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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS QUALIDADE TOTAL: Uma contribuição para os profissionais Junto aos Círculos de Controle de Qualidade Aluna: Andréa Serri Augusto Orientador; Antônio Ney Fevereiro/2002 Trabalho de conclusão de Curso de pós-Graduação “Lato Sensu” em Finanças e Gestão Corporativa

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

QUALIDADE TOTAL: Uma contribuição para os profissionais

Junto aos Círculos de Controle de Qualidade

Aluna: Andréa Serri Augusto

Orientador; Antônio Ney

Fevereiro/2002

Trabalho de conclusão de Curso depós-Graduação “Lato Sensu” emFinanças e Gestão Corporativa

2

INDICE

Introdução ..................................................................................................................3

Capítulo I: A reestruturação produtiva e as mudanças no mundo do trabalho ........7

1.1- Antecedentes Históricos ................................................................................7

1.2- As mudanças na organização do trabalho ....................................................13

1.3- A reestruturação produtiva e o advento de novas tecnologias .................... 17

1.4- Ação Sindical .............................................................................................. 22

Capítulo II: Programa de Qualidade Total: o modelo japonês .............................. 27

2.1- Apresentação .................................................................................................. 27

2.2- O que é qualidade total? ................................................................................. 28

2.3- Os círculos de controle de qualidade .............................................................. 32

Considerações Finais ........................................................................................... 37

Bibliografia............................................................................................................ 39

3

INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho foi escolhido como proposta às exigências de cada realidade

social e de cada tempo histórico, em especial, e no tempo presente as postas à sociedade

brasileira. Estas exigências têm por determinantes alterações que vêm se diversificando no

modo de produzir mercadorias que condicionam, ao mesmo tempo, a reforma do Estado e

das políticas sociais.

De outro lado, a pauta do neoliberalismo1 e a crise do Welfare State tem

influenciado as novas configurações assumidas pelas sociedade civil. Estas configurações

marcam o surgimento de inflexões observadas também na cultura, por intermédio dos

valores da pós-modernidade que colocam em cheque os discursos universais e totalizantes.

As alterações significativas nos contornos da questão social influenciam a forma de

organização e o dia-a-dia da população alvo do trabalho dos assistentes sociais tais como,

os trabalhadores pobres, os desempregados, os pensionistas, as crianças, etc. e trazem novas

indagações sobre a prática profissional.

1 O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de Bem-Estar. Seu texto de origem é o Caminho da Servidão, de Friedrick Hayer, escrito já em 1944(...) Qualquer balanço atual do neoliberalismo só pode ser provisório. (...) Porém, é possível dar um veredito acerca de sua atuação durante quase 15 anos nos países mais ricos do mundo, a única área onde seus frutos parecem, podemos dizer assim, maduros. Economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao contrário, o neoliberalismo conseguiu muitos dos seus objetivos, criando sociedades marcadamente desiguais, embora não tão desestatizadas como queria. Política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com o qual seus fundadores provavelmente jamais sonharam, disseminando a simples idéia de que não há alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm de adaptar-se a suas normas. (...) a tarefa de seus opositores é a de oferecer outras receitas e preparar outros regimes. Apenas não há como prever quando ou onde vão surgir. Historicamente, o momento de virada de uma onda é uma surpresa.” (ANDERSON;1995:9, 22 e 23)

4

No entanto, apreender o conjunto de todas as modificações existentes na esfera do trabalho,

do Estado, da sociedade e suas repercussões na prática profissional é um objetivo muito

ambicioso para ser alcançado dentro dos limites de nosso trabalho de conclusão de curso.

Isto nos colocou a necessidade de fazermos um primeiro recorte no objeto de estudo,

centralizando a discussão em torno das modificações contemporâneas no processo de

trabalho de produção capitalista. Muito especialmente,este tema nos interessa, porque

influencia as diversas áreas de atuação seja ela no âmbito empresarial, das instituições

públicas ou privadas de atendimento à saúde, dos movimentos sociais, das organizações

não governamentais e nas demais frentes de trabalho profissional.

O objeto de estudo será delimitado tomando-se, como ponto de partida, a

compreensão do capitalismo monopolista2, fundamentalmente denominado por

Reestruturação Produtiva ou acumulação Flexível, originado no Japão, em torno de 1973.

Assim pretendemos estudar os novos modelos de gerenciamento do trabalho, em

especial o Programa de Qualidade Total e os mecanismos por ele utilizado com ênfase nos

círculo de controle de qualidade, que vem sendo implantados em muitas empresas, públicas

e privada, que constituem o mercado.

Contudo, mais do que aprender a dinâmica que envolve os círculos de controle de

qualidade, pretendo analisar criticamente a prática no mercado de trabalho, buscando

desvendar as suas possibilidades e limites dentro do exercício profissional.

Para isso, pretendemos estruturar o presente trabalho em dói capítulos distintos,

sendo o último seguido de um item destinado as considerações finais.

2 O Capitalismo Monopolista é posterior a fase do Capitalismo Concorrencial. Este segundo pode ser datado a partir da I Revolução Industrial ao final dos anos 70 do século passado

5

O primeiro referir-se-á ao entendimento das mudanças no mundo do trabalho a

partir da Reestruturação Produtiva que, possibilitou o surgimento dos círculos de controle

de qualidade.

O segundo capítulo destinar-se-à ao conhecimento do Programa de Qualidade no

estilo japonês, com ênfase para os círculos de controle de qualidade.

6

Capítulo I

7

CAPÍTULO I:

A reestruturação produtiva e as mudanças

no mundo do trabalho

1.1- Antecedentes históricos

A reestruturação produtiva surgiu após o esgotamento do padrão de regulação

fordista que, ao final da década de 60, depois de um longo período de crescimento

apresentou sinais evidentes de crise.

A regulação fordista ou mais precisamente o Fordismo, pode ser

caracterizado pela ampliação da aplicação dos princípios tayloristas3.

3 O taylorismo é um “ modelo de produção que procura estabelecer o controle gerencial e a intensificação dos ritmos de trabalho a partir de prescrição de tarefas aos trabalhadores da produção através da separação completa entre ass tarefas de planejamento/concepção e as tarefas de execução; e da divisão funcional, técnica e social do trabalho, com redução das tarefas à sua expressão mais simples, especialização dos diversos setores (produção, controle de qualidade, manutenção, etc.) e rígida estrutura hierárquica de controle e supervisão.” (DIEESE;1994;358). Para o aprofundamento da temática sobre o Taylorismo/Fordismo, veja-se Braverman (1987), especialmente, às páginas 82-124.

