (31) 3773-1980. Correio eletrnico: [email protected], D.Sc., Pesq. EPAMIG Centro-Oeste, Rodovia MG 424, Km 64, CEP 35715-000 Prudente de Morais-MG.
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eletrnico: [email protected], D.Sc., Pesq. EPAMIG Norte de Minas, Caixa Postal 12, CEP 39527-000 Nova Porteirinha-MG.
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Prudente de Morais-MG. Correio eletrnico: [email protected] Agronomia UNIMONTES, Bolsista FAPEMIG/EPAMIG Norte de Minas, Caixa Postal 12, CEP 39527-000
Nova Porteirinha-MG. Correio eletrnico: [email protected]
INTRODUO
A qualidade sanitria das sementes est liga-
da presena de microrganismos ou insetos asso-
ciados a estas, onde muitas espcies desses micror-
ganismos patognicos podem ser carregadas pelas
prprias sementes. Aquelas infectadas por microrga-
nismos (fungos, bactrias, nematoides e vrus) pos-
suem baixo valor comercial, pelo comprometimentode sua qualidade tossanitria (MEDEIROS; EIRA,
2006).
O fator preponderante para o sucesso de
qualquer cultura o uso de sementes sem micror-
ganismos. Por isso, cuidados na colheita, secagem,
beneciamento e armazenamento so de funda-
mental importncia, para se obter um produto sadio
(MACEDO; GROTH; SOAVE, 2002). De acordo com
Marcos Filho (2005), a associao de sementes e
microrganismos pode ocorrer durante o processo dematurao, o que provoca prejuzos aps a seme-
adura.
PRINCIPAIS MICRORGANISMOS PATOGNICOS
Fungos
A maioria dos agentes etiolgicos das doenas
transmitida por meio das sementes, principalmente
por fungos (MACHADO, 1988). Os mais importantes
em relao qualidade siolgica da semente so os
chamados fungos de armazenamento, os quais com-
preendem principalmente os dos gnerosAspergillus
e Penicillium. Esporos e miclios destes, normalmen-
te esto presentes na superfcie da semente, quando
esta armazenada (MENTEN, 1995). A composio
da ora fngica no armazenamento depender do
teor de gua da semente, pois as modicaes na
umidade iro inuir na alterao da microora, tanto
quantitativa quanto qualitativamente (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000).
A umidade relativa e a temperatura do ambientede armazenamento so fatores decisivos no desen-
volvimento de fungos (Aspergillus e Penicillium) nas
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sementes. Esses patgenos desenvolvem-se em se-
mentes com umidade relativa do ar superior a 68%.
Quando a umidade da semente mais baixa, prxi-
mo ao limite mnimo para o crescimento dos fungos,
o ataque lento, porm, medida que a umidade
da semente se eleva torna-se mais rpida a queda
da germinao, por causa do rpido crescimento dosfungos (ANGELINI, 1986). Uma das caractersticas
destes microrganismos justamente o seu alto poder
de propagao e, embora presentes no campo em
porcentagem muito baixa multiplicam-se acentuada-
mente em poucos dias, desde que tenham condies
favorveis (WETZEL, 1987).
Os patgenos associados s sementes cau-
sam danos que podem afetar as plantas por interfe-
rncia em diversos processos siolgicos essenciais,
entre estes destacam-se: destruio dos rgos dereserva, danicao do sistema radicular ou vascu-
lar, afetando a absoro, transporte de gua e nu -
trientes e interferncia na fotossntese, afetando a
distribuio de seiva elaborada. Esses danos ocor-
rem por causa da ao de enzimas, toxinas e regu-
ladores de crescimento produzidos pelos patgenos
(MENTEN, 1995).
Nesse sentido, Manica (1981) alerta para a
disseminao dos patgenos de um local infesta-
do para outro, que se d tambm por meio de se-mentes sem limpeza, como por exemplo, Fusarium
oxysporum f. sp. passiforae, agente causal da fu-
sariose do maracujazeiro. Por formar estruturas de
resistncia (clamidsporos) no solo, torna-se uma
excelente fonte de inculo para novos plantios, po-
dendo penetrar nas razes, desencadeando, assim,
todo o processo infeccioso.