“ através da produção em grande escala eda linha de montagem, que incorpora naprópria maquinaria o controle sobre ostempos de execução das tarefas. Difundiu-secomo paradigma produtivo tendo comoprincípios a produtividade, a eliminação dasdecisões no chão da fábrica, a economia dematerial e trabalho e a padronização deprodutos e processos.” (DIEESE, 1994:356

8

De outro lado, os evidentes sinais de crise já mencionados, não são anomalias no

modo de produção capitalista; ao contrário: eles são fenômenos típicos da organização

deste modo de produção4. As crises na sociedade capitalista são entendidas como colapsos

gerados pelo processo de acumulação. Ou seja, elas ocorrem quando o capital não consegue

responder as exigências crescentes de tal modo de produção: elevar sempre mais os

patamares de lucro5.

As crises, porém, não são todas de uma mesma natureza. Existem crises que, pela

profundidade, podem levar ao ponto de transformação de uma sociedade ou de uma

formação social.

Segundo David Held, as crises ou colapsos parciais

4 Ao analisar o sistema capitalista, Marx refere-se constantemente assuas ‘leis de movimento’. Fala, por exemplo, da tendência decrescente da taxa de lucro como uma lei geral, ao mesmo tempo em que apresenta várias tendências neutralizadoras ‘que interceptam e anulam os efeitos da lei geral’. (...) Nessa perspectiva, as reformas estruturais e a intervenção do Estado parecem ter um grande potencial neutralizador porque, em circunstâncias adequadas, elas podem pender a balança e, portanto, efetivamente regular o resultado final.” (in BOTTMORE; 1988:860. 5 O lucro obtido pelo burguês é, para Marx, o resultado da extração de mais-valia (seja ela absoluta ou relativa) do trabalhador pelo capitalista, na esfera da produção. A mais-valia é obtida através da apropriação do trabalho do produtor pelo proprietário dos meios de produção. Segundo Marx, o capitalista possui dois objetivos: “ primeiro, quer produzir um valor de uso, que tenha um valor de troca, um artigo destinado a venda, uma mercadoria. E segundo, quer produzir uma mercadoria de valor mais elevado que o valor do conjunto das mercadorias necessárias para produzi-la, isto é, a soma dos valores dos meios de produção e força do trabalho, pelos quais antecipou seu bom dinheiro no mercado. Além de um valor-de-uso quer produzir mercadoria, além de valor-de-uso, e não só valor, mas valor excedente (mais-valia).” (MARX,1988:211)

“referem-se a fenômenos como os cicloseconômicos que envolvem surtos de prosperidadeaparentemente intermináveis, seguidos de gravesdeclínios da atividade econômica e são uma facecrônica do capitalismo. Já as crises do segundotipo traduzem o enfraquecimento do princípioorganizador ou nuclear de uma sociedade, isto é,a erosão ou destruição daquelas relações societaisque determinam o alcance e os limites datransformação da (entre outras coisas) atividadeeconômica e política.” (Held in BOTTOMORE;1998:83- Os griffos não estão no original)

9

Assim, a crise do fordismo caracteriza-se como uma crise parcial do modo

capitalista de produção e pode ser entendida a partir de 4 características principais:

1. A crise do dólar como padrão monetário internacional, o que resultou, segundo

Mattoso, no

2. O esgotamento do Modelo de Industrialização Norte-americano que, a partir de então,

não mais conseguiu competir com a produção japonesa e com a alemã.

No entendimento de Mattoso (1995),

Contudo, apesar de ainda não ter sido gestado um novo padrão de desenvolvimento,

tal contexto possibilitou uma maior intensificação da concorrência internacional,

favorecendo, assim o surgimento das condições que, mais tarde, propiciaram o

aparecimento de um novo padrão tecnológico e produtivo.

“colapso do Sistema de Bretton Woods e no declínio dahegemonia americana.”(MATTOSO;1995:51)

“os EUA deixaram de ser fonte de um estilo dedesenvolvimento cuja difusão estabilizou a economiainternacional do pós-guerra, favorecendo o surgimento denovos blocos econômicos regionais capitaneados pelasAlemanha e pelo Japão. No entanto, apesar doenvelhecimento do padrão de desenvolvimento norte-americano, a Alemanha ou o Japão não demonstraramtodavia disposição ou capacidade hegemônica para imporaos demais países capitalistas uma hierarquia einstituições econômicas internacionais que permitissem aestabilização do crescimento com um novo padrão dedesenvolvimento, que tampouco estaria claramentedefinido nestes países.” (MATTOSO; 1995:54)

10

3. A crise do Welfare State6 ocorre como um dos imperativos da reestruturação

produtiva que, organizando a economia, deseja libera-la de constrangimentos de toda

ordem para realizar o seu objetivo de maximização dos lucros.

No dizer de Mattoso, é necessário eliminar tais limites para que se construa

4. O fim do pleno emprego e a elevação das taxas de inflação.

O pleno emprego foi um dos compromissos centrais sobre o qual o fordismo se

sustentou, enquanto promessa de uma nova vida para milhões de trabalhadores, ao longo de

algumas décadas deste século. Mas, o pleno emprego como promessa do fordismo não se

realizou por si só. Para alcançar algum sucesso, teve que se conjugar com a intervenção

estatal.

6 O Welfare State surgiu em uma época de crescimento do Modo de Produção Capitalista, quando foi possível o estabelecimento de um “acordo de cavalheiros” entre o capital de um lado, e força de trabalho de outro. Isto é, do ponto d vista do capital houve o comprometimento em reconhecer as lutas do trabalho, tornando legal os sindicatos, as greves, os partidos. Em contrapartida, os trabalhadores reconheceram a propriedade privada como legítima, aceitando o direito do capital na exploração da mais-valia sobre a força de trabalho. Em outras palavras, “os trabalhadores reduziram em maior ou menor grau suas demandas por socialização da propriedade, suas críticas da organização do trabalho e da Ética capitalista do trabalho. Em troca conquistaram uma maior socialização dos fluxos de renda.” (MATTOSO;1995: 28 e 29)

“por fora do compromisso com o Estado deBem-Estar, das políticas de pleno-emprego eda administração da demanda agregada. Os empresários, sobretudo industriais,voltados cada vez mais ao mercadointernacional e subordinados à dinâmicafinanceira, afastam-se dos compromissosanteriormente definidos com os trabalhadorese apostam suas fichas na ampliação daconcorrência internacional, na elevação daprodutividade e competitividade e naspolíticas visando enfraquecer ou eliminar taiscompromissos e suas conseqüências.”(MATTODO; 1995:56)

11

A somatória desses quatro fatores permitiu que, em meados da década de 70,

surgisse um novo padrão tecnológico e produtivo denominado por reestruturação produtiva

ou acumulação flexível. Esta não se limita somente a mera racionalização de modos e

formas de produção, ela implica em um novo direcionamento da vida social, política e

econômica dos diversos países, bem como, na correlação de força entre governos, capital e

trabalho.

Este novo padrão irá desencadear um conjunto de “desestruturação e incertezas”.

Assim, é possível inferir que tal reestruturação não apresenta igualmente, para toda a

sociedade, somente alternativas de uma vida melhor. Tal conjunto de fenômenos é

acompanhado por um profunda insegurança, visíveis nas esferas do mercado, da

representação do trabalho, da contratação, do emprego e da renda.

Essa reestruturação no âmbito da produção desencadeou fenômenos que

possibilitaram a ascensão do modelo japonês, denominado por Toyotismo. O Toyotismo

também é conhecido por Ohnismo, Sonysmo, Fujitsuismo. É um modelo que almeja

combinar

Em suma, é a partir da crise do fordismo que se criam novas maneiras de

organização do trabalho e da produção. É só após a sua instauração que, em meados da

década de 70, se dá início à construção da acumulação flexível ou da reestruturação

produtiva. Esta surge, conforme já indicamos, com base em um novo paradigma: o

“as exigências de qualidade e quantidade,contrapondo-se à divisão do trabalho e àespecialização proposta pelo taylorismo, atravésda polivalência, da rotação de tarefas e dotrabalho em grupo.” (DIEESE; 1994:358)

12

toyotismo. Sua denominação indica o lugar de sua gestação, nasceu na empresa japonesa

Toyota que, como o fordismo, atua no ramo de produção de veículos.

Estudos do Dieese (1994) atestam o potencial do grupo Toyota: em terreno japonês

existem 23 unidades que empregam por volta de 72 mil trabalhadores. Em 1991, nas 23

unidades foram produzidos 4.085.081 veículos. Do total, 3.180.054 são automóveis de

passeio e 905.027 veículos comerciais. Para o mercado doméstico foram destinados,cerca

de, 1.728.403 automóveis e 626.953 caminhões e ônibus. 1.705.89 veículos foram

exportados. Do conjunto da produção total da indústria automobilística a toyota detém

30,8% do mercado mundial. Com relação ao mercado interno japonês sua performance não

é menos expressiva: detém 31,3% da produção total.

Dentre os modelos produzidos pela toyota estão 66 tipos diferentes de carros de

passeio e 16 versões de caminhões e ônibus. No período correspondente a 4 anos todos os

modelos produzidos são modificados.

O modelo japonês de produção desenvolvido pela toyota encontra-se, hoje,

amplamente divulgado em outros países de acordo comas características de cada realidade.

Na Suécia, por exemplo, recebe o nome de volvoismo porque se desenvolveu a partir da

fábrica da Volvo.

13

1.2- As mudanças na organização de trabalho

A reestruturação produtiva engloba o conjunto de modificações ocorridas, a partir

da década de 70, na esfera da produção de mercadorias no mundo capitalista. Alguns

autores como Mattoso (1995) e Antunes (1995) afirmam que a reestruturação produtiva

marca, na história, o que podemos denominar por III Revolução Industrial7. O conjunto de

modificações postas pela denominada acumulação flexível caracteriza-se, especialmente,

por profundas alterações na forma de produzir mercadorias envolvendo novos modelos de

gerenciamento, de organização do trabalho e da introdução de novas tecnologias. No

entanto, estas mudanças não ocorrem somente na esfera do trabalho, elas trazem consigo

um novo tipo de homem e de sociedade. Assim como no estudo sobre fordismo, é

importante lembrarmos a afirmação de Gramsci sobre sua análise a cerda dos valores

trazidos por esta modalidade de produção de mercadorias. O autor nos revelou que

As modificações ocorridas no mundo do trabalho,com a reestruturação produtiva

demandam uma nova organização societal baseada em relações sociais cada vez mais

individualistas e voltadas para o mercado, hoje globalizado, causando uma nova e profunda

modificação de hábitos da vida social.

7 Na III Revolução Industrial a produção deixa de ser vincada pelo fordismo para ser comandada pelo toyotismo; o Estado assusme a perspectiva neoliberal em oposição a anterior caracterizada pelo liberalismo e pelo Welfare State. A cultura passa a ser caracterizada pela Pós-modernidade, isto é, pelo irracionalismo, pela intuição e “pelo fim da história” ao contrário da Modernidade onde predominavam a razão e o entendimento do homem como sujeito de sua própria história.

“na América, a racionalização determinou anecessidade de elaborar um novo tipo dehomem, conforme ao novo tipo de trabalho ede produção.”(GRAMSCI;1968:382)

14

A acumulação flexível tem como um de seus objetivos o aumento do lucro, por

intermédio da junção eficiente entre a qualidade e a quantidade, atendendo ao mercado de

modo personalizado e com uma produção extremamente flexível. Suas principais

características são muito diferenciadas daquelas próprias do fordismo que produzia em

larga escala com um grande estoque e, sem a preocupação imediata com um atendimento

diferenciado. A lógica desta última é perfeitamente traduzida na famosa máxima de Ford:

produzimos carros de todas as cores desde que sejam pretos.

Na produção de mercadorias dos dias que correm, a tônica é dada pela flexibilidade

da produção. Ela é garantida através de vários mecanismos, dentre eles o just in

time/Kanban8 . Introduzido inicialmente pela empresa japonesa Toyota, tais mecanismos

objetivam, aparentemente, , diminuir os custos e melhorar a organização física da empresa

para atender, de modo rápido e eficiente, as diversas variações do mercado.

O just in time implica em uma política de recebimento constante de materiais; vale

dizer: diminui-se a quantidade de materiais fornecidos em cada lote e, promove-se um

aumento da freqüência de entrega de produtos reduzindo-se os estoques. Os estoques, a

partir desta nova lógica, podem ser considerados custos, financeiro e espacial9 para a

empresa. E eles são desnecessárias a medida que são passíveis de serem reduzidos.

8 O just in time/Kanban “é um sistema de organização da produção orientado para fabricar determinado produto apenas na quantidade e no momento exato. A produção é puxada por vendas e, internamente, o mesmo ocorre com os processos finais.” O Kanban por sua vez, é um “sistema de informação que alimenta o funcionamento da produção just in time. Originalmente, se compõe de cartões doloridos, sua presença define a necessidade de determinado produto. Entretanto, esta sinalização pode ser feita visualmente por meio de uma série de instrumentos bastante simples (anéis, plaquinhas, etc). Algumas empresas usam, porém, relatórios emitidos pelo sistema de computadores que interliga seus diversos departamentos, ou mesmos seus clientes e fornecedores.” (DIEESE; 1994:356) 9 Com a redução do número de estoque diminui-se a planta industrial, pois, não mais serão necessárias áreas tão grandes para a estocagem.

15

Com a redução de quantidade de estoque10 seja ele de produto em processo, de

matérias-primas ou de produto final, a empresa precisa de menor capital de giro para dar

andamento as suas atividades. Inversamente ao fordismo, a empresa agora não mais precisa

investir grandes montantes de capital em estoque. Devemos nos perguntar, então, como é

possível diminuir drasticamente as quantidades de estoques?