O perodo de armazenamento pode ser favor-
vel ao desenvolvimento de fungos, especialmente se
for por um perodo muito longo. Assim, as sementesdevem ser armazenadas com umidade em torno de
12% e, medida que se deseja armazenar por um pra-
zo mais longo, menor dever ser sua umidade inicial.
Parrella (2009), ao estudar a qualidade de se-
mentes de mamona utilizadas no estado de Minas
Gerais, vericou no total coletado nas diferentes re-
gies avaliadas, uma alta incidncia de fungos de
armazenamento (Aspergillus spp. e Penicillium spp.)
(Grco 1). Vrios pesquisadores consideram que
tais fungos ocorrem apenas durante a estocagem.Porm, resultados obtidos por Berjak (1987) suge-
rem que os propgulos desses fungos podem estar
comumente associados s sementes recm-colhi-
das, sendo inibidos, em parte, pela atividade de fun-
gos de campo, ou seja, aqueles que infectam durante
o processo de formao e maturao das sementes.
Dentre o gnero Aspergillus, o A. ockracius
esteve presente em 83% das sementes. Trata-se de
um fungo produtor de ocratoxina A, toxina produzida
durante o armazenamento de gros, quando os teo-res de gua esto relativamente altos (16% ou mais)
(LAZZARI, 1997). Essas micotoxinas podem infectar
sementes e gros e causar graves consequncias
queles que consumirem o produto ou subproduto.
Este no o caso da mamona, como fonte de biodie-
sel, entretanto, essas micotoxinas esto diretamente
ligadas ao teor de cidos graxos, inuenciando, as-
sim, fortemente a qualidade do leo extrado.
A presena de fungos de campo ainda foi ve-
ricada com os gneros Cladosporium (47,16%) eFusarium (31,5%). De acordo com Massola e Be-
dendo (2005), a murcha de Fusarium causada por
F. oxysporum f. sp. ricini ocorre em praticamente
todas as regies onde se cultiva a mamona no Bra-
sil. Esse fungo um habitante do solo que vive
saproticamente em restos de cultura, podendo
sobreviver na forma de clamidsporos na ausncia
do hospedeiro.
Fungos de armazenamento, como oAspergillus
spp. e Penicillium spp., causam srios prejuzos s se-
mentes de mamona. O gneroAspergillus consta da
relao de fungos toxignicos, causadores de deterio-
rao em sementes, sendo de disseminao fcil, por
causa de seus esporos leves e secos. Podem crescer
em baixo potencial hdrico, sendo os primeiros a se
desenvolverem nas condies de baixa umidade das
sementes, facilitando o desenvolvimento de outros
gneros que necessitam de mais umidade, como o
Penicillium (DHINGRA, 1985).
0.040.040.10.1
22.4
31.538.2
47.153.1
87.8
0.00
25.00
50.00
75.00
100.00
Penic
illium
spp.
Altern
arias
pp.
Phom
aspp
.
Nigros
pora
spp.
Curva
laria
spp.
Frenquncia(%)
FungosAspe
rgillu
sockrac
ius
Clado
sporium
spp
.
Aspe
rgillu
sflav
us
Aspe
rgillu
snige
r
Fusariu
msp
p.
Grfico 1 - Frequncia de fungos detectados em sementes demamona utilizados no Estado de Minas Gerais
FONTE: Parrella (2009).
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Pertencente famlia Euphorbiaceae, o pi-
nho-manso, frequentemente tem sido relatado com
alta incidncia desses fungos associados s suas
sementes. TantoAspergillus spp. quanto Penicillium
spp. so fungos associados deteriorao de semen-
tes, em condies inadequadas de armazenamento.
A contaminao por esses fungos ocorre geralmen-te aps a colheita ou durante o armazenamento das
sementes (MACHADO, 1988). Alm de induzirem
doenas e causarem prejuzos aos produtores, os
fungosAspergillus, Penicillium e Fusariumproduzem
toxinas em sementes de pinho-manso. Apesar de
este no ser comestvel, pode causar outros tipos de
toxidez ao ser manuseado (SCUSSEL, 1998).