Em primeiro lugar é importante ressaltar que o just in time, surge acompanhado de

outras inovações que permitem a sua implantação, como por exemplo a terceirização e ou

subcontratação. Este mecanismo consiste em, a empresa, não mais precisar possuir uma

grande planta industrial11- como no fordismo. Ela pode se ausentar da responsabilidade pela

produção de todos os componentes de um determinado produto atrelando a si várias outras

pequenas indústrias domestic outworkers e artesanais12, para a fabricação dos componentes

necessários. Assim, ela diminui seus estoques visto que, não precisará mais produzir

determinados itens podendo repassa-los para outras empresas que o farão e, solicitará as

peças que e quando necessitar.

Tais medidas fazem com que a empresa-cliente diminua, significantemente, seus

gastos e aumente seus lucros já que não sofrerá perdas próprias ao processo de

industrialização, porque:

10 A diminuição dos estoques no Japão é garantida pelo Kanban, que surge a partir da importação das técnicas de gerenciamento dos supermercados norte americanos, onde a reposição dos produtos é feita somente após a sua venda. 11 Segundo Dias, com a reestruturação produtiva “o trabalho é desmembrado, fragmentado, segmentado. O espaço fabril amplamente socializador desse trabalho coletivo é desmembrado e, ao lado das grandes empresas monta-se o colchão de pequenas empresas.” (DIAS; 1995:9) 12 A relação entre empresa-cliente e seus fornecedores, pode ser de maior ou menor proximidade: do fornecimento de embalagens à fabricação de um dos produtos principais da empresa; de insumos à mão-de-obra temporária; podem ser constituídas com recursos da própria empresa-cliente e utilizarem-se de suas receitas de fabricação e cooperação tecnológica; desenvolvem relações que vão da dependência e fidelidade à subordinação hierárquica, em função de significativo diferencial de salários e de qualificação entre os assalariados da empresa e da subcontratada.

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a) Ela comprará somente as “peças” e, perfeito estado, segundo os padrões de

qualidade que ela determinará às empresas contratadas.

b) Diminuirá o número de seus empregados e pagará menos encargos sociais,

diminuindo assim, os salários “indiretos socializados”. Ou seja, os salários serão

reduzidos somente sos salários diretos.

Uma das nefastas conseqüências deste novo método de produção é a sua

contribuição direta para a diminuição da arrecadação do Estado a medida que, as pequenas

empresas subcontratadas contribuem menos ou não contribuem para a previdência social.

Segundo Antunes, este modelo favorece, além da propagação dos métodos e

procedimentos característicos do toyotismo-Kanban, just in time, controle de qualidade-

para toda a rede de fornecedores, a especialização da empresa-clientes em um determinado

item da sua produção. Vale dizer, o fato dessas empresas possuírem outras empresas que

são suas prestadoras de serviço e lhe entregam o necessário à produção permite que, a

empresa-cliente, focalize a sua produção naquilo que ela melhor produz. Daí decorre a sua

especialização em um determinado produto que, será o segredo de seu negócio, venderá as

outras empresas atuantes em um mesmo ramo de produção.

No entanto, o just in time é mais do que a idéia de redução de estoques, implica em

outras questões próprias à organização do trabalho, ao sistema de informações e á

produção. O just in time, além do que já foi dito antes, é traduzível na máxima: produzir

produtos no momento certo com a máxima qualidade e, na quantidade necessária. A idéia

principal contida neste método de produção é produzir, num determinado período, apenas o

que será imediatamente utilizável ou vendável. Tal perspectiva faz com que a organização

da produção seja alterada; ou seja: o fluxo produtivo passa a ser visto do final para o início.

17

Em um exemplo utilizado pelo Dieese (1994) temos a exata percepção de como se estrutura

este processo:

O pressuposto desta argumentação é ligar a produção diretamente ao mercado,

produzindo apenas o que poderá ser por ele consumido, de modo a garantir uma maior

flexibilidade da produção e, possibilitando, assim, uma melhor adaptação às mudanças

ocorridas na esfera da circulação das mercadorias.

1.3- A reestruturação produtiva e o advento de novas tecnologias

A reestruturação produtiva traz em seu bojo mudanças na organização e no

gerenciamento do trabalho e, também, na área tecnológica, como por exemplo as máquinas

de comando numérico computadorizado, a microeletrônica e a robótica.

Essas inovações vão além daquelas com o advento da mecanização13, ou seja,

aquelas que ocorrem quando se substitui a força humana ou animal (burros, cavalos, etc)

pela força das máquinas.

13 A introdução da mecanização nos locais de trabalho acaba por deslocar trabalhadores. Quem empilhava sacos no porto ou recebe treinamento para ocupar novas funções que surgem com a mecanização, ou é transferido para outros setores da empresa, ou é dispensado mesmo, pois seu serviço passa a ser feito pela

“(...) em uma empresa com usinagem emontagem final, o primeiro setor só iráproduzir o que e quando o segundosolicitar: o posto de trabalho (ou seçãodepartamento) subseqüente é que vairetirar peças no posto (ou na seçãodepartamento) anterior. Isso quer dizerque a ordem de produção para o posto 1 édada pelo posto 2, e o posto 1 deveproduzir apenas a quantidade de peçaslevadas pelo posto 2.” (DIEESE; 1994:175)

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Nas inovações atuais, aquelas de processos automatizados, a máquina é capaz não

só de substituir a força humana, mas também, de realizar (sem a intervenção do homem)

uma seqüência de tarefas. Veja-se no exemplo compilado pelo Dieese

A automação não é algo inédito nas indústrias, pois já existe a algum tempo. Assim

podemos remeter sua gênese a chamada automação fixa14 que, é utilizada em empresas de

produção em grande escala e de processos contínuos, como as siderúrgicas e as

petroquímicas.

Com a III Revolução Industrial surge um novo tipo de automação. Mais flexível,

ela é denominada de automação com base técnica da microeletrônica. Sua principal

inovação pode ser, sumariamente, caracterizada por estar ligada aos computadores15. Isto

permite a automação tanto da produção em grande escala, quanto das médias e pequenas

séries de fabricação que, antes dependiam basicamente do conhecimento dos trabalhadores.

A automação além de dar o ritmo aos processos de trabalho na esfera da produção e

nos setores administrativos das fábricas, também vem sendo introduzida no setor de

serviços, como por exemplo nos bancos. Neste setor multiplicam-se as agências bancárias

empilhadeira e pelos trabalhadores contratados para as novas funções,como motorista por exemplo.” (DIEESE;1994:62) 14 Como exemplo de máquinas utilizadas em empresas com automação fixa. Dentre outras, temos o torno automático, a empacotadeira, a colhedeira e o tear. 15 É importante ressaltar que a automação não se restringe somente a utilização de robôs, máquinas de comando numérico, etc. Ela resulta, também, na criação de “sistemas integrados flexíveis, adjetivados por fábrica integrada por computador, fábrica automatizada (automated factory).” (SALERNO;1992:196)

“Um torno universal é um exemplo demecanização, pois é movido por um motor,mas a seqüência de operações (arte,avanços, roscar, etc) é determinada pelotorneiro mecânico. Já no caso de um tornoautomático, a seqüência depende,principalmente, de como a máquina estápreparada.” (DIEESE;1994:63)

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“eletrônicas” e “instantâneas” que substituem os empregados e diminuem o custo com mão-

de-obra especializada, agilizando os serviços oferecidos.

Na produção de mercadorias temos, como exemplo deste processo de automação, os

equipamentos conhecidos por CAD/CAM (Computer Aided Design-Projeto Auxiliado por

Computador/ Computer Aided Manufacturing-Fabricação Auxiliada por Computador). Eles

alteram o desenvolvimento de projetos, a execução de desenhos, a programação e o

controle da produção.

As novas tecnologias trazem uma série de implicações para os trabalhadores, tais

como:

a) A diminuição da oferta de emprego, já que uma máquina pode substituir vários

trabalhadores;

b) Mudança no perfil da mão-de-obra solicitada pois, a medida que são introduzidas

novas máquinas, alteram-se os processos de trabalho e criam-se novas exigências

(habilidade, tarefas) para os trabalhadores;

c) O desaparecimento e o surgimento de algumas profissões que podem, no decorrer

do processo, adquirir importância ou não.

Tais implicações podem se melhor compreendidas, pelo exame das conseqüências,

para os trabalhadores, da introdução das máquinas de comando numérico16.

16 A máquina de comando numérico “é uma máquina convencional ligada a um computador, chamado de comando ou controle numérico, que controla todas as operações da máquina. O computador determina à máquina que ferramenta usar, qual seqüência de operações, a velocidade.” (DIEESE;1994:144)

20

Cabe nos perguntarmos então, a quem o advento de novas tecnologias está

servindo?

Para os donos dos meios de produção ele traz benefícios imediatos no que tange o

aumento da produtividade, elevação dos lucros e redução da mão-de-obra. E para os

trabalhadores ele pode ter, dependendo de seu uso17, conseqüências sérias: desemprego,

aumento de ritmo de trabalho, maior controle entre outras.

No entanto, importa ressaltar que o advento de novas tecnologias não se constitui

em um mal em si. Marx em o Capital já exaltava a importância da tecnologia para

“empurrar as barreiras naturais”, tornando o homem um ser cada vez mais social. É o modo

de produção Capitalista que torna a inovação tecnológica em si não é opressora.

A automação da produção de bens e serviços tem ocasionado desemprego em

conseqüência da utilização de novas tecnologias, já o segundo, é resultado do aumento da

produção ou prestação de serviços, numa proporção além do estabelecimento de novos

empregos.

17 Vale ressaltar, que a introdução de novastecnologias pode trazer benefícios aoss rabalhadores, tais como: substituição em atividades insalubres, perigosas, monótonas, etc.

“No exemplo de um torno mecânicouniversal não automático, toda aseqüência de operações é determinadapelo torneiro. (...) No caso de um tornocomando numérico, a seqüência deoperações está definida no programa.(...) Surge a figura do programador (...).O operador da máquina não maisdetermina as operações. Sua tarefa éalimentar a máquina, acionar oprograma correto e verificar se tudo estáfuncionando bem.” (DIEESE, 1994:145 e146)

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Estas duas formas de desemprego atingem tanto as pessoas empregadas, quanto

aquelas fora do mercado formal de trabalho porque impedem os novos trabalhadores de

ingressarem nele.

A automação, juntamente com a informatização da produção, tem se mostrado na

prática como um mecanismo que possibilita, por um lado, o aumento do controle sobre os

trabalhadores - pois, estes novos equipamentos possuem sistemas de controle sobre seu

operador e regulam seu ritmo de trabalho – e por outro, o aparecimento de novas doenças

ligadas ao trabalho em decorrência, dentre outros fatores, da excessiva rotinização,

concentração e tensão.

Com automação as atividades são simplificadas e o tempo necessário para sua

realização é diminuído. Além disso, há um acúmulo de atribuições pelo mesmo empregado

visto que, o trabalhador é polivalente. Essas modificações no processo de trabalho não

implicam, necessariamente, uma melhoria no nível de remuneração dos trabalhadores.

Em suma, o progresso tecnológico vem se constituindo, de acordo com estudos do

Dieese (1994), em um elemento fantasma, que aterroriza todos os trabalhadores.

Ameaçados hoje por uma nova realidade marcada pelo desemprego estrutural e

pelo surgimento de equipamentos modernos cada vez mais sofisticados, os trabalhadores

são dispensados.

Os trabalhadores são absorvidos pelos capitalistas em número cada vez menor. E

destes é exigido um certo nível de qualificação, do contrário, jamais serão integrados ao

sistema produtivo, ele mesmo cada vez mais restrito. Irão compor, assim, um novo exército

de excluídos.

22

1.4 – Ação Sindical

A reestruturação Produtiva apresenta várias conseqüências que refletem diretamente

na organização dos trabalhadores. Uma delas é, por exemplo, a existência no Japão, e em

outros países, de uma dicotomia entre os trabalhadores estáveis e os trabalhadores

temporários, subcontratados e terceirizados.

De um lado estão os trabalhadores que somam em média 30% da população

empregada, em sua maioria composta por homens adultos e extremamente qualificados

que, ocupam os melhores cargos, estratégicos dentro das organizações, possuindo salários

elevados e estabilidade no emprego,. De outro lado, temos dois grupos de trabalhadores:

O primeiro composto por trabalhadores em regime de tempo integral, mas que,

devido a grande oferta de mão-de-obra, pode ser facilmente substituídos.

O segundo engloba os trabalhadores subcontratados, parciais e temporários.

Compõem este grupo em sua maioria mulheres, jovens e, a mão-de-obra menos qualificada.

Este último possui como principais características:

a) Os menores salários e a pouca estabilidade no emprego- já que a “grande” conquista

dos trabalhadores japoneses, o emprego vitalício, abrange somente os empregados

das grandes empresas;

b) A precariedade do trabalho;

c) A regressão dos direitos trabalhistas e sociais;

d) A falta de proteção sindical.

Com relação a essa última característica, observa-se, como indica Antunes (1995),

uma tendência a desindicalização, ou seja, a diminuição das taxas de sindicalizados e a

população assalariada.

23

Isto ocorre porque os trabalhadores, principalmente das pequenas empresas e

subcontratadas, apresentam maior dificuldade em se sindicalizar, pois o vínculo

empregatício é quase sempre através de um trabalho pulverizado, fragmentado.