A comercializao de sementes do pinho-
manso est sendo feita, muitas vezes, de forma
desordenada, sem scalizao e sem testes quevisem determinao da sua qualidade tossa-
nitria. Existe, assim, o risco de disseminao de
topatgenos para diferentes reas produtoras e
distribuio de sementes com baixo poder de ger-
minao, o que resulta em prejuzos para os produ-
tores (CHOUDHURY, 1985).
Em milho, muitos patgenos usam as semen-
tes como abrigo, para sua sobrevivncia, e como
veculo, para sua disseminao. Os fungos so con-
siderados os principais microrganismos associadose transmitidos via semente na cultura do milho, po-
dendo provocar problemas de germinao, de emer-
gncia de plntulas e de podrides radiculares e da
base do colmo. Dentre os fungos patognicos veicu-
lados nas sementes de milho no Brasil, destacam-
se Fusarium verticillioides, Stenocarpella maydis,
Fusarium graminearum. O fungo F. verticillioides
o mais frequente no Pas (CASA; REIS; NERBASS,
2006).
Vrus
No caso de sementes que transmitem viroses,
somente 18% dos vrus j descritos podem ser trans-
missores em um ou mais hospedeiros, e infectar o em-
brio ou tegumento das sementes. Entretanto, existem
diversos exemplos de viroses de grande importncia
econmica no Brasil que so transmitidos por semen-
tes: mosaico-comum-da-alface Lettuce mosaic vrus
(LMV), mosaico-comum-do-feijoeiro Bean common
mosaic vrus (BCMV), mosaico-da-abbora Squash
mosaicvrus (SqMV), mosaico-do-tomateiro Tomato
mosaic vrus (ToMV) e Tobacco mosaic virus (TMV),
mosaico-da-soja Soybean mosaic virus (SMV), den-
tre outros (MACHADO, 2010).
Apesar de somente a minoria das interaes
patgeno-hospedeiro resultar no processo de in-
feco, a transmisso de vrus via sementes pode
ser considerada importante com consequncias
econmicas srias para o produtor. A taxa baixa detransmisso no constitui um bom indicador epide-
miolgico, j que, em conjunto com a presena de
vetores na rea cultivada, podem resultar na introdu-
o de vrus em novas reas, gerando epidemias e
causando a disseminao para locais mais distantes.
Por exemplo, no caso do vrus do mosaico da alface
(potivrus), cujo vetor transmite o vrus de modo no
persistente, a incidncia de 0,001% de sementes in-
fectadas pode levar ao comprometimento da cultura.
Nesse caso, alm da perda de produtividade, ocorretambm a perda de qualidade do produto. Por isso,
ao contrrio de outras doenas causadas por patge-
nos, as viroses geram doenas que no podem ser
controladas, quando j esto presentes no campo.
Assim, o uso de sementes verdadeiras certicadas,
comprovadamente livres de vrus, representa medi-
da de controle mais eciente. As medidas de contro-
le devem ser de carter preventivo, visando impedir
ou retardar ao mximo a entrada do vrus na planta
(MACHADO, 2010).Para garantir a sanidade das sementes ne-
cessrio o uso de tcnicas de diagnose sensveis,
ecientes e de alta repetibilidade. Para escolha do
mtodo de deteco de vrus em sementes, vrios
fatores devem ser considerados.
Geralmente, a porcentagem de transmisso
dosvrus pelas sementes baixa e bastante varivel
e pode ser inuenciada pela espcie e estirpe viral,
espcie hospedeira, presena de genes de resistn-
cia, estdio fenolgico da planta infectada, localiza-o das sementes na planta, idade das sementes,
condies ambientais e vetores na rea. A deteco
de vrus nas sementes verdadeiras geralmente apre-
senta baixa concentrao de partculas virais. Os
vrus nem sempre induzem sintomas visveis nas se-
mentes e nas sementes que delas se originam.