No entanto, esse fenômeno não deve ser entendido como uma característica comum

a todos os países. Esta é uma lei geral da reestruturação produtiva e, pode aparecer ou não

nas diferentes formações sociais, dependendo do contexto em que está inserido.

Com o aumento “abismo” entre os trabalhadores estáveis/temporários e

subcontratados reduz-se, como afirma Antunes, o poder sindical. A explicação para a

ocorrência deste fenômeno pode ser acompanhada na história: o movimento sindical foi

construído vinculado aos trabalhadores “estáveis” e, até agora, tem-se mostrado incapaz de

aglutinar os outros trabalhadores. Com isso o sindicalismo vertical (característico do

sistema de regulação fordista) ligado a um ramo de produção,começa a ruir, pela sua

impossibilidade de se expandir, num sentido mais horizontalizado, capaz de atender tanto

os trabalhadores estáveis quanto os precários, subcontratados e outros. O desafio ao

sindicalismo frente a reestruturação produtiva parece residir na capacidade que as

organizações demonstrem para aglutinar as diversas categorias e profissões, do conjunto

dos trabalhadores, estando eles inseridos no mercado formal de trabalho ou não.

Simultaneamente a essa tendência à desindicalização, Antunes (1995) ressalta que

temos vislumbrado avanços na organização sindical dos assalariados médios.

No entanto, essa expansão não compensou, na maior parte dos países, a diminuição

das taxas de sindicalização dos trabalhadores manuais.

Além disso, ocorreu um retrocesso da ação sindical: o sindicalização combativo está

sendo substituído – com o incentivo dos programas de qualidade total – pelo sindicalismo

24

de empresa, o sindicato casa, o sindicato família, ou seja, pelo sindicalismo de

envolvimento atado ao ideário e ao universo patronal.

Há portanto, um crescimento da individualização das relações de trabalho que

altera, segundo Antunes

Além do retrocesso sindical, nota-se uma intensificação da tendência

neocorporativista que visa preservar os interesses do operariado estável, vinculado aos

sindicatos, em detrimento dos trabalhadores parciais, sem procurar novas formas de

organização sindical que articulem amplos e diferenciados setores que hoje compreendem a

multifacetada classe trabalhadora.

Essas mudanças que atingiram o sindicalismo também indicaram diretamente sobre

as suas ações e práticas de greves reduzindo, assim, a sua eficácia.

“o eixo das relação entre capital etrabalho, da esfera nacional para ramosde atividade econômica e destes para ouniverso micro, para o local de trabalho,para a empresa e, dentro desta, parauma relação cada vez maisindividualizada. Esta tendência seconstitui num elemento essencialmentenefasto do sindicalismo de empresa, dosindicalismo-casa.” (ANTUNES;1995:65)

“Ao longo da década de 1980 pôde-se constataruma diminuição dos movimentos grevistas nospaíses capitalistas avançados, que por certoadvém das dificuldades de aglutinar, numamesma empresa, os operários, “estáveis” eaqueles terceirizados, que trabalham porempreitada, ou os trabalhadores imigrantes,segmentos que não contam, em grande parte,nem mesmo com a presença de representaçãosindical.” (ANTUNES;1995:64)

25

Tais acontecimentos dificultam o desenvolvimento e consolidação de uma

consciência de classe possibilitando, assim, um risco de crescimento no interior da classe

trabalhadora de movimento xenofóbicos, corporativistas, racistas e paternalistas.

Por fim, Antunes (1995) aponta para mais uma tendência do sindicalismo dos anos

90: a tendência crescente de burocratização e institucionalidade, que lhe permite, por um

lado, maior legitimidade e, por outro, a possibilidade de um maior afastamento de práticas

anticapitalistas que, se reflete incisivamente na diminuição de sua radicalidade social.

Em suma, os desafios postos aos sindicatos e aos trabalhadores são muitos, mas é

somente através da sua compreensão que é possível, talvez, ultrapassá-los.

26

_____________________

Capítulo II

27

Capítulo II:

Programa de Qualidade total: o modelo japonês

2.1- Apresentação

Neste capítulo discutiremos o Programa de Qualidade Total, no estilo japonês, com

ênfase nos círculos de controle de qualidade, pois, a partir destes últimos analisaremos,

posteriormente, com base em um estudo hipotético a inserção do serviço social.

O modelo japonês de Controle de Qualidade Total, conhecido amplamente

no Japão através da sigla TQC-Total Quality Control, é considerado hoje um exemplo de

“competência” e “sucesso” no mundo. Atualmente este modelo está divulgado e

implementado em diversos países, inclusive no Brasil, onde já em 1993, a Folha de São

Paulo estimava que:

O TQC foi construído pelo Grupo de Pesquisa do Controle da Qualidade da Juse –

Union of Japanese Sccientists and Engineers, após a II Guerra Mundial, com a

introduçãode idéias norte-americanas no país. Ele é baseado na idéias de participação de

todos os membros da empresa no estudo e condução do controle de qualidade total. Mas, o

que é qualidade total para os japoneses?

“Uma parcela de grandes empresasrepresentando pelo menos 30% do PIBbrasileiro estava implementandoProgramas de Qualidade Total.”(DIEESE; 1994:105)

28

De acordo com o Dieese, a expressão qualidade total é:

O fato é que com a qualidade total e a busca das empresas pela excelência nos

serviços, os trabalhadores e os sindicatos se deparam hoje, com uma nova maneira de

organizar o trabalho, e isto repercute diretamente na sociedade como um todo.

2.2 - O que é qualidade total?

A Qualidade Total “é o controle exercido por todas as pessoas para todas as

pessoas.” (DIEESE; 1994:97) Ela envolve a idéia de um projeto perfeito, sem defeitos, a

baixo custo, seguro e entregue no prazo certo, no local certo e na quantidade certa.

Com o objetivo de satisfazer todas as pessoas atingidas pela empresa18, principalmente os

seus consumidores. Ou seja, seus clientes.

A qualidade total é vista, nesse sentido, como uma forma de satisfazer

primeiramente o cliente, seja ele interno ou externo a empresa. A premissa é de que

somente através da sua satisfação por completo, é possível garantir a sobrevivência da

empresa ameaçada pela concorrência não só nacional, mas também mundial19.

18 Dentre as pessoas atingidas pela empresa, Campos (1994) destaca três segmentos: consumidores, acionistas e vizinhos. Com relação a estes últimos, o autor afirma que a sua satisfação é obtida através do controle ambiental, não poluindo o ambiente onde a empresa atua. 19 O conceito de sobrevivência amplamente divulgado no Programas de Qualidade Total, no estilo japonês, faz com que o trabalhador se sinta responsável pela garantia da competitividade da empresa no mercado. Pois,

“genérica e aparentemente neutra.Todo mundo quer qualidade:alimentos de qualidade, roupasdequalidade, transporte de qualidade, eassim por diante; mas, o que significaisso, e como se produz? (DIEESE;1994:107 e 108)

29

O conceito de qualidade total utilizado pelos japoneses está voltado para uma

preocupação central que, é a manutenção e desenvolvimento da “empresa” no mercado,

hoje globalizado e, isto implica numa profunda alteração na organização do trabalho. Tal

reorganização do trabalho se viabiliza na busca da qualidade não só dirigida para o serviço

final, mas sim em todo o processo produtivo. Esta exigência, pressupõe um controle

absoluto dos erros e das falhas em todas as etapas do processo produtivo.

Percebe-se então, que o objetivo principal da empresa através desse mecanismo é

dirigido para a sua “sobrevivência” e, não para a qualidade das condições de trabalho e de

vidas dos trabalhadores. Esta parece como mera conseqüência da qualidade do processo

produtivo, não como um objetivo (meta) principal a ser alcançada.

É interessante notarmos o conjunto de “objetivos” da empresa; eles englobam a

“satisfação” de seus consumidores, empregados, acionistas e vizinhos e, aparecem como

algo harmônico, onde a empresa é vista como um “bem” necessário à humanidade. O

sentido de uma mercadoria de qualidade. Assim , a obtenção do lucro passa a ser mascarada

pela ideologia da Qualidade Total.

Portanto, não há conflitos. Há sim, satisfação! Sob essa perspectiva a contradição

existente entre o capital e o trabalho, ela envolve diretamente a exploração da força do

trabalho pelo capitalista através da mais-valia, é “apagada”, é “esquecida”, propositalmente,

em favor da “qualidade”. A busca da qualidade total torna-se, então, a grande “meta” do

trabalhador. Nos termos de Antunes (1995), ela passa a ocupar a alma e a mente do

trabalhador.

esta implica diretamente na manutenção do seu emprego. Isto é, segundo o discurso utilizado pela empresa, se ela não se manter competitiva, provavelmente não “sobreviverá”, acarretando para os trabalhadores a perda do seu emprego. É importante ressaltar que para a empresa “sobreviver” hoje no mercado ela precisa dentre outras coisas, investir em tecnologia, o que conseqüentemente gera desemprego.

30

Em suma, a luta pela qualidade total constitui-se, sob o ponto de vista japonês, o

grande elo de “união” entre os trabalhadores e o capitalista. Ambos devem participar da

busca da “excelência”, seja por intermédio do convencimento através de toda ideologia

participativa do TQC, ou da coerção, por intermédio da ameaça constante do desemprego.

A contradição existente entre a classe que vende a sua força de trabalho e a que a compra é

suprimida através do arcabouço metodológico e ideológico dos Programas de Qualidade

Total.

A busca pela excelência implica na obtenção de certificados de qualidade como os

da ISO, que visam:

Estes certificados funcionam como um passaporte para empresa ao mercado

mundial. A importância dessas normas tem aumentado a medida em que o mercado se

torna cada vez mais globalizado e se tenta implementar os blocos econômicos.

A ISO significa Organização Internacional para a Normalização 9International

organization for Standardization). Ela é uma entidade que agrupa organismos

normalizadores de 91 países e edita normas internacionais de gestão e garantia de

qualidade. Essas normas compõem uma série iniciada com a ISO 9000 que entrou em vigor

em 1987, e vai até a ISO 9004.

“A uniformização das informações eprocedimentos quanto à qualidadedo produto, do processo defabricação e também dos serviçosprestados pelas empresas dos seuspaíses-membros.” (DIEESE; 1994:103 e 104)

31

É importante ressaltar que a existência de normas ou padrões não é algo novo, elas

já existem desde o final da II Guerra Mundial, quando os países que compõem a

organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), criaram o Plano de Garantia da

Qualidade dos Aliados que estipulava uma série de requisitos para garantia da qualidade

dos fornecedores de artefatos bélicos.

Com relação ao aumento da produtividade da empresa, esta passa a estar ligada ao

conceito de qualidade total que, em última instância, está associado diretamente a satisfação

do cliente. Ou seja, elevar a produtividade, nos termos do TQC, é atender cada vez melhor

o mercado e, para isso, é necessário a melhoria da qualidade.

Assim, aumentar a produtividade, nos termos do Programa de Qualidade Total, é

produzir cada vez mais e/ou melhor com cada vez menos, com menor custo, com maior

qualidade e obtendo a satisfação do cliente. Mesmo que para isso, a empresa reduza o

número de empregados, aumente o ritmo de trabalho e modifique todo o seu processo

produtivo.

Em suma, o conceito de qualidade total se articula perfeitamente, e faz parte das

mudanças ocorridas com a reestruturação produtiva no mundo do trabalho. Isto é, a garantia

de qualidade por parte das empresas em seus produtos é fundamental para o just in time; a

idéia do auto controle onde o empregado é responsável pela “qualidade” do seu trabalho é

essencial para a polivalência, além de ser plenamente adequada às inovações tecnológicas.

32

2.3-Os círculos de controle de qualidade

Os círculos de controle de qualidade ou CCQs, como são também conhecidos

surgiram primeiramente no Japão no início da década de 60. Eles podem ser descritos como

grupos pequenos de trabalhadores constituídos, geralmente, por 6 a 10 empregados da

mesma seção ou setor, que se reúnem em média de 15 em 15 dias, de forma voluntária e

sem remuneração, com o objetivo de pensar a qualidade na empresa20.

Para tal, fazem uso de uma série de métodos como por exemplo: o Ciclo PDCA21,

utilizado no CCQ também para melhorias no processo produtivo.

De acordo com Salerno (1992), a metodologia utilizada nos círculos pode ser

caracterizada:

a) Primeiro por ser uma análise atomizada que divide o estudo dos problemas em

várias partes, a fim de identificar as suas verdadeiras causas e agir sobre elas.

b) Segundo por ser uma simplificação de técnicas estatísticas, racionalização do

trabalho da engenharia de produção e de estudo de problemas.

Os CCQs tem como princípio, segundo o IPLAN/IPEA (1990), o aprimoramento

do espírito de equipe e da consciência de segurança, o estímulo a prevenção e a resolução

de problemas, a promoção do desenvolvimento pessoal, de lideranças e de relações mais

integradas entre a direção e os empregados, a racionalização do trabalho, a diminuição dos

custos, a promoção do interesse pelo trabalho, a redução dos erros e a elevação da

qualidade. Além do estímulo ao “crescimento do ser humano” que visa manter a “moral”

20 Esses grupos que compõem os CCQs não alteram o cotidiano do trabalho na empresa. Visto que, eles só se reúnem nos encontros dos círculos que podem ser realizados fora do local e do horário de trabalho. 21 O ciclo PDCA é um método usado no controle de processo da fabricação até a venda do produto, ele significa: Plan (planejar), Do (executar), Check (verificar) e Action (atuar corretivamente).