Diversos testes podem ser usados para de-
tectar vrus em associao com sementes e alguns
so recomendados no Manual de anlise sanitria
(BRASIL, 2009). Dentre as tcnicas mais utilizadas
esto os mtodos biolgicos, que consistem na ob-
servao dos sintomas nas plantas provenientes
da germinao das sementes, os testes sorolgicos
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como Enzyme-linked immunosobent Assay (ELISA)
e as tcnicas moleculares como o Polymerase chain
reaction (PCR), para vrus de DNA, e o RT-PCR, para
vrus de RNA. Diversas variaes dessa tcnica tm
sido empregadas. Dentre as quais o Nested PCR,
Multiplex PCR, Fluorescence RT-PCR e Competitive
uorescent PCR e combinaes com outras tcnicascomo Immuno capture PCR e restriction fragment
lenght polymorphism (RFLP), alm do PCR em tem-
po real, que permite a quanticao do patgeno na
amostra de sementes.
Bactrias
A deteco de bactrias em sementes um
passo primordial para o controle, em face de uma
srie de implicaes epidemiolgicas. Sementes depepino infectadas por Pseudomonas syringae pv.
lachrymans foram submetidas ao teste do plantio
direto. Embora existam vrias tcnicas para detec-
o e quanticao de bactrias topatognicas em
sementes, algumas so onerosas e exigem equi-
pamentos sosticados e/ou pessoal especicamen-
te treinado de forma rpida e segura (KLEMENT;
RULDOPH; SANDS, 1990).
Das bactrias descritas na cultura do al-
godoeiro, Xanthomonas axonopodis a que temocasionado os principais problemas cultura, prin-
cipalmente pelo fato de ser uma bactria disse-
minada pela semente e por apresentar diferentes
raas siolgicas. As mas do algodo tambm
so atacadas, comprometendo a qualidade da se-
mente. Por ser bactria veiculada pela semente,
as medidas de controle so dicultadas, alm de
possibilitar a sua disseminao a longas distn-
cias, por meio de lotes de sementes contaminados
(YOUNG et al., 1996).O crestamento bacteriano comum do feijoeiro,
cujo agente etiolgico X. axonopodis pv. Phaseoli
apresenta importncia no Brasil, por causa de sua
ampla distribuio, de sua capacidade de reduzir
a produo de forma signicativa e de suas dicul-
dades de controle. A doena ocorre em regies de
clima quente e mido, e houve expresso em v -
rios Estados, principalmente Minas Gerais, na safra
das guas (BIANCHINI; MARINGONI; CARNEIRO,
2005). A bactria pode sobreviver por perodos de
at 15 anos em sementes de feijo, as quais consti-
tuem a principal fonte de inculo no campo e podem
ser transportadas a longas distncias.
Nematoides topatognicos
Os tonematoides representam um srio pro-
blema para a agricultura mundial, acarretando per-
das estimadas em 100 bilhes de dlares por ano.
A falta de conhecimento, por parte dos agricultores
sobre a presena desses organismos nos cultivos,
faz com que medidas de controle sejam adotadas
tardiamente, o que favorece ainda mais seu poten-
cial de dano s culturas (FERRAZ; SANTOS, 1995).
As interaes de nematoides topatognicos
com outros topatgenos dicultam estimar com
preciso os impactos causados nas culturas. Na
Austrlia e nos Estados Unidos, a associao de
espcies de nematoides em sementes de gramne-
as forrageiras, especialmente Anguina spp., com
bactrias Clavibacter spp., ocorre largamente nas
pastagens (HOOPER; SOUTHEY, 1978).Entre os patgenos associados s sementes
de forrageiras tropicais, destacam-se os tonema-
toides (FAVORETO, 2004). Alm dos danos diretos,
esses parasitas constituem grande entrave para as
exportaes de sementes forrageiras. Grandes im-
portadores de sementes de Brachiariasp. e Panicum
sp. impem restries tossanitrias ao produto bra-
sileiro. Bernard, Gwinm e Grifn (1998) mencionaram
que os tonematoides no somente reduzem a pro-
duo, como tambm a qualidade da forragem.Estudos sobre a associao de tonematoides
e sementes de forrageiras tropicais so incipientes
no Brasil. Sabe-se queAphelenchoidesspp., sobre-
tudoA. besseyi, so encontrados com frequncia em
sementes de Brachiaria spp., P. maximum, Setaria
italica, Cyperus spp. e Digitaria sanguinalis, inclusive
em sementes de germoplasma importadas (TENENTE
et al., 1994). Algumas espcies de Ditylenchus spp. e
Aphelenchoides spp. causam danos severos na par-
te area de plantas cultivadas, apesar de a maioriaser encontrada apenas no solo. Em arroz,A. besseyi
causa a doena conhecida como ponta branca do
arroz em praticamente todas as regies produtoras
do mundo.A. besseyi tambm pode causar esterili-
dade das ores, menor produo de gros ou, ainda,
gros de menor tamanho e menor peso, afetando,
assim, o poder germinativo das sementes de arroz.
Por entrar em anidrobiose (dormncia e desidrata-
o),A. besseyi pode, dentro das sementes, perma-
necer por longos perodos, voltando atividade e re-produo quando encontrar ambiente favorvel. Seu
principal meio de disseminao so as sementes.
Porm, alm dos gros, as cascas e palhas de arroz
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tambm abrigam A. besseyi. Alm de espcies de
Aphelenchoides, notadamente A. besseyi, espcies
de Ditylenchus tambm foram relatadas em semen-
tes de gramneas forrageiras no Brasil (FAVORETO,
2004).
Na cultura da soja, um dos nematoides mais
importantes o de cisto (NCS), Heterodera glycines,uma das principais pragas da cultura pelos prejuzos
que pode causar e pela facilidade de disseminao.
A possibilidade de disseminao de tonematoides
por meio de sementes, a curta e a longa distncias,
tem aumentado por intercmbio de sementes. Esse
movimento favorecido pela constante circulao
de material vegetal e falta de conscientizao duran-
te sua comercializao. Os nematoides podem ser
transportados juntos com as sementes, no seu inte-
rior, na forma de juvenis abrigados entre a casca e oendosperma, em pequenas cavidades das sementes
de cereais e de gramneas. H. glycines dissemina-
do na forma de cistos contidos em torres de solo ou
aderidos s sementes. O cisto o corpo da fmea
morta altamente resistente deteriorao e des-
secao, podendo sobreviver no solo ou na semen-
te, na ausncia de planta hospedeira, por mais de
oito anos. Assim, praticamente impossvel elimi-
nar o nematoide nas reas onde ocorre. Ditylenchus
dipsaci est presente em leses na semente de alhoe de cebola.Anguina tritici transforma o ovrio da or
da planta de trigo em galhas, sendo assim dissemi-
nadas e misturadas s sementes (DIAS et al., 2007).
IRRIGAO
O molhamento da parte area das plantas,
proporcionado pela irrigao por asperso conven-
cional ou piv central, favorece o aparecimento de
muitas doenas, dependendo principalmente da re-gio de cultivo, se esta for mais temperada. Para
produzir sementes de feijo (Phaseolus vulgarisL.),
na regio sul de Minas Gerais ainda se utiliza o m-
todo de irrigao por sulcos, bem como os mtodos
de asperso, desde que haja um controle preventivo
quanto s doenas nas plantas. Sempre que poss-
vel, as irrigaes devem ser feitas durante o perodo
noturno e encerradas assim que as vagens mais ve-
lhas amarelecerem (ANDRADE, 1998).
J na produo de sementes de pimentas
(Capsicum spp.), a decincia de gua reduz a
produtividade em decorrncia da queda de ores e
abortamento de frutos. O excesso de gua no solo
tambm pode comprometer a produo de pimen-
tas, pois prejudica a aerao do solo e favorece o
desenvolvimento de vrias doenas de solo, como a
causada por Phytophthora capsici. O manejo inade-
quado da irrigao pode gerar problemas como baixa
ecincia no uso de gua, de energia e de nutrientes,
maior incidncia de doenas fngicas e bacterianas,baixa produtividade e reduo na qualidade das pi-
mentas. Da semeadura at a emergncia de pln-
tulas, as irrigaes devem ser leves e frequentes,
procurando manter a umidade da camada supercial
do solo (0 a 15 cm), prxima capacidade de campo.
A primeira irrigao, realizada antes do plantio ou do
transplante, deve ser suciente para elevar a umida-
de do solo at a capacidade de campo nos primeiros
30 cm do solo. A lmina de gua a ser aplicada, de-
pendendo do tipo e da umidade inicial do solo, variade 15 a 25 mm para solos de textura grossa e de 30
a 50 mm para os de texturas mdia ou na.
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