33

dos trabalhadores elevada, através do atendimento de suas “necessidades sociais” de

“estímulo” e “auto-realização”.

Na prática, estes círculos são introduzidos pelas empresas sem consulta prévia aos

empregados e muito menos ao movimento sindical. Sendo implantados à margem da

estrutura formal de organização da empresa e, sem altera-las, como demonstra a citação

abaixo:

Quanto a inserção no processo produtivo, este também não é necessariamente

modificado com a criação de círculos. Isto é, o mesmo operário que participa do CCQ

continua inserido na mesma estrutura de divisão parcelar do trabalho, igualmente aquele

que não participa.

A principal “novidade” introduzida com os círculos de controle de qualidade é que

eles contribuem diretamente:

a) Para a elevação da exploração do empregado que, continua trabalhando para empresa

mesmo fora do seu horário normal de trabalho e sem remuneração para tal;

b) Para que a alta direção da empresa tenha conhecimento de novas alternativas de

fabricação e de procedimentos informalmente utilizados pelos trabalhadores;

“O CCQ não implica mudançanas relações de chefia; ocoordenador de CCQ não é chefedos trabalhadores, pois estescontinuam subordinados ahierarquia formal (gerente/chefede seção/mestre/ contra mestre,por exemplo). (SALERNO;1992;182)

34

c) Para um maior envolvimento/cooptação dos empregados ao Programa de Qualidade

Total e aos objetivos da empresa – de melhora no padrão de qualidade, redução dos

custos, aumento dos lucros entre outros. Estimulando também a competição entre os

trabalhadores no sentido de realização desses objetivos e acelerando assim, o ritmo de

trabalho e o aumento da produtividade.

Segundo o Dieese (1994), os círculos de controle de qualidade-CCQ, servem como

um mecanismo, por um lado, de racionalização do processo de trabalho, e por outro,

político-ideológico. Com relação ao primeiro, ele ocorre através do encaminhamento de

sugestões e de informações sobre os problemas na produção, para os níveis mais altos da

hierarquia empresarial.

Quanto ao aspecto póítico-ideológico, os CCQs são utilizados como um meio de

enfraquecer a ação sindical no local de trabalho na medida que, estimulam a integração do

empregado aos objetivos da empresa.

No Brasil, até o final da década de 70, muito pouco era dito sobre o CCQ22. É

somente nos anos 80 que eles se expandem no país. É curioso como eles são simultâneos ao

contexto de ascensão do sindicalismo, como uma tentativa de frear as conquistas dos

sindicatos em suas bases .

No entanto, recentemente, podem ser observados momentos de refluxos em sua

expansão. A explicação para tal fenômeno pode ser indicada, por um lado, pelo combate

sindical e por outro, pelas próprias flutuações da economia brasileira e a constante 22 Segundo Salerno, “ O grande impulso ocorre principalmente a partir de 1981-2, passando o Brasil a ser considerado um dos países do mundo onde a proposta estaria obtendo maior aceitação. A quantificação do número de empresas que aderiram ao movimento é problemática: 100 empresas teriam CCQ em 1980, 130 em 1981, 500 no início de 1984. Entre estas se encontram líderes de seus respectivos setores.” (SALENO; 1992;181)

35

instabilidade do quadro de pessoal das empresas. Esta situação, por sua vez, dificulta o

discurso envolvente dos programas de qualidade total e a falácia empresarial de que com as

propostas dos círculos, não haveria demissões.

Além disso, a participação nos CCQs ao invés de ser entendida como direito, pode

se tornar uma obrigação de apresentar sugestões, que contribuam diretamente para a

elevação da qualidade do produto, redução dos custos e aumento da produtividade, com

conseqüente pressão sobre o empregado.

A questão da participação também foi trabalhada por Salerno (1992), a partir de três

aspectos, são eles: o grau de controle dos participantes, onde podemos perceber que o CCQ

é basicamente um elemento de consulta, não apresentando potencial de implantar soluções

e muito menos de participar do debate em torno da tomada de decisões acerca da sugestão.

Essa dimensão do CCQ, reflete diretamente sobre o segundo aspecto, referente ao escopo

das decisões. Pois, na medida que os membros do CCQ “nada” decidem, o seu escopo de

atuação é restrito. Sendo dirigido na maioria dos casos, para melhorias no processo de

trabalho, em detrimento da discussão em torno, por exemplo: da política de investimentos

da empresa, dos salários, de cargos, prêmios, entre outros temas.

Por fim, podemos ressaltar o terceiro aspecto, centrado na forma de atuação dos

círculos, voltado par o nível local de trabalho sem influência direta a nível de diretoria.

36

CONSIDERAÇÕES FINAIS_________________________

37

Considerações Finais

Este item destina-se a uma reflexão inicial por parte de um profissional, seja em

qualquer área de atuação com o surgimento de novas demanda postas pelas empresas com

os Programas de Qualidade Total, em específico aquelas referentes aos Círculos de

Controle de Qualidade-CCQ.

A análise dessas novas demandas, não será feita sob a perspectiva de fornecer

qualquer profissional somente em caráter de eficiência e racionalidade, nos moldes de

interesse empresarial.

Ao contrário, a abordagem aqui em questão implica na compreensão de um

profissional, esteja ele em qualquer área de atuação, e levando em conta sua dimensão

política que, em última instância, irá determinar o posicionamento profissional na

perspectiva de fortalecer seus interesses e dos outros profissionais. No entanto, é necessário

ressaltar que sendo o modo de produção capitalista essencialmente contraditório.

É importante, então, que qualquer profissional tenha claro a necessidade de superar

a visão fatalista e messiânica da profissão.

É a partir dessa reflexão inicial que podemos, juntamente com uma análise voltada

para a contextualidade histórica das mudanças na esfera do trabalho, do Estado e da

Cultura, pensar em alternativas de intervenção junto aos círculos de controle de qualidade

que levem em consideração as demandas postas pelos trabalhadores.

No capítulo dois discutimos o conceito de CCQ, sua dinâmica funcional e o aparato

ideológico. No entanto, apesar das críticas que temos a esse modele de “participação” dos

38

trabalhadores na discussão da ‘qualidade”, é importante destacar que, os círculos são um

espaço onde os trabalhadores podem discutir o “próprio trabalho”, ou outras temáticas que

julguem importante. Para isso,, será preciso que consigam driblar os temas oficialmente

indicados pela administração da empresa.

É nesse sentido que podemos pensar que qualquer profissional, dotado de uma certa

autonomia, com possibilidades de traçar estratégias de ação junto aos CCQs, para além da

ótica empresarial. E é essa hipótese aqui defendida.

39

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